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Think pair share (TPS)

Apresentação
Saber trabalhar em equipe é uma competência cada vez mais necessária. Infelizmente os
professores ainda não sabem mediar e criar situações que possam auxiliar no processo. A think pair
share (TPS) é um tipo de metodologia ativa que pode ser utilizada pelo professor com o objetivo de
desenvolver a colaboração e cooperação entre os alunos. Portanto, o TPS pode ser uma estratégia
válida e eficaz de se aplicar na educação, com foco nas competências de trabalho em grupo, por ter
passos definidos que permitem a construção do conhecimento individual e coletivo.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as competências em grupo e como construí-
las, além de aprofundar seus conhecimentos sobre a estratégia think pair share e sua aplicabilidade
em sala de aula. Você também vai realizar desafios que possibilitarão uma reflexão sobre as
temáticas, bem como materiais que irão enriquecer a sua atuação profissional.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a relevância, na contemporaneidade, do desenvolvimento da competência de


saber trabalhar em grupo.
• Descrever a aplicação da think pair share como importante metodologia de fomento do
trabalho em grupo no contexto das metodologias ativas.
• Identificar as características dos elementos da metodologia da think pair share, como o
envolvimento do grupo, a realização de tarefas simultâneas e a aplicação de estratégias como
mapa mental.
Desafio
A utilização da estratégia think pair share em sala de aula é desafiadora. O professor deverá
considerar muitos aspectos de contexto e perfil antes de propor essa estratégia aos alunos.

Imagine que você é professor em uma sala de aula de Ensino Fundamental na qual os alunos estão
enfrentando problemas relacionados com o bullying.

Você não sabia como tratar a temática, com receio de não saber como mediar a situação. Após
algumas leituras, conheceu a estratégia think pair share (TPS) e percebeu nela uma possibilidade de
discutir com os alunos sobre os conflitos que estavam ocorrendo.

Sendo assim, explique como formularia a pergunta geradora para iniciar as discussões. Descreva
como a técnica seria aplicada nesse contexto.
Infográfico
A think pair share (TPS) tem algumas etapas que devem ser consideradas para seu desenvolvimento.
Essas etapas permitem que a estratégia TPS seja aplicada desde a criação do problema proposto
até a formação dos grupos e a socialização com os outros alunos.
Veja o infográfico e conheça os detalhes de cada etapa para auxiliar sua aplicação em sala de aula.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Conteúdo do livro
A construção de competências para o trabalho em grupo é cada vez mais necessária na educação.
Existem muitas estratégias que podem ser utilizadas para essa finalidade. Uma estratégia
interessante é a think pair share, que permite, além de uma construção individual do conhecimento,
o desenvolvimento de competências coletivas em sala de aula.

Leia o capítulo Think pair share (TPS), da obra Metodologias para aprendizagem ativa, para saber mais
sobre o conceito e a aplicação do trabalho em grupo, além de conhecer com mais profundidade as
estratégias think pair share.

Boa leitura.
METODOLOGIAS PARA
APRENDIZAGEM ATIVA

Letícia Rocha Machado


Think pair share (TPS)
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer a relevância, na contemporaneidade, do desenvolvimento


do saber trabalhar em grupo.
„„ Descrever a aplicação da think pair share como estratégia de fomento
do trabalho em grupo no contexto das metodologias ativas.
„„ Identificar as características dos elementos da metodologia think
pair share, como o envolvimento do grupo, a realização de tarefas
simultâneas e a aplicação de estratégias como o mapa mental.

Introdução
As transformações econômicas, culturais e tecnológicas propiciam mu-
danças sociais e, por consequência, novas formas de relacionamento.
Atualmente, é cada vez mais necessária a construção de competências
coletivas para um convívio mais harmônico. Nesse contexto, muitas
inquietações surgem, principalmente sobre estratégias pedagógicas
que podem ser aplicadas em sala de aula. Dessa forma, é pertinente que
o professor aplique metodologias ativas voltadas para a construção de
competências do trabalho em grupo.
Neste capítulo será apresentada e discutida a relevância da construção
de competências do saber trabalhar em grupos em sala de aula. Para
tanto, será apresentada a estratégia pedagógica think pair share (TPS), que
proporciona subsídios teóricos e possibilidades práticas para desenvolver
a colaboração e a cooperação em sala de aula.
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Competências do trabalho em grupo


A aprendizagem, desde a antiguidade, acontece em salas de aula no modelo em
que um professor transmite seus conhecimentos e alunos, passivos, recebem
os conteúdos, sem haver, necessariamente, interação entre ambos. Esse tipo de
relação reflete em uma sala de aula desmotivada, individualista e com pouco
aprofundamento de conteúdos, principalmente os que propiciam a criticidade e
a coletividade dos alunos. No entanto, novos paradigmas surgiram e as formas
de pensar a construção do conhecimento se modificaram.
Hoje em dia, com o advento da internet, a interação social e a comunicação
ocorrem de forma rápida e em grandes proporções. A população, em geral,
está interligada em uma grande rede, o que instiga a necessidade de se discutir
e desenvolver a coletividade nas pessoas. Assim, no âmbito da educação, é
necessário o desenvolvimento de novas metodologias ativas que possibilitem
reflexões e metarreflexões para construir competências com foco no sujeito
colaborativo e cooperativo.
No entanto, observa-se cada vez mais a dificuldade dos alunos em de-
senvolver trabalhos em grupo. Isso se reflete tanto no perfil dos professores,
que ainda não sabem mediar o processo, como dos alunos em participar, se
engajar e compartilhar experiências. Assim, observa-se que o professor tem
papel fundamental nesse processo, sendo necessário que este reflita sobre
possíveis estratégias a ser adotadas para que as competências do trabalho em
grupo sejam construídas. Já para os alunos, é necessário instigar a criticidade
e o compartilhamento, no intuito de possibilitar a construção, desconstrução
e reconstrução do conhecimento coletivo.
Nesse contexto, as competências coletivas são essenciais e podem ser en-
tendidas como a capacidade de um grupo em trabalhar em prol de um objetivo
comum (RETOUR et al., 2011; MOURA; BITENCOURT, 2006). Portanto,
um exemplo de aplicação socorre por meio da construção de textos coletivos,
na qual os alunos devem se unir e escrever de forma coerente para responder
ao tema/conteúdo proposto pelo professor. Esse processo exige que os alunos
realizem interações e trocas de experiências tendo em vista um objetivo em
comum: a escrita de um texto.
A área de estudo sobre competências coletivas ainda é muito recente e,
portanto, existem poucas investigações. Sendo assim, é necessário um maior
aprofundamento sobre o tema, devido ao aumento da oferta de redes sociais
(como Facebook, Instagram, entre outras) que objetivam a aproximação das
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pessoas. Le Boterf (2003) apontou alguns saberes que poderiam ser construídos
para se chegar à coletividade, conforme ilustrado na Figura 1.

Saber
aprender
coletivamente

Saber
Competências comunicar-se
coletivas

Saber cooperar

Figura 1. Competências coletivas.


Fonte: Adaptada de LeBoterf (2003) e Nobelus/Shutterstock.com.

Já Retour et al. (2011) classificaram como competências coletivas os fatores


a seguir.

„„ Capacidade de iniciativa e proposição de projetos: ações voltadas


ao desenvolvimento de atividades.
„„ Capacidade de cooperar: se traduz a partir dos grupos organizados,
com a função de debater diferentes propostas e encontrar soluções de
ordem técnica, operacional e administrativa.
„„ Capacidade de aprender e construir: predisposição para a elaboração
e a organização de projetos.
„„ Capacidade de se comunicar: aptidão de difundir assuntos importantes.
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Dessa forma, é possível observar, em ambos os estudos, que as competências


apontadas são genéricas, mas que a definição diz respeito à importância das
interações sociais, a partir da comunicação, além da necessidade de aprender
a participar na coletividade e, portanto, saber cooperar.
O processo de cooperação é complexo, pois exige que o aluno tenha muitas
atitudes relacionadas à abertura, à flexibilidade e à autonomia frente uma
situação-problema. A cooperação pode, inclusive, ser considerada uma com-
petência, já que exige a interação entre saberes, conhecimentos, atitudes e
habilidades que, mobilizados, irão possibilitar subsídios, individuais e coletivos,
para que o aluno atinja um objetivo comum acordado no grupo.
Nesse sentido, é possível observar que dentro das competências coletivas
temos as competências de grupos, que podem ser diversificadas, mas são
mais específicas, principalmente as focadas para a educação. Assim como
nas coletivas, as pesquisas sobre competências de trabalho em grupos são
escassas. Estas estão vinculadas à necessidade de agregar valor de vários
indivíduos dentro de um grupo na construção final de uma tarefa que está
sendo criada de forma coletiva por uma turma. Ou seja, é uma competência
complexa que envolve as interações aluno-grupo, grupos-turma, professor-
-grupos, professor-alunos, como apresentado na Figura 2.

Figura 2. Relação entre alunos/grupo/turma.


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Portanto, considerando todos esses tipos de interação, é possível elencar


algumas competências específicas, necessárias para o trabalho em grupo,
como as apresentadas a seguir.

„„ Comunicação: competência específica relevante, que tem como objetivo


propiciar subsídios para que os alunos possam, por meio de diferentes
linguagens (verbal, simbólica, textual e gestual), estabelecer relações
sociais com os participantes do grupo. A comunicação pode ocorrer tanto
presencialmente quanto por ferramentas digitais, como redes sociais.
„„ Organização: esta é outra competência específica pertinente, uma vez
que em um trabalho em grupo é essencial que o aluno possa realizar
um planejamento e a organização das suas atividades individuais em
prol do coletivo, assim como o grupo deverá sistematizar os papeis de
cada integrante, estabelecendo regras e prazos, entre outros. Na orga-
nização é pertinente apontar, por exemplo, a criação de um calendário
no qual os alunos sinalizam as atividades individuais, além dos prazos
acordados para o grupo.
„„ Colaboração: essa competência específica tem o intuito de fomentar o
compartilhamento de materiais, digitais ou não, entre os participantes
de um grupo. As trocas realizadas poderão viabilizar um maior enri-
quecimento, individual e coletivo, pois poderá aumentar o vínculo entre
os participantes e a crença de pertencimento e responsabilidade com o
coletivo. Assim, o professor pode propiciar espaços virtuais nos quais
os alunos possam compartilhar materiais sobre a temática abordada.
O Google Drive é uma excelente plataforma de compartilhamento e
armazenamento de materiais.
„„ Cooperação: essa competência específica está vinculada à necessidade
dos alunos trabalharem de forma engajada, visando um objetivo em co-
mum. Portanto, é uma competência complexa que exige que cada aluno
construa conhecimentos, habilidades e, principalmente, atitudes que
viabilizam um trabalho coletivo e não fragmentado. A construção dessa
competência é demorada, pois necessita que o professor desempenhe
o papel ativo de mediação, analisando, constantemente, os conflitos
que podem surgir, a falta de motivação dos alunos, a falta de interação
social e, neste processo, aplicar estratégias pedagógicas que fomentem
a aproximação dos integrantes do grupo.
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O delineamento das competências para o trabalho em grupo pode ser am-


pliado para atender a contextos diversificados e o perfil do público envolvido.
Assim, é importante salientar que existem outras competências específicas que
devem ser consideradas e construídas, conforme aprofundado nos materiais
apresentados abaixo.

É importante ler sobre o conceito de competências na educação para um melhor


aprofundamento sobre a temática. Um livro indicado é 10 novas competências para
ensinar, de Philippe Perrenoud, publicado em e-book pela editora Artmed em 2015. O
autor apresenta e discute sobre o assunto, trazendo exemplos práticos.

Think pair share (TPS)


As inovações das tecnologias, a partir dos anos 1990, disseminaram as redes
sociais, trazendo novos desafios para a educação. Não havia, anteriormente,
a preocupação em desenvolver competências que permitissem o trabalho em
grupo, muito menos a aplicação de estratégias pedagógicas que pudessem
auxiliar no processo. No entanto, as tecnologias digitais permitiram que me-
todologias fossem aprimoradas ou criadas para atender a um novo perfil de
aluno, que é conectado e usa a mobilidade em smartphones, mas ainda de
forma egocêntrica e individualista.
As metodologias ativas propuseram um novo olhar sobre as estratégias
para trabalhar com questões impostas pelo mercado de trabalho, necessidades
de convívio em uma sociedade produtiva e com excesso de informações. As
competências de trabalho em grupo são necessárias e devem ser construídas,
mas as perguntas são muitas: Como? Quando? Quais ações podem ser ado-
tadas? Antes de responder a estas perguntas e refletir sobre as estratégias, é
importante observar que algumas diretrizes podem ser consideradas para que
o trabalho em grupo seja eficaz (Figura 3).
LaFasto e Larson (2001) apontam a existência de elementos essenciais para
a eficácia de um grupo, principalmente em um ambiente que deve propiciar
a interação entre os participantes, como uma liderança que possa mediar os
conflitos internos, bem como elencar os papéis de cada aluno no grupo e,
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principalmente, a proposta de um problema que motive os alunos a se inte-


grarem e buscarem sua resolução.

Figura 3. Parâmetros para grupos eficazes.


Fonte: Adaptada de LaFasto e Larson (2001).

Dessa forma, é possível observar a pertinência do problema proposto


pelo professor para que o grupo possa se engajar em sua possível resolução.
Para isso, existem muitas estratégias nas metodologias ativas que podem ser
adotadas como a resolução de situações-problema, a peer instruction, a
aprendizagem por projetos, a think pair share, entre outros.
Neste capítulo abordaremos a think pair share (TPS). Essa metodologia
ativa foi desenvolvida por Frank Lyman, em 1981 (REYNOLDS; SHIH, 2015)
e tem como objetivo propiciar aos alunos a construção de competências em
grupo, utilizando uma estratégia questionadora, colaborativa, cooperativa e
interativa. Na maioria das investigações que abordam o trabalho em grupo,
essa estratégia já foi empregada, sofrendo pequenas adaptações.
A think pair share pode ser direcionada a qualquer situação, área, público-
-alvo ou contexto. Na educação, pode ser aplicada desde a educação básica até
cursos técnicos, graduação, pós-graduação e educação informal. Sua amplitude
permite algumas variações em relação às ações que podem ser adotadas em sua
aplicação. No entanto, a ideia principal desta metodologia segue três passos.
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1. Think: o mediador apresenta uma situação-problema ao aluno. Em


seguida, o aluno terá tempo para refletir individualmente e buscar
possíveis soluções.
2. Pair: o mediador propõe aos alunos que se agrupem em pares. Neste
momento, o professor deverá combinar e estabelecer regras: por exemplo,
como o colega será selecionado, o tempo de discussão, quais ferramentas
serão utilizadas para compartilhar o trabalho, entre outros. O relato
de algumas experiências defende que, principalmente na educação
básica, é importante que o aluno aponte a forma mais adequada para
selecionar o colega, seja por proximidade ou interesse. Essa possibilidade
fornece mais segurança e motivação ao aluno que se sente pertencente
ao processo de ensino e aprendizagem.
3. Share: o mediador solicita que as duplas compartilhem as ideias com
a turma. Neste momento, pode-se selecionar algumas duplas ou pode
haver um debate sobre as soluções encontradas pelos colegas.

Como estratégia pedagógica, a TPS é muito enriquecedora para o processo


de construção do conhecimento, principalmente por permitir que o aluno passe
de um ator passivo para um sujeito ativo que se compromete com a coletividade
e desenvolve as competências de cooperação e colaboração.

O trabalho em grupo possui muitas dinâmicas que podem ser aplicadas em sala de
aula. O livro Planejando o trabalho em grupo: estratégias para salas de aula heterogêneas,
de Elizabeth Cohen e Rachel Lotan, publicado pelo Instituto Sidarta e pela editora Penso
em 2017, apresenta alternativas práticas para o desenvolvimento do trabalho em grupo.

Think pair share em sala de aula


A TPS em sala de aula pode se tornar uma estratégia desafiadora para os alu-
nos, visto que o foco principal é a aprendizagem ativa pelo desenvolvimento
da autonomia e da coletividade. Assim, a relação estabelecida no decorrer
da aplicação da TPS permite que os alunos construam conhecimentos que
possibilitam o desenvolvimento da resiliência, de forma crítica e analítica, para
o enfrentamento de situações-problema que podem surgir em diferentes con-
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textos. Portanto, é necessário que o professor proponha uma situação-problema


para que os alunos discutam sobre possíveis soluções. Essa situação pode ser
apresentada em forma de pergunta, pela leitura de um texto, pela visualização
de um vídeo que promova o debate ou pela análise de uma imagem.
Alguns professores já utilizaram a narrativa de um livro que os alunos
deveriam analisar e pensar como seria sua aplicação no contexto em que vivem.
Outro exemplo seria a apresentação de imagens com situações cotidianas,
que os alunos estejam habituados a enfrentar e, nesse sentido, devem buscar
soluções para os desafios apresentados.
Esse tipo de estratégia permite que o aluno verifique que muitas infor-
mações, inclusive as disponíveis na internet, são descontextualizadas e não
consideram muitas culturas.
O questionamento do aluno sobre sua realidade, seu papel na sociedade, seus
direitos e deveres promove o desenvolvimento da cidadania desde a educação
básica até a educação superior e a informal. Após a problematização, o aluno
deverá ter tempo para refletir de forma individual sobre o que foi apresentado.
Esse tempo deverá ser adequado à complexidade do problema apresentado,
variando entre alguns minutos ou até cinco a 10 segundos.
Ao término da primeira etapa, o mediador deverá propor que os alunos se
reúnam em pares definidos por eles mesmos. Muitas iniciativas de aplicação
da TPS mostram que quando os alunos decidem sobre o agrupamento, esse
se torna mais conciso e enriquecedor para o desenvolvimento da estratégia.
No decorrer das discussões em pares, o professor pode propor o uso de dife-
rentes recursos para sua realização, como cartazes, tabelas para preenchimento,
mapas mentais, criação de vídeos, criação de infográficos, editores de texto
coletivo, entre outros. Algumas dessas estratégias são mais sistematizadas,
enquanto outras são mais livres, conforme o professor achar adequado.
O uso de mapas mentais (Figura 4) é uma estratégia mais livre e desafia-
dora. Os mapas permitem que o aluno planifique suas ideias e às relacione
aos principais conceitos da problematização apresentada. Essa sistematização
possibilita que os alunos visualizem a relação dos conceitos. Apesar de o uso
de mapas poder ocorrer durante as trocas em pares, sua aplicação a partir da
socialização dos grupos para a turma também é pertinente. Essa socialização
possibilita que a turma visualize as possíveis soluções encontradas de forma
coletiva, despertando uma maior colaboração e cooperação.
Os mapas mentais podem ser desenvolvidos com recursos diversificados
como cartazes, folhas A4 ou recortes e imagens, no caso de crianças ainda em
processo de alfabetização. Também existem ferramentas digitais que podem ser
utilizadas para esta finalidade, como o MindMeister, que possui uma versão
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para computadores e smartphones/tablets. O uso de ferramentas digitais com


a TPS faz com que o aluno se motive e, assim, busque novas informações
para compartilhar com a turma, já que o processo desenvolvido é desafiador.

Figura 4. Exemplo de mapa mental (em espanhol).


Fonte: Perú (2014, p. 5).

A finalização da estratégia TPS ocorre com a socialização da situação


discutida em pares entre toda a turma. Nesse processo é interessante que o
professor proponha também o uso de recursos tecnológicos, como apresen-
tações, mapas mentais ou outros. A escolha de quais grupos irão socializar
ocorre de acordo com o perfil da turma. Para turmas maiores, o processo de
cada dupla apresentar suas soluções pode se tornar maçante, sendo a seleção
de alguns pares, por sorteio ou livre escolha, o mais adequado neste caso O
tempo destinado a esse processo não pode ser longo, já que a ideia é que os
pares possam ser trocados, a fim de buscar novas soluções.
As estratégias apresentadas anteriormente são algumas possibilidades para
o desenvolvimento da TPS, visto que existem muitas outras que podem ser
encontradas e também compartilhadas na internet.
Por fim, é pertinente salientar que esta é uma das metodologias ativas que
possibilita a construção de competências de trabalho em grupo e se mostra
primordial na sociedade atual, já que o aluno se torna ativo no processo de
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sua aprendizagem, possibilitando trocas significativas para a construção do


conhecimento de forma coletiva e individual.

No link a seguir você pode acessar o MindMeister, uma ferramenta para criar mapas
mentais.

https://qrgo.page.link/3HMQT

A aplicação da TPS pode ser variada. Um exemplo de aplicação é pelo preenchimento,


em tópicos, de alguns elementos. Os professores criam um esboço, em papel ou em
alguma ferramenta digital, no qual cada aluno deverá completar as colunas. Há três
questões neste esboço, conforme apresentado na imagem abaixo, representando as
possibilidades de aplicação da metodologia.

Think pair share

Após o preenchimento das colunas, os alunos podem socializar e entregar suas


construções individuais e coletivas para o professor.
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LaFASTO, F.; LARSON, C. When teams work best: 6,000 team members and leaders tell
what it takes to succeed. Thousand Oaks: Sage, 2001. 256 p.
LE BOTERF, G. Desenvolvendo a competência dos profissionais. 3. ed. Porto Alegre: Art-
med, 2003. 278 p.
MOURA, M. C. C.; BITENCOURT, C. C. A articulação entre estratégia e o desenvolvi-
mento de competências gerenciais. RAE Eletrônica, São Paulo, v. 5, n. 1, art. 3, jan./jul.
2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1676-
-56482006000100003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 1 jun. 2019.
PERÚ. Ministerio de Educación. Organizadores visuales digitales: módulo I: mapa mental.
Lima, 2014. 8 p. Disponível em: https://cmapspublic.ihmc.us/rid=1N8841163-11GRD37-
-4DMX/Mapa_mental.pdf. Acesso em: 1 jun. 2019.
RETOUR, D. et al. Competências coletivas: no limiar da estratégia. Porto Alegre: Book-
man, 2011. 206 p.
REYNOLDS, B.; SHIH, Y. C. Teaching Adolescents EFL by Integrating Think-Pair-Share
and Reading Strategy Instruction: A Quasi-Experimental Study. RELC Journal, Thousand
Oaks, v. 46, n. 3. p. 221–235, 2015.

Leituras recomendadas
BACICH, L.; MORAN, J. (org.) Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abor-
dagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. 260 p. (Série Desafios da Educação).
COHEN, E. G.; LOTAN, R. A. Planejando o trabalho em grupo: estratégias para salas de
aula heterogêneas. 3. ed. Porto Alegre: Penso; Cotia: Instituto Sidarta, 2017. 256 p.
PERRENOUD, P. 10 novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2015. 162 p.
Dica do professor
Para você poder refletir e aprofundar seus conhecimentos sobre competências de trabalho em
grupo é importante, inicialmente, conhecer os seus processos de formação e desenvolvimento. O
primeiro diz respeito a como será escolhida a combinação dos participantes para formar os grupos.
Já o segundo processo é de desenvolvimento, que diz respeito às interações, à realização das
atividades propostas, etc.

Assista à Dica do Professor e conheça esses dois processos.

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Exercícios

1) Think pair share é uma estratégia criada para articular diferentes conhecimentos, habilidades
e atitudes com foco na formação de grupos. Nesse sentido, é possível afirmar que, ao criar a
think pair share, o seu autor, o Dr. Frank Lyman:

A) pensou no seu uso de forma a proporcionar aos alunos a formação de grupos com apenas
dois participantes, já que possibilitará uma discussão mais rica e construtiva.

B) pensou que os grupos não deveriam se restringir a um número de participantes, já que,


quanto mais participantes, mais discussões são realizadas.

C) não sugeriu nenhum número de participantes por grupo, sendo que a liberdade de escolha é
do professor.

D) pensou no seu uso apenas em espaços empresariais, já que os grupos deveriam ser equipes
que tivessem um objetivo em comum.

E) não sugeriu uma estratégia possível de ser aplicada, mas propôs uma reflexão sobre a
temática de trabalho em grupo.

2) As competências coletivas são cada vez mais necessárias para os indivíduos conviverem na
atual sociedade. No entanto, poucas discussões existem sobre a temática na educação.
Nesse sentido, é possível afirmar que:

A) as competências coletivas têm como objetivo apenas discutir questões referentes ao trabalho
em grupo, pois elas são viáveis para esse tipo de estratégia em sala de aula.

B) as competências coletivas implicam um conjunto de competências específicas e transversais,


incluído a necessidade de interação social entre todos os atores (professor e alunos). Apesar
de serem pouco empregadas nas escolas, elas estão presentes por meio da aplicação de
estratégias pedagógicas que valorizam o trabalho coletivo e em grupo.

C) as competências coletivas têm como parâmetros questões tecnológicas, como as redes


sociais digitais, já que elas estão voltadas para o uso em sala de aula de recursos tecnológicos
como o Facebook.

D) as competências coletivas podem ser consideradas sinônimo das competências em grupo, já


que seus conhecimentos, habilidades e atitudes são os mesmos. No entanto, elas se aplicam
mais a espaços empresariais, por terem um viés de trabalho em equipe e não almejarem o
ensino e aprendizagem coletivos.

E) as competências coletivas são discutidas há muito tempo, pois estão relacionadas com os
saberes coletivos desenvolvidos na sociedade e não na escola.

3) A resiliência pode ser considerada uma importante competência a ser construída com os
alunos, principalmente em relação ao trabalho em grupo. Qual das afirmações abaixo está
correta sobre a resiliência e o trabalho em grupo?

A) No trabalho em grupo, o professor pode desenvolver estratégias que possibilitem o


desenvolvimento da resiliência com os estudantes, uma vez que a flexibilização não é
essencial no processo.

B) No trabalho em grupo, é primordial desenvolver a resiliência com os alunos, pois possibilita


que se tornem mais egocêntricos.

C) No trabalho em grupo, a resiliência não é necessária aos alunos, já que não precisam
enfrentar crises e conflitos.

D) No trabalho em grupo, a construção resiliência é essencial, já que está relacionada à


capacidade de enfrentar e superar conflitos que surgem em um relacionamento coletivo.

E) No trabalho em grupo, o professor não deve propor ações que possibilitem a construção da
resiliência, já que ela é considerada uma competência não necessária para a atuação na
coletividade.

4) Existem muitas estratégias que podem auxiliar no processo da think pair share, como é o
caso dos mapas mentais. No entanto, observa-se que os professores ainda têm concepções
erradas sobre esse tipo de estratégia e sua aplicação em sala de aula. Assinale a alternativa
correta sobre o conceito de mapa mental.

A) Para Tony Buzan (2009), um mapa mental é a forma mais simples de gerenciar o fluxo de
informações entre o cérebro e o exterior, porque é a mais eficaz e criativa para tomar notas e
planejar os pensamentos.

B) Para Tony Buzan (2009), um mapa mental é a forma mais adequada para a coletividade, pois
criam-se conteúdos apenas em pares.

C) Para Tony Buzan (2009), um mapa mental pode ser utilizado na think pair share por permitir
que a criatividade seja deixada de lado e a sistematização seja realizada.
D) Para Tony Buzan (2009), um mapa mental não deve ser utilizado com a Educação Básica
devido à sua complexidade, por necessitar do gerenciamento do fluxo de informações entre o
cérebro e o exterior dos alunos.

E) Para Tony Buzan (2009), um mapa mental pode ser utilizado como estratégia no think pair
share, mas deverá ser empregado como uma ação não planejada pelo professor.

5) Na think pair share (TPS), além das perguntas ou situações-problema, outra etapa importante
é a socialização das discussões dos pares com a turma. Assim, existem muitas estratégias
que podem ser adotadas nesse momento, mas algumas devem ser evitadas. Nesse sentido,
assinale aquela estratégia que é adequada para a socialização dos pares das reflexões
realizadas:

A) Para a socialização das reflexões realizadas nos pares, o professor pode solicitar que os alunos
escrevam em um papel suas primeiras impressões, pontos discutidos e possíveis soluções
encontradas. Após preencher esses elementos, os alunos fazem a entrega ao professor, que
finaliza a atividade.

B) Para a socialização das reflexões realizadas nos pares, o professor pode solicitar que os alunos
criem um vídeo apresentando possíveis soluções. Assim, a TPS pode se estender a mais de
uma aula, instigando os alunos a buscarem outras possibilidades de resolução fora do
ambiente escolar, possibilitando a autoria digital pelos estudantes.

C) Para a socialização das reflexões realizadas nos pares, o professor pode solicitar que os alunos
respondam a uma prova objetiva sobre questões tratadas no decorrer da aula.

D) Para a socialização das reflexões realizadas nos pares, o professor pode solicitar que os alunos
escrevam em um papel suas primeiras impressões e o entreguem ao professor.

E) Para a socialização das reflexões realizadas nos pares, o professor pode solicitar que os alunos
utilizem qualquer material, digital ou não, que acharem apropriado para apresentar aos
colegas. Após as apresentações, o professor poderá realizar uma prova objetiva com os
principais conceitos.
Na prática
Em sala de aula, muitas ações educativas são propostas para diversificar a prática pedagógica. Em
muitos casos, os professores utilizam o trabalho em grupo como estratégia para engajar os alunos
no processo de ensino-aprendizagem. No entanto, muitos professores ainda têm dificuldade de
propor o trabalho em grupo e de mediar o processo.

A educação está buscando, cada vez mais, possibilidades de acompanhar as mudanças sociais e
culturais da atualidade. É nítida a necessidade de pensar e repensar as competências para o
enfrentamento de situações-problema, principalmente para a interação na coletividade. Assim, é
pertinente refletir sobre como trabalhar com grupos.

Veja uma situação que ocorre em todas as salas de aula, com públicos distintos. Você tem o desafio
de resolver a situação proposta e refletir sobre sua própria prática.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Resiliência com crianças


A resiliência é uma área de extrema importância na atualidade, principalmente relacionada com os
aspectos sociais. Confira no link a seguir a experiência realizada em uma escola na qual se discutiu
sobre o desenvolvimento da resiliência com crianças.

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Think pair share


A aplicação da think pair share ainda é pouco divulgada no contexto brasileiro, principalmente em
publicações científicas. Confira no link abaixo uma iniciativa realizada no Ensino Fundamental.

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Dinâmicas de grupo
A realização de dinâmicas de grupo desde a formação até o desenvolvimento do trabalho em grupo
é primordial para que seja possível construir competências coletivas. Confira no link abaixo a
realização de dinâmicas de grupo no Ensino Fundamental.

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Competências na EAD
As competências já fazem parte do contexto educacional brasileiro, inclusive na Base Nacional
Comum Curricular (BNCC). Na educação a distância, muitos estudos também estão sendo
realizados sobre a temática, principalmente relacionados aos aspectos sociais e tecnológicos.
Confira no livro abaixo a apresentação de diferentes autores sobre os principais conceitos,
mapeamento e construção das competências na educação.

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