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DESCRIÇÃO

Os principais instrumentos e as técnicas dos processos grupais, os princípios básicos para se


trabalhar com grupos, os fenômenos grupais e as técnicas para trabalho em grupo e dinâmicas
de grupo, além de jogos cooperativos e competitivos.

PROPÓSITO
Compreender e conhecer os principais instrumentos e as técnicas dos processos grupais, os
princípios básicos para se trabalhar com grupos, os fenômenos e as técnicas para trabalho e
dinâmicas de grupo, além de jogos cooperativos e competitivos, é essencial ao trabalho do
psicólogo em diferentes contextos.

OBJETIVOS
MÓDULO 1

Identificar os princípios básicos do trabalho em grupo

MÓDULO 2

Definir os principais instrumentos e técnicas dos processos grupais

MÓDULO 3

Reconhecer os fenômenos grupais

MÓDULO 4

Diferenciar os grupos cooperativos e competitivos

INTRODUÇÃO
O trabalho com processos grupais é uma das áreas possíveis de atuação do psicólogo e
permite que fatores terapêuticos diversos atuem para a melhora do paciente, por exemplo,
quando o assunto envolve grupos psicoterapêuticos.

Neste conteúdo, portanto, entenderemos a importância dos fenômenos grupais, bem como a
importância da aplicação de instrumentos e técnicas dos processos grupais. Veremos,
também, as principais técnicas para trabalho e para as dinâmicas de grupo, além de
entendermos a diferença entre os jogos cooperativos e competitivos.
MÓDULO 1
 Identificar os princípios básicos do trabalho em grupo

PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA SE TRABALHAR


COM GRUPOS
Podemos dizer que diferentes áreas da Psicologia permitem o trabalho grupal. A psicologia
escolar, por exemplo, permite que o psicólogo escolar desenvolva grupos com alunos,
professores, pais e coordenadores. A psicologia social também permite o trabalho em grupos
em contextos diversos, como grupos em penitenciárias ou asilos. A psicologia organizacional
e a do trabalho permitem o desenvolvimento e a aplicação de grupos dentro de uma empresa
ou uma organização. A psicologia do esporte também permite a aplicação da técnica grupal
com diferentes tipos de grupos, por exemplo, entre atletas de alto e baixo rendimento, ou
atletas profissionais e amadores.

A psicologia hospitalar permite que o psicólogo monte grupos nos diversos níveis de atenção à
saúde, a saber:

 SAÚDE PRIMÁRIA

 SAÚDE SECUNDÁRIA

 SAÚDE TERCIÁRIA

A psicologia clínica também permite o trabalho psicoterápico em grupos. No que tange ao


trabalho do psicólogo clínico no contexto de atendimento a grupos, podemos dizer que toda e
qualquer abordagem psicoterápica lhe permite atuar e trabalhar com grupos. Nesse sentido,
tanto a psicanálise quanto a análise do comportamento, as abordagens humanistas
fenomenológicas e existenciais, a terapia cognitiva comportamental, a abordagem centrada na
pessoa, podem envolver o trabalho com grupos psicoterápicos.

Uma pergunta que o estudante de Psicologia pode se fazer é: mas por que trabalhar com
grupos? Qual seria a vantagem desse tipo de trabalho?

 RESPOSTA

Existem inúmeras razões do porquê é possível e até recomendado esse tipo de técnica. Um
dos principais motivos envolve a eficácia do processo grupal na comunicação e o alcance de
mais pessoas ao mesmo tempo, otimizando o tempo e o trabalho do psicólogo. O trabalho em
grupos pode também envolver uma grande redução de custos ao serviço público, visto que é
possível se trabalhar com muitos pacientes no mesmo espaço de tempo, apresentando uma
eficácia semelhante ao processo de trabalho individual.

Foto: Shutterstock.com

Outro ponto essencial para entendermos por que o trabalho grupal é tão difundido hoje envolve
uma mudança no modelo de atuação em saúde que visa integrar os aspectos biopsicossociais
do paciente. Isso implica olhar o paciente de modo holístico, em todos os seus contextos
(social, biológico e psicológico). Um exemplo de serviço público, da rede de atenção à saúde
mental, e que oferece a modalidade de trabalho grupal são os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS). Embora nesses serviços o psicólogo também atue com psicoterapia individual,
deveriam ser preferencialmente aplicadas as psicoterapias grupais, devido à eficácia, à
efetividade, à otimização do tempo de trabalho, além do alcance de um número maior de
pacientes.

Mas existe alguma preocupação com o sigilo no trabalho grupal?


Será que o psicólogo deve se preocupar em manter o sigilo, ainda que as questões sejam
expostas a mais de um indivíduo que não só o trabalho dual entre um paciente e um terapeuta?

Quanto a isso, vamos ver o que diz o Código de Ética do Profissional da Psicologia, elaborado
pelo Conselho Federal de Psicologia (2005):


ART. 9º – É DEVER DO PSICÓLOGO RESPEITAR O SIGILO
PROFISSIONAL A FIM DE PROTEGER, POR MEIO DA
CONFIDENCIALIDADE, A INTIMIDADE DAS PESSOAS,
GRUPOS OU ORGANIZAÇÕES, A QUE TENHA ACESSO NO
EXERCÍCIO PROFISSIONAL.

ART. 10 – NAS SITUAÇÕES EM QUE SE CONFIGURE


CONFLITO ENTRE AS EXIGÊNCIAS DECORRENTES DO
DISPOSTO NO ART. 9º E AS AFIRMAÇÕES DOS
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DESTE CÓDIGO,
EXCETUANDO-SE OS CASOS PREVISTOS EM LEI, O
PSICÓLOGO PODERÁ DECIDIR PELA QUEBRA DE SIGILO,
BASEANDO SUA DECISÃO NA BUSCA DO MENOR
PREJUÍZO.

PARÁGRAFO ÚNICO – EM CASO DE QUEBRA DO SIGILO


PREVISTO NO CAPUT DESTE ARTIGO, O PSICÓLOGO
DEVERÁ RESTRINGIR-SE A PRESTAR AS INFORMAÇÕES
ESTRITAMENTE NECESSÁRIAS.

(RESOLUÇÃO CFP Nº 10/2005)

OS ARTIGOS DO CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICÓLOGO CITADOS


ACIMA APONTAM QUE, MESMO EM UM TRABALHO GRUPAL, É
DEVER DO PSICÓLOGO RESPEITAR O SIGILO. CONTUDO, O
PSICÓLOGO PODERÁ DECIDIR SOBRE A QUEBRA DO SIGILO
QUANDO HOUVER SITUAÇÕES COMO RISCO DE VIDA A SI MESMO
OU A OUTREM DE FIRME EXPOSTA NO CONTEXTO EM QUESTÃO.
PODEMOS ENTENDER ENTÃO QUE O SIGILO PROFISSIONAL DEVE
ESTAR PRESENTE NO TRABALHO DO PSICÓLOGO, ESTEJA ELE
ATUANDO DE MODO INDIVIDUAL OU GRUPAL. ESSE
PROFISSIONAL ESTÁ SUJEITO ÀS PENALIDADES ÉTICAS
DESCRITAS NO CÓDIGO DE ÉTICA, A SABER: ADVERTÊNCIA,
MULTA, CENSURA PÚBLICA, SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO
PROFISSIONAL OU CASSAÇÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL.
Mas como o psicólogo pode trabalhar o sigilo com os membros do grupo?

Pode fazer algumas orientações verbais no sentido de pedir para os participantes do grupo que
o que acontece no grupo deve ficar no grupo a fim de preservar os assuntos que são ditos e até
a identidade dos outros membros.

Deve ainda orientar os participantes a respeitar os assuntos que são ditos, e uma das maneiras
de prestar respeito é não divulgar o que acontece no grupo.

O trabalho grupal não é exclusivo da classe do psicólogo. Sabemos que diversos tipos de
profissionais da saúde mental e de outras áreas podem desempenhar essa técnica, sobretudo,
enfermeiros, assistentes sociais, psiquiatras. Tais grupos podem ter diferentes enfoques,
planos de ação, objetivos diferentes, durações diferentes e orientações teóricas diferentes.

A PSICOLOGIA DO TRABALHO EM GRUPO


A doutora Mariana Fortunata Donadon reflete sobre os aspectos psicoterápicos do trabalho
com grupo.
PRINCIPAIS RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO NO TRABALHO
EM GRUPOS

Existe hoje uma possibilidade ampla de configuração de grupos, e o psicólogo pode aplicar
todos eles desde que tenha a formação teórica e técnica para isso e o faça da maneira correta.
O psicólogo não pode esquecer que não é todo tipo de paciente que vai se adaptar ao
envolvimento e/ou tratamento em grupo. Muitos pacientes não conseguem se abrir em grupo, e
isso pode inclusive atrapalhar esse tipo de paciente.

Trabalhar com grupos envolve do psicólogo múltiplas habilidades, isso porque ele estará
atendendo a diversos pacientes ao mesmo tempo. Sabendo disso, muitos ruídos e/ou falhas
na comunicação grupal podem prejudicar o andamento e a eficácia dos grupos.
Imagem: Shutterstock.com

Um tipo de ruído muito comum ocorre quando só um paciente quer ser o centro das atenções e
desse modo não permite que nenhum outro fale e/ou se expresse. O psicólogo deve então,
nesse tipo de situação, realizar a leitura adequada do ambiente e ser habilidoso a ponto de
intervir e não prejudicar nenhum dos integrantes. Não há problema que o paciente participe de
grupos apenas como ouvinte e não se expresse verbalmente. Só o fato de o paciente conseguir
frequentar um grupo, ouvir outras pessoas se expressando e vivenciando problemas parecidos,
permite que ele possa aproveitar as soluções oferecidas e vivenciadas por outros de maneira
positiva.
Imagem: Shutterstock.com

Outro tipo de ruído muito comum no trabalho em grupos pode acontecer quando um paciente
inibe algum participante de se expressar e/ou realiza ataques verbais diretos a alguém. Esse
tipo de situação também exigirá do psicólogo o manejo adequado da situação a fim de não
prejudicar os pacientes. É comum também que, muitas vezes, o tema do grupo fique denso ou
intenso demais em termos do assunto que é posto pelos participantes e cabe ao psicólogo
realizar o manejo dessa situação, propiciando o entendimento e o processamento adequado a
todos os participantes.

Um recurso que pode auxiliar o terapeuta nessa tarefa grupal envolve a participação de um
coterapeuta, ou seja, um psicólogo que estará presente com a função de observar e intervir,
além de colaborar para o bom andamento do grupo e manejo de situações problemas. Outro
recurso que auxilia bastante envolve a avalição acurada dos participantes, antes de formar um
grupo de fato.

Avaliação pré-teste

Quando a avaliação é realizada antes de o grupo começar.


Avaliação pós-teste

Quando a avaliação é realizada ao final do grupo.


O psicólogo pode lançar mão de uma avaliação utilizando testes psicológicos, observação
direta do paciente, entrevista ou avaliação clínica. Outro recurso que pode auxiliar o psicólogo
na minimização desses ruídos é o aprofundamento nas teorias e técnicas relativas aos
processos grupais e às dinâmicas de grupo.

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 SUBTIPOS DE GRUPOS

Existem inúmeros critérios classificativos e/ou subdivisões de grupos que podem conduzi-lo na
sua prática profissional. Segundo Zimerman (2009), os grupos podem ser divididos quanto à
sua finalidade, ou seja, o seu propósito e a sua função. Segundo a finalidade, os grupos podem
ser classificados como grupos operativos ou grupos terapêuticos.

GRUPOS OPERATIVOS
Envolvem um conjunto de pessoas que se reúnem em um espaço de tempo e que se propõem
a realizar alguma tarefa (explícita ou implícita). Existem grupos operativos voltados ao ensino e
à aprendizagem, como, por exemplo, grupos psicoeducativos. Existem também os grupos
institucionais, que são grupos operativos realizados em alguma instituição e que têm a
finalidade de desenvolver alguma habilidade. Podemos citar como exemplos grupos de
pacientes portadores de dor crônica ou com câncer de mama, nos quais os participantes se
reúnem com o propósito de trocar informação, auxílio e intervenção sobre sentimentos de
medo, e podem envolver o trabalho sobre a resolução de problemas específicos.

Outro tipo de grupos operativos são os grupos comunitários, muito bem desenvolvidos dentro
da área da saúde mental. Esses grupos podem ter a finalidade de trabalhar aspectos de
prevenção e/ou de promoção de saúde, intervir em algum tipo de tratamento específico e como
manejá-lo ou ainda funcionar como modo de reabilitação.

GRUPOS TERAPÊUTICOS
Envolvem um conjunto de pessoas que se reúnem com finalidade terapêutica. Nesse sentido,
existem os grupos de autoajuda, nos quais um grupo de pessoas com problemas semelhantes
se reúnem a fim de um colaborar com o outro. Um clássico exemplo envolve os grupos de
alcoólicos anônimos e narcóticos anônimos.

Grupos de autoajuda não necessitam de um profissional formado em Psicologia para a sua


execução, podendo ser conduzidos ou liderados por algum membro do próprio grupo e que
também sofre do mesmo problema. No que tange ainda aos grupos terapêuticos, existem os
grupos psicoterápicos, que são conduzidos por profissionais formados em Psicologia e que
têm como finalidade a utilização de um enfoque teórico e metodológico específico a fim de
auxiliar o grupo de pacientes na elaboração de questões diversas.

Outra divisão dos grupos pode ser feita no que tange aos seus tipos. Existem então os grupos
homogêneos, os grupos heterogêneos, grupos abertos e grupos fechados.

GRUPOS HOMOGÊNEOS
GRUPOS HETEROGÊNEOS
GRUPOS ABERTOS
GRUPOS FECHADOS
São grupos nos quais os participantes devem possuir alguma característica em comum. Por
exemplo: grupo de pessoas com Parkinson, grupo de pacientes com dor crônica.

São grupos nos quais os participantes têm diferentes características ou problemas. Por
exemplo: um grupo de pacientes com depressão, esquizofrenia e dor crônica.

São grupos nos quais não há um prazo para término e permitem que os participarem entrem e
saiam quando quiserem.

São grupos nos quais há um prazo para término e, geralmente, não permitem que os
participarem entrem e saiam quando quiserem.

Outro ponto de vista dos grupos diz respeito aos diferentes papéis que os integrantes podem
desempenhar durante o trabalho do grupo. Segundo Zimerman (2009), os integrantes de um
grupo podem desempenhar diferentes papéis, a saber: porta-voz, radar, instigador, sabotador,
apaziguador, líder.
O líder de um grupo é, na maioria das vezes, a figura que, naturalmente, conduz o tema da
discussão do grupo e serve de inspiração para os demais membros. Um exemplo de um líder
acontece quando um participante assume a condução do grupo e traz assuntos que fazem
sentido naquele momento. O líder pode também fazer comentários sobre os assuntos que
outros participantes conseguem trazer para o grupo.

Já a figura apaziguadora é aquele indivíduo que tenta apagar incêndios e colocar panos
quentes em temas conflituosos. Isso pode acontecer, por exemplo, quando surge um ponto de
tensão em relação a alguma polêmica, como acusações ou determinação de culpa por parte
dos membros do grupo, e um participante assume a posição de realizar um comentário a fim
de que o assunto deixe de provocar conflito entre os integrantes.

Foto: Shutterstock.com

A figura do sabotador é aquela desempenhada por participantes que criam obstáculos e


prejudicam o bom andamento do grupo. Geralmente, é aquele participante que fica resistente à
mudança. Um exemplo pode acontecer quando um assunto é colocado por um dos membros
do grupo e um outro participante aponta comentários deletérios, depreciativos, ou ainda
empecilhos para as soluções que os demais integrantes sugerem.

O participante com perfil instigador é aquele que costuma fazer intrigas e perturbar o bom
andamento do grupo. Já o participante que assume o papel de radar é aquele que compreende,
antes dos demais, quais são os sinais de ansiedades e angústias do grupo. Por fim, o
participante que assume a função de porta-voz é aquele que geralmente comunica
necessidades, sentimentos de maneira verbal ou não verbal.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Cuidados do psicólogo com o sigilo profissional no trabalho em grupos

Comparação entre grupos operativos e grupos terapêuticos

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. O TRABALHO EM GRUPO É UMA DAS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO


E, EMBORA SEJA UMA ATIVIDADE MUITO DIFUNDIDA, CONDUZIR UM GRUPO
NÃO É UMA TAREFA FÁCIL, POIS:

A) O participante não pode conduzir o grupo.

B) O sigilo é quebrado.

C) Não existem ruídos em grupos.

D) Alguns ruídos podem aparecer no grupo.

E) O grupo heterogêneo prejudica o andamento dos grupos.

2. SOBRE A FINALIDADE DOS DIVERSOS TIPOS DE GRUPOS, ESCOLHA A


ALTERNATIVA CORRETA.

A) Existem grupos desoperativos e de imersão.

B) Existem grupos operativos e de automutilação.

C) Existem grupos operativos e de autofixação.

D) Existem grupos operativos e terapêuticos.

E) Existem grupos operativos e de autoinstrução.


GABARITO

1. O trabalho em grupo é uma das áreas de atuação do psicólogo e, embora seja uma
atividade muito difundida, conduzir um grupo não é uma tarefa fácil, pois:

A alternativa "D " está correta.

O psicólogo precisa aprender a desenvolver múltiplas habilidades para trabalhar com grupos.
Isso porque ruídos na comunicação grupal podem prejudicar o andamento e a eficácia dos
grupos. As outras condições mencionadas nas demais alternativas não correspondem ao
objetivo e à consigna mencionados na comanda da questão.

2. Sobre a finalidade dos diversos tipos de grupos, escolha a alternativa correta.

A alternativa "D " está correta.

Segundo a finalidade, os grupos podem ser classificados como operativos ou terapêuticos.


Grupos operativos: conjunto de pessoas reunidas em um espaço de tempo, que se propõe a
realizar alguma tarefa (explícita ou implícita). Existem grupos operativos voltados ao ensino e à
aprendizagem de alguma coisa, por exemplo, grupos psicoeducativos. Grupos terapêuticos:
conjunto de pessoas que se reúnem com finalidade terapêutica.

MÓDULO 2
 Definir os principais instrumentos e técnicas dos processos grupais

FENÔMENOS GRUPAIS

 OS GRUPOS SOCIAIS E SUA IMPORTÂNCIA


O ser humano é um ser social, ou seja, desde o seu nascimento já está inserido em seu
primeiro grupo: o familiar. Dentro desse grupo, é possível aprender inúmeras questões sociais e
culturais. À medida que o indivíduo cresce, outros grupos ou instituições irão fazer parte da
vida social daquele sujeito, tais como: grupo de amigos, grupos de estudos, grupos de trabalho.

Um grupo social pode ser descrito como um conjunto de pessoas que se juntam e se
organizam a fim de conquistarem algum objetivo. Um exemplo de grupo social realizando
algum objetivo é uma família que se reúne a fim de decidir onde serão as férias de final de ano
e como operacionalizar a viagem (SANTOS, 2005; SOARES, 2006; ZIMERNAN, 2007).

É comum a confusão terminológica dentro do contexto da abordagem grupal e, por isso, cabe
um esclarecimento.

Qual a diferença entre o treinamento grupal e a psicoterapia grupal voltada à psicoeducação?


Um treinamento envolverá o trabalho sobre uma ou mais de uma habilidade específica, na qual
o indivíduo necessita melhorar a sua performance, ou seja, visa adquirir uma habilidade técnica
a fim de melhorar seu desempenho em tarefas específicas.


Um grupo psicoeducativo possui a função de, além de levar determinadas informações a um
ou mais pacientes, diminuir o sofrimento do indivíduo, bem como levá-lo a obter
autoconhecimento e a melhorar sua qualidade de vida.

 FATORES TERAPÊUTICOS SEGUNDO YALOM

Uma questão que pode passar pela cabeça do estudante de Psicologia é:

O trabalho em grupo é eficaz? É efetivo?


Em comparação ao tratamento individual, qual seria o método mais eficaz?
Existe algum modo de medir o progresso do paciente em terapia grupal?

A literatura tem mostrado que o trabalho em grupo é tão eficaz quanto o método do trabalho
individual. Segundo Yalom (1990), inúmeros fatores terapêuticos grupais podem acontecer
dentro de um processo grupal e demarcar a evolução do paciente no grupo, bem como a
evolução do grupo em si. Tais fatores não são observados, muitas vezes, de modo explícito ou
objetivo nos grupos, mas de maneira implícita e indireta.
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A instilação de esperança envolve o ato de inculcar a crença no paciente de que aquele


determinado tipo de tratamento é eficaz e resolutivo. A instilação de esperanças, por sua vez,
envolve também as expectativas positivas que o paciente tem naquele modo de tratar, bem
como na eficácia do terapeuta. Já a universalidade envolve a percepção do paciente de que ele
não está sozinho no mundo, que outras pessoas também vivenciam e/ou já vivenciaram
determinado tipo de problema. Esse fator é precioso na medida em que ensina ao paciente
estratégias eficazes para solução de problemas que já foram testadas por outros indivíduos.

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O grupo também pode propiciar o compartilhamento de informações de maneira muito eficaz.


Existe a possibilidade de ocorrerem instruções didáticas, ou seja, haver o aprendizado sobre
determinados aspectos, por exemplo, do funcionamento psíquico, sobre os modos de ser e
como lidar com isso. O processo educativo em grupos pode se expressar de maneira implícita
ou explicita. Pode ocorrer nos grupos também o que é chamado de aconselhamento direto, ou
seja, sugestões diretas ou indiretas sobre como resolver determinado problema.

Já o altruísmo no grupo é manifestado pela vontade dos membros dos grupos de ajudar uns
aos outros sem com isso esperar nada em troca. A vantagem de estar em um grupo relaciona-
se ao fato de um membro poder contar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, os
pacientes são úteis uns aos outros, compartilhando apoio, sugestões e resoluções de
problemas entre si.

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Já a recapitulação corretiva do grupo familiar primário ocorre quando o grupo se parece com
uma família, onde há figuras semelhantes àquelas que ocorrem no seio familiar. No grupo
também é possível que ocorra o desenvolvimento de técnicas de socialização, ou seja, a
aprendizagem social e o desenvolvimento de habilidades sociais básicas. O comportamento
imitativo também é um fator terapêutico que pode contribuir com o desenvolvimento fluido em
grupos. Pode ocorrer a modelagem de comportamentos imitativos advindos do próprio
terapeuta e/ou de algum membro do grupo e aprender só observando.

A aprendizagem interpessoal pode se manifestar quando os membros do grupo aprendem uns


com os outros, e/ou com a instrução do terapeuta ou ainda com o compartilhamento de
alguma informação discutida. A coesão grupal é também um fator importante que contribui
muito com a evolução daquele tipo de grupo. Um grupo coeso equivale a um grupo unido que
pode contribuir com a assiduidade dos membros e com a busca de soluções conjuntas para o
melhor desenvolvimento dos participantes.
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A catarse é aquele fator terapêutico que se relaciona com o fato de os pacientes colocarem
para fora o que sentem, pensam ou desejam. Envolve um libertar-se de sentimentos, muitas
vezes, confusos na cabeça do paciente, mas que, quando compartilhados, funcionam como
uma forma de alívio e/ou resolução. Por fim, os fatores existenciais envolvem o
compartilhamento pelos membros do grupo de vivências sentidas e experimentadas pelos
seres humanos em toda a sua existência.

EM UM GRUPO, PODEM OCORRER E/OU ESTAR PRESENTES UM


OU MAIS FATORES TERAPÊUTICOS. QUANTO MAIS FATORES
TERAPÊUTICOS PRESENTES, MELHOR É A EVOLUÇÃO E
CONDUÇÃO DE DETERMINADO GRUPO.
Alguns fatores terapêuticos postulados por Yalom também são postulados por Alexandre
(2002) e César (2008). Segundo esses dois últimos autores, um grupo formado pode também
estar envolto de inúmeros processos grupais, tais como:

COESÃO

COOPERAÇÃO
NORMAS

LIDERANÇA

STATUS

PAPÉIS SOCIAIS

A coesão grupal ocorre no grupo quando se percebe que há uma união grupal entre os
participantes. Quanto maior a coesão entre os membros, maior também é o sentimento de
pertencimento e satisfação, bem como a comunicação efetiva entre os participantes. Quando
há coesão grupal, percebe-se que um participante tenta colaborar com o outro de forma
bastante ativa e envolvente.

Já a cooperação aparece nos grupos quando os membros trabalham em conjunto a fim de


conquistar um objetivo em comum, o que os torna mais próximos, apesar de existirem
diferenças. É comum também que, nos grupos, existam normas sobre o seu funcionamento, o
que acarreta certa ordem a respeito disso.


É também muito comum que haja nos grupos um líder, ou seja, um membro que se destaca e
se torna responsável implícita ou explicitamente pela sua condução, manutenção ou
envolvimento. Em um grupo, podem estar presentes também certo status sobre o seu
pertencimento, ou seja, os participantes podem sentir orgulho de integrar aquele tipo de grupo
e divulgar aos seus pares.

Por fim, pode existir também a necessidade de determinar um papel social aos membros, isso
implica a necessidade de cada membro ter um objetivo específico a desempenhar dentro
daquele grupo e até mesmo a divisão de tarefas e/ou divisão de diferentes cargos.

Cabe então, diante do exposto, pensar que o trabalho com grupos é de extrema delicadeza. Por
essa razão, recomenda-se que o indivíduo realize formações específicas a fim de colaborar
com o desenvolvimento dos participantes do grupo, além de manejar conflitos e/ou problemas
que possam surgir. Os grupos podem mobilizar forças e influenciar o ser humano. Além disso,
consequências boas ou ruins podem ser mobilizadas como consequência do envolvimento
grupal.
FATORES TERAPÊUTICOS DOS GRUPOS
A doutora Mariana Fortunata Donadon contribui para a compreensão dos fenômenos grupais e
os princípios terapêuticos implícitos nos processos grupais.

 TEÓRICOS DOS PROCESSOS GRUPAIS

Um dos primeiros estudiosos de fenômenos grupais e processos grupais foi Kurt Lewin (1890-
1947). O psicólogo alemão foi um importante teórico e pesquisador dentro da área da
psicologia social, sobretudo da temática de grupos.

Lewin apontou que, para estudar grupos, é necessário ir a campo, ou seja, o pesquisador
deveria participar do grupo.

Um dos conceitos postulados por Kurt Lewin chama-se campo social, definido como entidades
sociais que existem dinamicamente em um grupo.

Outro conceito postulado por Kurt Lewin chama-se espaço vital, que pode ser definido como
um pequeno grupo acessível a determinado indivíduo.

Para Kurt Lewin, o pertencimento a um ou mais grupos pode cumprir diferentes funções para o
indivíduo, como satisfazer alguma necessidade e proporcionar o sentimento de segurança por
pertencer, assim como determinar também o seu espaço vital. Esse teórico apontou ainda que
os grupos podem possuir diferentes características, por exemplo, ser um grupo frágil, um grupo
firme, um grupo móvel, um grupo fluído ou ainda um grupo elástico.

Um outro teórico que aplicou a psicoterapia grupal foi Carl Rogers, desenvolvedor da
Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), uma abordagem humanista.


Rogers pode ser descrito como pioneiro no surgimento de grupos de encontro ou oficinas de
relações humanas com objetivos psicoterápicos, possuindo a característica de serem grupos
vivenciais.

Outro teórico muito importante no estudo dos fenômenos grupais foi Pichón-Riviere (1907-
1977). Esse autor definiu alguns conceitos que facilitariam o início e a manutenção de um
grupo, tais como:

APRENDIZAGEM

INTERAÇÃO
VÍNCULO

DESCENTRAMENTO

A aprendizagem grupal pode ser adquirida mediante o contato e a relação entre os


participantes do grupo durante as interações grupais e pode envolver uma apropriação nova da
realidade com a finalidade de transformá-la.

A interação pode ser definida como o contato e a troca que se estabelece entre os membros do
grupo.

O vínculo, por sua vez, caracteriza-se como uma ligação afetiva entre os membros daquele
grupo.

O descentramento envolve a necessidade de o participante do grupo desligar-se de si mesmo


para assim conseguir ir em direção ao outro.

Levy Moreno foi um teórico que fundou a abordagem psicoterápica do psicodrama, de base
fenomenológica existencial e que traz a ideia de que o ser humano é um ser inacabado e um
eterno devir. O psicodrama aponta que somente revelando o drama que está por trás do
comportamento é que se pode transformar a existência que justamente produz o drama no ser
humano.

David Zimerman também foi um dos grandes nomes de teóricos envolvidos no estudo dos
fenômenos grupais e do grupo terapia. Para esse autor, o ser humano é um ser gregário e que
só existe em função da existência dos relacionamentos grupais que ele estabelece
(ZIMERMAN, 2009).
Foto: Shutterstock.com

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Diferença entre treinamento e psicoterapia grupal

O psicodrama segundo Levy Moreno

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. SEGUNDO YALOM (1990), EXISTEM ONZE TIPOS DE FATORES


TERAPÊUTICOS. ASSINALE A SEGUIR UM DESSES FATORES.

A) Empatia

B) Altruísmo

C) Colaboração

D) Imitação

E) Receptividade
2. O SER HUMANO É UM SER SOCIAL, OU SEJA, DESDE O SEU NASCIMENTO
JÁ SE ENCONTRA INSERIDO EM SEU PRIMEIRO GRUPO. COM BASE NESSA
INFORMAÇÃO, ESCOLHA A OPÇÃO CORRETA.

A) Um dos primeiros grupos é o grupo familiar.

B) O ser humano não é inserido em grupos.

C) O ser humano não é sociável.

D) O ser humano não vive em grupos.

E) Os grupos não são estruturas sociais.

GABARITO

1. Segundo Yalom (1990), existem onze tipos de fatores terapêuticos. Assinale a seguir um
desses fatores.

A alternativa "B " está correta.

O altruísmo no grupo é manifestado pela vontade de seus membros de ajudar uns aos outros
sem com isso esperar nada em troca. Em outras palavras, os membros do grupo se sentem tão
integrados que buscam e desejam o benefício de seus colegas, gerando uma rede de suporte
entre os seus membros. Os outros fatores mencionados nas demais alternativas não
correspondem aos fatores terapêuticos..

2. O ser humano é um ser social, ou seja, desde o seu nascimento já se encontra inserido em
seu primeiro grupo. Com base nessa informação, escolha a opção correta.

A alternativa "A " está correta.

Assim que o indivíduo nasce, já está inserido em seu primeiro grupo: o grupo familiar. Dentro
desse grupo, é possível aprender inúmeras questões sociais e culturais. À medida que o sujeito
cresce, outros grupos ou argumentos irão fazer parte de sua vida social. As demais alternativas
não refletem o ser humano como um ser social.
MÓDULO 3
 Reconhecer os fenômenos grupais

TÉCNICAS PARA TRABALHO EM GRUPO E


DINÂMICAS DE GRUPO

 DINÂMICAS DE GRUPO

Dinâmicas de grupos podem ser definidas como ferramenta de avaliação ou intervenção, que
consiste na reunião de um grupo de indivíduos cumprindo uma determinada atividade proposta
a fim de se obter interpretações ou insights sobre alguns aspectos trabalhados (ZIMERMAN,
2009). As dinâmicas grupais podem ser aplicadas em uma ampla faixa etária, que vai desde
infância, adolescência, até idade adulta e velhice.

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As dinâmicas de grupos podem ser aplicadas em uma variedade de contextos, a saber:


ÁREA DA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO
TRABALHO

GESTÃO DE PESSOAS

PSICOLOGIA CLÍNICA GRUPAL OU INDIVIDUAL

CONTEXTO DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM SALA DE


AULA

Não são técnicas exclusivas do trabalho do psicólogo, embora esse profissional também as
use como importantes recursos avaliativos e psicoterapêuticos, como já foi mencionado.

 PSICODRAMA

Uma das possibilidades de aplicação do trabalho grupal envolve a metodologia do psicodrama


desenvolvida por Levy moreno (ZIMERMAN, 2009).

O processo de psicodrama envolve necessariamente 3 etapas: aquecimento, dramatização e


compartilhamento.
Imagem: Shutterstock.com

O aquecimento tem como objetivo trazer o indivíduo para o grupo e situá-lo, o que propicia o
surgimento de algo novo em determinado grupo. Algumas possibilidades de aquecimento
podem envolver o ato de caminhar, verbalizar, respirar, perceber o corpo, alongar.

Imagem: Shutterstock.com

Já a dramatização é considerada o clímax da sessão grupal, onde se encenam de fato os


papéis a serem representados pelos integrantes do grupo.
Imagem: Shutterstock.com

Por fim, segue-se o momento de compartilhamento, como sendo a última etapa, na qual os
participantes são convidados a compartilhar o que sentiram diante da aplicação de tal vivência,
o que pensaram e quais sentimentos surgiram desse encontro.

 TÉCNICAS DO TRABALHO EM GRUPO

Existem inúmeras técnicas que podem ser utilizadas no trabalho em grupo (ZIMERMAN, 2009),
vamos conhecer algumas delas a seguir:

TÉCNICA DO SOLILÓQUIO

Esta técnica tem como objetivo ou diretriz que o paciente pense alto como se estivesse com
um microfone em sua cabeça. Um exemplo da aplicação prática dessa técnica ocorre quando o
participante fala em voz alta no grupo o que passa pela sua cabeça, permitindo-lhe expressar
suas emoções, seus sentimentos. Assim, ao falar sem julgamentos, percepções novas sobre a
situação aparecem.
TÉCNICA DO ROLE-PLAYING

Esta técnica tem como objetivo vivenciar e representar papéis específicos sobre situações
vividas na prática ou ainda apenas imaginadas. Um exemplo de aplicação desta técnica pode
envolver a representação do papel de mãe e de filho relatando um problema vivenciado por
eles, de modo que o conflito relatado possa ser resolvido de maneiras diferentes daquela que
ocorreu na prática, a fim de aprender habilidades de resolução de problemas para o futuro. Os
papeis de mãe e de filho podem ser representados pelo mesmo paciente, apenas mudando de
cadeira, por exemplo, ou ainda ser representado por diferentes pacientes.

O trabalho em grupo pode necessitar também de um facilitador, ou seja, de um indivíduo que


tenha habilidades de conduzir o processo grupal. O facilitador precisa ser empático, prezar pela
busca do autoconhecimento grupal, apresentar atitudes de estima e interesse por si mesmo,
saber ouvir de maneira empática, ser compreensivo com o outro e consigo, demonstrar
interesse, ser genuíno com a expressão de sentimentos, manter-se motivado, incentivar os
participantes do grupo e ser solidário (FAILDE, 2014).

Segundo Failde, processos grupais podem facilitar a diminuição de pontos de tensão, desde
que o facilitador não exerça uma pressão pela mudança nos membros do grupo.

Pode ocorrer também um aumento da atenção, da compreensão e aceitação dos participantes


consigo e com os outros.


Ainda podem ocorrer mudanças de dentro para fora, afinal, um grupo possibilita diversos
questionamentos.

Os processos grupais podem também diminuir as defesas individuais e aumentar as trocas


interpessoais.

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 JOGOS DRAMÁTICOS

Um recurso extremamente útil na prática do profissional da Psicologia chama-se jogos


dramáticos. Tais jogos são úteis para serem aplicados em qualquer idade, principalmente, na
idade adulta. Isso porque o adulto adquire um padrão cultural que, muitas vezes, lhe tolhem a
espontaneidade criadora, tornando-o rígido e inflexível ao lúdico.
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Desse modo, os jogos dramáticos envolvendo o aspecto lúdico propiciam também o despertar
de todo esse potencial criativo, imaginativo e espontâneo, possibilitando que quem joga se
expresse de maneira mais flexível. Jogar de modo lúdico permite libertar-se de amarras sociais
e/ou culturais e deixa o ser humano desprovido de censuras, julgamentos e/ou críticas sobre
esse ato de “brincar”.

Um jogo dramático pode ser descrito como um jogo no qual se faz uso dos recursos lúdicos
para a sua aplicação, condução e observação. A aplicação de um jogo dramático favorece a
expressão da espontaneidade e do potencial criativo (YOZO, 1996). O jogo dramático, por
envolver o aspecto lúdico, tem também a finalidade de obtenção de prazer, de relaxar, de
representar sem julgamentos ou censuras, e possibilita a expressão do mundo interno do ser
humano.

Uma diferenciação muito importante que o aluno de Psicologia precisa saber é: os jogos
dramáticos estão relacionados à abordagem psicoterápica do psicodrama de Levy Moreno,
mas existem também os jogos dramáticos utilizados por atores e atrizes em escolas de
teatros, que, apesar de muito parecidos, possuem inúmeras diferenças entre si.

Jogo dramático aplicado no teatro

Tem a função ou a finalidade de fazer com que o ator ou a atriz se solte, realize um
aquecimento e/ou ainda que ensaie algum tipo de papel para treino na apresentação posterior.

Jogo dramático da abordagem do psicodrama

Tem como finalidade a expressão e a observação de algum drama do mundo interno do sujeito
a fim de utilizar essa informação para promover o autoconhecimento ou para desenvolver
estratégias mais efetivas de intervenção.

 ATENÇÃO

Um jogo dramático pode ser aplicado em diferentes contextos. Por exemplo, no contexto do
trabalho, pode-se preparar uma atividade de jogo que envolva o conhecimento e a expressão de
habilidades dos funcionários de uma empresa. É possível analisar a representação de papéis,
as dificuldades enfrentadas pelos membros de uma equipe, as potencialidades antes jamais
observadas em contexto de trabalho e o potencial criativo.

No que se refere ao potencial criativo, vale destacar que este é dificilmente observado
diretamente no contexto regular de trabalho. Ele é importante porque permite potencializar a
capacidade de criar e inovar do funcionário dentro de sua área de trabalho.

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Segundo Yozo (1996), existem algumas características que o jogo dramático deve possuir para
ser considerado eficaz e até mesmo para que seja diferenciado de outros tipos de jogos.

Um jogo dramático é voluntário, nesse sentido, os participantes devem aceitar jogar e querer
estar ali sem pressão.
Há também a possibilidade de o jogo ser livre e poder ser interrompido a qualquer momento se
assim o jogador o desejar. Mas, apesar de ser um jogo livre, possui regras bem definidas e/ou
delineadas.

No jogo dramático, os participantes necessitam estar de acordo com as regras. Caso algum
jogador não as cumpra, deve-se avaliar se ele as conhecia previamente e se havia concordado
com elas, já que o descumprimento das regras implica finalização do jogo. Essa norma existe
porque, caso os participantes não cumpram as regras, o jogo se modifica e não é aplicado da
maneira como deveria ser.

Outra característica do jogo dramático é possuir um tempo determinado, ou seja, há um


período de duração específico. Esse tempo pode variar de jogo para jogo, de acordo com a sua
necessidade e/ou seus objetivos.

O jogo dramático também necessita ser aplicado em um contexto específico, em um espaço


que lhe é próprio. Ele pode variar também de acordo com o jogo em específico e/ou tipo de
jogo.

Também é um aspecto importante do jogo dramático a necessidade da utilização do recurso


lúdico, do regaste ao brincar. Essa regra é fundamental, pois colabora com o potencial criativo,
a possibilidade de inovação e o surgimento do novo, além da expressão dos dramas internos
do ser humano.

Por fim, o jogo dramático sempre possui algum objetivo que precisa ser observado por aquele
que o aplica e busca acima de tudo a identificação e a resolução de conflitos internos do ser
humano.

Para Yozo (1996), existem também nos jogos dramáticos toda uma estrutura que precisa ser
seguida, a saber:

CONTEXTOS ESPECÍFICOS

INSTRUMENTOS ESPECÍFICOS
ETAPAS ESPECÍFICAS

No que se refere aos contextos específicos, existe a possibilidade de envolver um contexto


social, grupal ou dramático. Já no que se refere aos instrumentos, existe a necessidade de um
diretor, um ego-auxiliar, um protagonista, um cenário e um auditório, e cada um deles possui
uma função específica dentro do jogo dramático. No que tange às etapas específicas do jogo
dramático, existem as seguintes etapas: aquecimento, dramatização, comentários e
processamento.

A PSICOLOGIA DO TRABALHO EM GRUPO


A doutora Mariana Fortunata Donadon fala sobre as particularidades e as diferenças entre
psicodrama e jogos dramáticos.
Inúmeros recursos e/ou materiais podem facilitar o desenvolvimento do jogo dramático. Existe
a necessidade do preparo adequado da sala onde o jogo será aplicado, envolvendo espaço
apropriado para boa movimentação dos membros, boas condições de iluminação e ventilação
e um ambiente livre de ruídos.

Acima de tudo, o espaço deve ser confortável e agradável aos participantes daquele jogo.
Alguns materiais também podem ser necessários à aplicação do jogo, tais como músicas,
lousa, canetas, papéis, isso a depender dos objetivos de cada jogo. Pode existir também a
necessidade de uso de vestimentas específicas. As roupas utilizadas pelos jogadores precisam
ser confortáveis, flexíveis ou leves, possibilitando liberdade de movimentos e ausência de
pressão em partes específicas do corpo. Pode haver ainda a necessidade da retirada de
sapatos também.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Definição de dinâmica de grupo

As técnicas de solilóquio e role-playing

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. MUITO TEÓRICOS ESTUDARAM GRUPO. ASSINALE A SEGUIR O AUTOR


RESPONSÁVEL PELO PSICODRAMA.
A) Kurt Lewin

B) Carl Rogers

C) Aaron Beck

D) Levy Moreno

E) Freud

2. DINÂMICAS DE GRUPO SÃO RECURSOS DE TRABALHO ÓTIMOS QUE


PODEM SER UTILIZADOS:

A) Apenas por psicólogos.

B) Por indivíduos interessados e preparados na aplicação de dinâmicas e com alguma


finalidade.

C) Por qualquer pessoa.

D) Apenas por gestores.

E) Apenas por psicólogos da Gestalt terapia.

GABARITO

1. Muito teóricos estudaram grupo. Assinale a seguir o autor responsável pelo psicodrama.

A alternativa "D " está correta.

A metodologia do psicodrama foi desenvolvida por Levy Moreno. Os autores mencionados nas
demais alternativas não correspondem ao objetivo e à consigna mencionados na comanda da
questão.

2. Dinâmicas de grupo são recursos de trabalho ótimos que podem ser utilizados:

A alternativa "B " está correta.

Dinâmicas de grupos não são técnicas exclusivas do trabalho do psicólogo, embora esse
profissional também as use como importantes recursos avaliativos e psicoterapêuticos.
Qualquer indivíduo que conheça a aplicação da técnica, bem como tenha objetivos claros do
seu alcance, pode aplicá-la. Os recursos mencionados nas demais alternativas não
correspondem ao objetivo e à consigna mencionados na comanda da questão.

MÓDULO 4
 Diferenciar os grupos cooperativos e competitivos

JOGOS COOPERATIVOS E COMPETITIVOS

 A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS NA PSICOLOGIA

Os jogos assumem uma posição fundamental como recursos interventivos e/ou avaliativos
para utilização pelo profissional da Psicologia. Isso acontece porque jogar envolve o
desenvolvimento de uma série de habilidades essenciais à vida em sociedade e/ou
importantes ferramentas que possibilitam despertar e/ou evidenciar habilidades chave.

Jogar envolve o desenvolvimento e a aplicação de habilidades, como seguir regras, respeitar


limites, seguir objetivos explícitos, e a busca por uma meta, por um resultado final. O jogo pode,
acima de tudo, passar valores e ser aplicado de forma prazerosa. Quando isso acontece,
consegue-se aprender de forma satisfatória e agradável.
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Os jogos, de qualquer tipo, podem favorecer a capacidade criativa e estimular a habilidade


mental de imaginação. Os jogos também podem fornecer instruções e transmitir mensagens
importantes, tais como a importância do trabalho em equipe, da divisão de tarefas e de
conviver com o outro ser humano de modo harmônico.

Parece fácil para um profissional da Psicologia aplicar um jogo, porém não é. Além de aplicá-lo,
o psicólogo deve ter em mente os objetivos daquele jogo, a sua finalidade, e a descrição do que
se deseja avaliar.

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Acima de tudo, enquanto o jogo acontece, o profissional deve ficar atento, observar, anotar,
discutir, trazer à tona o que se vivenciou em um contexto de jogo. Ele também deve estar
preparado para o manejo eficaz de conflitos, ou seja, deve contar com habilidades de manejo
ou mediação de conflitos.

O jogar possibilita aprender de modo prático. Jogar também possibilita desenvolver


habilidades sociais de inter-relacionamento, de leitura de ambiente para saber o momento
exato de como agir e de quando esperar a sua vez. O jogo também possibilita o
desenvolvimento das habilidades de comunicação e expressão verbal e não verbal pelos
participantes.
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Podemos comparar metaforicamente o processo de preparar um jogo pelo profissional da


Psicologia com o preparo de um alimento. Um chefe de cozinha deve pensar previamente em
quais ingredientes irá precisar para o preparo daquele prato, como deve misturá-los de modo
adequado, e o que esperar como resultado. O mesmo processo acontece no jogo, o psicólogo
deve, previamente, preparar os recursos que irá precisar para a aplicação do jogo, pensar em
como distribuir os participantes, o que observar ao longo do jogo e o que e como discutir ao
final da aplicação com os participantes.

 PARTICULARIDADES DOS JOGOS COOPERATIVOS E


COMPETITIVOS

Existe uma diferença importante entre jogos cooperativos e competitivos à qual o estudante de
Psicologia precisa estar atento.

Jogos cooperativos
Caracterizam-se pelo fato de não haver eliminações ou exclusões, mas envolvem uma tarefa
primordial que é o enfoque na colaboração entre os membros, o estabelecimento de vínculos e
parcerias de trabalho. Em tais tipo de jogos, é favorecido o trabalho ético em conjunto, e todos
os participantes são vistos como parceiros, respeitando-se acima de tudo as diferenças. Em
suma, um jogo cooperativo tem como objetivo principal o favorecimento da cooperação, do
espírito de união entre os integrantes de um grupo, e visa enfatizar que todos são peças
importantes daquele jogo.


Jogos competitivos

Caracterizam-se pelo fato de os integrantes dos grupos buscarem competir para ganhar, ou
seja, preocupam-se apenas com a vitória, com o resultado. Esse tipo de jogo pode propiciar
sentimentos diversos, dentre eles, a rivalidade.

JOGOS COOPERATIVOS E JOGOS


COMPETITIVOS
A doutora Mariana Fortunata Donadon fala sobre as particularidades dos jogos cooperativos e
competitivos.

A origem dos jogos cooperativos remonta à busca por princípios de solidariedade, inclusão
social, espírito de compartilhamento de conhecimentos e habilidades em equipes em
competições que remontam ao século XX. Existem também diversas modalidades de jogos
cooperativos, a saber:

JOGOS COOPERATIVOS DE RESULTADO COLETIVO

JOGOS COOPERATIVOS SEM PERDEDORES

JOGOS DE INVERSÃO

RODÍZIO

Nos jogos cooperativos de resultado coletivo, montam-se dois grupos, porém não há
competição entre eles, mas, sim, colaboração.

Já os jogos cooperativos sem perdedores são aqueles nos quais todos os participantes se
unem e têm como objetivo alcançar uma meta em comum.
Os jogos de inversão caracterizam-se pela ausência de equipes elaboradas de maneira fixa, ou
seja, há uma constante troca de membros entre as equipes em determinados momentos.

No caso dos jogos com rodízio, os participantes são convidados a alternar ou mudar de
função, permitindo que todos experimentem as diversas possibilidades na atividade realizada.

Segundo Brotto (1999), mais algumas diferenças entre os jogos cooperativos e competitivos
precisam ser ressaltadas. Nos jogos competitivos, a diversão, normalmente, fica restrita só
para alguns participantes, pois certos indivíduos podem desenvolver sentimentos de derrota
diante de uma perda ou ainda sentimentos de fracasso.

Nesse tipo de jogo, o ser humano pode se sentir excluído por não possuir determinada
habilidade que se faz essencial para aquela competição.


Desse modo, caso você não possua a habilidade necessária, não será bom para competir.

 ATENÇÃO

Esse tipo de jogo pode ainda fortalecer sentimentos de desconfiança ou egoísmo. Quem perde
pode apenas observar de fora quem de dentro joga. Outra característica importante dos jogos
competitivos é a disseminação de uma falta de solidariedade quando um resultado negativo
acomete a equipe oposta, visto que o que se presa é a competição. Pode ocorrer também uma
baixa tolerância a perdas e/ou uma classificação ruim.
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Já os jogos cooperativos costumam ser divertidos para todos que ali se apresentam para
participar, pois não há um vencedor apenas. Todos ganham ao jogar e se envolver com a
tarefa.

ESSE TIPO DE JOGO CONTRIBUI PARA A PROPAGAÇÃO DO


SENTIMENTO DE ACEITAÇÃO MÚTUA, JÁ QUE NINGUÉM É
EXCLUÍDO OU REJEITADO. TODOS SE AJUDAM EM PROL DE UM
OBJETIVO COMUM, PASSAM A COMPARTILHAR O SUCESSO DE
JOGAR ENTRE SI E SE DIVERTEM JUNTOS.
Outra característica positiva desse tipo de jogo é que ele envolve o desenvolvimento da
autoconfiança, já que há a disseminação da aceitação.


Todos são aceitos para jogar, não há exclusões.


Esse tipo de jogo favorece ainda um caminho importante para flexibilização e evolução, visto
que as habilidades de perseverança são disseminadas e fortalecidas.

Existem alguns contextos nos quais os jogos se inserem de forma mais integrada, como, por
exemplo, no contexto escolar ou ainda na psicologia do esporte. No que tange à avaliação dos
jogos no contexto da psicologia escolar, pode-se dizer que tais práticas favorecem o educar e o
aprender de habilidades fundamentais para o desenvolvimento humano. Na escola, desde a
infância, é possível inserir a criança aos jogos, sejam competitivos sejam cooperativos.

Os jogos na infância e na escola assumem uma posição de destaque, pois contribuem para a
satisfação de interesses, necessidades básicas, desejos. Esses jogos possibilitam que a
criança esteja inserida na realidade cultural que ali é imposta para ela.

Os jogos cooperativos são fundamentais quando aplicados na Educação Física dentro das
escolas (DE ALENCAR et al ., 2019). Esses jogos têm a função de unir os estudantes entre si,
estimular o trabalho em equipe e acima de tudo propagar sentimentos de prazer e coragem
entre os alunos. Deve haver um equilíbrio entre os jogos competitivos e os cooperativos no
contexto escolar, embora fique evidente que há maior propagação de jogos competitivos.
Segundo Batista (2017), em um estudo, foi comparado o perfil de estado de humor entre
estudantes que se envolviam em jogos competitivos e cooperativos. O resultado mostrou que,
tanto os jogos competitivos quanto os cooperativos, provocaram nos estudantes a mesma
sensação de humor e prazer. Jogos cooperativos podem, no contexto da educação, colaborar
inclusive com uma educação inclusiva.

No que tange à avaliação dos jogos no contexto da psicologia do esporte, a estimulação desse
tipo de atividade traz inúmeros benefícios. Acredita-se que o jogar, sob esse ponto de vista,
associe-se a vantagens diversas, tais como: desenvolvimento físico, desenvolvimento de
habilidades esportivas, melhoria da saúde, prevenção de doenças. Além disso, o jogar estimula
desenvolvimento dos níveis biopsicossociais visto que estimula as habilidades de liderança,
iniciativa, disciplina, cooperação, aceitação de regras.
Machado e Gomes (2019) apontam que o estresse competitivo provocado nos jogos que
envolvem competição pode provocar baixa autoestima entre os jogadores. Além disso, o
jogador pode preocupar-se por ser avaliado pelas pessoas ao seu redor e por receber um
feedback negativo, impactando diretamente na baixa autoestima.

 ATENÇÃO

Os autores também apontam como um aspecto negativo o desenvolvimento e a estimulação


de comportamentos agressivos entre os jogadores, e que em alguns jogos de competição a
agressividade é mais aparente do que em outros. Outro fator negativo também apontado pode
ser o surgimento de sintomas de ansiedade devido à pressão exercida nas competições. Pode
ocorrer ainda o surgimento de uma autoimagem negativa ou até mesmo irrealista frente a
competições desenfreadas e/ou exageradas.

Seja o jogo da categoria competitiva ou cooperativa, em ambos os casos é necessário que os


participantes se mantenham motivados a fim de não abandonarem os jogos. A motivação
mantém o indivíduo comprometido na tarefa de jogar.

É importante destacar que jogos competitivos podem provocar o adoecimento psíquico já que
a busca incessante pelo alto rendimento pode, ao mesmo tempo, ser prejudicial ao indivíduo.
Nesse sentido, o psicólogo deve desenvolver um importante trabalho no auxílio de atletas, por
exemplo, a fim de realizar uma preparação psicológica antes, durante e após os jogos e/ou
competições. Tal preparação é de grande ajuda para buscar o bem-estar desses indivíduos.

De Jesus et al. (2020) realizou uma revisão da literatura e apontou que o psicólogo do esporte
consegue intervir e auxiliar grupos de indivíduos em competições, aliviando pressões e
prevenindo o desenvolvimento de doenças psíquicas.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


O uso de jogos pelo profissional psicólogo

Aspectos negativos associados ao uso de jogos segundo Machado e Gomes (2019)


VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. NO QUE TANGE AO CONCEITO DE JOGOS COOPERATIVOS, ESCOLHA A


ALTERNATIVA CORRETA.

A) Jogos cooperativos caracterizam-se pelo fato de envolverem eliminações ou exclusões.

B) Jogos cooperativos caracterizam-se pelo fato de não envolverem eliminações ou exclusões.

C) Jogos cooperativos caracterizam-se pelo fato de não envolverem eliminações, mas ocorrem
exclusões.

D) Jogos cooperativos prejudicam o vínculo entre os participantes do grupo.

E) Jogos cooperativos são antiéticos.

2. NO QUE TANGE AO CONCEITO DE JOGOS COMPETITIVOS, ESCOLHA A


ALTERNATIVA CORRETA.

A) Jogos competitivos caracterizam-se pelo fato de os integrantes dos grupos buscarem


competir para ganhar.

B) Nos jogos competitivos, os integrantes preocupam-se com a vitória, mas não com o
resultado.

C) Nos jogos competitivos, os integrantes não se preocupam com a vitória, só com o resultado.

D) Jogos competitivos não estimulam a rivalidade.

E) Jogos competitivos não se preocupam com a vitória.

GABARITO

1. No que tange ao conceito de jogos cooperativos, escolha a alternativa correta.

A alternativa "B " está correta.


Jogos cooperativos não envolvem eliminações ou exclusões, e sim a colaboração entre os
membros, o estabelecimento de vínculos e parcerias de trabalho. Em tais tipos de jogos, é
favorecido o trabalho ético em conjunto e todos são vistos como parceiros, respeitando-se
acima de tudo as diferenças. As demais alternativas não refletem o conceito de jogos
cooperativos.

2. No que tange ao conceito de jogos competitivos, escolha a alternativa correta.

A alternativa "A " está correta.

Os jogos competitivos caracterizam-se pelo fato de os integrantes dos grupos buscarem


competir para ganhar, ou seja, preocupam-se apenas com a vitória, com o resultado. Esse tipo
de jogo pode propiciar sentimentos diversos, dentre eles a rivalidade. As demais alternativas
não refletem o conceito de jogos competitivos.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste material, aprendemos diversas questões intrínsecas ao trabalho grupal e que
diferentes áreas da Psicologia permitem esse tipo de técnica. Vimos que a psicologia escolar, a
social, a organizacional, a do trabalho, a do esporte, a hospitalar e a clínica atuam com o
trabalho grupal. Aprendemos que o trabalho em grupo também envolve questões importantes
de sigilo, e um treinamento prévio do terapeuta para condução de grupos é essencial para
evitar o aparecimento de ruídos nos grupos.

Conhecemos diversos tipos de grupos, os quais podem ser subdivididos de acordo com sua
finalidade, seus objetivos e suas funções. Existem, portanto, grupos operativos, grupos
terapêuticos, grupos homogêneos ou heterógenos, abertos ou fechados. Vimos que o ser
humano é um ser social, ou seja, desde o seu nascimento já se encontra inserido em seu
primeiro grupo, o grupo familiar. Dentro desse grupo, é possível aprender inúmeras questões
sociais e culturais. À medida que o indivíduo cresce, outros grupos ou argumentos irão fazer
parte da vida social daquele sujeito, tais como o grupo de amigos, de estudos e de trabalho.
Por fim, aprendemos o que são dinâmicas, jogos dramáticos, jogos competitivos e jogos não
competitivos.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ALEXANDRE, M. Breve descrição sobre processos grupais. Comum, v. 7, n. 19, 2002.

BATISTA, I. C et al . Estratégia de ensino em Educação Física utilizando jogos cooperativos e


competitivos produzem a mesma sensação de humor. Revista Higei@-Revista Científica de
Saúde, v. 1, n. 2, 2017.

BROTTO, F. O. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência.


Dissertação (Mestrado em Educação Física). Programa de Pós-Graduação em Educação Física,
Universidade Estadual de Campinas, 1999.

CÉSAR, J. M. Processos grupais e o plano impessoal, a grupalidade fora no grupo. 2008.


Dissertação de Mestrado em Psicologia. Programa de Pós-Graduação em Psicologia,
Universidade Federal Fluminense, 2008.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Resolução CFP nº 10/2005. Aprova o Código de


Ética Profissional do Psicólogo. Brasília, 2005.

DE ALENCAR, G. P. et al . Jogos Cooperativos: relações e importância na educação física


escolar. Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas, v. 20, n. 2, 2019.
DE JESUS, L. F. et al . Adoecimento psíquico em atletas de alto rendimento: a importância da
psicologia do esporte. Revista Educação, Psicologia e Interfaces, v. 4, n. 3, 2020.

FAILDE, I. Manual do facilitador para dinâmicas de grupo. Campinas: Papirus, 2014.

FALKEMBACH, G. A. M. O lúdico e os jogos educacionais. CINTED-Centro Interdisciplinar de


Novas Tecnologias na Educação, UFRGS, 2006.

MACHADO, A. A.; GOMES, R. Psicologia do Esporte: da escola à competição. São Paulo:


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MUNIZ, I. B.; BORGES, C. N. F. Jogos cooperativos, jogos competitivos e a classificação


subjetiva. Impulso, v. 23, n. 58, 2013.

SANTOS, C. A construção social do conceito de identidade profissional. Interações: Sociedade


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SOARES, N. F. A investigação participativa no grupo social da infância. Currículo sem


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YALOM, I. D.; CROUCH, E. C. The theory and practice of group psychotherapy. The British
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YOZO, R. Y. K. 100 jogos para grupos: uma abordagem psicodramática para empresas, escolas
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ZIMERMAN, D. E. A importância dos grupos na saúde, cultura e diversidade. Vínculo, v. 4, n. 4,


2007.

ZIMERMAN, D. E. Fundamentos básicos das grupoterapias. Porto alegre: Artmed, 2009.

EXPLORE+
Para aprofundar os seus conhecimentos no conteúdo estudado:

Leia:

 O conceito de representação social nas obras de Denise Jodelet e Serge Moscovici , de


Rafael Augustus Sêga, publicado em 2000.
 A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon , de Alice Beatriz
B. Izique Bastos, publicado em 2010.

 Psicologia de orientação positiva: uma proposta de intervenção no trabalho com grupos


em saúde mental , de Patrícia Mendes Lemos e Francisco Silva Cavalcante Júnior,
publicado em 2009.

 Grupos de espera recreativos: proposta para diminuir o índice de evasão em clínica-


escola de psicologia , de Fabiana Ferreira Guerrelhas e Edwiges Ferreira de Mattos
Silvares, publicado em 2000.

 Os grupos na produção de conhecimento na psicologia: uma revisão da literatura , de


Viviane Velozo Borges, Heidi de Oliveira Batista e Marcelo Dalla Vecchia, publicado em
2011.

Acesse:

 O site do Grupo Comunitário de Saúde Mental, da USP.

CONTEUDISTA
Mariana Fortunata Donadon

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