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Como as metodologias ativas favorecem o aprendizado

A proposta é que o estudante esteja no centro do processo de


aprendizagem
POR:
DéboraGarofalo
25 de Junho | 2018

O principal objetivo das metodologias ativas é incentivar os alunos a aprender de forma autônoma e
participativa, a partir de situações reais
Ilustração: Getty Images

Em nossos posts aqui em NOVA ESCOLA, já citamos muitas vezes as metodologias


ativas. Agora vamos mergulhar mais a fundo e mostrar por que elas são tão importantes
no processo de aprendizado.

O principal objetivo deste modelo de ensino é incentivar os alunos para que aprendam
de forma autônoma e participativa, a partir de problemas e situações reais. A proposta é
que o estudante esteja no centro do processo de aprendizagem, participando ativamente
e sendo responsável pela construção de conhecimento.
Para o professor José Moran, da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador de
mudanças na Educação, a tecnologia traz hoje integração de todos os espaços e tempos.
O processo de ensinar e aprender acontece numa interligação simbiótica, profunda,
constante entre o que chamamos mundo físico e mundo digital. Não são dois mundos ou
espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada – que se mescla,
hibridiza constantemente.

Metodologias Ativas

Aprendizagem baseada em problemas


A aprendizagem baseada em problemas, project based learning (PBL), tem como
propósito fazer com que os estudantes aprendam através da resolução colaborativa de
desafios. Ao explorar soluções dentro de um contexto especifico de aprendizado, que
pode utilizar a tecnologia e/ou outros recursos, essa metodologia incentiva a habilidade
de investigar, refletir e criar perante a uma situação.
O professor atua como mediador da aprendizagem, provocando e instigando o aluno a
buscar as resoluções por si só. O docente tem o papel de intermediar nos trabalhos e
projetos e oferecer retorno para a reflexão sobre os caminhos tomados para a construção
do conhecimento, estimulando a crítica e reflexão dos jovens.

Aprendizagem baseada em projetos


A aprendizagem baseada em projetos (que também é fundamentada na Aprendizagem
baseada em Problemas) exige que os alunos coloquem a mão na massa ao propor que os
alunos investiguem como chegar à resolução. Um bom exemplo disso é o movimento
maker, “faça você mesmo”, que propôs nos últimos anos o resgate da aprendizagem
mão na massa, trazendo o conceito “aprendendo a fazer”.
Roteiro para aprendizagem baseada em projetos

As metodologias ativas possuem diversas estratégias! Descobra qual tem mais a ver
com você e seus alunos.
Aprendizagem entre times
A aprendizagem entre times, team based learning (TBL), tem por finalidade a formação
de equipes dentro da turma, através do aprendizado que privilegia o fazer em
conjunto para compartilhar ideias.
O professor pode trabalhar essa aprendizagem através de um estudo de caso ou projeto,
para que os alunos resolvam os desafios de forma colaborativa. Dessa forma, eles
aprendem uns com os outros, empenhando-se para formar o pensamento crítico, que é
construído por meio de discussões e reflexões entre os grupos.

Sala de aula invertida


A sala de aula invertida, flipped classroom, pode ser considerada um apoio para
trabalhar com as metodologias ativas, que tem como objetivo substituir a maioria das
aulas expositivas por extensões da sala de aula em outros ambientes, como em casa, no
transporte.
Nesse modelo, o estudante tem acesso a conteúdo de forma antecipada, podendo ser
online para que o tempo em sala de aula seja otimizado, fazendo com que tenha um
conhecimento prévio sobre o conteúdo a ser estudado e interaja com os colegas para
realizar projetos e resolver problemas. É uma ótima maneira de fazer com que os
estudante se interesse pelas aulas e participe ativamente da construção de seu
aprendizado, ao se beneficiar com um melhor planejamento de aula e com a utilização
de recursos variados, como vídeos, imagens, e textos em diversos formatos.

Para o professor José Moran, essa mescla entre sala de aula e ambientes virtuais é
fundamental para abrir a escola ao mundo e, ao mesmo tempo, trazer o mundo para
dentro da escola.
Benefícios de trabalhar com as metodologias ativas
São muitos os benefícios ao trazer as metodologias ativas para dentro da sala de aula.
Entre os que pontuo a seguir, o principal é a transformação na forma de conceber o
aprendizado, ao proporcionar que o aluno pense de maneira diferente (já ouviu falar
em fora da caixa?) e resolver problemas conectando ideias que, em princípio, parecem
desconectadas.

É importante investir em conteúdos atrativos e interativos, sendo essencial ter esse olhar
para aprimorar os procedimentos utilizados para envolver os alunos na aprendizagem.

Para José Moran, as metodologias precisam acompanhar os objetivos pretendidos. Se


queremos que os alunos sejam proativos, precisamos adotar metodologias em que os
alunos se envolvam em atividades cada vez mais complexas, em que tenham que tomar
decisões e avaliar os resultados, com apoio de materiais relevantes. Se queremos que
sejam criativos, eles precisam experimentar inúmeras possibilidades de mostrar sua
iniciativa.
Metodologias ativas: o que são, quais as
mais famosas e como aplicar
NATÁLIA COLLOR 30 de outubro de 2019
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Foto: Pexels

Metodologia ativa é um conceito amplo, que pode englobar diferentes práticas em sala
de aula. Em comum, todas têm o objetivo de fazer do aluno o protagonista,
participando ativamente de sua jornada educativa.

A ideia é estimular uma maior responsabilidade do estudante pela construção do próprio


saber. Assim, ele se envolve no processo de aprendizado de maneira ativa, superando a
ideia de aulas expositivas e com pouca interação do processo de ensinar padrão.

O que são metodologias ativas?


Primeiramente, existem várias abordagens que podem ser trabalhadas isoladamente ou
em conjunto dentro de sala de aula. Aprendizagem baseada em problemas, em
projetos, por pares, design thinking e sala de aula invertida são apenas alguns
exemplos.

Em comum, o desafio de transformar o professor em uma espécie de companheiro da


jornada do aluno – e não uma figura isolada e superior, detentora e repassador de
conhecimento.

Seja em aulas 100% presenciais ou em modelos como o ensino a distância (EAD), as


metodologias ativas de aprendizagem refletem sobre as diferentes maneiras do processo
de aprendizagem.
A ideia é proporcionar uma imersão em experiências prévias, permitindo que cada um
reconheça as estratégias que melhor funcionam para si. A isso é dado o nome
de metacognição, ação fundamental para a educação contemporânea.

Conhecer a sua própria forma de pensar e aprender faz com que o estudante fique mais
empoderado no ambiente escolar. Desde que o professor proponha um objetivo claro,
aliado a uma proposta metodológica adequada, o discente terá condições de alcançá-
lo ao seu próprio tempo.

Em resumo, isso reforça a importância do aluno, valoriza os saberes prévios para a


construção da própria jornada educacional e identifica os recursos que melhor
funcionam para si.

Práticas ativas na EAD


Mesmo que pareçam estar em lados opostos, tanto o aprendizado presencial quanto a
EAD podem usar metodologias ativas. Inclusive, as práticas são ainda mais
importantes na experiência de educação remota, já que o modelo exige grande
autonomia e comprometimento dos alunos.

Fóruns de discussão, chats e tarefas em grupo são os métodos mais conhecidos na


EAD. Naturalmente, essas abordagens têm características colaborativas, que surgem
como solução para a distância física entre professores, alunos e colegas.

A aprendizagem é ainda mais dinâmica com as tecnologias. Foto: Pexels

Essa interação digital abre caminho para uma aprendizagem mais dinâmica. Nela, o
estudante precisa elaborar ideias e manifestar seus saberes publicamente, atuando ainda
mais como protagonista de sua aprendizagem.
A educação a distância também está ajudando a acelerar mudanças na sala de aula
tradicional. Há uma tendência já consolidada para modelos híbridos, nos quais o
estudante tem atividades a distância, com vídeos e exercícios interativos, e encontros
presenciais.

O movimento abre mais possibilidades para a figura do professor. Ele pode aproveitar
os momentos com a turma para construir atividades mais ricas e centradas na
individualidade dos alunos.

O desafio da EAD do futuro será implementar as metodologias ativas de modo


homogêneo. Para isso, o foco deverá estar menos centrado nas tecnologias e mais nas
competências e saberes de alunos e professores.

No aluno, deve-se preciso estimular a autonomia, a autodisciplina e a maturidade. Já do


professor espera-se que atue como um arquiteto cognitivo, selecionando os melhores
materiais e estratégias para cada momento da trilha de aprendizagem.

Tipos de metodologias ativas de aprendizagem para usar em sala


de aula
Em suma, modelos de educação tradicional têm no professor sua figura central. É ele
quem detém todo o conhecimento. Trata-se da chamada “educação de bancada”, em
que o docente determina sozinho o conteúdo de suas disciplinas, deixando aos
alunos apenas a tarefa de absorver passivamente as informações.

Com as evoluções social, tecnológica e pedagógica do fim do século 20, o método


tradicional ganhou novos contornos. Abriu-se espaço, então, à construção de novos
modelos, mais centrados nas experiências e saberes prévios dos estudantes. É nesse
cenário que surgem as metodologias ativas de ensino.

Confira cinco exemplos de metodologias ativas para aplicar


em sala de aula
Analise as diferentes abordagens e sinta-se à vontade para adaptá-las ao dia a dia de
seus alunos.

1. Aprendizagem baseada em projetos (ABP)


A metodologia, também chamada de project-based learning (PBL), faz com que
os alunos construam seus saberes de forma colaborativa, por meio da solução de
desafios. Assim, o estudante precisa se esforçar para criar, explorar e testar as hipóteses
a partir de sua própria vivência. Na prática, é comum o uso de recursos que vão além
do livro didático.

O educador pode incluir tecnologias como vídeos ou fóruns digitais, além de propor
atividades que envolvam elementos concretos – como cartazes e maquetes. A fim de
desenvolver nos alunos um perfil investigativo e crítico diante das situações propostas.
O ponto principal é permitir que o estudante busque o saber por si mesmo. E não
significa que o professor não deva estar presente: cabe a ele atuar como orientador de
caminhos, dando feedbacks e mostrando erros e acertos ao longo do processo.

2. Aprendizagem baseada em problemas


Enquanto a ABP exige que os alunos coloquem a mão na massa, a aprendizagem
baseada em problemas (ABP) é focada na parte teórica da resolução de casos. O
método promove a interdisciplinaridade, um dos focos centrais da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC).

Aqui se propõe a construção de conhecimento através de debates e júris, discutindo


em grupo um problema. Na prática, o aluno estuda um determinado assunto antes da
aula. Depois, traz suas dúvidas e dificuldades para o encontro com o professor e os
colegas, debatendo sobre sua interpretação.

A metodologia quebra o paradigma de aula tradicional, com disciplinas curriculares


distanciadas umas das outras. Assim, a participação de cada um se torna
essencial, incentivando o trabalho em grupo e a comunicação entre saberes de
diferentes áreas do currículo escolar.

3. Gamificação
Pode-se entender como gamificação a utilização de elementos como jogos e desafios
em situações de sala de aula. A metodologia é principalmente utilizada para gerar
maior engajamento, motivar a ação, promover a aprendizagem ou resolver problemas de
modo criativo.

Dessa forma, o professor gamifica aspectos normais de sala de aula, como aprender
sobre ligações químicas. De quebra, conquista-se um maior engajamento dos alunos.

A resolução de problemas de forma criativa é o objetivo da gamificação. Foto: Pexels


Por mais simples pareça, a gamificação é uma excelente maneira de ajudar
estudantes a perderem a resistência diante de temas complexos. Por meio de
desafios individuais ou em grupo, é possível promover um maior engajamento
em sala de aula.

Cabe ao professor desenvolver dinâmicas atrativas e inteligentes. Que


sejam capazes de gerar o aprofundamento didático – e não só um momento de
interação coletiva.

4. Sala de aula invertida


A sala de aula invertida, também chamada de flipped classroom, é uma metodologia
ativa amplamente conhecida, derivada do ensino híbrido. Seu diferencial reside no uso
da tecnologia – especialmente a internet, pois mistura a experiência digital e de sala
de aula, potencializando o aprendizado.

LOGO, A SALA DE AULA INVERTIDA FUNCIONA EM DOIS MOMENTOS:


>> Online: antecede a aula em grupo. É onde o aluno estuda sozinho, aproveitando
materiais da internet.

>> Presencial: é onde o aluno compartilha com o grupo sua compreensão do tema,
trocando saberes com o professor e os colegas.

Para que a sala de aula invertida funcione, é preciso que os alunos apoiem a proposta,
comprometendo-se com o desafio.

No novo cenário, o discente é amplamente responsável pela qualidade do ensino que irá
receber. Já do educador espera-se um bom planejamento de aula, capaz de conectar de
forma dinâmica e didática os conteúdos trazidos para a classe.

5. Aprendizagem entre pares


Conhecida também como instrução pelos colegas, a metodologia foi desenvolvida na
década de 1990 na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Com o propósito de
apoiar a aprendizagem durante aulas de Física, utilizando um aplicativo no qual os
alunos, divididos em duplas, respondiam questões.
Trabalhos em grupos e discussões ajudam na aprendizagem. Foto: Pexels

Promover o trabalho em duplas mostrou-se extremamente benéfico, tornando mais


simples a forma como os conceitos eram explicados. Além disso, contribui tanto na
formação do pensamento crítico, quanto na capacidade dos alunos de respeitarem
opiniões divergentes.

NA APRENDIZAGEM EM PARES SÃO UTILIZADOS OS


SEGUINTES BALIZADORES PARA MENSURAR A
COMPREENSÃO DA TURMA SOBRE O TEMA:
>> apresentação das questões em sala de aula pelo professor, para que os
alunos respondam em duplas;

>> possibilidade de o professor fazer esclarecimentos pontuais a partir dos


questionamentos das duplas;

>> mapeamento das respostas dos alunos à referida questão utilizando o aplicativo;

>> decisão do professor, com base no resultado, entre:

 em primeiro lugar, explicar a questão, reiniciar o processo de exposição


dialogada e apresentar uma nova questão sobre um novo tópico (se mais de 70% da
turma acertar a resposta);
 reagrupar os alunos em pequenos grupos para que tentem explicar o tema uns
aos outros (se o percentual de acertos estiver entre 30% e 70%);
 por fim, optar por explicar oralmente novamente conceito (quando menos de
30% das respostas estiverem corretas).

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