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CONCEITOS DE PSICOTERAPIA

Segundo Atkinson (2002), Psicoterapia pode ser conceituada como


tratamento de transtornos mentais por métodos psicológicos, em vez de físicos e
biológicos. Esse termo abrange uma variedade de técnicas, todas as quais
destinadas a ajudar pessoas emocionalmente perturbadas a modificarem seu
comportamento, seus pensamentos e suas emoções, para que possam desenvolver
melhores maneiras de lidar com o estresse e com as outras pessoas.
Artur Scarpato, em seu artigo “Introdução sobre a Psicoterapia”, cita vários
conceitos sobre Psicoterapia. Vejamos alguns:

 Recurso para lidar com as dificuldades da existência em todas as formas


que o sofrimento humano pode assumir, como transtornos psicopatológicos, crises
pessoais, conflitos conjugais e familiares, crises profissionais, distúrbios
psicossomáticos, dificuldades nas transições da vida, etc.;
 É um espaço especial de atenção às dificuldades da vida e aos caminhos
internos para solucioná-los, onde seus resultados demonstram uma grande potência
de transformação de vidas, oferecendo uma oportunidade de compreender e mudar
os padrões de vínculo e relação interpessoal.
Outros autores a definem como terapia que usa diversas técnicas
empregadas em Psicologia para o tratamento de transtornos e problemas psíquicos.
Ou, processo de ajuda, autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.
Psicoterapia é um método de tratamento mediante o qual um profissional
treinado, valendo-se de meios psicológicos, especialmente a comunicação verbal e a
relação terapêutica, realiza, deliberadamente, uma variedade de intervenções, com o
intuito de influenciar um cliente ou paciente, auxiliando-o a modificar problemas de
natureza emocional, cognitiva e comportamental, já que ele procurou com essa
finalidade (STRUPP, 1978 apud CORDIOLI, 2008).
Em termos etimológicos, terapia está relacionada com a cura, então quando
nos referimos à psicoterapia, estamos falando da cura por intermédio da psique. Na
psicoterapia a psique é trabalhada a favor do paciente buscando desenvolvimento
de habilidades que o ajudem a enfrentar as adversidades no presente, ou seja,
podemos conceituá-la também como um processo de mudança, de solução dos
problemas causados pela falta de adaptação frente às dificuldades da vida, de
aprendizado, de como refletir, analisar e tentar viver melhor.
Wampold (2001) diz que a psicoterapia é um tratamento primariamente
interpessoal, baseado em princípios psicológicos, que envolve um profissional
treinado e um paciente ou cliente portador de transtorno mental, problema ou queixa,
o qual solicita ajuda, sendo o tratamento planejado pelo terapeuta com o objetivo de
modificar o transtorno, problema ou queixa, e é adaptado a cada paciente ou cliente
em particular.
De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Psicologia sobre esse
tema, temos:
Art. 1º - A Psicoterapia é prática do psicólogo por se constituir, técnica e
conceitualmente, um processo científico de compreensão, análise e intervenção que
se realiza por meio da aplicação sistematizada e controlada de métodos e técnicas
psicológicas reconhecidos pela ciência, pela prática e pela ética profissional,
promovendo a saúde mental e propiciando condições para o enfrentamento de
conflitos e/ou transtornos psíquicos de indivíduos ou grupos (RESOLUÇÃO CFP N.º
010/00).
Veja algumas resoluções sobre prestação de serviço por meio da psicoterapia
no final deste.
Veremos adiante, que a psicoterapia se distingui de outras modalidades de
tratamento por ser muita mais uma atividade colaborativa entre o paciente e o
terapeuta do que uma ação predominantemente unilateral, exercida por alguém
sobre outra pessoa, como ocorre com outros tratamentos médicos.
Quando falamos de tempo de duração da psicoterapia, isso pode variar de
semanas até anos, vai depender muito do tipo de psicoterapia, da abordagem usada
e dos objetivos que 6 se buscam. Por exemplo, a psicoterapia breve trabalha com
objetivos mais específicos, então é bem mais rápida que uma psicoterapia que vai
trabalhar com uma psicopatologia mais severa, que envolverá conteúdos muito mais
profundos.
A psicoterapia pode ser aplicada para tratar diversos fins como:
 Resolução de conflitos pessoais, interpessoais, conjugais, familiares e
profissionais;
 Amadurecimento pessoal, para um autoconhecimento melhor, reflexão
e descoberta de novos modos de conduzir a própria vida;
 Crises existenciais;
 Transições difíceis como luto;
 Crises profissionais;
 Mudanças de fases de vida (puberdade, adolescência, vida adulta,
menopausa, envelhecimento, etc.);
 No tratamento de vários transtornos como depressão, anorexia, bulimia,
pânico, fobias, frigidez, impotência, etc.

Assim, percebemos que a psicoterapia oferece meios e recursos importantes


para uma compreensão mais ampla do processo de adoecimento assim como
estratégias para lidar com as várias contingências as quais estamos vulneráveis.
São vários os tipos de psicoterapia, podemos citar a psicoterapia individual
para crianças, adolescentes, adultos e idosos, psicoterapia de família, de casal, de
grupo, psicoterapia em situações de crise e emergência.
A psicoterapia é importante, pois vai nos ajudar a perceber questões que
estão obscuras, vai nos ajudar a rever nossa história de vida de um ângulo diferente,
vai nos ensinar a reconhecer nossos padrões de comportamento e aprender formas
de influenciar e lidar com 7 esses padrões que são responsáveis por como nós
agimos, nos relacionamos, pensamos e sentimos.
Artur Scarpato cita alguns motivos importantes que explicam porque a
psicoterapia funciona:

• Ao dividir um problema, o sujeito está compartilhando um problema, e


isso ajuda a aliviar a carga emocional e seu sofrimento.
• O vínculo estabelecido entre terapeuta e cliente tem poder curativo, pois
é mais fácil superar muitas dores mediante uma relação autêntica de respeito mútuo
do que sozinho.
• A psicoterapia faz o sujeito parar para refletir sobre a própria vida e
quando fazemos isso permitimos muitas mudanças de orientação, sentido, rumo e
aprofundamento de nossas experiências.
• O psicoterapeuta vai ajudar a perceber as coisas de um ângulo que você
não tinha visto antes e nem suspeitava ser possível.
• O psicoterapeuta recebeu formação adequada e conhece teorias
psicológicas que ajudam na compreensão do que ocorre com o sujeito, auxiliam a
identificar o que pode estar errado em sua vida, a direção que você está seguindo e
as mudanças de rumo necessárias.
• Ele também tem prática com técnicas que tornam possível descobrir
aspectos da personalidade que seriam inacessíveis a uma observação não treinada e
está preparado para compreender você a partir do vínculo que você estabelece com
ele, das respostas emocionais que você suscita nele.
• Essa presença autêntica no vínculo com o cliente permite que essa
relação funcione como catalisador de processos de mudança como superação dos
efeitos de traumas de relacionamentos anteriores.

De acordo com Cordioli (2008) a psicoterapia, originalmente chamada de cura


pela fala, tem suas origens na medicina antiga, na religião, na cura pela fé e no
hipnotismo. Entretanto, foi ao final do século XIX que ela passou a ser utilizada no
tratamento das doenças denominadas nervosas e mentais, tornando-se uma
atividade médica inicialmente restrita aos psiquiatras. Somente no século XX outros
profissionais passaram a exercê-la, como médicos clínicos, psicólogos, enfermeiros,
assistente sociais, ultrapassando assim as fronteiras do modelo médico.
Na atualidade existe um relativo consenso que as terapias são efetivas, além
de uma concordância que uma boa parte dos seus efeitos deve-se a um conjunto de
fatores que envolvem as técnicas efetivas utilizadas, em que cada abordagem
possui as suas e também fatores específicos a todas as psicoterapias.
Então podemos conceituar a psicoterapia como um tratamento primariamente
interpessoal sendo realizada por um profissional treinado, utilizando meios
psicológicos como forma de influenciar o paciente sendo a comunicação verbal o
principal recurso, como já citamos.
São vários os tipos de psicoterapia, mas todas possuem o mesmo objetivo,
que é reduzir ou remover um problema, queixa ou transtorno, trazido pelo paciente
que busca ajuda.
Cordioli (2008) cita alguns elementos comuns a toda psicoterapia:
 Ela deve ocorrer no contexto de uma relação de confiança
emocionalmente carregada em relação ao terapeuta, pois se o paciente não sente
essa confiança, ficará um pouco difícil haver uma colaboração e assim o paciente não
expressará o que o levou ao setting.
 A psicoterapia ocorre em um contexto terapêutico, no qual o paciente
acredita que o terapeuta irá ajudá-lo e confia que esse objetivo será alcançado, assim
consegue-se estabelecer uma boa relação e permanecer na terapia.
 De acordo com Frank (1973) citado por Cordioli (2008), existe um
racional, um esquema conceitual ou um mito que provê uma explicação plausível para
o desconforto, no caso um sintoma/um problema, e um procedimento ou um ritual 9

para ajudar o paciente a resolvê-lo, ou seja, existe um problema e este pode ser
explicado por uma teoria que com suas técnicas buscará ajudar.

São várias as abordagens que dão suportem aos psicoterapeutas, aqui nos
restringiremos às terapias comportamentais e cognitivo-comportamentais, em que
estas se concentram nas alterações dos padrões habituais de pensamento e
comportamento.
Apesar das diferenças nas técnicas, a maioria dos métodos de psicoterapia
possui características básicas em comum, algumas que envolvem uma relação de
auxílio entre duas pessoas, o cliente e o terapeuta. O cliente é estimulado a discutir
preocupações íntimas e emoções e experiência livremente sem medo de ser julgado
pelo terapeuta ou ter suas confidências traídas; e o terapeuta deve oferecer empatia
e compreensão, engendrando confiança e tentando ajudar o cliente a desenvolver
modos mais eficazes de lidar com seus problemas.

FATORES COMUNS A TODA PSICOTERAPIA

De acordo com Cordioli (2008) existem muitos fatores comuns a todas as


psicoterapias, citaremos alguns:

 A psicoterapia ocorre no contexto de uma relação de confiança


emocionalmente carregada em relação ao terapeuta;
 A psicoterapia ocorre em um contexto terapêutico, no qual o paciente
acredita que o terapeuta irá ajudá-lo e confia que esse objetivo será alcançado;
 Existe um racional, um esquema conceitual ou um mito que prevê uma
explicação plausível para o desconforto/sintoma/problema e um procedimento ou um
ritual para 10 ajudar o paciente a resolvê-lo;
 A psicoterapia é uma relação profissional que ocorre no contexto de uma
relação interpessoal, envolvendo outra pessoa ou um grupo de pessoas;
 Para a terapia ter sucesso é indispensável um contexto terapêutico
favorável, caracterizado por um ambiente de confiança e apoio, no qual o paciente
acredita que o terapeuta irá ajudá-lo e que esse objetivo será atingido;
 A psicoterapia deve proporcionar uma oportunidade para o paciente
expressar emoções, reviver e revisar experiências passadas, particularmente as que
envolvem relacionamentos com figuras importantes do passado, percebendo as
repetições no presente e encontrando novas formas de agir;
 Intervenções específicas são usadas pelo terapeuta, tais são coerentes
com o modelo explicativo sobre a origem e a manutenção dos sintomas, com o
propósito de eliminá-los;
 A terapia deve criar um ambiente que proporcione o entendimento e a
busca de alternativas para modos problemáticos de pensar, sentir e comportar-se;
 A terapia deve proporcionar a oportunidade para novas aprendizagens
por meio da exposição da situação, ideias, sentimentos e comportamentos que
provocam ansiedade, fazendo com que o paciente supere seus medos e hesitações;
 É indispensável o reconhecimento, por parte do paciente, da
necessidade de mudança e de um esforço pessoal para conseguir os resultados
desejados.

EQUÍVOCOS SOBRE A TERAPIA COGNITIVA E COMPORTAMENTAL

Nota-se que a Terapia Cognitiva tem sido frequente e equivocadamente


identificada como Terapia Comportamental, originando a ideia, comum entre
terapeutas treinados na abordagem comportamental, de que estariam naturalmente
habilitados a praticá-la. A abordagem cognitiva e comportamental tem concepções
de ser humano e modelos de personalidade e de psicopatologia diferentes.
Entretanto, isso não quer dizer que elas não possam ser trabalhadas juntas, ao
contrário, muitas pesquisas demonstram que há eficácia quando trabalhadas em 11

conjunto.
A mudança da terapia cognitiva e de suas técnicas para as características
comportamentais requer uma adaptação da visão de ser humano e a adoção dos
modelos cognitivos de personalidade e psicopatologia.
Essa integração de elementos da Terapia Comportamental à Terapia
Cognitiva pode ser feita sim, resultando na assim chamada Terapia Cognitivo-
Comportamental (TCC). Essa fusão é viável desde que as técnicas comportamentais
sejam empregadas com a finalidade de mudar cognições, e não comportamentos, ou
seja, são usadas técnicas comportamentais destinadas a mudar cognições e não
comportamentos. Porém, a mudança de cognições consequentemente modifica
comportamentos. É importante que fique claro que o objetivo primeiro e principal é a
mudança da cognição, mas que resulta na mudança dos comportamentos. Desse
modo, a Terapia Cognitiva, a TCC, adota a hipótese de primazia das cognições
sobre emoções e comportamentos e conceitua as cognições como eventos mentais.
TERAPIA COMPORTAMENTAL

HISTÓRICO
Sabemos que antes do Behaviorismo existir, muitas outras escolas de
Psicologia o antecederam, e outras surgiram a partir dele, como a Psicologia
Experimental, a Psicologia de Wilhelm Wundt, o Estruturalismo (sistema da
Psicologia de E. B Titchener, que considerava a experiência consciente como
dependente das pessoas que a vivenciava), o Funcionalismo (sistema de Psicologia
que se dedicou ao funcionamento da mente na adaptação do organismo ao
ambiente tendo como precursor William James), posteriormente o Behaviorismo
(ciência do comportamento concebida por Watson tratando somente do
comportamento passível de observação e descrição em termos objetivos), a
Psicologia da Gestalt (sistema de Psicologia que se dedica amplamente à
aprendizagem e à percepção, sugerindo que a combinação dos elementos
sensoriais produz novos padrões com propriedades que eram inexistentes nos
elementos individuais), a Psicanálise (teoria de Sigmund Freud sobre a
personalidade e o sistema de psicoterapia) que juntamente com o Behaviorismo,
incentivaram o surgimento de diversas subdivisões dentro de cada escola.
Na década de 50, a Psicologia Humanista (sistema de Psicologia que enfatiza
o estudo da experiência consciente e a integridade da natureza humana)
incorporando os princípios da Psicologia da Gestalt desenvolveu uma reação contra
o Behaviorismo e a Psicanálise.
Em 1960, a Psicologia Cognitiva (sistema de Psicologia que se concentra nos
processos de aquisição do conhecimento, mais especificamente, na forma de
organização das experiências da mente) desafiou o Behaviorismo a rever o conceito
de Psicologia, porque seu foco principal seria o retorno aos estudos dos processos
conscientes. E posteriormente surgiram a Psicologia Evolucionista, a Neurociência
Cognitiva e a Psicologia Positiva. Nesse tópico nos restringiremos ao Behaviorismo,
chamada atualmente de Psicologia Comportamental.
De acordo com Schultz & Schultz (2005) muitos nomes marcaram a história
da Psicologia e suas escolas:

• No Estruturalismo temos nomes como Wundt, Stumpf, Kulpe, Titchener,


Brentano, Ebbinghaus.
• No Funcionalismo temos James, Dewey, Munsterberg, Angell, Carr, Hall,
Cattell, Witmer, Scott, Woodworth.
• Na Psicanálise figuras como Freud, Jung, Adler, Horney se destacaram.
• No Behaviorismo temos Thorndike, Pavlov, Watson, Hull, Bekhterev,
Lashley, Tolman, Skinner, Rotter, Bandura.
• Na Psicologia da Gestalt se destacaram Wertheimer, Koffka, Kohler e
Lewin.
• Na Psicologia Humanista temos Maslow e Rogers.
• Na Psicologia Cognitiva, Miller e Neisser.
• Na Psicologia Positiva, Seligman.

Tudo começou quando, no ano de 1913, foi marcada uma espécie de


declaração de guerra, com o surgimento de um movimento de protesto cuja intenção
era dilacerar as visões antigas, buscando uma ruptura com ambas as posições, seus
líderes não desejavam modificar o passado, muito menos manter alguma relação
com ele, esse movimento revolucionário foi chamado de Behaviorismo e foi
promovido pelo psicólogo B. Watson, com 35 anos de idade:

B. WATSON
<http://www.klickeducacao.com.br/Klick_Portal/Enciclopedia/images/Ps/11532
/4072.jpg>.

Como já citamos, o Estruturalismo e o Funcionalismo desempenharam papéis


importantes, só que foram suplantadas por três escolas, o Behaviorismo, a
Psicologia da Gestalt e a Psicanálise. Segundo Atkinson (2002), das três, a que teve
maior influência na América do Norte foi o Behaviorismo, que acreditava que para a
Psicologia ser uma ciência, os dados psicológicos deveriam estar abertos ao exame
público como os dados de qualquer outra ciência. Além disso, essa teoria defendia o
comportamento como público e a consciência como privada, assim a ciência deveria
tratar apenas dos fatos públicos. Uma vez que os psicólogos estavam ficando
impacientes com a introspecção, um novo Behaviorismo foi rapidamente aceito.
Schultz & Schultz (2005) afirmam que as premissas básicas de Watson eram
simples, diretas e ousadas, buscando uma Psicologia científica que lidasse
exclusivamente com os atos comportamentais observáveis e passíveis de descrição
objetiva, por exemplo, em termos de estímulos e respostas. Watson rejeitava
qualquer termo ou conceito mentalista, na sua visão palavras como imagem,
sensação, mente e consciência, que eram adotadas desde antes da filosofia
mentalista, não significavam absolutamente nada para a ciência do comportamento.
Ele afirmava ainda que ninguém jamais tinha tocado, visto, cheirado, experimentado
ou transferido de um lugar a outro a consciência, sendo sua definição tão improvável
como o conceito de alma.
Deve-se ficar claro que não foi Watson que deu origem às ideias básicas do
movimento Behaviorista, elas já vinham sendo desenvolvidas há algum tempo tanto
na Psicologia como na biologia. Como qualquer outro fundador, o que Watson fez foi
organizar e 15 promover as ideias e as questões já aceitáveis para o Zeitgeist
intelectual da época, assim ele destacou questões como:

 A tradição filosófica objetivista e mecanicista;


 A Psicologia animal;
 A Psicologia funcional.

Dessa forma, Watson começou a trabalhar com questões que focassem


apenas algo que fosse visível, audível ou palpável. Para entendermos melhor as
ideias de Watson faremos um breve balanço de como surgiram algumas ciências.
Encontramos em Baum (1999) a definição de Behaviorismo como um
conjunto de ideias sobre o comportamento, não como uma ciência, mas como uma
filosofia da ciência. Esse conceito fica mais bem entendido quando percebemos que
houve um rompimento de várias ciências com a filosofia, todas começaram seus
estudos com a filosofia e posteriormente se separaram. Uma ruptura de ciências
como a astronomia, física, química, biologia com a filosofia, ciência da qual se
originaram, sendo que com a Psicologia não foi diferente.
O raciocínio da filosofia parte de suposições para conclusões e sua verdade é
absoluta, já a ciência segue direção oposta, pois observa e tenta explicar que
verdade poderia levar essa observação e tem a verdade científica como relativa e
provisória.
Como dissemos, a Psicologia rompeu com a filosofia, apesar de até na última
metade do século XIX ter usado métodos filosóficos como a introspecção, método
este considerado vulnerável e pouco confiável.
Os psicólogos da época acreditavam que seguindo os métodos objetivos que
eram verificáveis e replicáveis em laboratórios, a Psicologia poderia transformar-se
numa verdadeira ciência.
Em 1913, Watson articulou a crescente insatisfação dos psicólogos com a
introspecção e a analogia como métodos. Ele defendia que a Psicologia deveria ser
definida como ciência do comportamento e não como ciência da consciência. Dessa
forma, evitar os termos relacionados 16 com consciência e mente deixaria a
Psicologia livre para estudar o comportamento humano e social. Ele contestou
bastante o antropocentrismo.
Para Watson, o caminho era fazer da Psicologia uma ciência geral do
comportamento, que compreendesse todas as espécies, e que estudaria apenas o
comportamento objetivamente observável e deixaria de lado a subjetividade da
introspecção e as analogias entre homem e animal.
Com a ciência do comportamento veio a noção de que o comportamento é
determinado unicamente pela hereditariedade e pelo ambiente. Em contrapartida a
essa tese temos o livre-arbítrio, que é a capacidade de escolha, e supõe um terceiro
elemento além da hereditariedade e do ambiente, que ele diz ser algo que vem de
dentro do indivíduo. O livrearbítrio afirma que a escolha não é uma ilusão, pois são
as próprias pessoas que causam o comportamento.
De acordo com Baum (1999), alguns filósofos tentaram conciliar determinismo
com livre-arbítrio e propuseram para o livre-arbítrio teorias chamadas de
“determinismo brando” e “teorias compatibilizadoras”. A primeira deixa implícita que
o livre-arbítrio é apenas uma experiência, uma ilusão, e não uma relação causal
entre pessoa e ação; já a segunda define livre-arbítrio como deliberação antes da
ação, isto é, comportamento que pode ser determinado pela hereditariedade e pelo
ambiente passado.
A Psicologia comparativa teve origem na ideia de fazer comparações entre
espécies a fim de conhecer melhor a nossa própria. Passou-se a fazer comparações
entre homem e animal para descobrir seus mecanismos, até mesmo suas formas de
pensar e agir.
Essa Psicologia teve grande influência no estudo do Behaviorismo. A seguir,
citaremos alguns pontos marcantes.
Jacques Loeb acreditava na reação direta e automática do animal a um
estímulo. Para ele, não há qualquer explicação em termos de definição consciente
do animal referente à reação comportamental forçada pelo estímulo, o que existe é o
movimento forçado involuntário, que, segundo sua teoria, era chamado de tropismo.

JACQUES LOEB

<http://www.flavinscorner.com/jllab.JPG>.

Thorndike, um dos principais pesquisadores para o desenvolvimento da


Psicologia animal, elaborou uma teoria de aprendizagem objetiva e mecanicista com
enfoque no comportamento manifesto. Ele também acreditava que o psicólogo devia
estudar o comportamento, não os elementos mentais ou a experiência consciente,
não interpretando a aprendizagem do ponto de vista subjetivo, mas em termos de
conexões concretas entre estímulos e a resposta, embora não admitisse qualquer
referência à consciência e aos processos mentais. Ele criou algumas teorias como a
do “conexionismo”, que era baseada nas conexões entre as situações e as
respostas, a aprendizagem por tentativa e erro, que era baseada na repetição das
tendências de respostas que levam ao êxito, que posteriormente ele definiu como
“lei do efeito”, em que os atos que produzem satisfação em determinada situação
tornam-se associados a ela, quando a situação se repete, o ato tende a ocorrer.
Outra teoria seria a “lei do uso e desuso” ou “lei do exercício”, em que afirmava que
quanto mais um comportamento é realizado em uma situação, mais forte se torna a
associação entre comportamento e situação.

THORNDIKE

<http://www.chesapeake.edu/library/Stock/edward_thorndike_HEAD.jpg>.

Ivan Pavlov estudou os reflexos condicionados, que seriam reflexos


dependentes na formação entre o estímulo e a resposta. Seus estudos foram feitos
por meio de um aparelho utilizando cães que estudava a resposta da salivação.

IVAN PAVLOV
<http://www.algosobre.com.br/images/stories/assuntos/biografias/Ivan_Pavlov
.jpg>.

<http://images.com.br/imgres>.

Todos esses estudiosos importantes influenciaram Watson e seus estudos


sobre o comportamento, fortalecendo desde o início sua intenção de fundar uma
escola, onde ele desejava que o novo Behaviorismo tivesse valor prático e aplicável
na vida real.
Para Watson quase todo comportamento é resultado de condicionamento e
que o ambiente molda o comportamento reforçando hábitos específicos. Essa escola
tendia a discutir os fenômenos psicológicos em termos de estímulos e respostas,
20
dando origem ao termo Psicologia de estímulo-resposta (E-R).
De acordo Schultz & Schultz (2005), instinto era conceituado por Watson
como respostas condicionadas socialmente e emoções não passavam de uma
simples resposta fisiológica a estímulos específicos.
Embora o Behaviorismo houvesse chamado a atenção dos psicólogos
americanos, nem todos concordavam com a visão de Watson. Alguns psicólogos
desenvolveram sua própria Psicologia Behaviorista, conduzindo a escola de
pensamento em direções distintas.
A carreira produtiva de Watson na Psicologia durou pouco menos de 20 anos,
mesmo assim, afetou profundamente o curso do desenvolvimento da Psicologia por
muito tempo. Watson foi um eficaz agente do Zeitgeist, em uma época de mudanças
não apenas na Psicologia, como também nas atitudes científicas em geral, ele
tornou a metodologia e a terminologia da Psicologia mais objetiva, embora hoje suas
formulações não sejam mais válidas.
O Behaviorismo de Watson constituiu o primeiro estágio da evolução da
escola de pensamento comportamental aproximadamente em 1913. Mas não parou
por aí! De 1930 a 1960, surge o NeoBehaviorismo, englobando os trabalhos de
Tolman, Hull e Skinner. Esses estudiosos tinham como tópico central da Psicologia o
estudo da aprendizagem, os comportamentos podem ser entendidos por leis de
condicionamentos e o operacionismo. E o terceiro estágio da evolução Behaviorista,
que vai de 1960 e perdura até hoje, chamado de neoneoBehaviorismo ou
socioBehaviorismo, incluindo trabalhos de Bandura e Rotter, que enfocam o retorno
do estudo dos processos cognitivos, mas mantendo a abordagem na observação do
comportamento manifesto.
Edward Tolman foi um dos primeiros convertidos ao Behaviorismo e criou o
termo Behaviorismo Intencional, que combina o estudo objetivo do comportamento
com a ponderação da intenção ou a orientação do propósito no comportamento. Seu
principal enfoque, segundo Schultz & Schultz (2005), estava no problema de
aprendizagem. Tolman rejeitou a lei do efeito de Thorndike, afirmando que a
recompensa ou o esforço exerciam pouca influência sobre a aprendizagem, e em
seu lugar propunha uma explicação cognitiva para a aprendizagem, sugerindo que a
repetição do desempenho de uma tarefa reforça a relação aprendida entre as dicas
ambientais e as expectativas do organismo, dessa forma, o organismo acaba
conhecendo seu ambiente, afirmando serem essas relações estabelecidas pela
repetição da realização de uma tarefa.

<http://web.syr.edu/~jlbirkla/kb/images/Tolman.jpg>.

Já Clark Hull usava uma forma de Behaviorismo mais sofisticada e mais


complexa que Watson, embora ainda fosse considerado como objetivo, reducionista
e mecanicista. Descrevia seu Behaviorismo e sua visão de natureza humana
empregando termos mecanicistas e considerava o comportamento humano
automático e possível de ser reduzido e explicado na linguagem da física. Sua teoria
da aprendizagem concentra-se no princípio de reforço, a qual é essencialmente a lei
do efeito de Thorndike.
HULL
<http://www.uned.es/psico-2-
PsicologiaII/links/photogallery/1pp/personajes/Clark_L_Hull.jpg>.

Segundo Schultz & Schultz (2005), o Behaviorismo de Skinner dedicava-se ao


estudo das respostas, preocupando-se em descrever e não em explicar o
comportamento, sua pesquisa tratava apenas do comportamento observável, e ele
acreditava que a tarefa de investigação científica era estabelecer as relações
funcionais entre as condições de estímulos controladas pelo pesquisador e as
respostas subsequentes do organismo. Skinner não duvidava da existência das
condições mentais ou fisiológicas internas, apenas não aceitava sua validade no
estudo científico do comportamento.
Em seus experimentos, Skinner conceituou condicionamento operante como
uma situação de aprendizagem que envolve o comportamento emitido por um
organismo em vez de eliciado por um estímulo detectável. Esse comportamento
ocorre sem qualquer estímulo antecedente externo observável.

SKINNER
<http://3.bp.blogspot.com/_Rg2vOgLY4e0/RwW_V2R4sVI/AAAAAAAAAIM/fT
xWXZmueXI/s1600 /skinner.jpg>.

Skinner também criou a lei da aquisição, em que a força de um


comportamento operante aumenta quando, em seguida, recebe um estímulo
reforçador.
No terceiro estágio da evolução behaviorista chamado de
neoneoBehaviorismo ou socioBehaviorismo, Bandura, Rotter e outros seguidores
adotavam uma forma de Behaviorismo bem mais distinta que a de Skinner. Eles
questionavam sua total negação aos processos mentais ou cognitivos e propunham
em seu lugar uma aprendizagem social, uma reflexão sobre um movimento cognitivo
mais amplo na Psicologia como um todo.
Estes teóricos defendiam os pensamentos (cognições), o que fez com que
fosse criada uma divisão no Behaviorismo: nascendo a Psicologia cognitiva. Outros
autores desta escola são: Albert Bandura, Julian Rotter e Aaron Beck. Eles
acreditavam que o comportamento pode ser entendido também a partir da cognição,
e que o aprendizado pode existir sem a necessidade de condicionamento em
laboratório, mas pela observação e elaboração do que foi visualizado.
Bandura desenvolveu termos como Reforço Vicário (noção de que o
aprendizado pode ocorrer por observação do comportamento de outras pessoas e
das consequências decorrentes, e não apenas experimentando o reforço
diretamente) e Autoeficácia (a percepção do indivíduo de sua autoestima e a
competência em lidar com os problemas da vida).

BANDURA

<http://news-ervice.stanford.edu/news/2006/february22/gifs/ppl_bandura.jpg>.

Rotter desenvolveu uma forma de Behaviorismo que, como a de Bandura,


inclui referência às experiências subjetivas internas, sendo menos radical que o de
Skinner. Rotter concentrou sua pesquisa nas crenças a respeito da origem do
reforço. Ela acreditava num Locus de controle (a ideia sobre a origem do
reforçamento, havendo o lócus de controle interno – crença de que o reforço
depende do próprio comportamento das pessoas e Locus de controle externo –
reforço depende das forças externas).
<http://psychlops.psy.uconn.edu/founders/Images/7.jpg>.

Segundo Schultz & Schultz (2005), apesar do debate interno a respeito da


questão cognitiva no Behaviorismo ter provocado mudanças no movimento
behaviorista, que se seguiram desde Watson até Skinner, é importante lembrar que
Bandura, Rotter e outros neoneobehavioristas que são defensores da abordagem
cognitiva ainda se consideram behavioristas. Assim, eles podem ser chamados de
behavioristas metodológicos, porque se referem aos processos cognitivos internos
como parte do objeto de estudo da Psicologia, enquanto os behavioristas radicais
acreditam que a disciplina devia se dedicar ao estudo do comportamento público e
do estímulo ambiental, e não dos estudos internos presumidos.
Watson e Skinner eram behavioristas radicais. Já Hull, Tolman, Bandura e
Rotter podem ser classificados como metodológicos. Sabe-se que o domínio do tipo
de Behaviorismo de Skinner chegou ao auge na década de 1980 e diminuiu depois
de sua morte em 1990. Skinner até admitiu que sua abordagem estivesse perdendo
terreno e que o impacto da abordagem cognitiva aumentava. E, hoje, o
Behaviorismo que permanece vivo na Psicologia contemporânea, principalmente na
Psicologia aplicada, é diferente daquele que surgiu nas décadas entre o manifesto
de Watson, em 1913, e a morte de Skinner, em 1990.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS

De acordo com Skinner (2003), a abordagem comportamental prioriza, na


terapia, a alteração de fatores ambientais e sociais (contingências), possibilitando ao
indivíduo discriminar os estímulos no meio, que contribuem para manutenção de
seus comportamentos e, dessa forma, possibilitar ao indivíduo maior autocontrole
diante de seus comportamentos indesejáveis. Prioriza o uso de experimentos para
verificar como ocorre o comportamento e como ele é mantido e formular conceitos
como esquemas de reforçamento, punição, extinção, generalização de estímulos,
equivalências de estímulos, controle de estímulos entre tantos outros.
Como já ressaltamos anteriormente muitos teóricos contribuíram para que o
Behaviorismo chegasse tão longe. Pavlov trabalhou com conceitos como
condicionamento clássico, estímulo não condicionado, estímulo condicionado,
Thorndike e sua “Lei do Efeito”; Skinner, com os conceitos de condicionamento
operante, reforçamento positivo, reforçamento negativo e punição; Wolpe enfatizou
novas técnicas para a eliminação de medo e da evitação, usando uma hierarquia
gradual de estímulos ansiogênicos, o que foi chamado de dessensibilização
sistemática e também pela importância do paciente realizar extensas lições de casa
in vivo entre as sessões de terapia.
Hoje, muitos autores conceituam como uma abordagem que trabalha os
problemas psicológicos baseada na filosofia da ciência conhecida como
Behaviorismo Radical e na ciência do comportamento, Análise Experimental do
Comportamento. O Behaviorismo radical, muito trabalhado atualmente por alguns
terapeutas, defende que o comportamento dos organismos é ordenado, passível de
ser estudado cientificamente na mesma forma das ciências naturais, assim busca-se
descobrir os eventos no ambiente que determinam os seus
comportamentosproblema e os que os mantêm.
Na terapia comportamental, pensamentos e sentimentos são considerados
comportamentos, diferentes apenas pela forma como se pode ter acesso a eles, pois
este se dá por meio do relato verbal daquele que pensa e sente, ou seja,
pensamentos e sentimentos também são levados em consideração, analisados e
passíveis das intervenções do terapeuta.
Cada terapeuta, de acordo com sua abordagem segue uma linha, mas com o
mesmo objetivo, ou seja, melhora e bem-estar do seu paciente, no caso do
terapeuta comportamental, 2ele entende que o cliente é único e seus problemas ou
dificuldades são produto de uma história particular. Com isso, percebe-se uma
humanização do processo psicoterápico, buscando assim, entender cada cliente e
cada história, antes de propor qualquer intervenção.
Seu principal instrumento é a análise funcional, ou o levantamento criterioso
das variáveis – eventos, acontecimentos – que estejam funcionalmente relacionados
com os comportamentos desejáveis e indesejáveis do cliente. Com esse
entendimento, é possível propor uma estratégia eficaz no alcance do bem-estar e da
melhora do paciente, mas que fique claro que, na maioria das vezes, não é fácil se
chegar a essas variáveis.
De acordo com Saffi, Savoia e Lotufo (2008), a terapia comportamental utiliza
na clínica os conhecimentos derivados das teorias da aprendizagem, sua principal
fonte teórica é o comportamento operante. Diz-se muito que se trata de uma terapia
superficial e que aborda apenas o sintoma, mas isso não é verdade, ela pode ser
aplicada a toda gama de problemas humanos, tanto para o autoconhecimento como
para as dificuldades e conflitos interpessoais. Só que é uma abordagem que exige
conhecimento teórico e técnico sofisticado e o terapeuta deve possuir empatia,
interesse pelo paciente e calor humano.
O terapeuta comportamental busca combater os comportamentos-problema,
ao mesmo tempo em que busca instalar e aumentar a frequência de
comportamentos adequados ao contexto, desejáveis, funcionais e geradores de
satisfação e felicidade. O clínico, entre outras funções, auxilia com suas análises na
construção de um novo repertório ou no fortalecimento do repertório existente
(SKINNER, 1989).
A terapia comportamental é a aplicação do conjunto de conhecimentos
psicológicos, adquiridos segundo os princípios da metodologia científica, à
compreensão e solução de problemas clínicos. Assim, é uma prática de ajuda
psicoterápica baseada na ciência e na filosofia caracterizada por uma concepção
naturalista e determinista do comportamento humano. Pode ser conceituada também
por um processo de aplicação de princípios da teoria da aprendizagem para a
melhoria de comportamentos específicos e, simultaneamente, de avaliação de
quaisquer modificações observadas, analisando se elas são de fato atribuíveis ao
processo de aplicação e, em caso positivo, a que parte desse processo
(BOUCHARD, 1979 apud Saffi, Savoia e Lotufo, 2008).
A terapia comportamental é muito rica em informações e técnicas, ela é
formada por um conjunto considerável de técnicas derivadas de pesquisas, em
laboratório ou no próprio consultório.
Para fecharmos esse tópico falaremos mais um pouco sobre o trabalho do
terapeuta comportamental. O primeiro passo é o bom relacionamento com o
paciente, por meio da empatia, do interesse, do calor humano e de outras
qualidades do psicoterapeuta (SAFFI, SAVOIA E LOTUFO, 2008). Ele deve fazer a
coleta de informação por meio da anamnese, do uso de diários, de escalas, de
instrumentos diagnósticos e da observação para que se permita conhecer a pessoa
e seus problemas.
A análise funcional é a ferramenta para a coleta de informações e para o
conhecimento da relação entre a pessoa e seu ambiente. Por meio dela procura-se
estabelecer todas as relações de contingências que afetam a pessoa procurando-se
descrever operacionalmente o problema, detalhando os estímulos desencadeantes,
os comportamentos envolvidos e as suas consequências.
Mostraremos agora uma tabela bastante interessante que faz algumas
diferenciações entre Behaviorismo, cognitivismo e construtivismo, para que
posteriormente fiquem mais claras as semelhanças e diferenças entre cada
abordagem.
TABELA - DIFERENCIAÇÕES ENTRE BEHAVIORISMO, COGNITIVISMO E
CONSTRUTIVISMO

<http://www.prof2000.pt/users/amtazevedo/af24/teorias.gif>.

Sintetizando tudo que já dissemos, podemos frisar que o terapeuta


comportamental se focaliza no comportamento manifesto, salientando de acordo
com Kaplan e Sadock (2003), a remoção de sintomas manifestos, sem considerar as
experiências privadas ou conflitos internos do paciente. Percebemos que o objetivo
terapêutico de quem segue essa abordagem é claro e concreto: a extinção de
hábitos ou atitudes mal-adaptativas e sua substituição por padrões novos,
apropriados e não provocadores de ansiedade.
Os métodos inerentes às terapias do comportamento fundamentam-se na
crença fundamental de que as ansiedades e os comportamentos persistentes e mal-
adaptativos foram condicionados ou aprendidos. Portanto, o tratamento efetivo
consiste de variadas formas de descondicionamento ou desaprendizagem, isto é, o
comportamento inadequado aprendido pode ser desaprendido.
Ainda segundo Kaplan e Sadock (2003), o clínico que deseja adotar o
enfoque comportamental deve responder a algumas questões (tabela abaixo) em
conjunto com o paciente, parentes ou outros responsáveis, que foi preparada por
Robert Paul Liberman:

TABELA – QUESTÕES

1. Quais são os problemas e objetivos da terapia?

Esta questão aborda as conquistas do paciente, bem como os déficits no


comportamento adaptativo e excessos de comportamento mal-adaptativo. Frequentemente,
os problemas do paciente estão relacionados com a oportunidade inadequada ou contexto
inapropriado das respostas comportamentais. A avaliação dos problemas e uma formulação
de objetivos devem considerar toda a faixa de resposta objetivas, subjetivas, afetivas, sociais
e cognitivas.

2. Como o progresso pode ser medido e monitorado?

Cada problema e objetivo exige especificação comportamental e monitoramento


contínuo em termos de frequência, duração, forma, latência ou contexto da ocorrência. A
operacionalização dos objetivos da terapia possibilita que o terapeuta determine se as
intervenções selecionadas são eficazes e oferece a base empírica para a terapia
comportamental.
3. Que contingências ambientais estão mantendo o problema?
Uma análise do comportamento considera as relações funcionais entre os problemas
clínicos e seus antecedentes ambientais (estímulos precipitadores ou desencadeantes) e
consequências (reforçadores).
Antes de formular um plano de tratamento, o terapeuta deve compreender as
contingências sociais e instrumentos presentes, que podem ter de ser modificadas para um
resultado eficaz.
4. Que intervenções tendem a ser efetivas?
Esta questão final aborda as técnicas específicas que podem ser usadas no plano de
tratamento. Somente após as três primeiras perguntas terem sido respondidas, uma seleção
racional das intervenções pode ser feita. Frequentemente, uma combinação de princípios de
aprendizado é usada, para maximizar os efeitos do tratamento.
Citaremos uma tabela feita por Rebecca Jones citada por Kaplan e Sadock
(2003):

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