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1 INTRODUÇÃO
Em cerca de 1300 aC, entendia-se que “Ler” significava declamar. Durante a maior parte
do tempo da história da escrita, ler denotava falar. As pessoas já haviam percebido que
instruções, cálculos, acordos verbais podiam ser adulterados com facilidade. Foi então que
tornou-se necessário criar ou inventar algo que pudesse ser consultado sempre que
houvesse a necessidade de confirmar fatos oralmente e acabar com as contendas, desse
modo, criou-se uma “ Testemunha Imortal”. Assim, nasceu a escrita transformando em
seus primórdios a palavra humana em pedra.
No desenvolvimento deste trabalho serão abordadas questões sobre a leitura e, qual foi a
necessidade de se iniciar essa prática na sociedade assim como, a diferenciação entre
níveis de leitura e letramento. A metodologia que foi utilizada foi qualitativa descritiva e de
cunho bibliográfico.
O intuito desse trabalho é mostrar qual a visão que temos a respeito da leitura e seus
objetivos na sociedade.
O segundo capítulo aborda os primeiros leitores na sociedade, quem eram e como eles se
comunicavam, explicitando também a concepção que os filósofos Aristóteles, Platão e
Sócrates tinham à respeito da leitura.
No terceiro capítulo o que se entende por leitura e quais os processos que estão
envolvidos no ato de ler. O quarto capítulo fala sobre os objetivos que devem ser
estabelecido para que se tenha uma boa leitura.
O quinto capítulo trata da questão de letramento como sendo uma prática social. Será
abordado sobre a questão de níveis de letramento de um leitor.
2 CAPÍTULO I - METODOLOGIA
Já para Minayo (1999), “o processo qualitativo deve ter como preocupação a compreensão
da lógica e a prática que se dá na realidade permitindo entender os múltiplos aspectos”.
A análise de dados se baseou na seleção de livros e foi utilizado como palavra chave
estratégia de leitura. As estratégias na leitura são utilizadas por meio do processamento do
texto em diferentes níveis de conhecimento do leitor.
Segundo COLL (1990), a leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de
compreensão e interpretação do texto a partir de seus objetivos, conhecimento sobre o
assunto, quem é o autor do texto e todo seu conhecimento de linguagem.
“Para ele “estas técnicas” são entendidas como ajuda proporcionada aos alunos para
construírem seus aprendizados”.
O modelo para o ensino através de leitura silenciosa proposto por Collins e Smith (1980),
“afirma que como em qualquer conteúdo acadêmico, o domínio das estratégias de
compreensão leitora requer progressivamente menor controle por parte do professor e
maior controle do aluno”.
A partir daquilo que se entende como processo de leitura mediante o ensino deve-se
observar se os alunos se transformaram em leitores ativos e autônomos para que
aprendam de forma significativa as estratégias responsáveis por uma leitura eficaz e capaz
de utilizá-las independente em diversos contextos comunicativos.
O modelo de ensino proposto por Collins, Brown e Newman (1989 aput 1990), trata-se de
ensinar:
Assim, torna-se claro a diversificação dos tipos escritos quando se aprende a ler e a
escrever, são utilizados como meios de aprendizagens e fazem com que os alunos
alcancem os objetivos propostos pelo professor.
Há tempos pensou-se que leitura fosse uma decodificação de símbolos. Para o processo
de aprendizagem de leitura, não basta apenas reconhecer as palavras e juntá-las, dando
significado à palavra.
Para que se consiga uma leitura sólida e prazerosa, é importante que a criança
compreenda a função da leitura e, especialmente, o porquê de ela querer aprender.
O que torna a leitura muitas vezes difícil é a falta de compreensão do léxico, o texto que
pode não ter sido bem elaborado ou até mesmo a falta de conhecimento prévio do assunto
o qual está lendo.
A leitura e a escrita não existiam como propriedade autônoma. Eram meros complementos
ao discurso.
A decodificação da mnemônia (auxílio à memória) e de imagens (figuras pictóricas)
também podem ser chamadas de leitura, ainda que no sentido primitivo.
De acordo com os estudos de FISHER (2006), ele pode perceber que Sócrates acreditava
que os livros, os objetos em si, não o seu conteúdo – eram na verdade, uma barreira à
aprendizagem. Para ele havia apenas uma interpretação “apropriada” de um texto, no qual
essa interpretação só poderia ser feita por pessoas treinadas no âmbito intelectual. Ele
exigia do texto um caráter unidimensional da oralidade, que nas gerações seguintes viria a
ser transformado em multidimensional pelo leitor interativo. Ao invés de reconhecer essa
evolução na leitura Sócrates repudiou a escrita como um todo.
Essa atitude não era uma acusação da leitura, nem uma defesa da sociedade oral. Ela foi
uma crítica à inadequação da escrita grega da época.
Sócrates estava certo, as práticas primitivas da escrita de sua época davam margem a
ambigüidade o que prejudicava a comunicação. Ele queria que a clareza autoral da
oralidade fosse mantida.
Platão discípulo e biógrafo de Sócrates acreditava na teoria de seu mestre, assim
rejeitando a escrita apenas para lutar por sua causa que era o uso “adequado” da escrita.
Suas diversas obras comprovam um meio para modelar o próprio pensamento.
A leitura privada de livros (rolos de papiro) parece ter-se tornado “comum” apenas no
século IV aC. Ao contrário de Sócrates, Aristóteles tornou-se um leitor costumaz chegando
a reunir uma biblioteca particular.
Quando ele juntava essas partes do corpo humano podia perceber que a imagem não
seria uma parte estática, ou seja, corpo sem locomoção e sim que a figura poderia se
movimentar e a cada mudança de posicionamento traduzir-se-ia um certo tipo de leitura,
dessa forma, poderia ser um garoto correndo, fingindo estar parado em algum lugar ou até
mesmo jogando, cada visão da imagem traduziria exatamente o que era desconhecido
para ele.
FISHER (2006), a cultura grega passou por uma transformação quando Constantino I
mudou a capital da Roma “pagã” para Bizâncio cristã renomeando-a posteriormente
Constantinopla, em 330 d.C.
Depois do século VI, os antigos centros literários de Roma – na Itália, Alemanha, França,
Grã – Bretanha e Norte da África haviam se rendido aos copistas e a uma uniformidade de
assuntos: quase todos os volumes eram de cunho religioso. A leitura se difundia no início
por meio do Império Romano e, apenas no segundo momento por meio do Cristianismo.
A expansão da nova religião trouxe uma nova prática de leitura, elevando de modo
significativo seu uso na sociedade romana. O cristianismo medieval era a religião do livro
uma herança da veneração judaica à palavra escrita. Os ensinamentos cristãos eram
divulgados pela leitura por meio de escolas administradas pela igreja que se aprendia a
ler.
Muitos povos incorporaram a escrita em grego ou latim para produzir sua própria escrita,
em diferentes línguas, introduzindo modificações locais a fim de sanar uma fonologia
contraditória
Para KLEIMAN (2002), o processo de leitura torna-se cada vez mais simples quando o
leitor passa a ler continuamente, pois, assim ele passará a conhecer o léxico e a
semântica do texto.
Já para Jouve (2002), “na leitura alguns processos são ativados tais como: processo
neurofisiológico, processo cognitivo, afetivo, argumentativo e simbólico”.
A leitura é um ato concreto que recorre a faculdades definidas do ser humano. Nenhuma
leitura é possível sem um funcionamento do aparelho visual e das diversas
funcionalidades que o cérebro possui.
A visão possui uma seqüência periférica, ou seja, a visão gravaria seis a sete signos
mesmo que pulando alguns não perderiam o sentido da frase.
O leitor decifra os signos quando no texto apresenta palavras breves, antigas, simples e
polissêmicas. Por outro lado a memória imediata oscila entre oito e dezesseis palavras. As
frases mais adaptadas são as curtas e as estruturadas.
Segundo Richaudeau (1969), “quando um autor não respeita esses grandes princípios de
legibilidade, todos os deslizes semânticos tornam-se possíveis, assim, o texto „lido‟ já não
é mais o texto „escrito‟”.
O ato de ler é subjetivo, ou seja, o leitor ler para si. Quando Richaudeau diz que o texto
escrito já não é mais o texto lido significa que o cérebro e a memória imediata
armazenaram um número significativo de signos. O texto que estava escrito passou a ser
outro texto depois de lido devido ao número de armazenamentos das palavras.
Nesse momento se faz importante a abordagem sobre conhecimento prévio. Como nos diz
Garcez (2004), “o processo de compreensão expande-se, extrapola-lhe as possibilidades e
prolonga-lhe o funcionamento do contato com o texto propriamente dito”.
Todos esses processos podem ser bem trabalhados nas séries iniciais. Além disso, o
conhecimento prévio também é importante para a compreensão textual.
Conhecimento prévio é fazer inferências sobre o que você já sabe com o que está lendo.
4.3 Processo Afetivo
O papel das emoções na leitura está ligado aos três níveis básicos de leitura como: níveis
sensorial, emocional e racional. Cada um dos três corresponde a uma forma de
aproximação do texto.
Para Martins (1994), “esses níveis são interrelacionados, senão simultâneos, mesmo um
ou outro sendo privilegiado, segundo as suas experiências e expectativas assim como,
seus interesses”.
A leitura sensorial começa cedo e acompanha durante toda a vida do leitor. Não
importando o tipo de leitura se é minuciosa ou simultânea.
A leitura sensorial está ligada a visão, o tato, a audição, o olfato, podem também estarem
ligados aos aspectos lúdicos como: o jogo de cores, imagens sons, cheiros e dos gostos
incita o prazer, a busca que pode agradar ou trazer rejeições aos sentidos.
A leitura sensorial vai mostrando ao leitor o que lhe agrada ou não, mesmo sem as
justificativas.
O sentido emocional, lida com o subjetivismo e, o leitor passa a ser envolvido pelo seu
inconsciente.
Na leitura emocional emerge a empatia, ou seja, se colocar do outro lado e não pensar
mais no que se sente ao ler e sim o que o texto provoca no leitor.
Quando uma criança ler um texto ela sente a curiosidade, é essa curiosidade que a motiva
a ler cada vez mais, o fato do desconhecido passar a ser conhecido e assim, passando
para o lado da empatia até mesmo de modo exagerado pois, a criança consegue captar as
emoções mais profundamente que um adulto.
A maioria das vezes tem-se a semiconsciência de se estar lendo algo insignificante, sem
originalidade, ou até mesmo fora da realidade. Esse pensamento define uma ligação mais
forte com o inexplicável, por isso, muitas vezes o leitor sente-se inseguro e até mesmo
chegando a incapacidade de explicar o porquê de se prender a leitura.
A leitura racional é uma leitura intelectual, pois, permite o questionamento das informações
na qual permite uma ampliação de conhecimentos. Ela também tende a ter uma visão
mais longe.
De acordo com os estudos de Ferdinand Saussure em seu livro Linguística Geral (1995),
que estabeleceu a distinção entre “língua” e “fala” ( Langue e Parole) para que o indivíduo
reconheça um signo e atribua seu significado correspondente.
Pode-se dizer que o significante ( substância) seria os sons, imagens, objetos, já para o
significado (matéria) pode ser definido como processo de significação.
Para alguns estudiosos do assunto reconhecem dois processos significativos no ato de ler:
o processo sensorial ou fisiológico e o mental ou psicológico.
O leitor ao reconhecer o latido do cachorro, o troar do trovão, até mesmo o bater de uma
porta, ele somente as reconhece devido às operações mentais. Essas reações aos termos
gráficos são determinadas pelas experiências que teve com os fatos ocorridos que o
símbolo representa.
Monroe descreve em seu livro Preparando para a Leitura que são quatro componentes
que agem no processo interpretativo da leitura: percepção, compreensão, reação e
integração.
4.4.3 A percepção
4.4.4 A compreensão
O reconhecimento da palavra deve acompanhar a compreensão de seu significado. A
palavra ganha sentido, sentido este que não se encontra no papel mas sim, na mente do
leitor que ao reconhecê-la atribui significado de acordo com a sua experiência.
4.4.5 A reação
Além de ser intelectual pode ser também emocional. Ler é reagir, não basta que se
compreenda o sentido do trecho é necessário que o interprete, que o julgue, que o avalie.
4.4.6 A integração
A leitura uma hora ou outra acontece na vida desde que se queira realmente ler, caso
contrário, uma leitura sem um propósito não é necessariamente uma leitura.
Quando se lê por imposição, o leitor apenas exerce uma atividade mecânica que pouco
tem a ver com o significado e o sentido. Quando a leitura é desmotivada não conduz à
aprendizagem e, assim a leitura que foi feita acaba sendo esquecida.
Quando se resolve ler algo, o leitor deve estabelecer um objetivo, ou seja, o que ele deseja
saber sobre o assunto. Garcez (2004), fala que o objetivo da leitura é quem determina a
forma de se ler.
Para JOUVE (2002), quando se lê um texto apenas por ler, empreende-se uma leitura do
geral para o particular, ou seja, superficial e rápida, chama-se leitura descendente Quando
se procura uma palavra que chame a atenção, dentro da leitura ela é dita como leitura
ascendente, detalhada e esclarecida, que passa do particular para o geral.
Para Kleiman (2002), “os objetivos na leitura são importantes para outro aspecto o da
formulação de hipóteses”.
As hipóteses fazem com que alguns aspectos desse processo se tornem possíveis: o
reconhecimento global e instantâneo de palavras não percebidas durante a leitura.
Para tanto, a leitura é um ato importante em todos os níveis de aprendizagem que vai da
inicialização da alfabetização e nos diferentes graus de sua vida.
De acordo com o artigo de Maria Tereza Fraga Rocco, que aborda a questão sobre a
importância da leitura na Sociedade Contemporânea que diz que: Refletir sobre a leitura
remete antes a duas questões: por que ler? O que a leitura proporciona?
Do ponto de vista individual a leitura pode ser vista como meio de informação, instrumento
de pesquisa e estudo, como fonte de prazer estético o que é proporcionado pelos textos
literários.
Embora o texto literário seja produto de imaginação, ele tem o poder de revelar a realidade
social e até mesmo desmascarar mentiras de forma que a ficção possa ser mais real do
que de fato o é.
A palavra letramento surgiu pela primeira vez na década de 80 por Mary Kato em seu livro
“No mundo da escrita”. Esta palavra ainda não foi dicionarizada, seu significado atual veio
da versão inglesa da palavra “literacy” originária do latim “littera” ( letra) com o acréscimo
do sufixo “cy” que denota qualidade, fato de ser, condição e estado.
Portanto, pode se inferir que letramento é o estado ou condição que o indivíduo passa a
ter no momento que se envolve nas práticas sociais de leitura e escrita.
Já Soares ( 2006), define letramento “como resultado da ação de ensinar ou aprender a ler
e escrever”.
Sendo assim, letramento são as conseqüências sociais e históricas da introdução da
escrita em uma sociedade como resultado de aprender a ler e escrever.
Como já foi dito anteriormente, letramento está relacionado com as práticas sociais e de
conhecimento sobre leitura e escrita.
Quando alguém sabe ler, mas, não compreende sequer textos curtos subentende-se que
essa pessoa tem um nível baixo de letramento e pode ser apenas alfabetizada, à medida
em que ele aprende a lidar com diferentes materiais de leitura e de escrita mais letrado ele
se torna.
Se o leitor é capaz de ler por exemplo: bula de remédio, rótulo de embalagens, ler tirinhas,
produzir bilhetes então ele tem um nível de letramento suficiente para seu dia-a-dia. Os
caixas eletrônicos possuem uma linguagem chamada de letramento digital e requer a
compreensão, caso contrário a pessoa não conseguirá utilizá-lo.
As instituições também são responsáveis pelo aumento de letramento das pessoas é lá
que o indivíduo deixa de ler e os textos do seu cotidiano e passa a ter contato com
materiais mais elaborados e diversificados. Nas escolas ele apenas faz as dissertações já
nas universidades são os resumos, resenhas e as apavorantes monografias.
É preciso que o educador planeje bem suas aulas e com novas práticas de ensino para
que o nível de letramento dos alunos aumente e se tornem pessoas altamente capacitadas
para lidar com as leituras complexas que ocorrerão em sua vida.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a seleção de materiais específicos para a elaboração desta monografia foi possível
compreender que a leitura não significa decodificar símbolos e sim compreensão e
interpretação do texto lido. Conclui-se, portanto, que a leitura está relacionada com seus
diversos processos e estratégias assim como, a relação com os sentidos emocional,
sensorial, racional e também com o processo sensorial e mental.