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RESUMO

A presente monografia apresenta aspectos relevantes para o entendimento do processo


de leitura. A leitura não é apenas decodificar símbolos lingüísticos, mas sim, interpretar e
compreender o sentido do texto. Nesse processo de compreensão e interpretação de
leitura dos textos escritos estão envolvidos vários fatores como: processo neurofisiológico
que seria: ao ler um texto os olhos apreendem os signos por pacotes sendo normal pular
algumas palavras sem que perca o sentido, tem o processo cognitivo que é o
conhecimento prévio que o leitor já possui ao ler determinados textos, o processo afetivo
que está relacionado com o sentido emocional, sentido racional e o sentido sensorial do
leitor assim como, o processo simbólico e o processo argumentativo. A leitura também
possui objetivos que seria o que o leitor deseja alcançar com aquela leitura? É uma leitura
por mero prazer? Por busca de diversão? Para obter informações ou para desenvolver o
intelecto? A leitura pode proporcionar ao leitor um mundo de conhecimentos assim como,
ele também deve estabelecer estratégias para uma completa compreensão do texto. Mas
antes de se observar esses processos e até mesmo as estratégias de leitura se faz
necessário saber de onde e por que surgiu o conceito de leitura para os primeiros leitores
da sociedade.

Palavras chave: leitura, processo de leitura, objetivos, estratégias de leitura 

1 INTRODUÇÃO

Pensar na história da leitura é antes de tudo saber como tudo começou. 


De acordo com os estudos de FISHER (2006), a história da leitura descreve o ato de
diversas manifestações humanas, tais como: em pedras, ossos, cascas de árvores, muros,
monumentos – tabuletas, rolos de papiro, códices, entre outros. 
Apesar da leitura e a escrita estarem inteiramente relacionadas, ela é na verdade a
antítese da escrita. Na realidade cada uma atua em pontos distintos do cérebro. A escrita
é uma habilidade; já a leitura é uma aptidão natural. A escrita originou-se de uma
elaboração; a leitura desenvolveu-se com a compreensão da humanidade e dos recursos
da palavra escrita.

Em cerca de 1300 aC, entendia-se que “Ler” significava declamar. Durante a maior parte
do tempo da história da escrita, ler denotava falar. As pessoas já haviam percebido que
instruções, cálculos, acordos verbais podiam ser adulterados com facilidade. Foi então que
tornou-se necessário criar ou inventar algo que pudesse ser consultado sempre que
houvesse a necessidade de confirmar fatos oralmente e acabar com as contendas, desse
modo, criou-se uma “ Testemunha Imortal”. Assim, nasceu a escrita transformando em
seus primórdios a palavra humana em pedra.
No desenvolvimento deste trabalho serão abordadas questões sobre a leitura e, qual foi a
necessidade de se iniciar essa prática na sociedade assim como, a diferenciação entre
níveis de leitura e letramento. A metodologia que foi utilizada foi qualitativa descritiva e de
cunho bibliográfico.

O intuito desse trabalho é mostrar qual a visão que temos a respeito da leitura e seus
objetivos na sociedade. 
O segundo capítulo aborda os primeiros leitores na sociedade, quem eram e como eles se
comunicavam, explicitando também a concepção que os filósofos Aristóteles, Platão e
Sócrates tinham à respeito da leitura.

No terceiro capítulo o que se entende por leitura e quais os processos que estão
envolvidos no ato de ler. O quarto capítulo fala sobre os objetivos que devem ser
estabelecido para que se tenha uma boa leitura. 
O quinto capítulo trata da questão de letramento como sendo uma prática social. Será
abordado sobre a questão de níveis de letramento de um leitor. 

2 CAPÍTULO I - METODOLOGIA

A metodologia utilizada na respectiva pesquisa tem como base um referencial bibliográfico


e a análise qualitativa dos dados apresentados.

O método qualitativo diz respeito ao nível da avaliação da relevância e da


significação dos problemas abordados. 
O método qualitativo é utilizado para descrever, relatar, compreender e
classificar minuciosamente o que os autores ou especialistas escrevem sobre
determinado assunto. Contudo, estabelece uma série de correlações para
finalizar dando um ponto de vista conclusivo. (OLIVEIRA, 2001)

Já para Minayo (1999), “o processo qualitativo deve ter como preocupação a compreensão
da lógica e a prática que se dá na realidade permitindo entender os múltiplos aspectos”.

A abordagem qualitativa faz uma aproximação essencial e de intimidade entre sujeito e


objeto, partilhando sentimentos e emoções envolvendo os projetos dos autores, a partir
dos quais as ações, as estruturas se tornem significativas, tendo por objetivo traduzir e
expressar o sentido dos fenômenos do mundo social fazendo um procedimento de
interpretação do nosso dia-a-dia. Assim, ambos tendo a natureza dos dados que o
pesquisador emprega em sua pesquisa.
Para Creswell (2007), “a pesquisa qualitativa se dá em um cenário natural no qual o
participante conduz a pesquisa permitindo que o pesquisador desenvolva um nível de
detalhes sobre a pessoa envolvida nas experiências reais”.

A pesquisa exploratória estabelece uma observação não estruturada ou assistemática:


consiste em recolher e registrar fatos da realidade sem que o pesquisador utilize meios
técnicos especiais ou precise fazer perguntas exploratórias. Tem como finalidade básica
de se desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias para abordagens posteriores,
proporcionando uma visão geral de um determinado fato, do tipo aproximativo.

A análise de dados se baseou na seleção de livros e foi utilizado como palavra chave
estratégia de leitura. As estratégias na leitura são utilizadas por meio do processamento do
texto em diferentes níveis de conhecimento do leitor. 

Segundo COLL (1990), a leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de
compreensão e interpretação do texto a partir de seus objetivos, conhecimento sobre o
assunto, quem é o autor do texto e todo seu conhecimento de linguagem.

Para poder compreender o que se lê existe diferentes técnicas ou procedimentos tais


como:

 Esclarecimento do propósito da leitura; 


  Identificação dos aspectos importantes de uma mensagem; 
  Focalização da atenção nos conteúdos mais importantes que triviais; 
  Monitoramento contínuo; 
  Verificar se os objetivos estão sendo atingidos e; 
  Tomada de ações corretivas quando ocorre falha na compreensão.

“Para ele “estas técnicas” são entendidas como ajuda proporcionada aos alunos para
construírem seus aprendizados”. 
O modelo para o ensino através de leitura silenciosa proposto por Collins e Smith (1980),
“afirma que como em qualquer conteúdo acadêmico, o domínio das estratégias de
compreensão leitora requer progressivamente menor controle por parte do professor e
maior controle do aluno”.

A partir daquilo que se entende como processo de leitura mediante o ensino deve-se
observar se os alunos se transformaram em leitores ativos e autônomos para que
aprendam de forma significativa as estratégias responsáveis por uma leitura eficaz e capaz
de utilizá-las independente em diversos contextos comunicativos.
O modelo de ensino proposto por Collins, Brown e Newman (1989 aput 1990), trata-se de
ensinar:

 Os procedimentos estratégicos que podem capacitar os alunos a lerem de forma


autônoma e produtiva; 
  Reinterpretar utilizando distintas propostas que convenientemente adequadas,
ajudarão a conseguir os propósitos do ensino; 
  Ajudar os alunos a aprender a estabelecer o maior número possível de relações
entre o que já sabem e o que lhes é oferecido como novo e; 
  A organização social da sala de aula aproveitando todas as possibilidades que ela
oferece.

Assim, torna-se claro a diversificação dos tipos escritos quando se aprende a ler e a
escrever, são utilizados como meios de aprendizagens e fazem com que os alunos
alcancem os objetivos propostos pelo professor.

É fundamental que todos os educadores, estejam atentos a idéia de que conhecer a


natureza do processo de leitura, assim como o processo pelo qual os sentidos de um texto
são construídos se faz indispensável para uma aprendizagem efetiva dos seus educandos.

 3 CAPÍTULO II - O que é Leitura

A leitura não é só um processo de decodificação de simbolos linguísticos, mas também de


fato, interpretar e compreender o que se lê e é também um processo interativo.

Há tempos pensou-se que leitura fosse uma decodificação de símbolos. Para o processo
de aprendizagem de leitura, não basta apenas reconhecer as palavras e juntá-las, dando
significado à palavra.

Para que se consiga uma leitura sólida e prazerosa, é importante que a criança
compreenda a função da leitura e, especialmente, o porquê de ela querer aprender.

Segundo Kleiman (2002), “muitos fatores envolvidos na dificuldade que um principiante


encontra para chegar a ler é que os textos são muitas vezes difíceis para eles”.

O que torna a leitura muitas vezes difícil é a falta de compreensão do léxico, o texto que
pode não ter sido bem elaborado ou até mesmo a falta de conhecimento prévio do assunto
o qual está lendo.

4 CAPÍTULO III - Os Primeiros Leitores


FISHER (2006), em seu livro “História da Leitura” aborda questões referentes aos
primeiros leitores, quem foram, como era realizada leitura e o que os filósofos Aristóteles,
Sócrates e Platão via a leitura em sua época.

A leitura e a escrita não existiam como propriedade autônoma. Eram meros complementos
ao discurso. 
A decodificação da mnemônia (auxílio à memória) e de imagens (figuras pictóricas)
também podem ser chamadas de leitura, ainda que no sentido primitivo.

O homem Neandertal e os primeiros Homo Sapiens Sapiens liam entalhes em ossos


sinalizando algo que lhes fossem significativos – pontuação de jogos ou

marcações de dias ou ciclos lunares. Havia também outras formas de se transmitir


mensagens assim como, as tribos primitivas liam em cascas de árvores ou em couros que
eram ricas em detalhe.

A sinalização dessas mensagens podia ser lida simbolicamente de longe: bandeiras,


fumaça, fogo, reflexos em metais polidos entre outros.

Toda “leitura” antiga envolve um reconhecimento simples de códigos e estavam


firmemente centralizadas da execução de tarefas.

3.1 Concepção de leitura

De acordo com os estudos de FISHER (2006), ele pode perceber que Sócrates acreditava
que os livros, os objetos em si, não o seu conteúdo – eram na verdade, uma barreira à
aprendizagem. Para ele havia apenas uma interpretação “apropriada” de um texto, no qual
essa interpretação só poderia ser feita por pessoas treinadas no âmbito intelectual. Ele
exigia do texto um caráter unidimensional da oralidade, que nas gerações seguintes viria a
ser transformado em multidimensional pelo leitor interativo. Ao invés de reconhecer essa
evolução na leitura Sócrates repudiou a escrita como um todo.

Essa atitude não era uma acusação da leitura, nem uma defesa da sociedade oral. Ela foi
uma crítica à inadequação da escrita grega da época.

Sócrates estava certo, as práticas primitivas da escrita de sua época davam margem a
ambigüidade o que prejudicava a comunicação. Ele queria que a clareza autoral da
oralidade fosse mantida.
Platão discípulo e biógrafo de Sócrates acreditava na teoria de seu mestre, assim
rejeitando a escrita apenas para lutar por sua causa que era o uso “adequado” da escrita.
Suas diversas obras comprovam um meio para modelar o próprio pensamento.

A leitura privada de livros (rolos de papiro) parece ter-se tornado “comum” apenas no
século IV aC. Ao contrário de Sócrates, Aristóteles tornou-se um leitor costumaz chegando
a reunir uma biblioteca particular.

A passagem do século V ao IV aC. marcou a transição da tradição oral para a escrita.


Aristóteles acreditava que a leitura poderia ser feita através de figuras distintas e objeto.
Ao desenhar a figura do corpo de um menino como: a cabeça isolada, pernas caídas –
tudo isso era uma forma isolada de leitura.

Quando ele juntava essas partes do corpo humano podia perceber que a imagem não
seria uma parte estática, ou seja, corpo sem locomoção e sim que a figura poderia se
movimentar e a cada mudança de posicionamento traduzir-se-ia um certo tipo de leitura,
dessa forma, poderia ser um garoto correndo, fingindo estar parado em algum lugar ou até
mesmo jogando, cada visão da imagem traduziria exatamente o que era desconhecido
para ele.

3.2 A Leitura na Idade Média

FISHER (2006), a cultura grega passou por uma transformação quando Constantino I
mudou a capital da Roma “pagã” para Bizâncio cristã renomeando-a posteriormente
Constantinopla, em 330 d.C.

Durante muitos séculos, Constantinopla representou a vanguarda da ciência e das


humanidades no mundo ocidental. Sua produção literária inspirou os eruditos e cientistas
árabes, cujos ensinamentos mulçumanos foram difundidos para Espanha mulçumana e
para outros centros de educação.

Depois do século VI, os antigos centros literários de Roma – na Itália, Alemanha, França,
Grã – Bretanha e Norte da África haviam se rendido aos copistas e a uma uniformidade de
assuntos: quase todos os volumes eram de cunho religioso. A leitura se difundia no início
por meio do Império Romano e, apenas no segundo momento por meio do Cristianismo.

A expansão da nova religião trouxe uma nova prática de leitura, elevando de modo
significativo seu uso na sociedade romana. O cristianismo medieval era a religião do livro
uma herança da veneração judaica à palavra escrita. Os ensinamentos cristãos eram
divulgados pela leitura por meio de escolas administradas pela igreja que se aprendia a
ler.
Muitos povos incorporaram a escrita em grego ou latim para produzir sua própria escrita,
em diferentes línguas, introduzindo modificações locais a fim de sanar uma fonologia
contraditória

5 CAPÍTULO IV - Os Processos de Leitura

Para KLEIMAN (2002), o processo de leitura torna-se cada vez mais simples quando o
leitor passa a ler continuamente, pois, assim ele passará a conhecer o léxico e a
semântica do texto.

Já para Jouve (2002), “na leitura alguns processos são ativados tais como: processo
neurofisiológico, processo cognitivo, afetivo, argumentativo e simbólico”.

4.1 Processo Neurofisiológico

A leitura é um ato concreto que recorre a faculdades definidas do ser humano. Nenhuma
leitura é possível sem um funcionamento do aparelho visual e das diversas
funcionalidades que o cérebro possui.

Ler é antes de qualquer coisa uma percepção de identificação e de memorização dos


signos.

Diferentes estudos de Richaudeau (1969) “tentaram descrever com detalhes essas


atividades. Mostraram que os olhos não apreendem os signos individualmente e sim por
pacotes, dessa maneira, é normal pular certas palavras”.

A visão possui uma seqüência periférica, ou seja, a visão gravaria seis a sete signos
mesmo que pulando alguns não perderiam o sentido da frase.

O leitor decifra os signos quando no texto apresenta palavras breves, antigas, simples e
polissêmicas. Por outro lado a memória imediata oscila entre oito e dezesseis palavras. As
frases mais adaptadas são as curtas e as estruturadas.

Após o armazenamento de cinco a nove elementos a memória deverá


dar espaço para que outros elementos sejam apreendidos, assim o
primeiro elemento que foi gravado sairia da memória para que um novo
armazenamento fosse feito. (KLEIMAN, 2004)

Segundo Richaudeau (1969), “quando um autor não respeita esses grandes princípios de
legibilidade, todos os deslizes semânticos tornam-se possíveis, assim, o texto „lido‟ já não
é mais o texto „escrito‟”.
O ato de ler é subjetivo, ou seja, o leitor ler para si. Quando Richaudeau diz que o texto
escrito já não é mais o texto lido significa que o cérebro e a memória imediata
armazenaram um número significativo de signos. O texto que estava escrito passou a ser
outro texto depois de lido devido ao número de armazenamentos das palavras.

4.2 Processo Cognitivo

A compreensão de um texto é o processo de conhecimento que o leitor adquire durante


toda sua vida. 
Esse conhecimento ocorre mediante a interação com vários níveis de conhecimento como
o conhecimento lingüístico, textual e conhecimento de mundo. Esse conhecimento abarca
o conhecimento que vamos acumulando em nossa memória ao longo de nossa vida e que
é explorado no entendimento dos textos lidos.

Segundo Kleiman (2002), “o conjunto de noções e conceitos sobre o texto que


chamaremos de conhecimento textual, faz parte do conhecimento prévio e desempenha
um papel importante na compreensão do texto”.

Conhecimento textual é um conjunto de conceitos a respeito de diversos tipos de textos


que exercem uma função de compreensão.

Nesse momento se faz importante a abordagem sobre conhecimento prévio. Como nos diz
Garcez (2004), “o processo de compreensão expande-se, extrapola-lhe as possibilidades e
prolonga-lhe o funcionamento do contato com o texto propriamente dito”.

Para se compreender um texto há procedimentos específicos de seleção e de informação.

 Observar títulos e subtítulos;


  Analisar ilustrações;
  Reconhecer os elementos importantes do texto;
  Reconhecer e sublinhar palavras-chave;
  Fazer intertextualidade;
  Tomar notas se achar necessário;
  Inferir o sentido de uma palavra ou expressão;
  Estabelecer relação entre partes de um texto e;
  Localizar informações explícitas no texto.

Todos esses processos podem ser bem trabalhados nas séries iniciais. Além disso, o
conhecimento prévio também é importante para a compreensão textual.

Conhecimento prévio é fazer inferências sobre o que você já sabe com o que está lendo.
4.3 Processo Afetivo

O papel das emoções na leitura está ligado aos três níveis básicos de leitura como: níveis
sensorial, emocional e racional. Cada um dos três corresponde a uma forma de
aproximação do texto.

Para Martins (1994), “esses níveis são interrelacionados, senão simultâneos, mesmo um
ou outro sendo privilegiado, segundo as suas experiências e expectativas assim como,
seus interesses”.

4.3.1 Sentido sensorial

A leitura sensorial começa cedo e acompanha durante toda a vida do leitor. Não
importando o tipo de leitura se é minuciosa ou simultânea.

A leitura sensorial está ligada a visão, o tato, a audição, o olfato, podem também estarem
ligados aos aspectos lúdicos como: o jogo de cores, imagens sons, cheiros e dos gostos
incita o prazer, a busca que pode agradar ou trazer rejeições aos sentidos.

A leitura sensorial vai mostrando ao leitor o que lhe agrada ou não, mesmo sem as
justificativas.

4.3.2 Sentido emocional

O sentido emocional, lida com o subjetivismo e, o leitor passa a ser envolvido pelo seu
inconsciente.

Na leitura emocional emerge a empatia, ou seja, se colocar do outro lado e não pensar
mais no que se sente ao ler e sim o que o texto provoca no leitor.

Quando uma criança ler um texto ela sente a curiosidade, é essa curiosidade que a motiva
a ler cada vez mais, o fato do desconhecido passar a ser conhecido e assim, passando
para o lado da empatia até mesmo de modo exagerado pois, a criança consegue captar as
emoções mais profundamente que um adulto.

A maioria das vezes tem-se a semiconsciência de se estar lendo algo insignificante, sem
originalidade, ou até mesmo fora da realidade. Esse pensamento define uma ligação mais
forte com o inexplicável, por isso, muitas vezes o leitor sente-se inseguro e até mesmo
chegando a incapacidade de explicar o porquê de se prender a leitura.

4.3.3 Sentido racional


A leitura racional relaciona-se com as leituras sensoriais e emocionais fazendo-se
estabelecer uma ligação entre o leitor e o texto, trazendo uma reflexão e reordenação do
mundo objetivo, possibilitando a própria individualidade como o universo das relações
sociais.

A leitura racional é uma leitura intelectual, pois, permite o questionamento das informações
na qual permite uma ampliação de conhecimentos. Ela também tende a ter uma visão
mais longe.

A visão racional transforma um novo conhecimento ou em novas possibilidades acerca do


texto lido.

4.4 Processo Simbólico

De acordo com os estudos de Ferdinand Saussure em seu livro Linguística Geral (1995),
que estabeleceu a distinção entre “língua” e “fala” ( Langue e Parole) para que o indivíduo
reconheça um signo e atribua seu significado correspondente.

Os signos no sentido saussuriano serão constituídos pela união do significante (imagem


acústica) e do significado ( conceito do referente). Para tanto significado está relacionado
com o significante não podendo estar separados. O significante é um mediador, a matéria
lhe é necessária, mas de outro lado o significado também pode ser substituído por certa
matéria: as palavras. Essa materialidade do significante obriga a distinguir matéria de
substância

Pode-se dizer que o significante ( substância) seria os sons, imagens, objetos, já para o
significado (matéria) pode ser definido como processo de significação.

Para alguns estudiosos do assunto reconhecem dois processos significativos no ato de ler:
o processo sensorial ou fisiológico e o mental ou psicológico.

4.4.1 Processo sensorial

A leitura começa como processo sensorial. A sensação é a primeira fase de toda


percepção.Os primeiros estudos sobre leitura foram realizados pelos cientistas Valentins,
Javal, Ramare, Dodge e Muller no século passado que chegaram as seguintes
conclusões:

  Os olhos movem-se ao longo da linha no sentido esquerdo para a direita;


  Os movimentos não são contínuos, mas de saltos e pausas.

4.4.2 Processo mental


Uma vez recebidos os estímulos, o leitor deve atribuir significados. O leitor não vê o objeto,
seus olhos estão em contato com uma palavra, ou melhor, em contato com os raios
luminosos que são refletidos pelas palavras lidas do modo impossível de enxergar o
sentido. Contudo, a pessoa que lê é capaz de dar significado as palavras.

O leitor ao reconhecer o latido do cachorro, o troar do trovão, até mesmo o bater de uma
porta, ele somente as reconhece devido às operações mentais. Essas reações aos termos
gráficos são determinadas pelas experiências que teve com os fatos ocorridos que o
símbolo representa.

Monroe descreve em seu livro Preparando para a Leitura que são quatro componentes
que agem no processo interpretativo da leitura: percepção, compreensão, reação e
integração.

4.4.3 A percepção

Sensação e percepção são processos que se completam na transformação de estímulos.


A sensação pode ser definida como catação de um estímulo enquanto a percepção
consiste na interpretação do estímulo captado.

4.4.4 A compreensão 
O reconhecimento da palavra deve acompanhar a compreensão de seu significado. A
palavra ganha sentido, sentido este que não se encontra no papel mas sim, na mente do
leitor que ao reconhecê-la atribui significado de acordo com a sua experiência.

4.4.5 A reação

Além de ser intelectual pode ser também emocional. Ler é reagir, não basta que se
compreenda o sentido do trecho é necessário que o interprete, que o julgue, que o avalie.

4.4.6 A integração

A integração ocorre de duas formas: a integração total na experiência do leitor e das


partes lidas de um trecho. 
Se a primeira vez que você se encontra com o tema, formará opinião sobre o que leu, daí
por diante parte de suas vivências, fenômeno de integração.

Esses quatro componentes do processo mental precedidos do processo sensorial


representam um só ato – a leitura. 
A leitura é mais que reconhecimento de símbolos gráficos, mas também o fato de
interpretação e compreensão tudo isso deve ser um processo interativo.
4.5 Processo Argumentativo

O processo argumentativo requer habilidade verbal muito concisa, além da capacidade de


lidar com as lógicas verbais. Vale lembrar também que é possível argumentar
falaciosamente, alcançando os objetivos estipulados.

Na verdade o que é argumentar? Argumentar está relacionado com as idéias, crenças,


posturas diante da vida social. A linguagem verbal e escrita procura convencer o leitor
através dos processos argumentativos. É sempre possível que o leitor ao analisar os
textos aceitando ou não os argumentos desenvolvidos pelo autor. A aceitação ou não leva
o leitor a construir um sentido que passa a fazer parte de seu universo cultural.

6 CAPÍTULO V - Objetivos na Leitura

A leitura uma hora ou outra acontece na vida desde que se queira realmente ler, caso
contrário, uma leitura sem um propósito não é necessariamente uma leitura.

Quando se lê por imposição, o leitor apenas exerce uma atividade mecânica que pouco
tem a ver com o significado e o sentido. Quando a leitura é desmotivada não conduz à
aprendizagem e, assim a leitura que foi feita acaba sendo esquecida.

Quando se resolve ler algo, o leitor deve estabelecer um objetivo, ou seja, o que ele deseja
saber sobre o assunto. Garcez (2004), fala que o objetivo da leitura é quem determina a
forma de se ler.

  Por prazer em busca de diversão;


  Para obter informações gerais e esclarecimentos;
  Para obter informações precisas e exatas;
  Para desenvolver o intelecto;
  Seguir instruções;
  Para comunicar um texto a um auditório e;
  Revisão de textos.

Para JOUVE (2002), quando se lê um texto apenas por ler, empreende-se uma leitura do
geral para o particular, ou seja, superficial e rápida, chama-se leitura descendente Quando
se procura uma palavra que chame a atenção, dentro da leitura ela é dita como leitura
ascendente, detalhada e esclarecida, que passa do particular para o geral.

Para Kleiman (2002), “os objetivos na leitura são importantes para outro aspecto o da
formulação de hipóteses”.
As hipóteses fazem com que alguns aspectos desse processo se tornem possíveis: o
reconhecimento global e instantâneo de palavras não percebidas durante a leitura.

O estabelecimento de objetivos e formulação e de hipóteses são de natureza


metacognitivo, isto é, atividades de reflexão e controle sobre o próprio conhecimento. 

Para tanto, a leitura é um ato importante em todos os níveis de aprendizagem que vai da
inicialização da alfabetização e nos diferentes graus de sua vida.

5.1 A Importância da Leitura

De acordo com o artigo de Maria Tereza Fraga Rocco, que aborda a questão sobre a
importância da leitura na Sociedade Contemporânea que diz que: Refletir sobre a leitura
remete antes a duas questões: por que ler? O que a leitura proporciona? 
Do ponto de vista individual a leitura pode ser vista como meio de informação, instrumento
de pesquisa e estudo, como fonte de prazer estético o que é proporcionado pelos textos
literários.

Na leitura do texto literário o leitor, como sujeito, participa do processo de criação,


constituindo-se, também em produtor do texto.
Os textos instigam a criatividade ativando seu imaginário.

Embora o texto literário seja produto de imaginação, ele tem o poder de revelar a realidade
social e até mesmo desmascarar mentiras de forma que a ficção possa ser mais real do
que de fato o é.

A educação do leitor pressupõe, além de um acervo diversificado de textos, que os


professores coloquem à disposição dos alunos obras de valor estético. A sala de aula deve
ser transformada num espaço de leitura que estimule a exploração de vários sentidos dos
textos de forma que faça a leitura prazerosa e significativa.

A sua prática deve ser de estímulo à responsabilidade social, mobilização para


reconhecimento do potencial; apresentação como fonte de prazer; distribuição de livros
com gêneros e estilos diversificados.

Ao se trabalhar com textos literários, os gêneros textuais devem ter objetivos


diferenciados. O que se quer alcançar com aquele gênero? Qual a sua importância? Ao
encontrar as respostas você terá atingido juntamente com sua turma o real significado da
importância de ler.
Não é possível estimular a leitura e cativar novos leitores se não acreditar nas vantagens
de se ler. Se a leitura não for vista como um ato permanente de enamoramento com o
conhecimento, o prazer da convivência com ela, sem dúvida, será de uma sociedade não-
leitora.

7 CAPÍTULO VI - O que é letramento

A palavra letramento surgiu pela primeira vez na década de 80 por Mary Kato em seu livro
“No mundo da escrita”. Esta palavra ainda não foi dicionarizada, seu significado atual veio
da versão inglesa da palavra “literacy” originária do latim “littera” ( letra) com o acréscimo
do sufixo “cy” que denota qualidade, fato de ser, condição e estado.

Portanto, pode se inferir que letramento é o estado ou condição que o indivíduo passa a
ter no momento que se envolve nas práticas sociais de leitura e escrita.

Segundo Tfouni (1988), letramento é definido como:

“... o confronto com a alfabetização e reafirma: enquanto a


alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um indivíduo, o
letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um
sistema escrito por uma sociedade”.

Já Soares ( 2006), define letramento “como resultado da ação de ensinar ou aprender a ler
e escrever”. 
Sendo assim, letramento são as conseqüências sociais e históricas da introdução da
escrita em uma sociedade como resultado de aprender a ler e escrever.

6.1 Leitura x Letramento

Como já foi dito anteriormente, letramento está relacionado com as práticas sociais e de
conhecimento sobre leitura e escrita. 
Quando alguém sabe ler, mas, não compreende sequer textos curtos subentende-se que
essa pessoa tem um nível baixo de letramento e pode ser apenas alfabetizada, à medida
em que ele aprende a lidar com diferentes materiais de leitura e de escrita mais letrado ele
se torna.

Se o leitor é capaz de ler por exemplo: bula de remédio, rótulo de embalagens, ler tirinhas,
produzir bilhetes então ele tem um nível de letramento suficiente para seu dia-a-dia. Os
caixas eletrônicos possuem uma linguagem chamada de letramento digital e requer a
compreensão, caso contrário a pessoa não conseguirá utilizá-lo.
As instituições também são responsáveis pelo aumento de letramento das pessoas é lá
que o indivíduo deixa de ler e os textos do seu cotidiano e passa a ter contato com
materiais mais elaborados e diversificados. Nas escolas ele apenas faz as dissertações já
nas universidades são os resumos, resenhas e as apavorantes monografias.

É preciso que o educador planeje bem suas aulas e com novas práticas de ensino para
que o nível de letramento dos alunos aumente e se tornem pessoas altamente capacitadas
para lidar com as leituras complexas que ocorrerão em sua vida.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a seleção de materiais específicos para a elaboração desta monografia foi possível
compreender que a leitura não significa decodificar símbolos e sim compreensão e
interpretação do texto lido. Conclui-se, portanto, que a leitura está relacionada com seus
diversos processos e estratégias assim como, a relação com os sentidos emocional,
sensorial, racional e também com o processo sensorial e mental. 

A leitura envolve o leitor numa relação de transmissão de conhecimentos e formulação de


questionamentos. A leitura se faz presente no cotidiano de cada leitor podendo ela ser por
mero prazer ou até mesmo para adquirir conhecimentos diversos.

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