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FACULDADES DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS SOBRAL PINTO – FAIESP

UNIDADE UNIC RONDONÓPOLIS


CURSO DE PSICOLOGIA

INTRODUÇÃO À PRÁTICA PSICOTERAPÊUTICA

Rondonópolis/MT
2019/1
PARTE I. PRIMEIRO CONTATO COM A TAREFA

1. Expectativas Iniciais
Tornar-se terapeuta profissional, gera no jovem estudante conflitos e
expectativas. Com o decorrer da formação, muitas dessas expectativas vão se
modificando, conforme o mesmo vai adquirindo experiência. Embora cada um tenha
a sua subjetividade, é comum que terapeutas e estudantes da área compartilhem das
mesma motivações e expectativas, como por exemplo, a preocupação pelo bem estar
das pessoas e o desejo de melhora a sua qualidade de vida.

Alguns escolhem a profissão, baseando-se em características pessoais, que


consideram valiosas para a pratica psicoterápica. Essas características são
sensibilidade e compreensão, discernimento e perspicácia, bom ouvintes, entre
outras.

Outro motivo que leva ao estudo das psicoterapias é o interesse e curiosidade


sobre o ser humano e seu comportamento, saber como as pessoas pensam, agem e
porquê agem de tal forma. Além dos motivos pessoais, como ajudarem a si mesmo,
na busca para a solução de seus próprios problemas emocionais.

Confusões

Os motivos que levam a pessoa a torna-se um terapeuta, comumente resultam


em confusões e dificuldades iniciais. Por exemplo, se o terapeuta está
constantemente preocupado e “trabalhar pra valer” mais que o cliente, poderá
comprometer o processo, não dando ao cliente a oportunidade de desenvolver
habilidades que lhe permitam lidar com situações e tomar decisões na vida.

É comum querer basear-se nas experiências e sentimentos pessoais ao lidar


com os problemas discutidos com o paciente, entretanto é necessário reconhecer que
as nossas experiências não são as experiências vivenciadas pelo cliente. E em
consequência disso, há uma grande possibilidade de eliminar a possibilidade de
compreender a natureza única do dilema vivido pelo cliente.
Medos

A maioria dos terapeutas iniciantes, encontram dificuldades em aceitar o fato


de que não precisam dar uma resposta para cada pergunta e de que não há a
necessidade de responder imediatamente a tudo que o cliente apresente. É
considerado sábio tomar um tempo para se pensar sobre o assunto questionado, e
pode-se dizer isso ao cliente, que gostaria de pensar um pouco mais antes de dar
uma resposta.

Os medos do fracasso e de uma avaliação negativa, geram conflitos nos


terapeutas iniciantes. Há relutância em admitir ignorância ou incerteza de como agir
em determinadas situações, devido ao medo de uma avaliação negativa. Ligado ao
medo de parecer mau aos olhos dos clientes, supervisores e colegas, está o medo de
perder o cliente.

PARTE II. PRIMEIRO CONTATO COM O CLIENTE E AVALIAÇÃO INICIAL

4. A Entrevista Inicial
Não é possível oferecer uma orientação completa que englobe todas as
diferentes e possíveis situações que possam ser encontradas numa entrevista. Cada
novo cliente, irá apresentar novos desafios e cada nova situações de entrevista deve
ser encarada com flexibilidade. Apesar de que cada entrevista solicitar um curso de
ação ligeiramente diferente, há algumas sugestões gerais sobre a entrevista inicial
que são uteis aos principiantes.

A primeira entrevista: o que esperar


A primeira entrevista gera medo e desconforto, tanto no cliente quanto no
terapeuta. Ambos estão preocupados com aquilo que o outro pensa. Muitos desses
medos, são bastante exagerados. O paciente se sente inseguro em relação ao que se
espera dele, e tem medo de ser visto como “louco”, além de ter receios sobre revelar
informações pessoais à um estranho. Em outro ponto, o paciente pode ter
expectativas pouco realistas em relação aos benefícios da terapia e dos poderes do
terapeuta.
Além de responder as percepções do cliente, o terapeuta experimenta suas
próprias ansiedades em relação à entrevista inicial. Tem medo de ser visto como
incompetente, medo do fracasso da entrevista, de não saber o que dizer, ou do
paciente ser muito calado, entre outras coisas. É necessário que o terapeuta tenha
um bom controle de suas próprias ansiedades, a fim de ser capaz de aliviar os medos
dos clientes e as mesmo tempo conduzir uma sessão produtiva.

Algumas sugestões para você ficar à vontade


Busque conhecer o ambiente físico, as disposição das cadeiras, a orientação
da sala. Fale com o paciente com firmeza, apresente-se, indique ao paciente qual
assento tomar. Embora não seja ideal tomar como regra, fazer algumas anotações
durante a entrevista, ajuda a aliviar a ansiedade.
O silencio não é, necessariamente, um mal. Poderá oferecer ao cliente um
tempo para refletir ou dar continuação ao tópico. Quando surgir dúvidas sobre como
encaminhar a entrevista, poderá esperar que o cliente prossiga, repetir você mesmo
ou solicitar elaboração posterior.

Desenvolvimento da entrevista inicial


É importante no início da entrevista, no caso de clínica-escola, esclarecer ao
cliente as exigências de supervisão ou de gravação, e os mesmos devem ser
concordado com o cliente. Além de explicitar como funciona o processo de coleta de
dados, e qual é a parte que cabe a entrevista inicial nesse contexto. Após esses
pontos, pode-se iniciar a entrevista com indagações do tipo “O que o traz aqui? Ou
“em que eu posso ajudá-lo?”
Espera-se que o cliente fale sobre alguns aspectos de suas dificuldades, e aos
pouco a entrevista via fluindo com a condução do terapeuta para uma compreensão
da situação. Obter informações relevantes a respeito do cliente pode ser algo simples
e direto ou extremamente complicado. Alguns clientes nem ao menos abem a razão
pela qual estão intranquilos; as emoções podem estra conflitantes. Sendo assim, cabe
ao terapeuta tranquiliza-lo, mostrando compreensão, preocupação e aceitação.
Alguns clientes, ao relatarem sobre seus problemas e travam, pois a simples
lembrança da situação lhe traz sofrimento, é uma experiência perturbadora. Um bom
entrevistador é sensível tanto aos sinais verbais como aos não-verbais de mal estar
do cliente, investiga seu significado e apoia diretamente o cliente em relação às suas
preocupações, se isto for apropriado e possível.
Conteúdo da primeira entrevista
A preocupação central da primeira entrevista deve ser os problemas
apresentado pelo cliente, buscando compreender o desenvolvimento dos problemas,
e a razão que motivou o cliente a procurar ajuda nessa circunstância particular. Deverá
ser realizado uma avaliação de quaisquer riscos ou crises de imediatos com os quais
possa estar se defrontando. É também necessário avaliar a resposta emocional diante
as dificuldades. É de extrema importância, obter uma avaliação detalhada e completa
dos problemas atuais do paciente, tal como ele os vê.

Término da entrevista
Ao fim da sessão, é útil fazer um resumo das preocupações expressas pelo
cliente e verificar se isso coincide com as preocupações do cliente. O terapeuta deve
especificar o próximo passo da coleta de informações, como uma entrevista adicional
ou uma sessão de feedback. Assim, o cliente terá uma melhor sensação de
fechamento se lhe é dada a oportunidade de corrigir quaisquer dados ou formular
perguntas que desejar.

Erros comuns
Um erro comum para iniciantes, é tornarem-se abertamente preocupados com
a coleta de informações e negligenciam os problemas do paciente, ou mostram-se
demasiadamente preocupados com os sentimentos dos clientes, e assim, terminam a
entrevista com poucas informações ou nenhuma.
Dificuldade em saber se exploram uma determinada área de modo
suficientemente detalhado, também é comum. Outro erro é de pressupor que
compreendem o que o cliente está dizendo sem comprovar cuidadosamente tais
suposições.
Os terapeutas não estão automaticamente preparados para discutir tópicos tais
como sexo, raiva, alucinações, suicídio e homossexualidade. São necessários
esforços e práticas para lidarem com tranquilidade com tais áreas. Mas para isso serve
o processo de aprendizagem, onde o estudante irá modelar o seu agir.
PARTE III. O PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO
10. O cliente em crise
Quando o cliente está em crise, geralmente é um período de crise para o
terapeuta iniciante, sendo comum os sentimentos de ansiedade, confusão e
incertezas.

Crise: o que esperar

É importante ter em mente que o que define uma crise não é o evento que a
instiga, mas a inabilidade do cliente para enfrentar uma situação. As crises geralmente
são causadas por uma situação catastrófica, como a morte de um membro da família,
um divórcio ou a perda de um emprego. Como regra geral, um paciente em crise se
apresenta transtornado e um tanto confuso, com um julgamento deteriorado.

Clientes em crise terão dificuldade em tomar até mesmo as mais simples


decisões e poderão esperar e até necessitar de uma orientação do terapeuta.

Uma estratégia geral para lidar com emergências

Ajudar clientes a controlar suas emoções: auxiliar o cliente a recobrar a calma,


poderá ser o foco inicial de atenção se este se achar muito perturbado para falar,
raciocinar ou ouvir efetivamente.

Avaliação da severidade do risco: quando confrontado com um cliente em crise,


deve prioritariamente fazer um levantamento completo da severidade do risco.

Como ajudar o cliente a esclarecer os problemas e a se concentrar neles: a fim


de enfrentar uma crise, o cliente deve dispor de uma perspectiva realista sobre o que
aconteceu e como isto se relaciona com seu estado emocional. O esclarecimento dos
seus sentimentos e estabelecimento de relações destes com problemas causadores
específicos poderão fazer com que a crise pareça menos perturbadora.

Desenvolver alternativas: os clientes em crises sentem desesperança, pois não


veem alternativas abertas a eles, ou porque as opções que conseguem imaginar, são
limitadas. O ganho de uma estrutura e a concentração da atenção nos elementos
problemáticos realistas da crise poderão fazer com que est seja encarada como a
mais suscetível de manipulação pelo cliente.
Chegar a um acordo sobre uma linha e conduta: é importante que você não
encerre seu contato com o cliente até ter tomado algumas decisões razoáveis e que
ambos tenham chegado a um acordo em comum.

Proporcionar apoio: o comportamento do terapeuta em relação ao cliente ao


longo do período da crise é geralmente caracterizado por um apoio maior e
consistente e a afirmação reiterada de que você estará disponível para ajudá-lo.

Usando a crise para favorecer a terapia: existe uma potencialidade nas crises
para mudanças rápidas e significativas na vida do cliente. As crises são ocasiões para
decisão e mudança.

Um caso especial: como lidar com o cliente suicida

Uma palavra inicial de cautela: deve-se sempre levar a sério qualquer


manifestação de intenção suicida. Nunca parta do pressuposto de que a pessoa não
pretende executa-la.

Quando se trata de paciente deprimido, é sempre bom estar alerta para as


pistas que possam indicar ideias e ou planos suicidas. Por exemplo, caso o paciente
deprimido começar a agradecer e dizer que não tem mais nada a dizer, ou diz que
você fez tudo que poderia ter feito, pense em suicídio e investigue.

Seu objetivo terapêutico, ao tratar paciente suicida, é mantê-lo durante o


período de impulso suicida, que poderá ser relativamente breve. Uma regra básica é
fazer qualquer coisa que funcione, que permita ao paciente atravessar a salvo o
período de máximo risco.

11. Terminação da terapia


A terminação da terapia, representa uma solução de compromisso entre
mudanças que se espera produzir e limitações decorrentes de motivações que
gradualmente diminuem o desconforto subjetivo de estar submetido a terapia, seu
custo e vários outros fatores. A terminação relaciona-se intimamente com os objetivos
do tratamento, e somente pode ser considerada neste contexto.
Como terminar a terapia com um cliente

Decidir-se a levantar o problema: é apropriado levantar o problema da


terminação quando o terapeuta acreditar que ou se o cliente alcançou seus objetivos
terapêuticos, ou quando não há um progresso possível nas atuais circunstancias.

Como discutir o termino da psicoterapia com o cliente: primeiramente, deve-se


descrever detalhadamente as razões para ser considerado a possibilidade de
terminação. Tanto o terapeuta quanto o cliente, devem ter uma ampla oportunidade
para trocar opiniões e reações a respeito da terminação. As reações diante de tal fator
podem variar abertamente desde alivio à sentimento de rejeição. Falar a respeito da
terminação da terapia, não significa necessariamente que a terapia deva terminar.

Terminar a psicoterapia e proporcionar fechamento: não se deve finalizar a


terapia abruptamente. É importante reservar um período de adaptação, onde
desenvolve o processo de terminação e assim obter o fechamento.

O que fazer quando o cliente sugere a terminação da terapia

Muitos clientes deixam simplesmente de ir a terapia. Alguns sinais são dados e


se o terapeuta souber interpreta-lo, pode evitar terminações abruptas. Ainda que o
cliente não coloque abertamente suas intenções de abandonar o tratamento, várias
outras observações poderão ser reveladoras, as consultas canceladas ou atrasos
frequentes são indicações de que o cliente está se preparando para abandonar o
terapeuta.

Avaliar as razões do cliente para a terminação: é importante lembrar que o


desejo de interromper não está diretamente ligado aquilo que ocorreu nas sessões de
terapia. Muito mais provável que seja pela interação entre o progresso e objetivos
alcançados; o que está atualmente acontecendo no processo terapêutico em si
mesmo; nível de desconforto subjetivo; e a situação financeira, social e profissional
do cliente. A exploração e avaliação do desejo do cliente de terminar pode ser muito
complexa. Sua resposta deverá ser similar àquela utilizada frente a outros problema
de tratamento igualmente complexo. Este processo exige que o terapeuta leve em
consideração tudo o que sabe sobre o cliente e que está ocorrendo tanto dentro como
fora de processo terapêutico.
Como lidar com seus sentimentos: aprender a ser um bom psicoterapeuta é,
em parte, aprender a separar os sentimentos pessoais de sua avaliação profissional
dos interesse do paciente. Entretanto, isso não acontece rapidamente ou facilmente,
sendo necessário esperar e empenho para isso.

O que fazer quando você não concorda com a terminação: não deve insistir
fortemente em influenciar a decisão do cliente, se este estiver firmemente decidido a
desistir, a não ser que creia que se trata de um erro que ameaça seriamente o
funcionamento normal do cliente.

Transferência de um cliente para outro terapeuta

Transferência devido ao término do se treinamento: em instituições de


treinamento é comum a transferência de terapeuta ao final do curso, no entanto, o
cliente deve ser informado dessa possibilidade de encaminhamento de terapeuta
antes do término do contato com o terapeuta inicial, para que se prepare para a
mudança.

Transferência por motivos pessoais: tanto para o cliente como para o terapeuta,
as transferências por motivos pessoais, são mais difíceis. A situação obriga ambos, a
dirigir-se perguntas sobre sua capacidade para se relacionar com outras pessoas.

A terminação é um aspecto importante do processo terapêutico e exige tempo


e esforço para ser trabalhado adequadamente.
REFERÊNCIAS

ZARO, Joan S. Introdução À Pratica Psicoterapêutica – [tradução de Lúcio Roberto


Marzagão : revista cientifica de Samuel Pfromm Netto]. -São Paulo : EPU : 1980.

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