da linguagem, exterior ao indivíduo: não pode ser modificada pelo falante e obedece às leis do contrato social estabelecido pelos membros da comunidade. No sentido de definir o objeto de estudo da linguística, Saussure isola uma parte essencial da linguagem, a língua. A linguagem humana realiza-se em manifestações particulares a que os linguistas chamam línguas naturais. Língua – enquanto entidade concreta, é um sistema de signos usado numa zona geopolítica.
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
De acordo com Chomsky, a língua é um objeto mental, um sistema de princípios radicados na mente humana. Todas as línguas naturais possuem um número finito de sons e um número finito de sinais gráficos que os representam (se dispuser de um código escrito).
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
Fala
A fala é um ato individual
que resulta das combinações feitas pelo sujeito falante, utilizando o código da língua. Expressa-se por mecanismos psicofísicos (atos de fonação) necessários à produção dessas combinações.
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
Voz
A voz diz respeito ao som
produzido pelo ar que sai dos pulmões, atravessa a laringe e faz vibrar as pregas vocais. É o som com o qual as palavras são emitidas. A produção de fala passa inevitavelmente pela produção de voz, que envolve três etapas: respiração, fonação e articulação.
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
Línguas como sistemas
Saussure concentra o seu estudo na língua, ou seja,
no «produto social depositado no cérebro de cada um», no sistema supra-individual que a sociedade impõe ao falante. Para Saussure, apenas a língua pode ser descrita e estudada, porque é sistémica, por oposição à fala, que é assitémica.
A visão da língua como realidade sistemática e
funcional é o conteúdo mais importante da conceção saussuriana. Para Saussure, a língua é, antes de tudo, «um sistema de signos distintos correspondentes a ideias distintas»; é um código, um sistema em que, «de essencial, só existe a união do sentido e da imagem acústica».
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
Saussure encara a língua como um objeto de «natureza homogénea» (p. 23) e que, portanto, se enquadra perfeitamente na sua definição de base: «a língua é um sistema de signos que exprimem ideias». O linguista salientou a ideia de que os signos linguísticos são compostos por um significante e por um significado. O significante corresponde ao som ou sequência de sons de uma palavra (ou à sequência de letras com que ela é representada na escrita) e o significado ao conceito interiorizado na mente dos falantes que está sistematicamente associado ao significante.
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
O significante e o significado de um signo são conceitos pertencentes às línguas: só existem no contexto das línguas naturais em que são utilizados. O referente, contrariamente, é uma realidade externa à língua: existe independentemente de haver um signo que o designa.
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
Gramática Universal vs. gramáticas Línguas naturais: - manifestações espontâneas da faculdade da linguagem; - línguas que são adquiridas como língua materna. «As línguas naturais (com as propriedades que os linguistas e filósofos lhes tem reconhecido) são adquiridas e faladas espontaneamente apenas pelos membros da espécie humana, isto é, por organismos com um determinado tipo específico de estrutura e organização mental. Parece, pois, difícil escapar à conclusão de que as propriedades essenciais da linguagem são diretamente determinadas por propriedades mentais dos seres que as falam, e que estudar a linguagem humana consiste em estudar determinadas propriedades da mente humana, radicadas, em última instância, na organização biológica da espécie.»(Raposo, 1992, p.26).
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
Linguista
Descrição das línguas naturais
como caminho para a descrição dos princípios universais.
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
Gramática Universal (GU)
Princípios inatos e universais que
constituem a faculdade da linguagem; Estado inicial da faculdade da linguagem, anterior a qualquer experiência linguística.
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
O gerativismo ainda tem como qualidade distintiva fundamental o caráter de generalização de leis comuns. É a busca de regularidades a partir do sistema. Não é apenas propor esquemas distribucionais, mas uma estrutura de funcionamento. Chomsky propõe uma gramática que permite prever todas as frases aceitáveis de uma língua dada. Daí sua aproximação com o estruturalismo, uma vez que tem como objeto de estudo a estrutura linguística.
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
Para o linguista gerativo, o termo língua não se refere a uma língua particular, mas a capacidade humana de utilizar uma língua. O falante nativo tem domínio da fonética, fonologia, morfologia e semântica de sua língua, no que diz respeito à produção e a identificação.
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
A tese da Gramática Gerativa é que as sentenças são geradas por procedimentos subconscientes (como um programa de computador). Esses procedimentos fazem parte da nossa mente. O objetivo da sintaxe é propor um modelo para estes procedimentos (capacidade). "Certos aspectos da mente/cérebro podem ser proveitosamente estudados tendo como modelo sistemas computacionais de regras que formam e modificam representações e que são usados na interpretação e na ação." (Chomsky, 1989, 25)
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
Como explicar as semelhanças e as diferenças que se verificam entre as diversas línguas?
Como explicar essas diferenças se
assumirmos a existência de uma GU?
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
A descrição dessas semelhanças e dessas diferenças permite estabelecer generalizações acerca da linguagem humana. As semelhanças conduzem ao conhecimento dos universais linguísticos, enquanto as diferenças permitem a organização de tipologias linguísticas. As classes tipológicas assentam em traços partilhados pelas línguas, pertencentes a um mesmo tipo; esses traços comuns podem ser de natureza fonológica, morfológica ou sintática.
Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo
Universais linguísticos: termo «usado em linguística e especialmente no âmbito da gramática generativa para referir as propriedades comuns das línguas humanas. A descoberta e descrição destas propriedades que caracterizam a faculdade da linguagem humana constitui o objetivo fundamental da teoria linguística. Dependendo da componente gramatical a que nos referimos, podemos falar de universais fonológicos, universais sintáticos, universais semânticos, etc.». In: David Crystal (A first dictionary of linguistics and phonetics. Boulder, CO: Westview. 1980) Docente: Carla Sofia L. Barreira Araújo Referências Chomsky, Noam (1986). O Conhecimento da Língua. Sua natureza, origem e uso. Lisboa: Caminho, Tradução portuguesa (1994). Comrie, B. (1981). Language Universals and Linguistics Typology. Oxford: Blackwell Publishers. Fiske, J. (1993). Introdução ao estudo da comunicação (trad.). Lisboa: Edições Asa. Fromkin, V., R. Rodman & N. Hyams (2003). An Introduction to Language. Boston: MA, Thomson Heinle. Mateus, M. H. e A. Villalva (2006). O Essencial sobre Linguística. Lisboa: Caminho, Coleção O Essencial. Pedro, E. R. (1996). “Interacção verbal”, in FARIA, Isabel Hub, et. al., Introdução à linguística geral e portuguesa. Lisboa: Caminho. Santos, J. V. (2011). Linguagem e comunicação. Coimbra: Almedina