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Terapias Emergentes (Práticas alternativas)

Sumário
1: Caracterização do fazer psicológico 3
2:Fundamentação teórica 4

3:Relação com as demandas sociais 4

4:Questoes éticas 5

5:Posicionamento dos conselhos (CFP/CRP) 6

6:Práticas alternativas em outros Países 8

7:Referencias..................................................................................................................10

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1: Caracterização do fazer psicológico

Interessa saber quais os motivos que levam um psicólogo a tornar-se um


psicoterapeuta alternativo, qual é a formação necessária para o exercício
dessa prática, que tipo de resultados se tem alcançado e como os terapeutas
descrevem suas experiências (GUSTAVO GAUER, 1997).

Tem permanência de terapia breve. O terapeuta também trabalha para


que o tratamento é para o paciente levar adiante o seu processo de busca
interior (GUSTAVO GAUER, 1997).

As definições variam conforme a abordagem trazida pelo terapeuta,


definição mais aberta como a psicossomática, ou definições mais especificas
como a terapia regressiva a vivência do passado, tem também definições
contraditórias no que se refere na identidade do terapeuta e terapia holística
(GUSTAVO GAUER, 1997).

Terapeuta é o facilitador, outros tomam o cargo como líder e lugar de


poder (GUSTAVO GAUER, 1997).

A descrição vai ocorrer conforme a abordagem. A alta do paciente é


decidida juntos terapeuta/paciente (GUSTAVO GAUER, 1997).

Os terapeutas demonstram vontade de curar rapidamente, dão total


liberdade da fala na sessão, assim não conduz a sessão e deixa total liberdade
para o paciente (GUSTAVO GAUER, 1997).

O terapeuta faz o paciente pensar, lidando com a capacidade de li dar


com seus próprios problemas, ter mudança de visão do mundo e de si mesmo.
As mudanças são percebidas por todos que estão na sua volta e por si próprio
(GUSTAVO GAUER, 1997).

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2:Fundamentação teórica

A teoria de Carl Gustav Jung (1964) apresenta notáveis considerações


acerca das interações entre cultura, mitologia, religião, psicologia e
psicoterapia, introduzindo conceitos de uso relativamente corrente, como
inconsciente coletivo e arquétipo. Na verdade, Jung é um dos autores mais
citados pelos terapeutas alternativos. Fadiman e Frager (1979), em seu
conhecido livro sobre teorias da personalidade reconhecem o interesse nos
sistemas filosóficos orientais ocorrido nos Estados Unidos: Numa época de
contínuo questionamento a respeito dos pontos de vista estabelecidos sobre
religião, ciência e sistemas políticos organizados, há uma busca
correspondente por modelos de comportamento humano alternativos, modelos
que sejam baseados em uma observação diferente e que conduzam a
conclusões alternativas. (p. 281). Tal colocação parece pertinente à situação de
escalada que os sistemas alternativos experimentam atualmente no Brasil.

3:Relação com as demandas sociais

Tratamento pós modernidade, e das mudanças mundiais da psicologia,


são alternativas na medida em que pretende dar conta de problemas
tradicionais reservados a psicologia, os recursos da prática contém elementos
místicos, religiosos ou supersticiosos. O tratamento contem relaxamento e
reflexão, entendido como relação corpo e alma (GUSTAVO GAUER, 1997).

Segundo o site do CRP-SP seguindo o código de ética do profissional


de psicologia mostra que psicologia e misticismo não se misturam.

Bronia Liebesny observa que, se essas atividades não respondem aos


objetivos da Psicologia, obviamente não fazem parte da atividade. A professora
comenta que várias pesquisas sobre a imagem do psicólogo perante o leigo
apontam para a visão de um indivíduo que tem quase superpoderes, com
capacidade de ler a mente e ver o interior do paciente. "Isso advém de sua
sensibilidade de ouvir o sujeito e ajudá-lo a resolver seus problemas - que é já

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algo discutível enquanto conceituação porque não são todas as teorias que
concordam com essa leitura.

4:Questoes éticas

Figueiredo (1996) sugere que devemos confrontar as práticas


alternativas e a psicologia no campo da ética, e que sejam "tomados como
dispositivos de constituição de subjetividade". Segundo ele a psicologia tem
uma diversidade teórica muito grande que se ocupam na configuração
contemporânea das práticas sociais. Portanto, não devemos separar
totalmente as práticas alternativas das teorias psicológicas, pois há muitas
coisas entre eles. Figueiredo ainda diz que os Psicólogos reivindicam para si
um estatuto de cientificidade excluindo totalmente os alternativos. Mas não
percebem que estão descartando outras diversidades de teorias psicológicas.
O que seria necessário é fazer avaliações cientificas, epistemológicas e
metodológicas de cada uma das teorias e das avaliações sobre a eficácia e
eficiência de todas as técnicas antes de desconsiderar ou considerar as
práticas como suspeitas ou reais.

É exatamente dessa forma que o CRP enxerga as coisas, como no


artigo 2° da Resolução 010/97 e o Código de Ética Profissional do Psicólogo,
no item c do Art. 1º e nos itens b, d, e e, f do Art. 2º. O Conselho está
preocupado com a ética, mas não descarta a possibilidade de práticas
relativas. Esse dilema está presente até mesmo dentro das teorias
psicológicas, como por exemplo, exercícios de respiração para ampliação da
consciência. Enquanto essa prática não for comprovada cientificamente, fica
proibido o Psicólogo associar a respiração a alteração do estado de
consciência. Segundo a Coordenadora do CRP-SP, Elisa Zaneratto Rosa, em
artigo do Jornal Psi, se o Psicólogo oferecer qualquer tipo de prática não
reconhecida, ele não poderá relacionar à prestação de serviço psicológico. Se
por acaso ele é Astrólogo e Psicólogo, ele deverá separar as duas funções o
tempo todo, tanto em cartões de visitas, quanto na divulgação de seu trabalho,
e certamente também na hora de exercer as funções.

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O que mais devemos levar em consideração é a estrutura psíquica de
cada ser humano, porque quando se trata disso todo cuidado é pouco.

Pode sim, usar uma técnica que que acalme o paciente, que o deixe
mais à vontade, que diminua as suas angustias, entretanto, estaremos
preparados para lidar com que irá emergir? Estaremos preparados para
acolher o inesperado? Figueiredo (1996) alerta: "O ethos familiarista do
complexo alternativo engendra, à sua revelia, experiências que reafirmam o
desenraizamento, o estranhamento; estas experiências estranhas, contudo, ele
não pode reconhecer e acolher".

5:Posicionamento dos conselhos (CFP/CRP)

Por causa das práticas emergenciais e práticas alternativas que os


profissionais começaram a se identificar, no início do ano 90 (TAVARES,
2003).

A estratégia que foi usada pelo conselho, foi de montar cartazes e


informativos para mostrar os riscos dessas práticas. Essa estratégia era para
melhor esclarecimento da população, pelas práticas que poderiam estar sendo
confundidas (TAVARES, 2003).

Essa relação inicial do conselho foi pela hesitação em releção ao rumo


que estava tomando desde dos anos 80, como diz Luiz Claudio Figueiredo
" ...pelo menos aqui no Brasil, práticas alternativas passou a ser um
xingamento” (Jornal do Psicólogo, n. 43, p.3) (TAVARES, 2003).

O debate interno era grande que várias medidas foram constituídas. Os


profissionais desdão do começo das estratégias usadas pelo conselho já pedia
uma discussão mais profunda, pois trata do saber psicológico. Desta forma em
1990 e 1994 existia uma postura entre as duas posturas, forçando de certa
forma o debate no conselho de psicologia, por parte do conselho uma
resistência de reconhecer o valor do assunto e dos profissionais que o saber
psicológico se encontrava em risco (TAVARES, 2003).

Em 1993 que o conselho passou a reconhecer melhor a pouca eficácia


da terapia alternativa, e começou a se preocupar com o impacto que ela
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poderia dar no âmbito profissional da categoria. No segundo semestre de 2003
o Conselho federal solicitou pareceres sobre o tema, o objetivo foi de fornecer
informações para a Comissão de ética do Conselho Federal para que ele
pudesse se posicionar e normalizar para a categoria (TAVARES, 2003).

Segue artigos:

Art. 1° É permitido ao psicólogo, no exercício profissional, na divulgação


e publicidade, através dos meios de comunicação, vincular ou associar o título
de psicólogo e/ou ao exercício profissional, somente técnicas ou práticas
psicológicas já reconhecidas como próprias do profissional psicólogo e que
estejam de acordo com os critérios científicos estabelecidos no campo da
Psicologia (BRASILIA, 1997).

Art. 2° As técnicas e práticas ainda não reconhecidas pela Psicologia


poderão ser utilizadas no exercício profissional, enquanto recursos
complementares, desde que:(BRASILIA, 1997).

I) estejam em processo de pesquisa conforme critérios dispostos na


Resolução n° 196/96, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde
(BRASILIA, 1997);

II) respeitem os princípios éticos fundamentais do Código de Ética


Profissional do Psicólogo (BRASILIA, 1997);

III) o profissional possa comprovar junto ao CRP a habilitação adequada


para desenvolver aquela técnica (BRASILIA, 1997);

IV) o cliente declare expressamente ter conhecimento do caráter


experimental da técnica e da prática utilizadas (BRASILIA, 1997);

Art. 3° A não observância desta Resolução constituir-se-á em infração


ao Código de Ética Profissional do Psicólogo (BRASILIA, 1997);

Art. 4° Caberá aos Conselhos Regionais orientar, disciplinar e fiscalizar,


junto à categoria, a observância do disposto nesta Resolução (BRASILIA,
1997);

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Art. 5° Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação,
revogadas as disposições em contrário, em especial as Resoluções CFP n°
29/95 de 16/12/95 e 16/94 de 03/12/94 (BRASILIA, 1997).

6:Práticas alternativas em outros Países

Como diz Xiang Ping da universidade de Medicina Chinesa, “A ocidental


baseia-se em análises e radiografias, mas não aborda o todo orgânico. Já a
medicina tradicional chinesa é eficaz na regulação de todo o corpo. Penso que
a combinação das duas medicinas seria perfeita e muito benéfica para as
pessoas.” (SOALHEIRO; NUNES, 2003).

Já Edward Bach, médico Inglês fala “Não existem doenças e sim


doentes”, ele no final do século 19, desenvolveu os florais Bach, uma técnica
bastante divulgada (SOALHEIRO; NUNES, 2003).

Steven Bratman, cientista americano não é muito a favor das práticas


(SOALHEIRO; NUNES, 2003).

Shiatsu, formado em acupuntura, chinês abandonou a direção de uma


clínica na Califórnia que misturava as abordagens, e dedicou-se a estudar as
pesquisas sobre as medicinas alternativas (SOALHEIRO; NUNES, 2003).

Em 1996, Bratman publicou um livro favorável às abordagens


alternativas. “Na época, eu acreditava na medicina alternativa e, portanto,
assumia uma atitude positiva. Além disso, eu ignorava que muitos dos estudos
em que me baseava não eram rigorosos o suficiente para serem levados a
sério”, diz hoje. Depois de estudar mais e encontrar falhas em quase todas as
pesquisas com resultados favoráveis, Bratman chegou a uma conclusão
desanimadora. Segundo ele, todos os estudos somados não são suficientes
para dar razão aos que dizem que essas terapias são um bom jeito de tratar
doenças. Bratman percebeu que a imensa maioria dos estudos científicos
sobre o assunto é pouco rigorosa (SOALHEIRO; NUNES, 2003).

Edzard Ernst, que dirige o Departamento na escola de Medicina na


Península, diz, que "bons estudos são caros". As técnicas, práticas e remédios

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menos rentáveis não encontram apoiadores tão facilmente. Não há muitas
grandes empresas interessadas em divulgar. O departamento de Ernst,
mantido pelas universidades inglesas de Exeter e Plymouth, é uma das cada
vez mais frequentes exceções à regra da falta de pesquisas. “Começamos a
trabalhar há dez anos. Meu objetivo sempre foi e é um só: aplicar as regras da
ciência às técnicas alternativas e complementares”, diz Ernst (SOALHEIRO;
NUNES, 2003).

É um belo avanço, mas ainda é pouco. Enquanto não há pesquisas


suficientes, a medicina alternativa se baseia, muitas vezes, nos resultados
obtidos no consultório, no tratamento de pacientes. O médico americano Jack
Raso, autor de Alternative Healthcare – A Comprehensive Guide (“Tratamento
Alternativo – Um Guia Geral”, sem versão brasileira), classificou esse
conhecimento como “empirismo não-científico”, ressaltando que esse tipo de
controle está muito propenso a falhas de vários tipos. Por exemplo: os
pacientes desses consultórios tendem a simpatizar com seus terapeutas e a
fazer uma análise pouco objetiva. Às vezes a doença passa sozinha e o sujeito,
já inclinado a uma avaliação positiva, fica com a impressão de que o
tratamento é que deu certo (SOALHEIRO; NUNES, 2003)

Apesar da falta de provas da eficácia, há muita gente disposta a usar os


métodos alternativos – inclusive onde menos se espera (SOALHEIRO; NUNES,
2003).

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Referencias:

BRASILIA. ANA MERCêS BAHIA BOCK. (Org.). RESOLUCÃO CFP N°


010/97: RESOLUCÃO CFP N° 010/97 DE 20 DE OUTUBRO DE 1997. 1997.
Disponível em:
<https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/1997/10/resolucao1997_10.pdf>. Acesso
em: 03 jun. 2018.

CRP, Conselho Regional de Psicologia de São Paulo. Psicologia e misticismo não se


misturam. 2004. Disponível em: <http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_
crp/140/frames/fr_questoes_eticas.aspx>. Acesso em: 28 maio 2018.

GUSTAVO GAUER (Brasília). Instituto de Psicologia Ufrgs. Terapias


alternativas: uma questão contemporânea em psicologia. 1997. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931997000200004>.
Acesso em: 03 jun. 2018.

SOALHEIRO, Bárbara; NUNES, Alceu Chiesorin (Ed.). Medicina alternativa: As


terapias não convencionais são cadavez mais populares. Mas, afinal, qual a
diferençaentre elas? Elas funcionam ou não?. 2003. Disponível em:
<https://super.abril.com.br/ciencia/medicina-alternativa/>. Acesso em: 31 out. 2016.

TAVARES, Fátima Regina Gomes (Ed.). Legitimidade Terapêutica no Brasil


Contemporâneo: As Terapias Alternativas no Âmbito do Saber Psicológico. Saúde
Coletiva, Rio de Janeiro, v. 2, n. 13, p.83-104, 2003. Trimestral. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/physis/v13n2/a06v13n2.pdf>. Acesso em: 03 jun. 2018.

http://www.ufrgs.br/e-psico/etica/temas_atuais/terapias-alternativas-texto.html

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