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SÍNTESE DO FILME: GATTACA - A EXPERIÊNCIA GENÉTICA

O filme GATTACA retrata um futuro não tão distante, que envolve


ciência e o preconceito social com base na genética. Levantando a seguinte
questão: A capacidade inata e/ou adquirida pode interferir em nossa
identidade? O debate sobre interferência do que é inato e adquirido em nossas
vidas, é clássico desde o surgimento da psicologia. Ele discute a que grau uma
característica comportamental é inata ou adquirida através da interação com o
ambiente físico e sociocultural.

No filme é possível perceber a clara divisão social estabelecida através


do DNA (ácido desoxirribonucleico), cuja combinação é única para cada ser
celular. Na trama, dentro dessa sociedade imaginária as pessoas já nascem
com seu destino predeterminado, a partir de uma amostra de sangue colhida
no nascimento que diz se esta criança será “válida ou inválida”, o exame
mostra a probabilidade que terá de contrair doenças crônicas, características
físicas, aptidões, além de prever a expectativa de vida – quanto tempo irá viver.

Neste caso há dois tipos de humanos: aqueles que nascem de


reprodução natural, e por isso estão sujeitos a doenças e limitações, exercendo
assim, dentro dessa sociedade, um papel de menos poder, são os
desfavorecidos socialmente, estes são denominados “inválidos”. E há aqueles,
que nascem através da ciência, por reprodução artificial, onde seu material
genético é selecionado in vitro, estes são denominados “válidos”, isso
possibilita o acesso ás melhores posições em empregos e trabalhos de
qualidade, são bem vistos socialmente.

O filme retrata sobre essa determinação inatista, concebendo seres


perfeitos biologicamente determinados, por meio da ciência. O que impossibilita
a mobilidade social, gerando conflitos e ampla competitividade entre os
denominados “válidos” – como, por exemplo, o personagem Jerome que fica
paraplégico ao tentar suicídio. Fruto de reprodução artificial, um “filho da
ciência”, e atleta, não aceita sua segunda posição em consecutivas
competições, o que o deixa bastante frustrado. Entende-se então que o
determinismo social pode fazer o ser mais perfeito geneticamente ser um
inválido.
Os autores Viana e Carneiro (2019) afirmam que, a determinação
inatista supõe a existência de alguma força interior inata, o que potencializa a
capacidade de promover por si mesmo, seu desenvolvimento, cabendo à
sociedade apenas estimular as potencialidades do individuo, para assim aflorar
em toda a sua plenitude. Partindo desse ponto, todo ser humano nasce com
suas potencialidades inatas, com aptidões que serão desenvolvidas de acordo
com o seu desenvolvimento genético, o que não cabe a um exame determinar
doenças ou limitações que este individuo irá desenvolver ao longo de sua vida,
devido a tamanha complexidade que é o ser humano e o mundo que este se
insere.

Ao nascer, o ser humano traz em sua herança genética,


hereditariamente, as qualidades e capacidades básicas, que serão
aprimoradas de acordo com seu desenvolvimento. Fontana e Cruz (1997)
determinam que os fatores inatos sejam mais poderosos na determinação das
aptidões individuais e do grau em que estas podem se desenvolver, do que a
experiência, o meio social e a educação. O papel do meio social, de acordo
com a perspectiva inatista, restringe-se a impedir ou a permitir que estas
aptidões se manifestem. Ou seja, todo individuo já nasce com suas
potencialidades e de acordo a sociedade que este é inserido, elas se afloram
ou não.
A busca pela perfeição esta bem presente nos dias atuais, o filme trata
esse ponto e nos permite a reflexão: até onde somos capazes de ir, em busca
de um padrão socialmente aceito? É claro a determinação do personagem
Vicent em busca do seu sonho (ser astronauta) – que devido a sua
incapacidade genética, era algo impossível de ser realizado, e viu a
possibilidade de realizar seu sonho, ao se passar por outra pessoa.

O filme é bastante instigante ao tocar num ponto presente


na sociedade atual: a busca pela perfeição do corpo, além de trazer
uma discussão em torno do válido e do inválido. Desse modo,
Gattaca expõe as relações e posições sociais, bem como a
segregação da sociedade entre àqueles considerados indesejáveis e
os que se distanciam desse perfil. Para além da designação do válido
e do inválido, o filme expõe a busca dos considerados inválidos para
se aproximar do modelo ideal desejável, não apenas em função da
vontade individual, mas para tornar-se desejável socialmente.
(CARNEIRO; VIANA, 2019).

A força de vontade (interpretada por Vincent) seria o “motor” para se


vencer socialmente, mesmo que suas condições hereditárias mostrem o
contrario. O filme deixa isso bem claro em uma cena onde um pianista que tem
polidactilia (presença de dedos adicionais nas mãos) como o único ser que
pode tocar uma peça musical, por isso, os seis dedos o fazem executar com
tanta perfeição a arte.

A partir do que foi exposto, conclui-se então que somos sujeitos ativos
e, portanto possuímos a capacidade de construir nossas características de
acordo com a relação que estabelecemos com o meio físico, social e cultural.
Sendo assim, o comportamento humano é determinado por meio das relações
funcionais organismo-ambiente, todo comportamento humano resulta de uma
construção e quanto maior a complexidade do genoma, mais numerosos e
diversificados são os efeitos do meio.
REFERÊNCIAS

JORGE, Maria Manuel. Inato versus Adquirido/Natura versus Cultura. Homem:


origem e evolução, 2015.
VIANA, Ezequiel Francisco Carvalho; CARNEIRO, Sâmia Lima. Análise do
filme GATACCA à luz da análise do comportamento. uni7, [s. l.], 2019.
Disponível em: https://periodicos.uni7.edu.br/index.php/iniciacao
cientifica/article/view/793/613. Acesso em: 4 abr. 2022.
Fontana, Roseli Aparecida Cação, and Maria Nazaré da Cruz. "Psicologia e
trabalho pedagógico." Atual, 1997.
SÍNTESE DO FILME:
GATTACA - A EXPERIÊNCIA GENÉTICA

Psicologia, 1º período, Manhã


Disciplina: Teoria e sistemas
Professor: Pedro Wilson
Aluna: Gleice Kelly pereira da Silva, 20011065

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