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A linguagem não é apenas mediadora das relações do homem com o mundo que o
cerca e com seus semelhantes. Mais do que isso, A LINGUAGEM CONSTITUI E
TORNA POSSÍVEIS ESSAS RELAÇÕES. Pode-se mesmo dizer que as relações que
por meio dela se elaboram e se estabelecem são tão variadas e distintas quantas são
as possibilidades de expressão verbal do homem. A linguagem coloca-se entre o
homem e o mundo que o cerca como uma espécie de mapa que o orienta para a
percepção das coisas e das relações entre as coisas. ASSIM COMO O MAPA
ESTRUTURA O TERRITÓRIO PARA QUEM O PERCORRE, A LÍNGUA ORGANIZA O
MUNDO COMO UMA ESTRUTURA DOTADA DE SIGNIFICADO.
Ela não é uma fotografia da realidade, mas, antes, uma forma socialmente adquirida de
interpretá-la e torná-la assunto de nossos atos de comunicação. PELA POSSE DA
LINGUAGEM, O HOMEM LIBERTA-SE DAS CIRCUNSTÂNCIAS IMEDIATAS: pode,
com o auxílio da memória ou da imaginação, nomear seres não presentes na situação
de fala; pode reportar-se a experiências passadas, revivê-las e levar seu ouvinte ou
leitor a experimentar sensações análogas às que experimentou; pode projetar
experiências futuras, pode criar seres que compõem cenários imaginários e participam
de acontecimentos imaginários. Isso é possível graças à capacidade humana de criar
símbolos e servir-se deles na comunicação.
Por exemplo, o desenho da mão com o dedo indicador posto verticalmente sobre os
lábios unidos significa um pedido de silêncio. Essa figura tem um valor simbólico,
transmite uma informação constante, de validade geral. É essa “constância do
significado” que caracteriza o símbolo e garante a autonomia da linguagem em relação
às coisas reais ou imaginárias a que o símbolo se refere. AS PALAVRAS SÃO, DE UM
MODO GERAL, SÍMBOLOS. A linguagem verbal representa, ou simboliza, como um
todo, o universo real em que o homem vive o o universo imaginário que ele cria.
Conceitos de texto
- Beaugrande (1997, p. 10) ”UM EVENTO COMUNICATIVO em que convergem
ações LINGUÍSTICAS, CULTURAIS, SOCIAIS e COGNITIVAS”.
- Cavalcante (2016, p.17) São UNIDADES DE LINGUAGEM DOTADAS DE
SENTIDO, que cumprem UM PROPÓSITO COMUNICATIVO direcionado a um certo
público, numa SITUAÇÃO ESPECÍFICA DE USO, dentro de uma DETERMINADA
ÉPOCA, em UMA DADA CULTURA em que se situam os participantes desta
enunciação.
Concepções de texto:
Decodificação das ideias: O texto entendido como um produto da codificação de um
emissor a ser decodificado pelo ouvinte, bastando, para sua compreensão, apenas o
domínio do código linguístico (conjunto de estruturas da língua). A ênfase, nessa
concepção reside na ideia de que a principal função do texto seria transmitir
informações a um interlocutor passivo.
Processo de interação: Texto tomado como um evento no qual os sujeitos são vistos
como agentes sociais que levam em consideração o contexto sociocomunicativo,
histórico e cultural para a construção dos sentidos e das
referências dos textos.
Koch (2002) e Costa Val (1999) destacam, ainda, que a atividade textual não se realiza
exclusivamente por meio dos elementos linguísticos presentes na superfície do texto,
nem só por seu modo de organização, mas leva em conta também o CONHECIMENTO
DE MUNDO DO SUJEITO, suas práticas comunicativas, sua cultura, sua história, para
construir os prováveis sentidos do evento comunicativo.
"Fundamentamo-nos, pois, em uma concepção sociocognitivo-interacional de língua,
que privilegia os sujeitos e seus conhecimentos em processos de interação. O lugar
mesmo da interação – como já dissemos – é o texto, cujo sentido ”não está lá”, mas é
construído, considerando-se, para tanto, as ”sinalizações” textuais dadas pelo autor e
os conhecimentos do leitor, que, durante todo o processo de leitura, deve assumir uma
atitude ”responsiva ativa”. Em outras palavras, espera-se que o leitor concorde ou não
com as ideias do autor, complete-as, adapte-as, etc." (KOCH e ELIAS, 2006, p. 12)
Tipos de conhecimento
Contexto
Para atribuir sentidos a um texto, vimos que é preciso mobilizar vários conhecimentos.
Compreendemos a importância dos elementos linguísticos presentes na superfície
textual (chamada de cotexto) na forma de organização do texto; ao mesmo tempo, já
sabemos que os sentidos não existem nas palavras em si, mas são construídos na
interação locutor-texto-interlocutor.
Já que o sentido não está somente nas palavras, onde mais estará? Nos diversos
contextos. De modo prático, podemos definir o contexto como ”TUDO AQUILO QUE,
DE ALGUMA FORMA, CONTRIBUI PARA, OU DETERMINA A CONSTRUÇÃO DO
SENTIDO”. (KOCH e ELIAS, 2006, p. 59).
Coerência
Textos incoerentes
Essa é uma questão que divide os linguistas: alguns afirmam que sim, que há o não
texto ou o texto sem sentido algum. É o que defendem Beaugrande e Dressler (1981),
quando dizem que um texto incoerente é aquele em que o receptor (leitor ou ouvinte)
não consegue descobrir qualquer continuidade de sentido, seja pela discrepância entre
os conhecimentos ativados, seja pela inadequação entre conhecimentos e o seu
universo cognitivo. De acordo com essa posição, temos também Marchuschi (1983),
que defende a existência de textos incoerentes.
Já outros autores afirmam o oposto: não há textos incoerentes, todos os textos seriam,
em princípio, aceitáveis. Afinal, quem se ocuparia em produzir algum texto para não ser
alcançado, em alguma medida, pelos possíveis interlocutores? É o que também
defende Charolles ([1978] 1988) em seu estudo sobre problemas de coerência textual.
Para esse autor, há textos incoerentes apenas quando houver inadequação à situação
de comunicação, levando em conta intenção comunicativa, objetivos, destinatário,
regras socioculturais, outros elementos da situação, uso dos recursos linguísticos etc.
Caso contrário, o texto será coerente, ainda que apresente problemas de coerência
local.
Metaregras de coerência
Gêneros são formas verbais de ação social relativamente estáveis realizadas em textos
situados em comunidades de práticas sociais e em domínios discursivos específicos
(BAKHTIN, 1992).
Competência metagenérica
Competência que possibilita a produção e a compreensão de gêneros textuais, e até
mesmo que os denominemos.
Variabilidade de gêneros
O hipergênero
Um suporte convencional pode ser, na verdade, um hipergênero. O jornal, por exemplo,
é um típico exemplar de suporte convencionado que eu tenho denominado de
hipergênero, uma vez que é um gênero constituído por vários outros gêneros.
O jornal, para além do conjunto das folhas de papel, apresenta uma abertura (a
primeira página) e um conjunto de seções organizadas de modo mais ou menos
característico. Os gêneros, no jornal, resultam e ganham características específicas a
partir dessa organização
A noção de sequência textual tem origem em Adam (1992), para quem as sequências
textuais se definem como uma ”rede relacional hierárquica”, relativamente autônoma,
dotada de uma organização interna formada de um conjunto de macroproposições
(”fases”na terminologia de Bronckart), que, por sua vez, se constituem de proposições.
Um princípio caro à proposta de Adam é que todo texto apresenta uma sequência
dominante, em relação à qual se organizariam as demais sequências dominadas ou
inseridas.
NARRAÇÃO
Trata-se do relato de fatos ocorridos no mundo real ou fictício. Sua característica mais
básica é o desenvolvimento de uma cronologia, a partir da sequência dos fatos ou dos
conectores de valor temporal.
DESCRIÇÃO
Com frequência, encontra-se essa sequência dentro do texto narrativo. Descrever é
atribuir características a um personagem, a um local, a um processo. É a descrição que
nos permite detalhar as cenas e imaginá-las. Enquanto a narração prototípica tem ideia
de movimento, a descrição mais básica é estática.
DISSERTAÇÃO
Trata da exposição de assuntos de modo sistemático, como ocorre nos textos
informativos. Com frequência, associa-se à dissertação o traço argumentativo, que
apresenta a defesa de um ponto de vista, para persuadir um auditório.
INJUNÇÃO
Trata-se do pedido, da sugestão ou da ordem. Característica principal dos anúncios
publicitários, por exemplo.
ELEMENTOS DA NARRATIVA
Narrador
Observador: conta a história objetivamente como um espectador. Ex.: o narrador de
Chapeuzinho Vermelho/ relator de parecer jurídico.
Intruso: embora seja um espectador da história, o narrador tece comentários
próprios,entrosados ou não com a história narrada, sobre os acontecimentos, a vida da
personagem.
Podendo, inclusive, usar primeira pessoa. Exemplo: Machado de Assis, em sua obra,
se dirige ao leitor ou a história: “Caro leitor...”; “Já vimos, no capítulo anterior, que esta
segunda opinião é a única verdadeira”. Personagem: o narrador é um dos personagens
da história (normalmente o protagonista).Exemplo: O Diário de Anne Frank.
PERSONAGENS
principais: os que participam mais efetivamente da história. Os protagonistas e
antagonistas exemplificam os personagens principais.
secundários: menos relevantes à narrativa. A trama não trata de suas histórias, apenas
participam da história de outrem.
TEMPO
Cronológico: segue a sequência linear da história (início, meio e fim).
Psicológico: quebra a linearidade da narrativa.
Histórico: é referente ao momento histórico em que os fatos são narrados. Ex.: Isso
ocorrera no século XIX.
Do flashback: quando o personagem retoma fatos passados pela memória.
ESPAÇO
Físico: referente ao lugar concreto, genérico: praça, igreja, casa, escola.
Social: referente às condições socioeconômicas do lugar: fora para o asilo (traz ideia
de abandono, por exemplo).
Fases da narrativa:
Situação inicial: estágio inicial de equilíbrio, que é modificado por uma situação de
conflito ou tensão.
Complicação: fase marcada por momento de perturbação e de criação de tensão.
Ações (para o clímax): fase de encadeamento de acontecimentos que aumentam a
tensão.
Resolução: momento de redução efetiva da tensão para o desencadeamento.
Situação final: novo estado de equilíbrio;
Avaliação: comentário relativo ao desenvolvimento da história.
Moral: momento de explicitação da significação global atribuída à história.
E
DIFERENÇAS ENTRE NARRAÇÃO E DESCRIÇÃO
NARRAÇÃO:
Plano da figura – os acontecimentos/ações são os elementos mais relevantes, que não
podem ser extraídos do enredo. Foco na passagem do tempo – recorre-se a
marcadores temporais (um dia, depois, então, etc.). Verbos de natureza dinâmica (de
movimento: comprou, correu, matou, etc.),com predominância do pretérito perfeito).
DESCRIÇÃO:
Plano de fundo – ajuda a construir o cenário e as personagens. Enquanto o enredo não
pode prescindir da narração, ele pode não ter sequências descritivas.
Sem passagem de tempo (ideia de estaticidade – fotografia). Uso de verbos estáticos e
de ligação (ser, viver, haver, etc.) e uso do pretérito imperfeito. Desacelera a narrativa.
Predomínio de adjetivos/ locuções adjetivas e substantivos.Definida pelas seguintes
operações: identificação,localização e qualificação.
TIPOS DE DESCRIÇÃO
OBJETIVA:
É aquela em que o observador se limita ao valores exteriores, aproximando-se o mais
possível da realidade,sem emitir juízos de valor. Mas, na verdade, salvo as
descrições técnicas ou científicas, toda descrição revela, emmaior ou menor grau, a
impressão que o autor tem daquilo que descreve, pois não existe texto sem intenção.
Os relatórios de natureza acadêmica e jurídica tendem a ser objetivos (com exceção da
narrativa valorada, usada na petição inicial, por exemplo)
SUBJETIVA:
É aquela em que o observador emite juízos de valor, salienta determinadas
características que o impressionam. Portanto, o que está sendo descrito é filtrado pelo
observador; interessa o que ele quer ver.
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
As fases do texto argumentativo são diferentes das fases da narrativa. Isso se deve à
finalidade de cada sequência textual. Quando se escolhe uma sequência narrativa,
tem-se o propósito de relatar um acontecimento, por isso as fases da narração estão
todas ligadas a esse objetivo. Por outro lado, uma sequência argumentativa visa a
defender um ponto de vista, uma tese, e os argumentos para sustentá-la vão sendo
gradativamente apresentados.
Tese inicial ou premissas: contextualização ou inserção da orientação argumentativa,
propondo uma constatação de partida.
Argumentos: apresentação de dados que direcionam a uma provável conclusão.
Contra-argumentos: apresentação de dados que se opõem à argumentação.
Conclusão: nova tese consequente aos argumentos e contra-argumentos/ proposição
de solução.
PROBLEMA SOCIAL
INTRODUÇÃO: Contextualização + Tese
DESENVOLVIMENTO: Argumentos (causa-efeito obrigatoriamente)
CONCLUSÃO: Solução / proposta de intervenção
Tipos de argumentos:
Prótese,Causa-efeito, Ilustração,De autoridade,De oposição,De analogia,De senso
comum,Ad hominem,A fortiori,A simili,Etc.
Sequência Injuntiva