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DESCRIÇÃO

Os principais instrumentos e as técnicas dos processos grupais, os princípios básicos para se trabalhar com grupos, os fenômenos
grupais e as técnicas para trabalho em grupo e dinâmicas de grupo, além de jogos cooperativos e competitivos.

PROPÓSITO
Compreender e conhecer os principais instrumentos e as técnicas dos processos grupais, os princípios básicos para se trabalhar com
grupos, os fenômenos e as técnicas para trabalho e dinâmicas de grupo, além de jogos cooperativos e competitivos, é essencial ao
trabalho do psicólogo em diferentes contextos.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Identificar os princípios básicos do trabalho em grupo

MÓDULO 2

Definir os principais instrumentos e técnicas dos processos grupais

MÓDULO 3

Reconhecer os fenômenos grupais

MÓDULO 4

Diferenciar os grupos cooperativos e competitivos

INTRODUÇÃO
O trabalho com processos grupais é uma das áreas possíveis de atuação do psicólogo e permite que fatores terapêuticos diversos
atuem para a melhora do paciente, por exemplo, quando o assunto envolve grupos psicoterapêuticos.
Neste conteúdo, portanto, entenderemos a importância dos fenômenos grupais, bem como a importância da aplicação de instrumentos e
técnicas dos processos grupais. Veremos, também, as principais técnicas para trabalho e para as dinâmicas de grupo, além de
entendermos a diferença entre os jogos cooperativos e competitivos.

MÓDULO 1
 Identificar os princípios básicos do trabalho em grupo

PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA SE TRABALHAR COM GRUPOS


Podemos dizer que diferentes áreas da Psicologia permitem o trabalho grupal. A psicologia escolar, por exemplo, permite que o
psicólogo escolar desenvolva grupos com alunos, professores, pais e coordenadores. A psicologia social também permite o trabalho
em grupos em contextos diversos, como grupos em penitenciárias ou asilos. A psicologia organizacional e a do trabalho permitem o
desenvolvimento e a aplicação de grupos dentro de uma empresa ou uma organização. A psicologia do esporte também permite a
aplicação da técnica grupal com diferentes tipos de grupos, por exemplo, entre atletas de alto e baixo rendimento, ou atletas
profissionais e amadores.

A psicologia hospitalar permite que o psicólogo monte grupos nos diversos níveis de atenção à saúde, a saber:

 SAÚDE PRIMÁRIA

 SAÚDE SECUNDÁRIA

 SAÚDE TERCIÁRIA

A psicologia clínica também permite o trabalho psicoterápico em grupos. No que tange ao trabalho do psicólogo clínico no contexto de
atendimento a grupos, podemos dizer que toda e qualquer abordagem psicoterápica lhe permite atuar e trabalhar com grupos. Nesse
sentido, tanto a psicanálise quanto a análise do comportamento, as abordagens humanistas fenomenológicas e existenciais, a terapia
cognitiva comportamental, a abordagem centrada na pessoa, podem envolver o trabalho com grupos psicoterápicos.

Uma pergunta que o estudante de Psicologia pode se fazer é: mas por que trabalhar com grupos? Qual seria a vantagem desse tipo de
trabalho?

 RESPOSTA

Existem inúmeras razões do porquê é possível e até recomendado esse tipo de técnica. Um dos principais motivos envolve a eficácia do
processo grupal na comunicação e o alcance de mais pessoas ao mesmo tempo, otimizando o tempo e o trabalho do psicólogo. O
trabalho em grupos pode também envolver uma grande redução de custos ao serviço público, visto que é possível se trabalhar com
muitos pacientes no mesmo espaço de tempo, apresentando uma eficácia semelhante ao processo de trabalho individual.
Outro ponto essencial para entendermos por que o trabalho grupal é tão difundido hoje envolve uma mudança no modelo de atuação em
saúde que visa integrar os aspectos biopsicossociais do paciente. Isso implica olhar o paciente de modo holístico, em todos os seus
contextos (social, biológico e psicológico). Um exemplo de serviço público, da rede de atenção à saúde mental, e que oferece a
modalidade de trabalho grupal são os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Embora nesses serviços o psicólogo também atue com
psicoterapia individual, deveriam ser preferencialmente aplicadas as psicoterapias grupais, devido à eficácia, à efetividade, à otimização
do tempo de trabalho, além do alcance de um número maior de pacientes.

Mas existe alguma preocupação com o sigilo no trabalho grupal?


Será que o psicólogo deve se preocupar em manter o sigilo, ainda que as questões sejam expostas a mais de um indivíduo que não só
o trabalho dual entre um paciente e um terapeuta?

Quanto a isso, vamos ver o que diz o Código de Ética do Profissional da Psicologia, elaborado pelo Conselho Federal de Psicologia
(2005):


ART. 9º – É DEVER DO PSICÓLOGO RESPEITAR O SIGILO PROFISSIONAL A
FIM DE PROTEGER, POR MEIO DA CONFIDENCIALIDADE, A INTIMIDADE DAS
PESSOAS, GRUPOS OU ORGANIZAÇÕES, A QUE TENHA ACESSO NO
EXERCÍCIO PROFISSIONAL.

ART. 10 – NAS SITUAÇÕES EM QUE SE CONFIGURE CONFLITO ENTRE AS


EXIGÊNCIAS DECORRENTES DO DISPOSTO NO ART. 9º E AS AFIRMAÇÕES
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DESTE CÓDIGO, EXCETUANDO-SE OS
CASOS PREVISTOS EM LEI, O PSICÓLOGO PODERÁ DECIDIR PELA QUEBRA
DE SIGILO, BASEANDO SUA DECISÃO NA BUSCA DO MENOR PREJUÍZO.
PARÁGRAFO ÚNICO – EM CASO DE QUEBRA DO SIGILO PREVISTO NO
CAPUT DESTE ARTIGO, O PSICÓLOGO DEVERÁ RESTRINGIR-SE A PRESTAR
AS INFORMAÇÕES ESTRITAMENTE NECESSÁRIAS.

(RESOLUÇÃO CFP Nº 10/2005)

OS ARTIGOS DO CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICÓLOGO CITADOS ACIMA APONTAM QUE,


MESMO EM UM TRABALHO GRUPAL, É DEVER DO PSICÓLOGO RESPEITAR O SIGILO.
CONTUDO, O PSICÓLOGO PODERÁ DECIDIR SOBRE A QUEBRA DO SIGILO QUANDO
HOUVER SITUAÇÕES COMO RISCO DE VIDA A SI MESMO OU A OUTREM DE FIRME
EXPOSTA NO CONTEXTO EM QUESTÃO. PODEMOS ENTENDER ENTÃO QUE O SIGILO
PROFISSIONAL DEVE ESTAR PRESENTE NO TRABALHO DO PSICÓLOGO, ESTEJA ELE
ATUANDO DE MODO INDIVIDUAL OU GRUPAL. ESSE PROFISSIONAL ESTÁ SUJEITO ÀS
PENALIDADES ÉTICAS DESCRITAS NO CÓDIGO DE ÉTICA, A SABER: ADVERTÊNCIA,
MULTA, CENSURA PÚBLICA, SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL OU
CASSAÇÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL.
Mas como o psicólogo pode trabalhar o sigilo com os membros do grupo?

Pode fazer algumas orientações verbais no sentido de pedir para os participantes do grupo que o que acontece no grupo deve ficar no
grupo a fim de preservar os assuntos que são ditos e até a identidade dos outros membros.

Deve ainda orientar os participantes a respeitar os assuntos que são ditos, e uma das maneiras de prestar respeito é não divulgar o que
acontece no grupo.

O trabalho grupal não é exclusivo da classe do psicólogo. Sabemos que diversos tipos de profissionais da saúde mental e de outras
áreas podem desempenhar essa técnica, sobretudo, enfermeiros, assistentes sociais, psiquiatras. Tais grupos podem ter diferentes
enfoques, planos de ação, objetivos diferentes, durações diferentes e orientações teóricas diferentes.
A PSICOLOGIA DO TRABALHO EM GRUPO
A doutora Mariana Fortunata Donadon reflete sobre os aspectos psicoterápicos do trabalho com grupo.

PRINCIPAIS RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO NO TRABALHO EM GRUPOS

Existe hoje uma possibilidade ampla de configuração de grupos, e o psicólogo pode aplicar todos eles desde que tenha a formação
teórica e técnica para isso e o faça da maneira correta. O psicólogo não pode esquecer que não é todo tipo de paciente que vai se
adaptar ao envolvimento e/ou tratamento em grupo. Muitos pacientes não conseguem se abrir em grupo, e isso pode inclusive
atrapalhar esse tipo de paciente.

Trabalhar com grupos envolve do psicólogo múltiplas habilidades, isso porque ele estará atendendo a diversos pacientes ao mesmo
tempo. Sabendo disso, muitos ruídos e/ou falhas na comunicação grupal podem prejudicar o andamento e a eficácia dos grupos.
Um tipo de ruído muito comum ocorre quando só um paciente quer ser o centro das atenções e desse modo não permite que nenhum
outro fale e/ou se expresse. O psicólogo deve então, nesse tipo de situação, realizar a leitura adequada do ambiente e ser habilidoso a
ponto de intervir e não prejudicar nenhum dos integrantes. Não há problema que o paciente participe de grupos apenas como ouvinte e
não se expresse verbalmente. Só o fato de o paciente conseguir frequentar um grupo, ouvir outras pessoas se expressando e
vivenciando problemas parecidos, permite que ele possa aproveitar as soluções oferecidas e vivenciadas por outros de maneira positiva.

Outro tipo de ruído muito comum no trabalho em grupos pode acontecer quando um paciente inibe algum participante de se expressar
e/ou realiza ataques verbais diretos a alguém. Esse tipo de situação também exigirá do psicólogo o manejo adequado da situação a fim
de não prejudicar os pacientes. É comum também que, muitas vezes, o tema do grupo fique denso ou intenso demais em termos do
assunto que é posto pelos participantes e cabe ao psicólogo realizar o manejo dessa situação, propiciando o entendimento e o
processamento adequado a todos os participantes.

Um recurso que pode auxiliar o terapeuta nessa tarefa grupal envolve a participação de um coterapeuta, ou seja, um psicólogo que
estará presente com a função de observar e intervir, além de colaborar para o bom andamento do grupo e manejo de situações
problemas. Outro recurso que auxilia bastante envolve a avalição acurada dos participantes, antes de formar um grupo de fato.

Avaliação pré-teste

Quando a avaliação é realizada antes de o grupo começar.


Avaliação pós-teste
Quando a avaliação é realizada ao final do grupo.

O psicólogo pode lançar mão de uma avaliação utilizando testes psicológicos, observação direta do paciente, entrevista ou avaliação
clínica. Outro recurso que pode auxiliar o psicólogo na minimização desses ruídos é o aprofundamento nas teorias e técnicas relativas
aos processos grupais e às dinâmicas de grupo.

 SUBTIPOS DE GRUPOS

Existem inúmeros critérios classificativos e/ou subdivisões de grupos que podem conduzi-lo na sua prática profissional. Segundo
Zimerman (2009), os grupos podem ser divididos quanto à sua finalidade, ou seja, o seu propósito e a sua função. Segundo a finalidade,
os grupos podem ser classificados como grupos operativos ou grupos terapêuticos.

GRUPOS OPERATIVOS
Envolvem um conjunto de pessoas que se reúnem em um espaço de tempo e que se propõem a realizar alguma tarefa (explícita ou
implícita). Existem grupos operativos voltados ao ensino e à aprendizagem, como, por exemplo, grupos psicoeducativos. Existem
também os grupos institucionais, que são grupos operativos realizados em alguma instituição e que têm a finalidade de desenvolver
alguma habilidade. Podemos citar como exemplos grupos de pacientes portadores de dor crônica ou com câncer de mama, nos quais os
participantes se reúnem com o propósito de trocar informação, auxílio e intervenção sobre sentimentos de medo, e podem envolver o
trabalho sobre a resolução de problemas específicos.

Outro tipo de grupos operativos são os grupos comunitários, muito bem desenvolvidos dentro da área da saúde mental. Esses grupos
podem ter a finalidade de trabalhar aspectos de prevenção e/ou de promoção de saúde, intervir em algum tipo de tratamento específico
e como manejá-lo ou ainda funcionar como modo de reabilitação.

GRUPOS TERAPÊUTICOS
Envolvem um conjunto de pessoas que se reúnem com finalidade terapêutica. Nesse sentido, existem os grupos de autoajuda, nos
quais um grupo de pessoas com problemas semelhantes se reúnem a fim de um colaborar com o outro. Um clássico exemplo envolve
os grupos de alcoólicos anônimos e narcóticos anônimos.

Grupos de autoajuda não necessitam de um profissional formado em Psicologia para a sua execução, podendo ser conduzidos ou
liderados por algum membro do próprio grupo e que também sofre do mesmo problema. No que tange ainda aos grupos terapêuticos,
existem os grupos psicoterápicos, que são conduzidos por profissionais formados em Psicologia e que têm como finalidade a utilização
de um enfoque teórico e metodológico específico a fim de auxiliar o grupo de pacientes na elaboração de questões diversas.

Outra divisão dos grupos pode ser feita no que tange aos seus tipos. Existem então os grupos homogêneos, os grupos heterogêneos,
grupos abertos e grupos fechados.

GRUPOS HOMOGÊNEOS
GRUPOS HETEROGÊNEOS
GRUPOS ABERTOS
GRUPOS FECHADOS
São grupos nos quais os participantes devem possuir alguma característica em comum. Por exemplo: grupo de pessoas com Parkinson,
grupo de pacientes com dor crônica.

São grupos nos quais os participantes têm diferentes características ou problemas. Por exemplo: um grupo de pacientes com
depressão, esquizofrenia e dor crônica.

São grupos nos quais não há um prazo para término e permitem que os participarem entrem e saiam quando quiserem.

São grupos nos quais há um prazo para término e, geralmente, não permitem que os participarem entrem e saiam quando quiserem.

Outro ponto de vista dos grupos diz respeito aos diferentes papéis que os integrantes podem desempenhar durante o trabalho do grupo.
Segundo Zimerman (2009), os integrantes de um grupo podem desempenhar diferentes papéis, a saber: porta-voz, radar, instigador,
sabotador, apaziguador, líder.

O líder de um grupo é, na maioria das vezes, a figura que, naturalmente, conduz o tema da discussão do grupo e serve de inspiração
para os demais membros. Um exemplo de um líder acontece quando um participante assume a condução do grupo e traz assuntos que
fazem sentido naquele momento. O líder pode também fazer comentários sobre os assuntos que outros participantes conseguem trazer
para o grupo.

Já a figura apaziguadora é aquele indivíduo que tenta apagar incêndios e colocar panos quentes em temas conflituosos. Isso pode
acontecer, por exemplo, quando surge um ponto de tensão em relação a alguma polêmica, como acusações ou determinação de culpa
por parte dos membros do grupo, e um participante assume a posição de realizar um comentário a fim de que o assunto deixe de
provocar conflito entre os integrantes.

A figura do sabotador é aquela desempenhada por participantes que criam obstáculos e prejudicam o bom andamento do grupo.
Geralmente, é aquele participante que fica resistente à mudança. Um exemplo pode acontecer quando um assunto é colocado por um
dos membros do grupo e um outro participante aponta comentários deletérios, depreciativos, ou ainda empecilhos para as soluções que
os demais integrantes sugerem.

O participante com perfil instigador é aquele que costuma fazer intrigas e perturbar o bom andamento do grupo. Já o participante que
assume o papel de radar é aquele que compreende, antes dos demais, quais são os sinais de ansiedades e angústias do grupo. Por
fim, o participante que assume a função de porta-voz é aquele que geralmente comunica necessidades, sentimentos de maneira verbal
ou não verbal.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Cuidados do psicólogo com o sigilo profissional no trabalho em grupos

Comparação entre grupos operativos e grupos terapêuticos


VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2
 Definir os principais instrumentos e técnicas dos processos grupais

FENÔMENOS GRUPAIS

 OS GRUPOS SOCIAIS E SUA IMPORTÂNCIA

O ser humano é um ser social, ou seja, desde o seu nascimento já está inserido em seu primeiro grupo: o familiar. Dentro desse grupo,
é possível aprender inúmeras questões sociais e culturais. À medida que o indivíduo cresce, outros grupos ou instituições irão fazer
parte da vida social daquele sujeito, tais como: grupo de amigos, grupos de estudos, grupos de trabalho.

Um grupo social pode ser descrito como um conjunto de pessoas que se juntam e se organizam a fim de conquistarem algum objetivo.
Um exemplo de grupo social realizando algum objetivo é uma família que se reúne a fim de decidir onde serão as férias de final de ano e
como operacionalizar a viagem (SANTOS, 2005; SOARES, 2006; ZIMERNAN, 2007).

É comum a confusão terminológica dentro do contexto da abordagem grupal e, por isso, cabe um esclarecimento.

Qual a diferença entre o treinamento grupal e a psicoterapia grupal voltada à psicoeducação?

Um treinamento envolverá o trabalho sobre uma ou mais de uma habilidade específica, na qual o indivíduo necessita melhorar a sua
performance, ou seja, visa adquirir uma habilidade técnica a fim de melhorar seu desempenho em tarefas específicas.


Um grupo psicoeducativo possui a função de, além de levar determinadas informações a um ou mais pacientes, diminuir o sofrimento
do indivíduo, bem como levá-lo a obter autoconhecimento e a melhorar sua qualidade de vida.
 FATORES TERAPÊUTICOS SEGUNDO YALOM

Uma questão que pode passar pela cabeça do estudante de Psicologia é:

O trabalho em grupo é eficaz? É efetivo?


Em comparação ao tratamento individual, qual seria o método mais eficaz?
Existe algum modo de medir o progresso do paciente em terapia grupal?

A literatura tem mostrado que o trabalho em grupo é tão eficaz quanto o método do trabalho individual. Segundo Yalom (1990), inúmeros
fatores terapêuticos grupais podem acontecer dentro de um processo grupal e demarcar a evolução do paciente no grupo, bem como a
evolução do grupo em si. Tais fatores não são observados, muitas vezes, de modo explícito ou objetivo nos grupos, mas de maneira
implícita e indireta.

A instilação de esperança envolve o ato de inculcar a crença no paciente de que aquele determinado tipo de tratamento é eficaz e
resolutivo. A instilação de esperanças, por sua vez, envolve também as expectativas positivas que o paciente tem naquele modo de
tratar, bem como na eficácia do terapeuta. Já a universalidade envolve a percepção do paciente de que ele não está sozinho no
mundo, que outras pessoas também vivenciam e/ou já vivenciaram determinado tipo de problema. Esse fator é precioso na medida em
que ensina ao paciente estratégias eficazes para solução de problemas que já foram testadas por outros indivíduos.

O grupo também pode propiciar o compartilhamento de informações de maneira muito eficaz. Existe a possibilidade de ocorrerem
instruções didáticas, ou seja, haver o aprendizado sobre determinados aspectos, por exemplo, do funcionamento psíquico, sobre os
modos de ser e como lidar com isso. O processo educativo em grupos pode se expressar de maneira implícita ou explicita. Pode ocorrer
nos grupos também o que é chamado de aconselhamento direto, ou seja, sugestões diretas ou indiretas sobre como resolver
determinado problema.

Já o altruísmo no grupo é manifestado pela vontade dos membros dos grupos de ajudar uns aos outros sem com isso esperar nada em
troca. A vantagem de estar em um grupo relaciona-se ao fato de um membro poder contar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo,
os pacientes são úteis uns aos outros, compartilhando apoio, sugestões e resoluções de problemas entre si.
Já a recapitulação corretiva do grupo familiar primário ocorre quando o grupo se parece com uma família, onde há figuras
semelhantes àquelas que ocorrem no seio familiar. No grupo também é possível que ocorra o desenvolvimento de técnicas de
socialização, ou seja, a aprendizagem social e o desenvolvimento de habilidades sociais básicas. O comportamento imitativo
também é um fator terapêutico que pode contribuir com o desenvolvimento fluido em grupos. Pode ocorrer a modelagem de
comportamentos imitativos advindos do próprio terapeuta e/ou de algum membro do grupo e aprender só observando.

A aprendizagem interpessoal pode se manifestar quando os membros do grupo aprendem uns com os outros, e/ou com a instrução do
terapeuta ou ainda com o compartilhamento de alguma informação discutida. A coesão grupal é também um fator importante que
contribui muito com a evolução daquele tipo de grupo. Um grupo coeso equivale a um grupo unido que pode contribuir com a
assiduidade dos membros e com a busca de soluções conjuntas para o melhor desenvolvimento dos participantes.

A catarse é aquele fator terapêutico que se relaciona com o fato de os pacientes colocarem para fora o que sentem, pensam ou
desejam. Envolve um libertar-se de sentimentos, muitas vezes, confusos na cabeça do paciente, mas que, quando compartilhados,
funcionam como uma forma de alívio e/ou resolução. Por fim, os fatores existenciais envolvem o compartilhamento pelos membros do
grupo de vivências sentidas e experimentadas pelos seres humanos em toda a sua existência.

EM UM GRUPO, PODEM OCORRER E/OU ESTAR PRESENTES UM OU MAIS FATORES


TERAPÊUTICOS. QUANTO MAIS FATORES TERAPÊUTICOS PRESENTES, MELHOR É A
EVOLUÇÃO E CONDUÇÃO DE DETERMINADO GRUPO.
Alguns fatores terapêuticos postulados por Yalom também são postulados por Alexandre (2002) e César (2008). Segundo esses dois
últimos autores, um grupo formado pode também estar envolto de inúmeros processos grupais, tais como:

COESÃO
COOPERAÇÃO

NORMAS

LIDERANÇA

STATUS

PAPÉIS SOCIAIS

A coesão grupal ocorre no grupo quando se percebe que há uma união grupal entre os participantes. Quanto maior a coesão entre os
membros, maior também é o sentimento de pertencimento e satisfação, bem como a comunicação efetiva entre os participantes.
Quando há coesão grupal, percebe-se que um participante tenta colaborar com o outro de forma bastante ativa e envolvente.

Já a cooperação aparece nos grupos quando os membros trabalham em conjunto a fim de conquistar um objetivo em comum, o que os
torna mais próximos, apesar de existirem diferenças. É comum também que, nos grupos, existam normas sobre o seu funcionamento, o
que acarreta certa ordem a respeito disso.

É também muito comum que haja nos grupos um líder, ou seja, um membro que se destaca e se torna responsável implícita ou
explicitamente pela sua condução, manutenção ou envolvimento. Em um grupo, podem estar presentes também certo status sobre o
seu pertencimento, ou seja, os participantes podem sentir orgulho de integrar aquele tipo de grupo e divulgar aos seus pares.

Por fim, pode existir também a necessidade de determinar um papel social aos membros, isso implica a necessidade de cada membro
ter um objetivo específico a desempenhar dentro daquele grupo e até mesmo a divisão de tarefas e/ou divisão de diferentes cargos.

Cabe então, diante do exposto, pensar que o trabalho com grupos é de extrema delicadeza. Por essa razão, recomenda-se que o
indivíduo realize formações específicas a fim de colaborar com o desenvolvimento dos participantes do grupo, além de manejar conflitos
e/ou problemas que possam surgir. Os grupos podem mobilizar forças e influenciar o ser humano. Além disso, consequências boas ou
ruins podem ser mobilizadas como consequência do envolvimento grupal.

FATORES TERAPÊUTICOS DOS GRUPOS


A doutora Mariana Fortunata Donadon contribui para a compreensão dos fenômenos grupais e os princípios terapêuticos implícitos nos
processos grupais.

 TEÓRICOS DOS PROCESSOS GRUPAIS

Um dos primeiros estudiosos de fenômenos grupais e processos grupais foi Kurt Lewin (1890-1947). O psicólogo alemão foi um
importante teórico e pesquisador dentro da área da psicologia social, sobretudo da temática de grupos.

Lewin apontou que, para estudar grupos, é necessário ir a campo, ou seja, o pesquisador deveria participar do grupo.

Um dos conceitos postulados por Kurt Lewin chama-se campo social, definido como entidades sociais que existem dinamicamente em
um grupo.

Outro conceito postulado por Kurt Lewin chama-se espaço vital, que pode ser definido como um pequeno grupo acessível a
determinado indivíduo.

Para Kurt Lewin, o pertencimento a um ou mais grupos pode cumprir diferentes funções para o indivíduo, como satisfazer alguma
necessidade e proporcionar o sentimento de segurança por pertencer, assim como determinar também o seu espaço vital. Esse teórico
apontou ainda que os grupos podem possuir diferentes características, por exemplo, ser um grupo frágil, um grupo firme, um grupo
móvel, um grupo fluído ou ainda um grupo elástico.

Um outro teórico que aplicou a psicoterapia grupal foi Carl Rogers, desenvolvedor da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), uma
abordagem humanista.


Rogers pode ser descrito como pioneiro no surgimento de grupos de encontro ou oficinas de relações humanas com objetivos
psicoterápicos, possuindo a característica de serem grupos vivenciais.

Outro teórico muito importante no estudo dos fenômenos grupais foi Pichón-Riviere (1907-1977). Esse autor definiu alguns conceitos
que facilitariam o início e a manutenção de um grupo, tais como:

APRENDIZAGEM

INTERAÇÃO

VÍNCULO

DESCENTRAMENTO

A aprendizagem grupal pode ser adquirida mediante o contato e a relação entre os participantes do grupo durante as interações grupais
e pode envolver uma apropriação nova da realidade com a finalidade de transformá-la.

A interação pode ser definida como o contato e a troca que se estabelece entre os membros do grupo.

O vínculo, por sua vez, caracteriza-se como uma ligação afetiva entre os membros daquele grupo.

O descentramento envolve a necessidade de o participante do grupo desligar-se de si mesmo para assim conseguir ir em direção ao
outro.

Levy Moreno foi um teórico que fundou a abordagem psicoterápica do psicodrama, de base fenomenológica existencial e que traz a
ideia de que o ser humano é um ser inacabado e um eterno devir. O psicodrama aponta que somente revelando o drama que está por
trás do comportamento é que se pode transformar a existência que justamente produz o drama no ser humano.

David Zimerman também foi um dos grandes nomes de teóricos envolvidos no estudo dos fenômenos grupais e do grupo terapia. Para
esse autor, o ser humano é um ser gregário e que só existe em função da existência dos relacionamentos grupais que ele estabelece
(ZIMERMAN, 2009).
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Diferença entre treinamento e psicoterapia grupal

O psicodrama segundo Levy Moreno

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 3
 Reconhecer os fenômenos grupais

TÉCNICAS PARA TRABALHO EM GRUPO E DINÂMICAS DE


GRUPO

 DINÂMICAS DE GRUPO

Dinâmicas de grupos podem ser definidas como ferramenta de avaliação ou intervenção, que consiste na reunião de um grupo de
indivíduos cumprindo uma determinada atividade proposta a fim de se obter interpretações ou insights sobre alguns aspectos
trabalhados (ZIMERMAN, 2009). As dinâmicas grupais podem ser aplicadas em uma ampla faixa etária, que vai desde infância,
adolescência, até idade adulta e velhice.
As dinâmicas de grupos podem ser aplicadas em uma variedade de contextos, a saber:

ÁREA DA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO

GESTÃO DE PESSOAS

PSICOLOGIA CLÍNICA GRUPAL OU INDIVIDUAL

CONTEXTO DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA

Não são técnicas exclusivas do trabalho do psicólogo, embora esse profissional também as use como importantes recursos avaliativos e
psicoterapêuticos, como já foi mencionado.

 PSICODRAMA

Uma das possibilidades de aplicação do trabalho grupal envolve a metodologia do psicodrama desenvolvida por Levy moreno
(ZIMERMAN, 2009).

O processo de psicodrama envolve necessariamente 3 etapas: aquecimento, dramatização e compartilhamento.


O aquecimento tem como objetivo trazer o indivíduo para o grupo e situá-lo, o que propicia o surgimento de algo novo em determinado
grupo. Algumas possibilidades de aquecimento podem envolver o ato de caminhar, verbalizar, respirar, perceber o corpo, alongar.

Já a dramatização é considerada o clímax da sessão grupal, onde se encenam de fato os papéis a serem representados pelos
integrantes do grupo.

Por fim, segue-se o momento de compartilhamento, como sendo a última etapa, na qual os participantes são convidados a
compartilhar o que sentiram diante da aplicação de tal vivência, o que pensaram e quais sentimentos surgiram desse encontro.
 TÉCNICAS DO TRABALHO EM GRUPO

Existem inúmeras técnicas que podem ser utilizadas no trabalho em grupo (ZIMERMAN, 2009), vamos conhecer algumas delas a
seguir:

TÉCNICA DO SOLILÓQUIO

Esta técnica tem como objetivo ou diretriz que o paciente pense alto como se estivesse com um microfone em sua cabeça. Um exemplo
da aplicação prática dessa técnica ocorre quando o participante fala em voz alta no grupo o que passa pela sua cabeça, permitindo-lhe
expressar suas emoções, seus sentimentos. Assim, ao falar sem julgamentos, percepções novas sobre a situação aparecem.

TÉCNICA DO ROLE-PLAYING

Esta técnica tem como objetivo vivenciar e representar papéis específicos sobre situações vividas na prática ou ainda apenas
imaginadas. Um exemplo de aplicação desta técnica pode envolver a representação do papel de mãe e de filho relatando um problema
vivenciado por eles, de modo que o conflito relatado possa ser resolvido de maneiras diferentes daquela que ocorreu na prática, a fim de
aprender habilidades de resolução de problemas para o futuro. Os papeis de mãe e de filho podem ser representados pelo mesmo
paciente, apenas mudando de cadeira, por exemplo, ou ainda ser representado por diferentes pacientes.

O trabalho em grupo pode necessitar também de um facilitador, ou seja, de um indivíduo que tenha habilidades de conduzir o processo
grupal. O facilitador precisa ser empático, prezar pela busca do autoconhecimento grupal, apresentar atitudes de estima e interesse por
si mesmo, saber ouvir de maneira empática, ser compreensivo com o outro e consigo, demonstrar interesse, ser genuíno com a
expressão de sentimentos, manter-se motivado, incentivar os participantes do grupo e ser solidário (FAILDE, 2014).

Segundo Failde, processos grupais podem facilitar a diminuição de pontos de tensão, desde que o facilitador não exerça uma pressão
pela mudança nos membros do grupo.

Pode ocorrer também um aumento da atenção, da compreensão e aceitação dos participantes consigo e com os outros.

Ainda podem ocorrer mudanças de dentro para fora, afinal, um grupo possibilita diversos questionamentos.

Os processos grupais podem também diminuir as defesas individuais e aumentar as trocas interpessoais.

 JOGOS DRAMÁTICOS

Um recurso extremamente útil na prática do profissional da Psicologia chama-se jogos dramáticos. Tais jogos são úteis para serem
aplicados em qualquer idade, principalmente, na idade adulta. Isso porque o adulto adquire um padrão cultural que, muitas vezes, lhe
tolhem a espontaneidade criadora, tornando-o rígido e inflexível ao lúdico.

Desse modo, os jogos dramáticos envolvendo o aspecto lúdico propiciam também o despertar de todo esse potencial criativo,
imaginativo e espontâneo, possibilitando que quem joga se expresse de maneira mais flexível. Jogar de modo lúdico permite libertar-se
de amarras sociais e/ou culturais e deixa o ser humano desprovido de censuras, julgamentos e/ou críticas sobre esse ato de “brincar”.

Um jogo dramático pode ser descrito como um jogo no qual se faz uso dos recursos lúdicos para a sua aplicação, condução e
observação. A aplicação de um jogo dramático favorece a expressão da espontaneidade e do potencial criativo (YOZO, 1996). O jogo
dramático, por envolver o aspecto lúdico, tem também a finalidade de obtenção de prazer, de relaxar, de representar sem julgamentos
ou censuras, e possibilita a expressão do mundo interno do ser humano.

Uma diferenciação muito importante que o aluno de Psicologia precisa saber é: os jogos dramáticos estão relacionados à abordagem
psicoterápica do psicodrama de Levy Moreno, mas existem também os jogos dramáticos utilizados por atores e atrizes em escolas de
teatros, que, apesar de muito parecidos, possuem inúmeras diferenças entre si.

Jogo dramático aplicado no teatro

Tem a função ou a finalidade de fazer com que o ator ou a atriz se solte, realize um aquecimento e/ou ainda que ensaie algum tipo de
papel para treino na apresentação posterior.

Jogo dramático da abordagem do psicodrama

Tem como finalidade a expressão e a observação de algum drama do mundo interno do sujeito a fim de utilizar essa informação para
promover o autoconhecimento ou para desenvolver estratégias mais efetivas de intervenção.

 ATENÇÃO

Um jogo dramático pode ser aplicado em diferentes contextos. Por exemplo, no contexto do trabalho, pode-se preparar uma atividade de
jogo que envolva o conhecimento e a expressão de habilidades dos funcionários de uma empresa. É possível analisar a representação
de papéis, as dificuldades enfrentadas pelos membros de uma equipe, as potencialidades antes jamais observadas em contexto de
trabalho e o potencial criativo.

No que se refere ao potencial criativo, vale destacar que este é dificilmente observado diretamente no contexto regular de trabalho. Ele é
importante porque permite potencializar a capacidade de criar e inovar do funcionário dentro de sua área de trabalho.

Segundo Yozo (1996), existem algumas características que o jogo dramático deve possuir para ser considerado eficaz e até mesmo
para que seja diferenciado de outros tipos de jogos.

Um jogo dramático é voluntário, nesse sentido, os participantes devem aceitar jogar e querer estar ali sem pressão.

Há também a possibilidade de o jogo ser livre e poder ser interrompido a qualquer momento se assim o jogador o desejar. Mas, apesar
de ser um jogo livre, possui regras bem definidas e/ou delineadas.

No jogo dramático, os participantes necessitam estar de acordo com as regras. Caso algum jogador não as cumpra, deve-se avaliar se
ele as conhecia previamente e se havia concordado com elas, já que o descumprimento das regras implica finalização do jogo. Essa
norma existe porque, caso os participantes não cumpram as regras, o jogo se modifica e não é aplicado da maneira como deveria ser.

Outra característica do jogo dramático é possuir um tempo determinado, ou seja, há um período de duração específico. Esse tempo
pode variar de jogo para jogo, de acordo com a sua necessidade e/ou seus objetivos.

O jogo dramático também necessita ser aplicado em um contexto específico, em um espaço que lhe é próprio. Ele pode variar também
de acordo com o jogo em específico e/ou tipo de jogo.

Também é um aspecto importante do jogo dramático a necessidade da utilização do recurso lúdico, do regaste ao brincar. Essa regra é
fundamental, pois colabora com o potencial criativo, a possibilidade de inovação e o surgimento do novo, além da expressão dos
dramas internos do ser humano.

Por fim, o jogo dramático sempre possui algum objetivo que precisa ser observado por aquele que o aplica e busca acima de tudo a
identificação e a resolução de conflitos internos do ser humano.

Para Yozo (1996), existem também nos jogos dramáticos toda uma estrutura que precisa ser seguida, a saber:
CONTEXTOS ESPECÍFICOS

INSTRUMENTOS ESPECÍFICOS

ETAPAS ESPECÍFICAS

No que se refere aos contextos específicos, existe a possibilidade de envolver um contexto social, grupal ou dramático. Já no que se
refere aos instrumentos, existe a necessidade de um diretor, um ego-auxiliar, um protagonista, um cenário e um auditório, e cada um
deles possui uma função específica dentro do jogo dramático. No que tange às etapas específicas do jogo dramático, existem as
seguintes etapas: aquecimento, dramatização, comentários e processamento.

A PSICOLOGIA DO TRABALHO EM GRUPO


A doutora Mariana Fortunata Donadon fala sobre as particularidades e as diferenças entre psicodrama e jogos dramáticos.

Inúmeros recursos e/ou materiais podem facilitar o desenvolvimento do jogo dramático. Existe a necessidade do preparo adequado da
sala onde o jogo será aplicado, envolvendo espaço apropriado para boa movimentação dos membros, boas condições de iluminação e
ventilação e um ambiente livre de ruídos.

Acima de tudo, o espaço deve ser confortável e agradável aos participantes daquele jogo. Alguns materiais também podem ser
necessários à aplicação do jogo, tais como músicas, lousa, canetas, papéis, isso a depender dos objetivos de cada jogo. Pode existir
também a necessidade de uso de vestimentas específicas. As roupas utilizadas pelos jogadores precisam ser confortáveis, flexíveis ou
leves, possibilitando liberdade de movimentos e ausência de pressão em partes específicas do corpo. Pode haver ainda a necessidade
da retirada de sapatos também.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Definição de dinâmica de grupo

As técnicas de solilóquio e role-playing

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 4
 Diferenciar os grupos cooperativos e competitivos

JOGOS COOPERATIVOS E COMPETITIVOS

 A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS NA PSICOLOGIA

Os jogos assumem uma posição fundamental como recursos interventivos e/ou avaliativos para utilização pelo profissional da
Psicologia. Isso acontece porque jogar envolve o desenvolvimento de uma série de habilidades essenciais à vida em sociedade e/ou
importantes ferramentas que possibilitam despertar e/ou evidenciar habilidades chave.

Jogar envolve o desenvolvimento e a aplicação de habilidades, como seguir regras, respeitar limites, seguir objetivos explícitos, e a
busca por uma meta, por um resultado final. O jogo pode, acima de tudo, passar valores e ser aplicado de forma prazerosa. Quando
isso acontece, consegue-se aprender de forma satisfatória e agradável.

Os jogos, de qualquer tipo, podem favorecer a capacidade criativa e estimular a habilidade mental de imaginação. Os jogos também
podem fornecer instruções e transmitir mensagens importantes, tais como a importância do trabalho em equipe, da divisão de tarefas e
de conviver com o outro ser humano de modo harmônico.
Parece fácil para um profissional da Psicologia aplicar um jogo, porém não é. Além de aplicá-lo, o psicólogo deve ter em mente os
objetivos daquele jogo, a sua finalidade, e a descrição do que se deseja avaliar.

Acima de tudo, enquanto o jogo acontece, o profissional deve ficar atento, observar, anotar, discutir, trazer à tona o que se vivenciou em
um contexto de jogo. Ele também deve estar preparado para o manejo eficaz de conflitos, ou seja, deve contar com habilidades de
manejo ou mediação de conflitos.

O jogar possibilita aprender de modo prático. Jogar também possibilita desenvolver habilidades sociais de inter-relacionamento, de
leitura de ambiente para saber o momento exato de como agir e de quando esperar a sua vez. O jogo também possibilita o
desenvolvimento das habilidades de comunicação e expressão verbal e não verbal pelos participantes.

Podemos comparar metaforicamente o processo de preparar um jogo pelo profissional da Psicologia com o preparo de um alimento. Um
chefe de cozinha deve pensar previamente em quais ingredientes irá precisar para o preparo daquele prato, como deve misturá-los de
modo adequado, e o que esperar como resultado. O mesmo processo acontece no jogo, o psicólogo deve, previamente, preparar os
recursos que irá precisar para a aplicação do jogo, pensar em como distribuir os participantes, o que observar ao longo do jogo e o que
e como discutir ao final da aplicação com os participantes.

 PARTICULARIDADES DOS JOGOS COOPERATIVOS E COMPETITIVOS

Existe uma diferença importante entre jogos cooperativos e competitivos à qual o estudante de Psicologia precisa estar atento.

Jogos cooperativos

Caracterizam-se pelo fato de não haver eliminações ou exclusões, mas envolvem uma tarefa primordial que é o enfoque na colaboração
entre os membros, o estabelecimento de vínculos e parcerias de trabalho. Em tais tipo de jogos, é favorecido o trabalho ético em
conjunto, e todos os participantes são vistos como parceiros, respeitando-se acima de tudo as diferenças. Em suma, um jogo
cooperativo tem como objetivo principal o favorecimento da cooperação, do espírito de união entre os integrantes de um grupo, e visa
enfatizar que todos são peças importantes daquele jogo.


Jogos competitivos

Caracterizam-se pelo fato de os integrantes dos grupos buscarem competir para ganhar, ou seja, preocupam-se apenas com a vitória,
com o resultado. Esse tipo de jogo pode propiciar sentimentos diversos, dentre eles, a rivalidade.

JOGOS COOPERATIVOS E JOGOS COMPETITIVOS


A doutora Mariana Fortunata Donadon fala sobre as particularidades dos jogos cooperativos e competitivos.

A origem dos jogos cooperativos remonta à busca por princípios de solidariedade, inclusão social, espírito de compartilhamento de
conhecimentos e habilidades em equipes em competições que remontam ao século XX. Existem também diversas modalidades de
jogos cooperativos, a saber:

JOGOS COOPERATIVOS DE RESULTADO COLETIVO

JOGOS COOPERATIVOS SEM PERDEDORES

JOGOS DE INVERSÃO

RODÍZIO

Nos jogos cooperativos de resultado coletivo, montam-se dois grupos, porém não há competição entre eles, mas, sim, colaboração.

Já os jogos cooperativos sem perdedores são aqueles nos quais todos os participantes se unem e têm como objetivo alcançar uma
meta em comum.

Os jogos de inversão caracterizam-se pela ausência de equipes elaboradas de maneira fixa, ou seja, há uma constante troca de
membros entre as equipes em determinados momentos.

No caso dos jogos com rodízio, os participantes são convidados a alternar ou mudar de função, permitindo que todos experimentem as
diversas possibilidades na atividade realizada.

Segundo Brotto (1999), mais algumas diferenças entre os jogos cooperativos e competitivos precisam ser ressaltadas. Nos jogos
competitivos, a diversão, normalmente, fica restrita só para alguns participantes, pois certos indivíduos podem desenvolver sentimentos
de derrota diante de uma perda ou ainda sentimentos de fracasso.

Nesse tipo de jogo, o ser humano pode se sentir excluído por não possuir determinada habilidade que se faz essencial para aquela
competição.


Desse modo, caso você não possua a habilidade necessária, não será bom para competir.

 ATENÇÃO

Esse tipo de jogo pode ainda fortalecer sentimentos de desconfiança ou egoísmo. Quem perde pode apenas observar de fora quem de
dentro joga. Outra característica importante dos jogos competitivos é a disseminação de uma falta de solidariedade quando um
resultado negativo acomete a equipe oposta, visto que o que se presa é a competição. Pode ocorrer também uma baixa tolerância a
perdas e/ou uma classificação ruim.
Já os jogos cooperativos costumam ser divertidos para todos que ali se apresentam para participar, pois não há um vencedor apenas.
Todos ganham ao jogar e se envolver com a tarefa.

ESSE TIPO DE JOGO CONTRIBUI PARA A PROPAGAÇÃO DO SENTIMENTO DE


ACEITAÇÃO MÚTUA, JÁ QUE NINGUÉM É EXCLUÍDO OU REJEITADO. TODOS SE AJUDAM
EM PROL DE UM OBJETIVO COMUM, PASSAM A COMPARTILHAR O SUCESSO DE JOGAR
ENTRE SI E SE DIVERTEM JUNTOS.
Outra característica positiva desse tipo de jogo é que ele envolve o desenvolvimento da autoconfiança, já que há a disseminação da
aceitação.


Todos são aceitos para jogar, não há exclusões.


Esse tipo de jogo favorece ainda um caminho importante para flexibilização e evolução, visto que as habilidades de perseverança são
disseminadas e fortalecidas.

Existem alguns contextos nos quais os jogos se inserem de forma mais integrada, como, por exemplo, no contexto escolar ou ainda na
psicologia do esporte. No que tange à avaliação dos jogos no contexto da psicologia escolar, pode-se dizer que tais práticas favorecem
o educar e o aprender de habilidades fundamentais para o desenvolvimento humano. Na escola, desde a infância, é possível inserir a
criança aos jogos, sejam competitivos sejam cooperativos.

Os jogos na infância e na escola assumem uma posição de destaque, pois contribuem para a satisfação de interesses, necessidades
básicas, desejos. Esses jogos possibilitam que a criança esteja inserida na realidade cultural que ali é imposta para ela.

Os jogos cooperativos são fundamentais quando aplicados na Educação Física dentro das escolas (DE ALENCAR et al ., 2019). Esses
jogos têm a função de unir os estudantes entre si, estimular o trabalho em equipe e acima de tudo propagar sentimentos de prazer e
coragem entre os alunos. Deve haver um equilíbrio entre os jogos competitivos e os cooperativos no contexto escolar, embora fique
evidente que há maior propagação de jogos competitivos.
Segundo Batista (2017), em um estudo, foi comparado o perfil de estado de humor entre estudantes que se envolviam em jogos
competitivos e cooperativos. O resultado mostrou que, tanto os jogos competitivos quanto os cooperativos, provocaram nos estudantes
a mesma sensação de humor e prazer. Jogos cooperativos podem, no contexto da educação, colaborar inclusive com uma educação
inclusiva.

No que tange à avaliação dos jogos no contexto da psicologia do esporte, a estimulação desse tipo de atividade traz inúmeros
benefícios. Acredita-se que o jogar, sob esse ponto de vista, associe-se a vantagens diversas, tais como: desenvolvimento físico,
desenvolvimento de habilidades esportivas, melhoria da saúde, prevenção de doenças. Além disso, o jogar estimula desenvolvimento
dos níveis biopsicossociais visto que estimula as habilidades de liderança, iniciativa, disciplina, cooperação, aceitação de regras.

Machado e Gomes (2019) apontam que o estresse competitivo provocado nos jogos que envolvem competição pode provocar baixa
autoestima entre os jogadores. Além disso, o jogador pode preocupar-se por ser avaliado pelas pessoas ao seu redor e por receber um
feedback negativo, impactando diretamente na baixa autoestima.

 ATENÇÃO

Os autores também apontam como um aspecto negativo o desenvolvimento e a estimulação de comportamentos agressivos entre os
jogadores, e que em alguns jogos de competição a agressividade é mais aparente do que em outros. Outro fator negativo também
apontado pode ser o surgimento de sintomas de ansiedade devido à pressão exercida nas competições. Pode ocorrer ainda o
surgimento de uma autoimagem negativa ou até mesmo irrealista frente a competições desenfreadas e/ou exageradas.

Seja o jogo da categoria competitiva ou cooperativa, em ambos os casos é necessário que os participantes se mantenham motivados a
fim de não abandonarem os jogos. A motivação mantém o indivíduo comprometido na tarefa de jogar.

É importante destacar que jogos competitivos podem provocar o adoecimento psíquico já que a busca incessante pelo alto rendimento
pode, ao mesmo tempo, ser prejudicial ao indivíduo. Nesse sentido, o psicólogo deve desenvolver um importante trabalho no auxílio de
atletas, por exemplo, a fim de realizar uma preparação psicológica antes, durante e após os jogos e/ou competições. Tal preparação é
de grande ajuda para buscar o bem-estar desses indivíduos.

De Jesus et al. (2020) realizou uma revisão da literatura e apontou que o psicólogo do esporte consegue intervir e auxiliar grupos de
indivíduos em competições, aliviando pressões e prevenindo o desenvolvimento de doenças psíquicas.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


O uso de jogos pelo profissional psicólogo
Aspectos negativos associados ao uso de jogos segundo Machado e Gomes (2019)

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste material, aprendemos diversas questões intrínsecas ao trabalho grupal e que diferentes áreas da Psicologia permitem
esse tipo de técnica. Vimos que a psicologia escolar, a social, a organizacional, a do trabalho, a do esporte, a hospitalar e a clínica
atuam com o trabalho grupal. Aprendemos que o trabalho em grupo também envolve questões importantes de sigilo, e um treinamento
prévio do terapeuta para condução de grupos é essencial para evitar o aparecimento de ruídos nos grupos.

Conhecemos diversos tipos de grupos, os quais podem ser subdivididos de acordo com sua finalidade, seus objetivos e suas funções.
Existem, portanto, grupos operativos, grupos terapêuticos, grupos homogêneos ou heterógenos, abertos ou fechados. Vimos que o ser
humano é um ser social, ou seja, desde o seu nascimento já se encontra inserido em seu primeiro grupo, o grupo familiar. Dentro desse
grupo, é possível aprender inúmeras questões sociais e culturais. À medida que o indivíduo cresce, outros grupos ou argumentos irão
fazer parte da vida social daquele sujeito, tais como o grupo de amigos, de estudos e de trabalho. Por fim, aprendemos o que são
dinâmicas, jogos dramáticos, jogos competitivos e jogos não competitivos.

 PODCAST
Agora, a doutora Mariana Fortunata Donadon encerra o conteúdo falando sobre os benefícios do uso de processos grupais na
psicoterapia por parte do psicólogo profissional em diferentes contextos.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ALEXANDRE, M. Breve descrição sobre processos grupais. Comum, v. 7, n. 19, 2002.

BATISTA, I. C et al . Estratégia de ensino em Educação Física utilizando jogos cooperativos e competitivos produzem a mesma
sensação de humor. Revista Higei@-Revista Científica de Saúde, v. 1, n. 2, 2017.
BROTTO, F. O. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Dissertação (Mestrado em Educação
Física). Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, 1999.

CÉSAR, J. M. Processos grupais e o plano impessoal, a grupalidade fora no grupo. 2008. Dissertação de Mestrado em Psicologia.
Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal Fluminense, 2008.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Resolução CFP nº 10/2005. Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo.
Brasília, 2005.

DE ALENCAR, G. P. et al . Jogos Cooperativos: relações e importância na educação física escolar. Revista de Ensino, Educação e
Ciências Humanas, v. 20, n. 2, 2019.

DE JESUS, L. F. et al . Adoecimento psíquico em atletas de alto rendimento: a importância da psicologia do esporte. Revista
Educação, Psicologia e Interfaces, v. 4, n. 3, 2020.

FAILDE, I. Manual do facilitador para dinâmicas de grupo. Campinas: Papirus, 2014.

FALKEMBACH, G. A. M. O lúdico e os jogos educacionais. CINTED-Centro Interdisciplinar de Novas Tecnologias na Educação,


UFRGS, 2006.

MACHADO, A. A.; GOMES, R. Psicologia do Esporte: da escola à competição. São Paulo: Fontoura, 2019.

MUNIZ, I. B.; BORGES, C. N. F. Jogos cooperativos, jogos competitivos e a classificação subjetiva. Impulso, v. 23, n. 58, 2013.

SANTOS, C. A construção social do conceito de identidade profissional. Interações: Sociedade e as novas modernidades, n. 8,
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SOARES, N. F. A investigação participativa no grupo social da infância. Currículo sem fronteiras, v. 6, n. 1, 2006.

YALOM, I. D.; CROUCH, E. C. The theory and practice of group psychotherapy. The British Journal of Psychiatry, v. 157, n. 2, 1990.

YOZO, R. Y. K. 100 jogos para grupos: uma abordagem psicodramática para empresas, escolas e clínicas. São Paulo: Ágora, 1996.

ZIMERMAN, D. E. A importância dos grupos na saúde, cultura e diversidade. Vínculo, v. 4, n. 4, 2007.

ZIMERMAN, D. E. Fundamentos básicos das grupoterapias. Porto alegre: Artmed, 2009.

EXPLORE+
Para aprofundar os seus conhecimentos no conteúdo estudado:

Leia:

 O conceito de representação social nas obras de Denise Jodelet e Serge Moscovici , de Rafael Augustus Sêga, publicado em
2000.

 A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon , de Alice Beatriz B. Izique Bastos, publicado em 2010.

 Psicologia de orientação positiva: uma proposta de intervenção no trabalho com grupos em saúde mental , de Patrícia
Mendes Lemos e Francisco Silva Cavalcante Júnior, publicado em 2009.

 Grupos de espera recreativos: proposta para diminuir o índice de evasão em clínica-escola de psicologia , de Fabiana
Ferreira Guerrelhas e Edwiges Ferreira de Mattos Silvares, publicado em 2000.

 Os grupos na produção de conhecimento na psicologia: uma revisão da literatura , de Viviane Velozo Borges, Heidi de Oliveira
Batista e Marcelo Dalla Vecchia, publicado em 2011.

Acesse:
 O site do Grupo Comunitário de Saúde Mental, da USP.

CONTEUDISTA
Mariana Fortunata Donadon

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