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COACHING PARA CONCURSOS – ESTRATÉGIAS PARA SER APROVADO

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EXPLORAÇÃO DE LEITURA PARA A COMPREENSÃO LITERAL,
INTERORETATIVA E CRITICA

Compreensão Leitoral

A leitura é um meio necessário à aprendizagem na escola, visto que o processo de escolarização,


especialmente o da aquisição da escrita, se dá por uma interação entre o autor e o leitor. A partir
dessa premissa, percebemos a complexidade da questão, visto que o aluno encontra no texto escrito
uma ferramenta essencial para o processo de aprendizagem, e para tanto deve buscar a
compreensão do texto para que de fato a aprendizagem aconteça. "A leitura do mundo precede a
leitura da palavra, daí que a posterior desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele."
Paulo Freire, A importância do ato de ler em três artigos que se completam. (1986)

A relação ler e compreender tem sido uma constante no dia a dia da escola. Relatos e pesquisas
realizadas nesse campo apontam deficiências na aprendizagem decorrentes das dificuldades de
interpretação nas mais diversas formas que os textos se apresentam.

Ao receber um texto, o leitor aplica seus próprios códigos ou esquemas cognoscitivos e o seu
patrimônio de conhecimento, às circunstâncias da leitura (contexto), que segundo Orlandi (l996) em
Interpretação; Autoria, Leitura e efeitos do trabalho simbólico.

Nesse sentido o texto "original" é uma ficção, ou melhor é uma função de historicidade, num processo
retroativo.(...)o texto em sua materialidade, como uma "peça" com suas articulações, todas elas
relevantes para a construção do ou dos sentidos. (ORLANDI, 1996, p.14).

O processo de compreensão em leitura implica assim em construção do sentido do texto. Para tanto o
leitor necessita ativar a memória, ativação essa que está diretamente relacionada ao seu
conhecimento prévio, que Ferrero (1987, p.

15) assim descreve: “ toda leitura é interpretação, e o que o leitor é capaz de compreender e de
aprender através da leitura depende fortemente daquilo que o leitor conhece e acredita a priori, ou
seja antes da leitura".

A dificuldade com a leitura não está somente na aquisição e domínio de um sistema de notação e de
transformação do oral, mas no modo como a escrita, competência cultural ligada ao mundo sócio-
econômico-político, tem sido retratada pela escola e conseqüentemente o devido papel da leitura e as
atividades mentais que devem ser elaboradas nas atividades de ler. Assim, a leitura será vista como
habilidade lingüística, percebendo a relação existente entre fala, leitura e a escrita, e suas
multiciplicidades de fatores que intervém no processo destas aprendizagens (aquisição do
conhecimento, desenvolvimento emocional da criança, evolução de seu processo de interação
social).

Segundo Rosenblatt (1980), Apud Ferrero (1987) em Os processos de leitura e escrita. (p.15):

Para compreender o processo de leitura, devemos compreender de que maneira o leitor, o escritor e
o texto contribuem para ele. Uma vez que (...) "a leitura implica uma transação entre o leitor e o texto,
as características do leitor são tão importantes para a leitura como as características do texto.
(ROSENBLATT (1980), Apud Ferrero, 1987, p.15).

A competência do leitor é fundamental para o seu êxito no processo de ler e compreender. Mas
também há que se considerar o propósito, a cultura social, o conhecimento prévio, o controle
lingüístico, as atitudes e os esquemas conceituais. O que o leitor é capaz de compreender e de
aprender depende fortemente do que conhece e acredita, a priori antes da leitura.

Segundo Giasson (1998), apud Braga e Silvestre (2002) Construindo o leitor competente:

A compreensão na leitura não pode dar-se se não houver nada com que o leitor possa relacionar a
nova informação fornecida pelo texto. Para compreender, o leitor deve estabelecer relações entre o
novo (o texto) e o conhecido (os seus conhecimentos anteriores). (BRAGA E SILVESTRE, 2002, p.
22).

Na realidade, o autor utiliza na leitura o que ele já sabe o conhecimento adquirido ao longo de sua
vida. Que Freire (1986, p.11) assim descreve: "(...) a leitura do mundo precede a leitura da palavra
e que a posterior leitura desta não pode prescindir a leitura daquela". É mediante a interação de
diversos níveis de conhecimento como o conhecimento lingüístico, o textual, o conhecimento de

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mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto.

O conhecimento lingüístico, segundo Kleiman (1989, p.13) em Texto e Leitor "desempenha um papel
central no processamento do texto", em que as palavras se agrupam em unidades ou frases maiores,
significativas. À medida que as palavras são percebidas a mente é ativada para construir significados.
Nessa atividade o primeiro passo é o agrupamento em frases, processo pelo qual é chamado de
1texto. Como o conhecimento que se tem sobre nossas ações. Por exemplo: ir ao dentista, assistir a
uma aula, porque já se pode descrevê-los como conhecimentos estruturados, (porque já estão
ordenados) e parcial (inclui o que é mais genérico e previsível das situações) sobre um assunto,
evento ou situações típicas. O conhecimento parcial estruturado em nossa memória é chamado de
esquema, podendo determinar em grande parte expectativas sobre a ordem natural das coisas,
permite economia, na comunicação, visto que deixa implícito aquilo que é típico de uma situação, e
seletividade na codificação ao se usar palavras com as quais se tenta descrever para outro
experiências, utilizando o léxico necessário para que o interlocutor compreenda a mensagem
transmitida.

A leitura é assim uma atividade de busca pelo leitor, no seu passado de lembranças e
conhecimentos, daqueles que são relevantes à compreensão do texto, fornecendo pistas e sugerindo
caminhos, mas que certamente não esclarece tudo o que seria possível de esclarecer.

A produção escrita que se encontra disponível não é um produto isolado, não ocorre no vazio, mas é
resultante da integração de um complexo mundo sócio-econômico, que, segundo Josette Jolibert
(1997), apud Braga (2002) Construindo o leitor competente.

Escritos complexos, padronizados, característicos de uma sociedade e de uma época determinadas e


em geral constituídos por muitos textos diferentes: jornais, revistas, livros, catálogos, dicionários,
disquetes de informática, etc. (...) indícios do contexto textual e contexto de situação, são
indispensáveis à compreensão dos escritos.

(... ) A observação e a análise desses índices devem ser incorporadas à leitura para que o aluno-leitor
"enxergue" que a produção escrita é uma atividade comunicativa, dotada de uma função social,
realizada em uma determinada situação, que abrange tanto o conjunto de enunciados que lhe deu
origem quanto as condições em que foi produzido. (BRAGA, 2002, p.25).

O grande desafio das escolas, hoje, é explorar a leitura em todas as áreas do conhecimento,
delineando objetivos específicos para sua exploração, que segundo Kleiman (1989, p.30) as
atividades de leitura ora desenvolvidas, são, muitas vezes, "difusas e confusas, (...) se constituindo
apenas em pretexto para cópias, resumos, análise sintática, e outras tarefas de ensino de língua".

Nesse sentido, reforça a necessidade de que seja fornecido um objetivo, propósitos claros para a
leitura, pois a capacidade de compreender e lembrar de forma seletiva de uma informação está
diretamente relacionada ao propósito da leitura. A citada autora considera uma "estratégia
metacognitiva" a capacidade de estabelecer objetivos na leitura, "(...) é uma estratégia de controle e
regulamento do próprio conhecimento" (1989, p.34).

Afirma ainda que:

A leitura que não surge de uma necessidade para chegar a um propósito não é propriamente leitura;
quando lemos porque outra pessoa nos manda ler, como acontece freqüentemente na escola,
estamos apenas exercendo atividades mecânicas que pouco tem a ver com o significado e sentido.
Aliás, essa leitura desmotivada não conduz à aprendizagem. (KLEIMAN, l989, p.35).

O que se defende é que a pré-determinação de objetivos não é maléfica, e que deve ser trabalhada
de forma artificial, ou seja, realizar tarefas interessantes e significativas para o desenvolvimento do
aluno, sem que ela perceba que está decidindo por si mesmo, sobre aquilo que lê. Indiretamente
estará desenvolvendo estratégias metacognitivas necessárias e adequadas ao ato de ler.

Ao se explorar os objetivos da leitura, outro aspecto vem contribuir à compreensão: a formulação de


hipóteses, pois favorece:

O reconhecimento global e instantâneo de palavras e frases relacionadas ao tópico, bem como


inferências sobre palavras não percebidas durante a "sacada" (...) material que os nossos olhos,

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muito rapidamente, continuam a trazer para o cérebro processar. (KLEIMAN, 1989, p. 37).

As hipóteses também predizem conteúdos, estruturas textuais, ao confrontar informações o leitor


estará exercendo reflexão e controle consciente sobre o próprio processo de compreensão. As
predições são baseadas no seu conhecimento de mundo. Quanto mais tiver conhecimento sobre o
assunto, mais acertos terá de sua predição. As hipóteses levantadas pelo leitor devem ser testadas
através das marcas textuais deixadas no texto pelo autor. A tarefa do leitor proficiente é refutar ou
confirmar as suas hipóteses. À medida que o leitor tem a confirmação das hipóteses, vai adquirindo
mais confiança nas suas estratégias para resolver os problemas na leitura.

Segundo Solé, (1998), em Estratégias de leitura:

(...) quando levantamos hipóteses e vamos lendo, vamos compreendendo e, se não


compreendemos, nos damos conta e podemos empreender as ações necessárias para resolver a
situação. Por isso a leitura pode ser considerada um processo constante de elaboração e verificação
de previsões que levam à construção de uma interpretação. (SOLÉ, 1998, p. 27).

Esse mecanismo de natureza metacognitiva, se opõe a práticas automativas e mecânicas de leitura,


muitas vezes vivenciadas na escola. Favorece pois, a proposição de atividades nas quais a definição
de objetivos, a predição, a auto-indagação sejam priorizados, criando espaços para desenvolver e
aprimorar estratégias metacognitivas na leitura.

Desta forma se pretende formar um leitor proficiente, ou seja, aquele que é capaz de identificar os
vários tipos de leitura, seus objetivos e as estratégias utilizadas para o estabelecimento do significado
do texto. Para tanto é necessário motivá-lo à leitura prazerosa, que lhe desperte significação e
interesse. Geralmente, é significante para o leitor aquilo que se relaciona com a sua vida, que
desperta a curiosidade, que o faz compreender o mundo ou ir além da imaginação, descobrindo
novas possibilidades de agir sobre ele e melhor viver e conviver.

Outro aspecto que tende a contribuir a leitura compreensiva é favorecer ao aluno o contato com
tipologias diversas de textos.

Segundo Pinheiro e Almeida, em Práticas e representações (1997, p. 19).

Quanto mais conhecimento textual o leitor tiver, quanto maior a sua exposição a todo tipo de texto,
mais fácil será sua compreensão. É o conhecimento de estruturas textuais e de vários tipos de
discurso que determina em grande medida, suas expectativas em relação aos textos, expectativas
que exercem um papel considerável na compreensão. (PINHEIRO E ALMEIDA, 1997, p. 19).

Níveis De Compreensão Leitora

Como já foi enfocada anteriormente a compreensão leitora depende de um grande número de fatores
complexos e que se relacionam entre si. Com certo conhecimento teórico sobre estes fatores, é
possível detectar o foco das dificuldades de compreensão e alternativas de facilitá-la.

Segundo Alliend e Coldemarín (1987, p. 141): “(...) o problema da avaliação da compreensão leitora
deverá colocar-se como função do nível da habilidade leitora da pessoa e sua relação com o grau de
complexidade do material impresso”. Esses autores sugerem a taxonomia de Barret, que abrange as
dimensões cognoscitivas e objetivas da compreensão leitora, para se efetivar esta avaliação, apesar
de se utilizar este mecanismo mais precisamente para textos narrativos. São descritos três níveis,
quais sejam:

O nível de compreensão literal que envolve as informações explícitas, ou seja, considera-se tudo que
está expresso literalmente. Este tipo de compreensão dá margem para os subseqüentes. É dividido
em reconhecimento e lembrança.

O reconhecimento consiste em localizar e identificar elementos do texto, como detalhes (localizar e


identificar fatos como nome de personagens, incidentes, tempo e lugar da história), idéias principais
(localizar e identificar uma oração do texto que seja a idéia principal de um parágrafo ou de um trecho
mais extenso do texto), seqüência (localiza e identifica a ordem de incidentes ou ações explicitamente
colocadas no texto), relações de causa e efeito (localizar ou identificar as razões que, estabelecidas
com clareza, determinam um efeito), e traços de personagens (localizar ou identificar colocações

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explícitas sobre um personagem que ajudem a destacar o tipo de pessoa em questão).

Nesse momento devem emergir lembranças como: fatos, épocas, lugares da história, fatos
minuciosos, idéias ou informações colocadas claramente no texto.

A compreensão literal consiste na reorganização das idéias, informações ou outros elementos do


texto, mediante processo de classificação, esboço, resumo e síntese. A classificação consiste em
localizar em categorias: pessoas, lugares e ações mencionadas no texto. O esboço nada mais é que
a reprodução do texto de forma esquemática, fazendo uso de frases ou mediante representações ou
disposições gráficas. O resumo consiste na condensação do texto, através de frases que reproduzem
os fatos ou elementos principais. Por último, a síntese, que vem converter diversas idéias, fatos ou
alguns elementos do texto através de formulações mais amplas.

Na compreensão interpretativa ou inferencial, o aluno usa as idéias e informações explícitas dispostas


no texto, utiliza sua intuição e experiência pessoal como base para conjunturas e hipóteses. Esse tipo
de compreensão se dá pela inferência de detalhes, de idéias principais, de seqüências, de causa e
efeito, dos personagens.

Na compreensão crítica, o aluno formula um juízo de valor, compara as idéias apresentadas no texto
com critérios externos, provenientes de outros meios escritos, ou então com um critério interno, dado
pela experiência do aluno, seus conhecimentos e valores. Os juízos formulados são de realidade ou
fantasia (o aluno faz a distinção do que é real no texto e o que pertence a fantasia do autor) e de
valores (o aluno emite julgamentos frente a atitude do personagem ou dos personagens).

O importante é trabalhar os três níveis de compreensão leitora, conforme esclarece Pinheiro e


Almeida, em práticas e representações:

Trabalhar apenas o nível literal ou não explorá-lo da forma conveniente não contribui para a formação
de leitores capacitados. Como sabemos, o autor não inclui todas as informações no texto, mas conta
com o leitor para isso, a partir do conhecimento previamente adquirido por este. Daí a importância da
compreensão interpretativa. Trabalhá-la é apreender informações que estão implícitas, mediante
pistas, fornecidas pelo texto. Isto quer dizer que as inferências criadas pelo leitor estão naturalmente
baseadas naquilo que foi dito pelo autor. (PINHEIRO E ALMEIDA, 1997, p. 35).

A Inferência E Sua Significação

Um leitor proficiente é aquele que, além de decodificar a escrita, consegue ler inúmeras informações
implícitas nas entrelinhas, que exigem do leitor a partir dos seus objetivos, um amplo conhecimento
do assunto, do sistema da escrita e das convenções da linguagem escrita, de seu conhecimento da
língua, das estruturas textuais e do conhecimento de mundo. Dessa forma, o uso dessas informações
que o leitor traz consigo para a interpretação chamamos de inferência. Como afirma Koch em, Texto
e coerência (1997):

Basicamente se entende por inferência aquilo que se usa para estabelecer uma relação não explicita
no texto, entre dois elementos desse texto. As inferências surgem de uma necessidade e do
conhecimento de mundo do leitor (ouvinte). ( KOCH, 1997, p.70).

Concordando com a autora, Brown e Yule em Texto e coerência

(1983) apud Koch (1997, p. 70) afirmam que:

Inferências são conexões que as pessoas fazem quando tentam alcançar uma interpretação do que
lêem ou ouvem, isto é, o processo através do qual o leitor (ou ouvinte) consegue captar a partir do
significado literal do que é escrito ou dito, o que o escritor falante pretendia veicular. A inferência
estabelece uma relação entre idéias do discurso. (BROWN E YULE, 1997, p. 70).

Entendemos que o leitor é capaz de fazer ricas inferências e dependendo de seu conhecimento
prévio, estabelecer uma relação entre duas idéias do discurso. Pois é através dessa relação que ele
percebe as informações no texto, e também, a ordem em que acontecem os fatos. Esclarece
Begraund e Dressler apud Koch:

Inferências é a operação que consiste em suprir conceitos e relações razoáveis para preencher

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lacunas (vazios) e descontinuidades em um mundo textual. O inferenciamento busca sempre resolver


um problema de continuidade de sentido. (KOCH, 1997, p.70).

O leitor só pode dizer que leu um texto a partir do momento que se constrói o seu significado
tornando-se capaz de inferir nele suas experiências, seus sentimentos e suas opiniões.

Como afirma Isola em: Leitura: inferência e contexto-social (1991)

A inferência revela-se como conclusão de um raciocínio, como elaboração de pensamento, como


uma expectativa. Sua manifestação envolve estados afetivos individuais e reações socialmente
marcadas, que sob forma de confiança ou inquietação, constituem diferentes graus de crença.
(ISOLA, 1991, p.39).

Percebemos dessa forma, que os leitores trazem consigo um universo de informações e opiniões
formadas sobre vários tipos de assunto.

É importante salientar, que o contexto é decisivo para o uso das inferências. A relação entre as idéias
depende exclusivamente do contexto. A

mesma autora (1991, p.46) descreve esta citação esclarecendo a respeito da descoberta de novas
informações, partindo de uma anterior afirma que a Inferência é um processo cognitivo que gera uma
informação semântica nova, a partir de uma informação semântica anterior, em um determinado
contexto.

Entretanto, não basta que o leitor faça tal relação para que a influencia aconteça, segundo Isola
(1991, p.46) “A inferência ocorre também quando o leitor busca extratexto informações e
conhecimento adquiridos pela experiência de vida com as quais preenchem os “vazios” lexicais.”

Partindo de citação, observamos que o leitor é capaz de descobrir e que o interior de um texto pode
nos trazer através de seus conhecimentos armazenados na sua memória. Isso não acontece por
acaso. O uso das inferências depende de processos que tornam a compreensão textual possível.
Segundo Isola (1991, p. 48) “Todo o processo de inferência conduz a traços de memórias. A memória
é um fenômeno que atua tanto na compreensão de um texto quanto nos processos inferências”.

Todavia, é através dos indícios textuais que a inferência se conclui. Como afirma Garcia (1997, p.
293): “inferir é concluir, é deduzir pelo raciocínio apoiando apenas em indícios”.

Comparando a citação acima com as anteriores, concluímos que a inferência é realmente um


processo cognitivo que leva o leitor a descobrir no texto a verdadeira intenção do escritor ou do
narrador.

Tipos De Inferências

Para Carpentier e Just, em Leitura: inferência e contexto-social, (1977) (apud Isola, 1991, p. 54) há
duas possibilidades de inferências: As que são extraídas a cada momento, durante a compreensão, e
as que são geradas somente se houver necessidade de se estabelecer uma ponte de conexão com o
fim de preencher um vazio textual.

Ambos denominam o primeiro tipo de inferência catafórica e o segundo anafórica distinguindo-os


entre si:

O primeiro tipo é denominado inferência catafórica, porque refere-se a partes do texto que
provavelmente, seguem aquela que gerou a inferência. Por exemplo: O turista tirou uma foto da igreja
- A cena foi a mais bela de que se lembrava. O segundo tipo é chamado de inferência anafórica
porque refere-se apartes do texto que precedem o que gerou a inferência: por exemplo: O turista tirou
uma foto da igreja. - A câmera era a melhor que ele havia possuído. (ISOLA, 1991, p. 54).

Observamos que no primeiro caso a inferência é feita a partir da leitura e no segundo caso refere-se a
partes textuais precedentes, pois pelo elemento anafórico (ele) constata-se que o turista tinha uma
câmera.

Já Frederiksen, c; Frederiksen J; Humphrey e Ottesen, (1979) apud Isola, (1991, p.56) distinguem

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quatro tipos principais de inferências:

I Inferência de Primeiro Estágio asseguram a interpretação da sentença lida, tais inferências podem
ser consideradas a garantia da compreensão, uma vez que asseguram a interpretação. 2 -
Inferências Conecutivas atuam como ligação entre preposições presentes no texto e proposições que
as precedem, preenchendo “fendas” ou “brecha” textuais. 3. Inferências Estruturais compõe uma
organização temática para o texto. São responsáveis pela montagem, organização e reorganização
da estrutura do assunto que esta sendo tratado nele. 4. Através das Inferências Extensivas, liga- se o
que foi lido ao conhecimento prévio do leitor, e também as idéias espontâneas e associações. Essas
inferências são chamadas de elaborações (ou elaborativas) .( ISOLA, 1991, p. 56).

Charroles em Texto e coerência, (1987) apud Koch, (1997, p.71) apresenta-se uma classificação das
inferências em diferentes tipos, considerando- as obrigatórias que podem ser verificadas através dos
tipos e exemplos apresentados pelo mesmo autor. a) – substanciais, inalienáveis ou necessárias: que
seriam aquelas que não podemos fugir, que são obrigatoriamente feitas. Por exemplo: João tem um
scort XR3 – João tem um carro.”.

Sabemos que a palavra scort refere-se ao nome de um carro. Portanto, se João tem um scort é óbvio
que ele possui um carro. b) –“convidadas” ou “possíveis”: que podem ou não ser feitas. Por exemplo:
João tem um scort. – João tem carteira de motorista.

Nem sempre todo dono de carro tem carteira de motorista. Por isso, o fato de João ter um carro não é
suficiente para provar que ele tenha uma carteira de motorista, embora isso seja mais provável. c) –
contextuais que variam com o contexto. Por exemplo: Você sabia que o João parou de fumar? Esta
pergunta dá margem a várias inferências. Podemos simplesmente informar que João fumava e agora
não fuma mais ou sugeriu ao ouvinte parar de fumar ou ainda leva-lo a uma reflexão sobre o mal
causado pelo cigarro. d) – retroativas ou para trás: são as que se fazem sobre o sentido de um termo
ou expressão a partir de algo dito posteriormente. Por exemplo: Pedro tem um grilo. a) alimenta-o
todos os dias (animal). b) não sabe se a namorada gosta dele (preocupado).”

Reder, em Leitura: inferência e contexto-social, (1980) apud Isola (1991 p. 57) concordando com
os autores citados acima, também distingue inferências obrigatórias e não obrigatórias.

As inferências ‘obrigatórias’ são pretendidas pelo autor do texto a preencher os espaços em branco
existentes neste e, assim contribuem para a coerência da representação mental. As facultativas não
são pretendidas pelo autor; são elaboradas adicionais que enriquecem o conteúdo textual sem,
contudo, contribuir para a sua coerência. (ISOLA, 1991 p. 57).

Marcuschi, em Leitura: inferência e contexto-social , (1985) apud Isola, (1991, p. 71 - 76)


denomina três grandes grupos de inferências divididos em tipos e subtipos bem definidos, porem
relacionados entre si. O primeiro grupo refere-se a situações do cotidiano, o segundo grupo à
especificação de antecedentes, a relação entre determinados fatos, coincidências, suposições, fatos
verídicos e outros, o terceiro grupo refere-se a crenças, ideologias, manifestações por parte do leitor,
suas experiência, seu conhecimento cultural. “O primeiro grupo de inferências, as inferências Lógicas
ocorrem freqüentemente em situações do cotidiano. As inferências Lógicas compreendem o
pensamento dedutivo, o indutivo e o condicional.”

Marcuschi em Comunicação em prosa moderna: escrever aprendendo a pensar explica cada


pensamento:

O pensamento dedutivo, quando a partir de enunciados mais gerais dispostos ordenadamente como
premissas de um raciocínio chega-se a uma conclusão particular ou menos geral. Por exemplo: a lei
assegura a toda criança na faixa etária de 7 a 14 anos o direito freqüentar a escola. Maria tem 10
anos. Portanto, Maria tem direito de freqüentar a escola.

O pensamento quando indutivo parte do registro de fatos singulares ou menos gerais para chegar a
conclusão desdobrada ou ampliada em enunciados mais geral. Por exemplo: Muitos prefeitos são
ladrões. Fulano é prefeito. As premissas não sustentam a conclusão de que fulano é ladrão. As
inferências condicionais são geradas de enunciados hipotéticos ou condicionais, o fogo se acenderá.
Caso contrario, ou o fósforo não foi riscado ou ele não estava em perfeitas condições. (MARCUSCHI,
1997, p. 279 ).

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Ao concordar com a citação supracitada, Garcia em Comunicação em prosa moderna: escrever


aprendendo a pensar (1997, p.300), define os pensamentos indutivo e dedutivo de forma mais
objetiva: “Pela indução, partimos da observação e análise dos fatos, concretos, específicos e para
chegarmos à conclusão; pelo dedutivo caminhamos do geral para o particular do desconhecido para
o conhecido”.

A partir das citações acima concluímos que é através da utilização de ambos os métodos que a
descoberta da verdade acontece.

A questão dos grupos anteriores da inferência apresentados por Marcushi, (1985) apud Isola, (1991,
p. 73 a 75) observa-se no segundo grupo a distinção entre os seguintes tipos e subtipos de
inferências: “1 – As inferências analógicas ocorrem por identificação referencial, são as que
especificam os antecedentes de por exemplo: pronomes, ações ou eventos. Carlos resolveu bater no
cachorro. Ele fez isso a noite.”

O uso do pronome (ele) refere-se a Carlos que bateu (ação) no cachorro. A inferência ocorre
justamente quando o leitor é capaz de ver tais características. Ainda no segundo grupo: 2 – As
inferências por associações ocorrem quando, em uma série de acontecimentos, o indivíduo relaciona
um fato a outro. Coincidências fortuitas costumam induzir os indivíduos a gerar – falsas associações
por exemplo: Aumentou a meningite no Brasil, após a Revolução de março de 64 'Revolução
aumenta meningite.

Essa última afirmação: “Revolução aumenta meningite” não deve ser considerada, pois os indícios
não provam que toda revolução aumenta a meningite. Sendo assim tal associação demasiadamente
falsa. 3. associações prováveis: João tomou aspirina e curou-se da gripe persistente. Aspirinas
cortam gripes persistentes.

Entre outras indicações, a aspirina serve para combater a gripe de acordo com o sistema imunológico
e a intensidade da virose de cada pessoa podendo ou não curar gripes e resfriados em determinados
pacientes. 4 – associações verdadeiras: O gato do vizinho não comeu mais e morreu. Animal que não
come mais morre.

Sendo a alimentação um elemento essencial para todos os seres vivos é obvio que qualquer ser vivo
que ficar sem alimento morrerá. 5 – A inferência por analogia ocorre sempre que há um pressuposto
de caráter hipotético que torna a conclusão apenas provável. Por exemplo: Um médico realiza alguns
experimentos com babuínos para determinar os efeitos de uma nova substância sobre organismo
humano. Conclui que a substancia ministrada aos babuínos provoca o aparecimento de alguns
efeitos secundários indesejáveis.

A conclusão é que o remédio ainda não está aprovado para os seres humanos, mas, posteriormente,
através de pesquisas mais aprofundadas esse mesmo remédio poderá ser aprovado para o homem
ou mesmo totalmente descartado. 6 – As inferências por composição e decomposição são geradas
das partes do discurso para a sua totalidade. Ex. A mãe vestiu o bebê. As roupas eram feitas de lã
macia..

Quando o leitor descobre que as roupas eram tão macias que a mãe decidiu vesti-las no bebê a
inferência ocorre.

O mesmo autor determina para o terceiro grupo três tipos de inferências: As inferências pragmático-
culturais – relacionam-se com os conhecimentos pessoais, crenças e ideologias dos indivíduos.
Subdividem-se em: inferências conversacionais, experiências avaliativas e cognitivo-culturais. As
inferências conversacionais ocorrem nas manifestações que colaboram com a produção de várias
inferências. As inferências experiências - ocorrem a partir da experiência do indivíduo. Por exemplo: A
policia está ali! Esquema: Policia por perto há alguma coisa além de uma simples festa”.

Basta a pronuncia do nome “policia” para se pensar alguma situação de perigo. No momento que o
leitor faz essa associação a inferência acontece. Segundo Isola (1991, p. 77) “as inferências
cognitivo-culturais ocorrem marcadas pela inferência do indivíduo.”

Conforme Warren et alli em Leitura: inferência e contexto-social (1979) apud isola, (1991, p. 76) 3-
“as inferências avaliativas são próprias do julgamento do leitor (ou do ouvinte). Envolvem crenças,
valores e conhecimento de mundo do receptor do texto.”

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Segundo Koch, em Texto e coerência (1997 p. 72) "as inferências podem ser limitáveis, apesar de
que limitá-las não é uma tarefa fácil.

E apresenta alguns meios que limitariam as inferências:

a) contexto, que pode ser o contexto lingüístico (ou co-texto e o contexto de situação (contexto
social, cultural, circunstancial), b) a cooperação retórica, em termos de aceitação de argumentos, c) a
força locucionária do enunciado e a tarefa do ouvinte (ou leitor), d) a focalização. (KOCH, 1997 p. 72).

Apesar das possibilidades de limitações das inferências apresentadas, a mesma autora (1997, p. 73)
faz um alerta:

E preciso lembrar que freqüentemente o produtor do texto deseja que as inferências não sejam
limitáveis, que o texto abra mintas linhas de possíveis inferências. É o caso do texto dúbio (com
muitas falas políticas), textos de humor e propaganda ou polissêmico (como na literatura). (KOCH,
1997 p. 72).

Rickheit, Schotz e Stranher, (1985) apud Isola, (1991, p. 58) determinam três aspectos fundamentais
para a classificação da inferência: “O input do processo de inferência, isto é, a informação nova que
se está adquirindo; ou ‘output’ do processo inferêncial, ou seja, o resultado da representação mental
do texto e a direção do processo entre input e o “output” em que ocorre a geração da inferência”.

Observa-se que a relação input, output e a direção do processo entre eles facilitam a geração de
inferências, pois tanto a informação nova quanto os indícios do texto são capazes de levar o leitor a
fazer inferências.

Clark, em Leitura: inferência e contexto-social, (1977) apud Isola, (1991, p. 58 - 59) classifica as
inferências como processos de referências por caracterização.

l – Referência direta é o processo inferêncial simples e comum em que há uma relação direta entre o
referente e o referido. Por exemplo: Havia barulho na casa, apesar de estar vazia. Na copa, o rumor
de torneiras abertas. Na sala, vidros se quebrando. Correria e pânico na vizinhança. (CLARK, 1991,
p. 58 - 59).

Partido do exemplo apresentado para esse tipo de inferência, verificamos que há uma relação direta
entre o referente e o referido. Uma vez que mencionados na frase referem-se diretamente a um
objeto (casa) desta mesma frase mencionado anteriormente.

O mesmo autor subdivide o processo inferêncial nos seguintes subtipos:

2 – O processo inferencial de referência direta subdividi-se em: identidade – ocorre a partir de uma
conexão direta, por Exemplo: Eu vi um pivete ontem. O pivete me assaltou. Pronominalização ocorre
quando se recorre a um pronome para substituir um sujeito, um objeto, um evento, uma ação, com
um estado. Por exemplo: eu vi um pivete ontem. – Ele me assaltou 3 – epíteto – pode ser
considerado apelido ou alcunha em geral depreciativa. O epíteto é identificado por inferência direta.
Por exemplo: Encontrei um pivete ontem. O idiota roubou o meu dinheiro. Membro de um conjunto é
o processo em que o leitor extrai inferências ao identificador, em um determinado grupo, algumas
características de seus componentes. Por exemplo: Encontrei dois pivetes ontem. O mais alto roubou
o meu dinheiro. (CLARK, 1991, p. 58 - 59).

Partindo dos exemplos observamos no primeiro caso – identificação – a existência de uma conexão
direta, a palavra pivete é pronunciada sem nenhuma hesitação e refere-se diretamente ao menino
que praticou o assalto. No segundo caso – pronominalização – pronome, ele, refere-se ao pivete.
Dessa forma evita- se a repetição e não há prejuízo na compreensão. No terceiro caso – epíteto – a
palavra idiota refere-se diretamente ao pivete. A mesma expressa sentimento de mágoa e raiva por
parte de quem a pronuncia. No terceiro caso, membro de um conjunto – a especificação da
característica de um dos pivetes é uma forma inteligente de se evitar que, um possível investigador,
ou interessado no caso, venha a confundir o culpado com o inocente.

Clark, (1977) apud Isola, (1991 p.60 - 61) define Referência Indireta por Associação ilustrando-a com
exemplos.

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EXPLORAÇÃO DE LEITURA PARA A COMPREENSÃO LITERAL,
INTERORETATIVA E CRITICA

A partir dos exemplos, as inferências acontecem quando o leitor entende que: no primeiro caso – o
teto é uma parte essencial da casa. No segundo caso – é provável que a porta de um dos quartos
esteja aberta ou então Magda tenha a chave de um deles No terceiro caso – o leitor é induzido a
imaginar que havia quadros na sala.

Inferências por caracterização – Quase sempre o que é referido é um objeto que desempenha papel
em um evento ou circunstâncias previamente mencionadas. Por exemplo. Um assassínio é um
evento que requer um ou mais agentes (assassinos), uma arma e uma vítima.

Ainda Clark, (1977) apud Isola, (1991, p. 62 - 63) expõe através de exemplos, cinco relações
temporais que o leitor (ou ouvinte) pode inferir.

1 – Razão: João caiu. O que ele quis foi assustar Maria. 2 – Causa: João Caiu. O que ele quis foi
assustar Maria. 2 – causa: João caiu. Ele tropeçou em uma pedra. 3. Conseqüência: João caiu. Ele
quebrou o seu braço. 4-concorrência: João mora em New York. Maria é tola também. 5.
subsequência: João chegou à festa. Ele pegou uma bebida. (CLARK, 1991, p. 62 -63).

Observamos que ocorre influência quando o leitor entende que: l – João caiu de propósito, por
brincadeira. 2 – João caiu realmente e o que o levou a cair foi uma pedra provavelmente exposta no
seu caminho. 3 – João quebrou o braço logo após a queda, isto é, o braço quebrado foi uma
conseqüência da queda. 4 – Quem mora em New York é tolo. João e Maria são tolos, pois ambos
moram em New York. 5 – Logo que João chega à festa vai logo procurar bebida e embriaga-se, isto
é, um evento após o outro.

O mesmo autor diferencia inferências autorizadas ou não autorizadas:

“As inferências autorizadas ocorrem quando o leitor infere algo pretendido pelo autor. Por exemplo:
José pergunta a Adriano:

– Lacon é um psicanalista? Adriano responde:

O papa é católico?

As não autorizadas ocorrem quando o leitor infere algo não pretendido pelo autor.” (CLARK, 1991, p.
62 - 63).

Quanto ao exemplo apresentado para as inferências autorizadas percebe-se a inferência quando o


interlocutor entende que: Essa resposta interrogativa “o papa é católico?” é o mesmo que dizer: claro
que sim.

Warren, Nicholas e Trabasso (1979) apud Isola, (1991, pp. 65 - 69) apresentam três tipos de
inferências, cada tipo com subtipos:

1 – As inferências Lógicas respondem a questões por que? – As inferências Motivadoras envolvem a


extração das causas, dos pensamentos, ações, objetivos voluntários de um personagem, ou
reciprocamente predizem os pensamentos, ações, objetivos do personagem sob a base de causas
estabelecidas. Por exemplo: Paulo sentiu muita raiva (impulso) Ele decidiu-se vingar-se do sócio
(objetivo). As inferências Capacitacionais determinam condições que são necessárias, mas não
suficientes, para um dado evento ocorrer. Por exemplo: Um vento bom estava soprando. Chico pode
soltar seu papagaio. (ISOLA, 1991, p. 65 - 69).

Pelo exemplo, percebe-se que as inferências Capacitacionais não são fáceis de serem feita pois os
indícios não levam o leitor a fazer inferências imediatas. O vento bom é, na verdade, um bom motivo
para se soltar um animal, mas não é o único e nem o principal. Chico poderia ou não soltá-lo.

O mesmo estudioso especifica, na citação seguinte, o segundo tipo de inferências e


conseqüentemente os seus subtipos:

2– Inferências informativas indicam a causa ou conseqüência: A exceção das Elaborativas


determinam as pessoas, causas, lugares, tempo, e o contexto geral de um dado evento. As
pronominais são as inferências que especificam o antecedente de pronomes: Eu vi um pivete ontem.
Ele me assaltou. (ISOLA, 1991, p. 66).

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EXPLORAÇÃO DE LEITURA PARA A COMPREENSÃO LITERAL,
INTERORETATIVA E CRITICA

A inferência se dá quando o leitor consegue descobrir que o pronome (ele) refere-se diretamente ao
pivete.

As inferências Referenciais especificam antecedentes relacionados a ações ou eventos dados


quando a referência não é pronominalmente marcada: Guilherme encontrou o carro de Ana no
estacionamento, e esvaziou iodos os pneus. ( ISOLA, 1991 p.67).

A inferência acontece, nesse caso, quando o leitor descobre que os pneus pertencem ao carro de
Ana.

As inferências Espaço Temporais estabelecem, como o próprio nome diz, uma proposição ou uma
série de proposições de lugar e de tempo e determina sua duração. As inferências Esquema de
Mundo partilham algumas características das inferências partilham algumas características da
inferências e Espaço Temporais. Essas inferências restringem-se possíveis interpretações de
preposições ambíguas ou confusas, alimentando algumas possibilidades e especificando outras.
(ISOLA, 1991 p.68).

Segundo Van Dijh e Kintsch (1983) apud Isola (1991, p. 69):

As Inferências Elaborativas ou Elaboração ocorrem quando o leitor usa o seu conhecimento sobre o
tópico em discussão, para preencher um detalhe adicional não mencionado no texto; ou para
estabelecer conexões entre o que está sendo lido e itens de conhecimentos relacionados. (ISOLA,
1991 pp. 67-68).

Em relação ao terceiro tipo os mesmos autores afirmam que:

1 – As Inferências Avaliativas são próprias do julgamento do entendedor, baseado em situações


relatadas pelo autor (ou falante).

3 – Referência Indireta por Associação o que é referido é algo indiretamente associado a um


determinado objeto, evento ou estado, as partes de informações associadas podem ser algumas
vezes predizíveis, extraídas daquilo que foi mencionado, mas nem sempre isso ocorre. Por exemplo:
1 – Magda visitou a casa de campo – o teto era muito alto. 2 – Magda entrou em um dos quartos da
casa de campo. Era habito estarem as portas trancadas. 3 – Magda foi até a sala de jantar. Os
quadros eram valiosíssimos. (CLARK, 1991 p.60 - 61).

A partir dos exemplos, as inferências acontecem quando o leitor entende que: no primeiro caso – o
teto é uma parte essencial da casa. No segundo caso – é provável que a porta de um dos quartos
esteja aberta ou então Magda tenha a chave de um deles No terceiro caso – o leitor é induzido a
imaginar que havia quadros na sala.

Inferências por caracterização – Quase sempre o que é referido é um objeto que desempenha papel
em um evento ou circunstâncias previamente mencionadas. Por exemplo. Um assassínio é um
evento que requer um ou mais agentes (assassinos), uma arma e uma vítima.

Ainda Clark, (1977) apud Isola, (1991, p. 62 - 63) expõe através de exemplos, cinco relações
temporais que o leitor (ou ouvinte) pode inferir.

1 – Razão: João caiu. O que ele quis foi assustar Maria. 2 – Causa: João Caiu. O que ele quis foi
assustar Maria. 2 – causa: João caiu. Ele tropeçou em uma pedra. 3. Conseqüência: João caiu. Ele
quebrou o seu braço. 4-concorrência: João mora em New York. Maria é tola também. 5.
subsequência: João chegou à festa. Ele pegou uma bebida. (CLARK, 1991, p. 62 -63).

Observamos que ocorre influência quando o leitor entende que: l – João caiu de propósito, por
brincadeira. 2 – João caiu realmente e o que o levou a cair foi uma pedra provavelmente exposta no
seu caminho. 3 – João quebrou o braço logo após a queda, isto é, o braço quebrado foi uma
conseqüência da queda. 4 – Quem mora em New York é tolo. João e Maria são tolos, pois ambos
moram em New York. 5 – Logo que João chega à festa vai logo procurar bebida e embriaga-se, isto
é, um evento após o outro.

O mesmo autor diferencia inferências autorizadas ou não autorizadas:

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EXPLORAÇÃO DE LEITURA PARA A COMPREENSÃO LITERAL,
INTERORETATIVA E CRITICA

“As inferências autorizadas ocorrem quando o leitor infere algo pretendido pelo autor. Por exemplo:
José pergunta a Adriano:

– Lacon é um psicanalista? Adriano responde:

O papa é católico?

As não autorizadas ocorrem quando o leitor infere algo não pretendido pelo autor.” (CLARK, 1991, p.
62 - 63).

Quanto ao exemplo apresentado para as inferências autorizadas percebe-se a inferência quando o


interlocutor entende que: Essa resposta interrogativa “o papa é católico?” é o mesmo que dizer: claro
que sim.

Warren, Nicholas e Trabasso (1979) apud Isola, (1991, pp. 65 - 69) apresentam três tipos de
inferências, cada tipo com subtipos:

1 – As inferências Lógicas respondem a questões por que? – As inferências Motivadoras envolvem a


extração das causas, dos pensamentos, ações, objetivos voluntários de um personagem, ou
reciprocamente predizem os pensamentos, ações, objetivos do personagem sob a base de causas
estabelecidas. Por exemplo: Paulo sentiu muita raiva (impulso) Ele decidiu-se vingar-se do sócio
(objetivo). As inferências Capacitacionais determinam condições que são necessárias, mas não
suficientes, para um dado evento ocorrer. Por exemplo: Um vento bom estava soprando. Chico pode
soltar seu papagaio. (ISOLA, 1991, p. 65 - 69).

Pelo exemplo, percebe-se que as inferências Capacitacionais não são fáceis de serem feita pois os
indícios não levam o leitor a fazer inferências imediatas. O vento bom é, na verdade, um bom motivo
para se soltar um animal, mas não é o único e nem o principal. Chico poderia ou não soltá-lo.

O mesmo estudioso especifica, na citação seguinte, o segundo tipo de inferências e


conseqüentemente os seus subtipos:

2 – Inferências informativas indicam a causa ou conseqüência: A exceção das Elaborativas


determinam as pessoas, causas, lugares, tempo, e o contexto geral de um dado evento. As
pronominais são as inferências que especificam o antecedente de pronomes: Eu vi um pivete ontem.
Ele me assaltou. (ISOLA, 1991, p. 66).

A inferência se dá quando o leitor consegue descobrir que o pronome (ele) refere-se diretamente ao
pivete.

As inferências Referenciais especificam antecedentes relacionados a ações ou eventos dados


quando a referência não é pronominalmente marcada: Guilherme encontrou o carro de Ana no
estacionamento, e esvaziou iodos os pneus. ( ISOLA, 1991 p.67).

A inferência acontece, nesse caso, quando o leitor descobre que os pneus pertencem ao carro de
Ana.

As inferências Espaço Temporais estabelecem, como o próprio nome diz, uma proposição ou uma
série de proposições de lugar e de tempo e determina sua duração. As inferências Esquema de
Mundo partilham algumas características das inferências partilham algumas características da
inferências e Espaço Temporais. Essas inferências restringem-se possíveis interpretações de
preposições ambíguas ou confusas, alimentando algumas possibilidades e especificando outras.
(ISOLA, 1991 p.68).

Segundo Van Dijh e Kintsch (1983) apud Isola (1991, p. 69):

As Inferências Elaborativas ou Elaboração ocorrem quando o leitor usa o seu conhecimento sobre o
tópico em discussão, para preencher um detalhe adicional não mencionado no texto; ou para
estabelecer conexões entre o que está sendo lido e itens de conhecimentos relacionados. (ISOLA,
1991 pp. 67-68).

Em relação ao terceiro tipo os mesmos autores afirmam que:

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EXPLORAÇÃO DE LEITURA PARA A COMPREENSÃO LITERAL,
INTERORETATIVA E CRITICA

– As Inferências Avaliativas são próprias do julgamento do entendedor, baseado em situações


relatadas pelo autor (ou falante). Envolvem ‘mora’ e convenções, anormalidades em pensamentos
ou ações de personagens e no estilo. Ex: O personagem faz bem ou mal? Você condenaria ou não
fulano por tal assunto? (VAN DIJH E KINTSCH, 1983, apud Isola, 1991, p. 69)

As inferências Avaliativas conduzem o leitor a uma reflexão antecipada antes de responder


determinadas questões. O leitor é induzido a fazer uma retrospectiva no seu subconsciente tentando
resgatar tudo aquilo que sabe sobre o assunto em questão.

Do exposto, infere-se que a compreensão da linguagem é então um verdadeiro jogo entre aquilo que
está explícito no texto e aquilo que o leitor insere por conta própria, a partir de inferências que faz,
baseado no seu conhecimento de mundo e da língua. Assim, no capítulo que segue, é preciso deter a
atenção sobre as condições de produção das inferências, o que significa avaliar a leitura como um
processo de interação entre o leitor e o texto.

O Ato De Inferir

Entendemos que de acordo com o conhecimento do mundo do leitor, ele é capaz de compreender os
vários tipos de leituras oferecidas por um texto.

Como afirma Isola, (1991, p. 36). “Compreender um texto é ter acesso a uma das leituras que ele
permite, é buscar um dos sentidos possíveis oferecidos por ele, determinado pela bagagem sócio-
cultural que o leitor traz consigo.”

Ao ler um determinado texto, o leitor associa de forma lógica o conteúdo textual à sua bagagem
intelectual, social e cultural desvendando assim as informações implícitas nas entrelinhas do texto. Na
verdade, a leitura é um ato de atribuição de significado a um texto escrito. É uma relação que se
estabelece entre o leitor e o texto codificado, relação na qual o leitor reconstrói seu próprio
significado, a partir dos seus objetivos, do conhecimento do assunto, sobre o autor, a língua, o
sistema da escrita e de seus conhecimento prévios e de mundo.

Contudo, o leitor só pode inferir no texto seus conhecimentos e suas experiências mediante uma
metodologia favorável à interpretação. É através das condições apresentadas por essa metodologia
que a inferência torna-se possível de ser avaliada. A metodologia aqui utilizada é aplicação de um
teste cloze baseado em Alliende e Condemarim ( 1987, p. 141 a 144) . Os quais nos orientam para
sua realização.

Neste estudo procuramos investigar a inferência na compreensão textual, elemento indispensável na


análise do discurso escrito, embora não seja muito questionado. Na tentativa de comprovar a
verdadeira importância do uso da inferência buscamos respostas nas teorias lingüísticas de
estudiosos do assunto: Isola, Koch, Garcia e outros, os quais não determinam regras para a sua
aplicação e sim tipos de inferências que um leitor sendo ou não iniciante, é capaz de fazer
dependendo apenas de uma cuidadosa reflexão sobre as informações existentes na estrutura interna
do texto.

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RELAÇÕES DE COERENCIA

O Brincar Na Educação Infantil.

Tem-se falado e estudado muito o fenômeno do brincar, da importância de as crianças brincarem


para ajudar em seu desenvolvimento. Fala-se também sobre a brincadeira dentro da escola,
principalmente de educação infantil.

É importante entender do que se fala quando se fala em brincar e perceber a relevância de um tempo
no cotidiano das crianças destinado a um brincar de qualidade, em um espaço adequado, com
materiais interessantes para as crianças e que estimulem a criatividade. A mediação de um adulto,
de outras crianças, ou dos próprios objetos que se encontram a

disposição da criança faz a diferença nas brincadeiras. Não basta deixar brincar, aos adultos é
preciso olhar um pouquinho mais para as crianças, perceber suas necessidades e assim tentar
entender e estimular a brincadeira.

Grandes mudanças ocorreram na sociedade atual nas últimas décadas. A família passou de um pai
que trabalha, uma mãe que fica em casa com as crianças em uma casa grande com jardim e crianças
que vão para a escola em apenas um período, tendo o restante do dia para brincar, para pai e mãe
trabalhando, crianças desde muito novas em creches e escolas durante o dia inteiro enquanto os pais
trabalham.

O brincar e a própria infância assumem novos contornos, assim como a escola está tendo que se
adaptar a essas mudanças. Para Kishimoto (2001), a urbanização, a industrialização e os novos
modos de vida fizeram com que a criança fosse esquecida e que a infância se encerrasse,
transformando a criança em um precoce aprendiz. A criança deve aprender tudo o que conseguir,
freqüentar todas as aulas que seus pais possam pagar, procurando um futuro bom, uma profissão
interessante e lucrativa. Isso sem pensar naqueles que, desde muito cedo, trabalham nas ruas para
ajudar no orçamento de casa. O tempo é todo preenchido em favor do futuro, e não do presente, não
se pensa na infância como tempo da vida que tem suas características próprias. É necessário, é
importante ser criança, ter tempo para brincar, socializar, olhar para o mundo com o olhar da criança,
sem tantas pressões e responsabilidades.

As mães saírem para trabalhar foi uma das mudanças mais importantes da sociedade atual e com
isso a educação infantil começa a tomar espaço, o reconhecimento dessa fase do ensino aumenta, a
escola para as crianças pequenas passa a ser vista como mais do que um ambiente para deixar as
crianças enquanto as mães trabalham. Algumas crianças passam boa parte do seu dia na escola e
esse ambiente deve pensar nas suas necessidades, realizar atividades que respeitem a infância,
além daquelas de necessidade básica, como comer, dormir ou tomar banho. Brincar é um direito da
criança, é, segundo Leontiev (2006), a principal atividade das crianças pequenas, pois é ela que vai
impulsionar a criança para outro nível de desenvolvimento.

Brincar é preciso, é por meio dele que as crianças descobrem o mundo, se comunicam e se inserem
em um contexto social. A brincadeira, segundo Brougère (2001), supõe contexto social e cultural,
sendo um processo de relações interindividuais, de cultura. Mediante o ato de brincar, a criança
explora o mundo e suas possibilidades, e se insere nele, de maneira espontânea e divertida,
desenvolvendo assim suas capacidades cognitivas, motoras e afetivas.

Se o brincar é social, a criança não brinca sozinha, ela tem um brinquedo, um ambiente, uma história,
um colega, um professor que media essa relação e que faz do brincar algo criativo e estimulante, ou
seja, a forma como o brincar é mediado pelo contexto da escola é importante para que seja de
qualidade e realmente ofereça a oportunidade de diferentes aprendizagens para a criança.

Entendendo isso, as instituições de educação infantil que respeitam os direitos e as necessidades


das crianças não podem deixar de incluir o brincar em seu currículo, com planejamento, materiais
adequados, espaço próprio e incentivo por parte da direção e da professora.

Como o brincar vem sendo tratado no interior das escolas de educação infantil, o incentivo, os
espaços e as mediações que tem acontecido nessas instituições e a importância disso tudo para a
aprendizagem e desenvolvimento da criança são os focos de discussão do presente texto.

Brincar, Aprendizagem E Mediação

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RELAÇÕES DE COERENCIA

Para Vigotski1 (2007), na abordagem histórico-cultural, brincar é satisfazer necessidades com a


realização de desejos que não poderiam ser imediatamente satisfeitos. O brinquedo2 seria um mundo
ilusório, em que qualquer desejo pode ser realizado. As duas principais características colocadas pelo
autor são as regras e a situação imaginária, sempre presentes nas brincadeiras. De acordo com essa
teoria, quando as crianças mais novas brincam, elas utilizam muito a situação imaginária, a
imaginação está presente com força, enquanto as regras ficam mais ocultas, mas não deixam de
existir. A brincadeira de casinha é um exemplo do brincar das crianças pequenas, em que o
imaginário reina, mas certas regras de comportamento devem ser seguidas. Com o passar do tempo,
as regras vão tomando mais espaço e a situação imaginária vai diminuindo, como num jogo de
queimada em que as regras são primordiais, mas a situação imaginária de dois lados opostos em
“guerra” e de comportamentos diferentes daqueles da vida real não deixam de existir.

Para Vigotski (2007), a criança ao nascer já está imersa em um contexto social, e a brincadeira se
torna importante para ela justamente na apropriação do mundo, na internalização dos conceitos
desse ambiente externo a ela.

O contexto social é importante para o brincar infantil. De acordo com Brougère (2002) o brincar não
pode ser separado das influências do mundo, pois não é uma atividade interna do indivíduo, mas é
dotado de significação social. Para o autor a criança é um ser social e aprende a brincar. A
brincadeira pressupõe uma aprendizagem social. “A criança não brinca numa ilha deserta. Ela brinca
com as substâncias materiais e imateriais que lhe são propostas, ela brinca com o que tem na mão e
com o que tem na cabeça” (BROUGÈRE, 2001, p.105).

Ao mesmo tempo em que a brincadeira está imersa em um determinado contexto social, ela é
subjetiva. Dependendo da situação, um mesmo comportamento pode ter significações diferentes.
Freire (2002) trabalha com o jogo como um fenômeno percebido por suas manifestações, sendo inútil
tentar listar componentes para afirmar ou negar certa atividade como jogo. Não podemos separar as
regras, a imaginação, a espontaneidade, juntar tudo e constituir o jogo, para Freire (2002), é na
interação dessas características, entre outras, que ele surge. O autor explica que:

Tudo no jogo aponta para o mundo interior do sujeito, invisível aos nossos olhos, e a tradução
exterior dessa atividade, no plano da nossa razão, confunde-se com expressões de qualquer outra
atividade (FREIRE, 2002, p.67).

Só quem pode realmente afirmar se está brincando é o sujeito da ação. Quem observa pode pensar
que a criança está brincando, pois ela se encontra no meio da brincadeira com outras crianças, ou
por estar com um brinquedo na mão, mas ela pode não estar envolvida com a brincadeira, assim
como uma criança quietinha no canto da sala pode estar brincando, completamente mergulhada na
imaginação.

O brincar é uma atividade difícil de ser caracterizada, o que se deve ao seu caráter subjetivo, mas
pode-se afirmar que é social e livre, pois não é possível obrigar ninguém a entrar na brincadeira,
possui regras e uma situação imaginária. É atividade dominante na infância, e é por meio dela que as
crianças começam a aprender.

Entendendo melhor o fenômeno do brincar percebemos a importância dessa atividade para o


desenvolvimento e aprendizagem das crianças, e, conseqüentemente, para as instituições de
educação infantil.

Segundo a teoria de Vigotskii (2006), aprendizagem e desenvolvimento não são sinônimos. Para o
autor, a aprendizagem de uma criança e seu desenvolvimento estão ligados entre si desde os seus
primeiros anos de vida; a aprendizagem deve ser coerente com o desenvolvimento da criança, a
capacidade de aprender está relacionada com a zona de desenvolvimento em que a criança se
encontra. Ao mesmo tempo, a aprendizagem estimula processos internos de desenvolvimento,
criando zonas de desenvolvimento proximal. “[...] a aprendizagem não é, em si mesma,
desenvolvimento, mas uma correta organização da aprendizagem da criança conduz ao
desenvolvimento mental [...]” (VIGOTSKII, 2006, p.115).

A zona de desenvolvimento proximal é um conceito importante da teoria de Vigotski (2007). O autor


determina dois níveis de desenvolvimento: o real, representando o que a criança já consegue realizar
sozinha, e o potencial, que significa aquelas atividades que a criança tem capacidade de realizar,
mas ainda não o faz. A zona de desenvolvimento proximal, ou ZDP, se encontra entre esses dois

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RELAÇÕES DE COERENCIA

níveis de desenvolvimento, ela representa o que a criança consegue realizar, mas contando com a
ajuda de um mediador. O que está na ZDP hoje, amanhã pode ser desenvolvimento real. Ou seja, é
essencial para o aprendizado criar a zona de desenvolvimento proximal.

Entendemos que o brincar é importante para o desenvolvimento da criança e Vigotski (2007) confirma
essa afirmação. O autor coloca que o brincar é uma atividade que estimula a aprendizagem pois cria
uma zona de desenvolvimento proximal na criança:

[...]No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além
do seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que ela é na realidade.
Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do
desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento.
(VIGOTSKI, 2007, p.134).

Para Vigotski (2007), no brinquedo acontecem as maiores aquisições de uma criança, e são elas que
se tornarão, no futuro, seu nível básico de ação real e moralidade. No brinquedo a criança passa a
agir não apenas pela percepção imediata dos objetos, por exemplo, quando vê uma folha de papel e
imediatamente a rasga ou amassa, ela começa a dirigir suas ações de forma independente daquilo
que ela vê, ela pode ver uma folha de papel e brincar de “aviãozinho”. Forma-se uma nova relação
entre o que a criança vê, sua percepção visual, e o que a criança pensa, o significado que aquela
ação e aquele objeto tem para ela naquele momento. Um pedaço de madeira pode deixar de ser
simplesmente um pedaço de madeira, para a criança ele pode se tornar um cavalo.

O conceito de zona de desenvolvimento proximal nos apresenta também a importância da mediação


da brincadeira. É por meio dela que a ZDP é criada. O brincar, assim como quase todas as nossas
ações, é mediado, por um contexto. Objetos, adultos, crianças, roupas, histórias... De acordo com
Vigotski (2007), nossa relação com o mundo é mediada. No contexto das escolas de educação
infantil essa questão deve ser bem observada ao pensar na qualidade das brincadeiras a serem
vividas naquele ambiente. Deve-se levar em conta que tudo ao redor da criança é capaz de estimular
e enriquecer as brincadeiras, ou o contrário. Pensar na mediação torna-se indispensável no momento
de organizar e comprar brinquedos, arrumar a sala, brincar no parque, e também no momento em
que a professora vai dirigir uma brincadeira com a turma.

A mediação no contexto da escola se destaca das mediações cotidianas pela intencionalidade da


ação. A professora a todo o momento se preocupa com a aprendizagem das crianças. No brincar não
pode ser diferente, e as mediações devem ocorrer intencionalmente, pensadas pela professora, para
que o tempo de brincadeiras dentro da escola seja aproveitado ao máximo pelas crianças.

Favorecer a brincadeira na educação infantil não significa simplesmente deixar que as crianças
brinquem sem que seja feita nenhuma intervenção. De acordo com Ayoub (2001), quando o adulto
abre mão da sua mediação no processo educativo, a situação pode ser chamada de abandono
pedagógico. A autora afirma que é justamente no contexto da brincadeira que o professor descobre o
seu papel de mediador.

Brougère (1998) reconhece a importância dos materiais do jogo e da forma como o adulto organiza
esse contexto, e afirma que eles são decisivos para que a liberdade da criança ao brincar seja
mantida. Para o autor, as características do jogo não devem ser perdidas por ele estar em um
ambiente educativo, e a liberdade é uma delas. A escola deve preocupar-se com todo o contexto para
favorecer o brincar das crianças. Um professor mediador constrói um ambiente também mediador do
brincar.

As formas de mediação da professora são decisivas para garantir que as crianças realmente
brinquem na escola, interajam com seus colegas, imaginem, criem regras, utilizem brinquedos
diferentes, de formas diferentes, em ambientes que estimulem a imaginação. A aprendizagem
decorrente da brincadeira vem da experimentação que a atividade propicia. As maneiras de mediação
que o professor pode utilizar no ambiente da educação infantil são muitas, basta que ele reconheça o
valor dos objetos, do ambiente, da sua ajuda e orientação, e principalmente da sua organização, para
assim possibilitar uma qualidade no brincar de seus alunos.

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IDENTIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES COESIVAS

Coesão Textual

Coesão refere-se as articulações gramaticais entre palavras de uma mesma oração, com o objetivo
de levar clareza e levar o sentido buscado pelo escritor. A coesão busca a harmonia entre estes
termos e é percebida quando existe continuidade dos fatos expostos.
Segundo Halliday e Hasan existe cinco tipos de articuladores coesivos, que são:
Referência (Endofórica e Exofórica) , Substituição, elipse, conjunção e léxico.

Segundo Fávero e Koch , existe três tipos de coesão: Referencial ( Substituição e Reiteração) ,
Recorrencial (Paralelismo, Paráfrase, Recursos fonológicos, segmentais e suprassegmentais) e
Sequencial (Temporal e Por conexão).
Leonor Lopes Fávero faz critica a outras classificações com relação à coesão lexical e com relação à
referência exofórica.

Segundo Halliday E Hasan

1. Coesão Por Referência

Ocorre quando determinado elemento textual se refere a outro, substituindo-o. A referência, a


princípio, pode ser em relação a um dado externo (exofórica) ou interno (endoforica) ao texto.

Exofórica.: é aquela que se refere a um elemento fora do texto.

Ex.: A gente era pequena naquele tempo. E aquele era um tempo em que ainda se apregoava nas
ruas.

Endofórica.: pode se referir a algo mencionado anteriormente no texto à anáfora ou a algo


mencionado posteriormente à catáfora.

Exemplo de anáfora:
· Maria é excelente amiga. Ela sempre me deu provas disso.
Exemplo de catáfora:
· Só desejo isto: que você não se esqueça de mim.

2. Coesão Por Substituição

Ocorre quando há colocação de um item no lugar de outro ou até de uma oração inteira. Pode ser
nominal (feita por meio de pronomes pessoais, numerais, indefinidos, nomes genéricos como coisa,
gente, pessoa) e verbal (o verbo “fazer” é substituto dos causativos, “ser” é o substituto existencial).

Ex:

3. Elipse

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IDENTIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES COESIVAS

A elipse acontece quando omitimos um termo que já foi apresentado anteriormente e que devido ao
contexto criado pela oração se torna fácil lembrar esta expressão. A elipse é bastante utilizada tanto
na linguagem escrita, quanto na oralidade, pois torna o entendimento do texto mais fácil, apesar da
omissão de termos.

Ex.: 01- O diretor foi o primeiro a chegar à sala. Abriu as janelas e começou a arrumar tudo para a
assembleia com os acionistas.
O termo “O diretor” foi omitido na segunda oração, antes do verbo “abriu” e do verbo “começou”.

4. Conjunção

É diferente das outras relações de coesão, pois não está apenas relacionada a retomada de algo já
expresso no texto. Os elementos conjuntivos são coesivos de maneira indireta, devido a relação que
faz entre os períodos e sentenças.

Tipos de elementos conjuntivos:

-Advérbios e locuções adverbiais


Ex.: Os seus pais passam muito bem.

-Conjunções coordenativas e subordinativas:


Ex.: (subordinativas) Não sabemos se ela realmente virá.

-Locuções conjuntivas
Ex.: desde que, uma vez que, já que, por mais que, à medida que, à proporção que, visto que, ainda
que, entre outras.

-Preposições
Ex: A, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás,
atrás de, dentro de, para com.

-Itens continuativos
Ex: Então, daí.

-Coordenativas
Ex:

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IDENTIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES COESIVAS

5. Léxico

É um tipo de coesão obtida pela reiteração de itens lexicais idênticos ou que possuem o mesmo
referente. Inclui-se aí, também, o uso de nomes genéricos cuja função coesiva está no limite entre
coesões lexical e gramatical ,nomes estes que estão a meio caminho do item lexical ,membro de um
conjunto abeto e do item gramatical ,membro de um conjunto fechado.

Gramaticalmente, os nomes como gente, a pessoa, a coisa, o negócio, dentre outros, funcionam
como itens de referência anafórica. Lexicalmente, são membros superordenados (hiperônimos)
agindo como sinônimos dos itens a eles subordinados (hipônimos).

Outro fator de coesão lexical é a colocação, resultante da associação de itens lexicais que
regularmente concorrem. Virtualmente não há colocações impossíveis, mas algumas são melhores do
que outras, tendendo para o padrão que, quando fortes, constituem os clichês.

Ex.: Convém desmistificar aquele político, desmascará-lo é nossa obrigação. (sinônimos)


Ex.: O manifestante jogou um tomate na cara do ministro. A fruta estava podre. (hipônimo)

Segundo Fávero E Koch

Referencial

Por Substituição

A substituição se dá quando um componente é retomado ou precedido por uma pró-forma (elemento


gramatical representante de uma categoria como, por exemplo, o nome; caracteriza-se por baixa
densidade sêmica: traz as marcas do que substitui). No caso de retomada, tem-se uma anáfora e, no
caso de sucessão, uma catáfora.
As pro-formas podem ser pronominais, verbais, adverbiais, numerais.

Exemplos:

1- Lúcia corre todos os dias no parque. Patrícia faz o mesmo.

Faz: pro-forma verbal (sempre acompanhada de uma forma pro nominal: o, o mesmo, isto etc.)

2- Mariana e Luiz Paulo são irmãos. Ambos estudam inglês e francês.

Ambos: pro-forma numeral

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IDENTIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES COESIVAS

3 - Paula não irá à Europa em janeiro. Lá faz muito frio.

Lá: pro-forma adverbial

Por Reiteração

A reiteração é a repetição de expressões presentes no texto e que tem a mesma referência.


Segundo Fávero, existe 5 tipos de Reiteração:

Repetição do mesmo item lexical

Acontece quando se repete um termo já utilizado na oração.

Ex.: O fogo acabou com tudo. A casa estava destruída. Da casa não sobrara nada.

Sinônimo

Para Fávero, definir a Reiteração por Sinônimo é muito difícil, pois não existe um sinônimo
verdadeiro, já que todas as palavras de uma língua tem significado próprio, por mais semelhantes
que sejam.
É feita quando se utiliza um sinônimo para referir-se a um termo dito anteriormente.

Ex.: A criança caiu e chorou. Também o menino não fica quieto!

Hiperônimos E Hipônimos

Hiperônimo ocorre quando a primeira palavra mantém uma relação de maior totalidade com o
segundo termo.

Ex.: Gosto muito de doces. Cocada, então, adoro.


*Neste caso, observa-se que o termo “doces” engloba o termo “cocada”, por isso tem-se um
hiperônimo.

Hipônimo ocorre quando a segunda palavra utilizada mantém uma relação de maior totalidade com o
primeiro termo.

Ex.: Os corvos ficaram à espreita. As aves aguardavam o momento de se


lançarem sobre os animais mortos.
*Neste segundo exemplo, nota-se que “aves” engloba o termo “corvos”, por isso tem-se hipônimo.

Expressões Nominais Definidas

Este caso de reiteração ocorre quando um novo termo retoma uma palavra já utilizada, para isto é
necessário conhecimento de mundo por parte do leitor, já que o termo substituinte é uma forma de
aposto da primeira palavra usada.

Ex.: O cantor Sting tem lutado pela preservação da Amazônia. O ex- líder da banda Police chegou
ontem ao Brasil. O vocalista chegou com o cacique Raoni, com quem escreveu um livro.
*Neste caso, a expressão utilizada “ex- líder da banda Police” retoma um termo já utilizado, “cantor
Sting”, assim apresenta ao leitor novas informações sempre que se utiliza este tipo de reiteração.

Nomes Genéricos

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IDENTIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES COESIVAS

Os nomes genéricos são expressões bastante comuns à cultura de onde o texto foi escrito e por isso
podem ser usadas sem medo do não entendimento do texto pelo leitor. São algumas delas: coisa,
negócio, lugar, gente, dentre outras.

Ex.: Até que o mar, quebrando um mundo, anunciou de longe que trazia nas
suas ondas coisa nova, desconhecida, forma disforme que flutuava, e todos
vieram à praia, na espera... E ali ficaram, até que o mar, sem se apressar, trouxe a coisa; e depositou
na areia surpresa triste, um homem morto.
*A expressão “coisa” é utilizada, neste exemplo, para designar algo que só é apresentado no final da
frase, “um homem morto”.

Recorrencial

Por Paralelismo

Ocorre quando as estruturas de uma sentença são aplicadas de outra maneira, ou seja, o mesmo
conteúdo reutilizado de maneira diferente. O paralelismo é uma estrutura estilística bastante
empregada na literatura.

Ex.: Seria porventura o homem mais justo do que Deus? Seria porventura o homem mais puro do que
o seu Criador? Jó 4:17

Por Paráfrase

Possui uma certa semelhança com o paralelismo, pois é uma reorganização ou reformulação. Este
elemento coesivo é um articulador entre novas e antigas informações de um texto, e se difere de uma
repetição pela criatividade do escritor.

Ex.: “A mente de Deus é como a Internet: ela pode ser acessada por qualquer um, no mundo todo.”
(Américo Barbosa, na Folha de São Paulo)
Reecrito : No mundo todo, qualquer um pode acessar a mente de Deus e a internet. (PARÁFRASE)

Sequencial

Os mecanismos de coesão sequencial são os que tem por função ,da mesma forma que os de
recorrência ,fazer progredir o texto, fazer caminhar o fluxo informacional. Diferem dos de recorrência,
por não haver neles retomada de itens, sentenças ou estruturas.

Sequenciação Temporal

Qualquer sequência textual só é coesa e coerente se a sequencialização dos enunciados conseguir


satisfazer as condições conceptuais sobre localização temporal e ordenação relativa que sabemos
serem características dos estados de coisas no mundo selecionado pela referida sequência textual.

Assim ,a sequenciação temporal pode ser obtida por:

Ordenação Linear Dos Elementos

É o que torna possível dizer

Ex:
-Vim,vi,venci
e não

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IDENTIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES COESIVAS

-Venci,vi,vim.

Expressões Que Assinalam A Ordenação Ou Continuação Das Sequencias Temporais

Ex:
-Primeiro vi a moto, depois o ônibus.
-Os capítulos anteriores tratam de eletrostática, agora falaremos da eletrodinâmica, deixando os
problemas do eletromagnetismo para os próximos.

Partículas Temporais

Ex.:
Não deixe de vir amanhã

Correlação Dos Tempos Verbais

Ex:
-Ordeno que deixem a casa em ordem.

-Paulo não chegou ainda embora tivesse saído cedo.

Sequenciação Por Conexão

Em um texto, tudo está relacionado; um enunciado está subordinado a outros na medida em que não
só se compreende por si mesmo, mas ajuda na compreensão dos demais. Esta interdependência
semântica ou pragmática é expressa por operadores do tipo lógico, operadores discursivos e pausas.

Os operadores do tipo lógico tem por função o tipo de relação lógica que o escritor estabelece entre
duas proposições.

Os operadores do tipo lógico são:

Disjunção

Combina proposições por meio do conector ou, significando um ou outros. Essa relação só é
verdadeira se uma das proposições ou ambas forem verdadeiras.

Exemplos:
-Quer sorvete ou chocolate?
-quero os dois.
-Há vagas para moças e /ou rapazes.

Condicionalidade

Conecta proposições que mantêm entre si uma relação de dependência entre a antecedente e a
consequente.

Ex.: Se chover, não iremos á festa.

Causalidade

A relação de causalidade está inserida no tipo real da condicionalidade.

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IDENTIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES COESIVAS

Ex.: Se Paulo é homem então é mortal

Mediação

As relações de medicação, do mesmo modo que as de causalidade, fazem parte da condicionalidade,


mas são destacadas por razões didáticas.

Ex.: Fugiu para que não o vissem.

Complementação

Expressa-se por duas proposições ,uma das quais complementa o sentido de um termo da outra.

Ex: Necessito de um livro.

Restrição

Expressa-se por duas proposições em que uma restringe ,limita a extensão de um termo da outra.

Ex.: Vi a menina que toca piano.

Quebra De Coesão

Regência Incorreta:

Ex.: “Nenhum dos encarregados está apto com assumir o cargo de gerente.”

Concordância Incorreta:

Ex.: “Ela chegou com o rosto e mãos feridas.” Correto : “Ela chegou com o rosto e as mãos feridos”.

Frases inacabadas:

Ex.: “Ainda não estou curado mas estou em vias de...”

Anacolutos:

Ex.: “O relógio da parede eu estou acostumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que
eu”. (Rubem Braga)”

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IDENTIFICAÇÃO DO SIGNIFICADO DE PALAVRAS RECORRENDO AO
TEXTO

Denotação E Conotação - Relações De Sentido Entre As Palavras

Entender o sentido expresso pelo discurso proferido requer, dentre outras habilidades, conhecimento
linguístico e conhecimento acerca dos fatos que norteiam nossa vivência enquanto seres sociais.
Habilidades estas que, por motivos diversos, não compõem de modo homogêneo o perfil dos
interlocutores. Tal afirmativa aplica-se ao fato de que determinadas pessoas expressam uma notória
dificuldade em apreender as ideias inerentes a um determinado texto.

A interpretação depreende-se de uma série de fatores nos quais a familiaridade estabelecida pelo
contato assíduo com a leitura surge como fator preponderante. À medida que nos tornamos leitores
praticantes, paulatinamente desenvolvemos nossa capacidade de desvendar o sentido estabelecido
em meio às entrelinhas textuais.

A partir do momento em que aprimoramos tal capacidade, passamos a compreender que todo texto
se revela por intermédio do diálogo estabelecido com outros textos, posto que a linguagem é
concebida como um elemento de interação social, na qual o sentido polifônico (presente em muitas
vozes do discurso) se perpetua e se materializa num verdadeiro entrelaçar de ideias, formando assim
a tessitura textual.

Enfatizaremos aqui, de forma específica, as relações de sentido estabelecidas pelas palavras,


característica também intrínseca às habilidades anteriormente mencionadas, e que também fazem
parte desta arte de desvendar os elementos de natureza discursiva.

Representadas pela conotação e denotação, analisaremos cada uma delas de modo particular,
conforme abaixo descrito:

O sentido denotativo das palavras é estabelecido pela relação de significado a que elas pertencem,
ou seja, o sentido real, prescrito pelo dicionário. Vejamos um exemplo:

Significado de Tecer - v.t. Entrelaçar, segundo um modelo dado, os fios da urdidura (em
comprimento) e os da trama (em largura), para fazer um tecido: tecer a lã, o algodão.

As grandes indústrias tecem seus produtos ao gosto da exigente clientela.

Inferimos que o sentido do verbo tecer expressa o sentido relacionado à fabricação do produto em
referência. Trata-se de um excerto linguístico voltado para a objetividade, isento de marcas subjetivas
que porventura pudessem conferir uma duplicidade de sentido.
Analisemos outro caso representativo:

Um galo sozinho
não tece uma manhã:
ele precisará sempre
de outros galos.
[...]

Notamos que a linguagem se diverge do primeiro exemplo, visto que se trata de um fragmento
poético. Mas será que o verbo tecer revela o mesmo sentido antes expresso?

Trata-se de uma linguagem conotativa, na qual são detectados traços de pessoalidade por parte do
emissor (revelados pelo eu lírico do poema). O sentido aplica-se a um recurso linguístico proferido
metaforicamente, em que o ato de tecer refere-se ao ato da capacidade criativa da escrita, em que
sozinhos nunca nos tornamos emissores autênticos, estamos sempre nos reportando a uma
determinada ideia antes proferida por alguém.

O sentido conotativo encontra-se presente nos textos literários de uma forma geral e na linguagem
publicitária. Já os textos científicos, jornalísticos, informativos, dentre outros, primam-se por empregar
uma linguagem denotativa, expressa em seu sentido literal.

Parônimos E Homônimos

Palavras que possuem a mesma grafia e som, porém com significados diferentes, são caracterizadas

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IDENTIFICAÇÃO DO SIGNIFICADO DE PALAVRAS RECORRENDO AO
TEXTO

como parônimos e homônimos.

Parônimos e homônimos apresentam semelhanças gráficas e sonoras

Parônimos e homônimos são palavras que possuem semelhanças no som e na grafia, porém
se constituem de significados diferentes. E por falar em significado, cabe-nos ressaltar que esse é
um fator preponderante na construção de nossos discursos – na oralidade e, principalmente, na
escrita.

Para você não correr o risco de utilizar alguma palavra cujo significado esteja equivocado, é essencial
dispor de alguns recursos que auxiliam na construção dos enunciados, tais como a prática constante
da leitura, o uso de um bom dicionário, enfim, o convívio com tudo aquilo que tende a corroborar para
o aprimoramento da competência linguística.

Nesse sentido, levando-se em consideração algumas particularidades que imperam no processo de


significação das palavras, passemos a partir de agora a estabelecer familiaridade com alguns
aspectos relacionados à homonímia e à paronímia.

Homônimos

São palavras que apresentam igualdade ou semelhança fonética (relativa ao som) ou igualdade
gráfica (relativa à grafia), porém com significados distintos. Dada essa particularidade, temos que os
homônimos se subdividem em três grupos.

Homógrafos – São aquelas palavras iguais na grafia, mas diferentes no som e no significado.
Vejamos alguns exemplos:

almoço → substantivo / almoço → verbo


colher → substantivo / colher → verbo
começo → substantivo / começo → verbo
jogo → substantivo / jogo → verbo
sede → substantivo (vontade de beber) / sede → localidade

Homófonos – São palavras iguais na pronúncia, porém diferentes na grafia e no significado. São
exemplos:

Palavras homófonas são iguais na pronúncia e diferentes no significado e na escrita

Homônimos perfeitos – são aquelas palavras iguais na grafia e no som, mas diferentes no
significado. Observemos alguns exemplos:

cedo → verbo / cedo → advérbio


caminho → substantivo / caminho → verbo
livre → adjetivo / livre → verbo

Parônimos

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IDENTIFICAÇÃO DO SIGNIFICADO DE PALAVRAS RECORRENDO AO
TEXTO

São palavras semelhantes na grafia e no som, mas com significados distintos. Constatemos alguns
casos:

Homônimos são palavras que apresentam significados diferentes, mas que são pronunciadas da
mesma forma, como cem e sem.

Parônimos são também palavras que apresentam significados diferentes, mas que são pronunciadas
da forma parecida, como comprimento e cumprimento.

Palavras Homônimas

As palavras homônimas subdividem-se em:

• homônimos perfeitos;

• homônimos homófonos;

• homônimos homógrafos.

Homônimos Perfeitos

Grafia (escrita): igual


Fonética (som): igual
Significado: diferente

Exemplos De Homônimos Perfeitos:

• caminho (itinerário) e caminho (verbo caminhar);

• cedo (com antecedência) e cedo (verbo ceder);

• leve (com pouco peso) e leve (verbo levar);

• morro (monte) e morro (verbo morrer);

• rio (curso de água) e rio (verbo rir);

• são (saudável) e são (verbo ser);

• verão (estação do ano) e verão (verbo ver);

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IDENTIFICAÇÃO DO SIGNIFICADO DE PALAVRAS RECORRENDO AO
TEXTO

Homônimos Homófonos

Grafia (escrita): diferente


Fonética (som): igual
Significado: diferente

Exemplos De Homófonos:

• acento e assento;

• alto e auto;

• caçar e cassar;

• cela e sela;

• cinto e sinto;

• cocha e coxa;

• concerto e conserto;

• conselho e concelho;

• houve e ouve;

• mau e mal;

• noz e nós;

• remissão e remição;

• seção e sessão;

• senso e censo;

• trás e traz;

• voz e vós;

Homônimos Homógrafos

Grafia (escrita): igual


Fonética (som): diferente
Significado: diferente

Exemplos De Homógrafos:

• acerto (correção) e acerto (verbo acertar);

• acordo (combinação) e acordo (verbo acordar);

• apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar);

• choro (pranto) e choro (verbo chorar);

• colher (talher) e colher (apanhar);

• começo (princípio) e começo (verbo começar);

• cor (coloração) e cor (memória);

• dúvida (incerteza) e duvida (verbo duvidar);

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IDENTIFICAÇÃO DO SIGNIFICADO DE PALAVRAS RECORRENDO AO
TEXTO

• gosto (sabor) e gosto (verbo gostar);

• hábito (costume) e habito (verbo habitar);

• jogo (entretenimento) e jogo (verbo jogar);

• molho (caldo) e molho (verbo molhar);

• sábia (sabedora) e sabia (verbo saber);

• sede (vontade de beber) e sede (matriz);

• sobre (acerca de) e sobre (verbo sobrar);

Palavras Parônimas

Grafia (escrita): parecida


Fonética (som): parecida
Significado: diferente

Exemplos De Parônimos:

• absorver e absolver;

• aferir e auferir;

• apóstrofe e apóstrofo;

• cavaleiro e cavalheiro;

• conjuntura e conjectura;

• deferir e diferir;

• descrição e discrição;

• dirigente e diligente;

• discriminar e descriminar;

• dispensa e despensa;

• emigrante e imigrante;

• eminente e iminente;

• estofar e estufar;

• flagrante e fragrante;

• fluir e fruir;

• fluvial e pluvial;

• imergir e emergir;

• implícito e explícito;

• infligir e infringir;

• influxo e efluxo;

• mandado e mandato;

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TEXTO

• místico e mítico;

• preceder e proceder;

• ratificar e retificar;

• revezar e revisar;

• soar e suar;

• tráfego e tráfico;

Semântica

A semântica, palavra derivada do grego, é o estudo do significado, do sentido e da interpretação do


significado de uma palavra, signo, frase ou de uma expressão. Neste campo de estudo da
Linguística, também são analisadas as mudanças de sentido que podem ocorrer nas formas
linguísticas devido a alguns fatores, como, por exemplo, o tempo e o espaço geográfico.

As Atribuições Da Semântica

Na Língua Portuguesa, o significado das palavras leva em consideração os conceitos descritos a


seguir:

Sinonímia

Relação estabelecida entre duas ou mais palavras que apresentam significados iguais ou
semelhantes, ou seja, os sinônimos. Exemplos: bondoso – caridoso; distante – afastado; cômico –
engraçado.

Antonímia

Relação estabelecida entre duas ou mais palavras que apresentam significados diferentes, contrários,
ou seja, os antônimos. Exemplos: bondoso – maldoso; bom – ruim; economizar – gastar.

Homonímia

Relação estabelecida entre duas ou mais palavras que, embora possuam significados diferentes,
apresentam a mesma estrutura fonológica, ou seja, os homônimos. Os homônimos subdividem-se em
palavras homógrafas, homófonas e perfeitas:

Homógrafas: São as palavras iguais na escrita, porém diferentes na pronúncia. Exemplos: gosto
(substantivo) – gosto (1ª pessoa do singular do presente indicativo) / conserto (substantivo) –
conserto (1ª pessoa do singular do presente indicativo);

Homófonas – São as palavras iguais na pronúncia, porém diferentes na escrita.

Exemplos: cela (substantivo) – sela (verbo) / cessão (substantivo) – sessão (substantivo);

Perfeitas: São as palavras iguais tanto na pronúncia como na escrita.

Exemplos: cura (verbo) – cura (substantivo); cedo (verbo) – cedo (advérbio).

Paronímia

Relação estabelecida entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, porém são
muito semelhantes na pronúncia e na escrita, ou seja, os parônimos. Exemplos: emigrar – imigrar;
cavaleiro – cavalheiro; comprimento – cumprimento.

Polissemia

A polissemia caracteriza-se pela propriedade que uma mesma palavra possui de apresentar vários
significados. Exemplos: Hidrate as suas mãos (parte do corpo humano) – Ele abriu mão dos seus

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TEXTO

direitos (desistir).

Hiperônimo

É uma palavra pertencente ao mesmo campo semântico de outra, mas com o sentido mais
abrangente. Exemplo: A palavra “flor”, que está associada aos diversos tipos de flores, como rosa,
violeta etc.

Hipônimo

O hipônimo é um vocábulo mais específico, possui o sentido mais restrito que os hiperônimos.
Exemplo: “Observar”, “olhar”, “enxergar” são hipônimos de “ver”.

Conotação E Denotação

Na conotação, a palavra é empregada com um significado diferente do original, criado pelo contexto,
diferente do que está no dicionário da língua, utilizado no sentido figurado. Exemplo: Ela tem um
coração de pedra! Já na denotação, a palavra é empregada em seu sentido original, com o
significado que encontramos quando consultamos o dicionário, o sentido literal. Exemplo: O voo dos
pássaros é admirável.

O Que É Campo Semântico?

A fim de nos expressarmos melhor, uma das nossas preocupações deve ser o uso adequado das
palavras. E para que isso seja possível, devemos estar atentos às diversas relações que elas podem
estabelecer: relação por origem, por significado, por som, por área temática etc.

Quando estudamos esses aspectos, deparamo-nos com os termos campo semântico e campo
lexical. Você sabe o que cada um significa? Antes de definirmos esses elementos, é importante ter
em mente que:

Léxico: é o conjunto de palavras utilizadas ou pertencentes a uma determinada língua.

Semântica: é o estudo do significado de cada vocábulo que existe em uma língua.

Tendo isso em vista, podemos perceber que, por mais próximos que sejam, há diferenças quando o
assunto é campo semântico e campo lexical.

• Campo Lexical

O campo lexical de uma língua é formado pelas palavras pertencentes a uma mesma área de
conhecimento e por palavras formadas por composição (processo que forma palavras a partir da
junção de dois ou mais radicais) e derivação (processo que forma uma nova palavra a partir de outra
que já existe, chamada primitiva). Exemplo:

Campo lexical de trabalho: trabalhar, trabalhador, trabalhista, funcionário, patrão, salário, sindicato,
profissão, função, carteira de trabalho, profissional, equipe, operário etc.

• Campo Semântico

Já o campo semântico trabalha com os sentidos que uma única palavra apresenta quando inserida
em contextos diversos. Ele é, portanto, o conjunto dos diversos sentidos que uma única palavra pode
apresentar.

Um mesmo termo, dependendo de como e quando ele for empregado e de que palavras estiverem
relacionadas a ele, pode ter variados significados. Exemplos:

Campo semântico de partir: sair, ir embora, dar o fora, sumir, morrer, quebrar, espatifar etc.

Campo semântico de morrer: falecer, apagar, bater as botas, passar para um plano superior,
apagar, foi para o céu etc.

Campo semântico de brincadeira: divertimento, distração, piada, gozação, palhaçada, zoação etc.

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IDENTIFICAÇÃO DO SIGNIFICADO DE PALAVRAS RECORRENDO AO
TEXTO

Campo semântico de fabricar: construir, montar, criar, projetar, edificar, confeccionar, fazer,
elaborar etc.

Campo semântico de cansaço: canseira, fadiga, esgotado, pregado, lombeira, prostrado, exausto
etc.

É possível afirmarmos, portanto, que o campo semântico de uma palavra ou expressão é o acervo
que acessamos a fim de que alcancemos a interação pretendida com o nosso interlocutor. A partir
desse conjunto, podemos viabilizar as situações comunicacionais do nosso dia a dia.

Essa definição está ligada ao que entendemos como polissemia, mas não podemos afirmar que
esses dois conceitos são sinônimos. O campo semântico é o espaço em que a polissemia atua, ou
seja, os múltiplos e possíveis sentidos que uma determinada palavra possui é o campo semântico
dela. A polissemia, por sua vez, consiste nos variados sentidos que, em determinado
caso/frase/oração, a palavra pode assumir. Exemplo:

Ela partiu.

Campo semântico de partir: sair, ir embora, dar o fora, sumir, morrer, quebrar, espatifar etc.

Ocorrência de polissemia: ela morreu ou ela foi embora.

Diferenças Entre Campo Lexical E Campo Semântico

Antes de trabalharmos com a definição de campo lexical e campo semântico, é importante que
tenhamos em mente o que é léxico e o que é semântica. Por quê? Os conceitos de léxico e
semântica são a base para fixarmos as diferenças entre os termos que são tema do nosso texto de
hoje. Vamos lá?

Léxico: é o acervo de palavras pertencentes a determinada língua. Tendo em vista que toda língua
tem como característica básica a mutabilidade, o léxico de um idioma não é finito.

Semântica: é o estudo do significado das palavras. A significação e as relações que cada palavra
pode estabelecer são os objetos de análise da semântica.

Ao observamos essas definições, já conseguimos entender o porquê de muitas pessoas confundirem


os termos campo lexical e campo semântico, uma vez que ambos trabalham com o uso das palavras.

Bom, já que tocamos nesse ponto, aqui vai o que alcançaremos com o material de hoje: ao
entendermos cada uma dessas áreas da linguagem, estaremos aprimorando nossa habilidade do uso
adequado das palavras. Preparados?

Campo Lexical

O campo lexical é formado por:

• palavras que pertencem a uma mesma área de conhecimento;

campo lexical de trabalho: trabalhador, trabalhar, salário, equipe, patrão, chefe, funcionário, carteira
de trabalho, profissional, profissão etc.

• palavras formadas por composição (quando uma nova palavra é formada pela junção de um ou
mais radicais) ou derivação (quando uma nova palavra é formada por uma palavra que já existe,
chamada de primitiva):

campo lexical de mar: marítimo, marinheiro, marujo, marinha, beira-mar etc.

Campo Semântico

O campo semântico, no que lhe diz respeito, é formado pelas possibilidades de significação que uma
mesma palavra pode assumir, dependendo de como for empregada e o contexto em que estará
inserida.

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IDENTIFICAÇÃO DO SIGNIFICADO DE PALAVRAS RECORRENDO AO
TEXTO

• campo semântico de nota

Que nota você me daria?


Aquela boneca custou uma nota preta!

• campo semântico de pé

Meu pé está todo machucado.


Ela bateu o pé. Disse que queria ir e foi.

• campo semântico de bola

Nunca joguei bola na rua.


Aquele ali está uma bola.

• campo semântico de morte

Ele partiu.
O rapaz lá bateu as botas.

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IDENTIFICAÇÃO DOS VARIOS TIPOS TEXTUAIS

Tipos E Gêneros Textuais

Tipologia Textual

1. Narração

Modalidade em que um narrador, participante ou não, conta um fato, real ou fictício, que ocorreu num
determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há
uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado. Estamos
cercados de narrações desde as que nos contam histórias infantis até às piadas do cotidiano. É o tipo
predominante nos gêneros: conto, fábula, crônica, romance, novela, depoimento, piada, relato, etc.

2. Descrição

Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A
classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora.
Numa abordagem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação
de anterioridade e posterioridade. Significa "criar" com palavras a imagem do objeto descrito. É fazer
uma descrição minuciosa do objeto ou da personagem a que o texto se Pega. É um tipo textual que
se agrega facilmente aos outros tipos em diversos gêneros textuais. Tem predominância em gêneros
como: cardápio, folheto turístico, anúncio classificado, etc.

3. Dissertação

Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Dependendo do
objetivo do autor, pode ter caráter expositivo ou argumentativo.

3.1 Dissertação-Exposição

Apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber teórico. Apresenta informações sobre


assuntos, expõe, reflete, explica e avalia ideias de modo objetivo. O texto expositivo apenas expõe
ideias sobre um determinado assunto. A intenção é informar, esclarecer. Ex: aula, resumo, textos
científicos, enciclopédia, textos expositivos de revistas e jornais, etc.

3.1 Dissertação-Argumentação

Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou um ponto de vista do autor. O texto,


além de explicar, também persuade o interlocutor, objetivando convencê-lo de algo. Caracteriza-se
pela progressão lógica de ideias. Geralmente utiliza linguagem denotativa. É tipo predominante em:
sermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica, editorial de jornais e
revistas.

4. Injunção / Instrucional

Indica como realizar uma ação. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria,
empregados no modo imperativo, porém nota-se também o uso do infinitivo e o uso do futuro do
presente do modo indicativo. Ex: ordens; pedidos; súplica; desejo; manuais e instruções para
montagem ou uso de aparelhos e instrumentos; textos com regras de comportamento; textos de
orientação (ex: recomendações de trânsito); receitas, cartões com votos e desejos (de natal,
aniversário, etc.).

OBS1: Muitos estudiosos do assunto listam apenas os tipos acima. Alguns outros consideram que
existe também o tipo predição.

5. Predição

Caracterizado por predizer algo ou levar o interlocutor a crer em alguma coisa, a qual ainda está por
ocorrer. É o tipo predominante nos gêneros: previsões astrológicas, previsões meteorológicas,
previsões escatológicas/apocalípticas.

OBS2: Alguns estudiosos listam também o tipo Dialogal, ou Conversacional. Entretanto, esse nada
mais é que o tipo narrativo aplicado em certos contextos, pois toda conversação envolve

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IDENTIFICAÇÃO DOS VARIOS TIPOS TEXTUAIS

personagens, um momento temporal (não necessariamente explícito), um espaço (real ou virtual), um


enredo (assunto da conversa) e um narrador, aquele que relata a conversa.

Dialogal / Conversacional

Caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocutores. É o tipo predominante nos gêneros: entrevista,
conversa telefônica, chat, etc.

Gêneros Textuais

Os Gêneros textuais são as estruturas com que se compõem os textos, sejam eles orais ou escritos.
Essas estruturas são socialmente reconhecidas, pois se mantêm sempre muito parecidas, com
características comuns, procuram atingir intenções comunicativas semelhantes e ocorrem em
situações específicas. Pode-se dizer que se tratam das variadas formas de linguagem que circulam
em nossa sociedade, sejam eles formais ou informais. Cada gênero textual tem seu estilo próprio,
podendo então, ser identificado e diferenciado dos demais através de suas características. Exemplos:

Carta: quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao leitor", tende a ser do tipo dissertativo-
argumentativo com uma linguagem formal, em que se escreve à sociedade ou a leitores. Quando se
trata de "carta pessoal", a presença de aspectosnarrativos ou descritivos e uma linguagem pessoal é
mais comum. No caso da "carta denúncia", em que há o relato de um fato que o autor sente
necessidade de o exporao seu público, os tipos narrativos e dissertativo-expositivo são mais
utilizados.

Propaganda: é um gênero textual dissertativo-expositivo onde há a o intuito de propagar informações


sobre algo, buscando sempre atingir e influenciar o leitor apresentando, na maioria das vezes,
mensagens que despertam as emoções e a sensibilidade do mesmo.

Bula de remédio: trata-se de um gênero textual descritivo, dissertativo-expositivo einjuntivo que tem
por obrigação fornecer as informações necessárias para o correto uso do medicamento.

Receita: é um gênero textual descritivo e injuntivo que tem por objetivo informar a fórmula para
preparar tal comida, descrevendo os ingredientes e o preparo destes, além disso, com verbos no
imperativo, dado o sentido de ordem, para que o leitor siga corretamente as instruções.

Tutorial: é um gênero injuntivo que consiste num guia que tem por finalidade explicar ao leitor, passo
a passo e de maneira simplificada, como fazer algo.

Editorial: é um gênero textual dissertativo-argumentativo que expressa o posicionamento da empresa


sobre determinado assunto, sem a obrigação da presença da objetividade.

Notícia: podemos perfeitamente identificar características narrativas, o fato ocorrido que se deu em
um determinado momento e em um determinado lugar, envolvendo determinadas personagens.
Características do lugar, bem como dos personagens envolvidos são, muitas vezes,
minuciosamente descritos.

Reportagem: é um gênero textual jornalístico de caráter dissertativo-expositivo. A reportagem tem,


por objetivo, informar e levar os fatos ao leitor de uma maneira clara, com linguagem direta.

Entrevista: é um gênero textual fundamentalmente dialogal, representado pela conversação de duas


ou mais pessoas, o entrevistador e o(s) entrevistado(s), para obter informações sobre ou do
entrevistado, ou de algum outro assunto. Geralmente envolve também aspectos dissertativo-
expositivos, especialmente quando se trata de entrevista a imprensa ou entrevista jornalística. Mas
pode também envolver aspectosnarrativos, como na entrevista de emprego, ou aspectos descritivos,
como na entrevista médica.

História em quadrinhos: é um gênero narrativo que consiste em enredos contados em pequenos


quadros através de diálogos diretos entre seus personagens, gerando uma espécie de conversação.

Charge: é um gênero textual narrativo onde se faz uma espécie de ilustração cômica, através de
caricaturas, com o objetivo de realizar uma sátira, crítica ou comentário sobre algum acontecimento
atual, em sua grande maioria.

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IDENTIFICAÇÃO DOS VARIOS TIPOS TEXTUAIS

Poema: trabalho elaborado e estruturado em versos. Além dos versos, pode ser estruturado em
estrofes. Rimas e métrica também podem fazer parte de sua composição. Pode ou não ser poético.
Dependendo de sua estrutura, pode receber classificações específicas, como haicai, soneto, epopeia,
poema figurado, dramático, etc. Em geral, a presença de aspectos narrativos e descritivos são mais
frequentes neste gênero. Importante também é a distinção entre poema e poesia. Poesia é o
conteúdo capaz de transmitir emoções por meio de uma linguagem, ou seja, tudo o que toca e
comove pode ser considerado como poético. Assim, quando aplica-se a poesia ao gênero
<poema>, resulta-se em um poema poético, quando aplicada à prosa, resulta-se na prosa
poética (até mesmo uma peça ou um filme podem ser assim considerados).

Canção: possui muitas semelhanças com o gênero poema, como a estruturação em estrofes e as
rimas. Ao contrário do poema, costuma apresentar em sua estrutura um refrão, parte da letra que se
repete ao longo do texto, e quase sempre tem uma interação direta com os instrumentos musicais. A
tipologia narrativa tem prevalêncianeste caso.

Adivinha: é um gênero cômico, o qual consiste em perguntas cujas respostas exigem algum nível de
engenhosidade. Predominantemente dialogal.

Anais: um registro da história resumido, estruturado ano a ano. Atualmente, é utilizado para
publicações científicas ou artísticas que ocorram de modo periódico, não necessariamente a cada
ano. Possui caráter fundamentalmente dissertativo.

Anúncio publicitário: utiliza linguagem apelativa para persuadir o público a desejar aquilo que é
oferecido pelo anúncio. Por meio do uso criativo das imagens e dalinguagem, consegue utilizar todas
as tipologias textuais com facilidade.

Boletos, faturas, carnês: predomina o tipo descrição nestes casos, relacionados a informações de um
indivíduo ou empresa. O tipo injuntivo também se manifesta, através da orientação que cada um traz.

Profecia: em geral, estão em um contexto religioso, e tratam de eventos que podem ocorrer no
futuro da época do autor. A predominância é a do tipo preditivo, havendo também características dos
tipos narrativo e descritivo.

Domínio Principal Gêneros textuais

Científico Artigo científico

Verbete de enciclopédia

Nota de aula

Nota de rodapé

Tese

Dissertação

Trabalho de conclusão

Biografia

Patente

Tabela

Mapa

Gráfico

Resumo

Resenha

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IDENTIFICAÇÃO DOS VARIOS TIPOS TEXTUAIS

Jornalístico Editorial

Notícia

Reportagem

Artigo de opinião

Entrevista

Anúncio

Carta ao leitor

Resumo de novela

Capa de revista

Expediente

Errata

Programação semanal

Debate

Religioso Oração

Reza

Lamentação

Catecismo

Homilia

Cântico religioso

Sermão

Comercial Nota de venda

Nota de compra

Fatura

Anúncio

Comprovante de pagamento

Nota promissória

Nota fiscal

Boleto

Código de barras

Rótulo

Logomarca

Comprovante de renda

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IDENTIFICAÇÃO DOS VARIOS TIPOS TEXTUAIS

Curriculum vitae

Instrucional Receita culinária

Manual de instrução

Manual de montagem

Regra de jogo

Roteiro de viagem

Contrato

Horóscopo

Formulário

Edital

Placa

Catálogo

Glossário

Receita médica

Bula de remédio

Jurídico Contrato

Lei

Regimento

Regulamento

Estatuto

Norma

Certidão

Atestado

Declaração

Alvará

Parecer

Certificado

Diploma

Edital

Documento pessoal

Boletim de ocorrência

Propaganda

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IDENTIFICAÇÃO DOS VARIOS TIPOS TEXTUAIS

Publicitário Anúncio

Cartaz

Folheto

Logomarca

Endereço postal

Humorístico Piada

Adivinha

Charge

Interpessoal Carta pessoal

Carta comercial

Carta aberta

Carta do leitor

Carta oficial

Carta convite

Bilhete

Ata

Telegrama

Agradecimento

Convite

Advertência

Bate-papo

Aviso

Informe

Memorando

Mensagem

Relato

Requerimento

Petição

Órdem

E-mail

Ameaça

Fofoca

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IDENTIFICAÇÃO DOS VARIOS TIPOS TEXTUAIS

Entrevista médica

Ficcional Poema

Conto

Mito

Peça de teatro

Lenda

Fábula

Romance

Drama

Crônica

História em quadrinhos

RPG

Gêneros Literários:

· Gênero Narrativo:

Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o


dramático. Com o passar dos anos, o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante
do gênero literário narrativo, devido ao surgimento de concepções de prosa com características
diferentes: o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula. Porém, praticamente todas as obras
narrativas possuem elementos estruturais e estilísticos em comum e devem responder a
questionamentos, como: quem? o que? quando? onde? por quê? Vejamos a seguir:

Épico (ou Epopeia): os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de um povo ou de
uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam
um tom de exaltação, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos são Os
Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisséia, de Homero.

Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidos e de caráter mais
verossímil. Também conta as façanhas de um herói, mas principalmente uma história de amor vivida
por ele e uma mulher, muitas vezes, “proibida” para ele. Apesar dos obstáculos que o separam, o
casal vive sua paixão proibida, física, adúltera, pecaminosa e, por isso, costuma ser punido no final. É
o tipo de narrativa mais comum na Idade Média. Ex: Tristão e Isolda.

Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevidade
do conto. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis,
e A Metamorfose, de Kafka.

Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras,
anedotas e até folclores. Inicialmente, fazia parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a
reproduzi-lo de forma escrita com a publicação de Decamerão. Diversos tipos do gênero textual conto
surgiram na tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve personagens do mundo da
fantasia; contos de aventura, que envolvem personagens em um contexto mais próximo da realidade;
contos folclóricos (conto popular); contos de terror ou assombração, que se desenrolam em um
contexto sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de mistério, que envolvem o
suspense e a solução de um mistério.

Fábula: é um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As personagens principais são
não humanos e a finalidade é transmitir alguma lição de moral.

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IDENTIFICAÇÃO DOS VARIOS TIPOS TEXTUAIS

Crônica: é uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial. Pode ter
um tom humorístico ou um toque de crítica indireta, especialmente, quando aparece em seção ou
artigo de jornal, revistas e programas da TV..

Crônica narrativo-descritiva: Apresenta alternância entre os momentos narrativos e manifestos


descritivos.

Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e
reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico,
filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em formalidades
como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico. Exemplo:Ensaio sobre a
tolerância, de John Locke.

· Gênero Dramático:

Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador
contando a história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os
papéis das personagens nas cenas.

Tragédia: é a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror. Aristóteles


afirmava que a tragédia era "uma representação duma ação grave, de alguma extensão e completa,
em linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando dó e terror". Ex: Romeu e
Julieta, de Shakespeare.

Farsa: A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos como o absurdo, as
incongruências, os equívocos, a caricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o
engano.

Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua
origem grega está ligada às festas populares.

Tragicomédia: modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente,


significava a mistura do real com o imaginário.

Poesia de cordel: texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural
nordestinos, fatos diversos da sociedade e da realidade vivida por este povo.

· Gênero Lírico:

É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema e que nem sempre corresponde à
do autor) exprime suas emoções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente os
pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da função emotiva da linguagem.

Elegia: é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto
máximo do texto. O emissor expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um
poema melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e yufa, de william shakespeare.

Epitalâmia: é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e
cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.

Ode (ou hino): é o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à pátria (e aos seus
símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a alguém ou algo importante para ele. O hino é uma
ode com acompanhamento musical;

Idílio (ou écloga): é o poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à natureza, às
belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de
desfrutar de tais belezas e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais a
paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com diálogos (muito rara);

Sátira: é o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou a algo, em tom sério ou irônico.

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IDENTIFICAÇÃO DOS VARIOS TIPOS TEXTUAIS

Acalanto: ou canção de ninar;

Acróstico: (akros = extremidade; stikos = linha), composição lírica na qual as letras iniciais de cada
verso formam uma palavra ou frase;

Balada: uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas de amigo (elegias) com ritmo
característico e refrão vocal que se destinam à dança;

Canção (ou Cantiga, Trova): poema oral com acompanhamento musical;

Gazal (ou Gazel): poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio;

Haicai: expressão japonesa que significa “versos cômicos” (=sátira). E o poema japonês formado de
três versos que somam 17 sílabas assim distribuídas: 1° verso= 5 sílabas; 2° verso = 7 sílabas; 3°
verso 5 sílabas;

Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos, com rima
geralmente em a-ba-b a-b-b-a c-d-c d-c-d.

Vilancete: são as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas,
portanto.

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RECONHECIMENTO DA ESPECIDICIDADE DOS GENEROS TEXTUAIS

Gêneros Textuais

Ao longo de nossas vidas, somos expostos a variados tipos de leituras e envolvemo-nos em diversas
situações comunicacionais. Elaboramos diferentes métodos para interagir com as pessoas e, de
acordo com a circunstância, o discurso oral ou escrito pode ser alterado. Assim é a linguagem, um
veículo poderoso de ação e adaptação.

Da necessidade de nos comunicar nasceram os gêneros textuais e, antes mesmo deles, os tipos
textuais, estruturas nas quais os mais variados textos apoiam-se. Os tipos são limitados e estão
relacionados com a forma, enquanto os gêneros são incontáveis e estão relacionados com o tipo de
conteúdo veiculado. Os gêneros estão ancorados em modelos predefinidos e assim se apresentam
para os leitores e interlocutores. São também tipos estáveis de enunciados, com estruturas e
conteúdos temáticos que facilitam sua definição. Observe alguns exemplos de gêneros textuais:

• Artigo

• Crônica

• Conto

• Reportagem

• Notícia

• E-mail

• Carta

• Relatório

• Resumo

• Resenha

• Biografia

• Diário

• Fábula

• Ofício

• Poema

• Piada

Acompanhando o dinamismo da linguagem e da comunicação, os gêneros podem sofrer


modificações ao longo do tempo. Esse fenômeno é chamado de transmutabilidade, ou seja, novas
formas surgem a partir de formas já existentes. Foi o que aconteceu com as cartas, que antigamente
escrevíamos e enviávamos via correios. As inovações tecnológicas praticamente substituíram esse
gênero por outro bastante usual, utilizado para as mais variadas finalidades: o e-mail. Contudo,
embora as cartas não sejam mais tão usuais, os e-mails que mandamos para nossos amigos ou os
utilizados em nossas relações profissionais guardam traços comuns com seu gênero matricial.

Os gêneros textuais apresentam uma função social em uma determinada situação comunicativa, ou
seja, a cada texto produzido, seleciono, ainda que inconscientemente, um gênero em função daquilo
que desejo comunicar e em função do efeito que espero produzir em meu interlocutor. Os gêneros
estão intrinsecamente ligados à história da comunicação e da linguagem e não importa a situação,
nós nos comunicamos estritamente por meio desses enunciados relativamente estáveis, seja no
bilhete que deixamos afixados na geladeira, nos comentários feitos nas redes sociais ou até nas
anedotas que contamos para nossos amigos.

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RECONHECIMENTO DA ESPECIDICIDADE DOS GENEROS TEXTUAIS

Ao longo de nossa vivência enquanto falantes, temos a oportunidade de convivermos com uma
enorme diversidade de textos. Basta sairmos às ruas que tão logo está confirmada esta
ocorrência. São panfletos, outdoors, cartazes, dentre outros.

Ao enfatizarmos sobre os tipos textuais, esta classificação relaciona-se com a natureza


linguística expressa pelos mesmos. Classificando-se em narrativos, descritivos e
dissertativos. Conforme demonstra os exemplos:

Um texto narrativo caracteriza-se pela sucessão de fatos ligados a um determinado


acontecimento, seja ele real ou fictício, o qual pressupõe-se de todos os elementos referentes
à modalidade em questão, como narrador, personagens, discurso, tempo e

espaço.

O descritivo pauta-se pela descrição minuciosa de uma determinada pessoa, objeto, animal ou
lugar, no qual as impressões são retratadas de maneira fiel.

O dissertativo conceitua-se pela exposição de ideias, reforçadas em argumentos lógicos e


convincentes acerca de um determinado assunto.

Já os gêneros textuais estão diretamente ligados às situações cotidianas de comunicação,


fortalecendo os relacionamentos interpessoais por meio da troca de informações.

Tais situações referem-se à finalidade que possui cada texto, sendo estas, inúmeras. Como por
exemplo:

A comunicação feita em meio eletrônico é um gênero textual que aproxima pessoas de diferentes
lugares, permitindo uma verdadeira interação entre as mesmas.

Existem gêneros textuais do cotidiano jornalístico, cuja finalidade é a informação. É o caso da


notícia, da entrevista, do artigo de opinião, do editorial, dentre outros.

Há também os chamados instrucionais, como, por exemplo, o manual de instrução, a bula de um


remédio, e outros.

Outros que se classificam como científicos, os quais são oriundos de pesquisas e estudo de
casos, como a monografia, tese de doutorado, ligados à prática acadêmica.

Enfim, seja qual for o gênero utilizado, torna-se de fundamental importância sabermos que todos
possuem uma finalidade específica perante à comunicação estabelecida, e como fazem parte da
modalidade escrita da língua, são regidos de normas específicas no que se refere à sua composição.

Elementos Constitutivos Da Comunicação

A comunicação é um processo complexo. Segundo Chiavenato (1998), traz consigo cinco


elementos que são fundamentais para que este processo aconteça de maneira eficaz:

Emissor ou Fonte: é a pessoa, coisa ou processo que emite a mensagem para alguém, ou seja,
para o destino. É a fonte de comunicação.

Transmissor ou codificador: é o equipamento que liga a fonte ao canal, ou seja, que codifica a
mensagem emitida pela fonte para torná-la adequada e disponível ao canal.

Canal: é a parte do sistema que separa a fonte do destino, que podem estar fisicamente próximos ou
distantes.

Receptor ou decodificador: é o equipamento localizado entre o canal e o destino, isto é, que


decodifica a mensagem para torná-la compreensível ao destino.

Destino: é a pessoa, coisa ou processo para qual a mensagem é enviada. É o destinatário da


comunicação.

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RECONHECIMENTO DA ESPECIDICIDADE DOS GENEROS TEXTUAIS

Teixeira (2007) enfatiza algumas questões importantes para que possamos compreender este
processo. Vejamos:

Emissor: remetente da mensagem.

O processo decodificação da mensagem exige do emissor que ele:

• Conheça o código utilizado e suas particularidades;


• Construa sua fala dentro das normas convencionais da língua;
• Estruture sua fala de maneira inteligente e clara;
• Escolha o canal adequado para fazer sua mensagem chegar ao receptor;
• Perceba o contexto da comunicação e se o receptor compartilha desta mesma percepção.

Receptor: o destinatário, aquele que vai receber a mensagem e realiza o processo de decodificação.

Para que ocorra de maneira eficaz, é necessário que o receptor:

• Conheça o código que está sendo utilizado e suas particularidades;


• Reconheça as regras da língua que está sendo utilizada pelo emissor;
• Entenda o sentido expresso da mensagem;
• Compartilhe do mesmo referencial a que se baseia a mensagem do emissor.

Mensagem: conteúdo e objetivo da comunicação. É o centro do processo da comunicação e só se


concretizará de forma plena com a presença articulada de todos os outros elementos.

Canal: é o meio que possibilita o contato entre emissor e receptor. É necessário que o canal esteja
livre de ruídos que possam atrapalhar a chegada da mensagem ao receptor.

Segundo Chiavenato (1998, p.), “como o processo de comunicação é um sistema aberto, pode surgir
certas quantidades de ruídos”. O ruído é uma perturbação não desejada que distorce, deturpa ou
altera, de forma imprevisível, a mensagem que está sendo transmitida.

Os ruídos podem ser fatores externos à comunicação, físicos ou não, que impedem que a ideia
original chegue de maneira satisfatória ao receptor. Um exemplo muito comum que podemos citar
sobre os ruídos de comunicação é a linha cruzada ao telefone, quando o processo de transmissão da
mensagem recebe a interferência de outro processo indesejado ou que está fora do contexto da
mensagem. Devemos entender que são diversas as situações em que um ruído pode atrapalhar a
comunicação. (TEIXEIRA, 2007, p.).

Além dos ruídos existem também as barreiras da comunicação. Chiavenato (2004) afirma que é muito
difícil que um processo de comunicação aconteça sem problemas. Com frequência existem fatores
que impedem que a comunicação não aconteça de maneira bem-sucedida, estes fatores são
chamados de barreiras da comunicação. Barreiras são restrições ou limitações que ocorrem dentro
ou entre as etapas do processo de comunicação, fazendo que nem todo o sinal emitido pela fonte
percorra livremente o processo de modo a chegar incompleta ao seu destino. O sinal pode sofrer
perdas, mutilações ou distorções, o que implica no desvio da comunicação.

Um fator importante e que está relacionado à boa comunicação é a linguagem. Teixeira (2007,
p. 9) explica que:

Grosso modo, linguagem é qualquer sistema de signos que sirva à comunicação entre os homens. Os
signos podem ser visuais, sonoros, gestuais, fisionômicos, escritos ou vocais. A linguagem articulada
que reúne os signos vocais e escrita constitui-se a língua, sistema de signos (ou código), em que
ocorre a associação de sons ou letras (significante) a conceitos determinados (significado). Os signos
linguísticos (significante + significado) forma o vocabulário da língua, sendo sua criação arbitrária e
convencional.

Com o uso da linguagem de forma articulada, há ações intrínsecas ao ato de se comunicar, que não
se relacionam exclusivamente ao conteúdo da mensagem e ocorrem independentemente da intenção

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RECONHECIMENTO DA ESPECIDICIDADE DOS GENEROS TEXTUAIS

do seu emissor em seu ato de comunicação. São as conhecidas funções de linguagem.

Ramon Jakobson, um dos mais importantes linguistas do século XX, criou um modelo para as
funções de linguagem a partir dos elementos da comunicação. Segundo esse modelo, para cada
elemento da comunicação existe uma função de linguagem específica. Desta forma, são seis as
funções de linguagem: emotiva ou expressiva, apelativa ou conativa, fática e metalinguística,
referencial e poética. (TEIXEIRA, 2007). O autor explica cada uma delas como veremos abaixo.

Na função emotiva ou expressiva, a função é centrada no emissor, ou seja, em quem está enviando a
mensagem, refletindo sua visão própria do mundo, suas emoções, sentimentos e aspectos subjetivos.
A personalidade do emissor, seus valores e opiniões particulares são notáveis no discurso. Ocorrem
frequentemente como interjeições, exclamações, reticências, adjetivos e presença marcante da
primeira pessoa.

Exemplos:

• Ai, quem me dera...


• Filho, aquela sua namoradinha vem hoje?

A função apelativa ou conativa centra-se no receptor, procurando modificar nele ideias, opiniões e
estado de humor. Como o receptor vem em primeiro plano, ocorre com discursos que contém ordens,
apelos ou tentativas de convencimento ou sedução. É comum o uso de verbos no imperativo,
vocativos e tom persuasivo.

Exemplos:

• Fica quieto, rapaz!


• Por favor, por favor, estou pedindo...
• Beba Coca-Cola.

A função fática é utilizada para abrir, fechar ou testar o canal de comunicação. Pode ocorrer também
como recurso para reforçar o envio da mensagem e sua percepção. Nas situações do dia a dia, nem
sempre tem um sentido específico as frases construídas para iniciar uma comunicação.

Exemplos:

• Alô? Está me ouvindo?


• Câmbio.
• Olá.

A função metalinguística é a que se preocupa em explicar ou esclarecer o código utilizado na


comunicação. É quando a linguagem fala de si mesma. Assim, uma gramática, um dicionário e uma
explicação oral sobre o uso da língua são exemplos de função metalinguística.

No nosso cotidiano diário, a função de linguagem mais utilizada, que aparece combinada com várias
outras em quase todas as funções de comunicação, é a função referencial. No ambiente profissional,
a necessidade de precisão e objetividade ao fornecer informações reforça o uso desta função. Em tal
contexto, quanto menores forem os ruídos, mais bem-sucedido será o processo de comunicação, o
que vem otimizar a rotina de empresas e organizações.

Estudando os elementos da comunicação e as funções de linguagem, podemos concluir o quanto ela


é complexa e para que ocorra de maneira eficiente é preciso que todos os elementos citados
funcionem em perfeita harmonia, a fim de evitar distorções de informações e até mesmo conflitos
interpessoais por conta de uma mensagem mal enviada ou mal interpretada.

Funções Da Linguagem

As funções da linguagem são formas de utilização da linguagem segundo a intenção do falante.

Elas são classificadas em seis tipos: função referencial, função emotiva, função poética, função fática,
função conativa e função metalinguística.

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RECONHECIMENTO DA ESPECIDICIDADE DOS GENEROS TEXTUAIS

Cada uma desempenha um papel relacionado com os elementos presentes na comunicação:


emissor, receptor, mensagem, código, canal e contexto. Assim, elas determinam o objetivo dos atos
comunicativos.

Embora haja uma função que predomine, vários tipos de linguagem podem estar presentes num
mesmo texto.

Função Referencial Ou Denotativa

Também chamada de função informativa, a função referencial tem como objetivo principal
informar, referenciar algo.

Voltada para o contexto da comunicação, esse tipo de texto é escrito na terceira pessoa (singular ou
plural) enfatizando seu caráter impessoal.

Como exemplos de linguagem referencial podemos citar os materiais didáticos, textos jornalísticos e
científicos. Todos eles, por meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo, sem
envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.

Exemplo De Uma Notícia

Na passada terça-feira, dia 22 de setembro de 2015, o real teve a maior desvalorização da sua
história. Nesse dia foi preciso desembolsar R$ 4,0538 para comprar um dólar. Recorde-se que o Real
foi lançado há mais de 20 anos, mais precisamente em julho de 1994.

Função Emotiva Ou Expressiva

Também chamada de função expressiva, na função emotiva o emissor tem como objetivo principal
transmitir suas emoções, sentimentos e subjetividades por meio da própria opinião.

Esse tipo de texto, escrito em primeira pessoa, está voltado para o emissor, uma vez que possui um
caráter pessoal.

Como exemplos podemos destacar: os textos poéticos, as cartas, os diários. Todos eles são
marcados pelo uso de sinais de pontuação, por exemplo, reticências, ponto de exclamação, etc.

Exemplo De E-Mail Da Mãe Para Os Filhos

Meus amores, tenho tantas saudades de vocês … Mas não se preocupem, em breve a mamãe chega
e vamos aproveitar o tempo perdido bem juntinhos. Sim, consegui adiantar a viagem em uma
semana!!! Isso quer dizer que tenho muito trabalho hoje e amanhã.... Quando chegar, quero
encontrar essa casa em ordem, combinado?!?

Função Poética

A função poética é característica das obras literárias que possui como marca a utilização do sentido
conotativo das palavras.

Nessa função, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será transmitidapor meio da
escolha das palavras, das expressões, das figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento
comunicativo é a mensagem.

Note que esse tipo de função não pertence somente aos textos literários. Também encontramos a
função poética na publicidade ou nas expressões cotidianas em que há o uso frequente
de metáforas (provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas).

Exemplo De Uma História Sobre A Avó

Apesar de não ter frequentado a escola, dizia que a avó era um poço de sabedoria. Falava de tudo e
sobre tudo e tinha sempre um provérbio debaixo da manga.

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RECONHECIMENTO DA ESPECIDICIDADE DOS GENEROS TEXTUAIS

Função Fática

A função fática tem como objetivo estabelecer ou interromper a comunicação de modo que o
mais importante é a relação entre o emissor e o receptor da mensagem. Aqui, o foco reside no canal
de comunicação.

Esse tipo de função é muito utilizada nos diálogos, por exemplo, nas expressões de cumprimento,
saudações, discursos ao telefone, etc.

Exemplo De Uma Conversa Telefônica

— Consultório do Dr. João, bom dia!


— Bom dia! Precisava marcar uma consulta para o próximo mês, se possível.
— Hum, o Dr. tem vagas apenas para a segunda semana. Entre os dias 7 e 11, qual a sua
preferência?
— Dia 8 está ótimo.

Função Conativa Ou Apelativa

Também chamada de apelativa, a função conativa é caracterizada por uma linguagem persuasiva
que tem o intuito de convencer o leitor. Por isso, o grande foco é no receptor da mensagem.

Essa função é muito utilizada nas propagandas, publicidades e discursos políticos, a fim de influenciar
o receptor por meio da mensagem transmitida.

Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na terceira pessoa com a presença de
verbos no imperativo e o uso do vocativo.

Exemplos

• Vote em mim!

• Entre. Não vai se arrepender!

• É só até amanhã. Não perca!

Função Metalinguística

A função metalinguística é caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a linguagem que


refere-se à ela mesma. Dessa forma, o emissor explica um código utilizando o próprio código.

Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um documentário cinematográfico que fala sobre
a linguagem do cinema são alguns exemplos.

Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem destaque são as gramáticas e os


dicionários.

Exemplo

Escrever é uma forma de expressão gráfica. Isto define o que é escrita, bem como exemplifica a
função metalinguística.

Funções Da Linguagem E Comunicação

Abaixo, você encontra um diagrama com as funções da linguagem e sua relação com os elementos
da comunicação:

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RECONHECIMENTO DA ESPECIDICIDADE DOS GENEROS TEXTUAIS

Quais São As Principais Características Do Texto Literário?

O texto literário se diferencia do texto referencial, sobretudo, por sua carga estética. Esse tipo textual
exerce uma linguagem ficcional, além de fazer referência à função poética da linguagem.

Quais São As Principais Características Do Texto Literários?

O texto literário se diferencia do texto referencial, sobretudo, por sua carga estética. Esse tipo textual
exerce uma linguagem ficcional, além de fazer referência à função poética da linguagem.

Há uma constante discussão sobre a função e a estrutura do texto literário, ou ainda, a sobre a
dificuldade de se entenderem os enigmas, as ambiguidades, as metáforas da literatura. Contudo, são
esses elementos que constituem o atrativo do texto literário: a escrita diferenciada, o trabalho com a
palavra, seu aspecto conotativo, seus enigmas.

Sem dúvida, a literatura apresenta-se como o instrumento artístico de análise de mundo e de


compreensão do homem. Sófocles, Camões, Shakespeare, Rousseau, Dostoievski, Machado de
Assis, Eça de Queiroz, Kafka, Clarice Lispector… todos esses autores, preocupados com o grande
mistério: entender a alma humana.

Cada época conceituou a literatura e suas funções de acordo com a realidade, o contexto histórico e
cultural e, também, os anseios dos indivíduos daquele momento. Veja os principais conceitos de
literatura:

I) “Arte é imitação(mimesis em grego)”. “O imitar é congênito no homem (e nisso difere dos outros
viventes, pois, de todos, é ele o mais imitador e, por imitação, apreende as primeiras lições), e os
homens se comprazem no imitado”. (Aristóteles)

II) “Uma coisa é escrever como poeta, outra coisa como historiador: o poeta pode contar ou cantar
coisas não como foram, mas como deveriam ter sido, enquanto o historiador deve relatá-las não
como deveriam ter sido, mas como foram, sem acrescentar ou subtrair da verdade o que quer que
seja”. (Miguel de Cervantes)

III) “Literatura é arte e só pode ser encarada como arte. É a arte pela arte.” (Leconte de Lisle)

IV)“Literatura é a linguagem carregada de significado. Grande literatura é a linguagem carregada de


significado até o máximo grau possível.” (Ezra Pound)

V)“A arte, e portanto a literatura, é uma transposição do real para o ilusório por meio de uma
estilização formal da linguagem, que propõe um tipo arbitrário de ordem para as coisas, os seres, os
sentimentos.” (Antonio Candido)

VI) “A literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do
espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros e, com os
quais, ela toma corpo e nova realidade.” (Afrânio Coutinho)

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RECONHECIMENTO DA ESPECIDICIDADE DOS GENEROS TEXTUAIS

Características Do Texto Literário

• Plurissignificação: as palavras, no texto literário, assumem vários significados. Valoriza Texto -se
a linguagem conotativa, ou seja, o sentido figurado.

• Ficcionalidade: os textos baseiam-se no real, transfigurando-o, recriando-o. Em outras palavras, o


alcance da escrita ultrapassa para além do real.

• Aspecto subjetivo: o texto apresenta, normalmente, o olhar pessoal do artista, suas experiências e
emoções.

• Ênfase na função poética da linguagem: o texto literário manipula a palavra, revestindo-a de


caráter artístico. O artista apresenta na obra literária a sua visão perante seus anseios e exerce uma
postura diante do mundo e das pretensões humanas.

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

Comunicação - Intenção Comunicativa, Função Comunicativa:

Intenção Comunicativa:

O objetivo maior da Literatura é o ato da comunicação, ou seja, a troca de informações, mensagens.


Isto se dá através de uma conversa, leitura, mensagem visual ou escrita. Podemos definir como
intenção comunicativa todo e qualquer ato ou pensamento que leve a uma comunicação.
Para que haja uma comunicação são necessários os elementos básicos: emissor, receptor, canal e
código, assim classificados:

Emissor: Ser que emite uma mensagem seja ela escrita ou falada, ponto de partida da comunicação.
Ex.: Escritor de um livro, falante de uma conversa, autor de uma redação.

Receptor :Ser que recebe uma mensagem, seja ela escrita ou falada.
Ex.: leitor de um livro, ouvinte em uma conversa.

Canal: Modo pelo qual à mensagem é enviada.


EX.: Livro, carta,e-mail, voz.

Código: Conteúdo de uma mensagem escrita ou falada.


EX.: Assunto de uma conversa,livro ou carta.

Função Comunicativa:

Sempre que elaboramos uma mensagem escolhemos um modo para tal, a isso damos o nome de
função comunicativa, a escolha de como elaborar uma mensagem escrita ou falada. Existem as
seguintes maneiras ou funções:

Função Emotiva:

Toda comunicação elaborada com uso opinativo, linguagem lírica.


EX.: redações, poesias, biografias, tudo que envolve uma linguagem onde afloram opiniões ou
sentimentos.

Função Conotativa:

Essa talvez a mais usada diariamente. Definida pela adaptação da mensagem pelo emissor ao
receptor, receptores.
EX.: Um médico dialogando com seu paciente e com outros médicos, mesmo que o assunto seja o
mesmo, a maneira as palavras serão diferentes devido à capacidade do paciente em entender termos
médicos; um advogado em júri ou falando com seu cliente; político em plenária e falando ao povo em
comício.

Função Metalinguística:

Função que estuda à gramática ou aspectos ligados a uma Língua.


EX.: Gramática, dicionário, questões de interpretação textuais.

Função Fática:

Função que apresenta uma comunicação.


EX.: Introdução de uma redação, prefácio de uma obra literária, início de um diálogo.

Melhorando A Leitura: Aprenda A Identificar O Objetivo Do Autor

Dependendo do texto, as motivações por trás do autor para escrever podem ser vitais para o
entendimento completo da obra. Por isso, é importante que estudantes aprendam a identificar os
objetivos dos escritores analisando certos trechos e aspectos dos textos. Veja quais:

1 – Críticas

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

Se o autor quer criticar de maneira negativa um tema ou um acontecimento é provável que ele utilize
muitos adjetivos e advérbios com conotação negativa, mesmo que ele não deixe isso de maneira
explícita no texto.
2 – Comparar

O objetivo de muitos autores ao escrever um texto, principalmente os acadêmicos, é mostrar as


diferenças ou similaridades entre duas situações ou objetos. Se esse for o caso, a primeira coisa que
deve ser feita é descobrir se estão sendo discutidas as semelhanças ou as disparidades. Se for o
primeiro caso, o autor usará palavra como: “assim como, também, bem como, do mesmo modo que”,
etc. Agora, se ele quer destacar as diferenças, os termos utilizados serão: “por outro lado, ao
contrário, entretanto”, etc.

3 – Explicação

Alguns autores ao escreverem seus textos querem explicar um conceito ou termo de um determinado
assunto. Nesse caso, é importante que você faça marcações das explicações mais importantes e,
no fim de cada capítulo, escrever um pequeno resumo do que foi dito pelo autor. Se você
conseguir fazer um resumo explicativo, isso é um sinal de que o texto foi bem aproveitado.

4 – Argumentação

Principalmente em textos de revistas e jornais é comum que os autores escrevam com o propósito
de argumentar sobre um tema e tentar causar uma impressão nos leitores. Nesses textos é comum
que um tópico seja amplamente discutido e existam várias referências de outros autores e situações
passadas. Busque por esses aspectos e você saberá se é um texto com argumentos.

Como Interpretar Textos

TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo
capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNICATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR).

CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa
informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de CONTEXTO. Nota-
se que o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se uma frase for retirada de seu contexto
original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial.

INTERTEXTO - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores


através de citações. Esse tipo de recurso denomina-se INTERTEXTO.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a


identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou
fundamentações, as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões
apresentadas na prova.

Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:

1. IDENTIFICAR – é reconhecer os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo,


de uma época (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo).

2. COMPARAR – é descobrir as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do


texto.

3. COMENTAR - é relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito.

4. RESUMIR – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só parágrafo.

5. PARAFRASEAR – é reescrever o texto com outras palavras.

EXEMPLO

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

TÍTULO DO TEXTO PARÁFRASES

"O HOMEM UNIDO ” A INTEGRAÇÃO DO MUNDO


A INTEGRAÇÃO DA HUMANIDADE
A UNIÃO DO HOMEM
HOMEM + HOMEM = MUNDO
A MACACADA SE UNIU (SÁTIRA)

Condições Básicas Para Interpretar

Fazem-se necessários:

a) Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática;

b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico;


OBSERVAÇÃO – na semântica (significado das palavras) incluem-se: homônimos e parônimos,
denotação e conotação, sinonímia e antonimia, polissemia, figuras de linguagem, entre outros.

c) Capacidade de observação e de síntese e

d) Capacidade de raciocínio.

Interpretar X Compreender

INTERPRETAR SIGNIFICA COMPREENDER SIGNIFICA

- EXPLICAR, COMENTAR, JULGAR, - INTELECÇÃO, ENTENDIMENTO, ATENÇÃO AO


TIRAR CONCLUSÕES, DEDUZIR. QUE REALMENTE ESTÁ ESCRITO.
- TIPOS DE ENUNCIADOS - TIPOS DE ENUNCIADOS:
• Através do texto, INFERE-SE que... • O texto DIZ que...
• É possível DEDUZIR que... • É SUGERIDO pelo autor que...
• O autor permite CONCLUIR que... • De acordo com o texto, é CORRETA ou ERRADA
• Qual é a INTENÇÃO do autor ao afirmar a afirmação...
que... • O narrador AFIRMA...

Erros De Interpretação

É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais freqüentes
são:

a) Extrapolação (viagem)
Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por
conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.

b) Redução
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um
conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido.

c) Contradição
Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas
e, conseqüentemente, errando a questão.

OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam,
mas numa prova de concurso qualquer, o que deve ser levado em consideração é o que o AUTOR
DIZ e nada mais.

COESÃO - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam palavras, orações, frases e/ou
parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo,
uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai
dizer e o que já foi dito.

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia e, entre eles, está o mau uso do
pronome relativo e do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu
antecedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao antecedente.

Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz
erros de coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo
adequado a cada circunstância, a saber:

QUE (NEUTRO) - RELACIONA-SE COM QUALQUER ANTECEDENTE. MAS DEPENDE DAS


CONDIÇÕES DA FRASE.

QUAL (NEUTRO) IDEM AO ANTERIOR.

QUEM (PESSOA)

CUJO (POSSE) - ANTES DELE, APARECE O POSSUIDOR E DEPOIS, O OBJETO POSSUÍDO.

COMO (MODO)

ONDE (LUGAR)

QUANDO (TEMPO)

QUANTO (MONTANTE)

EXEMPLO:

Falou tudo QUANTO queria (correto)


Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria aparecer o demonstrativo O ).

• VÍCIOS DE LINGUAGEM – há os vícios de linguagem clássicos (BARBARISMO,


SOLECISMO,CACOFONIA...); no dia-a-dia, porém , existem expressões que são mal empregadas, e,
por força desse hábito cometem-se erros graves como:

- “ Ele correu risco de vida “, quando a verdade o risco era de morte.


- “ Senhor professor, eu lhe vi ontem “. Neste caso, o pronome correto oblíquo átono correto é O .
- “ No bar: “ME VÊ um café”. Além do erro de posição do pronome, há o mau uso.

Implícitos E Pressupostos

Informações Implícitas

Muitos candidatos ao ENEM se perguntam como melhorar sua capacidade de interpretação dos
textos. Primeiramente, é preciso ter em mente que um texto é formado por informações explícitas e
implícitas. As informações explícitas são aquelas manifestadas pelo autor no próprio texto. As
informações implícitas não são manifestadas pelo autor no texto, mas podem ser subentendidas.
Muitas vezes, para efetuarmos uma leitura eficiente, é preciso ir além do que foi dito, ou seja, ler nas
entrelinhas.

Por exemplo, observe este enunciado:


- Patrícia parou de tomar refrigerante.

A informação explícita é “Patrícia parou de tomar refrigerante”. A informação implícita é “Patrícia


tomava refrigerante antes”.

Agora, veja este outro exemplo:


-Felizmente, Patrícia parou de tomar refrigerante.

A informação explícita é “Patrícia parou de tomar refrigerante”. A palavra “felizmente” indica que o
falante tem uma opinião positiva sobre o fato – essa é a informação implícita.

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

Com esses exemplos, mostramos como podemos inferir informações a partir de um texto. Fazer
uma inferência significa concluir alguma coisa a partir de outra já conhecida. Nos vestibulares, fazer
inferências é uma habilidade fundamental para a interpretação adequada dos textos e dos
enunciados.

A seguir, veremos dois tipos de informações que podem ser inferidas: as pressupostas e
as subentendidas.

Pressupostos

Uma informação é considerada pressuposta quando um enunciado depende dela para fazer sentido.

Considere, por exemplo, a seguinte pergunta: “Quando Patrícia voltará para casa?”. Esse enunciado
só faz sentido se considerarmos que Patrícia saiu de casa, ao menos temporariamente – essa é a
informação pressuposta. Caso Patrícia se encontre em casa, o pressuposto não é válido, o que torna
o enunciado sem sentido.

Repare que as informações pressupostas estão marcadas através de palavras e expressões


presentes no próprio enunciado e resultam de um raciocínio lógico. Portanto, no enunciado “Patrícia
ainda não voltou para casa”, a palavra “ainda” indica que a volta de Patrícia para casa é dada como
certa pelo falante.

Subentendidos

Ao contrário das informações pressupostas, as informações subentendidas não são marcadas no


próprio enunciado, são apenas sugeridas, ou seja, podem ser entendidas como insinuações.

O uso de subentendidos faz com que o enunciador se esconda atrás de uma afirmação, pois não
quer se comprometer com ela. Por isso, dizemos que os subentendidos são de responsabilidade do
receptor, enquanto os pressupostos são partilhados por enunciadores e receptores.

Em nosso cotidiano, somos cercados por informações subentendidas. A publicidade, por exemplo,
parte de hábitos e pensamentos da sociedade para criar subentendidos. Já a anedota é um gênero
textual cuja interpretação depende a quebra de subentendidos.

Distinção De Fato E Opinião Sobre Esse Fato

Vamos inicialmente definir o que é fato e opinião

Fato:

O fato é algo que é de conhecimento de todos. Sendo um fato, ele pode ser provado através de
documentos, ou de outras formas de registros. O crescimento acelerado dos grandes centros
econômicos mundiais aumenta os problemas sociais; O aumento dos estudantes estrangeiros nas
universidades brasileiras.

Opinião:

A opinião é a maneira particular de olhar um fato. A opinião vai divergir de acordo com inúmeros
fatores socioculturais. Se meu amigo não fosse tão baixinho, ele poderia jogar futebol; Homens que
assistem novelas são bons maridos.

Quando É Importante Saber A Diferença

Várias são as oportunidades de usar a diferença com propriedade, mas duas delas são principais.

• Quando nos engajamos em um debate de algum tema polêmico;

• Quando somos testados e devemos escrever um texto dissertativo.

As variantes dissertativas são:

Expositiva: Quando as ideias do texto estão claramente vinculadas a alguma reportagem ou notícia

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

de jornais, revistas impressas ou eletrônicas, cujo conteúdo é conhecido por todos através do rádio
ou da televisão, sendo, por sua vez, inquestionável. A dissertação expositiva tem como objetivo expor
o fato, ficando em segundo plano a discussão sobre ele.

Argumentativa: A dissertação argumentativa é aquela que exige de nós maior reflexão ao escrever
sobre certos temas, mas que possui por objetivo a exposição do ponto de vista pessoal. Quem
disserta, através de sua opinião bem embasada, faz com que os fatos ali apresentados e discutidos
tenham uma conclusão. Esta é uma das maneiras mais difíceis de dissertar por apresentar juízos de
valores que endossam a análise crítica de quem escreve.

Mista: Esta é uma forma de dissertação que tem inseridos nela os elementos dos dois outros tipos
dissertativos. Nela podemos expor os fatos como forma de exemplo, ou mesmo como argumento de
autoridade para dar força às opiniões, juízos e análise crítica a serem feitos sobre o tópico ou tópicos
discutidos.

Resumindo: O fato é aquilo que realmente aconteceu, que existe e pode ser provado enquanto que
a opinião é o que alguém pensa que ocorreu, uma interpretação dos fatos., é o ponto de vista que
uma pessoa tem a respeito de algo, que pode ser verdadeiro ou não.

É importante considerar:

• Vivemos num mundo em que tomamos decisões a partir de informações;

• Estas nos chegam por meio de relatos de fatos e expressões de opiniões;

• Fatos usualmente podem ser submetidos à prova: por números, documentos, registros;

• Opiniões, por outro lado, refletem juízos, valores, interpretações;

• Muitas pessoas confundem fatos e opiniões, e quando isso ocorre temos de ter cuidado com as
informações que vêm delas;

• Igualmente temos de estar atentos às nossas próprias opiniões, pois elas podem ser tomadas como
fatos por outros;

• Nossas decisões devem ser baseadas em fatos, mas podem levar em conta as opiniões de gente
qualificada sobre tais fatos.

Funções Da Linguagem E Propósitos Comunicativos

Estamos imersos em meio a um cotidiano estritamente social, no qual nos interagimos com nossos
semelhantes por meio da linguagem. Ela permite-nos revelar nossos sentimentos, expressar nossas
opiniões, trocar informações no intuito de ampliar nossa visão de mundo, dentre outros benefícios.

A cada mensagem que enviamos ou recebemos, seja ela de natureza verbal ou não verbal, estamos
compartilhando com um discurso que se pauta por finalidades distintas, ou seja, entreter, informar,
persuadir, emocionar, instruir, aconselhar, entre outros propósitos.

O objetivo de qualquer ato comunicativo está vinculado à intenção de quem o envia, no caso, o
emissor. Dessa forma, de acordo com a natureza do discurso presente na relação emissor X
interlocutor, a linguagem assume diferentes funções, todas elas portando-se de características
específicas, conforme analisaremos adiante:

Função Emotiva Ou Expressiva

Nessa função, há um envolvimento pessoal do emissor, que comunica seus sentimentos, emoções,
inquietações e opiniões centradas na expressão do próprio “eu”, levando em consideração o seu
mundo interior. Para tal, são utilizados verbos e pronomes em 1ª pessoa, muitas vezes
acompanhados de sinais de pontuação, como reticências, pontos de exclamação, bem como o uso
de onomatopeias e interjeições.

Soneto De Fidelidade

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius de Moraes

Função Apelativa

A ênfase da função apelativa está diretamente vinculada ao receptor, na qual o discurso visa
persuadi-lo, conduzindo-o a assumir um determinado comportamento. Essa modalidade encontra-se
presente na linguagem publicitária de uma forma geral e traz, como característica principal, o
emprego dos verbos no modo imperativo.

Função Referencial Ou Denotativa

Ocorre quando o objetivo do emissor é traduzir a realidade visando à informação. Sua predominância
atém-se a textos científicos, técnicos ou didáticos, alguns gêneros do cotidiano jornalístico,
documentos oficiais e correspondências comerciais. A linguagem, nesse caso, é essencialmente
objetiva, razão pela qual os verbos são retratados na 3ª pessoa do singular, conferindo-lhe total
impessoalidade por parte do emissor.

Cultura Na Tela

O portal domínio público, biblioteca digital do Ministério da Educação, recebeu 6,2 milhões de
acessos em pouco mais de um mês de funcionamento. Nela, o internauta pode ler gratuitamente 699
obras literárias com mais de 70 anos de existência, ou seja, já de domínio público; 166 publicações
de ciências sociais e uma de exatas. Há também partituras de Beethoven, pinturas de Van Gogh e de
Leonardo da Vinci, como a Monalisa, hinos e músicas clássicas contemporâneas.

Função Fática

O objetivo do emissor é estabelecer o contato, verificar se o receptor está recebendo a mensagem de


forma autêntica, ou ainda visando prolongar o contato. Há o predomínio de expressões usadas nos
cumprimentos como: "bom dia", "Oi!" Ou das expressões que usamos ao telefone ("Pronto!", "Alô!") e
em outras situações em que se testa o canal de comunicação ("Está me ouvindo?").

- Alô! Como vai?

- Tudo bem, e você?

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- Vamos ao cinema hoje?

- Prometo pensar no assunto. Retorno mais tarde para decidirmos o horário.

Função Metalinguística

A linguagem tem função metalinguística quando o uso do código tem por finalidade explicar o próprio
código.

Catar Feijão

Catar feijão se limita com escrever:

joga-se os grãos na água do alguidar

e as palavras na folha de papel;

e depois, joga-se fora o que boiar.

Certo, toda palavra boiará no papel,

água congelada, por chumbo seu verbo:

pois para catar esse feijão, soprar nele,

e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

2.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:

o de que entre os grãos pesados entre

um grão qualquer, pedra ou indigesto,

um grão imastigável, de quebrar dente.

Certo não, quando ao catar palavras:

a pedra dá à frase seu grão mais vivo:

obstrui a leitura fluviante, flutual,

açula a atenção, isca-a como o risco.

João Cabral de Melo Neto

Função Poética

Nessa modalidade, a ênfase encontra-se centrada na elaboração da mensagem. Há um certo


cuidado por parte do emissor ao elaborar a mensagem, no intuito de selecionar as palavras e
recombiná-las de acordo com seu propósito. Encontra-se permeada nos poemas e, em alguns casos,
na prosa e em anúncios publicitários.

Canção

Ouvi cantar de tristeza,

porém não me comoveu.

Para o que todos deploram.

que coragem Deus me deu!

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Ouvi cantar de alegria.

No meu caminho parei.

Meu coração fez-se noite.

Fechei os olhos. Chorei.

[...]

Cecília Meireles

Tipologia Textual: Os Diferentes Tipos Textuais

As tipologias textuais, também chamadas de tipos textuais ou tipos de texto, são as diferentes
formas que um texto pode apresentar, visando responder a diferentes intenções comunicativas.

Os aspectos constitutivos de um texto divergem mediante a finalidade do texto: contar, descrever,


argumentar, informar,…

Diferentes tipos de texto apresentam diferentes características: estrutura, construções frásicas,


linguagem, vocabulário, tempos verbais, relações lógicas, modo de interação com o leitor,…

Podemos distinguir os seguintes tipos textuais:

• Texto narrativo;

• Texto descritivo;

• Texto dissertativo (expositivo e argumentativo);

• Texto explicativo (injuntivo e prescritivo).

É de salientar que um único texto pode apresentar passagens de várias tipologias textuais.

Texto Narrativo

A principal finalidade de um texto narrativo é contar uma história através de uma sequência de ações
reais ou imaginárias. A narração da história é construída à volta de elementos narrativos, como o
espaço, tempo, personagem, enredo e narrador.

Exemplos De Texto Narrativo:

• romances:

• contos;

• fábulas;

• depoimentos;

• relatos;

Texto Descritivo

A principal finalidade de um texto descritivo é apresentar a descrição pormenorizada de algo ou


alguém, levando o leitor a criar uma imagem mental do objeto ou ser descrito. A descrição pode ser
mais objetiva ou mais subjetiva, focando apenas aspectos mais importantes ou também detalhes
específicos.

Os textos descritivos não são, habitualmente, textos autônomos. O que acontece mais
frequentemente é a existência de passagens descritivas inseridas em textos narrativos, havendo uma
pausa na narração para a descrição de um objeto, pessoa ou lugar.

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Exemplos De Texto Descritivo:

• folhetos turísticos;

• cardápios de restaurantes;

• classificados;

Texto Dissertativo (Expositivo E Argumentativo)

A principal finalidade de um texto dissertativo é informar e esclarecer o leitor através da exposição


rigorosa e clara de um determinado assunto ou tema.

Os textos dissertativos podem ser expositivos ou argumentativos. Um texto dissertativo-expositivo


visa apenas expor um ponto de vista, não havendo a necessidade de convencer o leitor. Já o texto
dissertativo-argumentativo visa persuadir e convencer o leitor a concordar com a tese defendida.

Exemplos de texto dissertativo-expositivo:

• enciclopédias;

• resumos escolares;

• jornais;

• verbetes de dicionário;

Exemplos de texto dissertativo-argumentativo:

• artigos de opinião;

• abaixo-assinados;

• manifestos;

• sermões;

Texto Explicativo (Injuntivo E Prescritivo)

A principal finalidade de um texto explicativo é instruir o leitor acerca de um procedimento. Fornece


uma informação que condiciona a conduta do leitor, incitando-o a agir.

Os textos explicativos podem ser injuntivos ou prescritivos. Os textos explicativos injuntivos


possibilitam alguma liberdade de atuação ao leitor, enquanto os textos explicativos prescritivos
exigem que o leitor proceda de uma determinada forma.

Exemplos De Texto Explicativo Injuntivo:

• receitas culinárias;

• manuais de instruções;

• bula de remédio;

Exemplos De Texto Explicativo Prescritivo:

• leis;

• cláusulas contratuais;

• edital de concursos públicos;

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Tipos Textuais E Gêneros Textuais

Tipos textuais e gêneros textuais são duas categorias diferentes de classificação textual.

Os tipos textuais são modelos abrangentes e fixos que definem e distinguem a estrutura e os
aspectos linguísticos de uma narração, descrição, dissertação e explicação.

Os gêneros textuais concretizam esses aspectos gerais em situações cotidianas de comunicação.


São textos flexíveis e adaptáveis que apresentam um intenção comunicativa bem definida e uma
função social específica, adequando-se ao uso que se faz deles.

Exemplos de gêneros textuais

• romance;

• conto;

• crônica;

• notícia;

• carta;

• receita;

• manual de instruções;

• regulamento;

• relato de viagem;

• verbete de dicionário;

• artigo de opinião;

Gêneros Discursivos

No que diz respeito à ao ensino de Língua Portuguesa, nos diversos níveis, a discussão sobre a
possibilidade ou não de ensinar ou utilizar métodos que trabalhem tendo como base os Gêneros do
Discurso, tem causado incômodo entre acadêmicos, intelectuais e outros envolvidos no processo
ensino/aprendizagem. A reflexão sobre o tema tem sido constante, como podemos ver se nos
dispusermos a analisar os anais de um dos congressos mais importantes do Brasil, realizado pela
Associação Brasileira de Linguística (os anais podem ser acessados através da página da entidade).
A preocupação não é desnecessária, vez que após a publicação do Parâmetro Curricular Nacional de
Língua Portuguesa – PCN tem dado deixa para o ensino dos gêneros discursivos.

Não se pode negar o avanço que o PCN trouxe ao propor o ensino de Língua Materna através do
viés enunciativo-discursivo, mas de fato há certa característica de didatização ou escolarização dos
gêneros do discurso, entretanto tal fato não se coaduna com a teoria e os ideais bakhtinianos, que
são sua base teórica.

Bakhtin E Os Gêneros Do Discurso:

Considerado um dos maiores intelectuais, no que se refere a gêneros, Bakhtin defende que os
gêneros discursivos resultam em formas-padrão “relativamente estáveis” de um determinado
enunciado, estas formas seriam determinadas sócio- historicamente. Assim, nossa comunicação, seja
ela escrita ou falada, é feita através de gêneros do discurso, os quais cada sujeito teria infindáveis
repertórios de gêneros, não sendo, na maioria dos casos, nem mesmo percebidos por seus
“usuários”. Vale ressaltar, que os gêneros estão presentes tanto nas conversas formais, quanto nas
informais, de acordo com Bakhtin, “quase da mesma forma que nos e nós é dada a língua materna, a
qual dominamos livremente até começarmos o estudo da gramática (200:282)”.

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Os gêneros sofrem modificações de acordo e em consequência do momento histórico no qual estão


inseridos, assim podemos compreender que cada situação social dá origem a um gênero com suas
próprias peculiaridades. Se compreendermos que existem infinidades possibilidades de situações
comunicativas, entenderemos que existem também inúmeras possibilidades de gêneros, logo seu
número será ilimitado, como afirma Bakhtin, “a riqueza e a diversidade dos gêneros discursivos são
ilimitadas, porque as possibilidades de atividade humana são também inesgotáveis e porque cada
esfera de atividade contém um repertório inteiro de gêneros discursivos que se diferenciam e se
ampliam na mesma proporção que cada esfera particular se desenvolve e se torna cada vez mais
complexa (Bakhtin, 1986:60)”.

Conforme o surgimento e transformação das mais diversas esferas sociais, diversos novos gêneros
surgem e até mesmo se modificam em prol e em consequência das mesmas. O autor afirma, “Essas
palavras dos outros trazem consigo a sua expressão, o seu tom valorativo que a assimilamos,
reelaboramos, e reacentuamos (2003:295)”. Todorov também já afirmava algo parecido, antes de
Bakhtin, como podemos ver na afirmação, “um novo gênero é sempre a transformação de um ou de
vários gêneros antigos: por inversão, por deslocamento, por combinação. Um “texto” de hoje (também
isso é um gênero num de seus sentidos) deve tanto à “poesia” quanto ao “romance” do século XIX, do
mesmo modo que a “comédia lacrimejante” combinava elementos da comédia e da tragédia do século
precedente. Nunca houve literatura sem gêneros, é um sistema em contínua transformação e a
questão das origens não pode abandonar, historicamente, o terreno dos próprios gêneros: no tempo,
nada há de “anterior” aos gêneros (1980: 46 – grifo nosso)”.

Aqui vale lembrar, que a habilidade linguística de uso dos diversos gêneros está ligada ao domínio da
língua. Portanto, quanto maior for o conhecimento e domínio linguístico do sujeito, maior será a
facilidade de reconhecer e empregar os gêneros.

Bakhtin (2003), afirma que é a vivência das mais diversas situações comunicativas que possibilita o
contato com uma maior diversidade de gêneros, tal fato é um exercício para a competência linguística
do sujeito produtor de enunciados. Kress (1985), também já afirmava algo parecido, quando dizia
que, o discurso é constituído através de, “(...) jogos sistematicamente organizados de declarações
que dão expressão aos significados e valores de uma instituição. Um discurso provê um jogo de
possíveis declarações sobre uma determinada área... Nisso provê descrições, regras, permissões e
proibições sociais e ações individuais”.

Assim, é esta competência de cada interlocutor que determina o que ou não aceitável dentro de cada
prática e esfera social, logo quanto mais experiência comunicativa o sujeito tiver, mais habilidade o
mesmo irá possuir em reconhecer e diferenciar os gêneros discursivos, assim como o seu uso em de
acordo com cada situação.

Mecanismos De Organização Textual

O Que É Coesão Textual?

Quando falamos de COESÃO textual, falamos a respeito dos mecanismos linguísticos que permitem
uma sequência lógico-semântica entre as partes de um texto, sejam elas palavras, frases, parágrafos,
etc. Entre os elementos que garantem a coesão de um texto, temos:

A. as referências e as reiterações: Este tipo de coesão acontece quando um termo faz referência a
outro dentro do texto, quando reitera algo que já foi dito antes ou quando uma palavra é substituída
por outra que possui com ela alguma relação semântica. Alguns destes termos só podem ser
compreendidos mediante estas relações com outros termos do texto, como é o caso da anáfora e da
catáfora.

B. as substituições lexicais (elementos que fazem a coesão lexical): este tipo de


coesão acontece quando um termo é substituído por outro dentro do texto, estabelecendo com ele
uma relação de sinonímia, antonímia, hiponímia ou hiperonímia, ou mesmo quando há a repetição da
mesma unidade lexical (mesma palavra).

C. os conectores (elementos que fazem a coesão interfrásica): Estes elementos coesivos


estabelecem as relações de dependência e ligação entre os termos, ou seja,
são conjunções, preposições e advérbios conectivos.

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D. a correlação dos verbos (coesão temporal e aspectual): consiste na correta utilização


dos tempos verbais, ordenando assim os acontecimentos de uma forma lógica e linear, que
irá permitir a compreensão da sequência dos mesmos.

São os elementos coesivos de um texto que permitem as articulações e ligações entre suas
diferentes partes, bem como a sequenciação das ideias.

O Que É Coerência Textual?

Quando falamos em COERÊNCIA textual, falamos acerca da significação do texto, e não mais dos
elementos estruturais que o compõem. Um texto pode estar perfeitamente coeso,
porém incoerente. É o caso do exemplo abaixo:

"As ruas estão molhadas porque não choveu"

Há elementos coesivos no texto acima, como a conjunção, a sequência lógica dos verbos, enfim, do
ponto de vista da COESÃO, o texto não tem nenhum problema. Contudo, ao ler o que diz o texto,
percebemos facilmente que há uma incoerência, pois se as ruas estão molhadas, é porque
alguém molhou, ou a chuva, ou algum outro evento. Não ter chovido não é o motivo de as ruas
estarem molhadas. O texto está incoerente.

Podemos entender melhor a coerência compreendendo os seus três princípios básicos:

1. Princípio da Não Contradição: em um texto não se pode ter situações ou ideias que se
contradizem entre si, ou seja, que quebram a lógica.

2. Princípio da Não Tautologia: Tautologia é um vício de linguagem que consiste n a repetição de


alguma ideia, utilizando palavras diferentes. Um texto coerente precisa transmitir alguma informação,
mas quando hárepetição excessiva de palavras ou termos, o texto corre o risco de não conseguir
transmitir a informação. Caso ele não construa uma informação ou mensagem completa, então ele
será incoerente

3. Princípio da Relevância: Fragmentos de textos que falam de assuntos diferentes, e que não se
relacionam entre si, acabam tornando o texto incoerente, mesmo que suas partes contenham certa
coerência individual. Sendo assim, a representação de ideias ou fatos não relacionados entre si, fere
o princípio da relevância, e trazem incoerência ao texto.

Outros dois conceitos importantes para a construção da coerência textual são a CONTINUIDADE
TEMÁTICA e a PROGRESSÃO SEMÂNTICA.

Há quebra de continuidade temática quando não se faz a correlação entre uma e outras partes do
texto (quebrando também a coesão). A sensação é que se mudou o assunto (tema) sem avisar ao
leitor.

Já a quebra da progressão semântica acontece quando não há a introdução de novas informações


para dar sequência a um todo significativo (que é o texto). A sensação do leitor é que o
texto é demasiadamente prolixo, e que não chega ao ponto que interessa, ao objetivo final da
mensagem.

Em resumo, podemos dizer que a COESÃO trata da conexão harmoniosa entre as partes do texto, do
parágrafo, da frase. Ela permite a ligação entre as palavras e frases, fazendo com que um
dê sequência lógica ao outro. A COERÊNCIA, por sua vez, é a relação lógica entre as ideias, fazendo
com que umas complementem as outras, não se contradigam e formem um todo significativo que é o
texto.

Vale salientar também que há muito para se estudar sobre coerência e coesão textuais, e que cada
um dos conceitos apresentados acima podem e devem ser melhor investigados para serem melhor
compreendidos.

Coesão

A Coesão é a harmonia, resultado da disposição e da correta utilização das palavras que propiciam a

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ligação entre frases, períodos e parágrafos de um texto que, assim, colaboram para a sua
organização.

Mecanismos De Coesão: Anáfora E Catáfora

A coesão pode ser obtida através de alguns mecanismos: anáfora e catáfora.

A anáfora e a catáfora se referem à informação expressa no texto e que por esse motivo são
qualificadas como endofóricas.

Enquanto a anáfora retoma um componente, a catáfora, pelo inverso, antecipa um componente


textual, contribuindo para ligar o texto entre si e fazê-lo fluir de forma harmoniosa e sem repetições.

Algumas Regras

Segue-se algumas regras que garantem a presença da coesão no texto. Veja a seguir:

• Pessoal: utilização de pronomes pessoais e possessivos. Exemplo: João e Maria


casaram. Eles são pais de Ana e Beto. (Referência pessoal anafórica)

• Demonstrativa: utilização de pronomes demonstrativos e advérbios. Exemplo: Fiz todas as


tarefas, com exceção desta: arquivar a correspondência. (Referência demonstrativa catafórica)

• Comparativa: utilização de comparações através de semelhanças. Exemplo: Mais um


dia igual aos outros … (Referência comparativa endofórica)

Substituição

Substituir um elemento (nominal, verbal, frasal) por outro é uma forma de evitar as repetições.

Exemplo: Vamos à prefeitura amanhã, eles irão na próxima semana.

Observe que a diferença entre a referência e a substituição está expressa especialmente no fato de
que a substituição acrescenta uma informação nova ao texto. No caso de “João e Maria casaram.
Eles são pais de Ana e Beto”, o pronome pessoal referencia as pessoas João e Maria, não
acrescentando informação adicional ao texto.

Elipse

Um componente textual, quer seja um nome, um verbo ou uma frase, pode ser omitido através da
elipse.

Exemplo: Temos ingressos a mais para o concerto. Você os quer?


(A segunda oração é perceptível mediante o contexto. Assim, sabemos que o que está sendo
oferecido são ingressos para o concerto.)

Conjunção

A conjunção liga orações estabelecendo relação entre elas.

Exemplo: Nós não sabemos quem é o culpado, mas ele sabe. (adversativa)

Coesão Lexical

A coesão lexical consiste na utilização de palavras que possuem sentido aproximado ou que
pertencem a um mesmo campo lexical - sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos, entre outros.

Exemplo: Aquela escola não oferece as condições mínimas de trabalho. A instituição está
literalmente caindo aos pedaços.

Coerência

A Coerência é a relação lógica das ideias de um texto que decorre da sua argumentação - resultado

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especialmente dos conhecimentos do transmissor da mensagem.

Um texto contraditório e redundante ou cujas ideias iniciadas não são concluídas, é um texto
incoerente. A incoerência compromete a clareza do discurso, a sua fluência e a eficácia da leitura.

Assim a incoerência não é só uma questão de conhecimento, decorre também do uso de tempos
verbais e da emissão de ideias contrárias.

Exemplos:

• O relatório está pronto; porém o estou finalizando até agora. (processo verbal acabado e inacabado)

• Ele é vegetariano e gosta de um bife muito mal passado. (os vegetarianos são assim classificados
pelo fato de se alimentar apenas de vegetais)

Fatores de Coerência

São inúmeros os fatores que contribuem para a coerência de um texto, tendo em vista a sua
abrangência.

Vejamos alguns:

Conhecimento de Mundo

O conjunto de conhecimento que adquirimos ao longo da vida e que são arquivados na nossa
memória. São o chamados frames (rótulos), esquemas (planos de funcionamento, como a rotina
alimentar: café da amanhã, almoço e jantar), planos (planejar algo com um objetivo, tal como jogar
um jogo), scripts (roteiros, tal como normas de etiqueta).

Exemplo: Peru, Panetone, frutas e nozes. Tudo a postos para o Carnaval!

Uma questão cultural nos leva a concluir que a oração acima é incoerente, pois “peru, panetone,
frutas e nozes” (frames) são elementos que pertencem à celebração do Natal e não à festa de
carnaval.

Inferências

Através das inferências, as informações podem ser simplificadas se partimos do suposto que os
interlocutores partilham do mesmo conhecimento.

Exemplo: Quando os chamar para jantar não esqueça que eles são indianos. (ou seja, em princípio,
esses convidados não comem carne de vaca)

Fatores De Contextualização

Há fatores que inserem o interlocutor na mensagem providenciando a sua clareza. São exemplos os
títulos de uma notícia ou a data de uma mensagem.

Exemplo:

- Está marcado para às 10h.


- O que está marcado para às 10h? Não sei sobre o que está falando.

Informatividade

Quanto maior informação não previsível um texto tiver, mais rico e interessante ele será. Dizer o que
é óbvio ou insistir numa informação e não desenvolvê-la desvaloriza o texto.

Exemplo: O Brasil foi colonizado por Portugal.

Princípios Básicos

Após termos visto os fatores acima, é essencial ter em atenção os seguintes princípios para se obter

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um texto coerente:

• Princípio da Não Contradição - ideias contraditórias

• Princípio da Não Tautologia - ideias redundantes

• Princípio da Relevância - ideias que se relacionam

Paragrafação

O que é paragrafação/o que são parágrafos

A paragrafação é a “ação de construir parágrafos”. São os parágrafos que organizam as partes de um


texto em prosa (os textos verbais – que usam a palavra escrita – podem ser em prosa ou em poesia,
os textos em forma de poesia são organizados em estrofes e versos, e os textos em prosa, em
parágrafos e frases). A marcação de parágrafos ocorre pelo recuo da primeira frase do parágrafo em
relação à margem, ou seja, deixando um espaço em branco. É importante lembrar que não se
colocam marcadores, como flechas, pontos ou travessão no início dos parágrafos; o travessão só
pode aparecer se for a fala de um personagem – ainda assim o recuo em relação à margem deve ser
deixado, é apenas o recuo (o espaço em branco).

Quando Fazer E Com Quantas Linhas

Os parágrafos variam de extensão, dependendo da ideia que está sendo construída dentro do texto.
Assim, não há um número de linhas correto. Quando fazemos nossos textos, vamos encadeando as
ideias, ligando-as umas às outras. Cada ideia desenvolvida deve vir em um parágrafo diferente. E
cada vez que mudamos de ideia (ou mudamos de “assunto”), iniciamos um novo parágrafo.

A construção de parágrafos dentro dos diversos textos

Só para relembrar, os textos que construímos podem ser narrativos/descritivos (contar uma história),
dissertativos/argumentativos (discorrer sobre algum tema/assunto, expressando uma opinião),
expositivos (expor algum tema, resumindo, explicando), e por aí vai.

A) Nas Narrativas

Nas narrativas, por exemplo, os parágrafos vão sendo construindo seguindo as partes (cenas) do
texto narrativo (situação inicial, complicação, desenvolvimento, clímax, desfecho). Para cada uma
dessas partes deve ter pelo menos um parágrafo, quer dizer, o início da história com a apresentação
dos personagens, por exemplo, vem em um parágrafo, e conforme vamos mudando as cenas e
desenvolvendo a história, vamos construindo novos parágrafos. Outra situação que marca os
parágrafos nas narrativas é a fala de personagens. Cada fala deve vir em um parágrafo diferente para
marcarmos a diferença dessas vozes da voz do narrador (é como nos balões das HQs, cada fala em
um balãozinho diferente!). E, lembrando, primeiro o recuo (espaço em branco) e depois o travessão e
a fala.

B) Nos Textos Dissertativos

No caso dos textos dissertativo-argumentativos (as redações de vestibular, por exemplo), a


paragrafação segue a construção deste tipo texto (introdução, desenvolvimento com argumentos,
conclusão). A introdução e a conclusão geralmente têm um parágrafo cada e o desenvolvimento vai
ser vir em mais de um parágrafo: um parágrafo para cada argumento/ideia desenvolvida. Por
exemplo, se o tema é “Violência na escola”, podemos iniciar situando o tema e a sua gravidade, e
dizendo como a violência está presente na escola (tipos, em relação a quais pessoas). No
desenvolvimento podemos falar, por exemplo, da violência entre alunos em um parágrafo, do algum
tipo específico de violência como o bullying em outro, e da violência de alunos em relação a
professores em outro. Por fim, podemos concluir, em um último parágrafo, dizendo que se trata de um
tema complexo, a ser discutido por toda a sociedade e propor algumas possíveis soluções, como a
participação da família na escola.

A Pontuação Dentro Dos Parágrafos

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A unidade seguinte ao parágrafo e menor que este são as frases que estão dentro de cada parágrafo
e estas, claro, são organizadas pelos sinais de pontuação, principalmente o ponto final e a vírgula.
Vale lembrar que em cada parágrafo cabe fazer mais de uma frase, ou seja, deve ter mais de um
ponto final (pois é pelo tanto de pontos finais – ou por outros sinais de fechamento de frase como a
interrogação e a exclamação – que sabemos quantas frases construímos). Se o parágrafo tem, por
exemplo, sete linhas e está somente pontuado com vírgulas, isso quer dizer que há ali apenas uma
frase, de nove linhas, e uma frase de nove linhas pode muito provavelmente estar mal construída; é
preciso em algum momento colocar um ponto e iniciar nova frase. Resumindo, o ponto é pra ser
usado em fim de frase e não apenas no fim do parágrafo. Quanto às vírgulas, é preciso saber os
casos (ver em Pontuação) para não colocar nem a mais e nem a menos!

Citações

As informações extraídas da literatura devem ser devidamente citadas e documentadas no texto dos
trabalhos acadêmicos e científicos, onde se incluem as teses. Essas informações, denominadas
citações, devem obedecer a um sistema que identifique as fontes utilizadas na confecção do texto.

Citação é, portanto, a menção no texto de informação extraída de outros documentos, com o objetivo
de colocar o trabalho no contexto da temática, conferir a ele credibilidade, confrontar dados, fatos e
argumentos, e registrar opiniões similares ou conclusões opostas.

Usa-se quando há necessidade de provar autoridade, originalidade ou fidedignidade. Incorporar


idéias, dados e frases de outros autores, transcritos ou não, sem fazer menção a fonte original,
constitui plágio, o que implica em sérias conseqüências para o autor da tese. Fatos do domínio
público ou que possam ser facilmente verificados não necessitam ser referenciados.

Todas as citações incluídas no texto referentes a trabalhos publicados devem obrigatoriamente figurar
na listagem das referências, ao final do trabalho. Estas devem estar absolutamente corretas e de
acordo com a norma utilizada (Anexo).

Estilos De Citação No Texto

As citações no texto estão diretamente vinculadas ao sistema de organização das referências,


colocadas no final dos trabalhos. Quando as referências forem apresentadas em ordem alfabética,
adotar o sistema de citação autor e ano; quando as referências forem organizadas em ordem
alfabética numerada a indicação no texto do respectivo número é sempre obrigatória, acompanhada
ou não do nome do autor e ano*.

Citações Formais

a) Sistema de citação autor e ano

Consiste na indicação do sobrenome do autor, acompanhado do ano de publicação do documento. O


sobrenome do autor deve ser grafado em letras maiúsculas para sua melhor visualização. O autor e
ano podem fazer parte integrante da frase e/ou intercalados no texto, entre parênteses. Observe os
exemplos a seguir:

Citação de um autor

Citar o último sobrenome conforme consta da lista de referências, seguido do ano da publicação.

A globalização implica uniformização de padrões econômicos e culturais em âmbito mundial (LOPEZ,


2013).

LOPEZ (2013) destaca que a globalização implica uniformização de padrões econômicos e culturais
em âmbito mundial.

Citação De Dois Autores

Citam-se obrigatoriamente ambos, interligados pela conjunção "e".

Embora o método Kaiser seja pouco conhecido e utilizado, ele foi discutido há, aproximadamente, 25
anos (LÉBART e DREYFEIS, 1972).

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Citação De Mais De Dois Autores

Cita-se o primeiro autor seguido da expressão "e col." (abreviatura de "e colaboradores") ou "et al."
(abreviatura da expressão latina "et alii", que significa "e outros"). É importante manter uma
uniformidade em toda a tese, qualquer que seja a expressão adotada.

CARVALHO e col. (2011) caracterizaram o grupo segundo variáveis sociodemográficas...

ou

CARVALHO et al. (2011) caracterizaram o grupo segundo variáveis sociodemográficas...

Citação do mesmo autor com mais de um trabalho no mesmo ano

Neste caso, a diferenciação dos autores citados se faz por letra minúscula, acrescida ao ano da
publicação, tanto na citação no texto como na lista de referências.

Doenças como o câncer, hipertensão ou diabetes devem ser consideradas prioritárias na saúde do
idoso (KALACHE, 1986a).

No ano de 2025 o Brasil será a sexta população de idosos do mundo, em termos absolutos
(KALACHE, 1986b).

KALACHE (1986a, 1986b) estudando as doenças crônicas na população de idosos brasileiros


encontrou...

Citação De Trabalhos Do Mesmo Autor, Publicados Em Diferentes Anos

Neste caso, as citações são identificadas pelo ano de publicação, em ordem cronológica crescente.

Estudos sobre educação e promoção em saúde foram realizados por PELICIONI (2002, 2008, 2012)
constatando...

Citação De Mais De Um Autor Com O Mesmo Sobrenome

Autores com sobrenomes idênticos, com dois ou mais trabalhos publicados no mesmo ano, devem
ser diferenciados pelas iniciais do prenome.

Trabalhos recentes (PEREIRA FAC, 2013; PEREIRA MG, 2013) abordam problemas...

Havendo coincidência de iniciais de prenome, faz-se a diferenciação colocando-as por extenso.

Aspectos epidemiológicos e doenças relacionadas ao trabalho foram estudados por Pedro CALDAS
(1996) e Paulo CALDAS (1996) para identificação...

ou

Aspectos epidemiológicos e doenças relacionadas ao trabalho foram estudados (CALDAS Pedro,


1996; CALDAS Paulo, 1996) para identificação...

Múltiplas Citações Numa Mesma Frase

Quando dois ou mais trabalhos com autores diferentes são citados em relação a um mesmo tópico,
devem os mesmos ser mencionados em ordem cronológica crescente.

Riscos elevados de câncer de pulmão foram detectados nos trabalhadores da construção civil
(SIEMIATICKI et al., 1986, 1987; MORABIA et al., 1992; KELLER e HOWE, 1993; MUSCAT et al.,
1995; FILKELSTEIN, 1995)

Os autores que se dedicam ao estado da influência da internet no meio acadêmico (CUNHA 2000;
CIANCONI e MACEDO, 2001; FONTES, 2001; BARRETO, 2002) concordam que os países precisam
investir em tecnologia...

Citação De Entidade

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

Quando a autoria for atribuída a uma entidade, cita-se o nome de acordo com a forma em que
aparece na lista de referências, podendo ou não ser abreviada. Observe os exemplos a seguir:

Texto:

O número de crianças obesas no mundo, com idade menor a 5 anos, chegou aos 17,6 milhões na
década passada (OPAS, 2003).

Referência Vancouver

OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde. Doenças crônico-degenerativas e obesidade:


estratégia mundial sobre a alimentação saudável, atividade física e saúde. Brasília (DF); 2003.

Texto:

De acordo com a Pan American Health Organization (PAHO, 2003) o número de crianças obesas no
mundo, com idade menor a 5 anos, chegava aos 17,6 milhões na década passada.

Referência Vancouver

PAHO - Pan American Health Organization. Joint WHO/FAO Expert Report on Diet Nutrition and the
prevention of chronic disease. Washington (DC); 2003.

Texto:

A mortalidade das crianças brasileiras menores de 5 anos de acordo com o UNICEF (2009) é sete
vezes maior...

Referência Vancouver

UNICEF. State of the World's Children 2009: maternal and newborn health. New York: UNICEF, 2009.

Texto:

Dados da CETESB de 2012 demonstram a necessidade e aperfeiçoar as condições de disposição


dos resíduos urbanos para alguns municípios...

Referência Vancouver

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Inventário estadual de resíduos


sólidos urbanos 2004 [relatório na internet]. São Paulo; 2012 [acesso em 9 abr 2014]. Disponível em:
http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/publicações-e-relatórios/1-Publi

Citação De Fonte Original Não Consultada

Trata-se de citação de documento não consultado em seu formato original, mas citado em outro
documento. Esta forma de citação só deve ser usada na total impossibilidade de acesso ao
documento original. Neste caso citar, no texto, grafado em letras minúsculas o autor do trabalho não
consultado, seguido da expressão - citado por ou apud - e do sobrenome do autor que o citou
(grafado em letras maiúsculas), com a respectiva página. Neste caso, na lista das Referências deve
constar apenas o documento consultado.

Texto:

De acordo com Blot e Fraumeni, citados por WÜNSCH FILHO e KOIFMAN (2003, p. 1008) "as mais
baixas taxas de incidência por câncer do pulmão são registradas nas Ilhas Fiji e as mais elevadas na
população urbana negra masculina americana".

ou

De acordo com Blot e Fraumeni (apud WÜNSCH FILHO e KOIFMAN, 2003, p. 1008) "as mais baixas
taxas de incidência por câncer do pulmão são registradas nas Ilhas Fiji e as mais elevadas na
população urbana negra masculina americana".

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

Referência Vancouver

Wünsch Filho V, Koifman S. Tumores malignos relacionadas com o trabalho. In: Mendes R. Patologia
do trabalho. 2. ed. São Paulo: Atheneu; 2003. v. 2, p. 1002-19.

Referência ABNT

WÜNSCH FILHO, V.; KOIFMAN, S. Tumores malignos relacionadas com o trabalho. In: MENDES, R.
(Org.). Patologia do trabalho. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003. v. 2, p. 1002-1019.

b) Sistema de citação autor, número e ano

Este sistema é uma modificação do sistema numérico. Nele, as citações no texto são identificadas
pelos respectivos números da lista alfabética de referências, acompanhados, ou não, do autor e/ou
ano da publicação. A decisão de dar visibilidade ao autor e ano depende da importância que
representam no texto. O número da referência citada deve ser indicado em expoente.

O artifício de uso de letras para identificar os trabalhos de mesmo autor e ano não se aplica nesse
sistema. Todas as demais características do sistema autor e ano se aplicam neste sistema.

Observe os exemplos a seguir:

Os métodos contraceptivos usados no país foram divididos em dois grupos: "independentes" ou


"dependentes" da participação masculina23.

No estudo de SANTOS23, os métodos contraceptivos usados no país foram divididos em dois grupos:
"independentes" ou "dependentes" da participação masculina.

Os métodos contraceptivos usados no país foram divididos em dois grupos: "independentes" ou


"dependentes" da participação masculina (SANTOS23, 1997).

Múltiplas Citações

Os respectivos números da lista de referências devem ser separados por vírgula, ou por hífen, no
caso de mais de duas citações seqüenciais.

...doenças crônicas na população de idosos (KALACHE10,11, 1986)

SCHARTZMAN 9-12 (1996) tem se dedicado ao estudo das intoxicações da infância...

Os autores que se têm dedicado ao estudo dos acidentes na infância têm analisado aspectos
relativos à mortalidade8, 10-13, ou nos casos em que houve necessidade de atendimento em serviço
de emergência5,7-12. Já PARKINSON19 (1996) e SMITH26 (1996) consideram relevantes os
aspectos...

Citações Informais

Citações informais referem-se à menção de fontes não publicadas como: cartas, mensagens
eletrônicas [e-mails], listas de discussão, artigos apenas submetidos para publicação, dados de
arquivos de instituições, relatórios de pesquisa, apresentações em eventos, entre outras.

Quando relevantes devem ser identificadas no texto por asterisco e documentadas em nota de
rodapé. É eticamente recomendável que se solicite autorização do responsável pela informação
citada. Os trabalhos no prelo citados no texto devem figurar na listagem das referências, desde que
indicados o título da revista e o ano e não em nota de rodapé.

Texto:

A indústria do conhecimento apresenta um processo de apropriação da informação gerada por um ou


mais receptores*.

Rodapé:

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

*Produzir informação ou conhecimento. Texto extraído de lista de discussão bib_virtual@ibict.br em


15 de julho de 2012.

ou

*Comunicação pessoal de Fulano de Tal, em 15 de julho de 2012, recebida por correio eletrônico.

ou

*Palestra sobre a "Situação da Informação no Brasil" proferida por Fulano de Tal, na Faculdade XY
em 15 de julho de 2012.

Formas De Citação No Texto

Topo

As citações de textos extraídas de outros trabalhos podem ser feitas de forma direta (transcrição
literal) e indireta (paráfrase), devidamente documentadas com a indicação do nome do autor da fonte
original, grafado em letras maiúsculas para melhor visualização no texto.

Citação Direta

Citação direta é a transcrição literal de partes extraídas de texto de outro autor, devendo ser
apresentada entre aspas.

Trechos que ultrapassem a 3 linhas são apresentados recuados da margem esquerda, com o texto
transcrito com entrelinhamento e corpo de letra menor que o utilizado no corpo do trabalho,
dispensando as aspas.

Nas citações diretas o nome do autor deve sempre ser indicado, acompanhado ou não do ano e do
número quando for o caso. A indicação da respectiva página do trecho transcrito é obrigatória.

Devem ser usadas com parcimônia e para citações absolutamente indispensáveis.

Exemplos:

MARQUES10 destaca que, embora demonstrando intolerância na prevenção da Aids contra o uso de
preservativos, "os setores progressistas da Igreja Católica brasileira têm colaborado em muito na
defesa dos direitos dos portadores de vírus HIV...." (p. 135).

ou

"Os setores progressistas da Igreja Católica brasileira tem colaborado em muito na defesa dos
direitos dos portadores de vírus HIV e como parceiros no combate e assistência à epidemia"
(MARQUES, 2013, p. 135)28.

Se o texto citado já contiver aspas, estas devem ser substituídas pelo apóstrofo.

..."pelo menos para quem não está disposto a fazer do `calvário' um meio para dar sentido à sua vida"
(SIQUEIRA-BATISTA e SCHRAMM, 2005).

Qualquer modificação que se faça no texto transcrito deve ser indicada:

a) Usar reticências entre parênteses (...) para indicar supressão de parte de um trecho citado.

"A educação tem um papel vital na proteção de mulheres e crianças em face (...) da exploração
sexual, na promoção dos direitos humanos (...) e no controle do crescimento populacional"
(VENTURA e col., 2013, p. 86-7).

b) Quando se quer chamar a atenção de uma parte da citação deve-se destacá-la em negrito,
acompanhada da expressão "o destaque é nosso", entre parênteses.

"A obesidade infantil apresentava dimensões epidêmicas (o destaque é nosso) em algumas áreas"

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

(OPAS, 2003, p. 32).

c) Os erros ortográficos ou incoerências constantes do trecho original devem ser acompanhados pela
expressão "sic" (assim, deste modo**), entre parênteses, imediatamente após a sua menção.

"... uma área de tecido que teve seu suprimento de sangue cortado morre ou sofre enfartassão (sic)...
" (SILVA, 2004, p. 2).

d) Transcrições de textos de outros idiomas podem ser mantidas no idioma original ou traduzidas. Em
ambos os casos, as aspas devem ser mantidas. No caso de se optar pela transcrição da tradução, o
texto no idioma original pode ser colocado entre colchetes, em nota de rodapé, com chamada por
asterisco.

Texto:

Para ANDRADE e col. (2004, p. 411) "... o sistema de informação geográfica e a análise espacial
podem ser aplicados para a identificação de áreas alvo de pneumonia para intervenções em saúde
pública"*.

Indicado Em Rodapé:

*[...GIS - Geographical Information System and special analysis can be applied to discriminate target
areas of pneumonia for public health intervention]

e) Termos em outro idioma devem ser destacados em itálico ou negrito, e acompanhados da tradução
entre colchetes, ou traduzidos e acompanhados do termo original, também entre colchetes.

"Uma vez em pé, algumas destas pessoas conseguem se mover com o auxílio de uma armação
[frame], mas outras não o podem fazer e permanecem limitadas às suas cadeiras de roda" (CONI e
col., 1996, p. 50).

Citação Indireta

A citação indireta, também denominada paráfrase, consiste na utilização de trechos de outros


trabalhos, conservando-se as idéias do original, com palavras do autor da tese, sem distorções ou
ênfases impróprias e em substituição às transcrições.

Texto original:

"... as drogas, sejam lícitas ou ilícitas, são freqüentemente experimentadas na adolescência" (MUZA e
col.10, 1997, p. 28).

Paráfrase:

Em estudo da década de 1990 foi constatado o uso de drogas lícitas ou ilícitas pelos adolescentes
(MUZA e col.10 ,1997) sendo que atualmente...

Notas Bibliográficas (Ou Notas De Rodapé)

Informações extraídas de fontes bibliográficas dadas a público que complementam o texto. Este tipo
de nota deve vir acompanhado da indicação da respectiva fonte, não devendo constar da lista de
referências. Deve ser sinalizada por asterisco (*).

Texto:

... exclusão digital, como ocorre no Estado do Maranhão, onde apenas 2,1% da população possui
computador*.

Rodapé:

* Comitê Gestor da Internet no Brasil - composto por representantes dos vários Ministérios do
Governo Brasileiro, do setor empresarial, da comunidade científica e tecnológica e do terceiro setor
para coordenar e integrar as iniciativas de serviços da internet no Brasil; divulga números atualizados

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

da rede no Brasil.

Texto:

A disponibilização pelos autores de textos não revisados em websites é feita por meio de "open-
archives"(*)

Rodapé:

*Open-archives – espaços virtuais destinados à divulgação de textos científicos, arbitrados ou não


pelos pares (SENA, 2000)

Implícitos E Pressupostos

Informações Implícitas

Muitos candidatos ao ENEM se perguntam como melhorar sua capacidade de interpretação dos
textos. Primeiramente, é preciso ter em mente que um texto é formado por informações explícitas e
implícitas. As informações explícitas são aquelas manifestadas pelo autor no próprio texto. As
informações implícitas não são manifestadas pelo autor no texto, mas podem ser subentendidas.
Muitas vezes, para efetuarmos uma leitura eficiente, é preciso ir além do que foi dito, ou seja, ler nas
entrelinhas.

Por exemplo, observe este enunciado:

- Patrícia parou de tomar refrigerante.

A informação explícita é “Patrícia parou de tomar refrigerante”. A informação implícita é “Patrícia


tomava refrigerante antes”.

Agora, veja este outro exemplo:

-Felizmente, Patrícia parou de tomar refrigerante.

A informação explícita é “Patrícia parou de tomar refrigerante”. A palavra “felizmente” indica que o
falante tem uma opinião positiva sobre o fato – essa é a informação implícita.

Com esses exemplos, mostramos como podemos inferir informações a partir de um texto. Fazer uma
inferência significa concluir alguma coisa a partir de outra já conhecida. Nos vestibulares, fazer
inferências é uma habilidade fundamental para a interpretação adequada dos textos e dos
enunciados.

A seguir, veremos dois tipos de informações que podem ser inferidas: as pressupostas e as
subentendidas.

Pressupostos

Uma informação é considerada pressuposta quando um enunciado depende dela para fazer sentido.

Considere, por exemplo, a seguinte pergunta: “Quando Patrícia voltará para casa?”. Esse enunciado
só faz sentido se considerarmos que Patrícia saiu de casa, ao menos temporariamente – essa é a
informação pressuposta. Caso Patrícia se encontre em casa, o pressuposto não é válido, o que torna
o enunciado sem sentido.

Repare que as informações pressupostas estão marcadas através de palavras e expressões


presentes no próprio enunciado e resultam de um raciocínio lógico. Portanto, no enunciado “Patrícia
ainda não voltou para casa”, a palavra “ainda” indica que a volta de Patrícia para casa é dada como
certa pelo falante.

Subentendidos

Ao contrário das informações pressupostas, as informações subentendidas não são marcadas no


próprio enunciado, são apenas sugeridas, ou seja, podem ser entendidas como insinuações.

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

O uso de subentendidos faz com que o enunciador se esconda atrás de uma afirmação, pois não
quer se comprometer com ela. Por isso, dizemos que os subentendidos são de responsabilidade do
receptor, enquanto os pressupostos são partilhados por enunciadores e receptores.

Em nosso cotidiano, somos cercados por informações subentendidas. A publicidade, por exemplo,
parte de hábitos e pensamentos da sociedade para criar subentendidos. Já a anedota é um gênero
textual cuja interpretação depende a quebra de subentendidos.

Linguagem Conotativa E Denotativa

O significado das palavras, embora possa parecer algo fixo, não o é, já que a língua é viva: as
palavras nascem, crescem, evoluem, podem mudar de forma e de sentido e até desaparecer de
determinado idioma. A imaginação do homem também pode ampliar o significado de certa palavra e
ela deixa de significar apenas a ideia original, que é aquela básica e objetiva.

Na linguagem literária é bastante comum que algumas palavras apresentem mais de um sentido, indo
além dos significados que constam nos dicionários, sendo utilizadas em determinados contextos que
ampliam o seu sentido.

Conotação e denotação

Observe as duas frases a seguir:

A rosa é uma flor bonita e delicada.

Ela é uma flor.

Perceba que nas duas frases aparece a palavra “flor”. Mas elas estão empregadas em um mesmo
sentido? Não, certo? E qual é a diferença? Veja que, na primeira frase, a palavra “flor” está
empregada no seu sentido real, objetivo, literal, dicionarizado; já na segunda frase, o termo “flor”
aparece no sentido figurado, subjetivo, o que é muito comum na Literatura.

Na primeira frase, “flor” aparece no sentido denotativo; já na segunda frase, o termo é empregado no
sentido conotativo.

Denotação

Quando nós usamos as palavras no seu significado real, isto é, aquele que encontramos no
dicionário, estamos diante de uma linguagem denotativa. A linguagem denotativa não permite
múltiplas interpretações, e sim apenas uma, sendo voltada para a objetividade.

Nós encontramos a linguagem denotativa em vários textos do nosso cotidiano, como em uma
reportagem, entrevista, dentre outros.

Para elucidar melhor o conceito, veja um trecho desta reportagem:

O Carnaval de rua, tradição de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, vai reunir uma multidão nas
ladeiras de pedra em busca de diversão. A cidade tem um dos carnavais mais tradicionais de Minas
com festa para todos os gostos: shows de axé, samba, funk, pop rock, blocos caricatos, grupos de
percussão e as baladas nas repúblicas.

No palco principal, se revezam de sexta (13) a terça-feira (17) as apresentações de Jota Quest,
Sambô, Inimigos da HP, Biquini Cavadão e Wilson Sideral. Todas as tardes e noites, as bandas locais
Bartucada e BatCaverna fazem a alegria da galeria com sucessos em ritmo de Carnaval. (…) (Fonte:
R7)

Perceba que o trecho acima nos informa de algo que ainda vai acontecer, sendo passível de apenas
uma interpretação.

Conotação

Quando determinada palavra é utilizada com um sentido diferente daquele que lhe é comum, nós
estamos diante de uma linguagem conotativa. Além de ser bastante explorada na Literatura, a

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RECONHECIMENTO DO PROPÓSITO DO AUTOR

conotação é empregada em letras de músicas, anúncios publicitários, conversas do nosso cotidiano


etc.

Para demonstrar que tanto a conotação quanto a denotação são bastante exploradas no nosso dia a
dia, leia o exemplo a seguir:

Marina quebrou a cara.

Observe que, no exemplo acima, podemos interpretar o enunciado de duas maneiras: entender que
Marina sofreu algum acidente e fraturou o rosto, ou que ela não se deu bem em determinada
situação.

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Efeito De Ironia

"Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados"

Construção de rodovia

Uma rodovia estava sendo construída em um vilarejo e um dos residentes sentou-se durante muitas
horas para assistir à realização das obras. Um homem aproximou-se dele:

- Olá, sou o engenheiro que realizou o projeto, o responsável pela obra e pelas máquinas.
- Olá, eu sou o morador do vilarejo.
- Pelo que pude notar, você nunca havia visto uma rodovia moderna ser construída. Diga-me, como
construíam estradas por aqui?
- Bem, quando queremos construir uma estrada entre um vilarejo e o seguinte, soltamos um burro
velho e o animal escolhe o caminho mais curto e mais seguro. É ali que construímos a nossa estrada.
- E o que fazem quando não há burros?
- Aí, chamamos um engenheiro.

Efeitos De Sentido – A Ironia E O Humor

Ironia

Leia a tirinha:

A análise do diálogo entre a galinha e a pata, na tira, deixa claro que, muitas vezes, as falas e os
textos não devem ser interpretados ao pé da letra.Isso fica evidente no último quadrinho, pois “um
pequeno iate, uma pequena mansão, uma pequena fortuna” deve ser entendida, no contexto da tira,
como uma afirmação irônica.

A Função Crítica Da Ironia

É frequente encontrarmos ironia em diferentes textos com os quais entramos em contato diariamente.
Para o desenvolvimento da nossa competência de bons leitores, é essencial que saibamos identificar
a ocorrência da ironia nos textos, pois somente assim seremos capazes de dar a esses textos a
interpretação pretendida pelo seu autor.

Observe o cartum:

O cartum é um gênero textual que tem como uma de suas características promover uma reflexão
crítica sobre situações políticas, econômicas e sociais da atualidade.

Espera-se que, em uma sociedade democrática, todos os cidadãos tenham direitos e deveres iguais.
No cartum, observa-se uma família de brasileiros pobres barrada à porta do Clube Brasil por não
serem “sócios”.

É irônico que brasileiros pobres, vivendo em um país supostamente democrático, não possam

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participar da “festa”. Esse termo, usado também em sentido irônico, leva a concluir que apenas os
privilegiados (os “sócios”) têm direito, em uma sociedade com grande desigualdade social, de fazer
parte do “clube da democracia” a que, constitucionalmente, todos deveriam ter acesso. O cartunista,
por meio da ironia, denuncia a existência no Brasil de diferentes “categorias” de cidadãos.

A Ironia Como Recurso Literário

A ironia é um recurso muito utilizado por autores de textos literários. Em alguns casos, ela chega a
definir um estilo. É o que acontece com Machado de Assis. Nos seus romances, o grande escritor
brasileiro dirige um olhar claramente irônico para a sociedade do Segundo Reinado.Veja um exemplo:
“Óbito do autor”

Na cena, Brás Cubas narra seu próprio enterro. Quando fala dos poucos amigos que acompanharam
a cerimônia, destaca um dos “fiéis da última hora” que chegou a comparar o estado da natureza à
tristeza provocada pela morte de Brás. O comentário final do narrador revela a força da sua ironia e
desnuda os interesses do amigo “fiel”: “Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei”.

Essa observação obriga o leitor a reavaliar os motivos que levaram esse “amigo” a fazer um discurso
emocionado. Na verdade, era alguém movido somente por interesses financeiros (iria herdar algumas
apólices) e não por um sentimento sincero.

Em todas as obras de Machado de Assis são inúmeros os exemplos de observações como essa, o
que faz com que a ironia seja uma das características definidoras do seu estilo literário.

Humor

Leia atentamente o diálogo abaixo:

1. Considerando as falas das personagens no primeiro quadrinho, explique por que Hagar imagina
que o homem com quem conversa seria “sentimental”.

2. A resposta dada pelo homem à pergunta de Hagar é a esperada? Justifique.

3. Qual pode ter sido a intenção do autor da tira ao mudar o foco do diálogo? Explique.

Uma das características que distinguem os seres humanos das demais espécies é a capacidade de
rir e de provocar o riso.

Muitas vezes relacionado a um uso específico da linguagem, esse comportamento manifesta-se em


diferentes circunstâncias. Rimos de situações que parecem absurdas, cômicas, inesperadas,
surpreendentes (como o diálogo da tira acima).

O Discurso Humorístico

Certamente você já ouviu e já contou piadas. Mas já parou para analisá-las? Já se perguntou o que,
nesse gênero textual, desencadeia o riso? Veremos, a seguir, que a raiz de humor das piadas liga-se
a duas situações: ao que é tematizado ou ao modo como a linguagem é utilizada:

O Presente

A mãe de Juca estava grávida e perguntou a ele o que preferia ganhar: um irmãozinho ou uma
irmãzinha.

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Juca respondeu:

— Mamãe, se não for pedir muito eu preferiria uma bicicleta.

Na piada acima, o riso nasce da resposta inesperada dada pelo filho a uma pergunta da mãe. Trata-
se, portanto, de um humor gerado pela questão tematizada: a reação de filhos à notícia de que
“ganharão” um irmão ou uma irmã de “presente”.

Riso E Linguagem

Duplo sentido, interpretação literal de algo que precisa ser entendido em sentido figurado,
representações estereotipadas de variedades linguísticas estigmatizadas são recursos associados à
linguagem presentes em muitas piadas. Observe:

Haja coração!
A professora pergunta:
— Quantos corações nós temos?
O aluno:
— Temos dois, professora!
— Dois?
— Sim: o meu e o seu!

A graça desse texto está na interpretação que o aluno faz do pronome nós utilizado pela professora.
Em situações como essa, geralmente o pronome deve ser entendido como fazendo referência à raça
humana.

O aluno faz uma interpretação mais específica e entende que o pronome se refere a duas pessoas:
ele e a professora.

Cuidado com o preconceito:

Verbos

A professora pergunta para a Mariazinha:


— Mariazinha, me dê um exemplo de verbo.
— Bicicreta! — respondeu a menina.
— Não se diz “bicicreta”, e sim “bicicleta”. Além disso, bicicleta não é verbo. Pedro, me diga você um
verbo.
— Prástico! — disse o garoto.
— É “plástico”, não “prástico”. E também não é verbo. Laura, é sua vez: me dê um exemplo correto
de verbo — pediu a professora.
— Hospedar! — respondeu Laura.
— Muito bem! — disse a professora. Agora, forme uma frase com este verbo.
— Os pedar da bicicreta é de prástico!

Relações Entre Recursos Expressivos E Efeitos De Sentido

O uso de recursos expressivos possibilita uma leitura para além dos elementos superficiais do texto e
auxilia o leitor na construção de novos significados. Nesse sentido, o conhecimento de diferentes
gêneros textuais proporciona ao leitor o desenvolvimento de estratégias de antecipação de
informações que o levam à construção de significados. Em diferentes gêneros textuais, tais como a
propaganda, por exemplo, os recursos expressivos são largamente utilizados, como caixa alta,
negrito, itálico, entre outros. Os poemas também se valem desses recursos, exigindo atenção
redobrada e sensibilidade do leitor para perceber os efeitos de sentido subjacentes ao texto. Vale
destacar que os sinais de pontuação, como reticências, exclamação, interrogação etc., e outros
mecanismos de notação, como o itálico, o negrito, a caixa alta e o tamanho da fonte podem expressar
sentidos variados.

Descritor 13 – Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados

A forma como as palavras são usadas ou a quebra na regularidade de seus usos constituem recursos
que, intencionalmente, são mobilizados para produzir no interlocutor certos efeitos de sentido. Entre

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tais efeitos, são comuns os efeitos de ironia ou aqueles outros que provocam humor ou outro tipo de
impacto. Para que a pretensão do autor tenha sucesso, é preciso que o interlocutor reconheça tais
efeitos. Por exemplo, na ironia, o ouvinte ou leitor devem entender que o que é dito corresponde, na
verdade, ao contrário do que é explicitamente afirmado. Um item relacionado a essa habilidade deve
ter como base textos em que tais efeitos se manifestem (como anedotas, charges, tiras etc.) e deve
levar o aluno a reconhecer que expressões ou que outros recursos criaram os efeitos em jogo.

Exemplo de item:

Continho

Era uma vez um menino triste, magro e barrigudinho. Na soalheira danada de meio-dia, ele estava
sentado na poeira do caminho, imaginando bobagem, quando passou um vigário a cavalo.

— Você, aí, menino, para onde vai essa estrada?

— Ela não vai não: nós é que vamos nela.

— Engraçadinho duma figa! Como você se chama?

— Eu não me chamo, não, os outros é que me chamam de Zé.

Há traço de humor no trecho

(A) “Era uma vez um menino triste, magro”. (ℓ. 1)

(B) “ele estava sentado na poeira do caminho”. (ℓ. 1-2)

(C) “quando passou um vigário”. (ℓ. 2)

(D) “Ela não vai não: nós é que vamos nela”. (ℓ. 4)

Observações:

Sugerimos ao professor que, ao longo do processo de leitura, ofereça aos alunos o contato com
gêneros textuais que utilizem largamente recursos expressivos, como propagandas, reportagens,
quadrinhos, anedotas, entre outros, orientando-os a perceberem e analisarem os efeitos de sentido,
recorrentes nesses textos.

Descritor 14 – Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações

A habilidade que pode ser avaliada por meio de itens referentes a este descritor relaciona-se ao
reconhecimento, pelo aluno, dos efeitos provocados pelo emprego de recursos de pontuação ou de
outras formas de notação. O aluno identifica esses efeitos da pontuação (travessão, aspas,
reticências, interrogação, exclamação, entre outros) e notações como tamanho de letra, parênteses,
caixa alta, itálico, negrito, entre outros, e atribui sentido a eles. Com este item, podemos avaliar a
habilidade de o aluno utilizar estratégias de leitura que o levem a identificar o uso das reticências e o
efeito gerados por elas para o sentido do texto. Neste caso, o sinal de pontuação colabora para a
construção do sentido global do texto, não se restringindo ao aspecto puramente gramatical da
pontuação.

Exemplo de item:

O que disse o passarinho

Um passarinho me contou

que o elefante brigou

com a formiga só porque

enquanto dançavam (segundo ele)

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ela pisou no pé dele!

Um passarinho me contou

que o jacaré se engasgou

e teve de cuspi-lo inteirinho

quando tentou engolir,

imaginem só, um porco-espinho!

Um passarinho me contou

que o namoro do tatu e a tartaruga

deu num casamento de fazer dó:

cada qual ficou morando em sua casca

em vez de morar numa casca só.

Um passarinho me contou

que a ostra é muito fechada,

que a cobra é muito enrolada

que a arara é uma cabeça oca,

e que o leão-marinho e a foca...

Xô xô, passarinho, chega de fofoca!

A pontuação usada no final do verso “e que o leão-marinho e a foca...” (ℓ. 20) sugere que o
passarinho

(A) está cansado.

(B) está confuso.

(C) não tem mais fofocas para contar.

(D) ainda tem fofocas para contar.

Observações:

Para trabalhar no texto os sinais de pontuação e as notações, especificamente, o professor pode


orientar os alunos, ao longo do processo de leitura, a perceber e analisar a função desses sinais
como elementos significativos para a construção de sentidos e não apenas para sua função
gramatical. É bom lembrar que os sinais de pontuação suprem na escrita os elementos da fala (como
ênfase, pausa, continuidade, interrupção, mudanças de sentido) e ainda expressam estados de
ânimo e intenções expressivas do locutor. Além dos textos publicitários que se utilizam largamente
desses recursos expressivos, os poemas também se valem deles, o que possibilita o exercício de
perceber os efeitos de sentido do texto.

Tópico V – Relação Entre Recursos Expressivos E Efeitos De Sentido

O uso de recursos expressivos possibilita uma leitura para além dos elementos superficiais do texto e
auxilia o leitor na construção de novos significados. Nesse sentido, o conhecimento de diferentes
gêneros textuais proporciona ao leitor o desenvolvimento de estratégias de antecipação de
informações que o levam à construção de significados.

Em diferentes gêneros textuais, tais como a propaganda, por exemplo, os recursos expressivos são

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largamente utilizados, como caixa alta, negrito, itálico, etc. Os poemas também se valem desses
recursos, exigindo atenção redobrada e sensibilidade do leitor para perceber os efeitos de sentido
subjacentes ao texto.

Vale destacarmos que os sinais de pontuação, como reticências, exclamação, interrogação, etc., e
outros mecanismos de notação, como o itálico, o negrito, a caixa alta e o tamanho da fonte podem
expressar sentidos variados. O ponto de exclamação, por exemplo, nem sempre expressa surpresa.
Faz-se necessário, portanto, que o leitor, ao explorar o texto, perceba como esses elementos
constroem a significação, na situação comunicativa em que se apresentam.

D16 – Identificar Efeitos De Ironia Ou Humor Em Textos Variados.

Por meio deste descritor pode-se avaliar a habilidade do aluno em reconhecer os efeitos de ironia ou
humor causados por expressões diferenciadas, utilizadas no texto pelo autor, ou, ainda, pela
utilização de pontuação e notações.

Essa habilidade é avaliada por meio de textos verbais e não-verbais, sendo muito valorizado nesse
descritor atividades com textos de gêneros variados sobre temas atuais, com espaço para várias
possibilidades de leitura, como os textos publicitários, as charges, os textos de humor ou as letras de
músicas, levando o aluno a perceber o sentido irônico ou humorístico do texto, que pode estar
representado tanto por uma expressão verbal inusitada, quanto por uma expressão facial da
personagem. Nos itens do Saeb, geralmente é solicitado ao aluno que ele identifique onde se
encontram traços de humor no texto, ou informe por que é provocado o efeito de humor em
determinada expressão.

Exemplo de item do descritor D16:

A Formiga e a Cigarra

Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra muito amigas. Durante todo o outono, a formiguinha
trabalhou sem parar, armazenando comida para o período de inverno. Não aproveitou nada do Sol,
da brisa suave do fim da tarde nem do bate-papo com os 5 amigos ao final do expediente de trabalho,
tomando uma cervejinha. Seu nome era “trabalho” e seu sobrenome, “sempre”.

Enquanto isso, a cigarra só queria saber de cantar nas rodas de amigos e nos bares da cidade; não
desperdiçou um minuto sequer, cantou durante todo o outono, dançou, aproveitou o Sol, curtiu para
valer, sem se preocupar com o inverno que estava por vir.

1Então, passados alguns dias, começou a esfriar. Era o inverno que estava começando. A
formiguinha, exausta, entrou em sua singela e aconchegante toca repleta de comida. Mas alguém
chamava por seu nome do lado de fora da toca. Quando abriu a porta para ver quem era, ficou
surpresa com o que viu: sua amiga cigarra, dentro de uma Ferrari,

com um aconchegante casaco de visom. E a cigarra falou para a formiguinha:

– Olá, amiga, vou passar o inverno em Paris. Será que você poderia cuidar da minha

toca?

– Claro, sem problema! Mas o que lhe aconteceu? Como você conseguiu grana pra ir a Paris e
comprar essa Ferrari?

– Imagine você que eu estava cantando em um bar, na semana passada, e um produtor gostou da
minha voz. Fechei um contrato de seis meses para fazer shows em Paris... A propósito, a amiga
deseja algo de lá?

– Desejo, sim. Se você encontrar um tal de La Fontaine por lá, manda ele pro DIABO QUE O
CARREGUE!

MORAL DA HISTÓRIA: “Aproveite sua vida, saiba dosar trabalho e lazer, pois trabalho em demasia
só traz benefício em fábulas do La Fontaine”.

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Em relação ao texto original da fábula, percebe-se ironia no fato de

a cigarra deixar de trabalhar para aproveitar o Sol.

a formiga trabalhar e possuir uma toca.

a cigarra, sem trabalhar, surgir de Ferrari e casaco de visom.

a cigarra não trabalhar e cantar durante todo o outono.

a formiga possuir o nome “trabalho” e o sobrenome “sempre”.

D17 – Identificar O Efeito De Sentido Decorrente Do Uso Da Pontuação E De Outras Notações.

A habilidade que pode ser avaliada por este descritor refere-se à identificação, pelo aluno, dos efeitos
provocados pelo emprego de recursos da pontuação ou de outras formas de notação, em
contribuição à compreensão textual, não se limitando ao seu aspecto puramente gramatical.

Essa habilidade é avaliada por meio de um texto no qual é requerido do aluno que ele identifique o
sentido provocado por meio da pontuação (travessão, aspas, reticências, interrogação, exclamação,
etc.) e/ou notações como, tamanho de letra, parênteses, caixa alta, itálico, negrito, entre outros. Os
enunciados dos itens solicitam que os alunos reconheçam o porquê do uso do itálico, por exemplo,
em uma determinada palavra no texto, ou indique o sentido de uma exclamação em determinada
frase, ou identifique por que usar os parênteses, entre outros.

Exemplo de item do descritor D17:

O Islã não é só árabe

Religião abrange diversas etnias em todo mundo

Boa parte da população ocidental acredita que o mundo islâmico é aquela porção de países do
Oriente Médio que têm como idioma oficial o árabe. Por isso, são indevidamente considerados árabes
alguns países de maioria islâmica, mas que têm outros idiomas, como Turquia (línguas turca e curda),
Irã (persa), Afeganistão (pashtu e dari) e Paquistão (urdu e punjabi).

Existem atualmente cerca de 1,3 bilhão de muçulmanos no mundo, como são denominados os
adeptos do islamismo. A maioria vive na Ásia, onde essa religião nasceu e ganhou o mundo há cerca
de 1.400 anos. Da Ásia, os muçulmanos passaram para o norte da África - onde foram chamados de
mouros - e parte da Europa. Integraram-se com africanos, europeus das penínsulas ibérica e itálica e

outros povos. Hoje eles estão presentes também entre europeus, norte-americanos e até brasileiros.

O islamismo cresceu em número de adeptos muito mais fora do mundo árabe do que no local em que
a religião nasceu. Basta fazer uma comparação: os países islâmicos mais populosos, como a
Indonésia (com “apenas” 228 milhões de habitantes), o Paquistão (145 milhões), Bangladesh (131
milhões) e Nigéria (127 milhões) têm contingentes humanos muito maiores que o Egito (70 milhões),
país de maior população entre os árabes, seguido de longe pelo Sudão (36 milhões). Até a Índia,
majoritariamente hindu, tem aproximadamente 100 milhões de muçulmanos.

As aspas empregadas na palavra “apenas” (A . 15) foram usadas para dar a ela um sentido

irônico.

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crítico.

metafórico.

coloquial.

técnico.

D18 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou


expressão.

Por meio deste descritor, pode-se avaliar a habilidade do aluno em reconhecer a alteração de
significado decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão, dependendo da
intenção do autor, a qual pode assumir sentidos diferentes do seu sentido literal.

Essa habilidade é avaliada por meio de um texto no qual o aluno é solicitado a perceber os efeitos de
sentido que o autor quis imprimir ao texto a partir da escolha de uma linguagem figurada ou da ordem
das palavras, do vocabulário, entre outros.

Exemplo de item do descritor D18:

10

15

Ao terminar a crônica com “Múúúúúúú”, o autor ao texto um tom de

formalidade.

humor.

indiferença.

jovialidade.

seriedade.

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D19 – Reconhecer O Efeito De Sentido Decorrente Da Exploração De Recursos Ortográficos


E/Ou Morfossintáticos.

A habilidade que pode ser avaliada por meio deste descritor, refere-se à identificação pelo aluno do
sentido que um recurso ortográfico, como, por exemplo, diminutivo ou, aumentativo de uma palavra,
entre outros, e/ou os recursos morfossintáticos (forma que as palavras se apresentam), provocam no
leitor, conforme o que o autor deseja expressar no texto.

Essa habilidade é avaliada por meio de um texto no qual se requer que o aluno identifique as
mudanças de sentido decorrentes das variações nos padrões gramaticais da língua (ortografia,
concordância, estrutura de frase, entre outros). no texto.

Exemplo de item do descritor D19:

Os direitos da criança

Toda criança tem direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.

Toda criança tem direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e
justiça entre os povos.

Toda criança tem direito a um nome, a uma nacionalidade.

Toda criança tem direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.

Toda criança tem direito à educação gratuita e ao lazer infantil.

Toda criança tem direito à alimentação, moradia e assistência médica para si e para a mãe. Toda
criança tem direito a ser socorrida em primeiro lugar.

Toda criança física ou mentalmente deficiente tem direito à educação e a cuidados especiais. Toda
criança tem direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social. Toda
criança tem direito a ser protegida contra o abandono e a exploração no trabalho.

Usando o termo “Toda” no início de cada frase, o texto

enfatiza a idéia de universalidade.

estabelece independência com o termo “criança”.

estabelece maior vínculo com o leitor.

faz uma repetição sem necessidade.

reforça a especificidade de cada idéia.

Efeito de Sentido Decorrente

relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido

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Na tirinha, há traço de humor em


(A) "Que olhar é esse, Dalila?"
(B) "Olhar de tristeza, mágoa, desilusão..."
(C) "Olhar de apatia, tédio, solidão..."
(D) "Sorte! Pensei que fosse conjuntivite!"

Análise

Na tirinha que embasa esta questão, o sentido de humor aparece na última fala. Vale lembrar que o
cômico é decorrência de uma distorção. No primeiro balão, Romeu dá a impressão de querer saber o
que está oculto por trás do olhar de Dalila. Quando, em seguida, ela revela a tristeza que sente, ele
considera sorte, por não se tratar de conjuntivite. Ou seja, rimos porque o último quadrinho distorce o
aparente interesse de Romeu pelo olhar da Dalila.

Orientações

Trabalhe o gênero textual piada. Em geral, ela tem textos curtos, que apresentam diálogos e
exploram jogos de linguagem capazes de aprofundar a leitura e aguçar o espírito crítico e a
percepção das estratégias linguísticas para a produção de sentidos. Faça uma boa seleção,
apresente a todos, peça que leiam e expliquem o que nelas é engraçado.

Identificar o efeito de sentido decorrente da pontuação e outras notações (Descritor 17)

O Encontro (fragmentos)

5 Em redor, o vasto campo. Mergulhado em névoa branda, o verde era


pálido e opaco. Contra o céu, erguiam-se os negros penhascos tão retos
que pareciam recortados a faca. Espetado na ponta da pedra mais alta, o
sol espiava atrás de uma nuvem.
"Onde, meu Deus?! - perguntava a mim mesma - Onde vi esta mesma

10 paisagem, numa tarde assim igual?


Era a primeira vez que eu pisava naquele lugar. Nas minhas andanças
pelas redondezas, jamais fora além do vale. Mas nesse dia, sem nenhum
cansaço, transpus a colina e cheguei ao campo. Que calma! E que deso-lação. Tudo aquilo -
disso estava bem certa - era completamente inédito

pra mim. Mas por que então o quadro se identificava, em todas as minúcias,
a uma imagem semelhante lá nas profundezas da minha memória?
15 Voltei-me para o bosque que se estendia à minha direita. Esse bosque
eu também já conhecera com sua folhagem cor de brasa dentro de uma
névoa dourada. "Já vi tudo isto, já vi... Mas onde? E quando?"

20 Fui andando em direção aos penhascos. Atravessei o campo. E cheguei


à boca do abismo cavado entre as pedras. Um vapor denso subia como
um hálito daquela garganta de cujo fundo insondável vinha um remotíssimo
som de água corrente. Aquele som eu também conhecia. Fechei
os olhos. "Mas se nunca estive aqui! Sonhei, foi isso? Percorri em sonho

25 estes lugares e agora os encontro palpáveis, reais? Por uma dessas extraordinárias
coincidências teria eu antecipado aquele passeio enquanto
dormia?"
Sacudi a cabeça, não, a lembrança - tão antiga quanto viva - escapava
da inconsciência de um simples sonho.(...)

Na frase "Já vi tudo isso, já vi... Mas onde?" (l. 15), o uso das reticências sugere
(A) impaciência.
(B) impossibilidade.
(C) incerteza.
(D) irritação.

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Análise

Os recursos de pontuação (travessão, aspas, reticências, interrogação, exclamação etc.) são


expressivos e ultrapassam os aspectos puramente gramaticais. No trecho do texto destacado no
item, as reticências sugerem incerteza. Vale lembrar que elas indicam um prolongamento do
pensamento. Algo fica no ar, subentendido, para ser descoberto pelo leitor. É preciso reconhecer o
sentido do sinal de pontuação e não a regra.

Orientação

A piada também pode funcionar muito bem como material para desenvolver a habilidade referente a
esse descritor. A pontuação, nesse caso, é fundamental tanto para a compreensão do texto como
para orientar a sua oralização. Durante a leitura, deve-se procurar a entonação adequada para
produzir o efeito de humor desejado e a entonação pode variar de acordo com a pontuação.

Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de determinada palavra ou


expressão (Descritor 18)

As Amazônias

5 Esse tapete de florestas com rios azuis que os astronautas viram é a


Amazônia. Ela cobre mais da metade do território brasileiro. Quem viaja
pela região não cansa de admirar as belezas da maior floresta tropical do
mundo. No início era assim: água e céu.
É mata que não tem mais fim. Mata contínua, com árvores muito altas,

cortada pelo Amazonas, o maior rio do planeta. São mais de mil rios
desaguando no Amazonas. É água que não acaba mais.

SALDANHA, P. As Amazônias. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995

No texto, o uso da expressão "água que não acaba mais" (l. 7) revela
(A) admiração pelo tamanho do rio.
(B) ambição pela riqueza da região.
(C) medo da violência das águas.
(D) surpresa pela localização do rio.

Análise
Toda escolha de termos implica uma interpretação e é essencial reconhecer os diferentes sentidos
deles em função da intenção do autor. Nesta questão, em que se pede o significado de "água que
não acaba mais", deve-se compreender a linguagem figurada. A autora admira o tamanho do
Amazonas e usa uma expressão hiperbólica para enfatizar o volume de suas águas.

Orientações
A leitura de textos jornalísticos é uma atividade excelente para trabalhar a habilidade. Explique que
muitos veículos afirmam buscar a objetividade, a imparcialidade e a neutralidade na transmissão das
notícias, o que é impossível porque a linguagem é carregada de pontos de vista e crenças de quem
produz o texto. Peça que a turma rastreie nas reportagens informações que podem ser consideradas
exatas e outras pessoais.

Reconhecer o efeito de sentido decorrente dos recursos ortográficos e/ou morfossintáticos (Descritor
19)

Magia das Árvores

5 — Eu já lhe disse que as árvores fazem frutos do nada e isso é a mais


pura magia. Pense agora como as árvores são grandes e fortes, velhas e
generosas e só pedem em troca um pouquinho de luz, água, ar e terra.
É tanto por tão pouco! Quase toda a magia da árvore vem da raiz. Sob
a terra, todas as árvores se unem. É como se estivessem de mãos dadas.

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10 Você pode aprender muito sobre paciência estudando as raízes. Elas vão
penetrando no solo devagarinho, vencendo a resistência mesmo dos solos
mais duros. Aos poucos vão crescendo até acharem água. Não erram
nunca a direção. Pedi uma vez a um velho pinheiro que me explicasse
por que as raízes nunca se enganam quando procuram água e ele me

15 disse que as outras árvores que já acharam água ajudam as que ainda
estão procurando.
— E se a árvore estiver plantada sozinha num prado?
— As árvores se comunicam entre si, não importa a distância. Na verdade,
nenhuma árvore está sozinha. Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se

disso.

Máqui. Magia das Árvores. São Paulo: FTD, 1992.

No trecho "Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se disso" (l. 15-16), as frases curtas produzem o
efeito de
(A) continuidade.
(B) dúvida.
(C) ênfase.
(D) hesitação.

Análise

A tarefa aqui exige identificar mudanças de sentido decorrentes das variações


nos padrões gramaticais da língua. No trecho destacado, as frases curtas aumentam o número de
pausas, proporcionando um efeito de ênfase, fazendo com que o leitor tenha tempo para incorporar a
ideia de que não existe solidão, nem entre as árvores nem entre as pessoas. O recurso já veio
explicitado na questão. O que falta é atribuir um sentido a ele.

Orientações

Uma boa estratégia é ler com a moçada textos literários. Nessas leituras, proponha a observação do
que o autor "diz" (o conteúdo do texto) e do "como ele diz" (a maneira como o texto está escrito e os
recursos da linguagem aplicados). É o uso especial das palavras pelo autor que torna o texto literário
artístico.

Noções Sobre Pontuação: Vírgula

Em qualquer idioma, inclusive na língua portuguesa, a pontuação tem a capacidade de articular e


ligar as frases umas às outras, fazendo com que tenham um determinado sentido. É praticamente
impossível ler e compreender um texto que não esteja pontuado, pois não haverá relação entre as
orações.

Colocar a pontuação – vírgula corretamente parece algo muito simples e realmente é, no entanto,
muita gente ainda se confunde e acaba cometendo erros graves ao utilizar a vírgula! Esse sinal
gráfico serve para colocar uma pequena pausa para o leitor no decorrer do texto, enumerar
sequências, introduzir uma especificação e muitas outras funções importantes.

Como Usar Pontuação – Vírgula?

Primeira regra: a vírgula deve aparecer sempre que houver uma noção de sequência. Ou seja,
quando você quiser colocar dois ou mais elementos juntos na oração, eles devem ser separados
entre si pela vírgula. Apenas antes do último elemento há uma alteração e ao invésda vírgula, usa-se
o aditivo “e”, como nos casos abaixo:

• Fui ao supermercado e comprei maçãs, uma melancia, um cacho de uvas e um abacaxi.


• Na escola eu tive aula de português, geografia, história, biologia e física.

A vírgula também deve ser usada para isolar o vocativo, aquele termo que se refere ao interlocutor:

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• Ana, você vai para a academia hoje?


• Amiga, o que acha de irmos para aquela festa?

Sempre que a frase tiver um aposto, ou seja, uma breve explicação sobre o substantivo ou pronome
anteriormente citado, ele deverá aparecer entre vírgulas. Observe:

• Doutor João, que é médico oftalmologista, vai me atender amanhã.


• São Paulo, a maior cidade do Brasil, fará aniversário na próxima semana.

Quando houver datas, a vírgula deve separar o lugar:

• Curitiba, 14 de janeiro de 2015.


• Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1999.

A pontuação – vírgula também é imprescindível para isolar algumas conjunções, como o mas, porém,
no entanto, todavia, entretanto, contudo, pois, embora. A oração deve ficar da seguinte maneira:

• Eu ia para a praia, mas, choveu.


• Queria comer uma pizza, no entanto, estou fazendo dieta.

Sempre quando um verbo ficar oculto em uma oração, porque está subentendido no contexto, a
vírgula também precisa ser colocada, por exemplo:

• Eu estudo Jornalismo. Ele, Direito. (ficou oculto o verbo “estuda” na segunda oração).
• Minha mãe comprou um par de sapatos. Eu, duas camisetas. (suprime-se o verbo “comprei” que
estaria na segunda oração).

Quando você for usar a expressão “e sim” ou “e não”, também precisa usar a pontuação – vírgula,
mas só uma vez, antes da expressão referida. Veja na prática:

• Minha irmã foi para a Europa, e não para a Ásia.


• Não queria ir para o centro da cidade hoje, e sim amanhã.

Nos enunciados em que aparecem duas ou mais orações, sem que haja conjunções interligando-as
(orações assindéticas), essa será a função da vírgula. Entenda melhor abaixo:

• O professor saiu da faculdade naquele dia, viajou, pesquisou muito sobre o assunto e depois
documentou.
• O rapaz olhou a moça fixamente, imaginou sua vida, viajou nos pensamentos por alguns segundos
e voltou a si.

Sempre que você começar uma frase indicando tempo, lugar ou modo, a palavra que indique isso
deverá estar isolada pela pontuação – vírgula:

• Amanhã, nossas aulas vão começar.


• No litoral, faz muito calor.
• Calmamente, a menina se levantou e saiu.

Algumas expressões que indicam exemplo, explicação ou conformação também precisam ser
isoladas por esse sinal gráfico. É o caso de “isto é”, “ou seja”, “com efeito”, “aliás”, “ou melhor”, “logo”
e outras. Veja como fica:

• Meu irmão foi aprovado, logo, conseguiu se formar.


• Penso que essa seja uma boa ideia, ou melhor, é uma ideia excelente!

Por fim, no último caso regular de uso da vírgula, ela deve ser colocada antes do “e” dentro de
sujeitos formados por núcleos diferentes:

• A paz, e o amor, e a tranquilidade são tudo o que podemos ter.

Todos esses casos citados acima demonstram o uso obrigatório da vírgula, para que esse sinal
gráfico possa colocar um “respiro” nos lugares corretos do enunciado, sem que haja alteração do
sentido que se pretende dar às orações.

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Embora a teoria principal seja essa, a única forma de efetivamente aprender a usar a vírgula e todos
os outros sinais de pontuação é por meio da prática. Escrever constantemente, prestando atenção
em todos os sinais gráficos e analisando se eles estão sendo usados nos lugares certos.

Vale colocar todas essas normas sobre a pontuação – vírgula em um cartaz e pendurar no seu local
de estudos, para que possa consultar sempre que tiver alguma dúvida e, ao mesmo tempo, ir
assimilando as regras aos poucos, até que todas elas se tornem naturais e se incorporem
definitivamente ao seu processo de escrita.

Emprego Dos Sinais De Pontuação

Vírgula

Emprega-se a vírgula (uma breve pausa):

a) para separar os elementos mencionados numa relação:

Exemplos:

A nossa empresa está contratando engenheiros, economistas, analistas de sistemas e secretárias.

O apartamento tem três quartos, sala de visitas, sala de jantar, área de serviço e dois banheiros.

OBSERVAÇÃO

Mesmo que o e venha repetido antes de cada um dos elementos da enumeração, a vírgula deve ser
empregada.

Exemplo:

Rodrigo estava nervoso. Andava pelos cantos, e gesticulava, e falava em voz alta, e ria, e roía as
unhas.

b) para isolar o vocativo:

Exemplos:

Cristina, desligue já esse telefone!

Por favor, Ricardo, venha até o meu gabinete.

c) para isolar o aposto:

Exemplos:

Dona Sílvia, aquela mexeriqueira do quarto andar, ficou presa no elevador.

Rafael, o gênio da pintura italiana, nasceu em Urbino.

d) para isolar palavras e expressões explicativas (a saber, por exemplo, isto é, ou


melhor,aliás, além disso etc.):

Exemplos:

Gastamos R$ 20.000,00 na reforma do apartamento, isto é, tudo o que tínhamos economizado


durante anos.

Eles viajaram para a América do Norte, aliás, para o Canadá.

e) para isolar o adjunto adverbial antecipado:

Exemplos:

Lá no sertão, as noites são escuras e perigosas.

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Ontem à noite, fomos todos jantar fora.

f) para isolar elementos repetidos:

Exemplos:

O palácio, o palácio está destruído.

Estão todos cansados, cansados de dar dó!

g) para isolar, nas datas, o nome do lugar:

Exemplos:

São Paulo, 22 de maio de 1995.

Roma, 13 de dezembro de 2005.

h) para isolar os adjuntos adverbiais:

Exemplos:

A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio.

Os candidatos serão atendidos, das sete às onze horas, pelo próprio gerente.

i) para isolar as orações coordenadas, exceto as introduzidas pela conjunção e:

Exemplos:

Ele já enganou várias pessoas, logo não é digno de confiança.

Você pode usar o meu carro, mas tome muito cuidado ao dirigir.

Não compareci ao trabalho ontem, pois estava doente.

j) para indicar a elipse de um elemento da oração:

Exemplos:

Foi um grande escândalo. Às vezes gritava; outras, estrebuchava como um animal.

Não se sabe ao certo. Paulo diz que ela se suicidou, a irmã, que foi um acidente.

k) para separar o paralelismo de provérbios:

Exemplos:

Ladrão de tostão, ladrão de milhão.

Ouvir cantar o galo, sem saber onde.

l) após a saudação em correspondência (social e comercial):

Exemplos:

Com muito amor,

Respeitosamente,

m) para isolar as orações adjetivas explicativas:

Exemplos:

Marina, que é uma pessoa maravilhosa, levou todas as crianças para passear.

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Vidas Secas, que é um romance contemporâneo, foi escrito por Graciliano Ramos.

n) para isolar orações intercaladas:

Exemplos:

Não lhe posso garantir nada, respondi secamente.

O filme, disse ele, é fantástico.

Ponto

1. Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o término de uma frase declarativa de um


período simples ou composto. Nesse caso, ele recebe o nome de ponto-final.

Exemplo:

Desejo-lhe uma feliz viagem.

A casa, quase sempre fechada, parecia abandonada, no entanto tudo no seu interior era conservado
com primor.

2. O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas.

Exemplos:

fev. = fevereiro, hab. = habitante, rod. = rodovia.

Ponto e vírgula

Utiliza-se o ponto e vírgula para assinalar uma pausa maior do que a da vírgula, praticamente uma
pausa intermediária entre o ponto-final e a vírgula. Geralmente, emprega-se o ponto e vírgula para:

a) separar orações coordenadas que tenham certo sentido ou aquelas que já apresentam
separação por vírgula:

Exemplo:

Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher madura, tornou-se uma
doidivanas.

b) separar vários itens de uma enumeração:

Exemplo:

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

III – pluralismo de ideias e de concepções, e coexistência de instituições públicas e privadas de

ensino;

IV – gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais;

(Constituição da República Federativa do Brasil)

Dois-pontos

Os dois-pontos são empregados para:

a) uma enumeração:

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Exemplo:

Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o grito, o salto que deu, levado
de um ímpeto irresistível. (Machado de Assis)

b) uma citação:

Exemplo:

Visto que ela nada declarasse, o marido indagou:


– Afinal, o que houve?

c) um esclarecimento:

Exemplo:

Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não porque o amasse, mas para
magoar Lucila.

Observe que os dois-pontos são também usados na introdução de observações, notas ou exemplos.

Exemplos:

Observação: na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho,
longinho, melhorzinho, pouquinho etc.

Nota: a preposição per, considerada arcaica, somente é usada na expressão de per si (= cada um por
sua vez, isoladamente).

Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Exemplo:


descriminar/discriminar.

Observação

A invocação em correspondência (social ou comercial) pode ser seguida de dois-pontos ou


de vírgula:

Exemplos:

Querida amiga:

Prezados senhores,

Ponto de interrogação

O ponto de interrogação é empregado para indicar uma pergunta direta.

Exemplos:

– O senhor não precisa de mim?

– Não, obrigado. A que horas janta-se?

Ponto de exclamação

1. O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer enunciado com


entonação exclamativa, que normalmente
exprime admiração, surpresa, assombro,indignação etc.

Exemplos:

– Viva o meu príncipe!

– Que bom que você veio!

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2. O ponto de exclamação é também usado com interjeições e locuções interjetivas:

Exemplos:

Oh!

As Vírgulas E A Mudança De Sentido

No artigo da semana passada (Clique aqui para acessar o artigo), eu procurei esclarecer alguns
casos de emprego da vírgula, os mais básicos talvez, sem entrar muito no terreno, ‘tenebroso’ para
muitas pessoas, da análise sintática.

Desta vez vou discorrer sobre algumas situações em que o tal sinal pode alterar completamente a
mensagem e, se o emissor se distrair, pode acabar dizendo algo distinto daquilo que tinha em mente.

Nas redes sociais têm circulado algumas imagens que brincam exatamente com esse problema.
Observem uma delas:

Para a gramática normativa (aquela a que devemos obedecer nas redações, provas e concursos), a
frase ‘Vou ali comer gente’ não apresenta desvio. Temos um sujeito oculto (eu), uma locução verbal
(vou comer) funcionando como transitiva direta, um objeto direto (gente) e um adjunto adverbial de
lugar (ali). A questão é que nossa sociedade não admite a antropofagia, portanto ‘comer gente’ vai
ser moralmente e criminalmente condenável e para ser aceita pela sociedade a frase deveria estar
pontuada: “Vou ali comer, gente.”

Brincadeiras à parte, alguns exercícios gramaticais apresentam frases parecidas, cuja diferença
consiste graficamente na pontuação e solicitam que se aponte a diferença semântica (de sentido) e
sintática (de função dos termos) entre elas, como estas:

I. Pedro, o gerente do banco ligou.


II. Pedro, o gerente do banco, ligou.

Ambas estão corretas, porém na frase I, Pedro funciona como vocativo, termo que chama a atenção
de um receptor para então passar a mensagem de que o gerente do banco havia ligado. Já na frase
II, Pedro funciona como sujeito, foi ele quem fez a ligação e o gerente do banco, termo isolado por
duas vírgulas, funciona como aposto, explicando quem é o Pedro.

Observe este outro caso de mudança de sentido, apenas alterando o emprego das vírgulas:

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A) Os funcionários que fizeram greve foram demitidos.


B) Os funcionários, que fizeram greve, foram demitidos.

As palavras são exatamente as mesmas, mas temos dois enunciados completamente diferentes. Na
frase A, afirma-se que, de todos os funcionários, apenas os que fizeram greve foram demitidos, ou
seja, de um conjunto, apenas um subconjunto foi demitido. Do ponto de vista sintático, a oração “que
fizeram greve” é uma oração subordinada adjetiva restritiva (restringe uma parte do total).

Na frase B, a informação é outra: todos os funcionários fizeram greve e todos foram demitidos. A
oração “que fizeram greve” aparece agora entre vírgulas e, como vimos no artigo anterior, isso ocorre
quando essa informação é acessória, está ‘a mais’ e pode ser tirada, sem prejuízo da informação
principal. Do ponto de vista sintático é uma oração subordinada adjetiva explicativa.

Ah, cuidado com os ‘achismos’!

Às vezes eu escuto alguns alunos falando: “Mas parece que a oração que explica é a que está sem
vírgula…” Neste caso, como diria aquele árbitro-comentarista de futebol, a regra é clara: sem
vírgulas, a oração é restritiva e a interpretação é ‘não são todos, apenas estes’; com vírgulas, a
oração é explicativa e a informação vale para todos.

E essa informação é relevante tanto para a leitura e interpretação de textos quanto para a resolução
de questões gramaticais. Observe esta questão da 2ª fase da Fuvest de alguns anos:

(FUVEST) Os meninos de rua que procuram trabalho são repelidos pela população.

a) Reescreva a frase, alterando-lhe o sentido apenas com o emprego de vírgulas.

b) Explique a alteração de sentido ocorrida.

Resolução:

a) Os meninos de rua, que procuram trabalho, são repelidos pela população.

b) A ausência de vírgulas frase original serve para instaurar o pressuposto de que nem todos os
meninos de rua procuram trabalho e aquele grupo que procura é repelido pela população. A oração
que procuram trabalho classifica-se como subordinada adjetiva restritiva.

A presença de vírgulas na frase reescrita no item a estabelece o pressuposto de que todos os


meninos de rua procuram trabalho e todos eles são repelidos pela população. A oração entre vírgulas
classifica-se como subordinada adjetiva explicativa.

Sinais De Pontuação

Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da linguagem escrita. Embora não consigam
reproduzir toda a riqueza melódica da linguagem oral, eles estruturam os textos e procuram
estabelecer as pausas e as entonações da fala. Basicamente, têm como finalidade:

1) Assinalar as pausas e as inflexões de voz (entoação) na leitura;

2) Separar palavras, expressões e orações que devem ser destacadas;

3) Esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer ambiguidade.

“Segundo a ótima definição de Júlio Ribeiro, pontuação é a ‘arte de dividir, por meio de sinais
gráficos, as partes do discurso que não têm entre si ligação íntima, e de mostrar do modo mais claro
as relações que existem entre essas partes’ ” (Napoleão Mendes de Almeida, Gramática Metódica da
Língua Portuguesa, p. 570).

“Com Nina Catach, entendemos pontuação um sistema de reforço da escrita, constituído de sinais
sintáticos, destinados a organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das pausas
orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as funções da sintaxe, gramaticais,
entonacionais e semânticas” (Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa, p. 604).

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“A língua escrita não dispõe dos inumeráveis recursos rítmicos e melódicos da língua falada. Para
suprir esta carência, ou melhor, para reconstituir aproximadamente o movimento vivo da elocução
oral, serve-se da PONTUAÇÃO” (Celso Cunha & Lindley Cintra, Nova Gramática do Português
Contemporâneo, p. 625).

Levando em consideração as definições acima, podemos dizer que os sinais de pontuação têm por
finalidade assinalar as pausas e as entonações na leitura, separar palavras, expressões e orações
que precisam ser destacadas – e para fazer esclarecimentos a respeito de algo que se escreveu.

Na nossa linguagem diária usamos a entoação mas, na maioria das vezes, nem percebemos. Ela é
capaz de mudar o significado do que dizemos. Observe:

Uso e Abuso da Língua Portuguesa.

Também, ao tentarmos reproduzir no papel a entoação que usamos ao falar, encontramos


dificuldade, pois a pontuação não consegue cumprir bem essa finalidade. Então, na tentativa de
reproduzir um pouco do movimento vivo de nossa fala, usamos a pontuação.

Principais usos dos sinais de pontuação:

Ponto Final ( . )

É utilizado na finalização de frases declarativas ou imperativas:

Lembrei-me de um caso antigo.

Vamos animar a festa.

O ponto final também é utilizado em abreviaturas:

Sr. (senhor), Sra. (senhora), Srta. (senhorita), pág. (página).

Ponto De Interrogação (?)

É utilizado no fim de uma palavra, oração ou frase,

indicando uma pergunta direta.


Quem é você? Por que ninguém ligou? Que dia é hoje?

Não deve ser usado nas perguntas indiretas.

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Perguntei a você quem estava no quarto.

Ponto De Exclamação (!)

É usado no final de frases exclamativas, depois de interjeições ou locuções.

Marca o enunciado de entoação exclamativa.

Ah! Isso é demais! Mas que doce gostoso!

Dois Pontos ( : )

Os dois pontos são empregados nos seguintes casos:

- para iniciar uma enumeração.

O computador tem a seguinte configuração: memória RAM 256 MB;

HD 40 GB; fax-modem; placa de rede e som.

Precisamos comprar: leite, carne, ovos, pão e açúcar.

- antes de uma citação.

Já diz o ditado: tal pai, tal filho.

Como já diz a música: o poeta não morreu.

- para iniciar a fala de uma pessoa, personagem.

O repórter disse:

- Nossa reportagem volta à cena do crime.

- para indicar esclarecimento, um resultado ou resumo do que já foi dito.

Nota de esclarecimento:

Nossa empresa não envia e-mail a seus clientes.

Quaisquer informações devem ser tratadas em nosso escritório.

O Ministério de Saúde adverte: fumar é prejudicial à saúde.

Reticências (…)

Para indicar suspensão ou interrupção de pensamento. Para indicar hesitação. Para indicar ironia,
malícia ou qualquer outro sentimento que o autor não quer explicitar (Exemplo: Aqui jaz meu amigo.
Ele repousa e eu também…). Para dar tempo ao leitor para que ele reflita sobre o que foi escrito na
mensagem.

No caso a seguir, marca uma enumeração exaustiva, entremeada de pausas.


Ironiza-se o excesso de procedimentos de segurança adotados nos
Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996.

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- para indicar suspensão ou interrupção do pensamento.

Estava digitando quando...

Guiava tranquilamente quando passei pela cidade e...

- para indicar hesitações comuns na língua falada.

Não vou ficar aqui por que... por que... não quero problemas.

- para indicar movimento ou continuação de um fato.

E a bola foi entrando...

- para indicar dúvida ou surpresa na fala da pessoa.

Rodrigo! Você... passou no vestibular!

Antônio... você vai viajar?

Aspas (” “)

No início e no fim de uma citação ou de um trecho/texto transcrito de uma obra. Para indicar o uso
proposital de um vício de linguagem. Nos nomes de obras. Em legendas. Para dar ênfase ou
destacar uma palavra, expressão ou frase. Se as aspas abrangem todo um trecho, elas devem ser
colocadas depois do ponto final desse trecho.

- na indicação de nomes de livros.

Já li “O Ateneu” de Raul Pompéia.

“Os Lusíadas” de Camões tem grande importância literária.

Na bandeira está escrito: “Ordem e Progresso”.

- nas citações ou transcrições de obras.

“Tudo começou com um telefonema da empresa, convidando-me para trabalhar lá na sede. Já havia
mandado um currículo antes, mas eles nunca entraram em contato comigo. Quando as seleções
recomeçaram mandei um currículo novamente”, revelou Cleber.

- para destacar palavras que representem estrangeirismo, vulgarismo, ironia.

Que “belo” exemplo você deu.

Vamos assistir a “show” de mágica.

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Parênteses Ou Parêntesis ( )

São usados nos seguintes casos:

- na separação de qualquer indicação de ordem explicativa, para intercalar

uma informação acessória.

Predicado verbo-nominal é aquele que tem dois núcleos: o verbo (núcleo verbal) e o predicativo
(núcleo nominal).

- na separação de um comentário ou reflexão.

Os escândalos estão se proliferando (a imagem política do Brasil está manchada) por todo o país.

- para separar indicações bibliográficas.

(Mario Quintana, A Rua dos Cata-Ventos, Porto Alegre, 1972).

Vírgula ( , )

A vírgula é usada nos seguintes casos:

- para separar o nome de localidades das datas.

Recife, 28 de junho de 2005.

- para separar vocativo.

Meu filho, venha tomar seus remédios.

- para separar aposto.

Brasil, país do futebol, é um grande centro de formação de jogadores.

- para separar expressões explicativas ou retificativas, tais como:

isto é, aliás, além, por exemplo, além disso, então...

O nosso sistema precisa de proteção, isto é, de um bom antivírus.

Além disso, precisamos de um bom firewall.

Porém, os estudos foram encerrados.

Os estudos, porém, foram encerrados.

“O amor, por exemplo, é um sacerdócio.” (Machado de Assis)

Escapamos, isto é, fugimos.

- para separar orações coordenadas assindéticas (não introduzidas por conjunção).

Não se perca de mim, nem desapareça.

Cobram muitos impostos, no entanto poucas obras são feitas.

- para separar orações coordenadas sindéticas (introduzidas por conjunção e classificadas conforme
as conjunções que as introduzem), desde que não sejam iniciadas por e, ou nem.

Ela ganhou um carro, mas não sabe dirigir.

Eu não quero ir ao cinema nem jogar futebol.

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Preciso falar com você e combinar nosso passeio.

- para separar orações adjetivas explicativas.

A Amazônia, pulmão mundial, está sendo devastada.

- para separar o adjunto adverbial.

Com a pá, retirou a sujeira.

Observações:

- para evitar frases confusas e mesmo equívocas.

“A grita se levanta ao céu, da gente.” (Camões)

“É fácil dar bons conselhos; segui-los sempre, custa mais.” (J. Nogueira).

- para indicar a elipse do verbo.

“O colégio compareceu fardado; a diretoria, de casaca.” (R. Pompeia)

- para, nas datas, separar os topônimos.

Ex: São Paulo, 15 de maio de 2008.

Rua Boa Morte, 1.242

Caixa Postal 14 (correto)

Caixa Postal, 14 (errado)

Apartamento 80

Casa 26

Ponto E Vírgula ( ; )

Indica uma pausa mais longa que a vírgula, porém mais breve que o ponto final.

Emprega-se o ponto e vírgula nos seguintes casos:

- para separar os itens de uma enumeração (relação) feita até o penúltimo item; para separar os
considerandos de uma lei ou de um decreto; num trecho em que ocorreram muitas vírgulas.

As vozes do verbo são:

voz ativa;

voz passiva;

voz reflexiva.

- para aumentar a pausa antes das conjunções adversativas – mas, porém, contudo, todavia – e
substituir a vírgula.

Deveria entregar o documento hoje; porém, só o entregarei amanhã à noite.

A Vírgula Altera O Sentido Da Frase?

O emprego da vírgula está condicionado a razões de ordem sintática. Dessa forma, a presença ou
não desse sinal de pontuação, além de ser fundamental para determinar a função sintática dos
termos na oração, é imprescindível no sentido da frase. Observe:

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O advogado do cantor, Sérgio Silva, requereu no Supremo Tribunal de Justiça a anulação da prisão
temporária de seu cliente.

O advogado do cantor Sérgio Silva requereu ontem no Supremo Tribunal de Justiça a anulação da
prisão temporária de seu cliente.

No primeiro exemplo, a presença das vírgulas indica que o nome do advogado do cantor é Sérgio
Silva e o nome do cantor é desconhecido por nós. Porém, no segundo exemplo, a ausência das
vírgulas indica que Sérgio Silva é o nome do cantor. Neste caso, o nome do advogado é
desconhecido por nós.

Veja mais um exemplo:

João quer almoçar.

João, quer almoçar?

As duas orações são compostas das mesmas palavras, mas a pontuação diferente altera-lhes
substancialmente o sentido.

Na primeira, há uma frase declarativa, marcada pelo ponto final. O termo "João" é o sujeito da oração.
Na segunda, há uma frase interrogativa. A vírgula, após o termo "João", indica que ele funciona como
vocativo da oração.

Qual o sentido você observa nas duas frases abaixo?

Os candidatos, que não levarem a identidade, não poderão fazer a prova.

Os candidatos que não levarem a identidade não poderão fazer a prova.

A Vírgula Fatal

A czarina russa Maria Fyodorovna certa vez salvou a vida de um homem, apenas mudando a vírgula
de sua sentença de lugar. Muito inteligente, ela que não concordava com a decisão de seu marido,
Alexandre II, usou o artificio a seguir. O Czar enviou o prisioneiro para a prisão e morte no calabouço
da Sibéria. No fim da ordem de prisão vinha escrito: “Perdão impossível, enviar para Sibéria.” Maria
ordenou que redigissem nova ordem, e fingindo ler o documento original, mudou uma vírgula,
transformando a ordem em: “Perdão, impossível enviar para Sibéria.” E o prisioneiro foi libertado.

A Vírgula De Um Milhão De Dólares

Pode parecer incrível, mas uma única vírgula causou uma confusão e prejuízo terrível para o governo
dos EUA. A história é a seguinte: Na lei de tarifa alfandegária aprovada pelo congresso em 6 de junho
de 1872, uma lista de artigos livres de impostos incluía: “plantas frutíferas, tropicais e semi-
tropicais”. Na hora de escrever o documento, um funcionário público distraído acrescentou sem
perceber uma nova vírgula, deixando o texto assim: “plantas, frutíferas, tropicais e semi-
tropicais". Isso fez com que todos os importadores de plantas americanos pleiteassem o direito de
importação livre de impostos. Isso causou uma fortuna em impostos aos cofres dos EUA, e a lei só foi
reescrita em 9 de maio de 1894. O desastrado funcionário público, ao que parece, não foi demitido.

A Vírgula Da Dieta Dos Pandas

O fascínio popular com erros de gramática valeu a Lynne Truss vários milhões de libras, quando seu
livro sobre pontuação, “Eats, Shoots and Leaves” – Uma frase encontrada num comentário sobre a
dieta dos pandas – chegou ao topo da lista de best sellers no Reino Unido e nos Estados Unidos nos
anos de 2003 a 2004 "Eats, Shoots and Leaves” com a virgula, significa “Come, Atira e Vai Embora”.
No documentário sobre Pandas, eles provavelmente queriam dizer sem a vírgula “Eats Shoots and
Leaves".O que significaria “Come Brotos e Folhas”.

A Vírgula Da Blasfêmia

A vírgula já causou embaraço também para os religiosos. Em várias edições da Bíblia do rei James,

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Lucas 23:32 é alterado inteiramente pela maldita vírgula. Não por ela, mas sim pela falta dela. Na
passagem que descreve os outros homens crucificado com Cristo, as edições erradas dizem: “E
havia mais dois outros malfeitores”. A falta da vírgula colocou Cristo como malfeitor na própria Bíblia.
O correto seria “E havia mais dois outros, malfeitores".

Duplo Sentido

Duplo sentido das frases é muito comum em escritas rápidas, como linguagem de Internet, por
exemplo, que frases enormes são formadas em sites de relacionamentos sem nenhuma ou qualquer
pontuação. Se lida por 4 pessoas, certamente teremos mais de 8 interpretações diferentes de um
mesmo texto.

Um simples erro de colocação de virgula matou Lucas um homem inocente. A vírgula, se mal
colocada, muda totalmente o sentido das frases, ela é um simples detalhe que determina as pausas
entre as frases para sua compreensão, que deve ser utilizada como uma ferramenta da língua com
cautela, afinal por menor que seja é um recurso enorme e é capaz de matar alguém!

Num reino muito antigo, há muitos anos atrás Lucas, um homem inocente morre! Lucas teria sido
condenado à forcapor suposta tentativa de homicídio, de uma moça da nobreza. Minutos antes do
enforcamento de Lucas o rei Robert recebe um pergaminho de Amélia uma espécie de delegada da
época, com os seguintes dizeres: "Homem bom não, mate-o!" Robert então deu o avaro para o
enforcamento de Lucas, com a certeza de que era culpado, com os dizeres escritos por Amélia.

Amélia quis salvar Lucas, mas um erro de colocação da vírgula acabou por enforcar um homem
inocente.O correto seria:"Homem bom, não mate-o!"

Verdadeiro sentido :

Lucas morreu enforcado!

Os homem são com este pergaminho com uma vírgula no lugar errado, são capazes de se expressar-
se de diversas formas para expor seus sentimentos, assim pode forçar as pessoas a se questionarem
sobre estas expressões. O homem sabe utilizar as ferramentas figuras de linguagem para seu próprio
benefício, verbalmente; entretanto, muitas vezes, não é capaz de expor suas expressões
manuscritas, pois não consegue trabalhar de forma eficiente ao utilizar os sinais de pontuação.

Somos como um ponto de interrogação sempre questionando e sendo questionados.

As vírgulas em nossas vidas vêm para pausar a pressa que é a inimiga de nossa perfeição.

A vírgula matou Lucas!

Observe como cada uso da vírgula

muda o sentido de cada enunciação:

1. Vírgula pode ser uma pausa... ou não.


Não, espere.
Não espere.

2. Ela pode sumir com seu dinheiro.


23,4.
2,34.

3. Pode ser autoritária.


Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.

4. Pode criar heróis.


Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

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5. E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.

6. Ela pode ser a solução.


Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

7. A vírgula muda uma opinião.


Não queremos saber.
Não, queremos saber.

8. SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA


PROCURA.

- Se você for mulher, certamente colocará a vírgula depois de MULHER.


- Se você for homem, certamente colocará a vírgula depois de TEM.

9. Esse texto é bem interessante:

Um homem rico, sentindo-se morrer, pediu papel e pena, e escreveu


assim:

"Deixo os meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a
conta do alfaiate nada aos pobres".

Não teve tempo de pontuar - e morreu. A quem deixava ele a fortuna que
tinha? Eram quatro os concorrentes. Chegou o sobrinho e fez estas
pontuações numa cópia do bilhete:

"Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será
paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres".

A irmã do morto chegou em seguida, com outra cópia do escrito; e


pontuou-o deste modo:

"Deixo os meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga
a conta do alfaiate. Nada aos pobres".

Surgiu o alfaiate que, pedindo cópia do original, fez estas


pontuações:

"Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será
paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres".

O juiz estudava o caso, quando chegaram os pobres da cidade; e um


deles, mais sabido, tomando outra cópia, pontuou-a assim:

"Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será
paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres".

10. Muda o sentido da oração:

I - Em pouco não haverá mais meninos que joguem tudo na rua.


II - Em pouco não haverá mais meninos que joguem tudo, na rua.

Na frase II a vírgula apenas explica que os meninos jogam tudo na rua,


enquanto na frase I, onde não há vírgula, há uma restrição, ou seja, os
meninos jogam tudo apenas na rua.

11. Muda o sentido da oração:

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I - Era incriminador o olhar que recebi numa viagem de meu filho.


II - Era incriminador o olhar que recebi, numa viagem, de meu filho.

Na 1ª fase, a ideia é de que a viagem foi feita apenas pelo filho e que o
olhar não partiu dele, enquanto que na 2ª frase a ideia é de que mãe e
filho estavam juntos e que o olhar dirigido a ela foi do filho.

12. Muda o sentido da oração:

Matar o prefeito, não é crime.


Matar o prefeito não, é crime.

13. A vírgula e o ponto também:

"Um caçador tinha um cão e a mãe do caçador era também o pai do cão."
"Um caçador tinha um cão e a mãe. Do caçador, era também o pai do cão."

Ou seja: O caçador tinha um cão, a mãe do cão e o pai do cão.

14. Limita a significação do antecedente ou acrescenta informação:

O Olavo Bilac que escreveu O caçador de esmeraldas é um bom escritor.


O Olavo Bilac, que escreveu O caçador de esmeraldas, é um bom escritor.

15. Muda o sentido:

Se a corte condena, eu não absolvo.


Se a corte condena, eu não, absolvo.

16. Muda o sentido:

Enquanto o padre pasta, o burro reza.


Enquanto o padre pasta o burro, reza.

17. Como pontuar a frase abaixo?

Uma andorinha só não faz verão

Observe:
Uma andorinha só não faz: verão!

18. Limita a significação do antecedente ou acrescenta informação:

Encontrar você como combinamos não vai dar.


Encontrar você, como combinamos, não vai dar.

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Informações complementares sobre o uso da vírgula:

A vírgula indica uma pausa pequena, deixando a voz em suspenso à espera da

continuação do período. Geralmente é usada:

- nas datas, para separar o nome da localidade.

São Paulo, 25 de agosto de 2005.

- após o uso dos advérbios "sim" ou "não", usados como resposta, no início da frase.

– Você gostou do vestido?


– Sim, eu adorei!
– Pretende usá-lo hoje?
– Não, no final de semana.

- após a saudação em correspondência (social e comercial).

Com muito amor,


Respeitosamente,

- para separar termos de uma mesma função sintática.

A casa tem três quartos, dois banheiros, três salas e um quintal.

Obs.: a conjunção "e" substitui a vírgula entre o último e o penúltimo termo.

- para destacar elementos intercalados, como:

a) uma conjunção

Estudamos bastante, logo, merecemos férias!

b) um adjunto adverbial

Estas crianças, com certeza, serão aprovadas.

Obs.: a rigor, não é necessário separar por vírgula o advérbio e

a locução adverbial, principalmente quando de pequeno corpo,

a não ser que a ênfase o exija.

c) um vocativo

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Apressemo-nos, Lucas, pois não quero chegar atrasado.

d) um aposto

Juliana, a aluna destaque,passou no vestibular.

e) uma expressão explicativa

(isto é, a saber, por exemplo, ou melhor, ou antes, etc)

O amor, isto é, o mais forte e sublime dos sentimentos humanos,

tem seu princípio em Deus.

- para separar termos deslocados de sua posição normal na frase.

O documento de identidade, você trouxe?

-para separar elementos paralelos de um provérbio.

Tal pai, tal filho.

-para destacar os pleonasmos antecipados ao verbo.

As flores, eu as recebi hoje.

-para indicar a elipse de um termo.

Daniel ficou alegre; eu, triste.

- para isolar elementos repetidos.


A casa, a casa está destruída.
Estão todos cansados, cansados de dar dó!

-para separar orações intercaladas.

O importante, insistiam os pais, era a segurança da escola.

- para separar orações coordenadas assindéticas.

O tempo não para no porto, não apita na curva,não espera ninguém.

- para separar orações coordenadas adversativas, conclusivas, explicativas e

algumas orações alternativas.

Esforçou-se muito,porém não conseguiu o prêmio.


Vá devagar, que o caminho é perigoso.
Estuda muito, pois será recompensado.
As pessoas ora dançavam, ora ouviam música.

ATENÇÃO

Embora a conjunção "e" seja aditiva, há três casos em que se usa a vírgula antes de sua ocorrência:

1) Quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.

Por Exemplo:

O homem vendeu o carro, e a mulher protestou.

Neste caso, "O homem" é sujeito de "vendeu", e "A mulher" é sujeito de "protestou".

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2) Quando a conjunção "e" vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto).

Por Exemplo:

E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.

3) Quando a conjunção "e" assumir valores distintos que não seja da adição (adversidade,
consequência, por exemplo)

Por Exemplo:

Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.

-para separar orações subordinadas substantivas e adverbiais, sobretudo quando vêm

antes da principal.

Por Exemplo:

Quem inventou a fofoca, todos queriam descobrir.


Quando voltei, lembrei que precisava estudar para a prova.

-para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas.

Por Exemplo:

A incrível professora, que ainda estava na faculdade, dominava todo o conteúdo.

Termos aos quais queremos dar ênfase (geralmente pleonásticos), mormente quando na

ordem inversa:

As folhas, levou-as o vento.

Ao homem, deu-lhe Deus a sensibilidade para amar o bem.

Palavras de mesma categoria gramatical (sujeito composto, vários adjuntos, objetos diretos etc):

A noz, o burro, o sino, o preguiçoso, nenhum sem pancada faz seu ofício.

Uso da vírgula entre as orações do período: quanto à vírgula separando orações, devemos observar
que todas as orações costumam, salvo exceções, admitir vírgula entre si.

Separando Orações Intercaladas

Os soldados, saltando a pulo as trincheiras, fugiam à velocidade espantosa do animal.

Não podemos, dizia ele, pagar o bem com o mal.

Observação: a oração intercalada pode vir também separada pelo duplo travessão e por parênteses.

Separando orações subordinadas adverbiais, quando iniciam período ou se intercalam:

Como Buda disse, tudo é dor.

Ainda que a situação fosse adversa, conseguimos bom resultado.

Quando ela desapareceu, o jovem recostou-se ao tronco da imburana e esperou.

Separando orações subordinadas adjetivas explicativas:

Os homens, que são seres racionais, dominam a natureza.

O juiz, que era íntegro, não se vendeu.

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Observação: A oração subordinada adjetiva é aquela que desempenha função típica de um adjetivo,
atuando como adjunto adnominal em relação a um nome da oração principal.

Vem sempre associada a um nome e introduzida por um pronome relativo que, o qual (a qual, os
quais, as quais), quem, cujo (cuja, cujos, cujas), onde.

Classifica-se em subordinada adjetiva restritiva e explicativa.

Oração subordinada adjetiva restritiva é aquela que, como o próprio nome já diz, restringe ou
particulariza o nome a que se refere a todos os elementos do conjunto.

A adjetiva restritiva não se separa da oração principal por meio de vírgula.

Há um conjunto formado por todos os alunos; dentro desse conjunto há um subconjunto formado
apenas pelos alunos que passarem na prova; a informação dada pela oração adjetiva que passarem
na prova aplica-se apenas ao subconjunto: entende-se, portanto, que os demais alunos (os que não
passarem) não serão inscritos. Percebe-se então que esse tipo de oração adjetiva restringe, limita a
extensão do termo a que se refere (no exemplo dado, esse termo é o substantivo alunos); daí ser
classificada como oração adjetiva restritiva.

Já a oração subordinada adjetiva explicativa é aquela que não restringe nem particulariza o nome a
que se refere: apenas põe em evidência uma propriedade interpretada como pertencente a todos os
elementos do conjunto a que se refere.

A adjetiva explicativa vem sempre isolada entre vírgulas.

Não se usa vírgula antes de:

Orações subordinadas substantivas:

Esperamos que ele vença.

Não se imaginava que a propaganda seria tão agressiva.

Observação: As orações subordinadas apositivas, quando deslocadas, vêm entre vírgulas.

Exs.: Proferiu o agonizante estas palavras: que nós não o devíamos abandonar.

Estas palavras, que nós não o devíamos abandonar, o agonizante proferiu.

Orações subordinadas adjetivas restritivas: conforme explicação dada acima.

Orações ligadas pela conjunção E:

Quando as orações são ligadas pela conjunção E, normalmente se utiliza vírgula.

Não obstante, coloca-se vírgula antes da conjunção E, quando:

As orações têm sujeitos diferentes:

A noite caía, e o baile começou.

A 2ª oração repete o conceito da 1ª (pleonástica):

Neguei-o eu, e nego.” (Rui Barbosa)

O E é puramente enfático (polissíndeto):

E suspira, e geme, e sofre, e sua.

O E tem valor de mas (adversativa):

Estudou, e foi reprovado.

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Recursos Ortográficos

O Estudo Morfossintático Das Palavras

Durante toda nossa trajetória enquanto seres aprendizes, passamos por determinadas etapas que
norteiam a prática da educação formal.

No que se restringe às disciplinas da grade curricular, mais especificamente à Língua Portuguesa,


apreendemos os conteúdos direcionados a cada série de uma forma específica. Como por exemplo,
no 6º ano estudamos todas as classes gramaticais, e nos anos seguintes, a ênfase é para a sintaxe e
toda a sua complexidade de temas.

Quando adentramos no ensino médio, começa uma fase revisional de tudo aquilo que já travamos
contato durante as séries anteriores.

E é justamente nesse período que nos deparamos com a chamada Morfossintaxe.Ela nada mais é,
que a junção da Morfologia, a qual estuda as palavras de acordo com sua classe gramatical, e
a Sintaxe, onde o estudo centra-se na posição desempenhada pelas palavras em meio ao contexto
linguístico.

Diante disso, torna-se essencial nos inteirarmos completamente sobre o assunto, pois o mesmo é
muito requisitado em provas de vestibulares e concursos de uma forma geral.

Ao falarmos sobre morfossintaxe, devemos levar em consideração que uma mesma palavra
analisada sob a ótica morfológica pode assumir diversificadas funções quando analisada de acordo
com a sintaxe.

Com o objetivo de assimilarmos nossos conhecimentos de uma forma mais contundente,


analisaremos as seguintes orações:

O conhecimento é essencial a todos.

Logo, analisando o vocábulo “conhecimento” de acordo com a classe morfológica, estamos diante de
um substantivo abstrato.

Sintaticamente, o mesmo poderá exercer papéis divergentes. Observe:

Nessa oração ele é sujeito simples, por tratar-se de apenas um núcleo.

Já em:

Devemos priorizar o conhecimento, a palavra “conhecimento” funciona como objeto direto, pois o
verbo priorizar é transitivo, e, consequentemente, requer um complemento.

Os alunos necessitam de conhecimento para obter bons resultados. Nesse exemplo, o vocábulo
exerce a função de objeto direto como sendo um complemento do verbo necessitar, que, via de regra,
exige a presença de uma preposição.

Gostaria que você saciasse a minha ânsia por conhecimentos. A palavra ”conhecimento” completa o
sentido de um nome - o substantivo “ânsia”, portanto, trata-se de um complemento nominal.

A Estilística é a parte dos estudos da linguagem que, como o próprio nome denota, preocupa-se com
o estilo. Nela, a linguagem pode ser utilizada para fins estéticos, conferindo à palavra dados
emotivos.

A linguagem afetiva é representada por esse importante recurso, no qual podemos observar os
processos de manipulação da linguagem utilizados para extrapolar a mera função de informar. Na
Estilística há um interessante contraste entre o emocional e o intelectivo, estabelecendo uma relação
de complementaridade entre seu estudo e o estudo da Gramática, que aborda a linguagem de uma
maneira mais normativa e sistematizada.

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Muitas pessoas ainda associam o estilo a uma ideia de deformação da norma linguística, o que não é
necessariamente uma verdade, visto que existe uma grande diferença entre traço estilístico e erro
gramatical. O traço estilístico acontece quando há uma intenção estético-expressiva que justifique o
desvio da norma gramatical. Já o erro gramatical não apresenta uma intenção estética, pois
configura-se apenas como um desconhecimento das regras.

Existem, pois, os seguintes campos da Estilística:

⇒ Estilística fônica;

⇒ Estilística morfológica;

⇒ Estilística sintática;

⇒ Estilística semântica.

Para auxiliar na organização das palavras, tanto na linguagem escrita como na linguagem oral, a
Estilística ocupa-se do estudo dos elementos expressivos, abarcando assim a conceitualização e os
diversos usos das figuras, vícios e funções de linguagem. A partir da leitura de nossos artigos, você
poderá entender quão importante é a Estilística, um recurso amplamente utilizado em diversos
gêneros, especialmente na linguagem poética e na linguagem publicitária.

Os Campos Da Estilística

A Estilística, assim como todas as outras ramificações gramaticais, abrange todos os domínios da
uma língua; estuda todas as ocorrências linguísticas e em todas as suas situações pragmáticas. A
estilística está diretamente conectada com o indivíduo que produz um enunciado, utilizando o meio
que for preciso.

Sendo assim, os pesquisadores mostram os seguintes campos que compõem os estudos estilísticos
da linguagem:

Campo Estilístico Fônico

Estuda o valor expressivo do som da língua. Vai para o nível fonético e toda a sua expressividade,
toda sua semanticidade e significação (ver Semanticidade e significação + na página da semântica).

Campo Estilístico Morfológico

Estuda o valor gramatical morfológico dos enunciados; tais como aquele plural convidativo (vamos
estudar?), plural de modéstia (nós, os realizadores deste evento...), o emprego expressivo de sufixos
(gentalha, gentalha! Plrrr...) etc.

(Ver a Moderna gramática de Bechara para informações avançadas)

Campo Estilístico Sintático

Estuda o valor expressivo das construções dos enunciados; veja bem: CONSTRUÇÕES.

A saber: Regência – concordâncias – colocações de alguns termos morfossintáticos – as famosas


figuras de sintaxe.

Campo Estilístico Semântico

Estuda a, como diria Bechara, “significação ocasional e expressiva” das palavras. Um sub-campo dos
estudos das figuras da linguagem.

O Que É Estilística

A estilística é um recurso da linguística relacionado com o estilo da linguagem utilizada, tanto oral
quanto escrita. É o estudo da variação da língua para atribuir às palavras e frases sentidos emotivos
e estéticos. A estilística trabalha com o contexto no qual as palavras se inserem para identificar os
diversos sentidos. A escolha de um sinônimo em vez de outro, palavras que trazem significados que

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não são originalmente definidos para ela, a estilística é feita para explicar todas essas questões da
linguagem.O foco de estudo não são apenas as palavras, mas a forma como elas são organizadas,
não do mesmo jeito que a sintaxe as estuda, mas como são pronunciadas e em que posição
geográfica elas se encontram, como se organizam em relação ao texto e o tipo de escrita usada.
Todos esses fatores podem criar um diferente resultado de entendimento, segundo os estudos
estilísticos. Em resumo, a estilística é uma forma de se expressar usando a língua e ultrapassando
apenas o significado literal das palavras.

Estilística E Os Estudos Da Linguagem

Uma característica da estilística é que ela pode passar por todos os outros estudos da linguagem e
formar recursos de expressão. Não necessariamente ele interage com um por vez, mas para facilitar
o estudo é melhor separá-los.

Estilística E Fonética

A fonética pode ser combinada com a estilística de diversas maneiras, como, por exemplo, pela
repetição de fonemas ao longo do texto. O uso de palavras que não possuem um significado exato,
pois são apenas reproduções gráficas de sons, também é fruto desta relação entre as áreas da
linguísticas. A sonoridade das palavras cria um certo ritmo para o texto que foge do estudo da
gramática.

Estilística E Morfologia

Os recursos morfológicos normalmente estão presentes na estilística em sufixos das palavras, os


mais comuns são os de aumentativo e diminutivo. Esses dois tipos de sufixos normalmente referem-
se ao tamanho de alguém ou algo, mas neste contexto não precisam referir-se necessariamente a
isso, e por essa razão é possível, por exemplo, compor apelidos carinhosos simplesmente
adicionando-se um sufixo diminutivo a um nome próprio.

Estilística E Sintaxe

A sintaxe traz diversos recursos expressivos, podendo interagir com a estilística de várias maneiras.
Uma delas é retirar os conectivos de uma oração para desacelerar o ritmo, ou repeti-los para
acelerar. Os recursos sintáticos podem produzir diversos sentidos numa oração, dar ênfase, igualar a
língua escrita com a oral, entre diversos outros objetivos.

Estilística E Semântica

A semântica trabalha com os significados das palavras, e usando-a como recurso expressivo, é
possível fazer com que uma palavra tenha um significado que não pertence a ela, mas no contexto
seja possível perceber ao que se refere. Essa mistura de semântica e estilística gera várias figuras de
linguagem, entre elas a metáfora e a metonímia.

Elementos Da Estilística

O estudo aprofundado da estilística a diversos outros assuntos é importante para a expressão e para
entender melhor não só a literatura, mas qualquer obra que carregue um mínimo de expressão. São
itens pertinentes à estilística:

Figuras de Linguagem: São recursos estilísticos que utilizam aspectos fonólogicos, sintáticos ou
semânticos para auxiliar a expressão do emissor.

Funções de Linguagem: São formas que a linguagem assume a partir da adoção de recursos
estilísticos que conferem a ela certas características que a tornam adequada para determinadas
finalidades.

A Morfossintaxe A Serviço Das Relações Semântico-Estilísticas

Aplicação Num Texto Em Prosa

Para mostrar um pouco das relações entre morfossintaxe, semântica e estilística, tomaremos primeiro
um dos parágrafos de crônica de João do Rio (1994, p. 16), publicada no livro Momento Literário:

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A Arte não é, como ainda querem alguns sonhadores ingênuos, uma aspiração e um trabalho à parte,
sem ligação com as outras preocupações da existência. Todas as preocupações humanas se
enfeixam e misturam de modo inseparável. As torres de ouro e marfim, em que os artistas se
fechavam, ruíram desmoronadas. A Arte de hoje é aberta e sujeita a todas as influências do meio e
do tempo: para ser a mais bela representação da vida, ela tem de ouvir e guardar todos os gritos,
todas as queixas, todas as lamentações do rebanho humano. Somente um louco – ou um egoísta
monstruoso – poderá viver e trabalhar consigo mesmo, trancado a sete chaves dentro do seu sonho,
indiferente a quanto se passa, cá fora, no campo vasto em que as paixões lutam e morrem, em que
anseiam as ambições e choram os desesperos, em que se decidem os destinos dos povos e das
raças...

Destaquemos alguns dados relevantes acerca do entrelaçamento das opções redacionais do


cronista, ora apresentadas no modelo da estrutura coordenativa, ora no modelo da estrutura
subordinativa – ou pela combinação de ambas.

A intenção do autor é falar da Arte em seus aspectos contemporâneos e em suas ligações com o
meio e o tempo. Ele quer contestar a opinião dos que colocam a Arte num espaço à parte. A solução
sintática adotada reforça essa dupla pretensão: primeiro, encabeçando o parágrafo com o sujeito “a
Arte” para definir o que ela “não é”; segundo, acrescentando logo após o sujeito o argumento a ser
derrotado (para isso nada melhor do que o sintagma “sonhadores ingênuos”).

O combate ao passadismo segue em dois períodos curtos (e categóricos): Todas as preocupações


humanas se enfeixam e misturam de modo inseparável. As torres de ouro e marfim, em que os
artistas se fechavam, ruíram desmoronadas. Em vez de estabelecer elos lexicais (causais,
conclusivos, temporais) entre ambos, o cronista opta pela concisão sintática de dois períodos
compostos: o primeiro por coordenação, o segundo por subordinação.

A mesma estratégia morfossintática usada na junção de “se enfeixam e misturam” é repetida no longo
período que encerra o trecho. Essa passagem mostra duas vezes o uso da conjunção aditiva “e” para
marcar outra intrínseca ligação de verbos: poderá viver e (poderá) trabalhar // as paixões lutam e
morrem.

A sustentação do ponto de vista do redator se vale de recursos de reiteração sintática, como se vê


nos dois predicativos (trancado e indiferente), ambos representados por adjetivos regentes – o
segundo deles acompanhado de oração completiva nominal (a quanto se passa, cá fora, no campo
vasto).

No desfecho do período, a mesma conjunção “e” volta a dar paralelismo à construção subordinada,
ligando dois segmentos em ordem inversa (anseiam as ambições + choram os desesperos),
estrategicamente colocados numa sucessão que se vale da locução relativa “em que”: no campo
vasto em que as paixões lutam e morrem, em que anseiam as ambições e choram os desesperos, em
que se decidem os destinos dos povos e das raças...

Enfaticamente repetidas na sequência final, as orações ligadas por “em que” mostram a combinação
da ordem direta do primeiro trecho (em que as paixões lutam e morrem) com a já mencionada ordem
inversa

dos três últimos (em que anseiam as ambições e [em que] choram os desesperos, em que se
decidem os destinos dos povos e das raças...).

Tudo isso atua como um reforço discursivo dos argumentos oracionais adjetivos, pois as paixões
lutam e morrem, as ambições anseiam, os desesperos choram e os destinos dos povos e das raças
se decidem... Observamos nessa série final a presença de verbos cujos significados são nucleares
para a compreensão do trecho: lutar, morrer, ansiar, chorar e decidir-se.

O coroamento do ponto de vista do autor sobre as relações da Arte com a realidade e com a
sociedade está representado nessa sequência qualificativa, pois toda ela se refere ao “campo vasto”
de que fala João do Rio. O mesmo “campo vasto” a que ele chama de “cá fora” e para o qual
ninguém pode ficar indiferente, exceto um louco ou um egoísta monstruoso.

Aplicação Num Texto Em Verso

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O segundo exemplo a ser examinado é um belo poema sobre nossa língua. Seu autor, Adriano
Espínola (2001, p. 13), é um poeta contemporâneo nascido no Ceará, que já publicou vários livros de
poesia e antologias.

Língua-Mar

A língua em que navego, marinheiro, na proa das vogais e consoantes,

é a que me chega em ondas incessantes à praia deste poema aventureiro.

É a Língua Portuguesa, a que primeiro transpôs o abismo e as dores velejantes, no mistério das
águas mais distantes,

e que agora me banha por inteiro. Língua de sol, espuma e maresia,

que a nau dos sonhadores-navegantes atravessa a caminho dos instantes, cruzando o Bojador de
cada dia.

Ó língua-mar, viajando em todos nós, No teu sal, singra errante a minha voz.

“Língua-mar” é um poema metalinguístico escrito em 1995, que enaltece a Língua Portuguesa


falando de uma das marcas de nossa história, a navegação. Metafórico nas relações entre a natureza
e a língua, o texto de Espínola se vale de uma sequência de versos rimados com palavras
paroxítonas, exceto os dois últimos – com rima de monossílabos tônicos. Coincidentemente, termina
o poema um verso escrito em ordem inversa, com uma oração cujo sujeito está ao final da frase.

Vejamos a estrutura sintática desse verso, comparando a ordem usada no poema com a ordem
direta:

ORDEM INVERSA: No teu sal, singra errante a minha voz.

ORDEM DIRETA: A minha voz singra errante no teu sal.

Notamos diferenças estilísticas entre ambas. Aparentemente, o poeta fez apenas uma inversão entre
o sujeito e o adjunto adverbial, mas devemos reparar que o predicativo “errante” continua à direita do
verbo intransitivo, na posição habitual dentro do predicado verbo-nominal. O poeta não optou por
começar a frase pelo predicativo e dizer: “Errante, a minha voz singra no teu sal” (ordem inversa
encabeçada pelo predicativo).

Se lembrarmos que a topicalização é o processo que antecipa um termo para dar-lhe destaque (aqui
é o adjunto adverbial de lugar “no teu sal” o termo topicalizado), podemos dizer que o sujeito “a minha
voz”, colocado como o último sintagma do poema, é uma espécie de topicalização ao contrário, pois é
inegável que se concentra nessa expressão um componente-chave no poema, ou seja, a voz do
poeta.

Os versos de Espínola são bastante expressivos e nos oferecem material para falarmos também da
coocorrência de parataxe e hipotaxe no âmbito do período. Não podemos deixar de considerar que a
construção dos sentidos de um texto depende fundamentalmente da capacidade de seu autor
relacionar e concatenar as ideias de maneira inteligível para o leitor. Para que esse trabalho seja
bem-sucedido, é necessário dominar as articulações que existem entre os termos da oração e entre
as orações do período. Mas essa articulação não é apenas sintática. Também é semântica, pois é
preciso dar sentido ao que se escreve, e é estilística, pois deve resultar numa resposta afetivo-
impressiva por parte do destinatário.

Voltemos ao poema de Adriano Espínola para destacar o segundo período do texto, que vai do verso
cinco ao verso oito. Ei-lo de novo:

É a Língua Portuguesa, a que primeiro transpôs o abismo e as dores velejantes, no mistério das
águas mais distantes, e que agora me banha por inteiro.

No início de Língua-Mar, o poeta tinha nos dito que a língua em que navega como marinheiro é
aquela que chega até ele em ondas incessantes. Esse primeiro período nos diz quem é o sujeito da
segunda

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frase. Afinal, essa língua em que navego como marinheiro (trecho da primeira frase do poema) é a
Língua Portuguesa (trecho da segunda frase do poema).

Isso quer dizer que o sujeito do verbo “ser” que inicia o segundo período está sintaticamente oculto,
mas discursivamente claro: é “ela” (a língua em que navego). Ou seja: a língua em que navego é a
Língua Portuguesa, a que primeiro transpôs o abismo e as dores velejantes, no mistério das águas
mais distantes, e que agora me banha por inteiro.

Essa rearrumação sintática nos permite revelar a operação semântico-estilística de ênfase pretendida
pelo poeta: a língua em que ele navega é a Língua Portuguesa. Com isso temos mais uma chave
para explicar o título que escolheu para sua poesia, “língua-mar” (ela transpôs o abismo e as dores
velejantes, ela fez esse percurso no mistério das águas mais distantes e ela agora me banha por
inteiro).

Na segunda parte dos versos que estamos analisando, vemos um pronome demonstrativo importante
para a estrutura da frase. É o demonstrativo A, empregado em “a que primeiro transpôs o abismo e
as dores velejantes” (AQUELA que primeiro transpôs o abismo e as dores velejantes). A operação de
identificação semântica desse demonstrativo nos levará ao substantivo ao qual ele se refere (a =
aquela = língua).

Reparamos aqui, além disso, que o demonstrativo está acompanhado de um pronome relativo “que”
(aquela A QUAL primeiro transpôs o abismo). Isso nos revela a oração adjetiva restritiva: “que
primeiro transpôs o abismo e as dores velejantes, no mistério das águas mais distantes”. Orações
adjetivas são qualificações em forma de oração. Observamos então como o poeta faz a série
qualificativa da Língua Portuguesa, a língua em cuja proa das vogais e das consoantes ele navega.
Colhemos esses dados apenas na segunda frase do poema, que transcrevemos ainda há pouco.

Três são as qualificações para a Língua Portuguesa, todas introduzidas por pronomes relativos. A
primeira, em que navego, se refere ao próprio substantivo língua. Foi a informação dada pela primeira
frase do texto: “a língua em que navego”.

As outras duas qualificações se referem ao demonstrativo “aquela”, no texto sob a forma do


monossílabo A: “aquela que primeiro transpôs o abismo e as dores velejantes no mistério das águas
mais distantes” e “aquela que agora me banha por inteiro”.

O que temos de interessante nesse trecho do poema? Para o estudo morfossintático e semântico-
estilístico do texto importam duas coisas que estão combinadas: o poeta usou a conjunção aditiva “e”
para interligar as duas qualificações dadas ao demonstrativo “aquela”.

Não há oração coordenada aqui, mas duas subordinadas iguais em tudo, dependentes do
demonstrativo. Falamos, neste caso, em duas orações subordinadas adjetivas restritivas,
coordenadas entre si.

Em consequência dessas preferências sintáticas, nossa observação nos mostrará também que, ao
longo do poema, Espínola segue nessas qualificações que vinculam a Língua Portuguesa ao que ele
mesmo sente e ao que ela mesma representa, na sua dimensão de língua-mar.

As três qualificações desse trecho são relevantes para a temática do texto. Senão vejamos:

QUALIFICAÇÃO 1: a Língua Portuguesa é a língua em que ele navega como marinheiro;

QUALIFICAÇÃO 2: a Língua Portuguesa foi a primeira a transpor o abismo e as dores velejantes no


mistério das águas mais distantes;

e, por fim

QUALIFICAÇÃO 3: a Língua Portuguesa agora o banha por inteiro.

A construção dos significados de um texto não se dá por obra do acaso, pois ele (o significado) não é
uma entidade e sim uma relação, mas não é propriamente uma relação entre um item lexical e um
objeto do mundo, mas uma relação entre uma expressão linguística e algo não linguístico (cf.
Henriques, 2011b, p. 121). No caso do poema de Adriano Espínola, temos em suma: língua, mar,

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poeta, a integração do homem e da língua pelos sentidos do substantivo “mar”.

Aplicação Num Texto Musical

Para encerrar, vejamos outro tipo de texto, a letra de uma canção composta por João Bosco e Aldir
Blanc. Ela vai nos servir para ilustrar mais um pouco como podem ser ricas as combinações de nossa
língua- mar.

Caía a tarde feito um viaduto

E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos A lua tal qual a dona do bordel

Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel E nuvens lá no mata-borrão do céu

Chupavam manchas torturadas, que sufoco louco! O bêbado com chapéu coco fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil, meu Brasil

(...)

A gravação que Elis Regina fez de “O Bêbado e a Equilibrista”, um dos maiores sucessos de João
Bosco, foi incluída em 1979 no LP “Linha de Passe”. Aldir Blanc é o autor de seus versos, compostos
durante um dos períodos mais conturbados da história do Brasil: a ditadura militar. A primeira parte
da música descreve metaforicamente o cenário da época, a noite do Brasil.

No trecho que transcreveremos a seguir, Aldir faz referência explícita a um dos exilados políticos
daqueles tempos de insaudosa lembrança: o sociólogo Betinho, irmão do cartunista Henfil. A
campanha pela abertura estava no auge, e a Lei da Anistia acabaria sendo assinada naquele mesmo
ano.

(...)

Que sonha com a volta do irmão do Henfil

Com tanta gente que partiu num rabo de foguete Chora a nossa pátria mãe gentil

Choram Marias e Clarices no solo do Brasil

Mas sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente A esperança dança na corda bamba
de sombrinha

E em cada passo dessa linha pode se machucar Azar, a esperança equilibrista

Sabe que o show de todo artista tem que continuar.

É nesse contexto político que se coloca a manifestação dos compositores quando dizem que o Brasil
sonhava “com a volta do irmão do Henfil, com tanta gente que partiu num rabo de foguete”. Mas a
música contém uma mensagem de otimismo, de confiança para o povo brasileiro. Isso fica
evidenciado nos versos finais, que falam na esperança dançando na corda bamba, mas sempre se
equilibrando para que o show possa continuar.

Como dissemos há pouco, a letra nos mostra o cenário da época. Ele é descrito com metáforas bem
expressivas e estruturas frasais que combinam a hipotaxe e a parataxe. A paisagem é contraditória,
um pouco bêbada, um pouco equilibrista. Por exemplo: ao dizer que “a tarde caía” parece que vamos
ouvir uma corriqueira mensagem romântica, mas não é o que acontece, pois a tarde caía feito um
viaduto. Como negar a pertinência da comparação entre o cair da tarde e o cair de um viaduto –
menção indireta a um acidente de graves consequências ocorrido no Rio de Janeiro nos anos 70 (a
queda de um trecho do elevado Paulo de Frontin durante sua construção)?

Logo em seguida, a canção faz uma citação a Carlitos. Outra vez parece que teremos uma ideia
singela a partir do “adorável vagabundo” do cinema. Outra vez o autor nos surpreende, pois quem
traz a lembrança de Carlitos é um bêbado trajando luto.

Tudo segue nesse contraste original. A lua é comparada a uma dona de bordel, pois cobra pelo brilho

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de aluguel de cada estrela. E logo em seguida encontramos a imagem das nuvens como um mata-
borrão do céu chupando manchas torturadas, que cria uma alegoria metonímica à paisagem
brasileira dos anos de chumbo, um sufoco louco!

Toda a construção desses sentidos contraditórios, no pequeno longo trecho que inicia a canção,
ocorre a partir de escolhas sintáticas propícias para isto.

Caía a tarde feito um viaduto

E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos A lua tal qual a dona do bordel

Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel E nuvens lá no mata-borrão do céu

Chupavam manchas torturadas, que sufoco louco!

Estivéssemos aqui fazendo um estudo específico de análise sintática, teríamos de ver quantos verbos
há nesse período. Cinco deles estão escritos: caía, trajando, lembrou, pedia e chupavam. E, se
quiséssemos identificar os conectores oracionais, veríamos a conjunção “e” duas vezes, a conjunção
comparativa “feito” (sinônima de “como”) e a locução comparativa “tal qual”. Além disso, também seria
preciso lembrar que toda comparação tem dois componentes e, portanto, os dois conectores
comparativos introduzem orações cujos verbos estão subentendidos:

A tarde caía do mesmo modo que um viaduto cai.

A lua pede a suas estrelas um brilho de aluguel, tal qual a dona do bordel faz.

Na contagem feita nos moldes de uma análise sintática tradicional, contabilizaríamos então sete
verbos e sete orações. Essas são as marcações de praxe para se analisar a estrutura de um período
– e cabe esclarecer que consideramos esse trecho todo como um único período por conta da
interpretação que escolhemos. Como se trata de poesia, a ausência dos sinais de pontuação nos
oferece a possibilidade de fazermos essa leitura.

Mas voltemos ao nosso esquema para examinar agora as relações sintáticas interoracionais.

A primeira oração do período é “Caía a tarde feito um viaduto”

A segunda é “feito um viaduto (cai)”

A terceira começa em “E um bêbado” e segue em “me lembrou Carlitos”

Essa oração está quebrada em duas partes por causa da oração reduzida “trajando luto” (equivalente
a “que trajava luto”), adjetiva restritiva – eis aí a quarta oração, “trajando luto”, igual a “que trajava
luto”

A quinta começa em “A lua” e continua em “pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel”

A quinta oração também está quebrada, mas agora por causa da antecipação da oração comparativa
“tal qual a dona do bordel (faz)” – e a sexta é estaA última das sete é a que começa na conjunção E:
“E nuvens lá no mata-borrão do céu chupavam manchas torturadas, que sufoco louco!”

O período combina orações adverbiais comparativas (as duas que têm verbos subentendidos), uma
oração adjetiva reduzida de gerúndio (o verbo é “trajando”) e orações coordenadas sem conjunção
(duas assindéticas) ou iniciadas pela conjunção “e” (duas sindéticas aditivas). Cada uma das três
subordinadas obviamente tem a sua principal, e isso significa que o trecho tem três orações
principais.

Nossa conta não pode passar de sete orações, mas precisamos lembrar que as relações sintáticas
são binárias. Por isso, nossa conta de somar tem de chegar a um número par. Revendo nossos
cálculos matemático-sintáticos, teremos o seguinte resultado: 03 principais + 03 subordinadas + 02
assindéticas + 02 sindéticas = 10.

Dez orações? Não! Dez respostas! É preciso lembrar que o trecho que analisamos continha orações
acumulando funções. Vejamos de novo o esquema:

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“Caía a tarde” se relaciona com “feito um viaduto (cai)” = a primeira oração é principal da segunda,
que é subordinada adverbial comparativa.

Mas...

“Caía a tarde” também se relaciona com “E um bêbado me lembrou Carlitos”. A relação que há entre
essas duas orações é de independência sintática e está marcada pela conjunção aditiva “e”. Nesse
caso, acrescentamos à classificação da primeira oração que ela é coordenada assindética da
terceira. E esta é coordenada sindética aditiva da primeira.

Mas...

“E um bêbado me lembrou Carlitos” também se relaciona com “trajando luto”. Agora temos uma
relação de dependência entre essas duas orações: “trajando luto”, ou seja, “que trajava luto”, é uma
oração subordinada adjetiva restritiva. Nesse caso, acrescentamos à classificação da terceira oração
que ela é principal da quarta.

E assim prosseguirá a análise, mostrando outra dupla sindética aditiva e assindética e outra dupla de
principal e adverbial comparativa.

A quinta oração é “A lua pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel”, coordenada assindética da
sexta, “E nuvens lá no mata-borrão do céu chupavam manchas torturadas, que sufoco louco”, que é
coordenada sindética aditiva da quinta.

Mas...

A quinta oração também é principal de “tal qual a dona do bordel (faz)”, que é sua subordinada
adverbial comparativa.

Se juntarmos os primeiros comentários que fizemos sobre “O Bêbado e a Equilibrista” com os últimos,
poderemos perceber que, embora usando palavras diferentes, focalizamos as mesmas questões.

Ao interpretar os sentidos, falamos em comparações implícitas, em contradições, em metáforas e


metonímias. Mas precisamos reparar que, de certo modo, a análise das orações não ficou muito
longe disso. Embora mexendo com as “roldanas do texto”, pudemos perceber que foram as orações
aditivas que compuseram o cenário de contradições que se acumulam no cenário apresentado por
Aldir Blanc. Foram as orações comparativas que criaram o inusitado de suas metáforas. Foi a oração
adjetiva que qualificou de modo original o trecho que fala de Carlitos.

Nos versos finais, se experimentássemos juntar esses dois modos de observar as tramas do texto,
poderíamos alcançar conclusões sobre os contatos entre morfossintaxe, semântica e estilística.

(Meu Brasil)

Que sonha com a volta do irmão do Henfil

Com tanta gente que partiu num rabo de foguete Chora a nossa pátria mãe gentil

Choram Marias e Clarices no solo do Brasil

Mas sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente A esperança dança na corda bamba
de sombrinha

E em cada passo dessa linha pode se machucar Azar, a esperança equilibrista

Sabe que o show de todo artista tem que continuar.

O compositor diz que o Brasil (o seu Brasil, não o da ditadura) sonha com a volta dos exilados
políticos (Betinho, irmão do Henfil, é a metonímia da liberdade). Há também a referência às lágrimas
da mãe gentil dos filhos deste solo que partiram num rabo de foguete. Os períodos desse trecho não
são longos: o primeiro termina em “foguete”; o segundo termina em “pode se machucar”; e o terceiro
segue até o desfecho que se abre na certeza de que o show (a luta) de todo artista (de todo
brasileiro) não pode ser interrompido, tem que continuar.

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