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3.

Teoria da medida em Psicologia


Conteúdo da aula
 Desmistificar o uso da medida em
Psicologia;
 Compreender os fundamentos da medida
em psicologia;
 Identificar os parâmetros psicométricos de
uma medida em psicologia.
Uma reflexão inicial...
 Quando olhamos para a folha de uma
árvore. Qual a sua cor?
 Sua cor original não é verde. Ao receber a
luz solar para fazer fotossíntese, a clorofila
absorve as cores vermelha e azul e reflete a
verde.
Uma reflexão inicial...
 Qual o tamanho de uma bactéria?
 A bactéria, apesar de invisível, pode ser
medida. Tem 0,2 a 1,5 μm.
Uma reflexão inicial...
 Apenas sensações não são o suficiente para
compreender o mundo.
 Em Psicologia, igualmente, TUDO, mesmo
que não observável, pode ser medido.
“Qualquer coisa que existe, existe em alguma quantidade”
(Thorndike, 1918)

“Qualquer coisa que existe em quantidade, pode medir-se”


(McCall, 1939)
Uma reflexão inicial...
 É preciso medirmos atributos:
• Clínica: Avaliar o estado psicológico de
um paciente
• Escolar: Avaliar a vocação de um aluno
• Organizacional: Avaliar as competências de
um candidato a uma vaga
• Hospitalar: Avaliar a adesão ao tratamento
1. A natureza da medida
 A medida em Psicologia faz uso do símbolo
matemático (o número) na descrição dos
fenômenos - Teoria da Medida.
 Deve se respaldar em uma teoria;
 Deve ter boa definição constitutiva e
operacional da variável.
1. A natureza da medida
 Três axiomas:
 Identidade: um número é igual a si mesmo
e diferente dos outros.
 Ordem: os números são distintos e podem
ser organizados hierarquicamente.
 Aditividade: números podem ser somados.
1. A natureza da medida
 Nominal
São agrupadas em classes e os números são utilizados somente para
identificar/codificar. Não é possível realizar medição de “distâncias ou ordem”.
Ex: Sexo, estado civil.
 Ordinal
As características podem ser ordenadas em diferentes níveis. É possível saber a
ordem, mas não a distância. Ex. ordem de chegada, escolaridade, escala likert.
 Numérica
* Intervalar
As características podem ser ordenadas e seus intervalos são conhecidos. Ex.
temperatura
*Razão
As características podem ser ordenadas e seus intervalos são conhecidos e
possui um zero absoluto. Ex. salario, tempo.
Vamos entender cada uma...
 Nível nominal
 São os dados que só podem ser classificados em categorias.
 Variáveis que podem ser colocadas nesta categoria são, por
exemplo, a classificação das pessoas quanto à religião,
sexo, estado civil, etc.
 Não existe uma ordem particular entre as categorias ou
grupos e além disso duas categorias quaisquer são
mutuamente excludentes, isto é, uma pessoa não pode ser
ao mesmo tempo católico e protestante.
 Além disso as categorias são exaustivas, significando que
um membro da população deve aparecer em uma e somente
uma das categorias.
Dra. Cynthia Melo 10
 Nível ordinal
 São os dados que só podem ser
classificados em categorias, mas que
podem ser ordenados.
 Exemplo: escolaridade.
Ex.
Tabela 2.2
Distribuição das avaliações dos alunos de pós-graduação (N=8O)
VARIÁVEIS NÍVEIS f %
A 40 50,00
B 20 25,00
Avaliação
C 20 25,00
Total 90 100,00
Não se pode afirmar neste caso que quem tirou A teve um
número de acertos duas vezes maior que quem tirou C. A única
coisa que se sabe é que quem tem A acertou mais questões do
quem tem B e este de quem tem C e assim por diante.
Dra. Cynthia Melo 11
 Nível intervalar.
 É uma escala nominal em que a distância entre as categorias, ao
contrário da ordinal, é sempre a mesma. Ou seja, ela possui todas as
características da escala ordinal mais o fato de que a distância entre as
diversas categorias (ou valores) é possível de ser mensurada.
 NÃO POSSUI ZERO ABSOLUTO.
 Ex. escala likert e de temperatura.

 Para ficar mais claro


 As escalas de medir temperaturas, como a Fahrenheit e a Celsius, são
exemplos de escalas de intervalo. Não se pode afirmar que uma
temperatura de 40 graus é duas vezes mais quente que uma de 20 graus,
embora se possa dizer que a diferença entre 20 graus e 40 graus é a
mesma que entre 75 graus e 95 graus. Isto porque este tipo de escala não
possui um zero absoluto. Ou seja o valor zero na escala é apenas um
ponto de referência e não significa a ausência de calor.
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 Nível de razão.
 Este é o mais alto nível de medida.
 É caracterizado por apresentar todas as características da
escala intervalar mais um zero absoluto. Aqui o zero
pode ser entendido como a ausência da característica e
as comparações de valor (razão) tem sentido.
 Um exemplo de variável deste tipo é o peso. Um valor
igual a zero significa ausência de peso e um valor de 20
kg é duas vezes mais pesado que um de 10 kg.

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1. A natureza da medida
 Toda medição é passível de erros.

Pontuação observada = Pontuação Verdadeira + Erro de Medida


 ERROS DE OBSERVAÇÃO
Erros instrumentais; erros pessoais do participante; erros de
aplicação do instrumento (conduta ou ambiente); erros
aleatórios (com causa desconhecida).
2. Parâmetros Psicométricos:
Padronização, Normatização,
Fidedignidade e Validade
• Para uso de testes , consultar o SATEPSI - o sistema de
avaliação de testes psicológicos desenvolvido pelo Conselho
Federal de Psicologia (CFP) para divulgar informações sobre os
testes psicológicos à comunidade e às(o) psicólogas(o).
• Para uso de escalas, consultar periódicos e artigos originais.
2. Parâmetros psicométricos:
padronização
 Todo teste, escala ou questionário deve ter uma uniforidade
da aplicação e pontuação do teste. Para que os escores
obtidos por pessoas diferentes sejam coparáveis, as
condições de testagem devem ser as mesmas para todas.
 Em testes psicológicos, a padronização vem explicita nos
manuais.
 Em escalas ou questionários, ele deve ser pensado pelo
pesquisador.

A forma de aplicação diferente pode ser causa de diferenças de resultados.


Ex. pesquisa sobre preconceito autoaplicável ou em formato de entrevista.
 Para padronização, pensar:
• Material
• Ambiente
• Aspectos psicológicos
• Condições de aplicação
• Postura do aplicador
2. Parâmetros psicométricos:
normatização
 Estabelece padrões de como se deve interpretar um escore
que o sujeito recebeu num teste/escala/questionário. Isto
porque um escore bruto produzido por um teste necessita ser
contextualizado para poder ser interpretado
2. Parâmetros psicométricos:
validade
 Costuma-se definir a validade de um teste dizendo que ele é
válido se de fato mede o que supostamente deve medir.
 O que se quer dizer com esta definição é que, ao se medirem
os comportamentos (itens), que são a representação do traço
latente, está-se medindo o próprio traço latente.
Tipos de validade
Classifica-se os diversos tipos de validade utilizando-se as
seguintes subdivisões:
Validade Relacionada a Conteúdo Validade de Conteúdo
Validade Aparente/face

Validade Relacionada a Validade Concorrente


Critério Validade Preditiva

Validade convergente
Validade Relacionada a Validade discriminante
Construto Validade fatorial
2. Parâmetros psicométricos:
fidegnidade/confiabilidade/precisão
 Se refere ao quanto o escore obtido no teste se aproxima do
escore verdadeiro do sujeito num traço qualquer.
 Significa consistência. É a consistência dos escores obtidos
pela essa pessoa re-testada com o esmo teste ou com
equivalente a ele.

Por exemplo: se uma pessoa responder a um mesmo teste de


inteligência em dois meses seguidos, espera-se que os resultados
sejam muito próximos.
Métodos de estimação de
fidedignidade
Método de testes paralelos/
Mensuração formas alternadas
Repetida Método de teste-reteste

Mensuração Método de duas


Não- metades
Repetida Método de consistência interna
Método de precisão entre avaliadores
Referências
• Alchieri, J. C. & Cruz, R. M. (2003). Avaliação Psicológica: conceitos, métodos e
instrumentos. São Paulo: Casa do Psicólogo.
• Ambiel (2011). Avaliação psicológica: guia de consulta ara estudantes e
profissionais de psicologia. São Paulo: casa do psicólogo. Cap 5 e 6.
• Cartilha sobre a avaliação psicológica do CFP (2007).
• Noronha, A. P. P. & Alchieri, J. C. Reflexões sobre os instrumentos de avaliação
psicológica. Em: Primi, R. (org.). (2005). Temas em avaliação psicológica. São Paulo:
Casa do psicólogo.
• Pasquali, L. (2001). Técnicas de exame psicológico – TEP: Manual. São Paulo: Casa
do Psicologo. Cap 3 e 4.
• Primi, R. (org.). (2005). Temas em avaliação psicológica. São Paulo: Casa do psicólogo.
• Urbina, S. (2007). Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artmed. Cap.1.

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