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LÍNGUA PORTUGUESA

AULA 5

Prof.ª Zuleica Aparecida Michalkiewicz


CONVERSA INICIAL

Você já parou para pensar quando aprendeu a ler? Como aprendeu a ler?
Quais eram as suas expectativas sobre ser leitor? Convido você a pensar sobre
isso e colocar no papel suas lembranças sobre a leitura. Para ajudar nessa tarefa
que proponho, não posso deixar de trazer as sábias palavras de Freire (1989, p.
9),

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior


leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.
Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão
do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das
relações entre o texto e o contexto. Ao ensaiar escrever sobre a
importância do ato de ler, eu me senti levado – e até gostosamente –
a “reler” momentos fundamentais de minha prática, guardados na
memória, desde as experiências mais remotas de minha infância, de
minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão
crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo.

Impossível falar em leitura, em níveis de leitura, em estratégias, em


concepções e em toda a gama de complexidade do que é ler, do que é a leitura
sem pensar no que Freire (1989) chama de leitura de mundo. Muito antes de
dominarmos o código escrito, os signos linguísticos, as estruturas, as frases, as
orações e toda a organização que a língua articula para a construção e a leitura
de textos, nós já éramos leitores do mundo. O bebê, sem falar, já lê o olhar
amoroso da mãe; sem precisar de signos, lemos os sinais da natureza; o
profissional de RH lê as expressões corporais. Essas são somente algumas
dentre tantas outras situações que podemos aqui enumerar. Por isso, ao
retomarmos questões tão primordiais de leitura, não podemos deixar de
esquecer que lemos o mundo o tempo todo, lemos continuamente. Para agir no
mundo, precisamos aprender a ler nas entrelinhas dos discursos. A leitura do/de
mundo é a leitura de ser e estar no mundo no qual vivemos e precisamos
conhecer, dialogar e interagir com ele. Isso nos fornece conhecimento o
suficiente para transitar nas mais diferentes esferas sociais. Para incentivar você
a realizar a tarefa inicial, deixo mais algumas palavras de Freire (1989, p. 9):

Ao ir escrevendo este texto, ia “tomando distância” dos diferentes


momentos em que o ato de ler se veio dando na minha experiência
existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo, do pequeno mundo em que
me movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de
minha escolarização, foi a leitura da “palavramundo”.

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TEMA 1 – LEITURA – CONCEPÇÕES

Qual a importância da leitura na construção dos repertórios? Esse é um


questionamento que sempre está latente quando se discute leitura. Mas, para
além dessa importância, precisamos ter em mente o que é concepção de leitura.
Assim, ao termos consciência disso, fica mais fácil compreender que, quanto
maior a dialogia, mais construção de sentidos fazemos e mais críticos e atores
de nossos textos nós nos tornamos.
Koch e Elias (2007) destacam que a concepção de leitura traz subjacente
as concepções de sujeito, língua, texto. Para essas autoras, tais concepções não
se excluem mutuamente e nem uma é melhor do que a outra. Todavia, conhecê-
las nos auxilia em nosso processo de leitores. Sim, isso mesmo! É um processo,
porque somos leitores em processo de nos tornarmos melhores leitores e, por
conseguinte, nós nos construímos na condição de produtores de texto.
A primeira concepção de leitura que se apresenta é compreender que ler
é captar a ideia do autor. Evidentemente, nessa perspectiva, a língua é um
código, um conjunto de regras que precisam ser dominadas pelo leitor para que
ele compreenda o que está posto no texto. Esse texto é um produto que foi
escrito por alguém que detém um saber absoluto; portanto, o leitor precisa saber
o que o autor quis dizer.
A segunda concepção de leitura é o reconhecimento das intenções do
autor. Como leitor, é preciso ir desvelando os segredos infindáveis que estão por
detrás do texto. Assim, a língua é uma estrutura ideológica usada para produzir
textos a serem decodificados pelo leitor. Desse modo, o leitor precisa seguir uma
linearidade na leitura, uma vez que “tudo está dito no dito” (Koch; Elias, 2007, p.
10)
Na terceira concepção, a leitura é uma atividade de construção de
sentidos, “altamente interativa e complexa” (Koch; Elias, 2007). Nessa
perspectiva, o leitor é um ator social que interage com o texto, articulando seus
conhecimentos e vivências ao que está posto no texto. Por isso, o leitor faz parte
do processo de ler e não é apenas aquele que deve encontrar a resposta certa
ou desvendar os mistérios do texto. Nesse norte, o sujeito se constrói nos
processos interativos e comunicacionais em que está inserido (Bakhtin, 1997).
Essa concepção de leitura conduz o leitor a observar as inferências, fazer
ligações de palavras e do campo semântico e da correlação de ideias a fim de

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que possa compreender o que está posto, posicionar-se sobre o texto,
argumentar a respeito do assunto com vistas à construção de outros saberes,
que vão se interligando e construindo um leitor cada vez mais engajado e
consciente de seus posicionamentos.

TEMA 2 – OS NÍVEIS E AS ESTRATÉGIAS DE LEITURA

Quando nos deparamos com o texto e falamos da necessidade de


interagir com ele é porque sempre temos um objetivo de leitura. Os objetivos
variam de situação, contexto, sujeitos, etc. e exigem níveis de leitura em cada
processo.
Em toda leitura, estamos sempre construindo novos sentidos, novos
saberes. Por isso, passamos por níveis de leituras e, para esses níveis,
recorremos a estratégias para chegar aos nossos objetivos com o texto. O
primeiro nível de leitura é sempre um nível superficial, no qual os sentidos mais
concretos e diversificados ficam aparentes. Nesse primeiro nível, detectamos o
autor do texto, o meio de veiculação, o gênero textual, o título. No segundo nível,
que pode ser classificado como intermediário, é quando identificamos os valores
do texto, a distribuição e a configuração de informações desse texto. Por fim, no
último nível, buscamos a estrutura mais profunda do texto, os significados mais
abstratos, os discursos que constituem o texto. Fazemos inferências, isto é,
ligações, tiramos conclusões, além de estabelecer comparações com outros
textos e saberes, formulamos perguntas que se relacionam com o conteúdo, ou
seja:

processamos, criticamos, contrastamos e avaliamos as informações


que nos sãos apresentadas, produzindo sentido para o que lemos. Em
outras palavras, agimos estrategicamente, o que nos permite dirigir e
autorregular nosso próprio processo de leitura. (Kock; Elias, 2007, p.
18)

Nesse processo todo, a materialidade linguística deve ser considerada


juntamente com os conhecimentos do leitor, que é a condição basilar para
interagir com o texto. Dessa forma, fala-se em um sentido para o texto e não o
sentido para o texto, já que, com a leitura, podemos ativar os contextos, o lugar
social etc. Assim, há uma pluralidade de leituras e sentidos em relação a um
mesmo texto, porque cada sujeito leitor é um ator social com seus saberes e
seus conhecimentos sociais, históricos e culturais.

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TEMA 3 – INTERTEXTUALIDADE

Quantas vezes você já leu um texto e fez conexões com outros textos?
Sim, porque, ao produzirmos um texto, é bastante recorrente que busquemos
apoio em outros textos. De acordo com Kock e Elias (2007, p. 86), “a
intertextualidade ocorre quando em um texto está inserido outro texto (intertexto)
anteriormente produzido, que faz parte da memória social da coletividade”.
A intertextualidade faz parte do processo de escrita como elemento
constituinte e constitutivo dela, porque, como afirma Bakhtin (1992, p. 291),
“cada enunciado é um elo da cadeia muito complexa de outros enunciados”. Isto
é, o discurso é construído com base em outros conhecimentos, saberes e vão
sendo ressignificados e adaptados para outras situações de uso.
A intertextualidade é um fato importante para o estabelecimento dos
gêneros e tipos textuais, já que pode estabelecer relações ou fazer distinções.
Isso porque, como afirma Kristeva (2001, citada por Marcuschi, 2008, p. 131),
“qualquer texto se constrói como um mosaico de citações e é a absorção e
transformação de um outro texto”. Vale destacar que a intertextualidade é um
processo que acontece tanto na linguagem verbal como não verbal. Para
exemplificar, veja a imagem abaixo:

Figura 1 – Campanha publicitária da ANT

Fonte: Fondazione ANT, 2019.

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A campanha publicitária da ANT deixou a modelo da obra de Leonardo da
Vinci sem cabelos. A obra Monalisa del Giocondo já foi recriada em várias outras
textualizações. E quem já ouviu a música “Monte Castelo” do grupo Legião
Urbana? Leia um trecho dessa música: “Ainda que eu falasse a língua dos
homens / E falasse a língua dos anjos / Sem amor eu nada seria / É só o amor!
É só o amor / Que conhece o que é verdade”. Esse trecho faz referência a um
soneto famoso de Camões e à carta de São Paulo aos Coríntios, na Bíblia.
Essas correlações entre os textos podem acontecer de forma explícita,
isto é, quando há a citação direta da fonte do intertexto, como acontece em
resumos, resenhas, artigos. Podem também fazer referência à forma e ao
conteúdo, ou seja, quando utilizamos um gênero textual específico em outro
contexto diferente daquele utilizado inicialmente. É o que acontece quando
temos um conto de fadas apresentado na forma de uma história em quadrinhos.
Também pode ocorrer intertextualidade dos nossos próprios textos com o de
terceiros quando, ao produzirmos um texto, usamos provérbios sem autoria
própria. Por exemplo: “Diga-me com quem andas e te direi quem és” e “De grão
em grão a galinha enche o papo”. Estes são provérbios sem autoria e usados
em diferentes práticas textuais.
Portanto, podemos dizer que a intertextualidade ocorre tomando como
base a soma do conhecimento de mundo do leitor aos conhecimentos
enciclopédicos e aos conhecimentos interacionais que, juntos, colaboram para a
construção de sentidos dos textos.

TEMA 4 – COERÊNCIA

A coerência é um princípio de interpretabilidade para a compreensão do


propósito comunicativo do texto. Geralmente, a coerência é discutida juntamente
com a coesão; entretanto, esta não depende daquela para a construção do texto.
Vale destacar que a coesão pode ser observada pelas marcas encontradas no
texto que servem como elementos de retomada e de sequenciação do texto. Elas
são detectadas por elementos linguísticos organizados de tal forma que
contribuem para a construção do texto. Já a coerência não está no texto, mas se
constrói com base no texto e numa série de fatores semânticos, cognitivos,
pragmáticos e interacionais. Leia o texto a seguir:

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João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma
colina, cuja frente dava para leste. Desde o pé da colina se espalhava
em todas as direções, até o horizonte, uma planície coberta de areia.
Na noite em que completava trinta anos, João, sentado nos degraus
da escada colocada à frente de sua casa, olhava o sol poente e
observava como a sua sombra ia diminuindo no caminho coberto de
grama. De repente, viu um cavalo que descia para sua casa. As
árvores e as folhagens não o permitiam ver distintamente; entretanto
observou que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto verificou que
o visitante era seu filho Guilherme, que a vinte anos tinha partido para
alistar-se no exército, e, em todo esse tempo, não havia dado sinal de
vida. Guilherme, ao ver seu pai, desmontou imediatamente, correu até
ele, lançando-se nos seus braços e começando a chorar. (Koch;
Travaglia, 1995, p. 32-33)

Observe que o texto apresenta uma série de problemas que


comprometem o seu sentido. Não é possível marcar no texto, por meio de
palavras, quais são esses problemas porque é uma questão de interpretação, de
relação com outros saberes e conhecimentos. Os problemas que são
apresentados ao longo do texto comprometem o seu sentido. Por isso, a
coerência é uma questão de interpretação; não quer dizer que está certo ou
errado, e sim que o sentido está comprometido, pouco claro, gera dúvidas,
incompreensões. Em outras palavras, não há interação entre autor, o texto e o
leitor.
Koch e Elias (2007) apresentam alguns tipos de coerência. São elas:
coerência sintática, coerência temática, coerência semântica, coerência
pragmática, coerência estilística e coerência genérica. A coerência sintática tem
relação com o conhecimento linguístico do leitor. Na coerência temática, todos
os enunciados devem estar interligados e ser relevantes para o texto, sem a
necessidade de inserir notas explicativas. A coerência semântica tem relação
com a não contradição, ou seja, as palavras ou as expressões precisam fazer
sentido dentro da estrutura. A coerência pragmática depende de como os
falantes entendem a situação comunicativa e tem relação com os atos de fala
(pergunta/resposta). Na coerência estilística, determina-se que em cada
situação de comunicação pode ser usada uma variedade linguística adequada
ao contexto de uso. E, por fim, a coerência genérica, que diz respeito às
exigências de uso do gênero textual de acordo com a forma, conteúdo, estilo.
Diante de tantas classificações, fica difícil dizer se um texto é incoerente
ou não. Na verdade, se o leitor, na condição de sujeito único, não consegue
estabelecer as relações de sentido, o texto passa a ser incoerente apenas para
esse leitor. Isso porque as leituras que cada sujeito faz individualmente

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provocam percepções diferentes, de acordo com o conhecimento desse sujeito,
de seus discursos e saberes individuais.

TEMA 5 – INFERÊNCIAS

Ao nos apoiarmos na terceira concepção de leitura como um processo


interativo, levamos em consideração que ler é compreender um texto com base
em inferências, isto é, as deduções que o leitor vai tecendo ao longo da leitura e
a linha de raciocínio que ele vai estabelecendo para construir sentido para o
texto. Isso ocorre porque o sentido do texto se constrói numa complexa relação
entre autor, texto e leitor que faz surgir um efeito de negociação (Marcuschi,
2008).
A inferências contribuem para a compreensão do texto, pois contribuem
com informações para integração do contexto, a fim de lhe dar coerência.
Marcuschi (2008, p. 249) afirma que:

Não pode, pois, definir e medir a compreensão pela quantidade de


texto reconstruído pelo leitor, pois ler compreensivamente não é
apenas reproduzir informações textuais, nem parafrasear. Isso seria o
mesmo que supor que compreender um texto seria traduzi-lo em outro
equivalente, de modo unívoco, já previsto pelo original.

Como vimos na aula sobre coerência, há muitos aspectos para classificar


como incoerente. Também devemos levar em conta as condições textuais e o
conhecimento de mundo do leitor. Este último irá influenciar as inferências feitas
pelo leitor ao longo do texto para a construção de sentido. Ao inferir, o leitor ativa
mecanismos cognitivos com base em informações dentro do contexto de leitura
e constrói a representação semântica dele. As inferências salientam informações
dentro do próprio texto, pois “compreender é, essencialmente, uma atividade de
relacionar conhecimentos, experiências e ações num movimento interativo e
negociado” (Marcushi, 2008, p. 252). Vejamos um exemplo que o autor usa para
esclarecer a inferência. Na porta de uma fábrica, foi colocado um aviso escrito:
“NÃO HÁ VAGAS”. Quais são as inferências possíveis?

a. Todas as vagas da empresa estão preenchidas;


b. Essa empresa não emprega ninguém;
c. Nessa empresa, não se trabalha.

Por meio de informação referencial, ou seja, a fim de informar, temos a


letra A como a resposta mais viável. No entanto, se o aviso estivesse em outro

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contexto, com outro objetivo, dentro de outro gênero, as demais questões
poderiam ser levadas em consideração.
Portanto, a inferência é uma atividade mental apoiada em contextos
socioculturais e em um contexto específico.

NA PRÁTICA

Leia a fábula a seguir, de La Fontaine. Baseado na leitura, tome o lobo e


o cão como representantes de dois pontos de vista diferenciados. Reescreva a
história na perspectiva do cão e, em seguida, reescreva-a na perspectiva do
lobo.
O cão e o lobo
Certo dia, um lobo só pele e osso encontrou um cão gordo, forte e com o
pelo muito lustroso. Via-se bem que não passava fome. O lobo, admirado, quis
saber onde é que ele conseguia obter tanta comida.
– Se me seguires, ficarás tão forte como eu – respondeu o cão. – O
homem dar-te-á restos saborosos.
– Mas o que preciso de fazer em troca? – quis saber o Lobo.
– Muito pouco, na verdade – respondeu o cão. – Uivar aos intrusos,
agradar ao dono e adular os seus amigos. Só por isto, receberás carne e outras
iguarias muito bem cozinhadas. De vez em quando, receberás também festas
no dorso.
O lobo ficou encantado com a ideia e meteram-se ambos ao caminho. A
dada altura, o lobo reparou que o cão tinha o pescoço esfolado.
– O que tens no pescoço? – perguntou.
– Nada de grave. É da argola com que me prendem – explicou o cão.
– Preso? Então, não podes correr quando queres? – exclamou o lobo. –
Esse é um preço demasiado elevado: não troco a minha liberdade por toda a
comida do mundo.
Dito isto, desatou a correr o mais depressa que pode para bem longe dali.
Fonte: O cão..., 2008

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FINALIZANDO

Quadro 1 – Glossário

• 1. Captar ideias
Concepções de • 2. Reconhecer intenções
leitura • 3. Construir sentidos

• 1. Superficial
Níveis de leitura • 2. Intermediário
• 3. Profundo

Intertextualidade • Correlação entre textos

Coerência • Princípio de interpretabilidade

Inferência • Processo mental pelo qual se captam


informações para se chegar a conclusões

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REFERÊNCIAS

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

FONDAZIONE ANT. Disponível em: <https://ant.it/>. Acesso em: 13 abr. 2019.

FREIRE, P. A Importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 32.


ed. São Paulo: Cortez, 1989.

KOCH, I. G. V.; TRAVAGLIA, L. C. Texto e coerência. 4. ed. São Paulo: Cortez,


1995.

KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo:


Contexto, 2007.

MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão.


São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

O CÃO e o lobo. Fábulas e contos, 2008. Disponível em:


<https://www.fabulasecontos.com.br/?pg=descricao&id=569>. Acesso em: 13
abr. 2019.

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