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EDUCAÇÃO

NUTRICIONAL

Fernanda
Rockett
Rafaela da
Silveira Corrêa
R682e Rockett, Fernanda.
Educação nutricional / Fernanda Rockett, Rafaela
da Silveira Corrêa. – Porto Alegre : SAGAH, 2017.
242 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-016-0

1. Nutrição. 2. Educação nutricional. I. Corrêa,


Rafaela da Silveira. II. Título.

CDU 613.2

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Dinâmica de grupo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Definir o conceito de dinâmicas de grupo.


„„ Reconhecer a importância desta ferramenta.
„„ Aplicar dinâmicas de grupo na EAN.

Introdução
As metodologias de ensino utilizadas em aula estão cada vez mais inova-
doras. Alguns professores utilizam ferramentas alternativas para melhor
aproveitar o conteúdo, como as dinâmicas de grupo.
Neste texto, você vai estudar as técnicas de ensino grupal, seus con-
ceitos e aplicações, além de ter uma noção sobre a sua importância na
Educação Alimentar e Nutricional.

Dinâmica de grupo

Técnicas em grupo
A técnica de ensino grupal enfatiza as possibilidades que o indivíduo tem
para interagir com o outro e aumenta a chance de oferecer a cada pessoa
uma oportunidade ótima de receber estímulo e entusiasmo, exercitando a
interdisciplinaridade quando possível. É importante salientar que algumas
técnicas individualizadas podem ser adaptadas para grupos e que, para o
processamento das atividades, quatro etapas são fundamentais: planejamento,
motivação/sensibilização, ação e avaliação.
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O que é um grupo?
Um grupo é um conjunto de pessoas que possuem:

„„ um vínculo definível (sigla, título ou qualificação);


„„ consciência em grupo (pessoas percebem o grupo como uma unidade
e buscam identificação);
„„ propósitos comuns e se engajam para realizá-los;
„„ dependência mútua na satisfação de necessidades (auxiliam-se entre si);
„„ interação (membros influenciam e reagem de forma recíproca);
„„ habilidade para agir de maneira unificadora.

Em uma situação de ensino e aprendizagem, o grupo é um conjunto de


alunos que interagem em função de objetivos cooperativamente aceitos, cuja
participação individual se traduz no pensar e ouvir o outro, aceitar a possibi-
lidade e reconhecer suas limitações e as do outro, respeitar e ser respeitado,
no agir e no crescer com o outro.

Formação, estrutura do grupo e papéis


desempenhados
No ensino em grupo, um conjunto de pessoas, geralmente com necessidades
semelhantes, se reúne em torno de uma tarefa ou meta específica. Cada par-
ticipante assume um papel no grupo, exercita sua fala ou silêncio, sua opinião
e defende seus pontos de vista.
A formação do grupo pode ser de forma espontânea (quando alunos se
reúnem livremente – por aproximação física, afinidades ou preferências) –
geralmente mais produtiva – ou dirigida (quando é determinada pelo professor
– pela tarefa a ser cumprida, pelas deficiências sanadas, pela acomodação de
excluídos, por interesses por determinado tipo de trabalho a ser realizado).
Os componentes de um grupo assumem papéis diferentes: o líder da mu-
dança, o líder da resistência, o bode expiatório, o representante do silêncio e
o porta-voz. Para que haja organização e produtividade, é muito importante
que cada elemento saiba com clareza o que se espera dele. Por isso, as funções
de cada um devem ser definidas.
Além disso, é importante salientar que os grupos lidam com questões
complicadas e desafiadoras: sentimentos, sabores, ansiedade, frustração,
medo, desânimo, trabalho e prazer.
Dinâmica de grupo 89

Os membros de um grupo são bem integrados quando:

„„ se expressam livremente;
„„ respeitam pontos de vista diferentes;
„„ sabem ouvir;
„„ refletem e tomam decisões;
„„ aceitam e fazem críticas construtivas;
„„ cumprem tarefas;
„„ se esforçam pelo sucesso do grupo;
„„ colocam os interesses do grupo acima dos seus.

Alguns papéis podem ser desempenhados pelos seus membros, como de


observador, avaliador, diplomata e outros descritos a seguir:

„„ Coordenador: orienta e controla as ações do grupo em relação aos


objetivos planejados. Torna dinâmica a atividade, integra conclusões,
representa os membros do grupo e integra no processo de avaliação.
„„ Secretário: registra o plano de trabalho a ser desenvolvido, as ideias e
as conclusões.
„„ Relator: lê e apresenta as conclusões do grupo ao professor e aos demais
colegas. Pode ser desempenhado pela mesma pessoa que atua como
secretária.

Os papéis desenvolvidos no grupo propiciarão a atualização das diferenças


individuais, e não receitas de condutas normativas, o desenvolvimento de
conceitos como frutos da interação, a aprendizagem de novas maneiras de
interagir, desenvolvendo as habilidades e os talentos. Sanções, persuasão e
manipulação cedem lugar a uma relação de integração, permitindo encontrar
soluções por meio das quais as partes obtêm seus objetivos sem que nenhuma
seja obrigada a sacrificar sua essência.

Conceito, importância e aplicações


“Dinâmica” é uma palavra grega que significa “ação”, e um “grupo” pode
ser definido como duas ou mais pessoas com interação e interdependentes,
que têm capacidade de agir de maneira conjunta. Dessa forma, a expressão
“dinâmica de grupo” pode ser entendida como uma ação grupal destinada
a um propósito em que todos os envolvidos participam.
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Veja alguns exemplos de aplicações das dinâmicas, retiradas do site: ULYSSEA, A. Dinâmicas
de grupo. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br/artigos-rh/dinmicas-de-grupo>.

No âmbito da educação, da formação e do trabalho com equipes, existem


numerosas técnicas conhecidas como “dinâmicas de grupo”, as quais têm
como objetivo principal facilitar e promover componentes-chave nos planos:
grupal, intergrupal, interpessoal e individual.
O trabalho é realizado por meio da cooperação, das necessidades e dos
interesses comuns, com interação, em que há trocas de ideias e sugestões, com
o objetivo de alcançar um objetivo comum, concreto e claro, pois é ele que
guiará o aplicador à busca por estratégias de ação e orientará os participantes.
Entre diversos conceitos, podemos dizer que a dinâmica de grupo é uma
ciência que tem como objetivo o estudo da natureza e o funcionamento dos
grupos, pois o grupo não se restringe apenas à soma dos indivíduos, mas à
análise do funcionamento a partir da amplitude do entendimento dos indiví-
duos, uma vez que o crescimento do ser humano se dá por meio das relações
interpessoais, da interação dos grupos de trabalho, equipes, lideranças e
convivência com as organizações.
As dinâmicas podem ser um recurso bastante útil para todos os partici-
pantes, desde os planejadores e aplicadores até os praticantes, pois são fortes
propiciadores de socialização e de saúde mental. No contexto da educação, essa
técnica tem se mostrado um recurso muito útil, na medida em que promove o
aprendizado pela experiência do próprio sujeito ou do grupo. Além disso, ao
possibilitar aos integrantes de um grupo a vivência de conflitos, resistências e
motivações presentes, a dinâmica contribui para que os indivíduos se tornem
mais preparados para compreender e atuar nas diferentes situações da vida.
Dinâmica de grupo 91

Para saber mais sobre dinâmicas de grupo, assista ao vídeo “Pedagogia em Ação -
Dinâmica de Grupo”: TV UVA – pedagogia em ação: dinâmica de grupo. Disponível
em: <https://youtu.be/8MTDsqGCiO8>.

Independentemente das suas metas específicas (animação, aprendizagem


ou formação, desenvolvimento pessoal, gestão de equipes, seleção de pessoal,
reuniões de trabalho, etc.), as dinâmicas de grupo contribuem para facilitar
e aperfeiçoar a ação dos grupos, em virtude do seu poder de ativação dos
impulsos e de motivações individuais e de estimulação das dinâmicas internas
(indivíduo - grupo) e externas (grupo - grupos), de forma a potencializar a
integração das forças existentes no grupo e melhor direcioná-las para as metas
estabelecidas.
Os jogos, as atividades e os instrumentos de dinamização de grupos deverão
ser postos em prática por profissionais com a devida competência técnica,
devendo, igualmente, serem encarados como ferramentas de utilização com-
plementar e de apoio. O sucesso e a correção da sua aplicação dependerão não
só do técnico que as implemente (como quando e em que circunstâncias), mas
também, e principalmente, do investimento e das características intrínsecas
dos participantes, bem como do clima e das dinâmicas geradas no grupo a
montante e durante a sua aplicação, associada à sua respectiva discussão e
integrações finais.

Seleção de dinâmicas
A atividade, não importa a quem se destina e com que enfoque, requer um
vasto conhecimento de técnicas de trabalho.
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Para selecionar técnicas de ensino em grupo adequadas, o professor deve


considerar o grupo a que se destinam e os fins a que visam. Assim, o educador
tem como desafio adotar as estratégias que mais se adaptem às características
do público (idade, escolaridade, homogeneidade, nível socioeconômico, par-
ticularidades culturais, etc.) ao objetivo que se procura atingir, ao contexto e
aos recursos disponíveis. Conhecer o grupo é talvez a melhor estratégia de
um educador.
Assim, cabe ao formador estudar, selecionar, organizar e propor as melho-
res ferramentas que desafiem os participantes e propiciem a aprendizagem,
possibilitando e facilitando a apropriação de conhecimentos.
Muitas vezes, um conteúdo exigirá a utilização de estratégias diferentes,
assim como uma mesma estratégia poderá ser utilizada em diferentes momen-
tos, com objetivos e conteúdos distintos. Ainda nesse sentido, as ferramentas
podem ser modificadas ou adaptadas pelo orientador conforme as necessidades
percebidas no grupo.
O profissional que assume a função de orientar uma atividade de ensino
deve ter clareza de que a finalidade de uma dinâmica é auxiliar o desenvolvi-
mento do processo de ensino e aprendizagem, promovendo a comunicação, a
participação e a tomada de decisões.
Destacam-se as seguintes dinâmicas: meditação-murmúrio, grupo de
cochicho, phillips 66, discussão, discussão circular e aula em cadeia, descritas
a seguir (Fig. 1).

Objetivo

Perfil do
Local
público-alvo

Recursos Número de
disponíveis participantes

Figura 1. Resumo dos fatores a serem considerados na seleção de uma dinâmica de grupo.
Dinâmica de grupo 93

Mas, afinal, quais os passos para selecionar uma dinâmica?

1. Inicialmente, o educador deve ter claro o objetivo que espera atingir


com aquela atividade.
2. É necessário conhecer o perfil do público-alvo e, se possível, ter ideia
do seu conhecimento prévio sobre o assunto a ser trabalhado (já o
conhecem muito/pouco ou nunca tiverem contato).
3. Além disso, é importante prever o número de participantes para a
atividade (grupos pequenos ou grupos grandes).
4. O local onde será realizada a atividade é outro ponto importante a ser
considerado (sala com cadeiras fixas, auditório, sala pequena ou grande,
disposição das classes/cadeiras etc.).
5. A partir disso, parte-se para a escolha, adaptação ou criação da melhor
estratégia.

Veja exemplos de outras dinâmicas que podem ser utilizadas em EAN, exemplificadas
no contexto da formação de manipuladores de alimentos da alimentação escolar:
BRASIL. Ministério da Saúde. Material orientativo para formação de manipuladores de
alimentos que atuam na alimentação escolar. Disponível em: <https://goo.gl/LT5C11>.
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„„ Quebra gelo: ajuda a tirar a tensão do grupo, desinibindo as pessoas para o en-
contro. Pode ser uma brincadeira em que as pessoas se movimentem e se descon-
traiam. Resgata e trabalha as experiências de criança. São recursos que quebram a
seriedade do grupo e aproximam as pessoas.
„„ Apresentação: ajuda a apresentar uns aos outros, possibilitando descobrir: quem
sou, de onde venho, o que faço, como e onde vivo, o que gosto, com o que sonho,
o que sinto e penso. Exige diálogo verdadeiro, em que partilha-se o que se pode e
quer ao novo grupo. Precisa ser desenvolvida em um clima de confiança e descon-
tração. O momento para a apresentação, motivação e integração. É aconselhável
que sejam utilizadas dinâmicas rápidas, de curta duração.
„„ Integração: permite analisar o comportamento pessoal e de grupo, a partir de
exercícios bem específicos, que possibilitam partilhar aspectos mais profundos das
relações interpessoais do grupo. Trabalhar a interação, a comunicação, encontros
e desencontros. Ajuda a sermos vistos pelos outros na interação de grupo e a ver
como nos vemos. O diálogo profundo no lugar da indiferença, discriminação,
desprezo, vividos pelos participantes em suas relações. Os exercícios interpelam
as pessoas a pensar suas atitudes e seu ser em relação.
„„ Animação e relaxamento: tem como objetivo eliminar as tensões, soltar o corpo,
voltar-se para si e dar-se conta da situação em que se encontra, focalizando can-
saço, ansiedade, fadigas, etc. Elabora-se tudo isso para um encontro mais ativo e
produtivo. Essas técnicas facilitam um encontro entre pessoas que se conhecem
pouco e quando o clima de grupo é muito frio e impessoal. Devem ser usadas
quando necessitam romper o ambiente frio e impessoal ou quando se está cansado
e necessita retomar uma atividade.
„„ Capacitação: deve ser usada para trabalhar com pessoas que já possuem alguma
prática de animação de grupo. Possibilita a revisão, a comunicação e a percepção
do que fazem os destinatários, a realidade que os rodeia. Amplia a capacidade de
escutar e observar. Facilita e clareia as atitudes dos animadores para que orientem
melhor seu trabalho com os grupos, de forma mais clara e livre.

Veja exemplos de dinâmicas no contexto da segurança alimentar e nutricional: CEARÁ.


Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social. Aprendendo e ensinando: manual de
atividades em segurança alimentar e nutricional. Disponível em: <http://www.stds.
ce.gov.br/phocadownload/segalimentar/aprendendoeensinando.pdf>.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Material orientativo para formação de manipuladores de


alimentos que atuam na alimentação escolar. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014.
Disponível em: <https://goo.gl/LT5C11>. Acesso em: 04 dez. 2016.
CEARÁ. Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social. Aprendendo e ensinando:
manual de atividades em segurança alimentar e nutricional. Fortaleza: [s.n.], 2012.
Disponível em: <http://www.stds.ce.gov.br/phocadownload/segalimentar/aprenden-
doeensinando.pdf>. Acesso em: 04 dez. 2016.
LINDEN, S. Educação nutricional: algumas ferramentas de ensino. São Paulo: Livraria
Varela, 2011.
ULYSSEA, A. Dinâmicas de grupo. 2 set. 2015. Disponível em: <http://www.rhportal.com.
br/artigos-rh/dinmicas-de-grupo/>. Acesso em: 20 dez. 2016.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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