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Apontamentos de Politica Social

O que podemos dizer do conceito de politica social?

Entende- se por politica social ações prosseguidas com vista à realização do bem estar social. O
conceito de politica social denota a ação sobre meios e afins, pelo que implica uma mudança:

 de situações;
 de sistemas;
 de práticas;
 de comportamentos.

Importante reter que a própria palavra «política» é orientada para a ação e orientada para o
problema (Carreira, 1996, p 23). Segundo, Pereirinha, 2008,p.21, política entende-se como a
forma de atuação das políticas públicas com a finalidade de garantir o bem-estar social,
através da consagração de direitos sociais e das condições necessárias à sua realização na
sociedade.

Politica social, Pressupõe uma razoável capacidade de organização social e económica, viável
onde o desenvolvimento tenha ultrapassado certos limites mínimos. E a sua necessidade, em
geral, só se faz sentir premência quando alguns problemas sociais atingem uma fase de aguda
deterioração, decorrente do próprio desenvolvimento.

Qual a definição de questão social?

Entende-se por questão social, O conjunto das expressões das desigualdades da sociedade
capitalista madura, que têm uma raiz comum:

 a produção social é cada vez mais coletiva,


 o trabalho torna-se mais amplamente social;
 a apropriação dos seus frutos se mantém privada, monopolizada por uma parte da
sociedade. (lamamoto,1999,p.27)

De acordo com Castel (1998), a questão social não se reduz ao reconhecimento da realidade
da pobreza e da miséria, mas constitui-se como paradoxo das sociedades modernas que põe
em foco a separação, sempre renovada:

- entre a lógica do mercado e a dinâmica societária;

-entre a exigência ética dos direitos e os imperativos de eficácia da economia;

- entre a ordem legal que promete igualdade e a realidade das desigualdades e exclusões
tramada na dinâmica das relações de poder e dominação.

Há uma inquietação quanto à capacidade de manter a coesão de uma sociedade. A ameaça de


rutura é apresentada por grupos cuja existência abala a coesão do conjunto. Castel, 1998,
p.41.

Quando é que questão social surge?

De acordo com Castel (1998) a questão social surge: num momento essencial aquele que
pareceu ser quase total o divórcio entre uma ordem jurídico-política, fundada sobre os direitos
dos cidadãos, e uma ordem econômica que acarreta uma miséria e uma desmoralização de
massa. É a partir do séc. XIX, que a expressão, “Questão Social” vai abranger o fenómeno da
pobreza que é decorrente do surgimento do capitalismo, que atinge, principalmente, a classe
trabalhadora na Europa Ocidental, durante o processo de industrialização. Durante a
Revolução de 1848, surge situações de pobreza, estas que eram vistas como algo que ocorrem
de modo natural na sociedade, pelo que deveria haver uma ação moralizadora/corretiva sobre
os indivíduos que se encontrassem nestas situações, a fim de que se adaptassem aos padrões
socialmente aceitos. A sociedade capitalista que se estabelece, no século XIX, tem por base
uma lógica exploradora e desigual, caracterizada estruturalmente pela forma de organização
da produção que, mediante diferentes fatores, possibilitou a monopolização privada da
riqueza social.

O que podemos dizer da obra “O Capital” de Karl Marx?

Esta obra foi publicada em 1867, contribuiu muito para esta forma de compreensão da
Questão Social, pois trouxe elementos que possibilitaram visualizá-la como uma problemática
complexa e ampla que é determinada pela relação entre o capital e o trabalho.

O que esteve por de trás da revolução industrial?

Para se compreender a dimensão/impacto societal da Questão Social do Século XIX é


importante ter em conta alguns aspetos, nomeadamente a Revolução Industrial de 1848 , ou
seja as razões que estiveram por detrás do seu surgimento, bem como o contributo que esta
teve em termos de desenvolvimento tecnológico. Assim, o desenvolvimento tecnológico, que
caracterizou a época da Revolução Industrial, levou ao surgimento do Capitalismo Industrial
em detrimento do Capitalismo Comercial até então vigente.

Qual o objetivo do capitalismo industrial?

O Capitalismo Industrial tinha como objetivo principal, o lucro sobre os bens produzidos,
conseguindo-o através da separação da população dos seus meios de produção. Forma-se
assim uma classe que, sem ter meios de subsistência, se vê obrigada a vender a sua força de
trabalho como uma mercadoria, a fim de conseguir um salário que lhe permita sobreviver.

Esta “manipulação” da capacidade de agir e atuar da população, dá aos capitalistas o poder de


transformar toda a produção em capital. O trabalho assalariado é, pois, a relação social
fundamental do Capitalismo Industrial.

Em suma , as novas e complexas problemáticas sociais deste tempo, são decorrentes do


progresso “desmedido” e das transformações dos modelos societários, que não conseguiram
acompanhar o próprio crescimento económico.

O que se entende por revolução industrial?

Entende-se como o Processo composto pelo conjunto de transformações (tecnológicas,


socioeconómicas, ideológicas) caracterizadas pela substituição da energia física pela mecânica,
da ferramenta pela máquina, e da manufatura pela máquina.

O porquê da revolução industrial ter surgido..

A revolução industrial nasceu em Inglaterra. Um complexo conjunto de factores explica esta


precocidade foram os seguintes:

 o repentino e forte crescimento demográfico de finais do século XVIII e inícios do


século XIX;
 o desenvolvimento dos mercados;
 a presença de carvão e de ferro;
 um clima húmido favorável à indústria algodoeira;
 uma mão-de-obra que a revolução na agricultura disponibiliza (…)

todos estes fatores deram contributo, para que se acelerasse o processo da industrialização,
além de se terem observado mudanças importantes na ciência, filosofia, religião e na
legislação.

A expansão dos mercados fez com que o comércio externo e interno se desenvolvessem,
devido ao aumento da população, à urbanização, à descida dos preços e à maior procura de
produtos. As guerras que dominaram o panorama europeu, nesta altura, também favoreceram
Inglaterra, por terem impedido o desenvolvimento dos restantes países. Isto foram os aspetos
positivos. Também houveram aspetos negativos, nomeadamente graves para a sociedade.

O que é que a revolução industrial prometeu?

A revolução industrial veio prometer melhores condições de vida” provocando a deslocação


massiva e descontrolada de potenciais trabalhadores da agricultura, provenientes do meio
rural para as grandes urbes, o que levou a um crescimento populacional de 800 000 habitantes
em 1780 para 5 milhões em 1880.

Desta forma podemos dizer que a revolução trouxe:

 um crescimento demográfico da europa a partir do séc. XIX;


 progressos na agricultura;
 melhoria das vias de comunicação;
 progressos técnicos que permitiram a mecanização;

o que podemos dizer à cerca do proletariado?

O proletariado surgiu em Inglaterra com a introdução da máquina. O facto de se ter verificado


uma expansão rápida da indústria fez com que houvesse necessidade de mais trabalhadores,
que vieram das zonas agrícolas e afluíram às grandes cidades, contribuindo, assim, para um
aumento surpreendente da população, especialmente na classe operária. (Engels, 195, p.15).

O operário fabril começou a estar no centro das relações de produção, ao contrário da


sociedade pré-industrial, dominada pela figura do camponês. O camponês perdeu grande
parte dos seus direitos, principalmente o direito de acesso às pastagens comuns; o trabalho no
campo tornou-se escasso e, por isso, viu que o melhor seria dirigir-se para as cidades à procura
de melhores condições de vida. Este desejo era ainda maior entre aqueles que já não
dispunham de trabalho no campo e que viam o seu estado de pobreza piorar.

o que podemos dizer do crescimentos económico caracterizador da revolução industrial?

Este só foi possível devido à elevada capacidade empreendedora de determinados grupos


sociais e economicamente dominantes, a extração e a utilização dos recursos naturais deixou
de ser controlada pelo Estado/Governo, como acontecera anteriormente, e passou a ser gerida
por grupos privados.

O contributo do investimento privado, facilitado pelo próprio Estado/Governo, provocou uma


aceleração rápida do crescimento industrial, o que conduziria a uma rutura com a economia
medieval e tradicional, assim como a alterações económicas profundas na vida inglesa.
(Martins, 2008).

Fatores que contribuíram para o crescimento económico da Inglaterra:

 acumulação de capital- uma vez que se verificou um aumento das poupanças, no


comércio e na agricultura: as taxas de juro baixaram, os investimentos aumentaram

 progressos tecnológicos da agricultura e da indústria- uma vez que foram


introduzidas novas máquinas e formas alternativas de energia, o que aumentaria os
níveis de produção, conduzindo à necessidade posterior de uma maior divisão do
trabalho e até à própria especialização (mão-de-obra qualificada).

O que se verificou a partir do fim do séc.XVIII?

Neste período, verificou-se a urbanização e um crescimento fabril. Estes contribuíram para o


aumento demográfico, já que famílias inteiras abandonavam os campos em busca de novas
oportunidades na cidade.

A Revolução Industrial foi, talvez, um dos acontecimentos mais importantes na história da


humanidade e sempre esteve relacionada com algo fundamental: a fábrica

As fábricas não ofereciam postos de trabalho suficientes para absorver o grande número de
desempregados que se aglomeravam a sua volta. Contudo, mesmo os que tinham emprego
não estavam livres de viver em situação de pobreza e/ou miséria.

Como podemos classificar o ambiente fabril?

O ambiente fabril era insalubre e o trabalho, perigoso e pesado. Neste ambiente conviviam
homens, mulheres e crianças que sem ter outra forma de se sustentar, acabavam por se
condicionarem a situação que lhes era imposta. O trabalho infantil possibilitava o aumento do
rendimento do agregado familiar, embora o salário das crianças, assim como o das mulheres,
fosse inferior, em comparação ao do dos homens. Este facto, salário inferior (crianças e
mulheres) devia-se à sua condição (sexo e idade) que era impeditiva de grande capacidade
produtiva, argumento utilizado por grande parte das entidades patronais da altura.

De mencionar que nesta altura ainda não havia legislação para fazer face a este tipo de
discriminação/exploração do trabalhador.

Marx e Engels apontaram uma série de fatores que se combinaram e que levaram ao
recrutamento de mulheres e crianças pelo sistema fabril.

Segundo Marx o uso da força de trabalho infantil “tinha um caráter definitivo” ou que
expressava uma tendência irreversível, baseado no pressuposto de que “a indústria capitalista
não mais poderia prescindir dessa categoria de trabalhadores”, decorrência da necessidade
que tinha de braços para alimentar o processo de acumulação do capital (Idem, p. 29).

Desta forma, o que podemos concluir do trabalho infantil?

o trabalho infantil é tratado em estreita relação com a redução, pelos fabricantes, dos gastos
com o pagamento da força de trabalho, uma vez que baixíssimos salários eram pagos às
crianças, geralmente não passando da metade ou terça parte do salário pago ao operário
adulto (Engels, A situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra, 1986). Estabelecia-se um
circulo vicioso, pelo qual os baixos salários pagos às crianças conduzia à redução do salário do
adulto e estes, por sua vez, levavam à necessidade dos pais “obrigarem” os seus filhos a
trabalharem. Com isso o valor da força de trabalho passava a ser determinado pelo tempo de
trabalho não só do trabalhador individual, mas de toda a família trabalhadora (do homem, da
mulher e das crianças).

Quais as barbaridades cometidas no ambiente fabril?

 57% faleciam antes dos 5 anos de idade


 Não era permitido às mães ficarem mais do que três ou quatro dias em casa com os
recém-nascidos, sob pena de despedimento
 Os bebés eram entregues a amas ou semiabandonados em casa durante o dia
 No início do século XIX, considerava-se a educação das classes desfavorecidas
desnecessária e suspeita, pois poderia desencadear agitação social.
 As crianças estavam Impedidas de frequentar a escola por serem arrastadas para a
fábrica desde muito cedo, sendo naturalmente quase todas analfabetas. O
analfabetismo também era um problema social pois, o acesso à educação era privilégio
de uma minoria.

O que podemos dizer das má qualidade de vida que o processo da industrialização fez nos
mostrar mas que já era tão existente?

Segundo Walvin, no início do processo da industrialização, os serviços públicos mínimos, como


água, luz e saneamento, deixaram de ser suficientes, o que originou diversas epidemias
(cólera, tifo), além de várias doenças respiratórias e intestinais, devido à poluição do ar e da
água.

Os salários eram muito baixos e mal davam para pagar por alimentos e moradia, dessa forma,
os operários viviam amontoados em cortiços sujos e expostos a inúmeras doenças.

Devido às condições de higiene, alimentação precária e caro acesso à medicina, a esperança


média de vida na época era muito baixa. A tuberculose foi uma das doenças mais conhecidas
da época e a que mais vítimas provocou. As doenças respiratórias caracterizavam sobretudo os
trabalhadores das minas e do sector metalúrgico, e as deformações, de vários tipos, eram uma
constante da indústria, bem como os acidentes no trabalho, que mutilavam e matavam muitos
trabalhadores. Na impossibilidade de os trabalhadores terem acesso a médicos qualificados,
recorriam com frequência às “mesinhas” caseiras e a charlatães, que vendiam por vezes
medicamentos extremamente tóxicos e prejudiciais à saúde.

Dada a toda esta má qualidade de vida, surgiram movimentos sociais.

O que podemos dizer dos movimentos sociais?

O movimento operário emergiu, como se sabe, na sequência de um conjunto de convulsões


que marcaram a Europa da era moderna, desde finais do século XVIII. Foram as duras
condições impostas pelo capitalismo selvagem do século XIX que fizeram emergir o operariado
como classe. A classe operária não surgiu, como por vezes se pensa, animada
fundamentalmente por objetivos progressistas, revolucionários ou emancipatórios mas, em
boa medida, a partir de lutas desencadeadas em nome da defesa da comunidade e muitas
vezes contra a inovação técnica, como foi o caso do movimento ludista.
De acordo com Estanque os movimentos sociais constituem de facto experiências decisivas de
ação (por vezes de grande impacto), na transformação social e política das sociedades, e o
caso do movimento operário constituiu, na verdade, uma resposta às condições degradantes
em que foi colocado o operariado enquanto nova classe assalariada nascida da Revolução
Industrial.

Surgiram dois movimentos de operários:

 Os ludistas: Movimento ocorrido na Inglaterra entre os anos de 1811 e 1812, que


reuniu alguns trabalhadores das indústrias. Estes movimentos protestavam contra a
substituição da mão-de-obra humana por máquinas. O ludismo pode ser considerado
o primeiro movimento operário de reivindicação no que concerne às melhorias nas
relações e condições de trabalho

 Caristas: ocorridos entre as décadas de 30 e 40 do século XIX na Inglaterra, e que


basicamente exigia melhores condições para os trabalhadores na indústria. Durante
vários anos os cartistas realizaram comícios e manifestações por todo o país, nos quais
participaram milhões de operários e artesãos. O nome do movimento tem sua origem
na carta escrita pelo radical William Lovett, em maio de 1838, a chamada Carta do
Povo, na qual estavam registradas todas as reivindicações que os participantes do
movimento desejavam ver implementada

O que foi o trade union?

Asociação formadas pelos operários, mas que possuíam uma evolução muito lenta, nas
reivindicações que faziam. Porem, evoluíram e formaram os sindicatos que eram sistemas de
organização que defendiam os seus direitos, eram os focos de resistência à exploração
capitalista.

Como derivou o nascimento da working class em Inglaterra?

Este derivou não apenas da realidade económica strictu senso, antes forjou -se da fusão entre
identidades comunitárias e identidades de classe, num quadro de relativa dispersão e sob a
influência de ambientes culturais específicos. Ou seja, a classe operária não surgiu, como por
vezes se pensa, animada fundamentalmente por objetivos progressistas, revolucionários ou
emancipatórios mas, em boa medida, a partir de lutas desencadeadas em nome da defesa da
comunidade e muitas vezes contra a inovação técnica, como foi o caso do movimento ludista.

Reformas sociais, como surgiram?

Com a Revolução Industrial aumentou a concentração de trabalhadores nos centros urbanos,


que viviam em situação de pobreza/ miséria, recebendo salários muito baixos. A partir desta
crise, algumas personalidades da altura sentiram-se estimulados a propor reformas sociais,
como forma de reorganizar a sociedade.

Que ideologias surgiram com o proletariado?

O surgimento do proletariado trouxe consigo novas ideologias tais como o anarquismo e o


socialismo. Os socialistas desenvolveram várias teorias das quais se destacam dois teóricos
alemães, Karl Marx e Friedrich Engels, que formularam uma proposta mais acabada de
socialismo, no fim do século XIX.
Para Marx, o proletariado aparecia como a única classe social capaz de destruir de uma vez por
todas a exploração do homem pelo homem, ao destruir o capitalismo, chegando ao poder pelo
caminho da revolução. Assim e para Marx seria através dos trabalhadores que que seriam
eliminadas as diferenças sociais, o que assinalaria a passagem do socialismo ao comunismo.

No Manifesto Comunista (1848), Marx e Engels delinearam os pressupostos do socialismo


científico, que seriam definidas de forma completa no O Capital, obra mais conhecida de Marx,
que causaria uma verdadeira revolução na economia e nas ciências sociais. Entre os princípios
expostos na obra, destacam-se uma interpretação socioeconómica da história, conhecida
como materialismo histórico, os conceitos de luta de classes, de mais-valia e de revolução
socialista.

O que foi a Encíclica Rerum Novarum?

Com a intensa exploração laboral que surgiu o primeiro documento da Igreja Católica,
manifestando suas “preocupações sociais”. A Encíclica Rerum Novarum foi a resposta da Igreja
Católica, o Papa Leão XIII, propunha que os pobres se conformassem com sua situação e que
os ricos fossem menos cruéis, mais justos e caridosos. A Igreja negava a luta de classes e
defendia o direito à propriedade privada. Aliás esses foram exatamente os dois elementos que
mereceram maior destaque na encíclica, a situação dos trabalhadores e a crítica ao socialismo.

Segundo a Igreja Católica, a Doutrina Social defende a dignidade intrínseca e inalienável da


pessoa humana, a primazia do bem comum, a finalidade universal dos bens, a primazia do
trabalho sobre o capital, o princípio da subsidiariedade e o princípio da solidariedade. O
governo inglês começou a intervir, mais ativamente, de forma a melhorar as condições de vida
e de trabalho de todos quantos estavam a ser explorados pelo sistema industrial. Criou uma
série de leis para controlar os patrões, o que constituiu uma ação bastante significativa.
Determinados patrões preocuparam-se em assegurar melhores condições de trabalho, como é
o caso de Robert Owen;

Dado a tudo isto, o que podemos concluir?

As condições dos operários melhoraram imenso, devido ao desenvolvimento da medicina, ao


incremento do número de hospitais e à construção de instalações sanitárias, com a criação de
casas-de-banho públicas. O consumo de bebidas alcoólicas desceu, pois foram aplicados
impostos nas bebidas, e o horário das tavernas foi limitado. Criaram-se novos sistemas penais
e, forças policiais, que inspecionavam as ruas das cidades, a fim de se melhorar a segurança
dos cidadãos. As próprias cidades deixaram de ser tão escuras, graças à introdução da
iluminação, primeiro a gás, algo que se tornou uma necessidade, e depois a eletricidade.

MODELOS DE POLÍTICA SOCIAL:


O que podemos dizer do modelo residual?

Neste, a função do Estado é marginal, a política social intervém apenas quando o mercado e a
família são incapazes de responder às necessidades sociais. Os serviços sociais dirigem-se
apenas àqueles que comprovadamente apresentem alguma necessidade e a ação do Estado
dura apenas até que o estado de dependência seja eliminado. O acesso aos benefícios está
ligado à existência de uma necessidade e à sua comprovação por intermédio de teste de
meios.

A primeira fase da evolução da política social consistiu nas chamadas Leis dos Pobres, bastante
disseminadas pelos países europeus, embora com diferenças marcantes entre eles. As Leis dos
Pobres eram ordenações de Estado que faziam compulsória a “caridade”, implicando a criação
de um fundo público – o imposto dos pobres, em geral recolhido pelos municípios– e que
tinham por finalidade extrair as pessoas pobres das ruas. Vigoraram em grande parte dos
países europeus entre os séculos XVII e XIX.

O que podemos dizer do modelos meritocráticos-particularista (cumulativo)?

Neste, a função do Estado é assegurar a proteção social ligada ao corporativismo ocupacional.


Os sistemas de previdência social são distintos levando em conta a ocupação dos assegurados.
Portanto, o acesso aos benefícios está ligado ao status do trabalho e à contribuição paga pelos
beneficiários, e políticas de proteção a idosos e incapacitados.

Nos finais do século XIX, uma segunda fase da política social se inaugura. Seguros sociais
compulsórios, para fazer face a riscos sociais associados ao trabalho assalariado, despontam
como o modelo dominante de proteção social. No novo cenário, de capitalismo industrial
consolidado, aparecem novos atores – sindicatos, partidos políticos – e arranjos institucionais
capazes de incluir, na agenda pública, demandas de setores emergentes no mundo do
trabalho.

O surgimento de novas situações de vulnerabilidade e insegurança sociais dá status de risco


social a vivências já conhecidas da humanidade como a velhice, além da doença, morte e ainda
o desemprego e a pobreza. O primeiro seguro social de que se tem notícia foi instituído por
Bismarck, na Alemanha, nos anos 1880.o modelo adotado por Bismarck, o seguro social,
difundiu-se rapidamente pela Europa..

A política social ganha papel pró-ativo no sistema:

 assegura direitos sociais aos que dele participam


 hierarquiza o universo dos merecedores de tais direitos segundo as suas (dele)
conveniências
 providencia mecanismos de controle sobre os que dele se afastam.

O que podemos dizer do modelo- institucional-redistributivo?

a função do Estado é garantir a todos os cidadãos os direitos sociais, substituindo as outras


instituições de proteção social na garantia de bem estar. O acesso aos programas sociais é
universal, assegurando patamares mínimos de rendimento e serviços sociais financiados pelo
Estado.

Ele tinha dois princípios base:


O princípio da unidade- tinha por metas a unificação das diversas instâncias de gestão dos
seguros sociais existentes e a homogeneização das prestações básicas.

O principio da cobertura, ou seja, cobertura, a todas as necessidades essenciais, a todos os


indivíduos.

O crescimento da produção, a industrialização em larga escala, asseguravam o pleno emprego


e contribuíam para uma maior homogeneidade social. Mas é sobretudo pela ótica da política
que se explica o sucesso desta conceção de proteção social.

As instituições de representação – os partidos políticos, os sistemas eleitorais, o Parlamento –


tornaram-se mais inclusivas; novos espaços de negociação surgiram (câmaras consultivas ou
deliberativas formadas por representantes de trabalhadores, empresários, produtores
agrícolas e técnicos governamentais para estabelecer diretrizes macroeconômicas); a
democracia, enfim, expandiu-se.

Surgiram acordos, que permitiram aumentos substanciais na tributação ,e provimento de


benefícios generosos à maioria da população. Em fevereiro de 1936 o economista britânico
John Maynard Keynes publicou o livro “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”,
lançando as bases conceituais da macroeconomia e desafiando conceitos liberais.

Keynes coma a publicação do seu livro, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda propôs
maior intervenção estatal na economia com a utilização de políticas monetária e políticas
fiscais capazes de preservar o sistema capitalista de seus efeitos colaterais mais graves, como a
sucessão de ciclos económicos que traziam recessões, depressões.(A Grande Depressão de
1929) foi combatida através de um programa de inspiração keynesiana.

Na década de 1940, o economista britânico William Beveridge coordenou um comitê que viria
a lançar, em 1942, o documento intitulado Report on Social Insurance and Allied Services,
conhecido como Plano Beveridge, que propunha ao governo inglês combater cinco problemas
sociais: escassez, doença, ignorância, miséria e ociosidade.

Poder-se-á dizer que quer as propostas de Bismarck quer de Keynes serviram de base à criação
de um sistema nacional unificado, contributivo e distributivo. O plano padecia do
conservadorismo e liberalismo económico da época em termos de política social.

Modelos da politica social segundo Esping Andersen

O que podemos dizer do modelo liberal?

Neste, o Estado promove apenas a assistência aos comprovadamente pobres ou para aqueles
em estado de dependência via teste de meios. Os beneficiários dos serviços do Estado são
estigmatizados porque não conseguiram ser autossuficientes através do mercado. Os
programas sociais são limitados a garantir apenas o mínimo, por outro lado, o Estado liberal
encoraja o mercado concedendo subsídios às instituições privadas e aos serviços particulares
de educação e saúde.

O grau de desmercadorização deste modelo é o mais baixo e a estratificação social é a mais


alta. Os países liberais são aqueles onde os movimentos dos trabalhadores são fracos
politicamente, predominando o individualismo e o estímulo a serem autossuficientes através
do mercado. Os exemplos são EUA, Canadá e a Austrália.

O que podemos dizer do modelo conservador corporativo?


Aproteção social é concretizada por diferentes sistemas de seguro social. Os regimes
corporativistas são influenciados pela Igreja e comprometidos com a preservação da tradição
familiar.

A construção de sistemas de seguro social distintos para as classes e categorias profissionais


visa firmar as diferenças de status entre os trabalhadores. A estratificação do sistema de
proteção social é alta e o grau de desmercadorização é baixo, pois o acesso é restrito e ligado
ao trabalho. Os países que fazem parte deste regime são a Alemanha, Áustria, França e a Itália.

O que podemos dizer do modelo social-democrata?

as políticas sociais deste regime são de caráter universal, visando igualdade do status de
cidadania. Os benefícios sociais são generosos e assegurados como direito pelo Estado,
desvinculados de contribuição e /ou comprovação de necessidade.

O grau de estratificação é baixo desde que os padrões de qualidade dos programas sejam
suficientemente altos para incorporar todas as classes sociais. O Estado assume a função social
substituindo o mercado e a família. Este modelo é aquele que possui o maior grau de
desmercadorização, pois a política social busca emancipar o indivíduo do mercado.

O regime social-democrata desenvolve-se nos países escandinavos (Suécia, Noruega e


Dinamarca), onde o movimento dos trabalhadores foi capaz de construir alianças políticas e
manter o controle parlamentar durante um período significativo de tempo, tornando possível
estabelecer políticas sociais universais comprometidas com o pleno emprego.

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