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GERATIVISMO (Corrente de estudos da ciência da linguagem que teve início nos Estados Unidos na década de 1950 a partir dos

trabalhos do lingüista
Noam Chomsky, professor do Instituto de Tecnologia de Massachussets, o MIT.

A FACULDADE DA LINGUAGEM

Resposta e rejeição ao modelo behaviorista de descrição dos fatos da linguagem, que foi predominante na lingüística e nas ciências de modo geral;

Revitalização da concepção racionalista dos estudos da linguagem em oposição categórica contra a concepção empiricista de Skinner, Bloomfield e demais
estruturalistas norte-americanos e europeus;

(No behaviorismo A linguagem humana era interpretada como um condicionamento social, uma resposta que o organismo humano produzia mediante os
estímulos que recebia da interação social. Essa resposta, a partir da repetição constante e mecânica, seria convertida em hábitos que caracterizariam o
comportamento lingüístico de um falante.

Destaque: Bloomfield.

B. F. Skinner: principal teórico do behaviorismo

A linguagem humana é um fenômeno externo ao indivíduo, um sistema de hábitos gerado como resposta a estímulos e fixados pela repetição.

No behaviorismo não há espaço para a criatividade.

Para um behaviorista, segundo Bloomfield, a linguagem humana é um fenômeno externo ao indivíduo, um sistema de hábitos gerado como resposta a
estímulos e fixado pela repetição;

O comportamento lingüístico de um indivíduo deve ser interpretado como uma resposta completamente previsível a partir de um dado estímulo, tal como é
possível prever que um cão começará a latir ao ouvir o som de uma campainha, caso tenha sido treinado para isso.)

Numa resenha sobre o livro Comportamento Verbal escrito por B. F. Skinner, professor da famosa universidade de Harvard e principal teórico do
behaviorismo, Chomsky apresentou uma radical e impiedosa crítica à visão comportamentalista da linguagem sustentada pelos behavioristas. Chamou a
atenção para o fato de um indivíduo humano sempre agir criativamente no uso da linguagem, ou seja, a todo momento os seres humanos estão construindo
frases inéditas, jamais ditas antes pelo próprio falante que as produziu ou por qualquer outro individuo.

Chomsky afirma que a criatividade é o principal aspecto caracterizador do comportamento lingüístico humano, aquli que mais fundamentalmente distingue a
linguagem humana dos sistemas de comunicação animal

Competência lingüística: capacidade natural e inconsciente de produzir e entender frases;

Faculdade da linguagem: disposição inata para a competência lingüística; característica mental mais marcante que separa os humanos dos demais primatas
superiores e do resto do mundo natural.

Papel do gerativismo: é constituir um modelo teórico capaz de descrever e explicar a natureza e o funcionamento dessa faculdade;

As línguas deixam de ser interpretadas como um comportamento socialmente condicionado e passam a ser analisadas como uma faculdade mental natural; a
morada da linguagem passa a ser a mente humana.
O MODELO TEÓRICO

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Diversos autores denominam a teoria gerativa de formalista. Todavia, outros vários consideram formalistas as teorias que divergem do funcionalismo e
incluem, além do gerativismo, os diversos estruturalismos praticados. Vale considerar o primeiro capítulo de CUNHA, M. A. F. et. al , Linguística funcional:
teoria e prática. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

Pretende construir um mecanismo computacional capaz de formar e transformar representações, simulando o conhecimento linguístico de um falante de uma
língua natural, que está registrado em sua mente/cérebro;

Tem início com o a chamada teoria padrão, através da publicação de Sintactic Structures, em 1971 – livro provindo de anotações de Chomsky para um
curso de graduação no MIT americano, onde lecionava. Foi através dessa obra que seu autor deixou claro o fato da sintaxe ser o centro de análise de uma
língua. O objetivo do linguista norte-americano era elaborar um modelo computacional capaz de explicar todas as frases gramaticais de uma língua no plano
de sua estrutura sintática, o que chamou de gramática dos constituintes – um conjunto finito de regras que podem formar um conjunto infinito de
sentenças/frases.

Chomsky lança em outro momento o que chamou de modelo padrão propondo um modelo mais profundo que o anterior introduzindo dois novos conceitos à
sua teoria: as distinções entre competência e desempenho; e entre estrutura profunda e estrutura superficial;

A dicotomia competência X desempenho tem relação com a famosa oposição língua/fala saussuriana;

Competência seria análoga à língua, e desempenho, à fala. Enquanto a competência é o conhecimento inato que o falante tem da linguagem, o desempenho
mostra-se como o uso desse conhecimento. Essa hipótese postula que as produções das crianças não são simples imitações de adultos, pois existem produções
que não se verificam na fala dos adultos, por isso são originais. Portanto, defende-se que as crianças possuem suas próprias regras de fala, mas com o convívio
com os adultos vão moldando sua fala às regras deles;

Chomsky parte do desempenho em direção à gramática (estrutura sintática) – diferente de Saussure que pretendia descrever a língua e não a fala;

A teoria gerativa defende haver algo anterior à língua dos estruturalistas, ou seja, a haver a capacidade que os falantes possuem de produzir os enunciados
possíveis de uma língua;

A linguagem é algo inato ao ser humano;

Os corpora (Concepção de corpus para a Lingüística e para a Lingüística de Corpus.) não são o ponto de partida, como para os estruturalistas, mas o ponto
de chegada da análise lingüística;

Enquanto o estruturalismo constitui-se como teoria descritiva, o gerativismo aparece como teoria explicativa dos fatos que determinam a produção/aquisição
da língua;
A estrutura profunda deve possuir todos os elementos necessários para que a sentença seja interpretada semanticamente;
A estrutura superficial, por sua vez, deve possuir as informações para a leitura fonética da sentença. Isso ocorre devido ao fato do linguista entender
gramática como “um sistema de regras que une sinais fonéticos às interpretações semânticas”. (Chomsky, 1966, p.12);

Surgem dissidências relativas às regras propostas pelo modelo transformacional, principalmente no que concerne à distância entre as estruturas superficiais e
profundas. Por isso, Chomsky promove novos escritos e reformulações para seu programa. Nasce a regra da Teoria dos Princípios e Parâmetros que postula
que a gramática é regida por Princípios ou “Leis”, que são constantes usados em todas as línguas, contendo os Parâmetros ou “Leis” que têm representações
nas línguas em que se encontram, ocasionando divergências entre os diversos idiomas e as transformações dentro de uma mesma língua.

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Modelo teórico, em que procura descrever um falante-ouvinte ideal, uma comunidade de falantes homogênea, uma língua perfeita e uma gramática não
afetada por limitações de memória ou outras fontes de desvio.

A língua é um conjunto de sentenças, não sendo necessário recorrer aos dados do discurso para acessar o que ele chama de “Gramática Universal”. Esta
gramática é inata e está presente na mente humana, sendo a aquisição de uma língua possível por causa da competência inata de adquiri-la.

Diferencia competência, que é a habilidade de discernir estruturas gramaticais e agramaticais; e performance, que consiste na língua em uso ou “emprego
efetivo da língua em situações concretas”, sujeita a todas as anomalias e variações de registro;

Diferencia, nas línguas, padrões e parâmetros. Os padrões são elementos fundamentais de qualquer língua; e os parâmetros , interceptores que são
acionados em algumas línguas e em outras não. Mesmo não usados em algumas línguas, os parâmetros continuam presentes no cérebro humano,
possibilitando a aquisição de outras línguas.

Há três modelos de estudo da língua:


O primeiro advindo da teoria da comunicação;
O segundo proveniente da análise dos constituintes imediatos;
O terceiro oriundo da noção de estrutura da frase. Deste último, considerado o único adequado, é unido à noção de transformação gramatical.

Do método transformacional depreende-se que a gramática é descrição fonológica, sintática e semântica da língua, com a pressuposição da existência de
universais de forma e substância. Este assunto passou a ser tratado na segunda obra de Chomsky, que constitui uma segunda fase de seus estudos, obra
esta intitulada Aspects of the theory of syntax.

Os universais de substâncias estão presentes em todas as línguas, sendo abordada na teoria dos constituintes imediatos, porém não de forma suficiente. Os
universais de substância fonéticos consistem em traços articulatórios ou acústicos presentes em todas as línguas. Os universais sintáticos são estruturas
gramaticais que estão presentes em todas as línguas. Os universais semânticos são as funções de designação, que são assumidas de forma específica em
todas as línguas.

A partir dos universais é possível prever fatos novos dentro da língua. Para tanto, é necessário separar as seqüências gramaticais das não-gramaticais, e a
partir desta divisão o lingüista deve gerar as frases da língua, e somente as gramaticais.

A função da linguística é caracterizar e descrever as habilidades linguísticas dos falantes e da língua.


A competência subjacente da língua e dos falantes é um sistema de processos gerativos, que tem três componentes: o sintático, que forma a base da
gramática; o fonológico; e o semântico, sendo estes últimos intérpretes das cadeias abstratas geradas pelo componente sintático;

Os elementos que formam a frase são elementos chamados de terminais, sendo estes os vocábulos no nível sintático, e os fonemas no nível fonológico.
A estes elementos, soma-se os elementos auxiliares;

As orações são divididas em sintagmas, sendo estes nominais (substantivo, artigo, pronome, eventualmente um verbo etc.) ou verbais (verbo, que pode ser
principal ou auxiliar). A partir desta classificação, é criado um sistema de regras de ramificação e estas, somadas às informações dadas pelo dicionário da
classe das palavras, obtém-se um diagrama em árvore ou marcador da estrutura frasal.

Há ainda as regras de subcategorização que introduzem traços sintáticos que podem ser próprios ou comuns, concretos ou abstratos, contáveis ou não-
contáveis, animados ou inanimados, humanos ou não-humanos etc. A partir destes traços de subcategorização, estabelece-se um feixe de traços chamado
de símbolo complexo. O componente transformacional da teoria está presente na relação entre a estrutura subjacente com a superficial, em que há elisão,
inserção, substituição ou mudança de elementos sintáticos.

As frases mal formadas são originadas com asterisco, sendo marcadas e tidas como agramaticais. A interpretação semântica é definida pela estrutura
profunda.

As concepções gerativistas passaram a sofrer maiores variações após a década de 70, com o surgimento de outra corrente de lingüistas gerativos.

“Nos fins da década de 70, a linguística gerativa abandonou seu modelo tradicional de gramática como um sistema constituído de regras específicas e
adotou um modelo em que a gramática opera restringida por alguns poucos princípios gerais e se concentra não mais em derivar (obter) sentenças da
língua, mas em justificar representações gramaticais possíveis. Ao mesmo tempo, introduziu a idéia de que a gramática universal é um conjunto de
parâmetros variáveis, isto é, ela restringe as gramáticas possíveis, mas admite caminhos alternativos.” (FARACO, C. A., 1991, p. 105)

O modelo de variação gerativista abriram também espaço à diacronia gerativista, ainda que esta se mantenha a - histórica, porque exclui os fatores sócio-
políticos e históricos, na compreensão da questão central da mudança linguística.

Muito evocada, principalmente até os anos de 1980, o gerativismo ainda encontra espaço para pesquisa. Começou a perder terreno a partir do surgimento
das teorias discursivas da fala, do texto e da interação, o que causou um choque teórico entre as teorias, na medida em que essas propunham análise de
textos como um todo em detrimento às sentenças descontextualizadas do programa de Chomsky. Entretanto, os modelos gerativistas são até hoje muito
utilizados por estudiosos da psicologia e daqueles que trabalham com aquisição da linguagem, alem de auxiliar os estudiosos da linguística computacional.

http://revistalogoseveritas.inf.br/lev/wp-content/uploads/2015/04/Vol-02_no-06_02_As-grandes-teorias-linguisticas_-revisao-teorica-II.pdf

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Modelo teórico formal, inspirado na matemática, que descreve e explica abstratamente o que é como funciona a linguagem humana;

Resposta e rejeição ao modelo behaviorista de descrição dos fatos da linguagem, que foi predominante na lingüística e nas ciências de modo geral;
Revitalização da concepção racionalista dos estudos da linguagem em oposição categórica contra a concepção empiricista de Skinner, Bloomfield e demais
estruturalistas norte-americanos e europeus;

A capacidade humana de falar e entender uma língua é resultado de um dispositivo inato, uma capacidade genética, interna ao organismo humano ( e não
completamente determinada pelo mundo exterior, como diziam os behavioristas), a qual deve estar radicada na biologia do cérebro/mente da espécie e é
destinada a constituiar a competência lingüística de um falante. Essa capacidade inata é chamada: Faculdade da linguagem;

A criatividade é a principal característica da linguagem humana;

O papel do gerativismo é descrever e explicar a natureza e o funcionamento da Faculdade da linguagem.

Enquanto o estruturalismo constitui-se como teoria descritiva, o gerativismo aparece como teoria explicativa dos fatos que determinam a produção/aquisição
da língua

A língua é um objeto mental. Um sistema de princípios radicados na mente humana. A análise da relação entre mente e língua.
Não se interessa pela análise das expressões lingüísticas consideradas em si mesmo, separadas das propriedades mentais, bem como do aspecto social que a
língua apresenta.

Criação do módulo lingüístico chamado Faculdade da Linguagem;

A língua é um fenômeno que parece ser exclusivo da espécie humana (tipo particular de estrutura e organização mental);

Existe um módulo lingüístico na mente, constituído de princípios responsáveis pela formação e compreensão das expressões lingüísticas, especialmente
dedicadas à língua;

Essa faculdade é inata (todos os seres humanos nascem dotados dela) e é parte da dotação genética da espécie humana;
Chomsky difere de Saussure porque essa faculdade é especifica da língua, não associando às outras formas de linguagem.

GRAMÁTICA GERATIVA

Faculdade da linguagem:
a) Gramática Universal: todo ser humano é dotado da faculdade da linguagem, e toda criança parte do mesmo estado inicial em seu processo de aquisição da
primeira língua, independentemente de ser ouvinte ou surda.
b) Ambiente Lingüístico: na medida em que cada criança é exposta a um ambiente lingüístico particular, esse estado inicial da faculdade da linguagem vai se
modificando.

Conclusões:
1° - A língua está associada ao estado inicial da faculdade da linguagem + os resultados do desenvolvimento desse estado inicial pelo contato com um
determinado ambiente lingüístico.
2° - A partir disto, a Gramática Gerativa consegue:
a) descrever o conhecimento do falante de uma língua em particular;
b) caracterizar o tipo de conhecimento inato que a criança traz para o processo de aquisição de uma língua;
c) explicar os processos que levam uma criança desse ponto inicial do conhecimento lingüístico inato até o conhecimento de sua língua.
Objeto de estudo da Gramática Gerativa:

 A língua enquanto competência, ou seja, o conhecimento que um falante tem de sua língua, desenvolvido a partir da informação genética trazida pela
faculdade da linguagem em seu estado inicial. A competência é o conhecimento mental que um falante tem de sua língua. É o resultado do desenvolvimento
do conhecimento lingüístico inato, a partir de sua interação com dados de uma determinada língua.
 O contrário de competência é performance, ou seja, o uso concreto da língua.
 Por exemplo, lapsos de memória não é um problema de competência, mas de performance

Linguisticamente um professor de doutorado e um trabalhador rural de baixo nível de escolarização são iguais?
Ambos têm uma competência com a língua portuguesa igual, o que os diferencia é a competência para utilizá-la em situações sociais diversas.

Como pode isso?

Ambos nasceram biologicamente iguais, ou seja, os dois têm a mesma faculdade da linguagem com as mesmas informações lingüísticas genéticas. Os dois
cresceram em ambientes lingüísticos em que o português era a língua falada. Em conseqüência, os dois desenvolvem a mesma língua, a mesma competência.

A diferença sócio-cultural-econômico causa desnível da performance, e não da competência.

O FOCO DA GRAMÁTICA GERATIVA:

Se Saussure analisava os componentes dos signos (significado e significante), Chomsky preocupa-se com os princípios inscritos na mente humana que
compõe esse sistema chamado Língua.

Há uma dicotomia extrema:

Língua como objeto externo à mente


Língua como objeto interno da mente
Falante chega ao conhecimento de sua língua por meio de um sistema de aprendizagem que envolve processos de observação, memorização, associação, etc.
Os seres humanos nascem dotados de um conjunto de estruturas lingüísticas mentais altamente abstratas e geneticamente determinadas, que funcionam como
um mapa, orientando o processo de aquisição de língua para a criança. Esse conjunto de estruturas lingüísticas mentais é a Gramática Universal.

Porque então as pessoas não falam a mesma língua?

O ambiente em que a criança cresce tem um papel fundamental na aquisição.


R.: É dessa interação da gramática universal com o ambiente lingüístico que se desenvolvem as gramáticas dos falantes ou de qualquer língua de sinais.
Como Chomsky explica a relação entre significante e significado?
R. Ele não explica. A Gramática Gerativa não se preocupa com questões de significado, de léxico. A preocupação é a estruturação da sentença, ou seja, a
sintaxe.

Se Chomsky se preocupa somente com a sintaxe, e as demais partes da análise da Lingüística que não são estruturais, sintáticos, não são também língua?

São. Porém as outras partes para Chomsky não são inatas e, portanto, não são focos da atenção central dos estudos da Gramática Gerativa.

OBSERVAÇÃO:

http://edmarciuscarvalho.blogspot.com.br/2012/07/resumo-linguistica-segundo-chomsky.html

Parte do desempenho em direção à gramática (estrutura sintática). Saussure pretendiadescrever a língua, e não a fala. A teoria gerativa defende haver algo
anterior à língua dos estruturalistas, i.e., a capacidade que os falantes possuem de produzir os enunciados possíveis de uma língua. Acredita-se então, que a
linguagem é algo inato ao ser humano.

As produções das crianças não são simples imitações de adultos, pois existem produções que não se verificam na fala dos adultos, por isso são originais.
Portanto, defende-se que as crianças possuem suas próprias regras de fala, mas com o convívio com os adultos vão moldando sua fala às regras deles.

Apresenta como avanço no campo dos estudos lingüísticos o desenvolvimento de noções fundamentais como recursividade e princípios & parâmetros, que
impulsionaram a investigação sobre a aquisição da linguagem e a mudança linguística, o aprimoramento do modelo X-barra como teoria sobre a estrutura dos
constituintes sintáticos, que permitiu a descrição de inúmeros fenômenos sintáticos antes ignorados pelos linguistas, entre muitas outras contribuições teóricas
e empíricas.

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