Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Entende- se por politica social ações prosseguidas com vista à realização do bem estar social. O
conceito de politica social denota a ação sobre meios e afins, pelo que implica uma mudança:
de situações;
de sistemas;
de práticas;
de comportamentos.
Importante reter que a própria palavra «política» é orientada para a ação e orientada para o
problema (Carreira, 1996, p 23). Segundo, Pereirinha, 2008,p.21, política entende-se como a
forma de atuação das políticas públicas com a finalidade de garantir o bem-estar social,
através da consagração de direitos sociais e das condições necessárias à sua realização na
sociedade.
Politica social, Pressupõe uma razoável capacidade de organização social e económica, viável
onde o desenvolvimento tenha ultrapassado certos limites mínimos. E a sua necessidade, em
geral, só se faz sentir premência quando alguns problemas sociais atingem uma fase de aguda
deterioração, decorrente do próprio desenvolvimento.
Entende-se por questão social, O conjunto das expressões das desigualdades da sociedade
capitalista madura, que têm uma raiz comum:
De acordo com Castel (1998), a questão social não se reduz ao reconhecimento da realidade
da pobreza e da miséria, mas constitui-se como paradoxo das sociedades modernas que põe
em foco a separação, sempre renovada:
- entre a ordem legal que promete igualdade e a realidade das desigualdades e exclusões
tramada na dinâmica das relações de poder e dominação.
De acordo com Castel (1998) a questão social surge: num momento essencial aquele que
pareceu ser quase total o divórcio entre uma ordem jurídico-política, fundada sobre os direitos
dos cidadãos, e uma ordem econômica que acarreta uma miséria e uma desmoralização de
massa. É a partir do séc. XIX, que a expressão, “Questão Social” vai abranger o fenómeno da
pobreza que é decorrente do surgimento do capitalismo, que atinge, principalmente, a classe
trabalhadora na Europa Ocidental, durante o processo de industrialização. Durante a
Revolução de 1848, surge situações de pobreza, estas que eram vistas como algo que ocorrem
de modo natural na sociedade, pelo que deveria haver uma ação moralizadora/corretiva sobre
os indivíduos que se encontrassem nestas situações, a fim de que se adaptassem aos padrões
socialmente aceitos. A sociedade capitalista que se estabelece, no século XIX, tem por base
uma lógica exploradora e desigual, caracterizada estruturalmente pela forma de organização
da produção que, mediante diferentes fatores, possibilitou a monopolização privada da
riqueza social.
Esta obra foi publicada em 1867, contribuiu muito para esta forma de compreensão da
Questão Social, pois trouxe elementos que possibilitaram visualizá-la como uma problemática
complexa e ampla que é determinada pela relação entre o capital e o trabalho.
O Capitalismo Industrial tinha como objetivo principal, o lucro sobre os bens produzidos,
conseguindo-o através da separação da população dos seus meios de produção. Forma-se
assim uma classe que, sem ter meios de subsistência, se vê obrigada a vender a sua força de
trabalho como uma mercadoria, a fim de conseguir um salário que lhe permita sobreviver.
todos estes fatores deram contributo, para que se acelerasse o processo da industrialização,
além de se terem observado mudanças importantes na ciência, filosofia, religião e na
legislação.
A expansão dos mercados fez com que o comércio externo e interno se desenvolvessem,
devido ao aumento da população, à urbanização, à descida dos preços e à maior procura de
produtos. As guerras que dominaram o panorama europeu, nesta altura, também favoreceram
Inglaterra, por terem impedido o desenvolvimento dos restantes países. Isto foram os aspetos
positivos. Também houveram aspetos negativos, nomeadamente graves para a sociedade.
As fábricas não ofereciam postos de trabalho suficientes para absorver o grande número de
desempregados que se aglomeravam a sua volta. Contudo, mesmo os que tinham emprego
não estavam livres de viver em situação de pobreza e/ou miséria.
O ambiente fabril era insalubre e o trabalho, perigoso e pesado. Neste ambiente conviviam
homens, mulheres e crianças que sem ter outra forma de se sustentar, acabavam por se
condicionarem a situação que lhes era imposta. O trabalho infantil possibilitava o aumento do
rendimento do agregado familiar, embora o salário das crianças, assim como o das mulheres,
fosse inferior, em comparação ao do dos homens. Este facto, salário inferior (crianças e
mulheres) devia-se à sua condição (sexo e idade) que era impeditiva de grande capacidade
produtiva, argumento utilizado por grande parte das entidades patronais da altura.
De mencionar que nesta altura ainda não havia legislação para fazer face a este tipo de
discriminação/exploração do trabalhador.
Marx e Engels apontaram uma série de fatores que se combinaram e que levaram ao
recrutamento de mulheres e crianças pelo sistema fabril.
Segundo Marx o uso da força de trabalho infantil “tinha um caráter definitivo” ou que
expressava uma tendência irreversível, baseado no pressuposto de que “a indústria capitalista
não mais poderia prescindir dessa categoria de trabalhadores”, decorrência da necessidade
que tinha de braços para alimentar o processo de acumulação do capital (Idem, p. 29).
o trabalho infantil é tratado em estreita relação com a redução, pelos fabricantes, dos gastos
com o pagamento da força de trabalho, uma vez que baixíssimos salários eram pagos às
crianças, geralmente não passando da metade ou terça parte do salário pago ao operário
adulto (Engels, A situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra, 1986). Estabelecia-se um
circulo vicioso, pelo qual os baixos salários pagos às crianças conduzia à redução do salário do
adulto e estes, por sua vez, levavam à necessidade dos pais “obrigarem” os seus filhos a
trabalharem. Com isso o valor da força de trabalho passava a ser determinado pelo tempo de
trabalho não só do trabalhador individual, mas de toda a família trabalhadora (do homem, da
mulher e das crianças).
O que podemos dizer das má qualidade de vida que o processo da industrialização fez nos
mostrar mas que já era tão existente?
Os salários eram muito baixos e mal davam para pagar por alimentos e moradia, dessa forma,
os operários viviam amontoados em cortiços sujos e expostos a inúmeras doenças.
Asociação formadas pelos operários, mas que possuíam uma evolução muito lenta, nas
reivindicações que faziam. Porem, evoluíram e formaram os sindicatos que eram sistemas de
organização que defendiam os seus direitos, eram os focos de resistência à exploração
capitalista.
Este derivou não apenas da realidade económica strictu senso, antes forjou -se da fusão entre
identidades comunitárias e identidades de classe, num quadro de relativa dispersão e sob a
influência de ambientes culturais específicos. Ou seja, a classe operária não surgiu, como por
vezes se pensa, animada fundamentalmente por objetivos progressistas, revolucionários ou
emancipatórios mas, em boa medida, a partir de lutas desencadeadas em nome da defesa da
comunidade e muitas vezes contra a inovação técnica, como foi o caso do movimento ludista.
Com a intensa exploração laboral que surgiu o primeiro documento da Igreja Católica,
manifestando suas “preocupações sociais”. A Encíclica Rerum Novarum foi a resposta da Igreja
Católica, o Papa Leão XIII, propunha que os pobres se conformassem com sua situação e que
os ricos fossem menos cruéis, mais justos e caridosos. A Igreja negava a luta de classes e
defendia o direito à propriedade privada. Aliás esses foram exatamente os dois elementos que
mereceram maior destaque na encíclica, a situação dos trabalhadores e a crítica ao socialismo.
Neste, a função do Estado é marginal, a política social intervém apenas quando o mercado e a
família são incapazes de responder às necessidades sociais. Os serviços sociais dirigem-se
apenas àqueles que comprovadamente apresentem alguma necessidade e a ação do Estado
dura apenas até que o estado de dependência seja eliminado. O acesso aos benefícios está
ligado à existência de uma necessidade e à sua comprovação por intermédio de teste de
meios.
A primeira fase da evolução da política social consistiu nas chamadas Leis dos Pobres, bastante
disseminadas pelos países europeus, embora com diferenças marcantes entre eles. As Leis dos
Pobres eram ordenações de Estado que faziam compulsória a “caridade”, implicando a criação
de um fundo público – o imposto dos pobres, em geral recolhido pelos municípios– e que
tinham por finalidade extrair as pessoas pobres das ruas. Vigoraram em grande parte dos
países europeus entre os séculos XVII e XIX.
Nos finais do século XIX, uma segunda fase da política social se inaugura. Seguros sociais
compulsórios, para fazer face a riscos sociais associados ao trabalho assalariado, despontam
como o modelo dominante de proteção social. No novo cenário, de capitalismo industrial
consolidado, aparecem novos atores – sindicatos, partidos políticos – e arranjos institucionais
capazes de incluir, na agenda pública, demandas de setores emergentes no mundo do
trabalho.
Keynes coma a publicação do seu livro, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda propôs
maior intervenção estatal na economia com a utilização de políticas monetária e políticas
fiscais capazes de preservar o sistema capitalista de seus efeitos colaterais mais graves, como a
sucessão de ciclos económicos que traziam recessões, depressões.(A Grande Depressão de
1929) foi combatida através de um programa de inspiração keynesiana.
Na década de 1940, o economista britânico William Beveridge coordenou um comitê que viria
a lançar, em 1942, o documento intitulado Report on Social Insurance and Allied Services,
conhecido como Plano Beveridge, que propunha ao governo inglês combater cinco problemas
sociais: escassez, doença, ignorância, miséria e ociosidade.
Poder-se-á dizer que quer as propostas de Bismarck quer de Keynes serviram de base à criação
de um sistema nacional unificado, contributivo e distributivo. O plano padecia do
conservadorismo e liberalismo económico da época em termos de política social.
Neste, o Estado promove apenas a assistência aos comprovadamente pobres ou para aqueles
em estado de dependência via teste de meios. Os beneficiários dos serviços do Estado são
estigmatizados porque não conseguiram ser autossuficientes através do mercado. Os
programas sociais são limitados a garantir apenas o mínimo, por outro lado, o Estado liberal
encoraja o mercado concedendo subsídios às instituições privadas e aos serviços particulares
de educação e saúde.
as políticas sociais deste regime são de caráter universal, visando igualdade do status de
cidadania. Os benefícios sociais são generosos e assegurados como direito pelo Estado,
desvinculados de contribuição e /ou comprovação de necessidade.
O grau de estratificação é baixo desde que os padrões de qualidade dos programas sejam
suficientemente altos para incorporar todas as classes sociais. O Estado assume a função social
substituindo o mercado e a família. Este modelo é aquele que possui o maior grau de
desmercadorização, pois a política social busca emancipar o indivíduo do mercado.