Você está na página 1de 23

PROFESSORA: SILVANA CÂNDIDO

LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA


LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
Para Travaglia (2009, p. 21-23), três seriam as concepções de língua:
(1) como expressão do pensamento;
(2) como instrumento de comunicação;
(3) como forma ou processo de interação (cf. PEREIRA, 2016).
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
Como expressão do pensamento, entende-se que, se uma
pessoa não se expressa bem, isso se dá porque não pensa: “a
expressão se constrói no interior da mente, sendo sua
exteriorização apenas uma tradução”.
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
A enunciação não seria afetada pelo outro nem pelas
circunstâncias constituidoras da situação social em que acontece a
enunciação. Haveria regras que garantem a organização lógica do
pensamento e da linguagem, e elas se confundem com as regras
gramaticais e têm por objetivo garantir o “bem falar” e o “bem
escrever”.
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
Continua Travaglia: “para essa concepção, o modo como o texto, que se usa
em cada situação de interação comunicativa, está constituído não depende em
nada de para quem se fala, em que situação se fala (onde, como, quando), para
que se fala” (p. 22).
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
Como instrumento de comunicação, a língua é vista como um código, ou
como conjunto de signos passíveis de combinação, capazes de transmitir uma
mensagem de um emissor a um receptor. Nesse sentido, o conceito de língua
está diretamente relacionado com a teoria da comunicação; a língua é um
conjunto de regras capazes de transmitir uma mensagem ao receptor: “o
código deve, portanto, ser dominado pelos falantes para que a comunicação
possa ser efetivada [...]. É necessário que o código seja utilizado de maneira
semelhante, preestabelecida, convencionada para que a comunicação se
efetive”.
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
Como processo de interação, a língua possibilita que os indivíduos
interajam; serve a língua não apenas para exteriorizar pensamentos, mas também
realizar ações: “o que o indivíduo faz ao usar a língua não é tão somente traduzir e
exteriorizar um pensamento, ou transmitir informações a outrem, mas sim realizar
ações, agir, atuar sobre o interlocutor” (p. 23).
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
A língua seria, portanto, um lugar de interação humana, que possibilita a
produção de sentidos entre interlocutores em situações de comunicação e
em determinado contexto sócio-histórico e ideológico: “os usuários da língua
ou interlocutores interagem enquanto sujeitos que ocupam lugares sociais
e “falam” e “ouvem” desses lugares de acordo com formações imaginárias
(imagens) que a sociedade estabeleceu para tais lugares sociais”.
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
Em relação à competência textual, Travaglia (2009, p. 19) afirma que ela é
constituída, em situação de interação comunicativa, pela produção e
compreensão de textos considerados bem formados.
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
A capacidade formativa “possibilita aos usuários da língua produzir e
compreender um número de textos que seria potencialmente ilimitado e, além
disso, ística dada é ou não um texto” (p. 18).
Avaliar a boa ou má formação de um texto dado, o que equivaleria mais
ou menos a ser capaz de dizer se uma sequência linguística.
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
A capacidade transformativa possibilita que os usuários da língua
reformulem, parafraseiem e resumam textos, segundo os mais variados fins,
e julgar se “o produto dessas modificações é adequado ao texto sobre o qual a
modificação foi feita”.
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
. A capacidade qualificativa permite ao usuário de uma língua “dizer a que
tipo de texto pertence um dado texto, naturalmente segundo uma determinada
tipologia”. Nesse sentido, o usuário da língua é capaz de dizer se se trata de
uma piada, uma fábula, um romance, uma ata, um aviso, uma carta: “a
capacidade qualificativa tem a ver com a capacidade formativa, à medida que
deve possibilitar ao usuário ser capaz de produzir um texto de determinado
tipo” (p. 18).
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
Em relação ao conceito de língua, Marcuschi (2011, p. 67) esclarece que a
língua é uma atividade cognitiva; sua função mais importante não é
informacional, mas inserir os indivíduos em contextos sócio-históricos e
permitir que se entendam. É mais do que um veículo de informações. Não é,
portanto, simplesmente um instrumento para reproduzir ou representar ideias. O
discurso não é um acontecimento isolado; ele está em oposição a outros
discursos que o precederam, ou que o sucederão.
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
Temos, portanto, aqui uma concepção de língua que não a vê apenas como
descritiva ou representacionista; ela jamais é neutra e é sempre dotada de
intencionalidade. Usamos a língua “não só para estabelecer comunicação,
mas, sobretudo, para pedir, ordenar, sugerir, criticar, argumentar, fixar
uma imagem positiva ou negativa, afirmar ou negar uma ideia”
(FERREIRA, 2015, p. 50).
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
Para Bagno (2014, p. 22), língua é um conjunto de representações simbólicas do
mundo físico e do mundo mental que:
1.é compartilhado pelos membros de uma dada comunidade humana como
recurso comunicativo;

2.serve para a interação e integração sociocultural dos membros dessa


comunidade;

3.se organiza fonomorfossintaticamente (sons + palavras + frases) segundo


convenções firmadas ao longo da história dessa comunidade;
LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA
4.coevolui com os desenvolvimentos cognitivos e os
desenvolvimentos culturais dessa comunidade, sendo então
sempre variável e mutante, um processo nunca acabado;

5.se manifesta concretamente por meio de um repertório


limitado de sons emitidos pelo aparelho fonador de cada
indivíduo.
LINGUAGEM E LÍNGUA- DIFERENÇAS E
RELAÇÕES
A linguagem caracteriza a potencialidade comunicativa dos seres.
Representa, a um só tempo, as capacidades de desenvolvimento e de
compreensão de uma língua e de tantas outras manifestações, como a
pintura, a música e a dança. Diz-se que onde há comunicação, há uma
expressão de linguagem.
LINGUAGEM E LÍNGUA- DIFERENÇAS E
RELAÇÕES
A linguagem também como instrumento de comunicação. Por essa
concepção, a língua é concebida como um código por meio do qual se
estabelece a comunicação entre um emissor (aquele que codifica) e um
receptor (aquele que decodifica). Tal concepção foi bastante difundida
entre nós. O conhecido esquema da comunicação com seus seis elementos
(emissor, receptor, mensagem, código, contexto e canal) e as funções da
linguagem, cada uma correspondendo a um desses seis elementos (emotiva,
conativa, poética, metalinguística, referencial e fática) propostos pelo
linguista russo Roman Jakobson.
LINGLINGUAGEM E LÍNGUA-
DIFERENÇAS E RELAÇÕES
O CARÁTER PRIVADO DA FALA
A língua pertence a toda a comunidade de falantes, que podem utilizá-
la como meio de comunicação. A utilização que cada indivíduo faz da língua,
a fala, por outro lado, possui um caráter privado, ou seja, pertence
exclusivamente ao indivíduo que a utiliza. É o aspecto individual da
linguagem humana.
LINGUAGEM E LÍNGUA- DIFERENÇAS E
RELAÇÕES
O CARÁTER PRIVADO DA FALA
Cada um dos mais de duzentos milhões de falantes da língua portuguesa
apropria-se da língua que fala com animus domini, isto é, com o ânimo de
quem se sente dono dela, utilizando-a com todas as prerrogativas que lhe confere
o domínio sobre esse bem, dentro de alguns princípios preestabelecidos pela
comunidade de falantes.
Livro indicado:

LIVRO PORTUGUÊS INSTRUMENTAL – DILETA SILVEIRA;


Obrigada.

Você também pode gostar