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Talcott Parsons (1902-

1979)
O sistema das modernas
sociedades
Biografia
 

 Talcott Parsons nasceu no Colorado Springs, Estados Unidos. Obteve seu


doutorado em Economia na Universidade de Heidelberg (Alemania), em 1927.
Onde teve contato com a Sociologia, principalmente com a obra de Max Weber
e de Émile Durkheim, autores introduzidos por ele nos Estados Unidos.
 Em1930 traduziu do alemão para o inglês a Ética do Espírito do Capitalismo.
Editou a obra póstuma do autor, Economia e Sociedade em 1947.
 Foi professor da Universidade de Harvard, até 1973.
 Organizou o Departamento de Relações Sociais.
A dinâmica das sociedades modernas

A sociedade americana graças à fluidez de sua estratificação social,


estaria em melhores condições para dissolver determinadas tensões que
as sociedades europeias.
 Essencial no seu argumento: processos crescentes de diferenciação
fortalecem instâncias democráticas de integração social. 3 etapas de
seu pensamento:
 1) Teoria da ação social. 1937 publicou A estrutura da ação social.
Contrariando a sociologia utilitarista e o behaviorismo, que reduzem a ação a
um comportamento determinado pelas constrições materiais do meio.
 2)Sistematização da teoria da ação social a partir da ideia de
universalidade. Fase estrutural funcionalista, principalmente na sua
obra O Sistema Social, de 1952.

 Integração de 3 sistemas: personalidade, social e cultural;

 3)Aplicação de sua teoria geral da ação aos diversos campos do


conhecimento. A evolução das sociedades, 1977.
Sociologia norte-americana
 Caráter predominante da Sociologia do período entre guerras é o
empirismo:
 Escola de Chicago;
 Grandes monografias urbanas;
 Ausência de interesse pela história da sociologia e das ideias sociais;
 Parsons se voltou aos problemas metodológicos e epistemológicos, a
partir de uma filosofia científica, de cunho analítico;
Objeto de estudo: a ação social

 Campo de estudo da sociologia é a função de integração;


 Diferença do Funcionalismo: divisão da sociedade em subsistemas:
econômico, político, integração (institucionalização de valores,
mecanismos de controle( e cultura (processo de socialização).
 Construção de um meio simbólico generalizado;
Esquema evolutivo da modernização

 Desde o início do processo de secularização desencadeado pelo Renascimento e


pela Reforma na Europa Medieval, os “sistema societário” passou por uma série
de declarações de independência, com relação à supervisão cultural estrita.
 Sistemas sociais como constituintes do sistema mais geral da ação;
 Integram os sistemas de ação: códigos, símbolos, manutenção mudança;
 Sistema de personalidade: agência fundamental de processos de ação, decorrente
de princípios e exigências culturais;
 Dualidade ação/estrutura;
Integração social
 A continuidade temporal e estabilidade do sistema dependem da integração social
dos atores, mediante papéis;
 A ação motivada deve ser analisada pelos “componentes estruturais primários dos
sistemas sociais:
 Valores;
 Normas; Hierarquia de controles
 Coletividades;
 Papéis;
Adaptação da ação: Ambiente físico;
Subsistemas de ação
 Analisar as inter-relações entre os 4 subsistemas de ação: Social, Cultural,
Personalidade e Comportamento;
 Interiorização de objetos sociais e normas culturais pela personalidade do
indivíduo;
“A ordem societária exige, num sentido, integração clara e definida de coerência
normativa, e, de outro lado, “harmonia” e “coordenação” societárias. [...] Por
isso, a ordem normativa no nível societário contém uma “solução” para o
problema proposto por Hobbes – isto é, impedir que as relações humanas
degenerem até o ponto de uma “guerra de todos contra todos””(Parsons, 1971,
p. 23).
Padrões de significados-símbolos
 São constitutivos da estrutura de um sistema de interação, numa situação estável, também
devem ser constitutivos dos sistemas de personalidade, que o interpenetram;
 A cultura comum não deve estar nas “fronteiras” das personalidades que constituem o
sistema de integração, mas penetrar dentro destas mesmas personalidades.
 “É a isso que se refere o aforismo de Durkheim, “a sociedade existe somente na mente dos
indivíduos”.
 Superego (Freud) e Representações Coletivas (Durkheim) como parte do sistema social;
Sistemas sociais integrados

 Os sistemas sociais são “abertos”, participam de um intercâmbio contínuo de


recepções e apresentações com seus ambientes;
 Estrutura dos sistemas sociais: Valores, normas, coletividades e papeis.
 Valores: manutenção de padrões, regulam os compromissos;
 Normas: integram os sistemas, determinam funções sociais;
 Coletividade: componente estrutural, atuação nas famílias nucleares e em
comunidades científicas;
 Papel: função adaptativa, define uma classe de indivíduos, através de
expectativas recíprocas;
Autossuficiência com relação ao ambiente físico

 A sociedade seria o tipo de sistema social caracterizado pelo nível mais


elevado de autossuficiência com relação ao seu ambiente, onde se
incluem outros sistemas sociais;
 Autossuficiência: Estabilidade de relações de intercâmbio e capacidade
para controlar estes em benefício do funcionamento societário;
 Ambiente físico: fonte de recursos físicos;
Aspecto ecológico da sociedade
 Relação do homem com o meio, descrevendo os aspectos sociais da sua
adaptação (mobilidade, segregação, concentração, invasão).
 A função de integração, na visão de Parsons, inclui precisamente essa
diferenciação e a necessidade de tratar os subsistemas como unidades de um
sistema mais abrangente.
 Sobre a importância dessa integração, Parsons ressalta, inclusive, que
"(...) os problemas relativos as funções integrativas dos sistemas sociais
constituem o núcleo central das preocupações próprias da teoria sociológica".
Parsons, "Um esboço do sistema social", p.179.
Normas e valores
 Conceito de nação: relação hierárquica de controle entre normas e valores;
 Solução para a coexistência de múltiplas identidades (ou sub coletividades) parece
equacionar os impasses do multiculturalismo, na medida em que usa o termo normas
para designar um componente normativo específico para unidades diferenciadas no
interior do sistema, e valores para definir o nível superior de universalização para o
sistema como um todo.
 Cidadania norte-americana: redução de tensões;
 Ordem societária exige a integração clara, e definida de coerência normativa,
“harmonia” e “coordenações” societárias;
Comunidade societária
 Rede complexa de coletividades interpenetrantes e lealdades
coletivas;
 Precisa ser portadora de um sistema cultural suficientemente
generalizado e integrado, a fim de legitimar a ordem normativa;
 “Quanto mais diferenciada uma sociedade, mais provável será
a coerção imposta por agências especializadas – por exemplo,
forças policiais e estabelecimentos militares” (p. 28);
Estruturas autônomas

 Nas sociedades modernas, o governo se tornou cada vez mais diferenciado


da comunidade societária;
 Dinheiro e mercado atuam onde existe uma divisão de trabalho
suficientemente complexa;
 A autoridade “executiva” deve ser diferenciada das funções governamentais,
daí a importância do sistema jurídico;
 Evolução social: mesma lógica de processos biológicos;
Crítica e reverberações na Sociologia
brasileira
 Leitura de Florestan Fernandes: desloca os seus esquemas analíticos em relação
aos pressupostos da matriz teórica “importada”. Ao contrário, sobretudo quando
criativa e relativamente bem-sucedida, a tradução leva a modificações profundas
na própria estruturação dos trabalhos
 Formulação da ideia de capitalismo dependente;
  Abandona-se, crescentemente, um resíduo evolucionista que percebe a aliança
entre modernização, diferenciação e democracia como um telos necessário e
passa-se a conceber a possibilidade de múltiplas variações e arranjos, de acordo
com as condições históricas de ocorrência dos processos de modernização.

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