O documento discute a relação entre a Linguística e o Ensino de Língua Portuguesa ao longo das décadas. Inicialmente, os linguistas se limitavam a apresentar conceitos científicos para professores. Posteriormente, passaram a defender métodos de ensino baseados em descobertas linguísticas e no texto como centro. Nos anos 1980-1990, surgiram abordagens cognitivistas e interacionistas no ensino.
O documento discute a relação entre a Linguística e o Ensino de Língua Portuguesa ao longo das décadas. Inicialmente, os linguistas se limitavam a apresentar conceitos científicos para professores. Posteriormente, passaram a defender métodos de ensino baseados em descobertas linguísticas e no texto como centro. Nos anos 1980-1990, surgiram abordagens cognitivistas e interacionistas no ensino.
O documento discute a relação entre a Linguística e o Ensino de Língua Portuguesa ao longo das décadas. Inicialmente, os linguistas se limitavam a apresentar conceitos científicos para professores. Posteriormente, passaram a defender métodos de ensino baseados em descobertas linguísticas e no texto como centro. Nos anos 1980-1990, surgiram abordagens cognitivistas e interacionistas no ensino.
A alfabetização, a produção de textos e a leitura são atividades básicas do ensino de língua materna, e são também questões que a Linguística ajudou a repensar e reformular, nos últimos anos, confirmando que a parceria Linguística- Ensino é benéfica. Essa parceria foi construída pacientemente, e passou, por parte dos linguistas, por diferentes formas de colaboração: na década de 1970, o linguista que se interessava pelo ensino do português preocupava-se, no máximo, em apresentar em linguagem acessível aos professores de língua materna os conceitos científicos que ele considerava pedagogicamente relevantes: é esse, em linhas gerais, o sentido da série "Subsídios para a aplicação dos guias curriculares" da Secretaria da Educação de São Paulo, de 1978: Castilho (Org. 1978). De outro tipo são os trabalhos que começam a aparecer nos anos 1980, geralmente voltados para mostrar a necessidade de levar para a sala de aula os mesmos métodos de descoberta usados em Linguística, de fazer do texto o centro do ensino, ou de reformular as práticas vigentes à luz das descobertas da ciência da linguagem (este é o sentido geral de O Texto na Sala de Aula, editado em 1984 e ainda hoje uma referência importante). Num momento particularmente fecundo da parceria linguística/ensino, que podemos situar no final dos anos 1980 e no início dos anos 1990, aparecem obras que delineam concepões de ensino baseadas em concepções da linguagem de cunho interacionista e cognitivista. A Linguística tem trabalhado no sentido de valorizar os usos reais e de tomar a língua falada pelos educandos como ponto de partida para o aprendizado da língua escrita culta; a mídia tem trabalhado, no mais das vezes, no sentido de estigmatizar as formas populares, aprofundando a distância entre elas. Nesse contexto mudado, o debate se coloca hoje de maneira muito mais clara como uma escolha entre duas atitudes opostas: é possível abrir os olhos para a realidade linguística, compreendê-la a fundo, aceitá-la e trabalhar a partir dela, assim como é possível fechar os olhos à realidade, decidindo dogmaticamente como ela deveria ser. A opção da Linguística tem sido pelo conhecimento do que existe e pela superação do preconceito. LINGUAGEM – Três principais concepções ao longo da História: como representação (“espelho”) do mundo e do pensamento; como instrumento (“ferramenta”) de comunicação; como forma (“lugar”) de ação ou interação. Daí, as diversas definições que podemos encontrar para o termo: Todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação, que nos permite expressar/dizer algo – verbal, aquele que se utiliza da língua (oral ou escrita), não-verbal, aquele que utiliza qualquer código, que não seja a palavra (e.: pintura, desenho, música, dança, sinais etc.); Faculdade que tem o homem de exprimir seus estados mentais por meio de um sistema de sons vocais chamado língua, ou por outro tipo de sistema; Atividade humana e cultural. É um fenômeno dinâmico, condição para a existência de qualquer grupo social. Embora seja diversificada em sua realização concreta, é um fenômeno universal; Linguagem: “Capacidade específica à espécie humana de comunicar por meio de um sistema de signos vocais (ou língua), que coloca em jogo uma técnica corporal complexa e supõe a existência de uma função simbólica e de centros nervosos geneticamente especializados. Esse sistema de signos vocais utilizados por um grupo social determinado constitui uma língua particular. Às línguas faladas pelos diversos povos damos o nome de “línguas naturais”. (Dubois) Línguas naturais: São as línguas faladas pelas várias comunidades linguísticas humanas, tais como o francês, o inglês, o chinês, o armênio, o russo, o português, o tupi, etc. “Nos termos de Benjamim L. Whorf, cada língua recorta a realidade de um modo particular”. A “tese de Whorf”, como é conhecida, contraria a impressão ingênua de que as línguas seriam meras variações de expressões que remeteriam a significados universalmente válidos e estáveis. Assim, as línguas naturais não são um decalque nem uma rotulação da realidade; elas delimitam aspectos de experiências vividas por cada povo, e estas experiências, como as línguas, não coincidem, necessariamente, de uma região para outra”... Exemplos:
Chauffeur: aquele que aquece o motor (francês);
conductor (esp.) ou driver (ingl.): aquele que dirige o carro; motorista: aquele que põe o motor em funcionamento. Arco-íris: português (roxo, anil, azul, verde amarelo, laranja, vermelho); seis cores em inglês (purple, blue, green, yellow, orange, red); duas cores em Bassa (hui e ziza)
Obs: Bassa - língua falada na Indonésia e alguns países do sul da África
“Nenhuma língua pode expressar, com inteira justeza, senão a sua própria cultura, e ela falha, lamentavelmente, quando pretende traduzir a língua (e a cultura nela implícita) de uma outra sociedade” (E. Lopes, p. 24) Linguagem animal existe? Um estudo clássico de Karl von Frisch, 1959, revela que a abelha-obreira, ao encontrar uma fonte de alimento, regressa à colmeia e transmite a informação às companheiras por meio de dois tipos de dança: circular, traçando círculos horizontais da direita para a esquerda e vice- versa, ou em forma de oito, em que a abelha contrai o abdome, segue em linha reta, depois faz uma volta completa à esquerda, de novo corre em linha reta e faz um giro para a direita, e assim sucessivamente. Embora seja bem preciso o sistema de comunicação das abelhas- ele não constituí uma linguagem, no sentido em que o termo é empregado quando se trata de linguagem humana. Diferenças entre a comunicação das abelhas e a humana A mensagem se traduz pela dança exclusivamente, sem intervenção de um “aparelho vocal”, condição essencial para a linguagem; A mensagem da abelha não provoca uma resposta, mas apenas uma conduta, não há diálogo; A abelha não constrói uma mensagem a partir de outra mensagem; Conteúdo da mensagem é único- o alimento, a única variação possível refere- se à distância e à direção; o conteúdo da linguagem humana é ilimitado; A mensagem das abelhas não se deixa analisar, decompor em elementos menores. Características da linguagem humana a) Simbolização: a linguagem humana é simbólica: os signos representam a realidade; a língua é uma recriação (representação) da realidade, uma “imago mundi”.
b) Articulação: a linguagem humana é
duplamente articulada. A primeira articulação (dos morfemas: as menores unidades significativas) e a segunda articulação (dos fonemas: as menores unidades distintivas. Na palavra gatas temos 03 morfemas (1ª art.) e 5 fonemas (2ª art - g/a/t/a/s ) gat- = morfemal lexical; -a = morfema de gênero feminino; -s = morfema de número plural; c) Regularidade: cada manifestação linguística tem uma significação permanente capaz de repetir-se idêntica a si mesma nas mesmas circunstâncias; embora as manifestações linguísticas variem no tempo e no espaço, isto não viola o princípio da regularidade
d) Intencionalidade: toda comunicação implica
sempre um propósito claro e definido e é dotada de uma intenção: não há uma fala neutra e) Produtividade: propriedade da língua que nos permite, a partir de um número determinado de elementos, produzir um número infinito de frases; capacidade de reconhecer e produzir mensagens, independentemente de já tê-las ouvido antes ou não; o ser humano não só repete frases ouvidas anteriormente, mas é capaz de gerar suas próprias frases. Outros conceitos decorrentes de Linguagem: LÍNGUA: é um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício da linguagem. É o código, um sistema de signos. Reflete as idéias, os comportamentos de uma sociedade, a cultura de um povo. Apresenta um caráter social.
FALA: é a atualização da língua pelo indivíduo.
Apresenta um caráter individual. NORMA: é um conjunto de regras que regulam as relações linguísticas. É um conjunto de hábitos linguísticos vigentes no lugar ou na classe social mais prestigiosa no país. Pode ser coletiva ou individual. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: é o termo empregado para designar as diferentes formas de uso de uma língua. Vários fatores influenciam o falante no uso da língua: histórico (arcaísmo, neologismo, gíria), geográfico (regionalismo), social (grau de instrução, idade, profissão), estilístico (situação de conversação, pessoal). NÍVEIS DE LINGUAGEM: o indivíduo organiza a linguagem em relação à situação e ao interlocutor, o que caracteriza o aparecimento de diferentes níveis de linguagem: culto, formal, comum, familiar, informal, popular. Língua falada X língua escrita LÍNGUA FALADA LÍNGUA ESCRITA
repetição de palavras vocabulário rico e variado (sinônimos)
emprego de gírias emprego de termos técnicos
maior uso de onomatopéias vocabulário erudito, substantivos abstratos
emprego restrito de certos tempos e aspectos emprego de mais-que-perfeito, subjuntivo,
verbais futuro do pretérito
colocação pronominal livre colocação pronominal de acordo c/ gramática
supressão dos relativos (p.ex.: cujo) emprego de pronomes relativos
frases feitas, chavões variedade na construção de frases
anacolutos (rupturas de construção) sintaxe bem elaborada
frases inacabadas frases bem construídas
formas contraídas, omissão de termos na frase clareza na redação, sem omissões e ambi- guidades
predomínio da coordenação emprego de coordenação e subordinação
Concluindo... Linguagem e a fala humana A linguagem é inseparável do homem e segue-o em todos os seus atos. A linguagem é o instrumento pelo qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos; A linguagem não é um simples acompanhante, mas sim um fio profundamente tecido na trama do pensamento; para o indivíduo, ela é o tesouro da memória e a consciência vigilante transmitida de pai para filho.