Você está na página 1de 11

RESUMO DE PROCESSOS GRUPAIS – NP1

1. Fundamentos históricos e epistemológicos das teorias sobre grupos


Existe uma visão de homem e mundo. Histórico: falar de grupo é falar de homem moderno.
Psicologia social com Psicologia organizacional, os grupos se encontram. O homem moderno é
social (valoriza a convivência social, processos de socialização e identidade) e reflexivo (olha
para si mesmo). Quando olha para si mesmo, passa pelo outro, que é o espelho de quem somos.
Demanda psicossocial: está dentro do capitalismo industrial, focado na produtividade / tudo
relacionado ao contexto.
2. Avaliação dos fenômenos da interação humana
Interação humana: vínculo (P. Riviere), existência, papeis à cada um fala de uma maneira.
Promoção de saúde através do trabalho em grupo. Hoje a ideia de grupo é muito mais vivencial,
existencial.
3. Técnicas em abordagem vivencial
-Período entre guerras, pós-guerra (2ª Guerra Mundial), houve um período de intensa mobilização
existencial (estancar m pensamento reflexivo sobre o que é o homem). Resguarda questão
ontológica (o que é o Ser?) e como lidar com o outro (algo estranho). A partir disso se constrói
uma cultura de direitos humanos.
-É no grupo que também nos estranhamos (somos semelhantes e, ao mesmo tempo, diferentes).
-Psicologia social responde a mobilização existencial através dos grupos (através dos pequenos
grupos).
-Estados Unidos: modelo de produção capitalista industrial, discurso político ideológico da
democracia. Divergência de ideias quando o capitalismo propõe produção em massa para
consumo em massa (visando lucro/crescimento de estudos sobre massa), com a mais valia
(riqueza no bolso de poucos), promovendo desigualdade econômica e social. Ao mesmo tempo, o
discurso ideológico democrático propõe direitos, equidade, liberdade.
-A ideia que sustenta o capitalismo é a ideologia neoliberal: ideia de que o indivíduo é
responsável pelo seu sucesso, gerando culpabilização e naturalizando este processo (discurso de
que a mudança é utópica).
-A Psicologia social começa a fazer uma leitura da Psicologia como um todo e sabe que tem uma
relação intrínseca com os fenômenos sócio-históricos.
-Psicologia social psicológica: leitura cognitiva para o social, com foco no indivíduo, imaginando
que o grupo é um grande indivíduo (psicologização do grupo). Entendia como o indivíduo era
afetado pelo grupo (ainda visão psicologizante). Não tem grande capacidade crítica do sistema,
não o combate e nem as suas contradições.
-Na Europa, a Psicologia social sociológica era mantida pelo marxismo dialético, fenomenologia e
existencialismo. Não acata o sistema, questiona e diz que a divisão “indivíduo e grupo” não
existe, pois somos seres sociais e psicológicos juntos, o tempo todo (dialético). É uma dinâmica
nova que surge. Dependendo das forças que se instalam no grupo, o indivíduo pode ser
completamente diferente em um, do que em outro. Passa-se a pensar o homem de outra forma,
sem a ideia de uma personalidade/subjetividade pronta (eixo fechado), mas sim com forças que
contribuem para que ele se comporte de determinada maneira. Não somos nada, mudamos
constantemente. O método é dialético (Eu e Social, ao invés de Eu ou Social).
-Auguste Comte (pai do positivismo e da Psicologia social) afirmava que as ciências
necessitavam ter um objeto positivo e que a Psicologia jamais seria ciência. Quis fazer uma
sociologia científica. Psicologia se pergunta se o indivíduo existe no social, é preciso pensar o
vínculo (interação social).
-Na Europa, os ancestrais da Psicologia social: Wundt (Psicologia experimental, 1879, 1º
laboratório de Psicologia) constrói a Psicologia cultural, onde afirma que existem fenômenos
coletivos muito complexos para irem ao laboratório.
-Émile Durkheim: fenômenos sempre são explicados por fenômenos coletivos (exemplo: suicídio).
-Grupo: ferramenta importante para psicólogos americanos (principalmente) para controle.
-A maneira mais usual é entender como um conjunto de técnicas, mas não é apenas isso.
-Dinâmica de grupo permite que a gente crie (mediante a demanda com a qual estamos
trabalhando).
-Dinâmica de grupo como 3 grandes dimensões:
1-    Ideologia política (liderança democrática)
-Psicólogo chamado para solução de problemas práticos. A que ou quem servimos? Equipe,
produtividade, diretor?
-Envolvimento com capitalismo, produtividade.
-Liderança democrática: saúde no grupo (coparticipação).
2-    Conjunto de técnicas
-----
3-    Campo de pesquisas
-Indivíduo-grupo-social: grupo como mediação entre o psi e o social (para alguns autores, são
processos quase dialéticos, ocorrem juntos, não dá para separar).
-Quando o grupo consegue que os papeis transitem, é sinal de saúde.
-Como foi estruturado.
-Forma de organização, desempenho etc.
-Principais teorias: teoria de campo, sociométrica, psicanalítica, interação.
-Psicogrupo (existe em função da afetividade de seus membros, ex: família) e sociogrupo (existe
para uma função/tarefa específica).
-Forças psicológicas no campo:
a) coesão: força de união.
b) coerção: força de pressão.
c) pressão social: questão social que afeta o indivíduo.
d) atração ou repulsão.
e) resistência a mudança: sinalizador de saúde no grupo (para P. Riviere, se o grupo é muito
resistente, é doente).
f) Interdependência.
g) equilíbrio.
-Grupo como ferramenta interdisciplinar (antropologia, ciências políticas, pedagogia, esporte,
Psicologia etc)
-Definição tradicional – 4 características:
1) foco em pesquisa empírica: passa pela teoria e pela prática.
2) interesse pelos fenômenos psicossociais: interdependência; além da história dos integrantes e
da sociedade.
3) aplicabilidade potencial para aprimorar o trabalho.
4) relação com ciências sociais.
-História da Psicologia de grupos:
-1960: centro de Psicologia aplicada no Rio de Janeiro (psicodrama, entre outras técnicas).
-1962: Psicologia reconhecida como ciência.
-Obras de sensibilidade social.
-Extensão para a prática psicológica.
-Grupo? Cada teoria define de acordo com suas bases epistêmicas, mas de modo geral é um
conjunto de pessoas:
a) interdependentes e realização de objetivos.
b) relação interpessoal autêntica.
c) criação de vínculos e interação.
d) forças recíprocas.
-Processos de grupo – capitalismo e democracia.
-Co-participação, meio de governo (controle?), depósito de confiança, buscar consenso,
incremento de produtividade.
Kurt Lewin
-Kurt Lewin considerado precursor de dinâmicas de grupos.
-Utiliza Gestalt para explicar grupos.
-Abalo da Gestalt com a segunda guerra mundial (a maioria dos teóricos eram judeus e muitos
foram para os Estados Unidos).
-Trabalha com microgrupos.
-O eletromagnetismo (causa e efeito, movimento de corpos) traz a ideia de campo de forças
(atração e repulsão).
-Kurt Lewin está na Gestalt e também na Psicologia Social.
-Pesquisa-ação: tem por premissa criticar a pesquisa de gabinete, pois a situação artificial do
laboratório não permite que as forças se exponham de maneira espontânea. Precisa ser em
campo.
-Trabalha com o coletivo.
-Saindo do funcionalismo, em direção a Fenomenologia. Sujeito em paradigma de transição. Isso
está na Gestalt e é trazido por Kurt Lewin.
-Crítica a psicologia social, principalmente a psicológica, por desvitalizar o fenômeno do vivido
(valorização do que se vive na relação).
-É impossível falar sobre experimentação neutra.
-O acontecimento é algo que se faz e supera a expectativa individual colocada naquilo. O grupo é
um acontecimento.
-Herda da Gestalt a concepção de forças de campo e a ideia relativista (não é a somatória de
perspectivas individuais, a ideia de relativismo é que vamos agir de acordo com as forças
estabelecidas no grupo, não é uma subjetividade fechada, estruturada, imutável).
-Herda da Psicologia cognitiva a ideia de ser humano como ser perceptivo e com estrutura de
aprendizagem.
-O grupo não é uma somatória de psicologias individualizadas, mas um conjunto de relações em
constante movimento. Vários sujeitos que experimentam as mesmas emoções e constroem uma
coesão que permitam-lhe adotar o mesmo comportamento. A força de coesão precisa ser maior.
-Forças de coesão: valência positiva.
-Forças de dispersão: valência negativa.
-O grupo está sempre em espaço de vida vivida. Em todo momento se interrelacionando. O grupo
é um espaço de vida. Não são líderes, pertencem a linhas de força de outros grupos. Maiorias só
existem com minorias e vice-versa.
-Minoria psicológica: sujeitos que se encontram alheios a seus direitos. Estuda a minoria dos
judeus (história de vida dele).
-Coesão é um processo dinâmico.
Sociodrama e psicodrama
-Moreno morou em Viena, quando cursou medicina de 1909 a 1917. Se tornou adepto ao teatro
do improviso.
-Moreno - o teatro da espontaneidade.
-Criador do psicodrama.
-Universidade de Viena.
-Movimento do teatro do improviso - passou por essas experiências de vivenciar papéis.
-Dois pilares do psicodrama: espontaneidade e criatividade. Como o grupo pode promover a
criatividade e espontaneidade. Tem influência do existencialismo. Espontaneidade e criatividade
como forças vitais, saúde é dar vazão a elas, no grupo consegue fazer essa vazão, as duas
aparecem.
-Crítica à indústria e modernidade que criam bloqueios para a espontaneidade e criatividade.
-Aprendemos esses itens quando crianças e perdemos com o tempo. A proposta é retomar isso,
por isso ele começa como observador infantil.
-Teatro de improviso: espontaneidade, sem roteiro, tem proposta, atores dramatizando temas
cotidianos, outros ficam como ego auxiliar. Dramatização em cima de uma ideia/tema: inversão
de papéis em psicologia.
-Trabalha em hospital e tenta humanizar a psiquiatria, como Pichon. Nesse universo da loucura
há vazão para a criatividade e a espontaneidade.
-Nise da Silveira: arte terapia, museu do inconsciente.
-1921: grande marco das expressões psicodramatistas.
-Alto grau de catarse nos grupos de sociodrama e psicodrama, pois os papéis inflamam.
-Sociometria: ciência que embasa o sociodrama e o psicodrama.
-Teoria dos papéis sociais: em sociedade executamos máscaras sociais, normativo (segue
padrão esperado) e roupagem individualizada (“persona” - máscaras para os gregos servia para
se fazerem ouvir), papel social também tem que ser fazer ouvir, tem expectativa social de como a
pessoa deve se portar.
-“No princípio, era o grupo. No fim, era o indivíduo”. Essa frase de Moreno enaltece o espaço
grupal e individual. Objetivo de conviver em grupo era o desafio do milênio, lidar com diferenças.
-Passar da era da individualidade para a grupalidade.
-Comunidade (década de 60): comunismo; valor da comunidade, grupo; estudo de grupos
(terreno para falar de grupos pós Segunda Guerra Mundial, declaração dos direitos humanos).

Técnicas que são utilizadas no psicodrama mas que podem ser utilizadas em outras
abordagens:

1. ROLE PLAYING (troca de papéis) - Modalidade de teatro espontâneo

Exemplo:
Tive uma briga com minha mãe

O paciente explicará para o terapeuta a situação e o terapeuta irá sugerir realizar uma
imaginação, onde o terapeuta incorpora aquela outra pessoa e vivencia a situação e o contexto
novamente.

Ao reproduzir, o paciente irá entender como ele agiu e acontecerá um insight, onde você faz o
paciente entender seus comportamentos e começam a transformar seus comportamentos.

Onde o terapeuta inicia novamente a encenação e começa a treinar os papéis…

2. Treinamento de papéis

Início do treino para modelar um comportamento e uma atitude positiva. 


3. Reprodução de cenas vividas ou imaginadas
4. Superação de dificuldades existentes

Pilares do psicodrama - 

SOCIONOMIA

Estudo das leis do desenvolvimento social e das relações públicas 


Tem o objetivo de entender e compreender como as pessoas se relacionam, as pessoas exercem
vários papéis em nossa história e nos comportamos de maneiras diferentes em cada grupos
sociais, cada pessoa se comporta de formas únicas em cada grupo que estiver inserido, de forma
que ele vai se transformando, adaptando e modificando seus comportamentos para se adaptar ao
ambiente. A socionomia  tenta explicar como as pessoas se relacionam.

A socionomia pensa que o homem é totalmente relacional e as interrelações entre as pessoas é o


pilar central da teoria

SOCIODINÂMICA

Estuda a estrutura e o funcionamento dos grupos sociais, dos grupos isolados e das associações
de grupo e Role Playing é um dos métodos mais usados e é também chamado de jogo de papéis.
SOCIOMETRIA - Grupos

Ciência da medida do relacionamento humano, ela mede as dinâmicas dos grupos, as relações
sociais, a dinâmica inter e intragrupal, tendo como método o teste sociométrico, onde avalia as
relações dessas pessoas como elas se relacionam em outros grupos e a forma como elas
impactam os outros grupos e aí teremos um gráfico representando como funciona o grupo.
Esse é o líder, essas pessoas respondem melhor a uma liderança democrática, autocrática, laisse
faire. 
Estuda a dinâmica de um grupo com outros grupos.

SOCIATRIA - Pode ser utilizado em todas as vertentes sociais

Estuda o tratamento dos sistemas sociais, trata as relações e os vínculos utilizando o psicodrama
e o sujeito e todos os seus papeis quando o foco é o sujeito, usa o sociodrama quando o foco é o
grupo e os papeis institucionais e a psicoterapia de grupo quando existe uma alternância de foco.

Na prática psicodramática temos 3 momentos na terapia:

1. Aquecimento (específico e inespecífico)


Dinâmica quebra gelo: preparar a pessoa/grupo para a atividade que será proposta para
ela.
O grupo se mobiliza para a ação e consequentemente o protagonista aparecerá para o
grupo, dele irá emergir uma necessidade, dele irá emergir uma discussão.
a. Parte 1: Aquecimento inespecífico - pode ser verbal (falar coisas que surgem) ou corporal
b. Parte 2: Aquecimento específico - aquecimento do protagonista
Solta um tema > aparece um protagonista que quer falar sobre a realidade dele > assim
inicia o aquecimento do protagonista

O aquecimento nos faz levar para as nossas questões.

2. Dramatização

Tem o papel do diretor, que tem a habilidade para trabalhar no grupo.


O protagonista irá representar no contexto dramático - figuras do seu mundo interno. A ideia é
buscar uma resolução dramático do que está sendo exposto. O protagonista vai precisar que o
grupo o auxilie na resolução dramática.
 
3. Compartilhamento
Participação terapeutica do grupo, dizendo como se sentiram, como lidaram com cada situação,
onde sentimentos são expostos em relação aquilo que é dramatizado. Momento de contar como
foi a experiência e os sentimentos.

O grupo (existencialismo)
-“Quando escolho, escolho também pelo outro” – Sartre.
-Referência do outro; coexistencial; existimos a partir do outro.
-Dinâmica de grupo baseada na relação de troca e reciprocidade, dialética (é igual porque é
humana e é diferente porque tem desejos, rostos diferentes). Só é na relação com outro:
interdependência.
-Visão de homem: “a pedra é, o homem existe”. A pedra não muda a essência, o homem constrói
a partir das relações, atualiza sua essência existindo, vivenciando. Essência configurada pela
existência.
Dois sentidos: Congruência e incongruência
-(Congruência) Valor ético pensa de uma forma, mas o comportamento, expressa de outra forma
(incongruência).
-(Incongruência) Não está conseguindo vazar a expressão de acordo com (congruência).
-O jogo de impermanência deve ser olhado, assim como se só ocorre incongruência, pois é um
problema.
Visão de homem espontâneo
-Força vital.
-Nasce conosco, inato.
-Espontaneidade, criatividade e sensibilidade.
-Força de ação no mundo que te faz criar algo novo. Autenticidade, fazer algo novo, não seguir a
manada. Adequação social por meio da congruência dos papéis sociais.
Papéis sociais
-A vida social reforça ou não a espontaneidade?
-Significado teatral das máscaras, representa atitude pressuposta, mas ao mesmo tempo tem que
aprender lidar com um estranho em si mesmo.
Saúde no grupo
-Assumir papel sem se mascarar, sinal de abertura para espontaneidade.
-Personalidade: reunião dos papéis que representamos, é dinâmica, não é acabada.
-Existe a possibilidade de algo novo acontecer, apesar de fazer todo dia a mesma coisa.
-No grupo experiencia, usa teatro para isso. Tem momentos de aquecimento, execução e ego
auxiliar.
-Saúde coexistencial.
Três formas de trabalho de Moreno:
-Tratamento terapêutico, trabalho protagonismo, não ser vítima.
1. Psicodrama
2. Sociodrama
3. Psicodrama – terapia
Grupo psicodramático
-Catarse.
-Conserva a cultura, quebrar papéis socialmente estipulados.
-Metodologia de intervenção e investigação.
Técnicas sociometricas:
1.    Técnica do duplo
2.    Técnica do espelho
3.    Técnica da inversão de papéis
Piaget
-Piaget construiu epistemologia genética, desenvolvimento do ciclo vital. Tem obras que
trabalham a formação da moral, que passa de encontro com o outro. Não trabalhou diretamente
com os grupos, mas sua teoria auxiliou nesse estudo.
-Com o grupo (instauração de princípios morais e éticos), desenvolve-se a inteligência e a
consciência.
-Do pensamento egocêntrico, passa a vivência com grupo e pensamento sociocêntrico.
Bales
-Se especializou em interação interpessoal em grupo.
-Enfocou uma análise conceitual da interação (define o grupo como interação social) e a partir
dela, deve-se observar 4 etapas: controle experimental (designação de tarefas, tomada de
decisão pelo grupo e desempenho de atividades), administração de sentimentos (como se
expressam de satisfação ou insatisfação, se aliviam as tensões), desenvolvimento de integração
e adaptação (se os elementos procuram se adaptar aos fatores externos que influenciam o
grupo).
Festinger
-Contribui com a teoria das atitudes (mudança de atitude, preconceito).
-Viés da Psicologia social psicologizante.
-O grupo leva as pessoas a assumirem posturas e convicções.
-Dissonância (atitude que difere do grupo) ou consonância cognitiva (atitude que o grupo aceita, a
tendência é manter)
-Visão adaptativa.
-Teoria da comparação social e facilitação social (Psicologia Social EUA).
-Atitude: comportamento que mantém uma consonância e dura um tempo, que envolve crença,
emoção e comportamento.
Bion
-Teoria da emocionalidade.
-4 emoções básicas experimentadas no grupo: combatividade, fuga, parceria e dependência
RESUMO DA INTERNET
Implica uma rede de relações que pode caracterizar-se por relações equilibradas de poder entre
os participantes ou pela presença de um líder ou subgrupo que detém o poder e determina as
obrigações e normas que regulam a vida grupal. As relações de poder no grupo determinam ou
influenciam o grau de participação dos integrantes no processo de comunicação interno; no
sistema de normas, nas suas aplicações, punições e decisões.
Todo grupo tem uma história e, através dela, podemos verificar as mudanças. As normas podem
alterar-se no sentido de criação de novas ou revisão das antigas. O sistema de punição aos
infratores pode tornar-se mais ou menos rígido, dependendo do grau de controle que o grupo
quer manter sobre o comportamento de seus membros. O sentimento de solidariedade pode
estabelecer-se como um importante fator de manutenção do grupo, e podem surgir conflitos com
relação a valores (cumprir ou não a tarefa), a normas (quem não cumpre uma tarefa deve ser
puni- do) e a outros aspectos da vida grupal. Esses conflitos originam-se do confronto
permanente entre a diversidade de ponto de vista presentes no grupo. O conflito não leva,
necessariamente, à dissolução do grupo e pode caracterizar-se como um estágio de seu
crescimento.
O processo de desenvolvimento do grupo proporciona a seus integrantes condição de evolução e
crescimento pessoal. Participar de um grupo significa partilhar representações, crenças,
informações, pontos de vista, emoções, aprender a desempenhar papéis de filho, estudante,
profissional...
Alguns processos grupais
1. Coesão
Pode ser definida como a quantidade de pressão exercida sobre os integrantes de um grupo a fim
de que continuem nele. É a resultante das forças que agem sobre um membro para que ele
permaneça no grupo...Inúmeras são as razões que podem levar uma pessoa a fazer parte de um
grupo. Uma delas pode ser a atração pelo grupo ou por seus integrantes. Outra seria a forma de
obter algum interesse através da filiação ao grupo. Para o professor Aroldo Rodrigues, quando
maior a coesão do grupo:
a) maior a satisfação experimentada por seus membros;
b) maior a quantidade de influência exercida pelo grupo em seus membros;
c) maior a quantidade de comunicação entre os membros;
d) maior a produtividade do grupo.
A coesão grupal não gera apenas vantagens, pois os grupos altamente coesos estão sujeitos ao
pensamento grupal, o que pode fazer com que o grupo tome decisões desastradas. A união entre
os participantes é tamanha que eles se tornam pouco críticos, podendo apresentar distorções da
realidade social.
2. Cooperação
Associação de pessoas trabalhando juntas em prol de um ou mais objetivos. É a ação conjunta
de dois ou mais indivíduos a fim de in- fluir nos resultados de uma ou mais pessoas. Membros de
um grupo formam coalizões quando isto lhes parece oportuno, quando os resulta- dos podem ser
mais compensadores. Esta estratégia permite que diferenças iniciais de poder entre os membros
de um grupo venham a ser anuladas. A cooperação da Rússia com o Iraque faz frente ao poderio
dos EUA, potência mundial que é hostil ao governo de Saddam Hussein. A cooperação entre
Rússia e Iraque resulta em um maior poder conjunto e, consequentemente, numa maior
capacidade do pequeno país oferecer resistência aos EUA, que individualmente é mais poderoso
que os outros integrantes da coalizão.
3. Formação de normas
De um modo geral podemos conceituar normas sociais como sendo padrões ou expectativas de
comportamento partilhados pelos integrantes de um grupo, que utilizam estes padrões para julgar
a propriedade ou adequação de suas análises, sentimentos e comportamentos. Todo grupo, não
importa o tamanho, necessita estabelecer normas para poder funcionar adequadamente. Por
exemplo, um casal estabelece normas a serem cumpridas por ambos, no propósito de evitar
atritos e gerar uma convivência mais harmoniosa.
Em grupos de pouca coesão pode haver dificuldade no estabeleci- mento de normas, devido à
multiplicidade de interesses. As normas grupais são um excelente substituto para o uso do poder
que, quase sempre, provoca tensão nos integrantes do grupo. Em vez de o líder estar constante-
mente utilizando sua capacidade de influenciar seus liderados, a existência de normas facilita seu
trabalho e dispensa o constante exercício e demonstração de poder.
As normas sociais facilitam a vida dos membros de um grupo. Elas não são necessariamente
explícitas, mas partilhadas, conhecidas e segui- das pelos integrantes do grupo. Geralmente,
quem não aceita as normas é isolado pelos demais participantes do grupo. O convívio em
sociedade necessita da existência de normas sociais.
4. Liderança
Durante décadas acreditou-se na figura do líder nato, que apresentava as seguintes
características: inteligência, criatividade, persistência, autoconfiança e sociabilidade. É certo que
muitas destas características ajudam o indivíduo a desenvolver o potencial de liderança, mas não
se pode afirmar que um indivíduo será líder por apresentar estas credenciais. É fundamental que
estes e outros aspectos sejam harmonizados com os objetivos perseguidos pelo grupo. Os ídolos
de ontem não despertam mais o mesmo interesse nas novas gerações, como faziam com o
público nas décadas passadas, pois os padrões de beleza e comporta- mento já não são os
mesmos.
Atualmente verificamos uma forte inclinação em não aceitar as teorias baseadas nas
características de liderança enumeradas acima. Hoje em dia é mais aceita a posição da liderança
como fenômeno decorrente da interação entre os participantes, com acentuada dependência dos
objetivos e clima do grupo.
Kurt Lewin identificou três tipos de liderança:
a) autocrítica - onde ocorre a total centralização do poder, exercido através da coerção;
b) democrática - as decisões são tomadas por maioria, o líder é apenas um representante da
vontade de seus liderados;
c) permissiva - onde é permitido a cada integrante do grupo agir como deseja, não há
efetivamente uma ação de liderança.
Estudos realizados por diversos psicólogos, levando em conta estes três tipos de classificação,
demonstraram que a liderança democrática torna os integrantes do grupo menos dependentes do
líder. Já a classificação autocrítica gera maior produtividade, elevando o grau de dependência dos
integrantes do grupo em relação ao líder, chegando ao ponto de não saberem produzir sem a sua
presença. A liderança permissiva (laissez-faire) gerou os piores resultados.
Hoje sabemos que a liderança é um processo interacional, com características próprias, sendo
impossível estabelecer, a princípio, com certeza, qual a pessoa mais preparada para comandar
determinado grupo. O líder deverá surgir durante o processo de interação dos participantes.
5. Status
É o prestígio desfrutado por um membro do grupo. Pode ser como o indivíduo o percebe, status
subjetivo; ou pode ser o resultado do consenso do grupo sobre este indivíduo, o chamado status
social. O primeiro pode ou não corresponder ao segundo. Caso, em comparação aos resultados
obtidos pelos demais participantes do grupo, um dos membros se considera recebedor de
resultados mais gratificantes, isto produzirá nele a sensação de status subjetivo elevado􏰔IR, pois
se destaca dos demais no que diz respeito às gratificações recebidas em seu grupo. Se os
demais participantes consideram essa pessoa como necessária ao grupo, capaz de gerar
benefícios que agradem a maioria, ela terá status social elevado neste grupo.
Determinados atributos pessoais, dependendo da natureza do grupo, poderão ser ou não
significativos para o bom desempenho do status social. Vejamos: se num grupo de jornalistas
econômicos um deles joga basquete muito bem, tal qualidade terá pouca importância para a sua
performance de status social no grupo. Mas, se ele possui uma coluna em um jornal diário de
grande circulação, diversas obras sobre economia publicadas, títulos acadêmicos, isto
certamente irá conferir muitos status subjetivo e social junto aos leitores do veículo e do público
em geral.
A falta de equilíbrio entre os status pode causar problemas de adaptação do indivíduo no grupo.
Se ele possui status subjetivo elevado e baixo status social, deverá sentir-se desconfortável no
grupo, sendo provável ocorrer um desliga- mento. Se o caso for ao contrário, status subjetivo
baixo e alto status social, ele poderá permanecer no grupo, devido ao tratamento amistoso por
parte dos integrantes, mas isto poderá causar dificuldades de funcionamento no grupo. O status
subjetivo faz com que a pessoa espere receber do grupo determinadas recompensas. Quando
não há harmonia entre as expectativas e a realidade, surgem os problemas de adaptação do
indivíduo ao grupo. É o caso das mulheres executivas que ganham mais do que seus maridos.
Elas passaram a esperar, devido ao aumento do status subjetivo, outras recompensas do grupo
familiar. Sendo uma situação nova, esta incongruência entre status subjetivo e status social da
mulher no grupo familiar tem suscitado conflitos e problemas que, não raro, terminam com a
dissolução do vínculo matrimonial.
6. Papel social
Em quase todos os grupos sociais é possível se estabelecer o status de cada integrante bem
como o papel que lhe cabe desempenhar. Papel seria a totalidade de modos de conduta que um
indivíduo aguarda numa determinada posição no interior de um grupo. O papel social é um
modelo de comportamento definido pelo grupo. Nenhum grupo social pode ter bom
funcionamento sem estabelecer papéis para seus integrantes. É certo que a diversidade de
papéis a serem desempenhados pelos participantes de um grupo frequentemente causam tensão
e conflitos entre seus membros. Tal situação pode ocasionar o abandono ou a expulsão do
integrante do grupo. As normas sociais, assim como o status subjetivo e social, influenciam no
papel a ser desempenhado pelos integrantes de um grupo. Os indivíduos desempenham o
mesmo papel quando um mesmo conjunto de normas dirigem o seu comportamento. Para o
funcionamento harmonioso do grupo é necessário que o papel subjetivo do indivíduo (atribuído
pelo próprio) seja coerente com o que dele esperam os demais participantes.
Vários são os aspectos que influenciam no estabelecimento de papéis, entre eles: normas
culturais, idade, sexo, status, nível educacional... As expectativas dos papéis a serem
desenvolvidos pelos membros de um grupo variam à medida que o grupo se desenvolve. Os
papéis são desempenhados pelos integrantes de acordo com as peculiaridades do grupo a que
pertencem.

Você também pode gostar