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meios de comunicação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar sobre língua, cultura e suas relações e
impactos nos meios de comunicação.
Primeiramente, vamos delimitar o conceito de língua de acordo com
a linguística moderna, ver o que caracteriza uma língua e de que formas
ela se manifesta. Também, iremos diferenciar os conceitos de língua e
de linguagem.
Logo após, abordaremos as diferentes acepções de cultura para que
possamos encontrar um consenso entre diferentes teorias. Dessa forma,
veremos como a cultura e a língua estão relacionadas e de que forma a
cultura é expressa nas sociedades.
Finalmente, iremos estudar sobre os meios de comunicação e sua
evolução, acompanhando o desenvolvimento das linguagens e discu-
tindo como a língua e a cultura baseiam suas formas de comunicação e
como esses três elementos formam uma tríade fundamental.
2 Língua e cultura nos meios de comunicação
Mas o que é a língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é
somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É, ao
mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de
convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício
dessa faculdade nos indivíduos.
dade onde começa uma palavra e termina a outra, porque temos cada palavra
representada graficamente e os espaços entre elas nos permitem observar onde
uma acaba e a próxima começa. E mesmo assim, na representação escrita de
outros idiomas, pode ser difícil de compreender a separação das palavras e
a relação entre os símbolos gráficos e seus significados; basta pensarmos
em línguas como o mandarim e o hebraico, cujo sistema gráfico é bastante
diferente do nosso.
Contudo, na representação oral, a separação entre uma palavra e outra nem
sempre é demarcada, já que somente a capacidade adquirida de decodificar
aquele sistema linguístico específico nos permite identificar onde uma pala-
vra termina e onde a próxima começa. É por esse motivo que aprender uma
língua estrangeira pode ser complicado, porque se não temos internalizado em
nosso cérebro o sistema daquela língua, não temos a capacidade de assimilar
cada componente de uma frase e, por consequência, não entendemos seu
significado total.
Agora, imagine (ou diga em voz alta) a seguinte frase: “A casa era grande
e bonita.”. Por escrito, conseguimos identificar claramente seis palavras dessa
frase, porque conseguimos observar os espaços entre elas. Contudo, sabemos
que, oralmente, na frase acima, as palavras não estarão individualmente
demarcadas e bem definidas. Dependendo do falante, é possível que a frase
seja dita de forma que pareça que nem sequer existam seis palavras. Isso se dá
não só por velocidade de fala, mas também pela convenção estabelecida pelas
línguas que, além de tudo, determina onde pausas e separações são normais e
válidas. Nenhum falante da língua portuguesa diria essa frase dessa maneira:
“A [longa pausa] casa era grande e [longa pausa] bonita.”, certo? É possível
que ela seja dita de outras formas, mas não é comum existir uma pausa entre
um artigo e o substantivo, bem como não é usual haver um intervalo entre o
“e” e o segundo elemento ligado por ele.
Para entender um pouco melhor o conceito de cadeia fônica linear, vamos
observar formas que poderiam ser normalmente ditas por um falante nativo
de português:
1. /Acasa eragrandebonita/
2. /Acaseragrande ebonita/
Figura 1. Cadeia fônica da frase “A casa era grande e bonita” oralmente expressa de forma
não natural para o português, de forma que cada elemento que compõem a frase seja
pronunciado isoladamente.
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Figura 2. Cadeia fônica da frase “A casa era grande e bonita” oralmente expressa de forma
natural para o português como no exemplo 1. /Acasa eragrandebonita/.
Figura 3. Cadeia fônica da frase “A casa era grande e bonita” oralmente expressa de forma
natural para o português como no exemplo 2. /Acaseragrande ebonita/.
Todos os aspectos que abordamos sobre a língua neste estudo são apenas
uma pequena amostra de todos os estudos que se desdobram a partir da língua.
Portanto, podemos reconhecer, então, que estudar a língua não é uma tarefa
simplória.
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Com base nas acepções dadas pelo dicionário, podemos observar que
“cultura” pode ser considerada como um conjunto de outros fatores e que
integram a esfera social. Portanto, podemos concluir – logicamente – que a
cultura é composta de diversos tipos de componentes que se manifestam de
diferentes formas para propósitos diferentes e que dão caracterização a um
grupo social.
Contudo, definir cultura é um trabalho um pouco maior do que isso, uma
vez que os componentes pertencentes ao conceito “cultura” pertencem e tangem
a diversas áreas sociais, como, por exemplo, conhecimento, comportamento,
educação, entretenimento, etc.
Uma das definições mais respeitadas sobre cultura foi dada pelo antropólogo
britânico Tylor (2010), que entendia a cultura como sendo um fenômeno natural
e a definia como: “(...) todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as
crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capaci-
dades adquiridos pelo homem como membro da sociedade (...)”.
Mais uma vez, observamos que a cultura nunca é vista como um elemento
isolado, mas como um conjunto complexo de outros subcomponentes que fazem
parte da “bagagem intelectual” do homem na sociedade. Podemos concluir,
então, que a cultura está fortemente relacionada à sociedade.
Língua e cultura nos meios de comunicação 11
Neste material, não usaremos a palavra “produto” como objeto material; mas como
valor manifesto e obtido por diferentes meios.
Portanto, o “produto” aqui será tratado como “bagagem intelectual”, como “pen-
samento”, como “forma comportamental” e etc. Ou seja, como “traços” materiais,
intelectuais, espirituais, psicológicos e etc.
O termo “produto” será utilizado para definir todos os elementos materiais (obras de
arte, acervos de livros, construções e etc.) e imateriais (pensamentos, língua, saberes,
valores) que são compreendidos pela cultura.
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Cultura e língua
O pai da linguística define a língua e a linguagem como formas de organizar
o pensamento e a sociedade. Se tomarmos “cultura” por um conjunto de
produtos que se transmite dentro de uma sociedade conforme a caracterizam,
podemos então afirmar que língua e cultura estão intrinsicamente associadas
(SAUSSURE, 1975).
Além de ser um meio pelo qual a cultura se propaga, a língua também é
manipulada e moldada pela cultura e pela forma de comportamento de um
grupo. Esse é um dos motivos pelos quais existem variações linguísticas. A
partir do momento que consideramos que existem muitas formas culturais e
que diferentes grupos possuem diversos conjuntos de valores, de crenças, de
pensamentos e de inúmeros componentes que formam a cultura é natural que
haja variações dentro de uma mesma língua.
Para Saussure (1975), a língua também é a forma como cada sociedade
enxerga o mundo. Por esse motivo, podem existir conceitos que uma língua
expressa e não podem ser traduzidos para outra porque para aquele outro
grupo essa realidade (seja uma ação, função, efeito ou objeto) não existe; ou
seja, conceitos e valores culturais que existem em uma certa sociedade e que
inexistem em outra. Um exemplo é a distinção dada pela língua inglesa entre
a ovelha animal e a carne de ovelha. Eles enxergam duas realidades diferentes,
portanto, nomeiam dois conceitos. O animal, chamam de sheep, enquanto a
carne de mutton. Para o português, basta dizer “ovelha” e o contexto nos diz se
é o animal ou a carne. Obviamente, também podemos aumentar a explicação e
adicionarmos “carne de” para nos referirmos ao alimento; contudo, não temos
apenas uma palavra que designe “carne de ovelha”. Para a cultura inglesa,
existem dois produtos (o animal e a carne) de forma que embora saibam que um
provém do outro, ainda preferem tratar e considerar cada um como distintos;
dessa forma, existe a necessidade de duas nomenclaturas.
Ao lembrarmos que os elementos culturais podem nascer na necessidade,
a língua também precisa acompanhar esses movimentos e nomear novos con-
ceitos. Um exemplo é o forte movimento tecnológico firmado principalmente
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Com esses exemplos podemos ver a forte relação entre a língua e a cultura,
de forma que a língua pode ser vista como uma forma de manifestação da
cultura ao mesmo tempo em que é moldada e desenvolvida por ela.
Outra relação entre língua e cultura é a de que a língua também serve como
base para diversas outras manifestações culturais (como a música, a poesia,
a literatura); ela acaba ocupando uma posição privilegiada entre os compo-
nentes de uma cultura e, dessa forma, é utilizada como um canal importante
de transmissão e manutenção da cultura.
Uma vez que cultura é conceituada como um conjunto de elementos que
devem ser compartilhados e transmitidos entre as pessoas componentes de um
grupo, é natural e necessário que a comunicação tenha um papel fundamental
na disseminação de elementos culturais e, para que a comunicação aconteça,
a língua seja a ferramenta mais apropriada.
Os meios de comunicação
Os meios de comunicação são ferramentas ou veículos que tem o objetivo
de disseminar a informação entre as pessoas, como a internet, os jornais, a
televisão e etc. Na teoria da comunicação, os meios de comunicação se apro-
ximam do papel do “canal”, que é a forma ou o meio por onde a mensagem é
enviada do emissor para o receptor.
Sempre houve um desenvolvimento e expansão de formas por meio das quais
a comunicação pode ocorrer, uma vez que a necessidade de comunicação e de
troca de informações entre os humanos é inata. Desde a invenção da escrita,
muitos aparatos foram desenvolvidos de forma que as interações pudessem
acontecer entre as pessoas, como, por exemplo, em livros, cartas, telégrafo,
correios, rádio, televisão, telefone, internet e etc. É certo que a comunicação
pode ocorrer sem o uso da língua, mas a maior parte dos processos comunica-
tivos se dá por meio dela. Pense em todas as formas comunicativas que você
utiliza em um dia. Quantas delas acontecem com o uso da língua?
Os meios de comunicação são divididos em dois tipos:
Leituras recomendadas
SIQUEIRA, E. D. Antropologia: uma introdução. [S.l.: s.n.], 2007. Disponível em: <https://
admpub.files.wordpress.com/2013/06/antropologia_completo_revisado.pdf>. Acesso
em: 25 fev. 2017.
VILELA, M.; KOCH, I. V. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 2001.
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