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CURSO PREPARATÓRIO

PSICODIAGNÓSTICO

Profª Luciana Lamarca

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ESTUDO DIRIGIDO PSI CURSO PREPARATÓRIO

Índice:

MÓDULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Unidade I – Introdução
Unidade II – Definição
Unidade III – Objetivos

MÓDULO II - RECURSOS BÁSICOS E PASSOS DE UM DIAGNÓSTICO

Unidade I – História e exame do estado mental


Unidade II - Passos do Processo Psicodiagnóstico
Unidade III – Enquadre

MÓDULO III - ENTREVISTA PSICOLÓGICA

Unidade I - Definição
Unidade II - Tipos de Entrevista

MÓDULO IV – INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Unidade I – Grupos de Testes


Unidade II – Bateria de Testes

MÓDULO V – ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS DECORRENTES DE AVALIAÇÃO


PSICOLÓGICA
Unidade I – As modalidades de documentos

Unidade II - Guarda dos documentos

Unidade III – Destino e Envio

Unidade IV - Validade dos Conteúdos dos Documentos

Unidade V – Entrevista Devolutiva

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

QUESTÕES

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MÓDULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Unidade I – Introdução

Para Arzeno (1995), quando falamos de avaliação psicológica no contexto da psicologia


clínica, estamos falando de psicodiagnóstico. Segundo ela, este termo implica automaticamente a
administração de testes.

Para Cunha, (2000, p. 23): “enquanto os psicólogos em geral realizam avaliações, os


psicólogos clínicos, entre outras tarefas, realizam psicodiagnósticos”. Avaliação psicológica é um
conceito muito amplo. Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica, feita com propósitos
clínicos e, portanto, não abrange todos os modelos de avaliação psicológica de diferenças
individuais. É um processo que visa identificar forças e fraquezas no funcionamento psicológico,
com um foco na existência ou não de psicopatologia.

A paternidade do Psicodiagnóstico é atribuída a três autores que, na última década do séc.


XIX e a primeira do séc. XX lançaram as primeiras sementes do psicodiagnóstico: Galton (que
introduziu o estudo das diferenças individuais), Cattel (com os testes mentais) e Binet (que propôs
a utilização do exame psicológico – mensuração intelectual – como coadjuvante da avaliação
pedagógica). Com isso, ficou sedimentada nossa tradição psicométrica pela difusão das escalas
de Binet (pesquisas sobre a inteligência).
Outros estudos contribuíram para o desenvolvimento do psicodiagnóstico: o sistema de
classificação dos transtornos mentais de Kraepelin; a publicação da “Interpretação dos Sonhos”
de Freud, em 1900 (corrente de conteúdo dinâmica); o teste de associação de palavras de Jung,
1906 (base para as técnicas projetivas); o Rorschach, em 1921, seguido do TAT de Murray, 1935
e outros instrumentos que vieram multiplicar as técnicas projetivas.

Unidade II - Definição:

“Psicodiagnóstico é um processo científico (porque parte de


hipóteses), limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos
(input), a nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de
pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos ou para
classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados
(output) (Cunha, 1993, p. 05), na base dos quais são propostas soluções,
se for o caso” (Cunha, 2000, p. 26).

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O processo inicia-se com perguntas e hipóteses iniciais, definindo-se os instrumentos


necessários, como e quando serão utilizados. Selecionada e administrada a bateria de testes,
obtêm-se dados que devem ser interrelacionados com as informações da história clínica, pessoal
e familiar.

Unidade III - Objetivos:

O processo do psicodiagnóstico pode ter um ou vários objetivos, dependendo dos motivos


alegados ou reais do encaminhamento e/ou da consulta, que norteiam o elenco de hipóteses
inicialmente formuladas e delimitam o escopo da avaliação.

Classificação simples: em relação a uma capacidade, um traço ou um estado emocional


– dados quantitativos classificados sumariamente (ex.: avaliação do nível intelectual);
Classificação nosológica: dados resultantes da avaliação descritiva somada à história clínica e
pessoal do paciente, tomando como referência critérios diagnósticos; Diagnóstico diferencial: o
psicólogo investiga irregularidades e inconsistência do quadro sintomático e/ou dos resultados
dos testes para diferenciar alternativas diagnósticas, níveis de funcionamento ou a natureza da
patologia; Prevenção: visa identificar problemas precocemente, avaliar riscos, fazer uma
estimativa de forças e fraquezas do ego e da capacidade para enfrentar situações novas, difíceis,
estressantes, conflitivas ou ansiogênicas; Prognóstico: depende fundamentalmente da
classificação nosológica (não privativo do psicólogo); determina o curso provável do caso;
Perícia forense: fornece subsídios para questões relacionadas à insanidade, competência para o
exercício de funções de cidadão, incapacidade ou comprometimentos psicopatológicos cuja
etiologia possa se associar com infrações da lei, etc. (Perito judicial).

MÓDULO II - RECURSOS BÁSICOS E PASSOS DE UM DIAGNÓSTICO

Unidade I – História e exame do estado mental

A história e o exame do estado mental do paciente constituem os recursos básicos de um


diagnóstico.
Este, feito por um psicólogo, pode ter um caráter mais descritivo e formal ou mais
interpretativo e dinâmico, conforme os objetivos do exame e a severidade ou não do transtorno.
Como história pode-se compreender a história pessoal ou anamnese, a história clínica ou
da doença atual e, ainda, a avaliação psicodinâmica.

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História clínica: pretende caracterizar a emergência de sintomas ou de mudanças


comportamentais, numa determinada época, e a sua evolução até o momento atual (ocasião em
que o exame foi solicitado).
É sempre importante ouvir a versão do paciente no que se refere às queixas e motivos da
consulta.
É necessário um levantamento da sintomatologia e das condições de vida do paciente, no
momento atual, em várias áreas: na família, na rede social mais ampla, no trabalho ou meio
acadêmico, na área sexual.
História pessoal ou anamnese: pressupõe uma reconstrução global da vida do paciente,
como um marco referencial em que a problemática atual se enquadra e ganha significação.
No momento em que se tem a queixa e a história clínica, há condições para definir a
estrutura da história pessoal necessária, considerando os objetivos do exame, o tipo de paciente e
a sua idade.
Avaliação dinâmica: é realizada geralmente integrada com a história, buscando-se uma
relação entre a pessoa com seus problemas específicos atuais e as experiências de sua vida
passada.
Pretende-se colocar a problemática presente numa perspectiva histórica, que permita
compreender o transtorno dentro de um processo vital, num contexto temporal, afetivo e social,
com base num quadro referencial teórico.
Nesse processo, partimos de queixas, identificamos conflitos, pesquisamos causas, inter-
relacionamos conteúdos, reunindo e integrando conteúdos que embasam o entendimento
dinâmico.

Unidade II - Passos do Processo Psicodiagnóstico

Passo 1: Formulação das perguntas básicas ou hipóteses: cada caso terá suas
peculiaridades.
Às vezes já é possível levantar as primeiras perguntas a partir do próprio
encaminhamento; outras vezes vai ser possível levantar alguma hipótese no início da história
clínica. Não obstante, geralmente o elenco das perguntas só fica inteiramente completo após o
levantamento de toda a história, embora, durante todo o processo, se possa, de vez em quando,
levantar questões subsidiárias aos objetivos previstos.

No momento em que é possível levantar as questões básicas e estabelecer os objetivos


(final da primeira ou segunda entrevista), há condições para o estabelecimento de um plano de
avaliação, com base nas hipóteses e, consequentemente, para realizar o contrato de trabalho.

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Este consiste numa previsão de tempo para a realização do processo e numa


formalização, com o paciente ou responsável, sobre os termos em que o processo psicodiagnóstico
vai se desenvolver, definindo papéis, obrigações e responsabilidades mútuas.
O contrato deve envolver certo grau de flexibilidade, devendo ser revisto sempre que o
desenvolvimento do processo tiver que sofrer modificações.
No caso do psicodiagnóstico com crianças e adolescentes o contrato será estabelecido
com os pais ou responsáveis.
Vale lembrar que a primeira entrevista sempre será feita com os responsáveis, pois, além
das implicações legais, consideramos que a criança é emergente de um grupo familiar, por isso
presença dos pais é imprescindível e poderemos entendê-la melhor quando vemos o casal
parental.

Passo 2: Estabelecimento de um plano de avaliação: um processo pelo qual se procura


identificar recursos que permitam estabelecer uma relação entre as perguntas iniciais (hipóteses)
e suas possíveis respostas.
Consiste em traduzir essas perguntas em termos de técnicas e testes. Nessa escolha devem
ser levados em consideração fatores situacionais e uso de medicações que podem ter reflexos nos
correlatos comportamentais, que se refletem nas respostas aos testes.
Bateria de testes: expressão utilizada para designar um conjunto de testes ou de técnicas
que são incluídos no processo psicodiagnóstico para fornecer subsídios que permitam confirmar
ou infirmar as hipóteses iniciais, atendendo o objetivo da avaliação.
Há dois tipos principais de baterias de testes:
 padronizadas para avaliações específicas e
 não padronizadas, que são organizadas a partir de um plano de avaliação (essa
última é a tradicional na prática clínica).
Frequentemente, em psicodiagnóstico, a bateria inclui testes psicométricos e técnicas
projetivas.
Quanto à ordem de utilização dos mesmos, recomenda-se prioridade para instrumentos
não ansiogênicos – as técnicas gráficas (Campo e cols., 1981).
Cunha propõe uma alternância das técnicas, iniciando e completando a bateria com
material pouco ou não ansiogênico.
Na distribuição dos testes, também deve ser levado em conta o tempo de administração
de cada instrumento e a possibilidade ou não do mesmo ser interrompido e concluído num outro
dia.

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Passo 3: Administração de testes e técnicas: O foco das testagens deve ser sempre o
sujeito e não os testes.
O psicólogo deve estar suficientemente familiarizado com o instrumento. Não basta
conhecer as instruções, deve ter muita intimidade com o material, com a forma de conduzir o
inquérito, com as normas de atribuição de escores (se for o caso), com a forma adequada de
registro das respostas e com perguntas e dificuldades que podem surgir durante a administração.
O setting deve ser adequado em termos de iluminação, privacidade, aeração e silêncio.
O material deve ser organizado antes da entrada do paciente.
Nenhum teste deve ser aplicado sem um rapport previamente estabelecido; um clima de
confiança e entendimento é necessário para se chegar a um diagnóstico mais preciso.
Nos testes padronizados, as instruções devem ser seguidas cuidadosamente para garantir
a fidedignidade de seus resultados.
O psicólogo deve estar atento à contratransferência, já que a administração de testes
pressupõe uma interação clínica.

Passo 4: Levantamento, análise, interpretação e integração dos dados: há a necessidade


de organizar os dados oriundos das diferentes técnicas, buscando um entendimento de
coincidências e discordâncias, hierarquizando indícios e identificando os dados mais
significativos que, contrastados com as informações sobre o paciente, são integrados para
confirmar ou infirmar as hipóteses iniciais.
A seleção das informações que fundamentam as conclusões finais deve atender aos
objetivos propostos para o psicodiagnóstico e pressupõe um determinado nível de inferência
clínica.

Passo 5: Diagnóstico e prognóstico: para incluir um caso numa categoria diagnóstica, o


psicólogo deve utilizar algum sistema oficial de classificação de transtornos mentais – DSM- V
ou CID -10.

Passo 6: Comunicação dos resultados: constitui uma unidade essencial do


psicodiagnóstico e deve ser previsto no contrato de trabalho com o sujeito e/ou responsável.
O tipo de informe depende do objetivo do exame. Quase sempre, os laudos constituem o
resultado de um processo psicodiagnóstico com vários objetivos (Obs.: Resolução 006/2019 do
CFP).

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Para que a comunicação dos resultados seja cientificamente adequada, é necessário que a
seleção, organização e integração dos dados colhidos se realizem, chegando a inferências sobre o
caso, tendo como pontos de referência as perguntas iniciais e os objetivos do exame.
Teoricamente, o direito do paciente à devolução é obrigatório e, na prática, é exatamente
este direito que facilita o rapport e a confiança no profissional que escolheu. Os tipos mais
comuns de informes sistemáticos são as entrevistas de devolução e o laudo. Este é encaminhado
ao profissional que solicitou o pedido de psicodiagnóstico.
Ao trabalharmos com crianças ou adolescentes vale destacar a definição de Arzeno e
Ocampo (2003) sobre o tema: “Entendemos por devolução de informação a comunicação verbal
discriminada e dosificada que o psicólogo faz ao paciente, a seus pais e ao grupo familiar, dos
resultados obtidos no psicodiagnóstico” (p.384).

Unidade III - Enquadre


O enquadre varia de acordo com o enfoque teórico que serve como marco
referencial predominante para o profissional, conforme a sua formação, suas características
pessoais e também conforme as características do consultante (a idade ou o grau de patologia nos
obrigam a adaptar o enquadre a cada caso). Para o psicodiagnóstico infantil temos toda uma
especificidade de enquadre que será abordada detalhadamente no capítulo sobre a Hora de Jogo
diagnóstica / Entrevista Lúdica.

A primeira entrevista nos dá subsídios que facilitam a escolha do enquadre. Este inclui
não somente o modo de formulação do trabalho, mas também o objetivo do mesmo, a frequência
dos encontros, o lugar, os horários, os honorários e, principalmente o papel que cabe a cada um.

Segundo Bleger, (Citado por Arzeno, p. 19):

“o enquadre seria o fundo ou a base, e o processo analítico


(psicodiagnóstico), a imagem do que, unindo ambos os conceitos
(enquadre e processo) configuraria a situação analítica. O enquadre
seria o fator constante, o que não é processo. O processo seria aquilo
que é variável, o que se modifica”.

A situação psicodiagnóstica envolve uma dinâmica específica, num vínculo relativamente


curto, em que se entrelaçam dois mundos, o do psicólogo e do paciente, passando a interagirem
duas identidades.

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A tarefa do psicólogo não se restringe a de um psicometrista, nem a um mero aplicador


de técnicas projetivas.

O psicólogo não deve perder de vista a dimensão global da situação de avaliação, por
mais simples que seja o objetivo do psicodiagnóstico.

O psicólogo deve estar consciente, atento e alerta tanto para as suas próprias condições
internas, para o uso que faz de seus recursos internos e externos, como para as reações e
manifestações do paciente, percebendo a qualidade do vínculo que se cria e levando em conta
todos esses aspectos para o entendimento do caso.

* Responsabilidade:

O diagnóstico psicológico pode ser realizado:

a) pelo psicólogo, pelo psiquiatra, com vários objetivos, exceto o de classificação


simples, desde que seja utilizado o modelo médico apenas, no exame de funções,
identificação de patologias, sem uso de testes e técnicas privativas do psicólogo
clínico.
b) pelo psicólogo clínico exclusivamente, quando é utilizado o modelo psicológico
(psicodiagnóstico), incluindo testes e técnicas privativas desse profissional.
c) por equipe multiprofissional.
No entanto, só é permitido ao psicólogo o uso de testes psicológicos.

MÓDULO III - ENTREVISTA PSICOLÓGICA

Processo dinâmico e criativo → espinha dorsal de todas as profissões que lidam com
saúde mental.

Unidade I - Definição

1.1 Cunha, 1993, p. 29:


“Instrumento para obter informações que pressupõem a interação face
a face entre duas pessoas, na qual a troca verbal se caracteriza pelo fato
de que uma delas, o entrevistador, busca obter informações, opiniões,
crenças de outra, o entrevistado”.

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1.2 Cunha, 2000, p. 45:

“Em psicologia, a entrevista clínica, é um conjunto de técnicas de


investigação, de tempo delimitado, dirigido por um entrevistador
treinado, que utiliza conhecimentos psicológicos, em uma relação
profissional, com o objetivo de descrever e avaliar aspectos pessoais,
relacionais ou sistêmicos, em um processo que visa a fazer
recomendações, encaminhamentos ou propor algum tipo de intervenção
em benefício das pessoas entrevistadas”.

A entrevista em saúde mental é vista como um instrumento de avaliação, entre outros. É usada
como sistema de interação no processo de avaliar / intervir e na busca de dados de diferentes
fontes para chegar a um sumário na forma de recomendação / descrição de um sujeito.

Unidade II - Tipos de Entrevista

- Segundo o enfoque teórico: Psicanalítica; Existencial-Humanista e Fenomenológica

- Segundo os objetivos: Diagnóstica; Psicoterápica; de Encaminhamento; de Desligamento e de


Pesquisa.

Sequência temporal das entrevistas diagnósticas, segundo Cunha, 1993:

a) A entrevista inicial: uma entrevista semi-dirigida, durante a qual o sujeito tem liberdade
para expor seus problemas, começando por onde prefere e incluindo o que deseja. Os
objetivos dessa primeira entrevista são discutir expectativas, clarear as metas do trabalho
e colher informações sobre o entrevistado e seus problemas que não podem ser obtidos de
outras fontes. Um bom rapport é fundamental para que esses objetivos sejam alcançados.
Ao final da primeira entrevista deve estar claro o contrato de trabalho.
b) As entrevistas subsequentes: não há um número rígido estabelecido, depende de como
cada processo se desenvolve. Elas objetivam a obtenção de mais dados, para conhecer a
história em maiores detalhes.
c) A entrevista de devolução: ao término do psicodiagnóstico, o entrevistador deve
comunicar oralmente ao paciente o resultado do processo e propor as indicações
terapêuticas. O entrevistador retoma os motivos da consulta e a forma de condução do
processo; inicia a devolução com os aspectos menos comprometidos, menos
mobilizadores de ansiedade e os ligados diretamente à queixa; e termina a devolução com
as indicações terapêuticas. Deve ser evitado o uso de jargão técnico.

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- Segundo a estruturação: Livre ou não-estruturada; Fechada ou estruturada; Semi-dirigida ou


semiestruturada.

1. Livre ou não-estruturada: interesse no discurso espontâneo do entrevistado, seguindo o


fluxo natural de suas ideias.
2. Fechada ou estruturada: altamente padronizada e estritamente estruturada. Requer áreas
específicas de informação e prescreve as maneiras de obtê-las.
3. Entrevista semi-dirigida – é aquela que especifica as áreas que devem ser exploradas, mas
não estrutura as perguntas, nem a sequência das mesmas. Dá ao entrevistador mais
liberdade, mas requer mais experiência, habilidade e treinamento.

ENTREVISTA LÚDICA / A HORA DE JOGO DIAGNÓSTICA

A entrevista lúdica tem grande papel no atendimento de crianças constituindo-se como uma
técnica de avaliação muito rica. Com ela podemos compreender a natureza do pensamento
infantil, fornecendo informações significativas do ponto de vista evolutivo, psicopatológico e
psicodinâmico, possibilitando formular conclusões diagnósticas, prognósticas e indicações
terapêuticas.

As instruções específicas para uma entrevista lúdica consistem em oferecer à criança a


oportunidade de brincar com todo material que lhe é oferecido, sob algumas condições, como uso
do espaço, papel da criança e do entrevistador.

A postura do psicólogo é estimular a interação, conduzindo a situação de maneira tal que


possa deixar transparecer compreensão, respeitando e acolhendo a criança, de forma que ela se
sinta segura e aceita.

Em parte, o papel do psicólogo na entrevista lúdica diagnóstica é passivo, porque funciona


como observador, mas também é ativo, na medida em que sua atitude é atenta na compreensão e
formulação de hipóteses sobre a problemática do entrevistado, assim como na ação de efetuar
perguntas para esclarecer dúvidas sobre a brincadeira.

Segundo Arzeno e Ocampo (2003, pág. 207):

“A hora de jogo diagnóstica constitui um instrumento técnico que o


psicólogo utiliza dentro do processo psicodiagnóstico com a finalidade

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de conhecer a realidade da criança que foi trazida à consulta.”


apresentando-se, portanto, como uma técnica projetiva.

MÓDULO IV - INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Resolução CFP Nº: 02/2003: Define e regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de


testes psicológicos.
Art. 1º - Os Testes Psicológicos são instrumentos de avaliação ou mensuração de características
psicológicas, constituindo-se um método ou uma técnica de uso privativo do psicólogo, em
decorrência do que dispõe o § 1o do Art. 13 da Lei no 4.119/62.
Parágrafo único. Para efeito do disposto no caput deste artigo, os testes psicológicos são
procedimentos sistemáticos de observação e registro de amostras de comportamentos e respostas
de indivíduos com o objetivo de descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos,
compreendidos tradicionalmente nas áreas emoção/afeto, cognição/inteligência, motivação,
personalidade, psicomotricidade, atenção, memória, percepção, dentre outras, nas suas mais
diversas formas de expressão, segundo padrões definidos pela construção dos instrumentos.
Art. 10 - Será considerado teste psicológico em condições de uso, seja ele comercializado ou
disponibilizado por outros meios, aquele que, após receber Parecer da Comissão Consultiva em
Avaliação Psicológica, for aprovado pelo CFP.
Parágrafo único– Para o disposto no caput deste artigo, o Conselho Federal de Psicologia
considerará os parâmetros de construção e princípios reconhecidos pela comunidade científica,
especialmente os desenvolvidos pela Psicometria.
Art. 16 - Será considerada falta ética, conforme disposto na alínea c do Art. 1º e na alínea m do
Art. 2º do Código de Ética Profissional do Psicólogo, a utilização de testes psicológicos que não
constam na relação de testes aprovados pelo CFP, salvo os casos de pesquisa.

Link: www.crprj.org.br/legislacao/documentos/resolução2003-02.pdf

*SATEPSI (Link: www2.pol.org.br/satepsi/sistema/admin.cfm)

Unidade I – Grupos de Testes

1. Testes Objetivos ou Psicotécnicos:


Testes estruturados; com respostas certas ou erradas; sistema de escore e escalas de
interpretação de resultados. Objetivam a análise de um traço específico da personalidade.

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 Testes de Inteligência:
 RAVEN: aplicação individual ou coletiva, 45min.; Crivo
 R-1: aplicação individual ou coletiva, 20 a 30 min., >15 anos, sem
escolaridade mínima
 R-2: Individual, 5 a 11 anos, sem tempo determinado (15 min.)
 WISC –IV: individual, 6 a 16 anos, 10 subtestes
 Testes de Atenção:
 AC: aplicação individual ou coletiva, 5 min.; Crivo: acertos, erros e
omissões
 Escalas de Beck
 DBI; BAI; BHS; BSI (Depressão; Ansiedade; Desesperança; Ideação
suicida): individual, coletiva ou auto administração, 17 a 80 anos

2. Testes Projetivos:
Testes ambíguos, não estruturados que permitem um entendimento dinâmico sobre a
personalidade do sujeito. Objetivam identificar e compreender conflitos, mecanismos de
defesa, estados emocionais, fantasias, traços de caráter e aspectos sadios e/ou patológicos
do sujeito.

 Testes Gráficos:
 HTP: aplicação individual, 20 a 30 min., > 8 anos
 Palográfico: individual ou coletiva, >18 anos, duração 7 min30s
 Técnicas de manchas de tinta:
 Rorschach: individual, adulto, tempo livre, 10 pranchas
 Zulliguer: individual, adulto, tempo livre, 3 pranchas
 Técnica de contar histórias:
 TAT: individual, 14 a 40 anos, tempo livre
 CAT: individual, 5 a 10 anos, tempo livre

Inventários de personalidade:
 Quati: individual ou coletiva, a partir 8ª série, tempo médio 45`; correção web
 IFP II: Inventário Fatorial de Personalidade: > 14 anos; correção web
 ISSL: Inventário de Sintomas de Stress de Lipp: > 15 anos, correção web

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3. Bender (Teste Guestáltico Visomotor)


B-SPG Sistema de Pontuação Gradual
 Teste objetivo e projetivo
 Avaliação percepto-motora
 Crianças, individual ou coletiva, tempo médio 15`

Unidade II - Bateria de Testes

Uma bateria completa de testes em Psicodiagnóstico deve conter, pelo menos, um teste
de atenção, um teste de inteligência, um teste para avaliação motora e dois testes de personalidade
com estímulos diferenciados; por exemplo: um teste gráfico e um inventário; ou uma técnica de
manchas e um inventário.

Indica-se iniciar a bateria com um teste menos ansiogênico, mais objetivo para facilitar a
execução do mesmo, deixando o examinando mais à vontade.

A escolha da bateria vai depender dos objetivos do processo, das particularidades do


sujeito examinado e da habilidade do profissional psicólogo.

Devemos lembrar que nenhuma testagem é aplicada sem os passos iniciais do processo
que garantem um bom rapport, por mais simples que seja o objetivo do psicodiagnóstico. Além
disso, o psicólogo deve estar atento ao comportamento do sujeito durante o exame, observando
suas reações e execução de cada tarefa proposta. O acento deve estar sempre no sujeito examinado
e não nas técnicas e testes do profissional.

Exemplo de uma bateria para adultos: Teste de atenção (AC); Teste de Inteligência (Raven);
Teste Psicomotor (Bender); Testes de Personalidade (HTP, Palográfico ou Rorschach); Inventário
de Personalidade: Quati

MÓDULO V – ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS DECORRENTES DE AVALIAÇÃO


PSICOLÓGICA

Baseado na Resolução CFP N.º 06/2019, que REVOGA a Resolução 07/2003.

Link: https://atosoficiais.com.br/cfp/resolucao-do-exercicio-profissional-n-6-2019-institui-
regras-para-a-elaboracao-de-documentos-escritos-produzidos-pela-o-psicologa-o-no exercicio-
profissional-e-revoga-a-resolucao-cfp-no-15-1996-a-resolucao-cfp-no-07-2003-e-a-resolucao-
cfp-no-04-2019?origin=instituicao

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Unidade I - As Modalidades de Documentos

a) Declaração
b) Atestado Psicológico
c) Relatório: Psicológico e Multiprofissional
d) Laudo Psicológico
e) Parecer Psicológico

Atestado Psicológico

“Consiste em um documento que certifica, com fundamento em um diagnóstico


psicológico, uma determinada situação, estado ou funcionamento psicológico, com a finalidade
de afirmar as condições psicológicas de quem, por requerimento, o solicita”.
Diferentemente da declaração, o atestado psicológico resulta de uma avaliação
psicológica. É responsabilidade da (o) psicóloga (o) atestar somente o que foi verificado no
processo de avaliação e que esteja dentro do âmbito de sua competência profissional.
Descrição das condições psicológicas do beneficiário do serviço psicológico advindas do
raciocínio psicológico ou processo de avaliação psicológica realizado, respondendo a finalidade
deste. Quando justificadamente necessário, fica facultado à (ao) psicóloga (o) o uso da
Classificação Internacional de Doenças (CID) ou outras Classificações de diagnóstico, científica
e socialmente reconhecidas, como fonte para enquadramento de diagnóstico;

Laudo Psicológico

O laudo psicológico é “o resultado de um processo de avaliação psicológica, com


finalidade de subsidiar decisões relacionadas ao contexto em que surgiu a demanda. Apresenta
informações técnicas e científicas dos fenômenos psicológicos, considerando os condicionantes
históricos e sociais da pessoa, grupo ou instituição atendida”.
Deve apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo de avaliação
psicológica, limitando-se a fornecer as informações necessárias e relacionadas à demanda e
relatar: o encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico, a hipótese diagnóstica,
a evolução do caso, orientação e/ou sugestão de projeto terapêutico.

Deve-se considerar o sigilo profissional na elaboração do laudo psicológico em conjunto


com equipe multiprofissional, conforme estabelece o Código de Ética Profissional do Psicólogo.

Estrutura:

O Laudo Psicológico é composto de 6 itens:

 Identificação
 Descrição da demanda

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 Procedimento
 Análise
 Conclusão
 Referências

Identificação

I - Título: “Laudo Psicológico”


II - Nome da pessoa ou instituição atendida
III - Nome do solicitante
IV - Finalidade
V - Nome do autor

II: identificação do nome completo ou nome social completo e, quando necessário, outras
informações sócio-demográficas;

III: identificação de quem solicitou o documento, especificando se a solicitação foi realizada pelo
Poder Judiciário, por empresas, instituições públicas ou privadas, pelo próprio usuário do
processo de trabalho prestado ou por outros interessados;

IV: descrição da razão ou motivo do pedido

V: identificação do nome completo ou nome social completo do psicólogo responsável pela


construção do documento, com a respectiva inscrição no Conselho Regional de Psicologia.

Descrição da demanda

Neste item, o psicólogo, autor do documento, deve descrever as informações sobre o que motivou
a busca pelo processo de trabalho prestado, indicando quem forneceu as informações e as
demandas que levaram à solicitação do documento. Constitui requisito indispensável.

Procedimento

O psicólogo autor do laudo deve apresentar o raciocínio técnico-científico que justifica o processo
de trabalho realizado pelo psicólogo e os recursos técnico-científicos utilizados no processo de
avaliação psicológica, especificando o referencial teórico metodológico que fundamentou suas
análises, interpretações e conclusões.

Deverá, também, citar as pessoas ouvidas no processo de trabalho desenvolvido, as informações


objetivas, o número de encontros e o tempo de duração do processo realizado.

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Análise

Nessa parte do documento, o psicólogo deve fazer uma exposição descritiva, metódica, objetiva
e coerente com os dados colhidos e situações relacionadas à demanda em sua complexidade
considerando a natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada do seu objeto de estudo.

A análise não deve apresentar descrições literais das sessões ou atendimentos realizados, salvo
quando tais descrições se justifiquem tecnicamente.

Nessa exposição, deve-se respeitar a fundamentação teórica que sustenta o instrumental técnico
utilizado, bem como os princípios éticos e as questões relativas ao sigilo das informações.
Somente deve ser relatado o que for necessário para responder a demanda, tal qual disposto no
Código de Ética Profissional do Psicólogo.

O psicólogo não deve fazer afirmações sem sustentação em fatos ou teorias, devendo ter
linguagem objetiva e precisa, especialmente quando se referir a dados de natureza subjetiva.

Conclusão

O psicólogo autor do laudo deve descrever suas conclusões a partir do que foi relatado na análise,
considerando a natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo.

Indicam-se os encaminhamentos e intervenções, diagnóstico, prognóstico e hipótese diagnóstica,


evolução do caso, orientação ou sugestão de projeto terapêutico.

O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão, carimbo, em que conste
nome completo ou nome social completo do psicólogo, acrescido de sua inscrição profissional,
com todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura do
psicólogo na última página.

É facultado ao psicólogo destacar, ao final do laudo, que este não poderá ser utilizado para fins
diferentes do apontado no item de identificação, que possui caráter sigiloso, que se trata de
documento extrajudicial e que não se responsabiliza pelo uso dado ao laudo por parte da pessoa,
grupo ou instituição, após a sua entrega em entrevista devolutiva.

Referências

Na elaboração de laudos, é obrigatória a informação das fontes científicas ou referências


bibliográficas utilizadas, em nota de rodapé, preferencialmente.

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ESTUDO DIRIGIDO PSI CURSO PREPARATÓRIO

Unidade II - Guarda dos Documentos

Os documentos escritos decorrentes da prestação de serviços psicológicos, bem como todo o


material que os fundamentaram, sejam eles em forma física ou digital, deverão ser guardados pelo
prazo mínimo de 5 (cinco) anos.

A responsabilidade pela guarda do material cabe ao psicólogo, em conjunto com a instituição em


que ocorreu a prestação dos serviços profissionais.

Esse prazo poderá ser ampliado nos casos previstos em lei, por determinação judicial, ou em
casos específicos em que as circunstâncias determinem que seja necessária a manutenção da
guarda por maior tempo.

Unidade III – Destino e Envio de Documentos

Os documentos produzidos pelo psicólogo devem ser entregues diretamente ao beneficiário da


prestação do serviço psicológico, ao seu responsável legal e/ou ao solicitante, em entrevista
devolutiva.
É obrigatório que ao psicólogo mantenha protocolo de entrega de documentos, com assinatura do
solicitante, comprovando que este efetivamente o recebeu e que se responsabiliza pelo uso e sigilo
das informações contidas no documento.

Os documentos produzidos poderão ser arquivados em versão impressa, para apresentação no


caso de fiscalização do Conselho Regional de Psicologia ou instâncias judiciais, em conformidade
com os parâmetros estabelecidos na Resolução CFP nº 01/2009 ou outras que venham a alterá-la
ou substituí-la.

Unidade IV - Validade dos Conteúdos dos Documentos

O prazo de validade do conteúdo do documento escrito, decorrente da prestação de serviços


psicológicos, deverá ser indicado no último parágrafo do documento.

A validade indicada deverá considerar a normatização vigente na área em que atua o psicólogo,
bem como a natureza dinâmica do trabalho realizado e a necessidade de atualização contínua das
informações.

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ESTUDO DIRIGIDO PSI CURSO PREPARATÓRIO

Não havendo definição normativa, o prazo de validade deve ser indicado pelo psicólogo, levando
em consideração os objetivos da prestação do serviço, os procedimentos utilizados, os aspectos
subjetivos e dinâmicos analisados e as conclusões obtidas.

Unidade V- Entrevista Devolutiva

Para entrega do relatório e laudo psicológico, é dever do psicólogo realizar ao menos uma
entrevista devolutiva à pessoa, grupo, instituição atendida ou responsáveis legais.
Na impossibilidade desta se realizar, o psicólogo deve explicitar suas razões.
Nos demais documentos produzidos com base nesta resolução, é recomendado ao psicólogo,
sempre que solicitado, realizar a entrevista devolutiva.

CONCLUSÃO

Como vimos, quando falamos de avaliação psicológica no contexto da psicologia clínica,


estamos falando de psicodiagnóstico. Aprendemos que a origem do psicodiagnóstico está na
nossa tradição psicométrica, e que também sofreu influência da Psiquiatria e sua classificação
nosológica – Kraepelin – e da Psicanálise, com a Interpretação dos Sonhos, de Freud, além de
Jung, Rorschach e Murray que vieram multiplicar as técnicas projetivas.
Definimos Psicodiagnóstico como um processo científico, limitado no tempo, que utiliza
técnicas e testes psicológicos a nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de
pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos ou para classificar o caso e prever
seu curso possível, comunicando os resultados.

Apresentamos os objetivos do processo que vai desde uma classificação simples a um


processo completo com classificação nosológica, prognóstico e encaminhamento. Além disso,
pontuamos os seus passos: iniciamos com a formulação das perguntas básicas ou hipóteses,
propondo um contrato de trabalho; estabelecemos um plano de avaliação, montando a bateria de
testes; em seguida passamos para administração de testes e técnicas; completamos com o
levantamento, análise, interpretação e integração dos dados; concluímos com o diagnóstico (CID
– 10) e o prognóstico e finalizamos com a comunicação dos resultados e a elaboração do laudo.
Para que tudo isso ocorra, vimos a importância do enquadre e da postura ética do profissional de
psicologia. Nesse ponto indicamos como leitura complementar: Dalgalarrondo, P. Psicopatologia
e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
Em seguida trabalhamos o conceito de entrevista como a espinha dorsal do processo de
psicodiagnóstico e entendemos que esta deve ser semi-estruturada para atingir os objetivos do
processo, ou seja, especifica as áreas que devem ser exploradas, mas não estrutura as perguntas,

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ESTUDO DIRIGIDO PSI CURSO PREPARATÓRIO

nem a sequência das mesmas. A capacitação do entrevistador é fundamental, não só como


referencial teórico da entrevista, mas também como bom condutor da mesma, com mais liberdade,
sem perder os objetivos do processo. Indicamos aqui o livro do Bleger, J. Temas de Psicologia -
Entrevista e Grupos. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

No módulo seguinte definimos os grupos dos testes objetivos, mais estruturados, com
respostas certas e erradas e dos testes projetivos, ambíguos, não estruturados e baseados na
hipótese de que toda produção do sujeito expressa seu mundo interno, com suas ansiedades e
defesas. (Leitura complementar sugerida: Ocampo, M. L. S., Arzeno, M.E.G. e colaboradores - O
Processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas, 10.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009).

Exemplificamos com os testes objetivos: AC e Raven (recomendamos aqui a leitura dos


respectivos Manuais), com os testes projetivos de personalidade: HTP, Palográfico, Rorschach e,
ainda, os Inventários de Personalidade: IFPII e Quati. Vimos, ainda, o Bender, que tanto se
enquadra como um teste gráfico motor objetivo, como um teste projetivo de personalidade.
Lembramos da importância de consultar o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI
– Link: www.pol.org.br/satepsi) antes de montar a bateria de testes e fornecemos bases para a
montagem da mesma.

Finalizamos nosso curso com a orientação do nosso aluno/psicólogo na confecção de


documentos decorrentes das avaliações psicológicas. Chamamos a atenção para a Revogação da
Resolução 07/2003 e utilizamos como referencial a nova Resolução 06/2019 sobre documentos
psicológicos. Esclarecemos que somente Atestado e Laudo Psicológico são documentos
decorrentes da Avaliação Psicológica. Definimos seus usos e apresentamos o Laudo como o
documento conclusivo do Psicodiagnóstico, sendo composto por seis itens: identificação;
descrição da demanda; procedimento (recursos e instrumentos técnicos utilizados); análise
(descrição dos dados colhidos); conclusão (resultado do processo, seguido de indicação do local,
data de emissão, assinatura do psicólogo e o seu número de inscrição no CRP) e referências, que
são obrigatórias. Link sugerido: www.crprj.org.br/legislacao/documentos-produzidos-pelo-
psi.html.

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ESTUDO DIRIGIDO PSI CURSO PREPARATÓRIO

Bibliografia

- Arzeno, M.E.G. Psicodiagnóstico Clínico: Novas Contribuições. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995.

- Cunha, J.A. Psicodiagnóstico-R. Porto Alegre: Artes Médicas,1993.

- Cunha, J.A. Psicodiagnóstico-V. 5ª ediçãoPorto Alegre: Artmed, 2003.

- Ocampo, M. L. S. Arzeno, M.E.G. e colaboradores - O Processo psicodiagnóstico e as técnicas


projetivas, 10.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

- Resoluções CFP: N.º 007/2003 e Nº 002/2003

QUESTÕES:

Questão 1:

Você é um profissional de Psicodiagnóstico e lhe é solicitado uma avaliação de QI (Quoeficiente


de Inteligência). Qual seu procedimento?

A) Aplica um teste de inteligência


B) Faz uma entrevista e aplica um teste
C) Administra todo o processo, destacando o QI
D) Aplica um teste de inteligência e um teste de personalidade

Questão 2:

Qual a relação entre a importância de se estabelecer um contrato de trabalho nas primeiras


entrevistas e a eficácia do processo de Psicodiagnóstico?

A) Deixar claro que o processo tem que ir até o fim.


B) Estabelecer um bom rapport e diminuir a ansiedade do cliente
C) Garantir a presença do cliente e os honorários do psicólogo
D) Deixar claro as “regras do jogo” e responsabilizar o cliente pelo sucesso do processo

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Questão 3:

Tendo em vista nosso foco, que é o processo de Psicodiagnóstico, como você definiria as
entrevistas em termos de objetivos e estruturação?

A) Diagnóstica e semi-dirigida
B) De encaminhamento e semi-dirigida
C) De pesquisa e dirigida
D) Diagnóstica e dirigida

Questão 4:
Ao montar uma bateria de testes para um Psicodiagnóstico, a consulta ao SATEPSI é uma
escolha do psicólogo?
A) Sim, já que o psicólogo tem autonomia na escolha dos testes
B) Não, é obrigatória, pois o psicólogo só poderá utilizar os testes aprovados pelo CFP
C) Não, é uma escolha do profissional que solicitou o psicodiagnóstico
D) Sim, uma vez em dia com o CRP pode utilizar qualquer testagem em sua clínica

Questão 5:

Perante a exposição de todos esses testes apresentados, qual bateria abaixo estaria mais
completa:

A) AC; Raven; Bender e Rorschach


B) HTP; Palográfico; Quati e Rorschach
C) AC; Raven e Bender
D) Raven; Rorschach; Palográfico e Quati

Questão 6:

O que distingue um Laudo de um Parecer Psicológico?

A) Ambos são resultantes do psicodiagnóstico, mas o primeiro é mais detalhado


B) Laudo é resultado de psicodiagnóstico e parecer resultado de entrevista
C) Nada, pois são sinônimos
D) Laudo é resultado de psicodiagnóstico e parecer esclarecimento de uma questão focal

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QUESTÕES DE CONCURSOS

1. (FGV- FIOCRUZ - 2010) Uma família levou uma criança para piscodiagnóstico numa
clínica de atendimento psicológico. Durante a triagem, foi informado que a irmã dessa
criança seria portadora de retardo, sendo sugerido que também fosse trazida para
avaliação. Durante a anamnese de desenvolvimento dessa segunda criança, a mãe da
criança explicou que ela tivera meningite logo após o nascimento, sendo internada
durante meses. Ao ter alta, o médico informara que a criança teria um retardo de
desenvolvimento. A avaliação da criança não indicou nenhum problema de retardo, ainda
que aspectos como a auto-estima da criança estivessem bastante comprometidos. Na
devolução dos dados, a mãe mostrou resistência em aceitar a informação e levou a criança
a outra clínica, buscando um diagnóstico de retardo. Na ausência desse diagnóstico, a
mãe voltou à primeira clínica, sendo combinado que a criança seria atendida em terapia.
Para uma melhor compreensão das dificuldades da mãe em aceitar o diagnóstico, avalie
as afirmativas a seguir:

I. valeria a pena explorar a possibilidade da criança ocupar o lugar de bode expiatório na


constituição familiar.
II. valeria a pena explorar a necessidade de infantilizar a criança, que atenderia a processos
complexos na dinâmica familiar;
III. valeria a pena explorar o diagnóstico realizado na instituição original;
IV. valeria a pena explorar a dificuldade da mãe reavaliar a informação recebida na primeira
instituição.
Assinale:
(A) se apenas a afirmativa I estiver correta.
(B) se apenas a afirmativa II estiver correta.
(C) se apenas a afirmativa III estiver correta.
(D) se apenas a afirmativa IV estiver correta.
(E) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.

2. (FGV-TJ-AM-2013) Um psicólogo fez o planejamento de um estudo de campo para


iniciar um trabalho com adolescentes, sendo determinada uma mostra de 15 adolescentes
do sexo feminino e 15 adolescentes do sexo masculino. Nesse estudo, foram planejadas
entrevistas iniciais, em que se pedia aos adolescentes que falassem livremente sobre sua
experiência com os familiares, escola, amigos, sexualidade, uso de drogas, trabalho,
perspectivas futuras e outros temas que julgassem importantes.

A esse respeito, assinale a afirmativa correta.

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(A) O estudo realizado baseou‐se em entrevistas livres.


(B) O estudo realizado baseou‐se em entrevistas semi‐estruturadas.
(C) O estudo realizado baseou‐se em entrevistas estruturadas.
(D) O estudo seguiu um design experimental.
(E) O estudo não focou

3. NCE- Psicólogo da Corregedoria Geral de Justiça/RJ 2004) Os testes psicológicos


são instrumentos de avaliação ou mensuração de características psicológicas,
constituindo-se um método ou uma técnica de uso privativo do psicólogo. Com relação
ao uso de testes na avaliação do paciente com diagnóstico psiquiátrico, pode-se afirmar
que:

(A) o uso desses instrumentos de avaliação fica prejudicado pelo estreitamento de consciência
típico dos transtornos psicopatológicos;
(B) não é recomendada a aplicação de testes projetivos de personalidade por ocasião da remissão
dos sintomas produtivos, pelo risco de recidiva do quadro;
(C) distúrbios orgânicos cerebrais não são detectáveis com o uso do instrumental psicológico,
dependendo seu diagnóstico de exames médicos complementares;
(D) o uso de testes psicológicos não dispensa a análise dos condicionantes pessoais, familiares e
sociais do quadro psicopatológico;
(E) a realização da anamnese médica prévia à administração dos testes psicológicos introduz
variáveis que podem comprometer a isenção dos seus resultados.

4. (FGV – PREFEITURA DE RECIFE 2014) A Resolução CFP 002/2003


regulamenta os procedimentos para a avaliação dos testes psicológicos com o objetivo
de melhorar a qualidade da avaliação psicológica. De acordo com essa Resolução,
será considerada falta ética:

(A) A realização de pesquisas com o emprego de testes psicológicos não aprovados pelo CFP;

(B) A utilização de testes psicológicos em avaliações psicodiagnósticas sem prévia


autorização do CFP;

(C) a utilização de testes psicológicos que não constam na relação de testes aprovados pelo
CFP;

(D) A comercialização ou disponibilização de testes psicológicos;

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(E) A utilização de testes psicológicos para descrever ou mensurar processos psicológicos na


área da personalidade.

GABARITO COMENTADO

Questão 1: C – O psicodiagnóstico implica um processo de avaliação clínica que deve


abranger a dinâmica da personalidade como um todo; além disso nenhuma testagem deve ser
aplicada sem um bom rapport, ou seja, sem o estabelecimento de um vínculo terapêutico
positivo.
Questão 2: B – O contrato de trabalho visa deixar claro para o cliente o que é o processo de
psicodiagnóstico, como irá se desenvolver e o papel de cada um. Isso facilita o vínculo de
confiança e implica o cliente no processo, diminuindo sua ansiedade ao garantir a devolução
dos resultados e o tornando colaborativo na realização dos testes.
Questão 3: A – A entrevista em psicodiagnóstico visa colher dados para se chegar a uma
hipótese diagnóstica, ou seja, uma classificação psicopatológica do caso. Para isso ela é
sempre semi-dirigida: especifica as áreas que devem ser exploradas, mas não estrutura as
perguntas, nem a sequência das mesmas.
Questão 4: B – A escolha dos testes que irão compor o psicodiagnóstico cabe ao psicólogo
que realizará o processo, desde que esta escolha esteja de acordo com o Sistema de
Classificação de Testes Psicológicos, ou seja, só podemos utilizar os testes aprovados pelo
CFP para uso clínico.
Questão 5: A – Uma bateria bem estruturada deve incluir, pelo menos, um teste de atenção,
um teste de inteligência, um teste para avaliação motora e dois testes de personalidade com
estímulos diferenciados. Com isso, consegue-se alcançar a dinâmica global da personalidade.
Questão 6: D - Laudo e Parecer Psicológico são documentos psicológicos distintos: laudo é
decorrente da Avaliação Psicológica e implica uma apresentação descritiva acerca de
situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e
culturais, pesquisadas no processo; enquanto parecer visa responder a uma questão específica
que não implica em psicodiagnóstico.

QUESTÕES DE CONCURSO

Questão1: E – Essa questão deixa claro a importância da organização familiar em relação a uma
possível patologia infantil. Um psicodiagnóstico bem realizado possibilita a segurança na
devolução dos resultados e na indicação terapêutica.

Questão 2: B – Falar livremente sobre questões específicas: a própria definição de entrevista semi-
estruturada.

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ESTUDO DIRIGIDO PSI CURSO PREPARATÓRIO

Questão 3: D – O psicodiagnóstico sempre inclui testagem e informações sobre a vida pessoal,


familiar, social e da doença colhidas nas entrevistas. Além disso, não existe nenhuma restrição de
aplicação de testes e patologias psiquiátricas; inclusive existindo testes específicos para detectar
patologias orgânicas e psiquiátricas.

Questão 4: C – Os testes psicológicos são comercializados para uso em pesquisas e avaliações


clínicas, sendo que, para essa última, devem estar aprovados para uso pelo CFP. O não respeito a
essa norma técnica é considerado falta ética do psicólogo.

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