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Aula 02 - Teoria da medida e

Níveis de mensuração
Cai na prova?

Data @March 21, 2022

Materiais

Revisado

É possível estabelecer uma conexão entre o modelo matemático e os fenômenos


psicológicos? de que forma?

A medida em psicologia pode trazer maior precisão na descrição dos fenômenos


psicológicos? como? através dos comportamentos observáveis nós chegamos na
variável latente que queremos observar

como a partir da teoria (referencial teórico forte e bem definido) eu posso me utilizar
dos números para medir essas variáveis latentes - Teoria da medida: sobreposição
do modelo estatístico matemático e teorias da psicologia

Teoria da medida
A psicometria (medida em psicologia) é a interface entre a psicologia e a
matemática, portanto podemos afirmar que a psicometria se insere dentro da teoria
da medida

A teoria da medida justifica e explica o sentindo que essa interface possui, através
da discussão em torno do uso dos números no estudo dos fenômenos naturais

Objeto da teoria da medida: o uso do número na descrição dos fenômenos naturais

O sistema científico do conhecimento nada tem a ver com a matemática, em


termos de estrutura epistemológica. No entanto, pode se aproveitar dela para medir
o nível de progresso de seu campo de conhecimento

Critério de
Objeto de estudo Metodologia Certeza
validade

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Ciências fenômenos da teste empírico observação relativa
Empíricas realidade (concreto) sistemática (podemos
(Ex. Depressão) minimizar os
erros, mas não
extinguir)

consistência
símbolo numérico interna do
Matemática dedução absoluta
(abstrato) argumento (Ex.
2+2=4)

A estatística faz a ligação entre matemática e ciências empíricas:


ciências empíricas<— ESTATÍSTICA —>matemática

3 Problemas da Teoria da Medida


Nas ciência psicossociais ainda se discute a viabilidade epistemológica da própria
medida, já que a natureza da medida implica alguns problemas básicos

O problema central da medida é justificar a legitimidade de se representar


procedimentos empíricas com símbolos numéricos

Representação ou isomorfismo
É justificável designar ou expressar objetos ou fenômenos naturais por meio de
números? Sim, se nessa designação se preservarem tanto as propriedades
estruturais do número quanto as características próprias dos atributos dos
fenômenos empíricos.

Diz respeito à possibilidade de pegar um número e adequar a minha variável sem


deturpar a variável. Só utilizarei o número se eu conseguir adequar

Não da para deturpar a variável para encaixar no número, caso não consiga
adequar não posso fazer a relação.

Unicidade
Será que o número é a única ou a melhor representação das propriedades dos
objetos naturais para fins de conhecê-los pelo ser humano? Sim, mas essa
representação vai apresentar diferentes níveis de qualidade e precisão,
dependendo da característica do fenômeno analisado.

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Não há unicidade na representação de certos fenômenos empíricos, como
inteligência (Ex. não existe 0 de inteligência). Já para peso temos o Kg e o número
representa uma informação de qualidade e precisão excelente.

Por isso, pegamos uma parte dessa ideia de inteligência para chegar no fenômeno
que estamos buscando

Essa problemática que vai gerar os níveis de escala de medida (ordinal, intervalar,
nominais e de razão)

Erro
A observação dos fenômenos empíricos está sempre sujeita a erros, por isso toda
medida vem acompanhada de erros e o número que descobre o fenômeno medido
deve indicar essa possibilidade

Fenômenos empíricos são observados de uma maneira variável e por isso os


números não representam algo pontual e absoluto, mas sim um intervalo, ou seja,
variável

O numero nas ciências empíricas é chamado de estatístico por não ser exato e ter
variabilidade (variância), ou seja, erro.

AXIOMAS DA MEDIDA
Há legitimidade no uso do número na descrição dos fenômenos naturais se, e
somente se, as propriedades estruturais, tanto do número quanto dos fenômenos
naturais, forem salvaguardadas nesse procedimento.

São propriedades básicas do sistema numérico: a identidade, a ordem e


aditividade. A medida deve manter pelo menos a identidade e a ordem, mas quanto
mais propriedade forem mantidas, mais precisa será a medida.

Os 3 axiomas essenciais para a medida

1. Identidade: um numero é igual a si mesmo e somente a si mesmo (A=A, A≠B)

2. Ordem: todo número é diferente do outro, na qualidade e na magnitude. Ou


seja, são diferentes justamente, porque um é necessariamente maior que o
outro. (APLICAÇÃO: quando fazemos uma escala de 1 a 5 preciso ter certeza
que a pessoa vai saber que 1 significa algo menor que 5)

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3. Aditividade: os números podem ser concatenado, somados, de modo que a
soma de dois números (exceto 0) produz um numero diferente deles. Permite
que se possa fazer cálculos matemáticos para medir o fator, uma vez que as
quatro operações podem ser aplicadas aos números.

Para psicometria seria bom que se mantivessem as 3 propriedades, mas


necessariamente precisa ser preservado a ordem e a identidade (As medidas em
ciências psicossociais se dão por satisfeitas se puderem salvar essas duas).

Quando fazemos uma pesquisa estamos interessados em aditividade, mas só


conseguimos ela se preservamos a identidade e a ordem na hora de fazer o fator.
Se eu não mantenho o axioma de ordem nunca vou conseguir determinar a média.

Só podemos concluir questões numéricas da nossa medida se preservamos pelo


menos o axioma de ordem.

Variáveis que não permitem o axioma de ordem, não são passíveis de fazer essa
análise (Ex. não é possível tirar a média de gênero, raça, regiões)

A problemática dos axiomas, vai nos dizer sobre a escala que vamos utilizar para
analisar a nossa variável (Ex: de 1 a 5)

...Os fenômenos naturais, diferem entre si também


qualitativamente: a cor é uma qualidade diferente da do peso, que
é diferente da do comprimento, etc. Essas diferenças são de
qualidade, pois se tratam de aspectos, qualidades, características
ou atributos diversos e distintos de um mesmo objeto natural. O
isomoformismo defendido na medida é entre as propriedades do
número (sobretudo de ordem e aditividade) com estas mesmas
propriedades de cada atributo de um objeto natural e não com o
próprio objeto natural. De fato, os diferentes atributos de um
mesmo objeto não diferem em termos de quantidade e sim de
qualidade. Entretanto, um mesmo atributo de um objeto natural
pode variar em diferentes momentos ou situações ou objetos-

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indivíduos, e essa
variação é que é definida em termos de magnitude, portanto
mensurável (de onde a medida: esta é de atributos individuais de
objetos e não dos próprios objetos). Assim, por exemplo, da rosa
eu posso falar de diferentes qualidades, tais como intensidade de
aroma, peso, tamanho. Mas cada uma dessas qualidades pode
aparecer com magnitude diferente de aroma, peso, comprimento
(isto é, eu posso medir as magnitudes de cada qualidade). Em
termos de seus atributos, qualitativamente diferentes, não posso
dizer que uma rosa é mais rosa que a outra; posso, porém, dizer
que uma é mais aromática ou mais pesada que a outra.

Qualidade da medida
Algumas medidas possuem maior qualidade que outras, uma vez que isso vai
variar de acordo com a quantidade de isomorfismos possíveis entre as
propriedades dos números (ordem, aditividade e identidade) e os fenômenos
naturais, por isso há diferentes níveis de medida.

Quanto mais axiomas do número a medida respeitar, mais consigo fazer aferições
e medições, porque mais se aproximará da escala numérica.

💡 Cada variável vai determinar o quanto é possível preservar os axiomas - Ex:


gênero só permite salvaguardar identidade

Níveis diferentes de correspondência entre números e fenômenos naturais: para


cada situação vou conseguir fazer uma determinada medida e conclusão,
pensando como cruzar fenômeno psicológico e número ——> por isso, os
diferentes níveis de medida

NÍVEIS DE MEDIDA

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Podemos considerar cinco elementos numéricos para definir o nível da medida:
identidade, ordem, intervalo, origem e unidade de medida

Escalas nominais
Os números são apenas rótulos para identificar um individuo ou uma classe.

Não se trata de uma medida, mas sim uma classificação, já que salva apenas a
propriedade de identidade do número

Variáveis não quantitativas ou dados categóricos (sexo, diagnósticos, região,


religião, gênero, escolaridade, etnia, curso/profissão - dados sociodemográficos no
geral)

Todos os membros de um conjunto devem ser iguais com respeito à categoria: na


pesquisa preciso garantir que todos que estão categorizados em um mesmo
número correspondam a categoria selecionada - um mesmo símbolo não pode ser
usado para identificar objetos diferentes.

Não há diferenciação de maior ou menor, porque os números são apenas rótulos


(Ex. usar 2 para designar homens e 1 para mulheres), por isso não é possível
quantificar

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💡 Se questionar se faz sentido eu tirar uma media (ou outra medida) dessa
variável? Nesse caso, o interesse está na contagem de casos, em quantas
pessoas estão participando.

Estatística: F (frequencia), %, p, qui² (medidas via quadrado), C

Escalas ordinais

💡 É a escala que mais usamos em psicologia

Quando a escala possui origem arbitrária e a distância entre os números não é


igual. Precisa salvar pelo menos a ordem dos números.

💡 Mesmo que consigamos definir a origem 0, mas não saibamos intervalo entre
os números da escala, ainda estaríamos falando de uma escala ordinal (Ex.
medir peso sem balança)

Classificação do mais baixo ao mais alto a partir de uma variável única, ganha a
dimensão de ordem

Notas, séries escolares, classe social, avaliação do Uber, nota - qual a diferença
entre a nota 9 e a nota 10 de forma prática? não tem consenso.

Embora transmitam um sentindo preciso de posição, não informam a distância


entre elas (a distância não é bem definida).

Escores dos postos percentil

já consigo fazer algumas inferências, mas não com muita exatidão por não saber a
distância exata entre elas (Escala de 1(nada) a 5(muito) - não sabemos a distancia
real e o ponto 0 dessas variáveis, o que torna mais variável e possível ao erro;
compõem a maior parte dos instrumentos)

Estatística: não paramétricas, (quando a partir da minha pesquisa eu não posso


inferir sobre a população da minha amostra - números representa postos e não

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quantidades somáveis)

Mas até podemos fazer diagnóstico de qualidade para ver se pode ser paramétrica

Escalas intervalares
Preserva os axiomas de identidade, ordem e aditividade

A diferença entre dois números reflete uma diferença empírica ou demonstrável

Zero arbitrário: não podem ser interpretados em termos de razão. Não é definido,
geralmente é um consenso. Não sabemos qual o zero da variável.

Contagem dos dias do anos, temperatura célcius, QI (único uso dessa escala em
psicologia), renda

estatística: paramétricos (quando a partir da minha pesquisa eu posso inferir sobre


a população da minha amostra - números possuem caráter métrico, ou seja, são
quantidades somáveis)

Impeditivo teórico para aplicarmos essa escala nos fenômenos da psicologia: o


ponto de partida não é conhecido e nem consensual

Um pouco mais impreciso nas conclusões, por conta da variabilidade, mas permite
maior precisão na análise.

Escalas de razão (a mais precisa de todas)


Preserva os axiomas de identidade, ordem e aditividade

Podem ser somados, subtraídos, multiplicados ou divididos e o resultado expresso


em razão

Ponto zero é verdadeiro e bem determinado, bem como os intervalos

Estatística: logaritmos, coeficiente, variação; psicologia - tempo de reação

Distância, peso, temperatura kelvin

Pouco aplicável a psicologia, por conta da falta de consenso em relação ao ponto 0


que as varáveis estudadas pela psicologia têm

FORMAS DE MEDIDA

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Como é que vou atribuir um número a tais e tais
atributos de um fenômeno natural e por que este número e não outro?

Se cada atributo da realidade empírica apresentasse uma unidade-base natural


específica de magnitude, a medida dele seria uma tarefa relativamente fácil. Seria
suficiente verificar quantas unidades-base ele possui, e o número de unidades
seria a medida do atributo em questão.

Mas na realidade nem todos os atributos permitem a identificação de uma unidade-


base e, por isso, existem outras formas de medida

Medida fundamental
Medir atributo de objetos empíricos em que é possível estabelecer a origem natural
e existe uma representação extensiva.

Medida direta e fundamental: porque tenho uma ferramenta de medição com a


mesma natureza, mesma qualidade da minha variável que quero medir (Ex: Peso—
>balança; tempo—>relógio)

O que ganhamos: permite a concatenação de dois objetos, que podem ser


associados e formar um terceiro objeto de mesma natureza

Fenômenos psicológicos não podem ser medidos por medida fundamental, nossos
instrumentos não alcançam essa medida.

Medida derivada
Pegar duas medidas fundamentais que já existem, para inferir sobre essa terceira.
Essa relação precisa ser demonstrado e comprovado empiricamente.

A medida é derivada se finalmente pode ser expressa em termos de medidas


fundamentais

Ex. massa (Kg) = volume (m³) x densidade, logo densidade pode ser medido
indiretamente a partir da função kg/m³

Não mede os fenômenos da psicologia, porque esses não podem ter uma medida
fundamental.

Medida por lei

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* Lei= regra com base em fenômenos que ocorram com regularidade observada (fatos
empíricos)

Obtida indiretamente por meio da relação: quando uma lei for empiricamente
estabelecida entre duas ou mais variáveis, as constantes típicas do sistema podem
ser medidas indiretamente por meio da relação estabelecida entre essas variáveis

Mede-se por lei quando se quer demonstrar empiricamente que dois ou mais
atributos estruturalmente diferentes mantêm entre si relações sistemáticas. Para
isso há duas condições:

1. Os atributos precisam ser de natureza diferente e um não pode ser redutível ao


outro

2. A existência de uma relação sistemática entre esses atributos demonstrada


cientificamente

Já é mais possível de usar na psicologia: Lei do reforço em psicologia

Medida por teoria

💡 É a medida que utilizamos na psicologia

Utilizadas para atributos que:

1. Não são expressos por dimensões extensivas e nem por unidade-base (que
não permitem medida fundamental)

2. Não são resultantes de componentes extensivos (que não permitem medida


derivada)

3. Não existem leis existentes

Quando nem leis existem, pode-se recorrer a teorias que hipotetizam relações
entre atributos da realidade permitindo a medida indireta de um atributo, por meio
de fenômenos a eles relacionados pela teoria

Com todos os avanços na psicologia conseguimos chegar até essa medida. Por
isso, precisamos ter cuidado com o que vamos concluir com nossas pesquisas,
porque ainda estamos em um processo inicial dessa medida

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Teoria psicométrica: TCT- teoria clássica dos testes e TRI- Teoria de respostas ao
item

Na psicologia a maioria das escalas é de natureza ordinal, sendo que a igualdade


nunca é tão permanente ou completa

PROBLEMA DO ERRO
TIPO CAUSA CONTROLE

Instrumento: meu
Calibração (no nível de pesquisa e não durante
Instrumental instrumento não é bom,
o uso)
mede errado
Pessoal
Diferenças individuais atenção e treinamento
(observador)

Fator específico, quando Experimental ou estatístico, para saber se é um


Sistemático em toda pesquisa surge o erro do instrumento ou indicação de alguma
mesmo erro mudança cultural
não conhecida, algo que Teorias do erro (probabilidade) - depende da
Aleatório
fugiu do controle probabilidade daquele erro ocorrer
Seleção da amostra - a É preciso ter representatividade da amostra
forma como se seleciona (teoria estatística da amostragem) - Para
Amostragem quantas e quais pessoas garantir que a amostra seja a melhor possível
vão participar está sujeita a para o meu instrumento. Importante: misturar
vieses e, portanto, erros. vários extratos de uma população.

💡 Se observarmos qualitativamente durante o teste, podemos ter um contexto


para o erro e o nível de acuracidade da resposta.

Não existe procedimento empírico livre de erro. Como a medida é um procedimento


empírico, não há medida sem erro.

O número utilizado na medida já não é mais um ponto; ele é um intervalo, o que


significa que ele pode ser mais ou menos ele mesmo, isto é, ele admite

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variabilidade (erro)

teoria do erro: um evento empírico é aleatório se sua ocorrência não pode ser
predita a partir dos eventos que ocorreram antes dele, isto é, ele é totalmente
independente (livre) com relação ao que aconteceu antes. O erro na medida é
considerado um evento aleatório por essa teoria.

Erro padrão da medida (EPM): a medida verdadeira de um atributo se situa


entre o valor médio das medidas efetuadas e um erro padrão em torno deles

Observações
Quando podemos usar os números para a medida em psicologia? sempre que for
justificável, quando tivermos um objetivo bem delimitado para isso, porque assim
posso preservar as propriedades do número.

O uso do número na descrição dos fenômenos naturais (isto é,


a medida) somente se justifica se for possível responder
afirmativamente às duas questões seguintes:

1. É legítimo utilizar o número para descrever os fenômenos


da ciência?

2. É útil, vantajoso, utilizar o número para descrever os


fenômenos da ciência?

Teoria da medida: tentativa de diminuir o erro, para que a gente possa encontrar a
melhor medida possível para cada atributo que queremos medir.

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