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MODULO II- SERVIÇO SOCIAL EM GRUPOS

O que podemos dizer à cerca do serviço social de grupos segundo Gisela Konopka (1963)?

Segundo esta o serviço social de grupos é “um método de trabalho social que ajuda os
indivíduos a melhorarem o seu funcionamento social através de experiências construtivas de
grupo, e a enfrentar os seus problemas pessoais, de grupo e de comunidade”.

O que é o trabalho social de grupos segundo Ander Egg (1995)?

“É uma forma de ação social realizada em situação de grupo que pode visar propósitos muito
diversos (educativos, corretivos, preventivos, de promoção, etc.) cuja finalidade é o
crescimento dos indivíduos no grupo e através do grupo e o desenvolvimento do grupo em
tarefas específicas e como meio para agir sobre âmbitos sociais mais amplos.”

O que se entende por serviço social de grupo?

O serviço social de grupo é um processo do Serviço Social que visa, por meio do grupo e das
suas atividades, ajudar o indivíduo a resolver problemas pessoais de relacionamento, de
funcionamento correto na sociedade e desenvolver a sua personalidade, a fim de se tornar um
membro útil à comunidade onde vive. (Balbina O. Vieira, 1988)

Quais os objetivos do serviço social de grupos?

 Ajudar o indivíduo a resolver problemas pessoais (necessidade de uma experiência


socializadora);
 Resolver problemas de relacionamento ou de adaptação (ensinar a viver em
sociedade, ajustá-lo às exigências da vida moderna);
 Ajudar o grupo a alcançar os seus objetivos;
 Desenvolver a sua consciência social;
 Descobrir e treinar líderes locais;
 Educar os membros do grupo para assumir as responsabilidades cívicas e sociais da
comunidade;

Exemplos de serviço social de grupos:

-Colónia de Férias;

-Centro de Educação de Adultos;

-Hospital

Desta forma o O SSG é tanto para o indivíduo como para o grupo: uma escola de democracia.

A partir da década de 70 do séc. XX, alega-se que o SSG começou a ter como propósitos:

 lazer e tempo livre;


 reabilitação, para recuperar capacidades ou orientar comportamentos;
 educativo-corretivo, para ajudar as pessoas com problemas de conduta;
 socialização, no sentido de adquirir valores e modos de ser úteis para a sociedade;
 terapêutico e educativo;
 prevenção, para antecipar problemas;
 promocional, para que as pessoas hajam em conjunto para mudar o seu meio social;
De referir, que o Serviço Social foi das primeiras profissões a perceber a importância do grupo,
com fins específicos, como forma de ajuda e de alteração de padrões comportamentais e
axiológicos.

Classificação de grupos segundo Kisnermam: ( esta classificação, englobam as características)

A- quanto à classificação:
 primários, se:
 cooperação e relações íntimas e pessoais; possibilita a
comunicação contínua;
 papéis e estatutos enquadrados numa estrutura inter
relacional;
 informais e duradouros;
 normas aprendidas, praticadas e reforçadas;
 expressivo (menos inibições, mais espontâneo);
 secundários, se:

 grupos instrumentais; relação funcional entre os membros


tendo por base um interesse específico;
 duração determinada pela duração do interesse agregador;
 baseiam-se numa maior formalidade.
B- Quanto à integração:
A- Grupo natural ou espontâneo- forma-se tendo em conta as
necessidades psicológicas, sem que ninguém o motive. Tem
forte vinculação afetiva, daí serem muito fechados. Ex.
Grupo de crianças, a turma da rua.
B- Grupo imposto- forma-se de maneira obrigatória, para um
determinado fim. É heterogéneo e a estabilidade mantém-se
por controlo normativo de uma instituição, ou um chefe,
que quase sempre é um adulto. Ex: reunião de pessoal numa
fábrica.
C- Grupo motivado- Os seus membros têm um objetivo
determinado ou sugerido, que correspondem às próprias
necessidades básicas. A motivação pode ser fechada (dentro
de uma instituição) ou aberta, quando motivados
individualmente.
C- Quanto ao grau de formalidade:
o Formais-
A- baseiam-se em regras compartilhadas, que determinam a
forma de cada membro se comportar (regulamentos;
estatutos, etc.);
B- os papéis são prescritos e pré-existentes, a individualidade
não conta;
C- massificação e pouca espontaneidade.
o Informais-
A- baseiam-se na liberdade de cada membro e permitem um
maior desenvolvimento da personalidade;
B- Respeito pela individualidade e mais espontaneidade.
D- Quanto ao nível de organização:
 Organizados
 grupos com objetivos, papéis definidos, partilha de
tarefas claras e complementares;
 baseiam-se na noção de interdependência e coesão;
 a liderança é assegurada pelo mais capacitado ou pelo
orientador;
 desorganizados
 papéis independentes uns dos outros;
 permissivo; geralmente pouco eficaz na produção de
resultados efetivos;
E- quanto ao grua de homogeneidade:
 homogéneos
o indivíduos com características e interesses semelhantes;
o a homogeneidade pode ser aparente
 Heterogéneos
o diversidade de características e de interesses;
o mais exigente para os orientadores;
F- Quanto ao nível de reconhecimento;
 Pertença:
o os membros são reconhecidos entre si (sentimento e identidade de
grupo - o “nós”);
 Referência:
o permitem a comparação com os outros, a fim de avaliar e determinar
as características dos seus atos e normas;
o a comparação permite dar forma ao seu comportamento;
o moldam atitudes e juízos de valor dos seus membros
G- Quanto ao grau de abertura:
 Aberto:
o Flexível, permite a entrada e saída facilitada dos membros e as trocas
com outros grupos;
 Fechado:
o coloca resistências à mudança;
o dificulta a entrada de novos membros;
o pode determinar normas específicas (provas; rituais de ingresso) para
o acesso de novos membros e sanções para aqueles que abandonam o
grupo ou violam as regras do seu funcionamento.
H- Quanto à idade dos participantes:

Os grupos têm características e formas de funcionamento específicos de acordo com a


idade dos respetivos membros.

MÓDULO 3- SERVIÇO SOCIAL EM COMUNIDADES

O que é que as ciências sociais entendem por comunidade?

As Ciências Sociais enfatizam sobretudo a perspetiva de análise dos tipos de relações e


organização que cruzam um determinado espaço, sem preocupação expressa pela
delimitação geográfica (ainda que esta possa ser importante por questões operativas).
Para Nisbet e Tönnies (séc. XIX) a comunidade é algo mais que o espaço local,
enquadrando todas as formas de relação que impliquem um alto grau de intimidade
pessoal, emocional, moral e continuidade no tempo.

Das contribuições dos cientistas sociais emergem uma série de aspectos geralmente
associados ao conceito de comunidade:

• alto nível de proximidade inter-pessoal;

• relações sociais afectivamente alicerçadas;

• compromisso moral e forte coesão social;

• continuidade no tempo

O SSC é resultado da confluência de dois movimentos que responderam a problemáticas


diferentes:
Desenvolvimento Comunitário
Organização Comunitária
trabalho comunitário- Processo pelo qual os grupos
de cidadãos, em particular os grupos mais
desfavorecidos, de uma forma coletiva, procuram
resolver problemas concretos

O serviço social comunitário destaca as seguintes funções:

 Conhecimento dos problemas sociais e da própria comunidade;


 Interpretação das necessidades existentes na comunidade;
 Análise dos recursos existentes na comunidade;
 Mediador entre os serviços sociais, departamentos locais e população: interpretar a
comunidade para a equipa técnica; interpretar a atuação dos especialistas para a
comunidade;
 Promover a formação de grupos e associações locais;
 Descoberta e formação dos líderes locais;
Responsáveis/condutores do processo de integração de famílias, indivíduos, grupos na
coletividade.

Quais os objetivos do trabalho comunitário?

1. Atuar em Problemas concretos do quotidiano das pessoas e as soluções viáveis a curto


prazo.
2. Bem como olhar para Problemas a nível macro e a procura de soluções duráveis no
âmbito de objetivos sociais mais amplos.
3. contribuir para solucionar problemas (coletivos) concretos;
4. reforçar o funcionamento democrático e a participação e poder dos cidadãos, na
gestão pública e na sua própria condição particular;
5. capacitar os grupos populacionais contribuindo para a sua organização e promovendo
as relações intergrupais;
6. melhorar a qualidade e a redistribuição de bens e serviços;
7. promover a justiça para todos e em especial para minorias e grupos oprimidos;
8. promover a capacidade de expressão das populações e a relação com os contextos
supra locais;
9. contribuir para uma utilização eficaz e inovadora de recursos internos (e externos) ao
território;

O que podemos dizer do trabalho comunitário?

É um trabalho centrado na comunidade, permite ao Serviço Social contribuir para a


transformação da sociedade civil, para a formulação de estratégias de defesa/alargamento dos
direitos sociais e para a concretização de justiça social; o contributo realizado é apoiado na
efectivação de uma real participação e cidadania.

Graças ao trabalho comunitário, há uma oportunidade dos AS contribuírem para uma


sociedade mais justa, para tal isso implica o seguinte:

 Contribuir para a integração social


 Reduzir as desigualdades
 Construir poder político para a população economicamente
marginalizada;
 Fortalecer o poder dos cidadãos nas suas comunidades locais para
participarem na determinação das suas condições de vida;
 Influenciar as autoridades/instituições que regulam as suas vidas.

Características do trabalho comunitário:

 O ponto de partida são as experiências e prioridades das pessoas;


 O processo de mudança realiza-se sob controlo das próprias pessoas;
 O trabalho comunitário centra-se na dimensão coletiva;
 O enquadramento do processo de mudança/ação coletiva num processo educativo.
 A procura de mudanças sustentáveis e de resultados duradouros;
 Pluralidade de métodos e técnicas;
 Apoia-se em valores éticos e morais (igualdade, solidariedade, responsabilidade social,
emancipação, justiça, democracia participativa, desenvolvimento, mudança,
autodeterminação, discriminação positiva);
 Uma relação complexa com o poder

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