Você está na página 1de 9

QUE HABILIDADES DESENVOLVEM OS ALUNOS

COM UM TRABALHO EM GRUPO? DIVIDE


APRENDIZADOS PARA TRABALHAR EM EQUIPE
COM INTENCIONALIDADE PEDAGÓGICA.
Depois de quase duas décadas neste novo século, trabalhar com competências e habilidades
socioemocionais ainda é um grande desafio para o educador. De acordo com o estudo realizado pelo
National Research Council, o aprendizado no século 21 está relacionado à capacidade de aplicar o
que se sabe em situações novas. Essa habilidade, seja quando exercitada em circunstâncias da vida
real ou dividindo conhecimento com outras pessoas, ajuda os estudantes a desenvolverem as
competências do novo milênio: trabalho em grupo, liderança, argumentação, capacidade de
resolver problemas, pensamento crítico, responsabilidade e iniciativa. E como podemos desenvolvê-
las em sala de aula?

Uma ótima estratégia é proporcionar aos alunos oportunidades de trabalhar em grupo. Mas, quando
se fala de trabalho em grupo, muitas dúvidas e preocupações surgem na cabeça dos professores,
não é mesmo?

Em minha trajetória como professora, pude vivenciar algumas delas e ouvir, também, as dúvidas de
meus colegas. Talvez a principal delas seja como fazer com que todos os alunos participem e não
sejam apenas coadjuvantes, podendo assim desenvolver as competências desejadas?

Muitas vezes, o trabalho fica centrado em um ou dois elementos do grupo enquanto os demais
acabam não aproveitando esse importante momento de aprendizado. O trabalho em grupo é um
conteúdo atitudinal e, como tal, precisa ser aprendido na prática, por meio da experiência do
próprio trabalho em grupo, sob a orientação do professor. Não podemos acreditar que este tipo de
conhecimento seja inerente ao ser humano. É preciso que o professor esteja aberto para desenvolver
isto nos alunos, independente de qual seja a sua disciplina; afinal, essa é uma questão transversal,
que perpassa por todas as áreas.

Pensando nisso, destacarei aqui algumas estratégias para superar esse desafio e aproveitar todo o
potencial do trabalho em grupo:

ESCOLHA UMA ATIVIDADE DESAFIADORA QUE PROPORCIONE


A REFLEXÃO E PARTICIPAÇÃO DE TODOS
Muitas vezes, organizamos os alunos em grupos, porém, a atividade a ser desenvolvida não requer
que o trabalho seja realmente feito em equipe.

O primeiro equívoco que cometemos é distribuir uma folha igual para cada aluno e pedir que
trabalhem juntos. Se queremos que eles realmente trabalhem juntos, e se eles ainda não sabem
muito bem como fazer isso, a melhor maneira é darmos uma única folha por grupo – assim, em
primeiro lugar, será necessário que eles leiam e entendam juntos para que, em seguida, possam
pensar coletivamente sobre o problema a ser resolvido, discutir, argumentar e decidir como irão
solucioná-lo e registrar os resultados.

Ao refletirem juntos, os alunos aprendem a ouvir, argumentar, defender seus pontos de vista e chegar
a um consenso sobre a solução que irão escolher.
Mas, para que isto aconteça, eles precisam de uma atividade que seja realmente desafiadora, ou
seja, que possibilite que eles possam pensar sobre o tema e, sempre que possível, que ela tenha
a possibilidade de diferentes soluções. Desse modo, os estudantes terão mais oportunidades de
criar e poderão, ao concluir, confrontar os colegas para conhecer as possibilidades de
resolução propostas pelos outros grupos.

ESTABELEÇA PAPÉIS COM FUNÇÕES DEFINIDAS PARA CADA


MEMBRO DO GRUPO
Outra questão acerca do trabalho em grupo é a dificuldade que algumas pessoas têm em colocar
suas opiniões e serem ouvidas.

De acordo com Cohen e Lotan, autores do livro Planejando o Trabalho em Grupo – Estratégias para
a Sala de Aula, os membros de um grupo possuem status que, muitas vezes, dificultam a
participação e a integração de todos. Em muitos casos, a opinião de um aluno com menor status
social acaba sendo desvalorizada por seus pares. Por outro lado, alunos com maior facilidade e
desempenho acadêmico superior em determinada disciplina tendem a ter sua opinião mais valorizada
e se tornam uma referência no grupo.

Para garantir que todos participem, você pode usar uma estratégia apresentada no livro que sugere a
definição de papéis específicos. Eles contribuem para que todos os membros do grupo possam, em
algum momento, desempenhar o função de líder no grupo e em outro, por exemplo, ser o
responsável pela organização e distribuição de materiais.

Os papéis podem ser:

 O mediador: Ele irá mediar a conversa dentro do grupo, estimular que todos
participem e que estejam compreendendo a orientação das atividades.
 O relator: Ele é responsável pelo registro e é orador da turma, quando necessário.
 O monitor de recursos: Ele irá garantir que não falte nada para que o grupo consiga
realizar sua atividade.
 O Cuco: Ele vai controlar o tempo da atividade, estipulado previamente pelo professor.
 O harmonizador: Ele deve garantir que todos estejam se sentindo confortáveis, felizes e
engajados.

Para que essa organização do trabalho em grupo funcione, dois pontos precisam ser
observados:

 Os papéis precisam circular no grupo. Não podemos correr o risco de que sempre as
mesmas pessoas sejam o monitor ou o harmonizador, por exemplo. Todos precisam
transitar pelos diferentes papéis para que possam se desenvolver e aproveitar ao
máximo o potencial da atividade.
 Os papéis não definem quem será o responsável por resolver a situação problema
proposta pela atividade. Todos devem opinar e se sentir responsáveis por solucioná-la
e finalizá-la.

.
DECIDA O TAMANHO E AS PESSOAS DO GRUPO EM FUNÇÃO DE
SEUS OBJETIVOS
Como em toda a atividade pensada para a sala de aula, o trabalho em grupo também precisa ser
planejado com base no objetivo da aula. Em primeiro lugar, o professor precisa pensar se a
estratégia de trabalho em grupo é a mais adequada para o objetivo daquele dia.

Em segundo lugar, ele deve pensar em qual o tamanho do grupo para atender este objetivo. Podemos
trabalhar em duplas em alguns momentos onde seja importante que, em pares, eles discutam
sobre um tema ou um desafio, e que troquem informações a partir de seus conhecimentos
prévios. Podemos trabalhar, também, com grupos de 4 a 5 pessoas, de modo que todos tenham
oportunidade de falar e interagir. Grupos muito grandes dificultam as trocas e a participação
de todos de maneira profunda, por isso é importante dispensar um olhar atento à organização
para que isso não aconteça.

De acordo com Masetto, autor do livro O Professor na Hora da Verdade, o ideal é que os grupos não
ultrapassem o número máximo de 5 participantes para que se mantenha a produtividade e
participação de todos.

O professor também pode definir quem serão os componentes do grupo. Em alguns momentos, eles
mesmos podem se organizar por afinidades ou interesses. Mas, em outros momentos, o professor
deve planejar também os agrupamentos, pois eles podem ajudar no direcionamento para o trabalho
em prol do objetivo. São os chamados “agrupamentos produtivos”. Algumas vezes, é importante
pensar nos saberes dos alunos para agrupá-los; pode ser por saberes próximos, pode ser por saberes
complementares – a definição dependerá, de novo, do objetivo da aula. Outro critério, também
importante, é o grau de afinidade para que haja trocas e reflexões conjuntas. Se os alunos tiverem
algum problema de relacionamento, talvez não seja esse o melhor agrupamento, pois precisarão
trabalhar essas questões em outro momento para que o trabalho em grupo flua de maneira produtiva.

AO FIM DO TRABALHO EM GRUPO, PERMITA QUE ELES


COMPARTILHEM SUAS ESTRATÉGIAS E SOLUÇÕES
Um momento bastante rico e que irá ajudar no desenvolvimento das competências de comunicação é
a socialização de suas discussões dentro do grupo.

Planeie a atividade para que, ao fim do trabalho em grupo, cada equipe tenha a oportunidade de
compartilhar com os demais: quais foram suas reflexões e descobertas, quais foram os caminhos que
escolheram para isso, como e por quê escolheram este caminho.

Esse momento é bem relevante para que os alunos possam aprender a ouvir uns aos outros,
apresentar seus argumentos, mostrar os caminhos percorridos pelo grupo e ter acesso a novas
estratégias que podem ser diferentes das que haviam pensado inicialmente.

A depender do tempo da aula, nem sempre será possível ouvir todos os grupos. Então, ao planejar a
aula, o professor já deve pensar em quanto tempo terá para ele e quantos grupos irão participar. Para
que mais grupos participem, um time pode também apresentar seus resultados e os próximos trazem
os pontos complementares ou divergentes, ou seja, não precisam repetir a mesma informação se
tiverem chegado aos mesmos resultados.
O professor também pode promover um rodízio para que, em cada aula, parte da turma compartilhe
suas descobertas dentro do tempo disponível. Para isso, ele precisa organizar um registro para saber
quem já falou para que não sejam sempre os mesmos e possa garantir oportunidade para todos.

Leia mais sobre dinâmicas inovadoras na sala de aula:

 Espaços educativos inovadores aumentam desempenho de alunos no Rio de Janeiro


 SESI Paraná inova com tecnologia e projetos interdisciplinares

CONCLUINDO…
Como destacamos no início, o trabalho em grupo favorece o desenvolvimento de algumas
competências socioemocionais, mas requer atitudes que precisam ser exercitadas na prática. Cabe ao
professor planejar esses momentos de maneira propositiva, pensando não só nos conteúdos que os
grupos irão trabalhar, mas também em como irão trabalhar, como estarão organizados e quais as
melhores atividades para isto.

Se você já desenvolve essa estratégia em suas aulas, reflita sobre os pontos indicados aqui e
identifique se ainda há pontos em que poderia melhorar! Agora, se você ainda não faz uso
sistemático do trabalho em grupo nas suas aulas, pense em como começar a inserir esses momentos
em sua prática. Você verá que, apesar de parecer complexo gerir os alunos desta maneira, você terá
ganhos importantes no médio e longo prazo, pois os alunos estarão mais autônomos e desenvolverão
competências que não são possíveis em um papel mais passivo durante a aula.

Com o trabalho em grupo, o aluno se torna ativo em seu processo de aprendizagem e aprende não
só com o professor, mas também com seus colegas, formando uma grande comunidade de
aprendizagem dentro da sua sala de aula.

Leia mais da nossa colunista Silvana Tamassia:

 5 passos para aumentar a participação dos alunos em sala de aula


 A importância do feedback na formação de professores

5 PASSOS PARA AUMENTAR A PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS


NAS AULAS

AUMENTAR A PARTICIPAÇÃO E INTERESSE DOS


ALUNOS É O SONHO DE QUALQUER PROFESSOR.
5 DICAS PARA CONQUISTAR A ATENÇÃO DOS
JOVENS EM 2017!
Estamos começando um novo ano e, com certeza, teremos muito trabalho e muitos aprendizados
pela frente! Para contribuir com a qualidade de sua prática pedagógica e trazer novas reflexões sobre
os momentos em sala de aula, vamos falar sobre alguns desafios para a gestão deste espaço, de modo
a garantir a participação de todos os alunos.
CRIE SUSPENSE
Pensando na participação ativa dos alunos nos momentos dialogados da aula, uma boa estratégia,
conhecida no livro Aula Nota 10 (Doug Lemov) como “de surpresa”, é fazer perguntas aos alunos
sobre o assunto em questão de maneira aleatória. Ou seja, você faz uma pergunta que ajude a turma a
entender melhor o conteúdo discutido, mas não diz o nome de quem irá responder, nem chama o
primeiro que levantar a mão. Em vez disso, o professor faz a pergunta e, ao final, diz o nome do
aluno que deverá respondê-la. Quais são as consequências do desmatamento das matas ciliares…
Júlia?

Ao fazer isso, o professor deixa todos os alunos na expectativa de serem chamados e impulsiona
todos a pensarem sobre a pergunta. Para maximizar essa participação por parte dos alunos, ele pode
até fazer um breve intervalo – apenas alguns segundos – entre a pergunta e o nome, para que os
alunos possam ativar seus conhecimentos sobre o assunto, preparando-se para responder. Assim,
mesmo os que não tiverem que responder em voz alta acabam por pensar na resposta,
proporcionando maior aprendizado para todos.

GARANTA QUE TODOS PARTICIPEM


Surge, então, um novo problema: e se o aluno chamado não souber responder a questão?

Então, o professor pode fazer uso de outra estratégia chamada “sem escapatória”. O nome parece um
pouco estranho, mas a ideia é mostrar aos alunos que, nesta aula, todos serão chamados a participar e
a aprender, que não há escapatória para o aprendizado!

A abordagem é simples: sempre que o professor fizer uma pergunta e o aluno não souber responder,
ele passa a outro aluno que possa ajudar respondendo à questão. Depois disso, ele volta ao aluno
inicial que não soube responder e pergunta a ele: agora você já sabe? Você pode responder, então?

Mesmo que, num primeiro momento, o aluno apenas repita o que o colega anterior falou, o professor
vai estimulando a participação e o aprendizado de todos e deixando clara a importância de estarem
atentos ao que está sendo discutido na aula. Assista a um exemplo dessa estratégia:

DÊ TEMPO PARA QUE ELES PENSEM


Outro ponto que favorece a participação dos alunos em sala de aula é dar tempo para que todos
pensem após realizar uma pergunta – estratégia que complementa a 1ª sugestão. Ou seja, em vez de
já escolher entre os que rapidamente levantam a mão, dê alguns segundos após a sua pergunta
estimulando todos alunos a pensarem na resposta.

O professor pode, inclusive, estimular os alunos com frases do tipo: Quem mais sabe a resposta?
Quero ver mais mãos levantadas… Essa ação simples pode contribuir muito com aqueles
estudantes que até querem participar, mas que não se sentem tão seguros ou são menos motivados.
Eles sabem que alguém mais rápido virá com a resposta pronta, e isso faz com que se acomodem em
sua condição, sem nem tentar ou sem sequer pensar sobre a questão levantada.

CRIE DISCUSSÕES
Em geral, os alunos participam pouco durante as aulas. Quando isso acontece, geralmente, a situação
é uma das duas: a interação direta com o professor, que vai trazendo novos conceitos e realizando
questões para estimular a participação dos alunos; ou em pequenos grupos com os colegas, durante a
realização de alguma atividade.
Entretanto, outros momentos de potencial para a participação acontecem durante a aula. Eles podem
ser utilizados de modo a levar os alunos a ouvir criticamente a opinião dos colegas e se posicionar
com relação ao que está sendo discutido. Como isso acontece?

Após o comentário ou resposta de um estudante, o professor pode chamar outro colega e


dizer: Kátia, você concorda com o Alex? Em que ponto você discorda dele? Ao elaborar argumentos
para concordar ou discordar do colega, o aluno precisa colocar em jogo os seus conhecimentos e
levantar hipóteses sobre o assunto, elaborando seu pensamento de maneira estruturada.

Desse modo, todos ficam atentos, pois podem ser chamados pelo professor para posicionar-se diante
dos demais alunos da turma – além de ser uma oportunidade para que desenvolvam o seu potencial
cognitivo.

DÊ UM GOSTINHO DO QUE VEM POR AÍ


Durante a aula, há momentos de maior e menor engajamento. Mesclar estratégias ao longo dos 50
minutos ajuda os alunos a se manterem ativos durante toda a aula. Para isso, uma boa estratégia é dar
pílulas do que está por vir, anunciar os próximos passos para deixá-los instigados ou curiosos. Daqui
a pouco, vamos colocar esses conhecimentos à prova…

Todas as sugestões indicadas acima têm como objetivo aumentar o interesse e participação dos
alunos durante a aula, potencializando sua aprendizagem. A intenção é, ao mesmo tempo, fazer com
que eles interajam durante a aula, fiquem atentos tanto aos comentários dos colegas quanto às falas
do professor, e, consequentemente, possibilitar maior desenvolvimento cognitivo de todos os alunos.

Se você já utiliza essas abordagens, torne-as ações permanentes em sua rotina pedagógica. Se ainda
não as utiliza, pense em maneiras de incluí-las como estratégias que possam qualificar a aula e
garantir a participação de todos!

A IMPORTÂNCIA DO FEEDBACK NA FORMAÇÃO


DE PROFESSORES. COMO DAR UM FEEDBACK
EFICIENTE QUE CONTRIBUA COM A PRÁTICA
PEDAGÓGICA?
A formação de professores passa pela formação inicial exigida para o exercício da função – nas
Universidades e Institutos de Ensino Superior – e, quando já estão atuando, pela formação
continuada em serviço.

Algumas pessoas apontam a formação continuada como uma forma de reparar as “deficiências” da
formação inicial. Entretanto, por melhor que tenha sido a formação inicial, os desafios que se
apresentam a cada dia no cotidiano escolar nos impõem a necessidade de estarmos sempre nos
aperfeiçoando e refletindo sobre a nossa prática, a fim de qualificar nossa ação docente.

Além disso, podemos considerar um processo anterior ao da formação inicial em nível superior: o
processo autoformativo baseado em nossas memórias. Muitos professores iniciantes resgatam, nas
memórias de seus tempos de aluno, bons exemplos de professores que procuram reproduzir em suas
atuações como docente. Essa formação de professores baseada na experiência escolar traz ainda
certa proximidade com relação ao trabalho docente, tornando-o menos impessoal e mais reflexivo,
pois permite ao professor ir se desenvolvendo e buscando outras referências que possam auxiliar
nessa jornada profissional.
Na formação de professores continuada em serviço, que tem como lócus privilegiado a própria
escola onde cada educador atua, ele pode buscar referências em colegas mais experientes, que já têm
uma trajetória na área e podem apoiar esse profissional iniciante.

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA ESCOLA


Para garantir os momentos formativos na escola, a Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008, descreve
no parágrafo quarto a seguinte orientação: Na composição da jornada de trabalho, observar-se-á o
limite máximo de dois terços da carga horária para o desempenho das atividades de interação com
os educandos.

Com isso, os professores das redes públicas passaram a ter em sua carga horária um terço da jornada
para estudo e planejamento. Já nas redes particulares, há uma grande diversidade de modelos, alguns
com encontros mensais e outros com “janelas” durante as aulas dos especialistas, entre outros.

Embora muitas escolas e redes de ensino ainda estejam se adaptando para garantir estes momentos
de estudo na jornada do professor, é preciso que a escola tenha uma equipe preparada para garantir a
qualidade dessa formação de professores.

O FEEDBACK NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES


Em geral, o coordenador pedagógico é o responsável por esta atividade, que pode propor diferentes
oportunidades de aprendizagem e reflexão da prática pedagógica, como, por exemplo: nas reuniões
pedagógicas, nos conselhos de classe, durante a leitura e devolutiva dos planos de aula ou
observando as aulas e dando feedback ao professor.

O trabalho com observação e feedback é uma estratégia de formação de professores bastante


personalizada, pois permite ao coordenador pedagógico observar a ação didática de cada professor, a
dinâmica da aula, o uso de recursos pedagógicos, o engajamento dos alunos, ou outros focos de
observação que sejam eleitos na escola.

Ao observar cada aula focando nos aspectos escolhidos, o coordenador pode identificar lacunas na
formação do professor e, no momento do feedback, estabelecer um diálogo reflexivo que leve o
professor a identificá-las e a buscar novas maneiras de desenvolver sua aula, com foco na melhoria
da prática e, consequentemente, dos resultados dos alunos.

Para que esses momentos sejam aceitos e bem aproveitados, é preciso que haja um envolvimento
entre as partes e que tanto professor quanto coordenador vejam nessa atividade potencial para o seu
desenvolvimento profissional.
Ao dar um feedback ao professor sobre uma aula observada ou um planejamento
realizado, o coordenador pedagógico contribui para que ele reflita sobre sua ação e
possa incorporar novas ideias e metodologias que favoreçam a aprendizagem dos
alunos.
A avaliação ainda é um tabu em nossa cultura. Ter um feedback significa ser analisado sob outros
pontos de vista diferentes do nosso. Para receber esse feedback, é preciso estar aberto e preparado
para aproveitá-lo da melhor maneira, transformando sua prática atual numa prática ainda melhor.

No caso do professor, que muitas vezes encontra-se sozinho no seu fazer pedagógico, ter esse olhar
externo é muito importante. Para Telma Weisz (2002) “…o professor está quase sempre tão
envolvido que, às vezes, não lhe é possível enxergar o que salta aos olhos de um observador
externo”.

Ao dar um feedback ao professor sobre uma aula observada ou um planejamento realizado, o


coordenador pedagógico contribui para que ele reflita sobre sua ação e possa incorporar novas ideias
e metodologias que favoreçam a aprendizagem dos alunos.

COMO ESTRUTURAR UM FEEDBACK EFICIENTE


Para isso, o feedback precisa seguir alguns princípios que o tornem mais eficiente como ferramenta
de desenvolvimento profissional para o professor:

 Ser descritivo: ele precisa se focar nos fatos, não em inferências que possam ser feitas por
aquele que observa; é preciso olhar primeiro para a realidade, entendê-la e esclarecer o que
for necessário antes de fazer pré-julgamentos que podem dificultar a aproximação do
professor, que se sentirá “julgado” e se fechará para esta oportunidade;
 Ser específico: indicar pontos em que o professor precisa avançar, direcionando exatamente
o que poderia ser feito. Isso deve acontecer após um primeiro momento de conversa, em que
o próprio professor seja capaz de perceber suas fragilidades. Não é indicado começar a
conversa já realizando estes apontamentos, que podem parecer impositivos;
 Ser factível: o feedback deve ser real e possível de ser realizado, não algo que seja tão
distante que impeça o professor de concretizá-lo;
 Ser oportuno: o feedback deve ser realizado logo após a observação ou entrega do
planejamento, dando tempo para que o coordenador reflita e se prepare para o encontro. Ele
não deve, porém, ultrapassar uma semana.
 Ser reflexivo: o feedback deve se basear no diálogo, de modo que o coordenador conduza a
conversa por meio de perguntas reflexivas que ajudem o professor a se enxergar neste
processo;
 Ser propositivo levando o professor a mudanças: de nada adianta realizar um feedback
apenas dizendo que está tudo bem ou, ao contrário, dizendo que é preciso melhorar, se o
formador não indicar caminhos, sem trouxer sugestões, contribua para a mudança. Desse
modo, a preparação do feedback é importante para que ele seja realmente um momento
importante de reflexão e aprendizagem, provocando mudanças positivas na prática docente.

Acreditamos que, seguindo esses princípios, será possível garantir bons feedbacks na formação de
professores, reflexões que contribuam efetivamente para a qualidade e melhoria da prática
pedagógica, garantindo o desenvolvimento profissional dos educadores envolvidos neste processo.

Você também pode gostar