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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO
GRADUAÇÃO EM LETRAS

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
Docente: Raquel Cordeiro Nogueira Lima
Discente: Maria Gabrielly Jatobá de Melo

A presente produção se trata de uma resenha crítica acerca dos temas


trazidos nos seminários apresentados na disciplina Avaliação da Aprendizagem, sob
a orientação da professora Raquel Nogueira. Foram quatro apresentações tratando
dos temas Avaliação Mediadora, Avaliação por competências, Avaliação na
Educação Básica e Avaliação nas Metodologias Ativas, respectivamente.

Com a educação tradicional, aprendemos que avaliação é uma prova numa


folha A4 feita para nos resumir entre 0 e 10 pontos. Os seminários serviram para
esclarecer que isso pode ir muito além. Com todas as apresentações, nos sentimos
livres para expor experiências e ideias sobre a avaliação da aprendizagem.

A Avaliação Mediadora, tema do primeiro seminário, foi apresentada de


maneira sensível e criativa pelos componentes do grupo que fez uma boa seleção
de textos para articular com as ideias da teoria durante a exposição.

Paulo Freire, Jussara Hoffman e outros nomes de referência foram citados.

Se houve alguma dúvida sobre esse tipo de avaliação e a razão de existir e


funcionar, foi totalmente esclarecida com apresentação. Conseguimos debater de
maneira bastante contextualizada e construtiva as condutas “examinadora” e
“avaliadora”. A última, tem a ver com a ideia de se levar em consideração as
particularidades, subjetividades dos alunos. As perguntas elaboradas para os
alunos, por exemplo, não devem ser mais excludentes. Tudo deve ser pensado
considerando os variados contextos que cada estudante carrega, deve ter a intenção
de fazê-lo ativo, crítico, produtivo.
Segundo Hoffman:
“Na concepção de avaliação classificatória, a qualidade se refere a padrões
preestabelecidos, em bases comparativas: critérios de promoção (elitista,
discriminatório), gabaritos de respostas às tarefas, padrões de
comportamento ideal. Uma qualidade que se confunde com a quantidade,
pelo sistema de médias, estatísticas, índices numéricos dessa qualidade.
Contrariamente, qualidade, numa perspectiva mediadora de avaliação,
significa desenvolvimento máximo possível, um permanente “vir a ser”, sem
limites preestabelecidos, embora com objetivos claramente delineados,
desencadeadores da ação educativa. Não se trata aqui, como muitos
compreendem, de não delinearmos pontos de partida, mas, sim, de não
delimitarmos ou padronizarmos pontos de chegada.” (2009, p. 31-32).

O ponto alto da apresentação se mostrou no momento da exposição dos


vídeos para encerrar as discussões e solidificar mais as reflexões levantadas sobre
a teoria. O uso do audiovisual sempre é um bom instrumento para a sala de aula e,
para o seminário, serviu como uma forma de verificação de compreensão por parte
dos ouvintes.

Compreendemos que, afinal, nesse processo avaliativo por meio da


mediação, o aluno aprimora sua visão de mundo, seu senso crítico e criativo, além
de ser inserido e não excluído, devido a qualquer subjetividade que lhe convenha. A
necessidade de métodos assim surge - se conclui - da constante e insistente
aplicação de uma educação/avaliação bancária, tradicional e excludente nas
escolas. Falar, refletir e aplicar isso foi libertador. Não tem a ver com ter um limite, ou
com aprovar e reprovar. Tem a ver com aprender.

Conforme Freire (1986, p. 125):

O diálogo é a confirmação conjunta do professor e dos alunos no ato


comum de conhecer e reconhecer o objeto de estudo. Então, em vez de
transferir o conhecimento estatisticamente, como se fosse posse fixa do
professor, o diálogo requer uma aproximação dinâmica na direção do objeto.
As reflexões sobre formas alternativas às tradicionais de praticar a avaliação
da aprendizagem continuaram com a abordagem disciplinada do segundo grupo a
apresentar o seminário, desta vez, sobre a Avaliação por Competências.

Foi extremamente interessante compreender a Avaliação por Competências


dentro do contexto escolar, comparando, através do material trazido pelo grupo, com
a aplicação disso no âmbito empresarial. Foi importante observar esses dois
contextos, quando o tema tem a ver com a construção de planejamentos que
considerem formas de se trabalhar as várias competências que podem estar
relacionadas com as vivências educacionais e profissionais. A discussão traz à tona
a comparação entre estar para a empresa ou para o trabalho, sendo a segunda
palavra, algo mais relacionado com uma abordagem globalizada e menos individual
e individualizante que o conceito de ‘empresa’.

Com a apresentação do grupo e a leitura de textos relacionados ao tema,


foi-se fazendo sentido o conjunto de princípios que regem a teoria abordada, quando
se fala, por exemplo, das dificuldades que as pessoas enfrentam ao ingressar no
mundo profissional, da alienação que por muitas vezes sofrem ao não reconhecerem
o significado ou a função do que está sendo feito alí.

É curioso pensar em como nós acabamos movimentando o caixa, gerando


capital, pagando impostos, atuando de forma inconsciente do sentido que a nossa
função, nossas colaborações ou o objetivo da empresa têm. No fim das contas,
lembramos que nossa Educação Básica não nos prepara para a vida, ela nos
prepara para disciplinas isoladas. Mas, como diz Suzana Burnier:

“Para garantir que os conhecimentos ou conteúdos trabalhados tenham um


significado real para o aluno, um outro cuidado é necessário: lembrarmo-nos
de que os conhecimentos não existem, no mundo real, divididos em
disciplinas.”

É claro que isso traz reflexões adversas, pois há questões negativas e


positivas para funcionar assim ou não. Mas fez sentido para mim, o que foi dito
também por Burnier:
Isso impõe novos desafios ao professor: romper os limites de nossa
formação fragmentada e reconstruir as relações de nossa área específica
de conhecimento com outras áreas de saber correlatas. Mais uma vez os
educadores da formação profissional têm vantagens: no mundo do trabalho
os saberes são necessariamente integrados e a solução dos problemas está
cada vez mais evidentemente vinculada a uma visão mais global dos
processos. Por isso a exigência de os educadores da Educação Profissional
trabalharem nesse sentido.

Apesar da abordagem simples e bem tangível do grupo, a teoria se expressou


de forma mais concreta com as ideias e discussões trazidas com o momento prático
da apresentação, utilizando as competências da BNCC para que, em grupos,
pudéssemos elaborar, com criatividade e coerência, atividades que provocasse a
desenvoltura das competências escolhidas por cada grupo reunido para a realização
de tal prática.

O que mais gostei foi em tratar o conhecimento como algo que faz sentido
para o aluno. O envolvimento com projetos engajantes e criativos e o estímulo ao
trabalho coletivo é algo que realmente prepara para a vida, para as relações
interpessoais tão crescentes entre os meios sociais. Ainda que, logicamente, com
alguns questionamentos e discordâncias, tudo me fez visualizar situações que me
levaram a compreender a razão de existir uma teoria que questione uma
sistematização que desvincula as disciplinas, que não gera muita criticidade, opinião
e compreensão nos alunos sobre aquilo que eles estão fazendo ou irão fazer.

No dia 11 de outubro, presenciamos a apresentação sobre Avaliação na


Educação Especial. Logo de início, me agradou em como praticaram a parte ativa
dos ouvintes, engajando a todos com um questionamento simples e ao mesmo
tempo importante, algo como “Quem são as pessoas que precisam de educação
especial?”. Essa pergunta gerou uma discussão de introdução sobre os termos que
costumeiramente ocupamos para nos referirmos aos grupos de pessoas envolvidos
e os termos que, logo explicados pelo grupo, seriam mais adequados.
A discussão em torno dos termos “superdotados” ou “pessoa com altas
habilidades”, por exemplo, foi muito curiosa e trouxe uma informação que eu não
conhecia, me colocando a pensar sobre algo não antes pensado. Refletimos, com
isso, sobre situações onde um aluno que se destaca por alguma razão acaba sendo
uma régua para medir o conhecimento e capacidade dos demais alunos. Acabamos
conversando proficuamente sobre formas de lidar com uma situação assim, e isso
foi realmente interessante e necessário.

Conhecemos vários órgãos envolvidos com a Educação Especial, como a


AEE e, inclusive, onde os termos que estavam em discussão desde o início da
apresentação eram reproduzidos de forma inadequada, justamente entre algumas
entidades formais que se relacionam com o tema.

O grupo claramente trabalhou de maneira muito dedicada ao fazer uma


coerente e coesa articulação entre os materiais usados para a produção da
exposição. Os textos mencionados, os pontos teóricos explicados, os
questionamentos que geraram enriquecedoras discussões e demais recursos
aplicados para ajudar na compreensão junto à prática aplicada por último, fez com
que muitos dos pensamentos, provocados desde o início da disciplina, se
realizassem numa construção de sentidos muito lógica e crítica.

Ao longo de toda a abordagem dos componentes do grupo e de todos os


ouvintes presentes, foi-se percebendo um envolvimento do que havíamos visto
anteriormente com as outras apresentações sobre os conceitos da Avaliação
Mediadora e Avaliação por Competências, além das práticas de uma Metodologia
Ativa.

A conduta mediadora do professora, a valorização dos conhecimentos prévios


dos alunos e as avaliações específicas e individualizadas a fim de atender às
condições dos alunos da Educação Especial demonstram uma preocupação com o
desenvolvimento deles que fez muito sentido para todos que puderam refletir ali
criticamente sobre o tema, creio e espero eu.
Concluo esse momento com o destaque a seguir excerto do texto Educação
Inclusiva: Atendimento Educacional Especializado para a Deficiência mental:

A deficiência mental coloca em xeque a função primordial da escola comum


que é a produção do conhecimento, pois o aluno com essa deficiência tem
uma maneira própria de lidar com o saber que, invariavelmente, não
corresponde ao ideal da escola. Na verdade, não corresponder ao esperado
pode acontecer com todo e qualquer aluno, mas os alunos com deficiência
mental denunciam a impossibilidade de atingir esse ideal de forma tácita.
Eles não permitem que a escola dissimule essa verdade. As outras
deficiências não abalam tanto a escola comum, pois não tocam no cerne e
no motivo da sua urgente transformação: entender a produção do
conhecimento acadêmico como uma conquista individual. (BRASIL, 2005, p.
12).

Encerramos as exposições de seminários no dia 18 de outubro com a


Avaliação nas Metodologias Ativas que gerou, já adianto, uma aula muito interativa e
divertida. A apresentação iniciou de forma simples, com a explicação dos
componentes sobre o tema, não mais. Com a chegada do momento prático, foi,
considero, uma experiência real do que seria uma avaliação nas metodologias
ativas.

As Metodologias Ativas são as que mais me encantam. Grandes linguistas e


pensadores estão envolvidos com essa modalidade, como Piaget, John Dewey, Lev
Vygotsky e Noam Chomsky. Me encanto pelo fato de ela se envolver com tudo o que
o educando pode trazer de particularidades, de conhecimento de mundo, linguístico
e interacional. Se envolve com o que ela traz de cultura, identidade e contexto. Se
envolve com o lado mais inovador do profissional educador, o que pode sim
representar um desafio, mas com resultados brilhantes se aceito.

Como explica Chomsky:

“A faculdade da linguagem é como um “mecanismo de aquisição da


linguagem”, um componente inato à mente humana, que fornece uma língua
em particular através da interação com a experiência dada, um mecanismo
que converte a experiência num sistema de conhecimento: conhecimento de
uma ou de outra língua”.

O grupo passou pelo desafio de adaptar a sua exposição para a modalidade


remota e isso foi, no fim das contas, um puro exemplo de como aplicar essa
metodologia nos variados recursos e condições. Criatividade é a palavra do tema,
creio eu.

Com a ideia de trazer um filme popular e cheio de boas referências que


geram boas discussões sobre vários temas reais, nos engajamos sem nem
perceber. Nos envolvemos emocionalmente com o tema foco, porque nos
identificamos com a situação, com o contexto. É isso o que acontece quando se
pensa em aproximar o aluno do conteúdo, para que para ele faça sentido aquilo que
está sendo apresentado a ele. Isso também dialoga com muitos dos princípios que
orientam as outras avaliações vistas nos demais seminários.

Ademais, todas as referências, textos e pesquisas com dados apresentados


pela equipe fundamentaram muito bem a prática pedagógica em discussão. Mesmo
assim, senti falta de outras excelentes informações e pesquisas que poderiam estar
nesse compilado de materiais utilizados para a fundamentação teórica. Por último,
agrego em minha crítica, que esperava que a parte mais explicativa do assunto
também tivesse sido inserida numa prática ativa, pois era, de várias formas,
possível. Quando o grupo que falou sobre Avaliação na Educação Especial iniciou
sua apresentação entregando um papel com uma pergunta aos colegas que
estavam ali prestigiando para que respondessem o que compreendiam daquilo, foi
um momento que serviu de puro exemplo do que se pratica para engajamento numa
aula pensada com base nas Metodologias Ativas. De qualquer forma, reconheço a
dedicação, esforço e propriedade sobre o assunto por parte do grupo, que promoveu
uma experiência deliciosa para quem esteve presente.

Muitas pessoas deveriam estudar mais sobre esse assunto, é realmente


inspirador e pode gerar muitas colaborações para a literatura e para uma prática
pedagógica mais inovadora e efetiva.

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