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PRÁTICAS DINÂMICAS DE LEITURA E ESCRITA NA SALA DE AULA

Leitura e Formação de Leitores


Ao pensar a mediação de leitores acredita-se que essa função caiba somente aos
profissionais da educação, em especial ao professor, e às políticas governamentais
de leitura, entretanto, a mediação é muito mais abrangente. Existem muitos
recursos que podem ser explorados em benefícios da leitura e formação de leitores.
A mídia é um exemplo mais próximo e muito presente no cotidianos das pessoas. A
leitura, segundo Paulo Freire, é um direito e uma forma de inclusão social, pois
forma um sujeito crítico capaz de ver e ler a realidade do mundo de múltiplas
formas.
A leitura em voz alta, a leitura silenciosa, a leitura para um grupo ouvir, são aptidões
que adquirimos por diversos meios, e surgiram em diferentes épocas. Em todas as
sociedades letradas, aprender a ler tem algo de iniciação, de passagem ritualizada
para além de um estado de dependência e comunicação primária. Ao aprender a ler,
a criança reencontra-se nas passagens e familiariza-se com um passado comum
que ela renova, em maior ou menor grau, a cada leitura.
As escolas, bem como os professores, exercem uma força muito grande no que diz
respeito à formação de leitores. Porém, muitas vezes percebe-se que essa força é
desconhecida ou não é praticada por alguns professores. Além desses mediadores
ainda existe um campo muito vasto de mediadores que precisam ser explorado: a
família, revistas, jornais, livros didáticos, bibliotecas, editoras, contadores de
histórias, jogos e inclusive obras literárias.
A leitura é responsável por contribuir, de forma significativa, à formação do
indivíduo, influenciando-o a analisar a sociedade, seu dia a dia e, de modo
particular, ampliando e diversificando visões e interpretações sobre o mundo, com
relação à vida em si mesma. Para que essa eflorescência de fato aconteça, é
primordial que a leitura propriamente dita ocorra em ambientes favoráveis à sua
aquisição, mas, acima de tudo, seja propiciada, respeitando o nível sociocultural do
leitor. Para tanto, uma das ferramentas insubstituíveis, que condicionam esse
aprender, é o domínio da linguagem, adquirido a partir da leitura e da escrita que,
por sua vez, repercutirão em todas as áreas do conhecimento. A leitura, parte
fundamental do saber, fundamenta nossas interpretações e nos viabiliza a
compreensão do outro e do mundo. É por meio do texto que adquirir-se e
formatam-se posicionamentos, questionando acerca da potencialidade e opiniões de
autores e assim refletir e formar nossos próprios conceitos.

O PROFESSOR, MEDIADOR DO PROCESSO


Pensando dessa forma, o mediador responsável pela aquisição da prática da leitura
- o professor - deverá elaborar estratégias significativas para que ocorra a formação
do leitor, de forma consciente pela prática concreta e efetiva do ler, pois somente
quem se relaciona com livros, de maneira preciosa, será detentor do poderio de
gerar novos bons leitores. Para tanto, como mediador desse processo de
transformação de hábitos, o professor deverá explicitar aos seus alunos que, ao
ler-se, realiza-se um exercício amplo de raciocínio, tornando-nos indivíduos
praticantes da categoria, sujeitos cultos, justos, solidários, sábios e criativos. Um
profissional da educação sem preparo, que pouco conhece os textos em circulação,
desprovido de recursos para conduzir seus alunos ao caminho da leitura,
desconhecedor de técnicas e metodologias adequadas, não se efetivará nesse
processo.
Ele,como mediador do hábito de ler, deverá propiciar atividades práticas que se
fundamentem nessa lógica, criando diferentes momentos de leitura alicerçadas em
estratégias capazes de promover distintos níveis de letramento. Sabe-se que a
mediação da leitura ocorre, sem sombra de dúvidas, na escola e pelo professor, que
por sua vez, tem a incumbência de formar-se professor leitor e posteriormente,
profissional leitor. Para tanto, caberá a ele desenvolver-se enquanto pessoa e
profissional, de direitos e deveres, usufruindo da prática da leitura, a fim de
contribuir com o exercício de uma cidadania crítica e justa. Ao buscar novas práticas
leitoras, o professor obterá oportunidades, sempre renovadas, melhorando,
significativamente, estruturas textuais disponibilizadas em seu dia a dia, além de
refinar seu conhecimento literário.
A escolha de bons livros, em especial os literários, favorecerá sua capacidade de
criar, sensivelmente, sua individualidade cultural, comprometendo-o com demais
práticas fundamentais do ato de ler. Segundo Silva (2009), é papel do professor
refletir coletivamente sobre sua bagagem cultural, cruzando novos horizontes,
impenetrado e acionando o mecanismo de aprendizagem, a fim de integrar
interdisciplinariedade e planejamento com harmonia e coerência. Para quem mostra
o caminho das palavras, de maneira alguma incorrerá na incredibilidade sobre sua
essencialidade como alguém que domina o conhecimento nessa área como
profissional. Tão importante quanto ensinar a ler, é formar um bom leitor. Vivenciar
nos dias de hoje, o acelerado crescimento de estratégias e mudanças, submete-nos
à implantação de novas práticas pedagógicas, que visem atender os interesse e 3
necessidades das crianças e jovens, frente a um mercado acirrado de trabalho.
Apesar de tantas transformações, os pequenos e os jovens, dominam, habilmente
as novas tecnologias, mais até que nós professores, nos relacionamos com tais
recursos. Sendo assim, deve-se provocar não somente o resgate pelo gosto da
leitura, mas também e em especial, a compreensão da mesma. Nesse processo, o
professor identificará interesses e dificuldades do ato de ler em seus alunos,
proporcionando-lhes ampliar e estreitar o diálogo. Com isso, reforçará a leitura,
frente às modificações modernas que se enfrenta, proporcionou como até então, e
proporcionar-lhes-á, futuramente, bem mais.

LEITURA E LEITOR

Dentro desse contexto, "saber ler" e “formar um leitor” demandam diferenças a


serem consideradas. Para a primeira, trata-se de decifrar a mensagem simbólica,
expressada por meio das sílabas que formam as palavras, enquanto que, na
segunda, o sujeito leitor é induzido a aprender a compreender, interpretar e
inserir-se no universo do pensamento de outra pessoa - o autor - compartilhando
pensamentos, ideias e hipóteses, aceitando, ou contrapondo-se ao que analisa. A
leitura não deve ser concebida como um processo de decodificação, por envolver-se
muito mais do que apenas aspectos de decodificação do escrito. Ela proporciona ao
leitor, o contato com o seu significado seguindo seu conhecimento de mundo,
possibilitando assim, afirmar que todos, ao lerem o mesmo conteúdo, obterão
compreensão e interpretação diversificadamente, ao interagir com o texto. O leitor
realiza o processo de maneira ativa, enriquecendo a leitura que contribuirá com seu
saber, que se propõe fazer.

A leitura, embora ação corriqueira nos dias de hoje, sobretudo nas


regiões urbanas, não é natural. Não lemos comemos, respiramos ou
dormimos. Para tanto, precisamos aprender o código escrito,
socialmente aceito e a ter domínio sobre ele em todas as suas
modalidades, quer práticas (como propagandas, receitas, notícias,
informações, anotações) quer estéticas (como narrativas e poemas)
(AGUIAR, 1996).

A leitura constitui também uma prática social, pela qual o sujeito, ao praticar o ato
de ler, mergulha no processo de produção de sentidos, e esta tornar-se-á algo
inscrito na dimensão simbólica das atividades humanas. Sendo assim, falar em
atividades humanas, aqui, é tratar de uma linguagem, do recurso pelo qual o
homem adentra o universo da cultura, configurando-se com um ser culto, racional e
pensante.
A leitura propõe, ainda, interação entre diversos fatores para que haja realmente o
“processo de ler”. Vale ressaltar que aspectos psicológicos e pedagógicos deverão
ser levados em consideração. Dessa forma, esse processo perpassará diferentes
linhas teóricas, enfocando equilibradamente os demais aspectos que conferem
ênfase a um único interesse: compreender e interpretar o texto, auferindo todas as
informações nele contidas. É o leitor quem atribui significado ao texto, processando
diversificadamente as informações nele constantes. É relevante afirmar que os
significados do texto baseiam-se em sistemas interacionais esquematizados para o
leitor; já os do escritor relacionam-se com ele na forma de interação.
Segundo Koch e Elias (2008), a leitura está além de apenas ocupar um importante
espaço na vida do leitor. Para as autoras, o ato de ler constitui-se da junção entre os
sujeitos sociáveis com a linguagem sociocognitiva, o que lhes possibilita um contato
eficaz com elementos significativos do texto. Sendo assim, o leitor é posto em
contato direto com as palavras, de maneira peculiar, percebendo o elevado grau de
sentido que elas preservam. Notam-se, constantemente, indagações acerca da real
importância da leitura para os membros de uma sociedade.
Observa-se também, que o mesmo grupo de indivíduos, anseia pela necessidade
de nutrir o conhecimento, especialmente, por meio da leitura. É fato que tal lacuna,
poderá ser suprida corretamente, por intermédio das diferentes maneiras de
aplicabilidade do elemento de informação. Concebendo que, a leitura decorre do
entendimento entre sujeito, língua, texto e sentido, adotados na respectiva
sequência, a representação do pensamento, estará assegurada e promoverá a
captação mental do leitor, de maneira absoluta.
O mesmo acontecerá com o entendimento da leitura, levada à sério, sem
menosprezar as experiências e conhecimento, próprios do leitor, compreendendo
propósitos consolidados ao longo de sua caminhada, e para tanto, tais suportes,
servirão de condução para atividades interativas entre autor-texto-leitor, servindo
muito além de um simples produto codificado para conhecimento, transmitido ao
receptor de forma passiva (Koch & Elias, 2008). Todo conhecimento que o leitor
possa ter, encontra-se armazenado na memória, e esta, por sua vez, organiza-o
adequadamente, gerando espaço para as inúmeras informações que esse mesmo
leitor agregará para si, ao longo de sua rotina como praticante da leitura.
É impreterível que se promova um trabalho produtivo da leitura, a fim de contribuir
para a formação do sujeito leitor, de forma que possa identificar-se no texto, ou nas
suas leituras plurais, não somente como um consumidor de livros, e sim, um
produtor destes à 5 medida que preenche as lacunas existentes na obra lida,
mergulhando na ambiguidade dos textos e encontrando significados mais profundos
nas entrelinhas dos textos. Percebe-se, dessa forma, quão importante é a
habilidade de leitura, que ultrapassa os limites da decodificação, efetivando-se como
ação, que prepara leitores capazes de participarem da sociedade na qual estão
inseridos e, acima de tudo, exercendo o direito e o dever de transformá-la. Para que
isso ocorra, necessariamente, recorre-se à disponibilidade do professor, para agir
como mediador do processo, atentando para o caráter social do ato de ler.
Com efeito, no momento da leitura, trocam-se valores, crenças, gostos, que não
pertencem somente ao leitor, nem tão-somente ao autor do texto, mas, sobretudo, a
um conjunto sociocultural. Nos atuais dias, a leitura tão somente abriu-se para
receber pesquisadores, como também, proporcionou lugar amplo para inúmeras
discussões, sobre torvações e anseios dos profissionais da educação, sejam por
razões leigas, profissionais ou de cunho institucional. Prova disso, são os diversos
simpósios, sessões, encontros, fóruns e afins dedicados ao assunto, os quais
oferecem propostas teóricas, metodológicas, científicas e políticas, visando
amenizar incertezas dos profissionais da área. Para Orlandi (1995), o sujeito leitor é
quem, em sua preexistência, se torna produtor da interpretação do texto, ao mesmo
tempo em que, coloca-se como contemporâneo a ele, produzindo leitura,
especificamente de sentido, garantindo sua eficácia, organizando-se com seu
conhecimento de um eu-aqui-e-agora, relacionando-se com ele sem perder sua
originalidade.

Conforme observa Lajolo:

A leitura é, fundamentalmente, processo político. Aqueles que formam


leitores – alfabetizadores, professores, bibliotecários – desempenham u papel
político que poderá estar ou não comprometido com a transformação social,
conforme estejam ou não conscientes da força de reprodução e, ao mesmo
tempo, do espaço de contradição presentes nas condições sociais da leitura,
e tenham ou não assumido a luta contra aquela e a ocupação deste como
possibilidade de conscientização e questionamento da realidade em que o
leitor se insere. (1996, p. 28)

De acordo com Lajolo (1996), a leitura é a estratégia eficaz no processo de ensino


aprendizagem, sendo praticada pelos alunos de diversas formas e métodos. É
possível orientá-la de maneira que a expanda-se muito além das notas das aulas:
sublinhando pontos importantes de um texto, monitorando a compreensão na hora
do ler, empregando técnicas de memorização, elaborando resumos, planejando e
estabelecendo metas, entre outras. Com absoluta certeza, tal mecanismo
favorecerá o desenvolvimento da leitura de maneira produtiva. A leitura permite o
despertar de sentimentos e emoções, inspirando-nos a um ambiente repleto de
possibilidades formuláveis, tantas quantas vezes forem necessárias, haja vista, o
leitor, permitir-se conhecedor da sua aptidão em maior escala de pretensões,
estabelecendo desta maneira, uma sólida relação de dados concisos, permitindo-se
inferir, comparar, questionar, relatar e observar a essência do conteúdo.
Justifica-se ainda, que o leitor, é agente ativo da constante busca de conhecimento,
e necessita afirmar sua posição social, cultural e humana dentro do contexto que
preconiza, sem fragilizar a pluralidade intelectual. Preocuparmo-nos com uma leitura
que apenas valorize os elementos formais do texto, é tratá-la como decodificação de
palavras escritas, tornando-nos coniventes com o fracasso escolar do aluno. Seria o
mesmo que pensar o ensino da leitura como não fundamental para solucionar os
problemas relacionados ao pouco aproveitamento escolar dos estudantes,
tratando-a tão-somente como exigência presente no conjunto de disciplinas
ofertadas pela escola, demonstrando, assim, ser a responsabilidade, pela formação
do aluno leitor, exclusiva dos professores de Língua Portuguesa e não, de uma
forma geral, por todos os demais professores em suas respectivas áreas.
Segundo Freire (1994, p.11), a “leitura precede a palavra, daí que a posterior leitura
desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e
realidade se prendem dinamicamente”. Pensando assim, a leitura da palavra não
pode deixar de considerar o conhecimento de mundo que cada leitor possui,
adquirido em seu contexto, suas vivências sua realidade. Linguagem e realidade se
fundem dinamicamente, evidenciando que a compreensão do texto, de modo crítico,
implicará relações entre texto e contexto.
Ao realizar a compreensão e interpretação da narrativa, observados os propósitos
do autor, o sujeito adentrará, letra por letra, mergulhando no enredo lido,
permitindo-se avançar, esclarecer e validar suposições. Acredita-se então, que esse
mesmo leitor, seja capaz de processar, criticar, contradizer e avaliar as informações
que estão diante dele, aprumando o significado obtido (SOLÉ, 2003).

A ESCOLA COMO PARTE DO PROCESSO DE FORMAÇÃO LEITORA

Levando em conta de que a escola é responsável direta pelo ensino da leitura,


cabe-lhe refletir e redirecionar sua postura diante da prática. Dependendo de como
for conduzida, ela poderá transformar o aluno em um leitor ou distanciá-lo do
processo e, na maioria das vezes, para sempre. Oportunamente, Manguel (2000),
reforça a tarefa da escola em proporcionar aos estudantes, o espaço ao ato de ler,
permitindo-lhes, “confortável, solitário e vagarosamente sensual” (p.11), o convívio
fascinante com a leitura. É premente a existência de estudos sobre as práticas de
leitura em sala de aula, que envolvam atividades propostas pela escola e que,
realmente, contribuam para a formação de um sujeito leitor, capaz de posicioná-lo
criticamente frente às informações que lhe estão disponíveis.
Cabe à escola organizar, criar e adequar, em sua grade curricular, propostas e
estratégias efetivas de leitura, favoráveis à formação de leitores competentes,
estando atenta às questões sociais em que ela estiver ausente. Tal situação
torna-se mais presente com o passar dos dias, confirmando-se como um dos
motivos relacionadas à exclusão social e cultural dos membros de uma sociedade
detentora de inúmeros contrastes. Para Orlandi (1995), a leitura em seu objeto, o
texto, fonte de sapiência da realidade, além de conectar sala de aula e sociedade, é
revelação ideológica reificando, o ambiente escolar, caminho condutor para
inovação das linguagens. Da mesma forma, Pulcinelli (1995), entende que o
elemento leitura, repercurte no comportamento do mediador, base indispensável
onde se inicia a trajetória do indivíduo em seu cenário de ledor: a sala de aula.
Como se pode observar, analisar as estratégias desenvolvidas pelo professor, no
ambiente de aprendizagem, as quais desencadeam e/ou desencadearão,
diretamente no seu exercício da leitura, permitirá, resultados pedagógicos com
consequências deteminantes para o aprendiz, tanto quanto para o próprio
profissional e sua instituição de ensino.
Pode-se entender que a função da escola consiste em desenvolver no educando a
capacidade de aprender a aprender, estruturando suas práticas pedagógicas com
vistas à formação moral e social do indivíduo, incluindo a estruturação de um
sistema contínuo de troca de informações, amparado por uma biblioteca com acervo
capaz de suprir as demandas da leitura, bem como por outros ambientes de
apreciação da escrita onde haja circulação e aproveitamento do conteúdo de livros,
recorrendo a profissionais qualificados. Caso a escola não atenda a esse propósito,
caberão a esta a criação e ampliação de seu espaço físico e dos subsídios que
auxiliam tais práticas, recorrendo aos recursos que lhe são por direito designados.
Para uma grande massa da população, na grande maioria das vezes, a única
proximidade com o livro, faz-se no encontro com colegas, professores e escola.
Aqui, deparamo-nos com o maior desafio do mediador da leitura, que consiste em
perceber, pensar, orientar e executar a mesma, parte substancial do processo de
ensino-aprendizagem, com ampla expressividade, agregando diferenciais ao que
será projetado e sua execução, possibilitando intimidade com coerência diante do
hábito de ler, fortalecendo vínculos do leitor com tal prática, eliminando, portanto, a
tão percebida aversão ao mesmo.
Na visão de Soares (1999), para haver escola, faz-se necessária adequada
escolarização, substancial conhecimento, aquisição de saberes, responsabilidade,
integridade e respeito, acima de tudo com os estudantes e a representatividade que
ela, instituição mediadora dos alicerces do conhecimento, desempenha no atual
cenário cultural, político e social da esfera a qual pertence. Convém lembrar ainda, a
advertência que a autora faz em relação ao processo de escolarização, submeter-se
ao modo de como e para que aprendemos, ser inevitável, haja vista tratar-se da
fundamentação escolar para a qual foi instituída e constituída, não havendo
maneiras de evitar que o saber escolar floresça, contribuindo, substancialmente,
para a formação do caráter dos cidadãos. Não fazê-lo, seria minorar a real
finalidade e o propósito primeiro, destinado para a instituição, a qual detém a
incumbência de formar, dissiminar e aguçar o intelecto do sujeito.

Conforme Grazioli e Coenga:

Partilhar é o termo ideal, porque antes de tudo, leitura é uma


experiência que envolve a troca, o diálogo e a interação.Muito
se ouve falar que os alunos não leem. Há uma questão, no
entanto, que deve anteceder a essa: como o professor enfrenta
o desafio da leitura? Nesse sentido, o professor que deseja
formar leitores e promover em sala de aula precisa se perguntar
antes:Como me tornei leitor? Como descobri o interesse pela
leitura? Qual a experiência de leitura que eu tenho que partilhar
com os outros? (2014, p. 191)

Entretanto, Grazioli e Coenga (2014) ressaltam que calhar ao professor, a missão


de atrair os alunos para o traquejo da leitura, diferenciadamente, sobressaindo-se
por meio da criatividade e expressividade. Causar, anseio, pela sensatez à leitura, a
fim de torná-la agradável e, com efeito, exigirá do preceptor, perspicácia e
autenticidade ao fazê-lo com encantamento e devoção, munindo-se de artifícios
persuasivos, os quais envolverão o leitor, levando-o a relacionar-se sincera e
esmeramente com a narrativa, inicialmente, proposta e posteriormente, quista.
Contudo, Pulcinelli (1995) nos lembra que a leitura, constitui por vezes, uma
interpretação unilateral, sugerindo que os valores proporcionados por ela, são
aqueles ditos pelas classes dominantes as quais veem a leitura como fruição, lazer,
alcance de horizontes e experiências definitivamente diferenciados das classes
dominadas que a percebem como instrumento de sobrevivência cultural, facilitadora
do mundo competitivo de trabalho e das condições de vida. Além disso, a sociedade
capitalista aceita tal diferenciação do valor que a leitura possui, conferindo à escrita,
a função de discriminação, privilegiando o ato de ler e escrever, de forma a produzir
e franquear a diversidade do conhecimento.
Nesse sentido, Lajolo (1996) sugere práticas de leitura na escola e na sociedade,
abrangentes, eficazes e conscientes, bem como o reconhecimento daquelas que
exibiram as metas estipuladas, revisando fundamentos teóricos e metodológicos do
texto, ao longo de sua tradição, consoante com as práticas sociais e pedagógicas
até então executadas. A esse respeito Zilberman (1995), afirma que a leitura se
concretiza ao criarmos conceitos de produção para entendimento das narrativas, e
somente na interação dos interlocutores com a discursividade, definir-se-ão
condições e fatores adequados que efetivarão o processo de ler. Constituir a leitura,
a partir de experiências, é reconhecer as difrenças sem discriminá-las, facultando ao
leitor, à medida que praticá-la, constituir-se, representar-se e identificar-se sujeito
ativo e participativo num determinado grupo social.

A PRÁTICA DA LEITURA NO CONTEXTO ESCOLAR

A prática da leitura se faz presente na vida das pessoas desde o momento em que
passam a compreender o mundo a sua volta. No constante desejo de decifrar e
interpretar o sentido das coisas que os cercam, de perceber o mundo sob diversas
perspectivas, de relacionar a ficção com a realidade em que vivem, no contato com
um livro, enfim, em todos esses casos, está de certa forma lendo, embora muitas
vezes o indivíduo não se dá conta disso. Freire (2008) já postulava que “A leitura do
mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa
prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem
dinamicamente” (FREIRE, 2008, p. 11). Freire (2008) mostra que antes mesmo do
contato com o livro o indivíduo já tem um contato com a leitura do mundo, com sua
experiência de vida, pois cada ser tem uma maneira de interpretar e ver as coisas
que o rodeia, por isso a leitura do mundo é sempre fundamental para a importância
do ato de ler, de escrever ou reescrever e transformar através de uma prática
consciente.
Isso equivale dizer que a realidade cotidiana do aprendiz está diretamente refletida
no processo de conhecimento e interpretação das palavras e frases escritas. Com
isso a leitura é uma forma de atribuição contínua de significado, os quais precisam
ser desvelados pela compreensão do ser humano, pela sua subjetividade. Assim, a
leitura é um dos grandes elementos da civilização humana. Maria Helena Martins
(1986) também afirma que o ato de ler vai além da escrita. “Enfim, dizem os
pesquisadores da linguagem, em crescente convicção: aprendemos a ler lendo. Eu
diria vivendo”. (MARTINS, 1986, p14). É notável que tanto para Martins (1986)
quanto para Freire (2008) a experiência do mundo que precede a leitura é antes de
tudo viver, cada pessoa tem sua experiência de mundo e, ao ler, muitos se
identificam na leitura escrita.
A prática da leitura da palavra é um fator que deve ser realizado, na sala de aula e
na biblioteca, fazendo uso de livros didáticos e literários, revistas, jornais, entre
outros, a fim de transformar em qualidade a relação textual com o mundo leitor. O
incentivo à leitura deve partir do professor em sala de aula, dos pais e da sociedade,
pois assim os alunos passarão a buscar leituras individualizadas. Dessa forma, o
texto quando lido com intenção de compreendê-lo tem o poder de transformar o
leitor passivo em um leitor crítico e agente capaz de modificar e formar conceitos.
Por isso é importante o uso da biblioteca escolar, a qual deve ser amplamente
explorada pelos professores para que os alunos tomem gosto pelas leituras
diversas, a qual pode ser vista como propagadora da função social do ato de ler.

Escola e Biblioteca Escolar: espaço de leitura

É comum as escolas destinarem um espaço para a leitura, os quais são chamados


de sala de leitura ou biblioteca escolar. No entanto, as escolas vêm mostrando que
na prática muitas bibliotecas escolares estão sendo utilizadas inadequadamente,
sob a visão de um conceito ultrapassado. Assim, é comum vê-las como simples
depósitos de livros, isso tanto na rede pública como na rede privada. Porém, nem
todas as escolas são iguais, algumas sabem valorizar esse tesouro, fazendo uso
dos livros que lá contém. Conforme Freire (2008, p. 22), “A compreensão crítica da
alfabetização, que envolve a compreensão igualmente crítica da leitura, demanda a
compreensão crítica da biblioteca”. Dessa forma, é preciso que a escola proporcione
aos alunos o contato com a leitura, que os ensine a ler. Para tal prática, a biblioteca
escolar é um espaço perfeito para que todos que nela atuam possam usufruir de
seus livros como fonte de experiência, formando assim, cidadãos leitores.
Mesmo que o espaço seja pequeno, é preciso que o aluno tenha esse contato com
o livro na biblioteca: frequentá-la para fazer pesquisa, estudar e também locar livros
para ler no seu dia a dia. Porque a escola é o lugar de aprendizagem permanente, é
preciso aproveitar das coisas boas que lá existem. O ambiente da biblioteca deve
ser confortável, arejado, limpo, organizado, pois esse espaço físico também
incentiva o aluno a ler, mesmo não sendo um espaço grande. Com isso a biblioteca
serviria como suporte de auxílio para a leitura em sala de aula. Pois, a partir do
momento em que o aluno passar a frequentar a biblioteca, seu interesse pela leitura
também passará a ser maior e, sem dúvida, esses alunos lerão com mais liberdade,
tanto individualmente, no dia-a-dia, como em sala de aula. Este deve ser um
compromisso de todos os professores da escola, assim, a biblioteca se
transformaria num grande espaço ativo para melhorar os índices de leitura.
Ninguém nasce leitor, assim como aprendemos a falar, caminhar, escrever, ler,
também nos tornarmos leitores. Os pais são facilitadores no processo formativo do
leitor, porém se ainda não são leitores nem tudo está perdido. O sujeito não leitor só
precisa ser acordado, assim como a bela adormecida, através do encanto e do
prazer que a leitura proporciona. Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes
de tudo, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não pela
manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula
linguagem e realidade (FREIRE, 2006, p. 8). Paulo Freire é um defensor do direito à
leitura. Segundo ele, a leitura é uma das formas mais eficientes para a inclusão
social das camadas excluídas da sociedade. Um indivíduo que lê compreende
melhor o contexto que o cerca e a partir dele é capaz de formular suas hipóteses e
conclusões, sejam elas positivas ou não.
O mediador é a ponte, intermediário que aproxima/liga o leitor da leitura e do livro
através de sua paixão pela leitura e amor aos livros. Para Petit, o mediador “para
transmitir o amor pela leitura, e acima de tudo pela leitura de obras literárias, é
necessário que se tenha experimentado esse amor”(PETIT, 2008, p. 145).
Podemos considerar como mediadores de leitura de modo geral familiares,
professores, bibliotecários, entre outros. Poderíamos dizer que o primeiro mediador
da leitura deveria ser a família, pois são os primeiros a estabelecer o elo de ligação
entre a criança e o mundo; mas, em geral, os pais e demais membros da família não
têm a dimensão da influência que podem exercer sobre as crianças no sentido de
motivá-las à leitura. E também, infelizmente, nem sempre as condições econômicas
dos brasileiros permitem a inclusão do livro no orçamento familiar, resultando que a
maioria passa toda uma vida sem nunca ter comprado sequer um livro.
A escola bem como os professores em particular exerce uma força muito grande no
que diz respeito à formação de leitores. Mas ainda é preciso desenvolver
mecanismos apropriados para que se possa atingir o interesse pelo gosto da leitura
literária em especial pelos nossos alunos. Para isso não é preciso grandes
investimentos ou recursos financeiro, basta usar da prática da criatividade. Cabe
aqui o papel do mediador de leitura que através de um ato simples pode fazer com
que surja um novo leitor, ou até indiretamente do nada pode acontecer. Desta forma
a escola deve estar atenta a tais procedimentos e o professor deve ter um
conhecimento sólido do quanto os processos cognitivos, sociais, culturais e afetivos
de cada leitor são acionados no ato de ler, desempenhando um papel fundamental
na sua formação leitora.
Mas se a leitura da literatura traz todas essas possibilidades podemos nos perguntar
: Por que a distância entre textos e leitores ainda é tão grande? Porque a escola
muitas vezes parece exercer um papel crucial na formação do não leitor da seguinte
maneira: livros obrigatórios e únicos para toda a turma; conhecimento de livros e
autores, exercícios de interpretação que buscam um sentido único, tarefas
específicas voltados para o conhecimento sobre os livros e não para a experiência
de leitura; escolha de livros pautada em critérios pedagógicos que norteiam o
exemplar certo para a idade certa entre outros elementos de análise.
De fato, apesar de tudo, a leitura ainda é vista a partir da dimensão do ócio, do não
trabalho, da fuga e talvez aí, para alterar essas imagens e pensar de outro modo a
formação do leitor, venha se desenhando a figura do mediador de leitura. Cabe aqui
a necessidade e o desafio dos mediador espera mudar este quadro ou forma de
pensar. Este papel necessário não depende somente do professor, mas sim de uma
consciência maior, a da sociedade juntamente com pais, alunos, bibliotecários e a
escola.
A leitura tem o poder de mudar o destino das pessoas. É a fuga daquele caminho
traçado por gerações menos favorecidas da sociedade marginalizada. É dialogar
com o tempo e viver experiências já vividas que só a leitura permite conhecer. Mas
como fazer com que nossos alunos percebam a importância da leitura, já que os
meios tecnológicos como TV, vídeo games permitem muito mais diversão do que a
leitura de um livro?
O professor bem como os demais mediadores precisam se aproveitar desses meios
tecnológicos a seu favor. Apresentar um filme de qualidade pode ser uma boa
oportunidade de levar o aluno a conhecer a obra de onde foi pensado e extraído a
produção cinematográfica.

Leitura em sala de aula


Ler é importante na escola porque é importante na sociedade. Quando o aluno lê,
os sentidos e valores que possui acerca dos fatos do mundo, acerca da vida e das
pessoas entram em contato com os valores e sentidos veiculados nos textos. Com
isso, a leitura na sala de aula serve para o aluno aprender a participar das práticas
sociais de leitura que acontecem em todos os espaços onde as pessoas circulam,
seja no restaurante, Shopping, no trabalho, enfim, em todo lugar. As atividades de
leitura nas primeiras aulas devem ser livres para não travar ou obrigar o aluno a
fazer o que não tem vontade, ou seja, eles devem ser motivados pelo professor a ler
textos interessantes, pois há diversos tipos de textos os quais podem e devem ser
estudados em sala, de forma a não se tornar cansativo. Freire (2008) mostra que ao
ler é preciso pensar certo, ou seja, saber argumentar e ter sua própria opinião. Ele
diz: “Quando aprendemos a ler e a escrever, o importante é aprender também a
pensar certo. [...] Devemos pensar sobre a nossa vida diária. [...] Aprender a ler e
escrever não é decorar „bocados‟ de palavras para depois repeti-los.” (FREIRE,
2008 p. 56).
Dessa forma, o aluno que lê e interpreta passa a ter um gosto pela leitura, pois
compreende aquilo que está escrito. Os textos em sala de aula podem ser tirados
de jornais, de livros, podem ser contos, enfim, podem ser de qualquer gênero.
Porém, é preciso levar o aluno a pensar e argumentar. Pensar certo é entender e
descobrir o que pode estar escondido nos fatos e nas coisas, naquilo que se analisa
e observa. Freire (2008 p. 59) acrescenta que “um texto para ser lido é um texto
para ser estudado. Um texto para ser estudado é um texto para ser interpretado.
Não podemos interpretar um texto se o lemos sem atenção, sem curiosidade”. Com
base nisso é preciso que o aluno, em sala de aula, leia com atenção. Ele deve ser
motivado pelo professor, o qual deve mostrar o que há nas entrelinhas, nas figuras,
no título, isto é, em tudo que pode despertar a curiosidade do aluno.
Assim, criar condições de leitura trata-se de dialogar com o leitor sobre sua leitura,
ou seja, sobre o sentido que ela dá: seja a algo escrito, quadro, coisas, sons,
imagens, ideias, situações reais ou imaginárias. Dessa maneira, o aluno que lê mais
ou que passa a ter o hábito de ler revelará um desempenho melhor, pois posicionará
diante dos fatos, acontecimentos e será capaz de selecionar os textos que atendem
uma necessidade sua, interpretando, analisando e produzindo com eficácia.
Segundo Paulino (2001, p.156), “as leituras, em sua diversidade, mobilizam
emoções, incitam reflexões, transmitem conhecimentos, envolvendo, como se viu,
diferentes saberes.
Se os textos se diversificam, também as leituras devem ser diferentes”. Assim, a
leitura em sala de aula deve ser variada, isto é, diferenciar quanto ao gênero:
notícias de jornal, poemas, contos, poesias e tantos outros. Essa prática da leitura
em sala de aula só terá um bom desenvolvimento se o professor tiver o hábito de
ler. É preciso que antes de levar um texto para seus alunos, primeiro que ele tenha
conhecimento, ou seja, prepare antes suas aulas de leitura, pois só assim ele será
mais tolerante tanto para avaliar quanto para selecionar os textos a serem lidos.
Lembrando que o professor de qualquer disciplina, desde Educação Física a
Matemática é, antes de tudo, um professor de leitura, pois essa não é uma tarefa
exclusiva do professor de Português. O professor de matemática, por exemplo, ao
passar problemas para os alunos responderem, estes tem que fazer uma
interpretação de leitura para resolverem tais exercícios. Com isso, para ter uma
ótima interpretação é preciso antes de tudo fazer uma boa leitura.

Por que o Aluno não Gosta de ler?

A maioria dos alunos não gosta de ler e há alguns fatores que servem para
comprovar isso. No ambiente familiar, por exemplo, diversos pais não leem e não
estimulam os filhos à leitura, porque eles também não foram incentivados para tal.
Com isso, são poucas as famílias que tem o hábito de leitura em casa. Na família
brasileira só se fala de livros quem teve a oportunidade de ter nascido em meio a
eles e os que falam de leitura e de escola falam com a vontade de quem pertence à
classe que se apossa de livros desde criança.
O ambiente escolar deveria ser o local de maior motivação à leitura, mas o sistema
de ensino valoriza e foca muito mais a gramática e esquece de estimular os alunos
a ler um bom livro, revistas, gibis, jornais etc. tornando-se um erro gravíssimo do
ensino de Língua. Falta também, o apoio governamental, ou seja, falta o governo
investir mais na educação, muitas escolas públicas, infelizmente, carecem de
qualidade e de recursos como livros e biblioteca adequada. Ser leitor, também
requer disciplina e treinamento. Martins (1986, p. 84) mostra que “o homem é um
ser pensante por natureza, mas sua capacidade de raciocínio precisa de tanto
treinamento quanto necessita seu físico para, por exemplo, tornar-se um atleta.”
Isso vem mostrar que para se tornar um grande leitor é preciso ter atenção, desafiar
ludicamente a memória, pensar e ler diariamente.
Assim como Martins (1986), Freire (2008) aponta, também, a disciplina na leitura; já
que “estudar exige disciplina. Estudar não é fácil porque estudar é criar e recriar é
não repetir o que os outros dizem.” (FREIRE, 2008, p.59). Com isso, percebe-se
que para ler bem tem que ler muito e grande parte dos alunos sentem-se
desmotivados e “preguiçosos” quando o assunto é leitura. Esses não querem
exercitar a mente porque ler requer garra, estímulo, concentração e perseverança.
É muito mais fácil sentar-se diante da televisão ou ficar ouvindo o rádio do que
pegar um jornal ou um livro e ler. A dificuldade maior é a acomodação e a falta de
tradição de leitura no contexto histórico do Brasil, pois a leitura sempre se restringiu
à minoria de indivíduos que teve acesso à educação e aos livros. A grande massa
da população sem condições de estudar sempre aderiu aos meios diretos de
comunicação que não exigem educação formal, como, por exemplo, rádio e TV. Por
isso, ler é um hábito raro entre as famílias. Muitos alunos chegam ao colégio
achando livro quase uma coisa esquisita, leitura uma chatice, talvez esses alunos
precisam ser conquistados; perceber que ler pode ser divertido, interessante,
descontraído e prazeroso.
Mas o que é preciso ler, afinal? Cada um deve descobrir o que gosta de ler, e vai
gostar, talvez, pela vida afora. Não é preciso que todos amem os clássicos nem
aprecie romance ou poesia. Há quem goste de ler sobre esportes, explorações,
viagens, astronáutica ou astronomia, história, artes, computação. Independente do
que está lendo o importante é que faça exercitar o cérebro. Se o aluno iniciar-se
com o que gosta, passará a ter o hábito de leitura e, consequentemente, estará
lendo gêneros variados com maior complexidade.
Portanto, para que o aluno tome gosto pela leitura é preciso estímulo por parte dos
professores para que eles possam ter outra concepção de leitura e não repitam com
seus filhos o que seus pais lhes passaram. Dessa maneira, é possível modificar o
conceito de que o aluno não gosta de ler, assim, a leitura será a ponte para o
processo educacional eficiente. Essa motivação deve acontecer desde a Educação
Infantil, porém nunca é tarde para incentivar os estudantes já adolescestes à leitura,
pois lendo o sujeito fica mais forte como indivíduo, mais integrado no mundo, mais
curioso, mais ligado aos acontecimentos.

Os leitores do Ensino público / Ensino Particular

A diferença entre os alunos da Rede Pública e da Rede Privada insere-se na


questão da origem social. A diferença na escola privada é que há mais recurso e
pode oferecer uma infraestrutura melhor. Os pais que têm a possibilidade de colocar
o filho em uma escola particular, é porque querem o melhor, por isso exigem boas
notas, atividades extras, infraestrutura, enfim, exigem mais do professor e da
escola, desse modo o colégio é visto como uma etapa pré-faculdade. Já nas
escolas públicas, infelizmente, oferecem o básico do estudo. Lamentavelmente, no
Ensino Fundamental e Médio destas escolas simplesmente tem-se a ideia de que os
alunos precisam ter um conhecimento básico para seguirem suas vidas.
E a falta de infraestrutura em diversos setores só agrava mais o problema: carteiras
estragadas, falta de livros, de materiais didáticos etc. A ausência dos pais também
faz com que os alunos se sintam desmotivados, pois a família é um fator
fundamental na educação. Infelizmente, a maioria dos pais é semianalfabeto, não
têm condições nem mesmo de ajudar o filho. Diferente do que acontece com os
alunos da escola privada, que desde cedo são estimulados a pensar no futuro, no
que vai ser quando crescer. Porém, há também aqueles pais da rede pública que se
interessam pela educação do filho, isso é minoria, mas existe e esses alunos fazem
a diferença no ensino, alguns até leem por si mesmos.
Quanto à leitura, tanto na Rede Privada quanto na Rede Pública há falta de
interesse dos alunos em ambas as partes particular e pública o que diferencia é que
os da escola privada leem um pouco mais, não porque os alunos gostam, mas
porque são mais cobrados por parte dos professores. E a cobrança desses alunos é
maior, porque os pais pagam à escola, então a exigência de casa como da escola
acaba sendo maior também, fazendo com que eles leiam mais, isso em todas as
disciplinas. E com isso, a aprovação dos alunos nos vestibulares é maior na rede
privada em razão das condições precárias de ensino do sistema público e das
condições educacionais e culturais dos alunos das classes desfavorecidas

Leitura Através da Internet

As pessoas vivem na era da globalização, na qual há troca de informação


instantânea e facilidade de transmissão de conhecimento. A Internet pode propiciar
a troca de experiências, facilita a pesquisa individual e grupal entre alunos, ajuda de
certa forma na educação, quando usada para pesquisa, leitura, análise entre outros,
pois os alunos interagem com o mundo real através do virtual. Essa tecnologia na
escola está vinculada a uma concepção de ser humano e mundo, de educação e
seu papel na sociedade moderna. A Internet no ensino deve servir para enriquecer o
ambiente educacional, proporcionando a construção de conhecimentos por meio de
atuação ativa e criativa por parte de docentes e discentes.
Quando o aluno se torna mais participativo ele aprende mais, pode aprender só
ouvindo, mas aprende melhor interagindo, pesquisando. Por isso, o professor pode
passar trabalhos para que seus alunos possam pesquisar tanto individualmente
como em dupla, assim eles se tornarão mais participativos. Os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN‟s) mostram que é possível ler diversas obras por meio
da Internet, mas cabe ao professor orientar seus alunos no sentido de que é preciso
filtrar as informações e não se dispersarem, pois há muita informação na rede.
Conforme os PCN‟s (1998 p. 147), “é possível utilizar a Internet como uma grande
biblioteca sobre todos os assuntos.
Algumas pessoas descrevem a Internet como um tipo de repositório universal do
conhecimento”. Com base nisso, pode-se observar que é possível ler e refletir
através do computador. Pois, por meio dessa tecnologia, podem-se criar ambientes
de aprendizagem que fazem surgir novas formas de pensar e aprender.

A importância da Formação do Professor

Os professores são peças fundamentais na transformação da escola; são eles que


estão em contato direto com o aluno, que planejam, organizam, orientam, avaliam e
desenvolvem atividades no dia a dia da sala de aula. Esses professores têm uma
função extraordinária como educador, por isso é preciso que tenham uma formação
acadêmica e ética, pois enfrentarão alguns problemas com alunos que são
comumente associados a uma crescente desestruturação familiar e do meio social,
como: pais separados, pais alcoólicos, desemprego, drogas entre outros. Com isso,
é preciso que o docente esteja preparado para trazer temas para suas aulas
conforme a realidade e faixa etária de sua turma, com o intuito de despertá-los o
interesse pela leitura.

Leitura: uma prática social

Significa, inicialmente, compreender que ler é uma prática social, que acontece em
diferentes espaços, que possuem características muito específicas: o tipo de
conteúdos dos textos que nele circulam, as finalidades colocadas para a leitura, os
procedimentos mais comuns, decorrentes dessas finalidades, os gêneros dos
textos. Por exemplo, em um consultório de dentista costumam estar disponíveis
diferentes tipos de revistas, ali disponibilizadas para que os pacientes “passem o
tempo” enquanto esperam seu horário; uma leitura de entretenimento, basicamente.
Nessa situação, a leitura costuma ser feita em voz baixa, e é interrompida tão logo a
presença do paciente seja solicitada pelo dentista.
Os textos terão características bastante diferentes, proporcionais à variedade de
cada revista e serão organizados em gêneros típicos da mídia impressa: artigos,
reportagens, notícias, notas, classificados, propagandas, editorial, crônicas, por
exemplo. Em uma missa da Igreja católica, por outro lado, costumam circular os
textos religiosos que constam da Bíblia, de missais e folhetos que orientam a
participação no ritual. Nessas ocasiões, lê- se supostamente para retirar do texto
algum ensinamento já que os textos a serem lidos foram selecionados
especificamente com essa finalidade , ou para acompanhar o ritual, sabendo quais
falas deverão ser realizadas. Nessa situação, é costume realizar leituras em voz
alta, individualmente e em coro.
A leitura que se realiza nesse espaço, quando se trata da Bíblia, é de pequenos
trechos, não se tratando, dessa forma, de uma leitura exaustiva. Quando se trata
dos missais ou dos folhetos orientadores, a leitura é quase instrucional, dado que
orienta as pessoas sobre o que devem dizer nos diferentes momentos do ritual.
Quando se está em casa e se toma um romance para ler, por exemplo, pode ser
para entretenimento e, dessa forma, a leitura será sempre extensiva (a obra toda,
linearmente), ainda que realizada parte a parte. Ao se participar de uma leitura
dramática, sabe-se que uma peça de teatro será lida em voz alta e interpretada por
atores.
A finalidade colocada para a leitura é interpretar dramaticamente o texto; para os
que assistem, é apreciar a leitura que está sendo realizada pelos atores. Nessa
situação, os textos serão sempre peças de teatro. Ao mesmo tempo em que
coexistem diferentes práticas sociais em uma mesma sociedade, em um único
momento histórico, diferentes sociedades estabeleceram diferentes usos para a
escrita e a leitura ao longo da sua história. A leitura, enquanto prática social é,
portanto, histórica.

Leitura: processo individual e dialógico

Significa, também, compreender que ler é tanto uma experiência individual e única,
quanto uma experiência interpessoal e dialógica. E isso nos remete diretamente à
natureza do processo de leitura. Toda leitura é individual porque significa um
processo pessoal e particular de processamento dos sentidos do texto. Mas toda
leitura também é interpessoal porque os sentidos não se encontram no texto,
exclusivamente, ou no leitor, exclusivamente; ao contrário, os sentidos situam-se no
espaço intervalar entre texto e leitor.
Um texto é sempre produzido em um determinado momento histórico no qual se
encontra definido um determinado horizonte de expectativas, derivado de um corpo
de conhecimentos e informações disponível e compartilhado em maior ou menor
medida pelos possíveis interlocutores. Assim, quando um texto é produzido, alguns
sentidos são pretendidos pelo autor, sentidos que são decorrentes da forma de
compreender o mundo constituída naquele momento histórico específico em uma
determinada cultura.
Uma leitura, igualmente, é decorrente do corpo de conhecimentos e informações
disponível no momento sócio histórico em que a leitura se realiza, o qual constitui
uma determinada forma de ver o mundo. Dessa forma, ao lermos uma obra escrita
em meados do século XVIII, por exemplo, certamente nos depararemos com
determinados ideais estéticos de beleza feminina e masculina, com determinadas
referências de educação e cultura que, não necessariamente, correspondem às que
hoje circulam na nossa sociedade. Por exemplo: uma pele alva, e uma mulher
“cheia de carnes” pode não corresponder à referência estética de beleza feminina
de hoje, na sociedade brasileira (certamente, não corresponderá nunca aos ideais
estéticos dos países de cultura africana…).
Da mesma forma, o hábito de a mulher andar sempre protegida por uma
“sombrinha”, o significado conferido ao ato de corar diante de uma fala um pouco
mais atrevida de um homem, o efeito que provocava nos homens a visão de um
tornozelo feminino, por exemplo, não são os mesmos que circulam hoje, na nossa
cultura. Assim, o processo de construção dos sentidos de uma obra de tal época
será resultado do que for possível ao leitor de hoje compreender (e recuperar) sobre
os valores que circulavam quando a obra foi produzida.
Essa compreensão se dará de maneira circunscrita num horizonte cultural atual, que
pressupõe outros valores; portanto, os sentidos não serão os mesmos que
circulavam no contexto cultural de origem da obra, mas aqueles que forem possíveis
ao leitor hoje, que resultarão permeados das nuances dos valores hoje vigentes. Um
aspecto importante de salientarmos é o fato de que as palavras são constituídas por
um significado que é estável, que é recuperável pelos falantes de uma determinada
língua em um determinado momento histórico e também por um conjunto de
sentidos que são decorrentes das experiências pessoais de cada um, constituídos a
partir das referências particulares de cada falante ao logo da vida.
Significado e sentidos constituem um amálgama indissolúvel, de tal forma que uma
palavra nunca será a mesma para diferentes pessoas, embora possa ser
compreendida no que tem de generalizável. Assim, ainda que lida por sujeitos que
coexistem em um mesmo momento histórico, uma palavra nunca será a mesma
para diferentes sujeitos. Os sentidos de um texto, portanto, ao mesmo tempo em
que são resultado de um processo pessoal e intransferível, dialogam,
inevitavelmente com o outro: com o autor, com os outros presentes no corpo de
ideias que constituía o horizonte cultural do momento de sua produção. A leitura,
assim, é pessoal e, ao mesmo tempo, dialógica.

Letramento e leitura

Além disso, a leitura deve ser compreendida como parte de um processo mais
amplo: o letramento. Este configura-se como um processo de apropriação dos usos
da leitura e da escrita nas diferentes práticas sociais. Nessa perspectiva, um leitor
competente é aquele que usa a linguagem escrita e, portanto, a leitura efetivamente,
em diferentes circunstâncias de comunicação; é aquele que se apropriou das
estratégias e dos procedimentos de leitura característicos das diferentes práticas
sociais das quais participa, de tal forma que os utiliza no processo de (re)
construção dos sentidos dos textos.
Estes procedimentos e estratégias de leitura tanto são individuais e caracterizados
como processos cognitivos de alta complexidade, quanto sociais, sendo decorrentes
das especificidades das práticas sociais nas quais se realizam. Além disso, também
os elementos do contexto de produção dos textos devem ser considerados no
processamento dos sentidos, dado que colocam restrições e ao mesmo tempo
possibilidades que determinam os textos. As estratégias de leitura Ao lermos,
fazemos usos de algumas estratégias que precisam ser consideradas no
processamento de sentido dos textos.
Estas estratégias referem-se à capacidade:
a) de ativarmos o conhecimento prévio que temos sobre todos os aspectos
envolvidos na leitura conhecimento sobre o assunto, sobre o gênero, sobre o
portador onde foi publicado o texto (jornal, revista, livro, folder, panfleto, folheto,
etc.); sobre o autor do texto, sobre a época em que o texto foi publicado, quer dizer,
sobre as condições de produção do texto a ser lido para selecionar as informações
que possam criar o contexto de produção da leitura, garantindo a fluência da
mesma;
b) de anteciparmos informações que podem estar contidas no texto a ser lido;
c) de realizarmos inferências quando lemos, quer dizer, lermos para além do que
está nas palavras do texto, ler o que as palavras nos sugerem;
d) de localizarmos informações presentes no texto;
e) de conferirmos as inferências e antecipações realizadas ao longo do
processamento do texto, de forma a podermos validá-las ou não;
f) de irmos sintetizando as informações dos trechos do texto;
g) de estabelecermos relações entre os diferentes segmentos do texto;
h) de estabelecermos relações entre tudo o que o texto nos diz e o que outros textos
já nos disseram, e o que sabemos da vida, do mundo e das pessoas. Os
procedimentos de leitura Toda leitura que fazemos é orientada pelos objetivos e
finalidades que temos ao realizar a leitura, e estes objetivos determinam a escolha
de procedimentos que tornarão o processo de leitura mais eficaz. Assim:
i) se estamos realizando uma pesquisa sobre determinado assunto, investigaremos
quais obras podem abordar esse assunto, selecionando as que nos parecerem
adequadas para uma leitura posterior: leremos o título, identificaremos autor,
leremos a apresentação da obra, procurando antecipar se há alguma possibilidade
de aquele portador tratar do assunto; procuraremos no índice se há algum capítulo
ou seção que aborde o tema, por exemplo;
j) nessa mesma pesquisa, selecionada a obra, procuraremos ler apenas os tópicos
referentes ao assunto de nosso interesse, e não, necessariamente, a obra toda;
k) se estivermos estudando determinada questão, leremos o texto intensivamente,
procurando compreender o máximo do que foi dito pelo autor;
l) se estivermos selecionando textos que nos possibilitem trabalhar com variedades
linguísticas, por exemplo, o nosso critério será temático e, dessa forma, buscaremos
indicações sobre qual o tema e o assunto que os textos abordam;
m) se estivermos procurando revisar nosso texto para torná-lo mais adequado,
buscaremos pôr todos os elementos que possam provocar um efeito de sentido
diferente daquele que pretendemos.
Considerações finais

O papel dos mediadores apareceu na memória dos leitores pela indicação de livros
solicitada por amigos, alunos, professores e conhecidos, todos com algo em comum
o amor pela leitura. Os mediadores aparecem com intensidade através das
experiências com a leitura e pela diversidade de obras lidas através da socialização
de obras como, O Alienista, Dom Casmurro de Machado de Assis ,Madame Bovari
entre outras.
A formação do leitor dá-se pelo prazer da leitura que surge ainda na infância, com o
hábito de ouvir e contar histórias. Crianças adoram ouvir histórias. Por que então
quando chegam a adolescência, quando poderiam escolher suas próprias leituras,
esta se transforma em rejeição? Isso porque ela deixou de ser um prazer e
tornou-se uma obrigação. Contudo, o leitor ainda está lá, só precisa ser recuperado.
O real significado de um texto escrito não se encontra nas palavras e no
pensamento do escritor, mas na compreensão de seu leitor e na interação que
surgirá entre estes em que o processo de intercorrespondência e
intercomplementaridade. Para o verdadeiro leitor, um texto não terá significado
similar ao que apresenta pura e simplesmente. Para o leitor existe a dimensão que
se concretiza na escrita, coexistindo em aprimoramento visual, de forma sutil e
quase tátil, permitindo a ele descobrir os sentidos plantados nas entrelinhas. O leitor
deverá ser capaz de extrair da leitura diferentes acepções ao interpretar o universo
escrito, incluindo-se em um contexto reflexivo em que vivências diferentes do autor
e do leitor se contextualizarão em simbologias não necessariamente idênticas.
Tão importante quanto formar bons leitores, será o desafio dos mediadores em
sensibilizá-los para a grandeza da leitura. Cabe aos mediadores pensar a leitura,
basicamente, em relação ao fato de que esta faculta, ao ser humano, seu sucesso,
tomada de consciência e seu status, tornando-se essencial para o seu cotidiano.
Dessa forma, a escola deverá propiciar condições adequadas para que tais
convívios ocorram, com a finalidade de proporcionar ao aluno aprimorar-se na
construção do conhecimento significativo. É aconselhável que o mediador da leitura
o professor detenha meios adequados e condizentes para o bom desempenho da
mesma. Convém, no entanto, que ele ao designá-las, as pense como contribuição
para o desempenho futuro de cidadãos conscientes para com um corpo social, no
qual, comportamentos e valores desafiam o potencial educativo dos sujeitos.
Conceber a leitura, direcionando leitor e discernimento, a fim de promover a
construção de sentidos entre elemento humano e narrativa, requer olhar atento em
relação aos estudos e discussões, realmente necessários para ensinar a assimilar
as bagagens inescusáveis em relação ao verdadeiro significado do texto.
Percebendo haver tal junção, torna-se indispensável tramar antecipações e
hipóteses, com a finalidade de fortalecer a competência leitora para reafirmar
valores, conjugando habilidades e alicerçando saberes competentes. Visando tal
propósito, as discussões teóricas em relação às estratégias de leitura, necessitam
entender-se com a prática, extraindo dentre as mais diferentes temáticas
disponibilizadas pelos conhecedores do assunto - os especialistas de todas as
esferas caminhos pedagógicos para uma pedagogia de leitura, amparados por
novas aquisições de linguagem, a fim de não se perder vínculos históricos da leitura
com a sociedade.
De outro modo, as propostas tornar-se-ão, em síntese, sem sentido de conclusão,
fechando-se para as astúcias inovadoras, atentas ao caráter interdisciplinar da
prática leitora. Preocuparmo-nos com a leitura, um dos pilares básicos da educação,
é assumir, instantaneamente, o componente popularizante que ela representa. Da
mesma forma que outrora, confundia-se o ler com o alfabetizar pois a leitura
fazia-se introduzir a partir do alfabeto e seu domínio percebe-se seu crescimento
notório, exigindo, atualmente, além dos conceitos tão conhecidos, tornar os signos
da escrita, tangíveis para as crianças, a partir conhecimento de profissionais
especializados.
Contudo, é preciso notar que o desempenho do professor, para com a atividade de
ensinar, converteu-se com o passar dos anos, em finalidade para si mesmo. Nada
se modificou para a escola, com o ler e escrever juntamente dispostos. Tendo em
vista a relação pela qual o sujeito é estimulado e incentivado texto escrito de
qualquer natureza, tipo, linguagem utilizada, produção e destino não se dá de forma
espontânea. Será preciso a experiência do professor, com seus atributos e
percepção, incorporar novos elementos para ocorrer a passagem de um simples
receptor de informação a um ledor apto frente aos impactos elevados da sociedade.
Ler permeia uma das obrigações da escola na qual as crianças estão, na sua
grande maioria, presentes em tempo integral. Para que o ato de ler não torne-se
intransitivo e inexplicável, de forma emprestada aos pequenos, é profícua a
condição do professor leitor, indispensável à ascensão de novos patamares de
ensino, a fim de se configurar, no atual cenário desolador da educação, relevante
trajetória vitoriosa, independendo do ganho pessoal, econômico ou individual dos
profissionais didáticos.
Preocupar-se com a leitura realizada por crianças, jovens e adultos, é acima de
tudo, ater-se e não negligenciar, princípios e traços dos atributos literários, estéticos
e artísticos, encontrados nas narrativas. Relacionar temas presentes e objetivos,
ajusta e oferta, substancialmente, peculiaridades e elementos indissociáveis que
somente a leitura resguarda. Tais elementos servirão de alicerces para
compreender, interpretar, produzir e recriar, a partir de uma determinada conjuntura.
Nestas condições, cabe ao mediador, conferir, de fato, que toda a narrativa em
relação à leitura, possui diversos segmentos de entrada (multiplicidade de
colocação do sujeito), e saída (diferentes percepções e atributos de sentido).
Tais fundamentos fornecem subsídios necessários ao leitor, permitindo-lhe que
percorra diversos direcionamentos, nem sempre previsíveis nem tampouco,
sistematizados, mas providos de perspectivas passíveis de entendimento, os quais
o colocarão em posição de sujeito-leitor-ativo. Essa alternativa produzirá sentido à
criança, conferindo-lhe uma relação dinâmica entre construir e formular significação
acerca da leitura inteligível, interpretável e compreensível.
É preciso compreender a leitura, como elemento fundamental para a aproximação
do leitor com o mundo que o cerca e que a prática proporciona o alargamento de
possibilidades para sua efetivação. Abordar a leitura como finalidade geradora de
perspectivas, é capaz de proporcionar parcerias importantes que viabilizam o
diálogo entre leitor e autor.

Segundo Pullin e Moreira:

Para que um texto tome vida, há que o leitor não só reconheça as


informações pontuais nele presentes, mas que aprenda quais sentidos
foram produzidos por quem as escreveu. Levantar hipóteses e produzir
inferências, antecipe aos ditos no texto e relacione elementos diversos,
presentes no mesmo ou que façam parte das suas 12 vivências como
leitor. Ao assim proceder, o leitor compreenderá as informações ou
inter-relações entre informações que não estejam explicitadas pelo
autor do texto. Por isso, a leitura é uma produção: a construção de
sentido se atrela à realização de pelo menos esses processos, por
parte do leitor. A compreensão do texto lido é resultante dessas
produções: prévias, por parte de quem as escreveu, e das que
ocorrem ao ler, por parte do leitor (2008, p. 35).

Fica, pois, claro, em nível de conclusão, que é perfeitamente possível, aceitar o fato
de que dominar o saber e qualquer informação loquaz, fundamenta-se na
decorrência de introdução da narrativa, em suas variadas formas de expressividade,
observadas as adequações do outro, independente da capacidade de
inteligibilidade, descrição do material utilizado, e estratégias persuasivas para a
mediação da leitura, ser de total e irrevogável cumplicidade do professor, redefinir a
caminhada e descoberta da comunicabilidade social, cultural e pessoal de seus
educandos.

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