FICHAMENTOS DOS CAPÍTULOS 1 E 2, DO LIVRO “PSICODIAGNÓSTICO – V”
E CAPÍTULO 7, DO LIVRO “PSICOTERAPIA: TEORIAS E TÉCNICAS
PSICOTERÁPICAS”. Fichamento do capítulo 1, do livro “Psicodiagnóstico - V”, de Jurema Alcides Cunha, 5º edição, editora ARTMED, 2007.
Estratégias de avaliação: perspectivas em psicologia clínica
A avaliação psicológica é constituída por uma série de recursos que inclui, além dos testes psicológicos, o psicodiagnóstico. A abordagem de orientação de uma avaliação, bem como os recursos a serem utilizados pelo psicólogo, indicam a estratégia de avaliação que está sendo utilizada. Num primeiro momento histórico, as abordagens que mais influenciaram foram comportamentais e psicanalíticas; num segundo momento, foram marcadas pela corrente cognitiva. Atualmente, as estratégias então menos vinculadas a uma única abordagem, passando a ser mais integrada e envolvendo conceitos que estão para além de um campo teórico específico. (Página 19). Além da utilização de uma, ou mais, conceituação teórica, o método adotado pelo psicólogo também qualifica uma estratégia de avaliação, incluindo entrevistas e observações sistemáticas. As entrevistas, utilizadas há muito tempo no atendimento psiquiátrico e psicológico, foram alvo de resistência num determinado momento, pelo motivo de não serem consideradas fidedignas. Porém, com o crescimento da relevância de aspectos científicos, as entrevistas, agora em moldes estruturados, passaram a compor, principalmente, o atendimento psiquiátrico. Por outro lado, quanto à aceitação entre os psicólogos, a entrevista estruturada não obteve bom resultado, pelo motivo de, na psicologia, o profissional tender a não se limitar a um único método, em vista de garantir mais informações, de origens diversas, que possibilitem maior grau de certeza em relação às inferências que vier a realizar. (Página 20). As estratégias de avaliação sofreram melhorias após a consideração de co- morbidades pelos agentes de classificação psiquiátrica. No entanto, para uma formulação diagnóstica, os desafios não se esgotaram numa adequação quanto às classificações psiquiátricas em relação às co-morbidades. Ainda permanecem questões quanto à distinção nosológica, sobreposição de sintomas e intensidade dos sintomas. Por esse motivo, o psicólogo, em busca de recursos que favoreçam o psicodiagnóstico, faz uso de instrumentos psicométricos como forma de estratégia de avaliação. (Página 21). Os instrumentos psicométricos, portanto, ganharam muito destaque tanto na esfera da pesquisa quanto na esfera clínica. Cada vez mais tem-se utilizado este recurso com a finalidade de diagnóstico, justamente pelo seu caráter científico. O mesmo não acontece com instrumentos projetivos que, apesar de fazerem parte do conjunto de estratégias avaliativas, sofreram declínio quanto ao seu uso em temas de pesquisa e em processos clínicos. (Página 22). Psicodiagnóstico, portanto, envolve uma avaliação que, com recursos e conceituações, não é aplicada de maneira aleatória e desestruturada. Pelo contrário, é composta por critérios que cumprem uma função estratégica, no intuito de identificar ou não uma psicopatologia. (Página 22).
Fichamento do capítulo 2, do livro “Psicodiagnóstico - V”, de Jurema Alcides
Cunha, 5º edição, editora ARTMED, 2007.
Fundamentos do Psicodiagnóstico
O psicodiagnóstico é um tipo de avaliação psicológica que diz respeito
estritamente à área de atuação clínica. Nesse sentido, trata-se de uma avaliação específica, com objetivo específico, que visa identificar forças e fraquezas no funcionamento psicológico, com foco na existência ou não de psicopatologia. (Página 23). O psicólogo clínico faz uso dos instrumentos psicométricos para avaliar um sujeito de forma sistemática, científica, orientada para a resolução de problemas. (Página 23). O campo da biologia tem participação notável ao longo dos anos no estudo relacionado às questões psicológicas. A partir de estudos de correlação entre ocorrências de síndromes mentais e modificações morfológicas, psiquiatras e estudiosos voltaram sua atenção aos fatores orgânicos no desenvolvimento de síndromes mentais. Desse período, herdou-se uma diferenciação básica que classifica os transtornos mentais em orgânicos e funcionais (Página 23). A classificação das doenças mentais passou então a enquadrar-se dentro de um grupo dividido em classes, que se sobrepõem umas às outras por ordem de hierarquia. Uma condição considerada orgânica exercia primazia sobre as demais classes, a saber, psicoses, neuroses, transtornos de personalidade e estados reativos/transitórios. (Página 24). Atualmente, as técnicas mais objetivas e estruturadas, com a utilização de avaliações computadorizadas, vêm ganhando ênfase quanto ao uso no atendimento psicológico. Pode-se considerar que a demanda por uma convergência científica, de modo que as avaliações estejam mais alinhadas com outros campos da ciência, é um fator que influencia a adesão, por parte de muitos psicólogos, quanto aos padrões científicos. (Página 25). “Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos (input), em nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados (output), na base dos quais são propostas soluções, se for o caso”. (Página 26). O psicodiagnóstico trata-se de um processo científico, pois parte de hipóteses, que poderão ser confirmadas ou não, até a obtenção de dados que permitam um plano de avaliação e uma estimativa de tempo quanto ao processo de exame. No plano de avaliação os instrumentos podem ser selecionados através de perguntas estratégicas. (Página 26). Quanto aos objetivos de um psicodiagnóstico, os mais comuns podem ser: Classificação Simples, Descrição, Classificação nosológica, Diagnóstico diferencial, Avaliação compreensiva, Entendimento dinâmico, Prevenção, Prognóstico, Perícia Forense. Para qualquer diagnóstico o conhecimento do psicólogo deve ser avançado em psicopatologia, mesmo para os clínicos mais experientes. (Página 27). O diagnóstico psicológico pode ser realizado por: psicólogo, psiquiatra, neurologista, psicanalista e por equipe multiprofissional. A habilitação de cada agente para o diagnóstico psicológico está condicionada ao objetivo do diagnóstico. (Página 30). Os passos do diagnóstico são: levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e definição das hipóteses iniciais e dos objetivos do exame; planejamento, seleção e utilização de instrumentos de exame psicológico; levantamento quantitativo e qualitativo dos dados; integração de dados e informações e formulação de inferências pela integração dos dados, tendo como pontos de referência as hipóteses iniciais e os objetivos do exame; comunicação de resultados, orientação sobre o caso e encerramento do processo. (Página 31). Fichamento do capítulo 7, do livro “Psicoterapia: Teorias e Técnicas Psicoterápicas”, de Jorge Ponciano Ribeiro, 2º edição, editora Summus, 2013.
Psicodiagnóstico Clínico Processual
O psicodiagnóstico é um processo científico que envolve técnica e arte. Através
dele é possível identificar traços de personalidade e compreender a estrutura de funcionamento psíquico do avaliado. Mesmo que o psicoterapeuta siga técnicas preestabelecidas, o psicodiagnóstico sofre a influência da percepção e compreensão do mesmo. (Página 203). O psicodiagnóstico não esgota a compreensão a ser feita em relação ao cliente. Ainda que o processo seja constituído de técnicas e saberes científicos e que sejam aplicados da melhor maneira possível, haverá sempre uma margem de risco que só poderá ser sanada através da observação e investigação a longo prazo por parte do psicoterapeuta em relação ao seu cliente. (Página 204). A atitude neutra que pode ser esperada de um psicoterapeuta não é praticável. Sua visão sempre parte de algum lugar, de alguma experiência ou de algum aprendizado. A realização de um psicodiagnóstico por ele envolve sua ciência, sabedoria, técnica, arte, experiência e vivência. Com os recursos dos quais dispõe, o que pode almejar é compreender com mais acurácia a realidade como um todo, ciente de que em seu trabalho não há neutralidade. (Página 205). O determinismo quanto ao psiquismo e comportamento do ser humano sugere que este é um ser fechado/acabado e diminui as expectativas de mudança. O psicodiagnóstico precisa ir numa direção oposta ao do determinismo, de modo que o cliente entre em contato com as próprias possibilidades. (Página 206). A crítica em relação aos instrumentos de medida é que em geral produzem resultados focados nos pontos negativos da pessoa. Com isso, corre-se o risco de não perceber o que há de bom e as possibilidades positivas que a pessoa possui. Isso não significa que os testes de diagnóstico não têm seu valor. Quando utilizados, não como único meio de coleta de informações, mas associados à outros recursos, as chances de sucesso são maiores. (Página 207). O psicodiagnóstico é um processo que acaba por revelar ou mostrar o que está oculto como resultado da aplicação de testes, entrevistas, observações e técnicas variadas. Inicialmente resulta em dados isolados, informações originadas de um processo programado e preestabelecido. Depois, é preciso considerar esses dados numa totalidade humana, contextualizando as informações, numa tentativa de compreender o comportamento humano. (Página 208). O CID é um diagnóstico estrutural que não considera a totalidade da pessoa. Por meio dele, a pessoa é desconectada de outras realidades que compõem sua existência, contribuindo para um entendimento parcial e direcionado aos aspectos negativos da pessoa. (Página 209). O psicodiagnóstico, de certo modo, pode sugerir uma descrição do que é normal e anormal. Pode pressupor um saber que supera o saber do cliente em relação a si mesmo, por isso é importante a conscientização, por parte do psicoterapeuta principalmente, de que o sentido ou significado que atribui-se à uma determinada realidade, pessoa ou situação pode variar de cliente para cliente, de psicoterapeuta para psicoterapeuta, de teoria para teoria e de um momento para um outro momento. (Página 210). O psicodiagnóstico, portanto, para que cumpra seu objetivo sem causar danos ao cliente deverá ser conduzido com cuidado e respeito, sendo fundamentais a consideração dos seguintes passos: Ver o cliente como uma totalidade, considerando presente, passado e futuro; Vendo a pessoa como um acontecimento, resultado de uma história que se faz presente no aqui-agora; Fazer um levantamento dos aspectos sociais e familiares da pessoa. (Página 210).