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Teorias Fatoriais e o surgimento

do BIG FIVE ou modelo dos


Cinco Grandes Fatores (CGF)
Big Five

• O modelo de personalidade mais investigado atualmente é conhecido


como Big Five (BIG-5 ou Modelo dos Cinco Grandes Fatores – CGF),
que explica a personalidade humana a partir de cinco fatores amplos
(Extroversão, Realização [Conscienciosidade], Socialização
[Agradabilidade], Neuroticismo e Abertura à experiência).
• O modelo dos CGF ganhou muita visibilidade no meio acadêmico
devido às inúmeras replicações ao redor do mundo – o que suporta a
universalidade do modelo.
Teorias Fatoriais

• As teorias fatoriais buscaram agrupar


descritores (adjetivos e verbos no
particípio) que compartilhassem
características em comum.
• Por exemplo, é plausível pensar que
características como ansiedade,
irritação e insegurança sejam parte de
um fator mais amplo, conhecido nos
CGF como instabilidade emocional (ou
neuroticismo), uma vez que tendem a
coexistir em muitas pessoas.
Teorias Fatoriais
• Partindo do princípio de que descritores de
características psicológicas, como
comportamentos e atitudes, constituem
características relativamente estáveis e
relacionadas entre si.
• Em algum grau, os proponentes das teorias
fatoriais valeram-se de um método
estatístico, conhecido como análise fatorial,
para investigar os agrupamentos de
descritores – razão pela qual as teorias dos
proponentes que usaram esse método
ficaram conhecidas como teorias fatoriais.
Teoria de Allport
A teoria de Allport organizava os traços em uma estrutura hierárquica
de três níveis: cardinais, centrais e secundários.

O nível cardinal é o mais elevado, dominando e modelando o


comportamento, e representa características extremamente
marcantes da pessoa, como o altruísmo da Madre Teresa de Calcutá,
o pessimismo de Schopenhauer ou a persistência de Einstein.

Apesar da força dos traços cardinais, a maioria das pessoas não


apresenta personalidade dominada por um ou dois traços cardinais,
mas, sim, por múltiplos traços.
Teoria de Allport

• Os traços centrais encontram-se no próximo nível da hierarquia e constituem


características com tendências gerais que variam em algum grau na maioria
das pessoas (p. ex., lealdade, empatia, confiança e mau humor).
• Traços centrais estruturam os comportamentos básicos da personalidade
humana.
• Por fim, traços secundários constituem elementos menos estáveis
relacionados a atitudes e preferências que podem se manifestar apenas em
circunstâncias específicas.
• Eles estão no nível inferior da hierarquia e são usados para explicar
incoerências do comportamento humano. Um exemplo seria uma estudante
dedicada, mas que apresenta alta ansiedade diante de provas, o que
acarreta notas baixas (Boundless Psychology, 2016).
Cattell

• Cattell (1950) definiu traço de personalidade como uma estrutura


mental que pode ser inferida a partir do comportamento observado
para explicar a regularidade ou a consistência nesse
comportamento.
• Em 1965, ele conceituou traço de uma forma ainda mais simples,
como “uma tendência de reação relativamente permanente e ampla”
(p. 28), e citou três modalidades de traços, a saber:
• a) traços de capacidade,
• b) traços de temperamento e
• c) traços dinâmicos.
Cattell

• Um traço de capacidade é observado na forma como um indivíduo


responde à complexidade de uma situação quando está ciente de que
objetivos quer alcançar na situação e relaciona-se com a efetividade
com a qual o indivíduo atinge esses objetivos (p. ex., determinação e
persistência).
• Um traço de temperamento é em geral estilístico, no sentido de que
modula o ritmo, a forma e a persistência das respostas das pessoas.
Cattell
• Esse tipo de traço cobre uma grande variedade de respostas
específicas e é muito relacionado com aspectos constitucionais da
pessoa (p. ex., tranquilidade e ansiedade).
• Já os traços dinâmicos relacionam-se com as motivações e os
interesses dos indivíduos, levando-os a agir ativamente para
alcançar alguma meta.
• “Fala-se de traços dinâmicos quando se descrevem indivíduos como
amorosos, ambiciosos, interessados em esportes ou tendo uma
atitude antiautoritária” (Cattell, 1965, p. 28).
Eysenck

• Eysenck (1953) definiu a personalidade como uma organização relativamente


estável e duradoura do caráter, do temperamento, do intelecto e do físico de
uma pessoa, a qual determina seus ajustamentos próprios ao ambiente.
• O autor introduz esses conceitos na sua definição de personalidade para dar a
ideia de que ela envolve sistemas e estruturas de traços.
• Segundo ele, “caráter” denota um sistema pessoal mais ou menos estável e
duradouro de comportamento conativo (vontade); “temperamento” seria um
sistema mais ou menos estável e duradouro de comportamentos afetivos
(emoção); “intelecto” seria seu sistema mais ou menos estável e duradouro de
comportamentos cognitivos (inteligência); e, por fim, “físico” seria seu sistema
mais ou menos estável e duradouro da configuração corporal e seus atributos
neuroendócrinos (p. 2).
Eysenck

• Eysenck acreditava que a personalidade é em grande


parte governada pela biologia e via as pessoas como
tendo duas dimensões específicas de personalidade:
extroversão versus introversão e neuroticismo versus
estabilidade.
• Depois de colaborar com sua esposa, a personologista
teórica Sybil Eysenck, ele acrescentou uma terceira
dimensão a esse modelo: psicoticismo versus
socialização.
MODELO DOS CINCO GRANDES FATORES

• No modelo dos CGF, entende-se que a personalidade pode ser


adequadamente explicada em termos de cinco grandes dimensões
relativamente independentes (pouco relacionadas), as quais são
denominadas no Brasil como Extroversão, Socialização (também referida
como Amabilidade), Realização (também referida como
Conscienciosidade), Neuroticismo e Abertura (Hutz et al., 1998).
• Assim como nos modelos já descritos neste capítulo, adota-se o
pressuposto de que os indivíduos apresentam níveis específicos em cada
um dos fatores e, portanto, as avaliações realizadas a partir dos CGF não
buscam simplesmente alocar as pessoas em categorias específicas,
como extrovertidas ou introvertidas, mas, sim, identificar a sua posição
entre esses polos extremos.
Extroversão
• No modelo dos CGF, Extroversão é definida,
de forma resumida, como o fator que
descreve o nível típico de interações sociais
em que as pessoas se engajam, o quanto
buscam estabelecer contato com outras
pessoas.
• Também destaca o quanto se sentem à
vontade para falar sobre si mesmas, se
preferem fazer tarefas de forma coletiva ou
solitária e quanto conseguem se dirigir a
outras pessoas para manifestar seus
interesses e lutar por seus direitos.
Socialização
• Socialização refere-se à qualidade típica das
interações sociais em que os indivíduos se
envolvem.
• Engloba aspectos como empatia, interesse
em promover o bem-estar das demais
pessoas, esforço para ajudá-las a superar
dificuldades e nível de confiança nos outros.
• Esse fator também é chamado Amabilidade
por alguns autores (Andrade, 2008; Costa et
al., 2008).
Realização
• Realização é o componente da
personalidade que engloba traços como
persistência, esforço e foco na realização de
tarefas relevantes, capacidade de manter a
motivação mesmo diante de dificuldades.
• Além disso, a tendência a antecipar o
resultado de ações, busca de meios para
alcançar metas e objetivos para o futuro.
• Esse fator também é referido como
Conscienciosidade no Brasil (Andrade,
2008).
Neuroticismo
• Neuroticismo é considerado o componente
emocional da personalidade e engloba traços
que envolvem tendências sobre como as
pessoas reagem emocionalmente a situações.
• Esse fator agrega traços que variam desde
estabilidade emocional, um dos polos, até
ansiedade, depressão e baixa autoestima, no
polo oposto.
• Também tem sido definido como a tendência
das pessoas em experienciar emoções
negativas (Hutz & Nunes, 2001; Soto & John,
2016).
Abertura a experiências
• Abertura a experiências é um fator que
agrega traços que indicam, em um polo,
tendência à curiosidade, flexibilidade,
interesses artísticos, busca ativa por novas
experiências, emoções e ideias.
• No outro polo, uma preferência à
manutenção da rotina, um certo nível de
dogmatismo e menor interesse por ter
contato com novas ideias e valores.
Inventário Personalidade DSM 5 TR

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