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2. Linguagem vs. língua vs. fala vs.

Voz

carla.araujo@ipb.pt

Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo


Língua

A língua é um sistema signos, a parte social


da linguagem, exterior ao indivíduo: não
pode ser modificada pelo falante e obedece
às leis do contrato social estabelecido pelos
membros da comunidade.
No sentido de definir o objeto de estudo da
linguística, Saussure isola uma parte
essencial da linguagem, a língua. A
linguagem humana realiza-se em
manifestações particulares a que os
linguistas chamam línguas naturais.
Língua – enquanto entidade concreta, é um
sistema de signos usado numa zona
geopolítica.

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De acordo com Chomsky, a língua é um
objeto mental, um sistema de princípios
radicados na mente humana. Todas as
línguas naturais possuem um número finito
de sons e um número finito de sinais
gráficos que os representam (se dispuser
de um código escrito).

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Fala

A fala é um ato individual


que resulta das combinações
feitas pelo sujeito falante,
utilizando o código da língua.
Expressa-se por mecanismos
psicofísicos (atos de fonação)
necessários à produção dessas
combinações.

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Voz

A voz diz respeito ao som


produzido pelo ar que sai dos
pulmões, atravessa a laringe e faz
vibrar as pregas vocais. É o som
com o qual as palavras são
emitidas. A produção de fala passa
inevitavelmente pela produção de
voz, que envolve três etapas:
respiração, fonação e articulação.

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Línguas como sistemas

Saussure concentra o seu estudo na língua, ou seja,


no «produto social depositado no cérebro de cada
um», no sistema supra-individual que a sociedade
impõe ao falante.
Para Saussure, apenas a língua pode ser descrita e
estudada, porque é sistémica, por oposição à fala,
que é assitémica.

A visão da língua como realidade sistemática e


funcional é o conteúdo mais importante da conceção
saussuriana. Para Saussure, a língua é, antes de tudo,
«um sistema de signos distintos correspondentes a
ideias distintas»; é um código, um sistema em que,
«de essencial, só existe a união do sentido e da
imagem acústica».

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Saussure encara a língua como um objeto de «natureza
homogénea» (p. 23) e que, portanto, se enquadra
perfeitamente na sua definição de base: «a língua é um
sistema de signos que exprimem ideias». O linguista
salientou a ideia de que os signos linguísticos são
compostos por um significante e por um significado. O
significante corresponde ao som ou sequência de sons
de uma palavra (ou à sequência de letras com que ela é
representada na escrita) e o significado ao conceito
interiorizado na mente dos falantes que está
sistematicamente associado ao significante.

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O significante e o significado de
um signo são conceitos
pertencentes às línguas: só existem
no contexto das línguas naturais em
que são utilizados. O referente,
contrariamente, é uma realidade
externa à língua: existe
independentemente de haver um
signo que o designa.

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Gramática Universal vs. gramáticas
Línguas naturais:
- manifestações espontâneas da faculdade da linguagem;
- línguas que são adquiridas como língua materna.
«As línguas naturais (com as propriedades que os linguistas e
filósofos lhes tem reconhecido) são adquiridas e faladas
espontaneamente apenas pelos membros da espécie humana, isto
é, por organismos com um determinado tipo específico de estrutura e
organização mental. Parece, pois, difícil escapar à conclusão de que
as propriedades essenciais da linguagem são diretamente
determinadas por propriedades mentais dos seres que as falam, e
que estudar a linguagem humana consiste em estudar determinadas
propriedades da mente humana, radicadas, em última instância, na
organização biológica da espécie.»(Raposo, 1992, p.26).

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Linguista

Descrição das línguas naturais


como caminho para a descrição dos
princípios universais.

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Gramática Universal (GU)

Princípios inatos e universais que


constituem a faculdade da
linguagem;
Estado inicial da faculdade da
linguagem, anterior a qualquer
experiência linguística.

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O gerativismo ainda tem como qualidade
distintiva fundamental o caráter de
generalização de leis comuns. É a busca
de regularidades a partir do sistema. Não
é apenas propor esquemas
distribucionais, mas uma estrutura de
funcionamento. Chomsky propõe uma
gramática que permite prever todas as
frases aceitáveis de uma língua dada. Daí
sua aproximação com o estruturalismo,
uma vez que tem como objeto de estudo a
estrutura linguística.

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Para o linguista gerativo, o
termo língua não se refere a
uma língua particular, mas a
capacidade humana de utilizar
uma língua. O falante nativo
tem domínio da fonética,
fonologia, morfologia e
semântica de sua língua, no
que diz respeito à produção e a
identificação.

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A tese da Gramática Gerativa é que as sentenças são
geradas por procedimentos subconscientes (como um
programa de computador). Esses procedimentos fazem parte
da nossa mente. O objetivo da sintaxe é propor um modelo
para estes procedimentos (capacidade). "Certos aspectos da
mente/cérebro podem ser proveitosamente estudados tendo
como modelo sistemas computacionais de regras que
formam e modificam representações e que são usados na
interpretação e na ação." (Chomsky, 1989, 25)

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Como explicar as semelhanças e as
diferenças que se verificam entre as
diversas línguas?

Como explicar essas diferenças se


assumirmos a existência de uma
GU?

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A descrição dessas semelhanças e dessas
diferenças permite estabelecer generalizações
acerca da linguagem humana. As semelhanças
conduzem ao conhecimento dos universais
linguísticos, enquanto as diferenças permitem
a organização de tipologias linguísticas. As
classes tipológicas assentam em traços
partilhados pelas línguas, pertencentes a um
mesmo tipo; esses traços comuns podem ser
de natureza fonológica, morfológica ou
sintática.

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Universais linguísticos: termo «usado em
linguística e especialmente no âmbito da
gramática generativa para referir as
propriedades comuns das línguas humanas. A
descoberta e descrição destas propriedades
que caracterizam a faculdade da linguagem
humana constitui o objetivo fundamental da
teoria linguística. Dependendo da
componente gramatical a que nos referimos,
podemos falar de universais fonológicos,
universais sintáticos, universais semânticos,
etc.». In: David Crystal (A first dictionary of
linguistics and phonetics. Boulder, CO:
Westview. 1980)
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Referências
Chomsky, Noam (1986). O Conhecimento da Língua. Sua natureza, origem e uso. Lisboa: Caminho,
Tradução portuguesa (1994).
Comrie, B. (1981). Language Universals and Linguistics Typology. Oxford: Blackwell Publishers.
Fiske, J. (1993). Introdução ao estudo da comunicação (trad.). Lisboa: Edições Asa.
Fromkin, V., R. Rodman & N. Hyams (2003). An Introduction to Language. Boston: MA, Thomson
Heinle.
Mateus, M. H. e A. Villalva (2006). O Essencial sobre Linguística. Lisboa: Caminho, Coleção O
Essencial.
Pedro, E. R. (1996). “Interacção verbal”, in FARIA, Isabel Hub, et. al., Introdução à linguística geral
e portuguesa. Lisboa: Caminho.
Santos, J. V. (2011). Linguagem e comunicação. Coimbra: Almedina

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