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MÓDULO V
o Teorias funcionalistas
Explicar um facto social implica o estudo das variáveis (funções) que o constituem. Assim, a
palavra função ou papel tem a grande vantagem de implicar a ideia de correspondência, mas
sem nada presumir sobre a questão de saber como é que esta correspondência se estabeleceu,
se ela resulta de uma adaptação intencional e preconcebida ou então, de um ajustamento
posterior.
O funcionalismo surge na Inglaterra (século XIX) e examina todo o facto social, toda a
instituição, nas suas relações com a totalidade do corpo social de que faz parte, o facto (ou a
instituição) só revela a sua significação uma vez enquadrado nas suas relações funcionais com
outros factos. Estuda a sociedade sem ter em conta a sua história, tal qual como a encontra,
tentando compreender como é que cada elemento da sociedade se articula com os demais,
formando um todo e exercendo uma função dentro da sociedade.
O nome desta teoria surgiu pelo facto de que para os funcionalistas, o principal objetivo da
investigação sociológica era conseguir perceber a função de todos os factos sociais, sendo estas
todas as interações e comportamentos entre indivíduos e instituições sociais. Aqui, existe a ideia
de que a sociedade é como um organismo vivo, uma vez que cumprindo uma função (factos
sociais) contribuem para a satisfação das necessidades da sociedade. Além disso, os
funcionalistas defendem que basta haver uma instituição social ou um fenómeno social que não
esteja a satisfazer as necessidades dos indivíduos, para colocar a sociedade em causa, sendo que
esta entra em rutura e pode vir a desaparecer.
Postulados funcionalistas
1. Totalidade equilibrada – toda a cultura tende a formar uma totalidade equilibrada
perante a sua tendência ao desequilíbrio e à mudança; uma sociedade, para se manter
viva, tem de ser manter equilibrada;
2. Necessidades básicas – ao analisarmos a função básica, esta pode-nos levar ao
conhecimento da função geral; desde que consigamos satisfazer as necessidades
básicas, conseguimos manter o equilíbrio.
3. Interconexão funcional – criando instituições sociais diferentes, mas estando todas
interligadas, conseguimos satisfazer as necessidades básicas; Malinowski e Radcliffe-
Brown, preocuparam-se em estudar e explicar o funcionalismo da cultura de um dado
momento. Segundo estes autores, ao funcionalismo interessa explicar o passado pelo
presente.
Funcionalismo do Malinowski
Funcionalismo de Radclifee-Brown
Defende que além de termos uma interconexão funcional, uma sociedade tornar-se-ia mais
coesa e equilibrada se a interação entre os seus indivíduos se baseasse na solidariedade e na
coesão.
O autor acrescenta a ideia de unidade funcional, uma vez que, considera que os sistemas
sociais se mantêm muito tempo constantes. Aqui, as diversas partes trabalham em harmonia,
estando, por isso, sempre em equilíbrio.
O seu princípio fundamental tem por base, a noção de estrutura social que, não diz respeito
à realidade empírica, mas aos modelos construídos que são conseguidos por esta. Apresenta
dois tipos de dinâmica na realidade social, a primeira previsível (pois prevista no próprio sistema
ou estrutura); a segunda, imprevisível (imponderável por se dever a acasos e circunstâncias
exógenas à estrutura.
As relações sociais são matéria-prima empregue para a construção dos modelos que põem
em evidência a própria estrutura social. A estrutura, não pode ser reduzida ao conjunto de
relações, observáveis numa dada sociedade; as suas investigações são um método suscetível de
ser aplicado a diversos problemas etnológicos e apresentam-se a formas de análise estrutural
em uso nos diferentes domínios. Apesar disto, para se chamar mesmo estrutura, os modelos
devem obedecer a quatro condições:
Estas propriedades permitem prever de que modo o modelo irá reagir, em caso de
modificação de um dos seus elementos
Postulados estruturalistas
1. A análise estrutural examina as infraestruturas inconscientes dos fenómenos culturais;
2. Considera os elementos da infraestrutura como “relacionados”, não como entidades
independentes;
3. Procura entender a coerência do sistema;
4. Propõe a contabilidade geral das leis para os testes padrões subjacentes no sentido da
organização dos fenómenos.
O estruturalismo, procura compreender as combinações formais entre os elementos que
compõe uma totalidade (equivalências, as diferenças, as correlações, as implicações), porque
são estas que dão sentido e significado ao todo.
Estrutural-Funcionalismo
Para lá da identificação de um sistema quanto aos seus modelos e limites, pode e deve-se
analisar um sistema social e, relação a eixos de variação, logicamente independentes mas
também interdependentes, a que se poderiam chamar bases de abstração seletiva: o primeiro
desses eixos é melhor definido pela distinção entre as referências “estrutural” e “funcional” da
análise. O conceito de estrutura designa os traços do sistema que podem ser tratados como
constantes no comportamento de outros elementos significativos do problema teórico.
G – Realização dos objetivos (qualquer sociedade tem de permitir os recursos para que
todos os seus indivíduos alcancem os seus objetivos);
Por fim, uma das principais conclusões do autor, sendo que também é a resposta à sua
pergunta, é que para além do cumprimento dos imperativos funcionais, as sociedades serão
ainda mais coesas se tiverem valores fortes e aceites por todos os indivíduos.
Críticas ao estrutural-funcionalismo
• Tende para uma análise abusivamente teleológica, supondo que as realidades estudadas
visam fins, na verdade, inexistentes ou indemonstráveis.
• Esta atribuição de uma razão vem com frequência, associada ao reconhecimento de uma
legitimidade, a uma justificação moral da ordem social existente e das instituições.
• Suposição abusiva da homeostasia – tenderia a sobrevalorizar os elementos de equilíbrio
e estabilidade da realidade social, desprezando ou esquecendo o que ela comporta de
conflito, tensão e mudança.
• Tenderia para uma conceção hipersocializada dos indivíduos – produzidos pela
organização social e não como produtores dela – seriam passivos;
• Holismo (todo é mais que a soma das partes) é culturalista – atribui à cultura, aos valores,
se não a determinação pura e simples das práticas sociais, pelo menos a regulação das
mesmas;
• Definição insuficiente e imprecisa de muitos conceitos (sistema, função, estrutura e
outros); vício da tautologia, os autores apresentam como conclusões juízos que já
estavam implícitos nas premissas de que partiram.
Teoria da interação
O interacionismo defende que o foco da investigação não está na sociedade, mas sim, nos
indivíduos e, por isso, devíamos procurar saber as especificidades que cada indivíduo dá aos
comportamentos que tem.
Por sua vez, Goffman defende que a interação social é semelhante a um teatro, onde cada
indivíduo desempenha vários papéis ao longo da sua vida. Por isso, o mais importante é
conseguirmos compreender de que forma os indivíduos interagem na vida pública, assumindo
as funções que lhes são entregues.
Goffman afirma que o indivíduo se divide na região da frente, que corresponde ao “eu” e
na região da retaguarda, que corresponde ao “mim”. Independentemente do momento, isto é,
do tempo e do espaço onde a ação é realizada, os indivíduos interagem de acordo com a
identidade social onde estão inseridos.