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Alfabetização e Letramento

Adenilson Braz da Cunha Araújo

RESUMO

O presente trabalho descreve situações do dia-a-dia com base na leitura e escrita nas séries iniciais. Sabendo que
aluno alfabetizado é aquele que sabe ler e escrever, ou seja, conhece o código escrito. Desse modo consideram-
se alunos letrados aquele cujas práticas sociais de leitura e escrita em contextos reais de uso, inicia-se um
processo amplo que torna o indivíduo capaz de utilizar a escrita de forma deliberada em diversas situações
sociais.
A escrita se da de um modo geral como sequencia do conhecimento linguístico e contínuo através das
experiências adquiridas na leitura. Apesar de sempre caminharem juntos, a leitura e a escrita nem sempre estão
totalmente no mesmo encontro, pois a leitura desenvolve-se com mais facilidade que a escrita. O objetivo desse
artigo é compreender a importância do alfabetizar letrando e a necessidade em desenvolvê-las nas séries
iniciais, além de identificar o papel que as práticas de letramento desempenham em relação aos indivíduos que
iniciam a trajetória escolar. Ao trabalhar o tema relacionado com práticas de leitura e escrita, é possível entender
a necessidade em ocorrer eventuais atividades que dizem respeito ao trabalho realizado com crianças que estão
inseridas nas séries iniciais.
É um momento de extrema importância para que o educador desenvolva as práticas de leitura e escrita no
convívio escolar, o contato com diversos portadores de textos. Assim, as crianças estarão preparadas para
conhecerem o mundo que as rodeiam, assimilando a maneira correta de compreender o código e refletir sobre
ele.

Palavras Chave: Leitura. Escrita. Letramento.


ABSTRACT

The present work describes day-to-day situations based on reading and writing in the initial series. Knowing that
literate student is the one who knows how to read and write, that is, knows the code written. Thus, literate
students are considered to be those whose social practices of reading and writing in real contexts of use, initiate a
broad process that makes the individual able to use the writing in a deliberate way in various social situations. In
this way, literate students are considered those whose social practices of reading and writing in real contexts of
use initiates a broad process that makes the individual able to use the writing deliberately in various social
situations. Writing is generally understood as a sequence of linguistic and continuous knowledge through the
experiences acquired in reading. Although they always walk together, reading and writing are not always totally
in the same meeting, because reading is more easily developed than writing. The purpose of this article is to
understand the importance of alphabetizing literacy and the need to develop them in the initial grades, as well as
to identify the role that literacy practices play in relation to individuals who begin their school career. When
working on the theme related to reading and writing practices, it is possible to understand the need for possible
activities that affect the work done with children that are inserted in the initial series. It is a moment of extreme
importance for the educator to develop the practices of reading and writing in the convivial school, the
contact with several carriers of texts. Thus, children will be prepared to know the world around them,
assimilating the correct way to understand the code and reflect on it.

Keyword: Reading. Writing. Literature


INTRODUÇÃO

Atualmente, percebe-se que as escolas ainda estão presas aos métodos tradicionais, por
meio da qual a criança é um mero objeto a ser moldado, no entanto, a literatura atual tem dado
exemplos variados de forma como as crianças podem aprender.
Ao ingressar na escola, o aluno depare-se com uma diversidade de objetos culturais
com os quais, muitas vezes não está acostumado, pois fazem parte de práticas sociais diversas
daquelas que o grupo familiar cultiva. É função da escola promover situações de comunicação
diferentes daquelas que ela habitualmente encontra. Ampliar o universo cultural e
letrado dos alunos é dever de todo professor, pois é a partir da ampliação da visão de
mundo que podemos mentalizá-los para que construam novas possibilidades de comunicação.
“O objetivo da educação intelectual não é saber repetir verdades acabadas, é aprender por si
próprio [...]” (Piaget, 1995, p. 69).
O presente projeto é resultado de pesquisas de autores que descrevem a leitura e
alfabetização desde a antiguidade aos dias atuais e mostra os principais problemas detectados
e busca encontrar respostas para os mesmos, com o objetivo de definir os significados de cada
processo enfatizando a importância da integração entre ambos para uma prática educativa que
possibilite o sucesso do ensino contribuindo para o sucesso do aprendizado escolar.
É necessário que nós enquanto acadêmicos tenhamos uma olhar mais criteriosos pois
é a partir da faculdade que estamos entrando no mundo complexo da educação e para isso
precisamos primeiramente entendê-la.

1. A Criança na Pré-escola

Durante muitos anos os discursos pedagógicos da educação infantil centraram sua


organização curricular na dimensão da brincadeira ou no lúdico.
Porém, a partir das décadas de 1960 e 1970, as propostas da educação infantil foram
deslocando-se do campo da socialização, da ludicidade, enfim, da brincadeira, para assumir
um caráter vinculado à preparação para a escola e ao desenvolvimento da inteligência.
No Brasil, por exemplo, inicia-se o uso da palavra (pré-escolar) para definir o ano de
educação formal que precede a escolaridade (hoje compreendida como mais um ano letivo).
Atualmente, há duas concepções de educação infantil disputando espaço nas propostas
curriculares. Por um lado, aquelas que seguem enfatizando que a educação infantil deve
centrar-se no brincar individual e coletivo, e que as crianças desenvolvem sua cognição (todas
as capacidades, habilidades e competências) ao brincar. Nessa perspectiva os processos
cognitivos estão em ação nos fazeres das crianças pequenas; por exemplo, ao brincar com
água, areia, argila e ferramentas de diferentes tamanhos
na caixa de areia, elas constroem os fundamentos empíricos, práticos concretos e
cotidianos daquilo que, posteriormente, será sistematizado através de conceitos científicos.
A outra concepção de educação infantil que emergiu no Brasil a partir a década de
1970, foi a de centrar o currículo nas capacidades cognitivas das crianças, e não deixando de
lado também as atividades lúdicas que servem para o crescimento pessoal e motor. Assim, a
partir dos estudos do desenvolvimento infantil, procurou-se organizar um currículo que tem
como objetivo transformar as estruturas cerebrais de maneira descontextualizada, propondo
atividades especificas, que desenvolvam nas crianças certas aquisições cognitivas.
No limite, essa visão curricular organiza um cotidiano extremamente dirigido e
organiza as aprendizagens a partir de apostilas.

1.1 O Currículo e o brincar na Educação Infantil

O Currículo da educação infantil deve partir do seguinte tripé: família, escola e


crianças;
 As famílias que trazem a sua experiência sociocultural e as demandas da
sociedade tanto para a educação quanto para o cuidado das crianças;
 A escola que traz para a relação pedagógica os conhecimentos sociais
organizados;
 As crianças, que trazem consigo as possibilidades de viver a infância.

É no encontro desses três pontos de vista que se sustenta uma proposta curricular.

A relação entre brincar e aprender na infância é um tema recorrente no debate


pedagógico, evidenciando o caráter de resistência que a discursão enfrenta no campo
educacional, pois em nossa concepção, na educação infantil, as brincadeiras e os jogos das
crianças são apenas tolerados pelos adultos porque vigoram, no ambiente escolar, parâmetros
de ensino e aprendizagem exteriores ao que fundamenta a ação lúdica.
Para Winnicott (1975), brincar é fazer. E fazer “é já pensar, é optar, é acolher ou
repelir o corpo do outro, é acaso transformador que engedra processos de investigação e
experimentação ( criação e invenção), processos que dinamizam linguagens” (Fronckowiak e
Richter, 2005, p.94.

2. Alfabetização

A alfabetização consiste no aprendizado do alfabeto e de sua utilização


como código de comunicação, e apropriação do sistema de escrita, e pressupõe a compreensão
do princípio alfabético, indispensável ao domínio da leitura e escrita. De um modo mais
abrangente, a alfabetização é definida como um processo no qual o indivíduo constrói a
gramática e em suas variações, sendo chamada de alfabetismo a capacidade de ler,
compreender, e escrever textos, e operar números. Esse processo não se resume apenas na
aquisição dessas habilidades mecânicas (codificação e decodificação) do ato de ler, mas na
capacidade de interpretar, compreender, criticar, ressignificar e produzir conhecimento.
Todas essas capacidades citada anteriormente só serão concretizadas se os alunos tiverem
acesso a todos os tipos de portadores de textos. O aluno precisa encontrar os usos sociais da
leitura e da escrita. A alfabetização envolve também o desenvolvimento de novas formas de
compreensão e uso da linguagem de uma maneira geral.
A alfabetização de um indivíduo promove sua socialização, já que possibilita o
estabelecimento de novos tipos de trocas simbólicas com outros indivíduos, acesso a bens
culturais e a facilidades oferecidas pelas instituições sociais. A alfabetização é um fator
propulsor do exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento da sociedade como um
todo.
É o processo onde os educadores procuram dar mais atenção durante o período de
educação inicial escolar, através do desenvolvimento das atividades da alfabetização, que
envolvem o aprendizado do alfabeto e dos números, a coordenação motora e a formação de
palavras, sílabas e pequenas frases.
Através destas tarefas, o indivíduo consegue adquirir a habilidade de leitura, de
compreensão de textos e da linguagem de maneira geral, incluindo a operação de números,
que são competências necessárias para avançar aos níveis escolares seguintes.
A incapacidade de adquirir a habilidade da leitura e da escrita é chamada
de analfabetismo ou iliteracia. Existe também a incapacidade de compreensão de textos
simples, que é chamada de analfabetismo funcional ou semianalfabetismo.

2.1 Letramento

Também chamada de literacia, a alfabetização adota alguns métodos e teorias durante


o seu processo, onde os educadores podem enfatizar aspectos mais formais e graduais,
partindo do processo de letramento, que consiste em apresentar primeiro as letras, depois as
sílabas, em seguida as palavras e por fim as frases.
Porém, alguns educadores entendem que a percepção da criança começa por uma
mistura que capta as coisas em sua totalidade, sem se deter aos detalhes. Neste método, os
educadores apresentam então as palavras completas e apresentam seu real significado e sua
construção.
Originalmente, a palavra letramento é uma tradução para o português da palavra
"literacy, que vem do latim "littera" (letra) e com o sufixo "cy" denota estado de quem
aprende a ler e a escrever. O termo foi introduzido primeiramente por Mary Kato em 1986
para atribuir um nome a um novo fenômeno começado a ser discutido no Campo das Ciências
Linguísticas com o objetivo de delimitar o impacto social da escrita dos estudos sobre
alfabetização.
Logo, pode-se afirmar que nem todos os adultos alfabetizados são letrados, isso
porque o processo de alfabetização é algo contínuo que não se esgota. No entanto, os
programas de alfabetização focam a ação de ensinar a aprender a ler e a escrever, sem que
os alfabetizados incorporem práticas de leitura no dia-a-dia e sem adquirirem
competências para usar essas habilidades nas diversas situações exigidas: ler livros,
jornais, revistas, escrever bilhetes, cartas, ofícios, declarações, preencher formulários,
encontrar informações em bulas de remédio, em listas telefônicas, em
contas de água, de luz e de telefone.
Por outro lado, pode uma pessoa adulta ser analfabeta, mas ser letrada. Isso porque
mesmo sem saber ler e escrever ela conhece as funções da leitura e da escrita na sociedade.
Verifica-se isso quando analfabetos pegam ônibus corretamente, interpretam manuais de
instrução de acordo com as figuras representadas, vendem produtos, compram, passam troco,
dão medicamentos corretamente a pessoas enfermas, manuseiam aparelhos
celulares e até conseguem identificar números de outros aparelhos celulares no ato das
chamadas. Pode-se afirmar que uma criança que ainda não frequentou a escola é letrada, ou
possui um certo grau de letramento, isso porque convivendo em contexto de prática social da
escrita ela ver pessoas lendo, ouve histórias, manuseia livros, jornais, revistas e muitas
vezes se observarmos é comum essas crianças simularem que estão lendo ou que representam
as letras impressas no papel ou escrevendo, mesmo sem
serem alfabetizadas.
Logo, tem se tornado necessário não apenas saber ler e escrever é preciso saber fazer o
uso dessas competências para as exigências impostas pela sociedade no dia-a-dia.
Cabe à escola proporcionar situações em que o processo de alfabetização seja ampliado
continuamente, e com acesso a livros, revistas, biblioteca, internet, etc. venhamos a ter
pessoas alfabetizadas e também letradas,
como afirma Soares (2004) [...] o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e a
escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o individuo se
tornasse ao mesmo tempo alfabetizado e letrado.

Assim, a relação ensino-aprendizagem a partir de uma perspectiva de letramento busca


as questões culturais, as diversas situações comunicativas e a necessidade de interação entre o
conhecimento que o aluno traz e o conhecimento escolar e a partir disso, aprende-se a ler o
mundo.

2.2 Diferenças entre alfabetização e letramento

A prática destes métodos de alfabetização também varia de acordo com o


conhecimento dos alunos e da turma no geral, tendo em vista que o objetivo é sempre adquirir
a habilidade de ler e escrever.
As utilizações do termo letramento vêm sendo discutidas de forma muito eficaz por
diversos autores especialistas em educação. Para eles, trata-se de um termo relativamente
novo no vocabulário utilizado por aqueles que não têm envolvimento na prática educacional.
Entretanto, tal termo ressalta um sinônimo amplamente conhecido por educadores há muito
tempo muitos indivíduos conhecem a simbologia das letras, mas não conseguem
decifrá-las corretamente.
Fica evidente quando comparamos o estudo dos autores que existe uma diferença
fundamental entre alfabetização e letramento. Para eles, a alfabetização é um processo
praticamente mecânico apreendido, na maioria das vezes, dentro das salas de aula e o
letramento é um conjunto de conhecimentos que o indivíduo acumula ao longo da vida.
Seguindo esta linha de pensamento a alfabetização um dia tem fim, isto é, termina quando o
indivíduo adquire a capacidade de compreensão dos sinais que compreendem determinada
língua escrita.
Logo, é importante ressaltar que alfabetização e letramento caminham juntos embora
nem todo sujeito letrado precisa, necessariamente, ser alfabetizado. É difícil imaginar, no
entanto, que alguém possa exercer tal condição em grau satisfatório (o mais alto deles) sem
que antes tenha sido alfabetizado.
Este fato pode ser explicado se considerarmos que a maioria absoluta dos
conhecimentos que se pode adquirir está disponível na forma de símbolos grafocêntricos.
Por outro lado, os autores ressaltam que mesmo antes da humanidade ter conhecimento das
letras (símbolos), já possuíam algum grau de letramento, no sentido atual de sua
aplicabilidade, e este fato é evidente se raciocinarmos a complexidade exigida para elaboração
do nosso atual sistema de escrita, embora saibamos que a escrita surgiu ao acaso, motivada
pela necessidade de comunicação.
Para os educadores, cabe o papel de incentivador na formação de cidadãos capazes de
obter seu próprio grau de letramento. Isso porque o letramento é, segundo os autores, uma
capacidade individualizada adquirida de diferentes formas e meios pelos atores envolvidos.
Não existe uma fórmula para que se possa ensinar um indivíduo racionar, existe sim, a
maneira de ensinar que é necessário raciocinar. É neste ponto que as instituições voltadas para
o processo ensino/aprendizagem têm falhado no Brasil.

2.3 Alfabetização e letramento: Dois conceitos e um só processo

Sabe-se que alfabetização não é um processo baseado em perceber e memorizar, para


aprender a ler e escrever, o aluno precisa construir um conhecimento de natureza conceitual,
ele não só precisa saber o que é a escrita, mas também de que forma a ela representa
graficamente a linguagem. Alfabetização – processo de aquisição da “tecnologia da
escrita”, isto é do conjunto de técnicas – procedimentos habilidades - necessárias para a
prática de leitura e da escrita: as habilidades de codificação de fonemas em grafemas e de
decodificação de grafemas em fonemas, isto é, o domínio do sistema de escrita (alfabético
ortográfico) (MORAIS; ALBUQUERQUE, 2007, p. 15).
Considerando a alfabetização um processo de construção de hipóteses sobre o sistema
alfabético de escrita, o aluno precisa participar de situações desafiadoras, que oportunizem a
reflexão sobre a língua escrita. É por meio da interação com o objeto de conhecimento que as
crianças vão construindo hipóteses de forma progressiva. São essas especificidades do
processo de alfabetização que não podem ser esquecidas. Não basta apenas o convívio com o
material escrito, é necessário ter uma direção e uma sistematização por meio de uma reflexão
metalinguística, partindo de textos reais de vários gêneros que circulam socialmente. 4
Passamos a conceber a alfabetização como uma construção conceitual, contínua, desenvolvida
simultaneamente dentro e fora da sala de aula, em processo interativo, que acontece desde os
primeiros contatos da criança com a escrita. Tal compreensão enfatiza que o aprendizado da
escrita alfabética não se reduz apenas a um processo de associação entre letras e sons.
A convivência diária com rótulos de embalagens, símbolos, propagandas, cartazes,
nomes de ruas, placas, avisos, bilhetes, receitas, cartas fichas, jornais, revistas, livros entre
outros, faz com que o sujeito se familiarize com o texto escrito e estabeleça uma série de
relações, levantando hipóteses e procurando compreender o significado. Mesmo antes de
serem submetidas a um processo sistemático de alfabetização, as pessoas convivem com
determinadas situações de leitura e escrita que contribuem para o aperfeiçoamento de seu
processo de letramento. Ferreiro e Teberosky, ao pesquisarem a psicogênese da língua escrita,
revelam a maneira pela qual a criança e o adulto constroem seu sistema interpretativo para
compreender esse objeto social complexo que é a escrita. Mesmo quando ainda não escrevem
ou lêem da forma convencionalmente aceita como correta, já estão percorrendo um processo
que os coloca mais próximos ou mais distantes da formalização da leitura e da escrita (LIRA,
2006, p. 44).
O indivíduo, independentemente da classe social, percorre os caminhos para se
apropriar da língua escrita, passando por níveis estruturais de pensamento. Esses níveis foram
intitulados por Emília Ferreiro (1999) de nível pré-silábico, nível silábico, nível silábico-
alfabético e nível alfabético. As primeiras ideias infantis sobre a escrita referem-se a variadas
hipóteses que “reinventam” o sistema alfabético. Inicialmente, as crianças descobrem que
escrever não é a mesma coisa que desenhar. Segundo Ferreiro (1999), essa
diferenciação entre desenho e escrita geralmente já acontece mesmo antes da criança entrar
na escola, pois ela está inserida em uma sociedade grafocêntrica. Para Ferreiro (2001, p.9)
tradicionalmente, a alfabetização inicial é considerada em função da relação entre o método
utilizado e o estado de “maturidade” da criança. Neste sentido, a criança tem o seu momento
certo de aprender, isso nos leva a entender que nem sempre o momento de uma criança seja o
mesmo momento de outra criança, é relativamente diferente o nível, pois cada 5 criança tem o
seu momento de aprender, dependendo do grau de maturidade que ela tenha. A criança e o
adulto em fase de alfabetização usam a estratégia fonológica (escrever como se fala).
Nesta fase, a leitura e a escrita apóiam-se em estratégias diferentes. De acordo com
Soares citada por Morais e Albuquerque (2007, p. 47): Alfabetizar e letrar são duas ações
distintas, mas inseparáveis do contrario: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler
e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o individuo se
tornasse ao mesmo tempo alfabetizado e letrado. Para uma pessoa se tornar letrada, ela
precisa ter experiências culturais com práticas de leitura e escrita, práticas estas que são
adquiridas antes da educação formal. Porque se uma convive em ambiente letrado, com
pessoas que leem, que tem contato com revistas, jornais, gibis, qualquer coisa que a leve a
pensar em leitura, certamente ela se motivará para ler e escrever, começando desde cedo a
poder refletir sobre as características dos diferentes textos os quais tem acesso. De acordo
com Soares (2011), o termo letramento é uma tentativa de tradução do inglês Literacy,
significando “o estado ou a condição de se fazer usos sociais da leitura e da escrita”. O
letramento difere da alfabetização, que é o processo formal de ensinar a ler e a escrever.
Kleiman citado por Lira (2006), diz que o letramento ocasiona mudanças políticas, sociais,
econômicas e cognitivas a partir da inserção dos indivíduos nas sociedades tecnológicas e, por
isso, mesmo o analfabeto poderá ser letrado de acordo com seu convívio social.
Portanto, o letramento extrapola o mundo da escrita. Letramento é um “conjunto de
práticas que denotam a capacidade de uso de diferentes tipos de material escrito” (MORAIS;
ALBUQUERQUE, 2007, p. 7). Ou seja, letramento é além de saber ler e escrever, entender o
que se ler e se escreve, relacionando dessa forma com o contexto social, sua experiência
cotidiana.
2.4 Fases da alfabetização

Emília Ferreiro se tornou uma espécie de referência para o ensino brasileiro, e seu
nome passou a ser ligado ao construtivismo, campo de estudo inaugurado pelas descobertas a
que chegou o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) na investigação dos processos de
aquisição e elaboração de conhecimento pela criança – ou seja, de que modo ela aprende. As
pesquisas de Emília Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos
mecanismos cognitivos relacionados á leitura e á escrita.
De acordo com as teorias de Emília Ferreiro, a leitura e escrita estabelece uma relação
entre a evolução da escrita e a proposta, onde o carácter de suas investigações é psicológico e
não pedagógico. O seu enfoque é a explicação de como se aprende a ler e escrever, e não é a
criação de um método de alfabetização, tarefa especifica do educador. No seu ponto de vista a
criança, quando chega a escola, já possui um notável conhecimento de sua língua materna.
Vive no mundo de escrita e pensa sobre o processo da escrita. O Processo de aquisição da
linguagem escrita precede e excede os limites escolares. Portanto a evolução das concepções
dos alunos sobre a escrita trata – se da construção e não da qualidade do grafismo, nesta fase
as ideias são representadas por desenhos.
Os estudos psicogenéticos da aquisição da leitura e escrita realizada por Emília
Ferreiro desafiam ainda repensar os princípios pedagógicos e a rever as concepções de
conhecimentos ensinos e aprendizagem. Tendo assim uma proposta de inovação na
alfabetização. Esses estudos podem ajudar a compreender melhor os níveis do conhecimento
da escrita e leitura do sujeito não escolarizado, ou não alfabetizados e ampliar os recursos
metodológicos que os ajudem a avançar no processo de construção do sistema escrito,
superando os conflitos cognitivos próprios das hipóteses criadas em cada um desses níveis. O
conhecimento que o sujeito tem da leitura e da escrita não equivale ao conhecimento
convencional, pois possuem hipóteses originais não ensinadas pelos adultos ou professores. O
sujeito procura ativamente compreender a natureza da escrita á sua volta e também aprende
através de suas ações afetivas e mentais sobre o sujeito escrita, ou seja, o aluno evolui
construindo e reformando suas hipóteses.
A autora afirma que a aprendizagem não é um processo meramente perceptivo, mas
construtivo, e aprender não é apenas adquirir hábitos, é transformar o que vai conhecer. E que
o aluno tem a sua maneira própria de aprender, como também constrói o seu próprio
conhecimento. E é na escola que frequenta normalmente que as crianças passam pelos
estágios propostos por Emília Ferreiro, é nesse período que a criança começa
estabelecer vinculações entre a pronuncia e a escrita, o que representa um passo
extremamente significativo no processo de alfabetização. Porém, essa vinculação é de
imediato adequado. Ela passa por etapas que constituem os níveis silábicos e alfabéticos, até
alcançar o ortográfico, isto é, quando a criança compreende que as diferenças das
representações escritas se relacionam com as diferenças na parte sonora das palavras que
permanecem, a questão de descobrir que espécies de recorte da palavra pronunciada são o que
correspondem aos elementos da palavra escrita.
A escrita na representação baseia-se em uma construção mental que cria suas próprias
regras, escrever não é transformar o que se ouve em gráficos, assim como ler não equivale a
produzir com a boca o que o olho reconhece visualmente, segundo Emília Ferreiro; o sistema
de escrita tem uma estrutura lógica, no caso do sistema alfabético a criança deve compreender
entre outras coisas. A escrita (grafema) e o som pronunciado (fonema) que não a nenhuma
relação entre a forma da palavra escrita e as características físicas do elemento da realidade
nomeada por ela, que palavras com o mesmo significado não são escritas da mesma forma,
que elementos essenciais da oralidade, como a entonação, não são registrados na escrita. Esse
conjunto de relação não é simplesmente aprendido pela criança, mas construindo é
reinventando por ela.
Nas relações que mantém com a escrita no ambiente que vive, a criança elabora e testa
hipótese a cerca da lógica do seu funcionamento. Ela assimila a escrita interpretando-a de
acordo com os conhecimentos e modos de pensar que já desenvolveu e organizou no decorrer
de sua experiência de vida, produzindo, escritas e leituras não compatíveis com a escrita
convencional.
A criança não faz uma diferenciação entre o sistema de representação do desenho
(pictográfico) e o sistema de representação escrita (alfabética) supondo que embora as formas
insignificantes sejam diferentes, o significado de ambos é o mesmo, a primeira indicação
explicita da distinção entre imagem e texto, consiste em eliminar os artigos, quando se faz
referência á imagem (desenho).
Exemplificando: o elefante deve escrever com mais letras do que um mosquito, é uma
concepção realística da palavra, ou seja, a de que coisas grandes tem nomes grandes e coisas
pequenas tem nomes pequenos, também o seu pensamento pode evoluir quando suas escritas
não são decodificadas como o esperado por pessoas que sabem ler. No qual o sistema da
escrita é uma construção social e histórica. Por isso o sistema de codificação esta
ultrapassada já que existem sons, por exemplo, que jamais serão escritas; assim como há
letras que jamais serão pronunciadas.
Para as autoras, todas as crianças independentes de sua nacionalidade, passam em seu
processo de construção da escrita pelas mesmas etapas que o homem passou quando
“descobriu” a escrita. De uma forma geral, refazem a mesma trajetória que a humanidade
percorreu no surgimento da escrita, ou seja, passam pela fase correspondente á escrita
pictográfica (forma mais antiga, usada pelo homem para representar só os objetos que podiam
ser desenhado ), á escrita Ideográfica ( consistia no uso de um sinal ou marca para representar
uma palavra ou conceito ) e escrita Logográfica ( constituída de desenhos, referente ao nome
e dos objetos- som- e não ao objeto em si).
Segundo FERREIRO (2001a), a psicogênese realiza um processo de recontar a escrita,
pois propõe que seja desconsiderada a concepção prévia que o adulto tem sobre a escrita, uma
vez que as hipóteses parecem ser óbvias e naturais para o um adulto alfabetizado por método
apresentado das partes para o todo, assim não são para as crianças. Portanto, essa é a única
forma para o adulto e mais especialmente, o professor possa compreender como ocorre o
processo de construção da escrita pela criança e, consequentemente, mude de as posturas
tradicionais de ensino, gerando práticas de alfabetização democrática. É de suma importância
a mudança nessa concepção sobre a escrita para que se entenda que a alfabetização acontece
em um trabalho conceitual.
A escrita foi transformada pela escola de objeto social em objeto escolar, pois se
considera proprietária desse objeto de grande importância social. Com isso, a escrita foi
reduzida a um instrumento para evoluir na escola, para passar de ano. Essa posição precisa ser
repensada, pois a escrita só é importante na escola por ser fora dela. Sendo que no passado os
educadores achavam que só aprendia a ler memorizando letras, sons e palavras tornando a
aprendizagem da escrita como algo perceptivelmente mecânico. A escrita era percebida como
transcrição gráfica da linguagem oral (codificação), e enquanto que a leitura, como associação
de respostas sonoras a estímulos gráficos, transformação da escrita em som (decodificação).
O grande problema da teoria empirista foi esse, pois consideravam que os alunos
chegam á escola todos iguais e ignorantes, no que se refere á escrita, e que bastaria ensinar as
letras que correspondem aos seguimentos sonoros para que eles compreendessem o modo de
funcionamento do sistema alfabético, ou seja, a escola não permitia ao aluno conviver com a
linguagem escrita, não era realizada leitura de textos diversos gêneros e nem criava
situações para que o aluno pudesse refletir sobre como funcionava a escrita alfabética. Não
havia uma reflexão sobre as palavras. Com isso o aluno poderia compreender que as letras
registram os sons falados, razão pela qual, para aprender, bastaria repetir em doses
homeopáticas as tarefas não reflexivas impostas pelo “método”. Sendo assim, chegamos a
conclusão que nosso sistema alfabético não tem relação perfeita entre a letra e o som.
Ferreiro e Teberosky (1999) destacaram-se dentre todas as hipóteses de construção
externadas pelas crianças, quatro hipóteses fundamentais para compreensão de como as
crianças adquirem a linguagem de níveis de concepção da escrita. São elas:
Níveis pré-silábico (Não há correspondência som-grafia). A distinção básica entre
desenhar (modo de representação ligado ás características físicas e as formas dos objetos) e
escrever vai sendo construída pela criança, tanto nas situações da escrita quando nas situações
de leitura. Ela traça linhas onduladas ou em ziguezague. Essas marcas não têm relação com o
registro sonoro da palavra e não se diferencia entre si somente a própria criança consegue
interpretá-las e o faz de modo instável.
Nível silábico - É a descoberta da relação som-grafia. Não é mais apenas a letra inicial
que tem valor sonoro, mas a palavra toda. A escrita representa aos sons da fala. É está ligada a
linguagem enquanto pauta sonora, com propriedades específicas, diferentes do objetivo
referido. A quantidade de letras necessárias dentro de uma palavra é levada em consideração.
A hipótese básica do nível silábico é a correspondência de cada sílaba oral com um sinal
gráfico.
Nível silábico-alfabético – A partir do momento em que as crianças a prestar atenção
às propriedades sonoras das palavras um novo tipo de hipótese começa a ser construído. Elas
passam a estabelecer correspondência entre partes da palavra falada e partes da palavra
escrita. De acordo com ela, cada marca ou letra corresponde ao registro de uma silaba oral. A
criança escreve fazendo corresponder a quantidade de sinais gráficos e de silabas da palavra
falada.
Nível alfabético – Este nível marca a final da evolução. A criança já franqueou a
barreira do código: compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores
sonoros menores do que a silaba e realiza sistematicamente uma análise sonora dos fonemas
nas palavras que vai escrever. Isto não quer dizer que todas as dificuldades tenham sido
superadas, a partir deste momento, a criança se defrontará com as dificuldades
próprias da ortografia, mas terá, mas não terá mais problemas de escrita, no sentido restrito.
A psicogênese da língua escrita possibilita não só um novo pensar sobre o ato de
alfabetizar, como também sobre o processo de construção do conhecimento do individuo,
enquanto ser pensante e critico dotadas de capacidades inatas e adquiridas. Portanto, para
aprender a escrever o aluno deverá ter muitas oportunidades em fazê-lo, mesmo não sabendo
grafar corretamente as palavras, E quanto mais fácil será para assimilar o funcionamento da
escrita.
É necessário dar á criança oportunidade de escrever, principalmente quando ela ainda
não sabe, pois permitirá que conforme hipóteses sobre a escrita, que pense como ela se
organiza e para que serve.

3 Alfabetização nas Séries iniciais do Ensino Fundamental

Atualmente, percebe-se que as escolas ainda estão presas aos métodos tradicionais
onde a criança é um mero objeto a ser moldado, no entanto, a literatura atual tem dado
exemplos variados de forma como as crianças podem aprender. O construtivismo, teoria
defendida por Piaget, onde o eixo principal do processo é mostrar a construção e o
desenvolvimento por parte do discente, passando e educando a ser visto como um sujeito que
constrói seu conhecimento, tornando-se capaz de agir sobre o mundo, transformando-o e,
consequentemente, exercendo de forma plena sua cidadania. Segundo Ferreiro (2010, p. 110)
“hoje a perspectiva construtivista considera a interação de todos eles, numa visão política
integral para explicar a aprendizagem”.
Desta forma, o professor para se tornar construtivista precisa desenvolver a habilidade,
respeitando o nível de desenvolvimento do educando, seus interesses e aptidões, acompanhar
o seu raciocínio sem cortá-lo ou imitá-lo com perguntas ou direções que impõe outra direção
ao pensamento infantil, desviando-o do caminho que deseja ou a que pode chegar. Piaget.
(2012, p. 30) diz que: “o ideal da educação não é ensinar o máximo, maximizar os resultados,
mas é acima de tudo aprender a aprender, aprender a se desenvolver, e aprender a continuar a
se desenvolver, mesmo após deixar a escola”.
Os professores, antes de estudarem a Psicogênese da Língua Escrita ensinavam para as
crianças as letras começando pelas vogais e as sílabas, respeitando a ordem alfabética,
elaboravam exercícios de coordenação motora, atividades de cópia para que as
crianças repetissem o nome próprio e mesmo as letras e as sílabas isoladamente, centradas
no ensino de forma fragmentada e descontextualizada. Tratava-se de uma visão de
aprendizagem que era considerada cumulativa, baseada na cópia, na repetição no reforço e na
memorização das correspondências fonográficas. Desconhecia-se a importância da criança
desenvolver a sua compreensão do funcionamento do sistema de escrita alfabética e de saber
usá-la desde o início em situações reais de comunicação.
Na década de oitenta, surgiu o termo “analfabetismo funcional” para designar as
pessoas que, sabiam escrever o próprio nome e identificavam letras, mas não sabiam fazer uso
da leitura e da escrita no seu cotidiano. Observou-se que, mesmo dentre os que permaneciam
por mais tempo nas escolas, alguns não eram capazes de interagir e se apropriar da leitura e
escrita. Para Soares (2004) a alfabetização é “[...] a ação de ensinar e aprender a ler e a
escrever”, ao tempo que letramento “[...] é estado ou condição de quem não apenas sabe ler e
escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita”. Entende-se
alfabetização como sendo um caminho para o letramento, alfabetizado é aquele indivíduo que
conhece o código escrito, que sabe ler e escrever, dessa forma foi necessário ampliar esses
conhecimentos, os indivíduos precisavam compreender o sentido dos textos.
A alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades pela
leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é levado a efeito, em geral por meio do
processo de escolarização e, portanto da instrução formal. A alfabetização pertence assim, ao âmbito
individual. (TFOUNI, 1998, p.9, e 1995, p. 9-10).

A tradição de alfabetização estava vinculada a uma concepção, em que a


aprendizagem inicial da leitura e da escrita tinha como foco fazer o aluno chegar ao
reconhecimento das palavras significativas no seu meio cultural, a partir de 1980 a
alfabetização escolar no Brasil passou por novos questionamentos, novas concepções de
resultados.
Um problema que está no âmbito desde discurso é o tratamento aos alunos que ainda
não escrevem e não leem com autonomia como eles assim já procedessem. Esse fato torna-se
mais complexo quando, ao prescreverem a alfabetização através de textos, muitas vezes, não
se dedica tempo e esforços para orientar atividades em que os alunos reflitam sobre o sistema
alfabético de escrita. É bom lembrar que viver em um mundo letrado, mediado por
situações de leitura e escrita, não é o mesmo que dominar esses processos com autonomia. Se
assim fosse não haveria adultos não alfabetizados.
As crianças e os adultos que não dominam ainda o sistema de escrita, podem, por
exemplo, fazer inferências em um texto escrito de diversas maneiras. Na leitura de rótulos,
por exemplo, esses alunos tentam interpretar o escrito pela cor pela identificação de letras;
eles fazem uso da estratégia de seleção, observando qual letra vem primeiro qual letra vem
depois, analisando o interior das palavras. Portanto, além das atividades de leitura e produção
de textos, deve-se propiciar também a reflexão por parte do aluno, das propriedades do
sistema notacional de escrita. Salienta-se que as propostas de leitura e produção de textos
precisam ser planejadas, considerando-se que os alunos ainda não dominam o sistema de
escrita.
Criou-se então, o termo letramento, com Magda Becker Soares, para designar aqueles
que exercem práticas sociais de leitura e escrita, para além do apenas ensinar ler e escrever,
sendo estas práticas com crianças que participam de eventos em que a escrita é integrante no
processo de condições iniciais, sob os aspectos social, cultural, cognitivo e de inserção em
uma sociedade letrada.
Mas qual a diferença entre letramento e alfabetização?

Em primeiro lugar, os dois conceitos têm definições diferentes. Um indivíduo


alfabetizado não necessariamente é um indivíduo letrado. Ser alfabetizado, em suma, é saber
codificar letras e números no seu sentido estrito ou seja, compreender a tecnologia da escrita.
Ser letrado (no sentido semântico e não dicionarizado) vai além disso. É saber responder às
demandas sociais da leitura e da escrita de forma que as habilidades de interpretação dos mais
variados gêneros textuais sejam desenvolvidas.
Sendo assim, qual a forma correta de apresentar o mundo da escrita e da leitura pra
uma criança? Respondo que, sem sombra de dúvidas, ALFABETIZAR LETRANDO.
O processo letramento começa ainda nos primeiros meses de vida. Aqui no MPNH,
apresentamos letras e números para os pequenos durante as mais variadas brincadeiras,
sempre dentro de um contexto significativo para eles. Aprender a tecnologia da
escrita também é muito importante, uma vez que as crianças muito pequenas ainda não têm
capacidade para compreendê-la de fato, apenas decoram suas imagens como quem decora as
feições de um bichinho. Crianças que não passam pelo estímulo do letramento, ficam
limitadas às combinações de letras e sentidos que conhecem, tendo dificuldade em entender
palavras novas e em interpretar textos.
A prática do letramento vem à medida que a prática social é inserida, ou seja, acontece
um manejo da língua em seu contexto social. O nosso interesse não é pular etapas. Alfabetizar
letrando nada tem a ver com sobrecarga de estímulos, até porque uma criança pode ser letrada
antes mesmo de ser alfabetizada. É o caso de crianças que ouvem histórias antes de dormir
todos os dias, que aprendem vocabulário novo dentro de um contexto que faz sentido para ela
e por aí vai. A partir dali, ela já consegue distinguir estruturas linguísticas aleatórias sabendo
que estão ouvindo um poema ou um conto de fadas, por exemplo. Conseguem prever o que
vem depois e explicar o que aconteceu antes. Ou seja, crianças letradas efetivamente
entendem como a língua funciona e por isso são capazes de utilizá-la com mais propriedade e
eficiência.

4 Analfabetismo

Segundo definição da UNESCO, “uma pessoa funcionalmente analfabeta é aquela que


não pode participar de todas as atividades nas quais a alfabetização é requerida para uma
atuação eficaz em seu grupo e comunidade, e que lhe permitem, também, continuar usando a
leitura, a escrita e o cálculo a serviço do seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento
de sua comunidade”.
Um dos maiores problemas dos países subdesenvolvidos é o analfabetismo (não
confundir com ignorância). A luta para reduzir o analfabetismo é antiga e sua supressão não
tem sido possível. Há tempos, a educação é considerada um dos maiores privilégios dos quais
o ser humano pode gozar.
Entende-se por analfabetismo funcional a incapacidade que algumas pessoas têm de
entender (compreender) o texto que acabaram de ler, ou seja, quando, mesmo que as pessoas
saibam ler e escrever, apresentam incapacidade para interpretar o texto que lhes foi dado para
ser interpretado. Este tipo de analfabetismo é bastante comum.
Pode-se afirmar que, nos dias de hoje, a sociedade está experimentando uma nova
forma de analfabetismo, chamado de analfabetismo digital. Este tipo de carência está
relacionado com a falta de conhecimento necessário para utilizar computadores pessoais,
celulares e agendas eletrônicas e dominar os sistemas que operam estas máquinas como, por
exemplo, navegar na rede mundial de computadores.
O grave problema do analfabetismo no mundo continua sendo um dos grandes temas
prioritários a solucionar desde que se realizou a Conferência Mundial da Educação para
Todos, ocorrida em 1990, em Jomtiem, Tailândia. Esta conferência foi assistida por
representantes do mundo todo e chegou-se à conclusão de que a alfabetização é um dos
fatores chave para resolver um dos problemas mais urgentes da sociedade, que a realização
plena do ser humano só se dá através da educação e promovê-la é fundamental para o
desenvolvimento das nações.
Assim sendo, a educação é uma ferramenta extremamente útil para combater a
pobreza e a desigualdade, elevar os níveis de saúde e bem estar social, criar as bases para
um desenvolvimento econômico sustentável e a manutenção de uma democracia duradoura.
Por este motivo a educação foi incluída na lista dos oito Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio das Nações Unidas, que fixou para o ano de 2015 a data limite para alcançar 100% de
educação primária para todas as crianças do planeta.
O analfabetismo é um dos temas que vem sendo explorado pelas campanhas dos
candidatos e nas discussões que rolam nas redes e grupos de WhatsApp. A imagem do mapa
do Brasil dividido em regiões com os números sobre analfabetos tem circulado nesses grupos.
Esse número é real? Dá para acreditar? O projeto Mentira na Educação, não! está aqui para
verificar o que vem sendo falado sobre Educação e mostrar que, em muitos casos, ainda que
os números estejam corretos, o contexto em que são reportados pode estar incorreto. E quando
se fala em fatos, a credibilidade da fonte que divulga as informações é tão importante quanto a
notícia.
Vamos aos fatos. No Brasil, 7% da população com 15 anos ou mais é considerada
analfabeta, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad
Contínua) de 2017, o que representa ainda 11,5 milhões de pessoas. Atenção: não estamos
tratando apenas de crianças e jovens em idade escolar. De acordo com o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), esse número aponta para um perfil dos analfabetos
brasileiros formado majoritariamente por idosos que, quando eram jovens, não tiveram acesso
à escola porque ela era destinada apenas a pessoas de classes sociais mais abastadas. “Na
verdade, esse dado é um testemunho das mudanças no ensino escolar, que antes era para
poucos, mas agora já passou pela universalização”, explicou o IBGE por e-mail à NOVA
ESCOLA.
As pessoas com 60 anos ou mais representam 19,3% de todos os analfabetos no país.
Na região Nordeste, a taxa de analfabetismo entre os mais velhos é de 38,6%, o que totaliza 3
milhões de pessoas. “As diferenças etárias, regionais e raciais nesses índices são reflexos das
desigualdades sociais na estrutura histórica brasileira”, afirma a assessoria do IBGE.
Olhando por outro ângulo, é possível dizer que o Brasil está "atrasado" em seu projeto
contra o analfabetismo. Pelo Plano Nacional de Educação (PNE), o país já deveria ter
alcançado o índice de 6,5% estipulado para 2015. O atraso no cumprimento das metas e
estratégias do PNE representa um risco ao plano de acesso à educação de qualidade no Brasil
para a próxima década.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Alfabetização e letramento é um tema bastante complexo e que deve ser compreendido


através de uma dimensão bastante ampliada na formação de alunos, para que ocorra um
processo de aquisição de escrita e leitura tornando o sujeito letrado e autônomo de suas
próprias convicções.
É muito importante que acadêmicos tenham acesso a esses temas anterior ao inicio de
ingressar em uma carreira educacional, pois é a partir desse pressuposto que terá êxito
futuramente no ramo escolar.
Dessa forma, estudos sobre as dificuldades de leitura e escrita estão sendo realizados
em uma série de idiomas (SMYTHE; EVERATT; SALTER, 2004). Há discussões ainda na
literatura, se os “fatores neuropsicológicos” causam (são preditivos) ou estão
meramente associados (desenvolvem-se paralelamente) às “dificuldades de leitura e escrita”.
Se forem considerados como causa, é importante verificar se estão relacionados a um atraso
ou a um desvio no desenvolvimento. As dificuldades de leitura e escrita em crianças
constituem tema de interesse multidisciplinar nos meios educacionais, acadêmicos e clínicos.
As estatísticas governamentais, como as demonstradas pelo Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica (SAEB), em 2003 (INEP, 2004), e o cotidiano das escolas mostram um
quadro preocupante em termos de desempenho tanto em relação à compreensão da leitura
como em relação à escrita, especialmente entre os alunos de ensino Fundamental e Médio.
Espera-se que os resultados, deste estudo, sobre o desenvolvimento cognitivo de
crianças e adolescentes, em particular, sobre as relações entre as habilidades cognitivas de
memória operacional e compreensão de leitura, ofereça não apenas contribuições pontuais,
mas também estimule reflexões sobre a importância das habilidades cognitivas, em especial
da memória, no processo de aprendizagem da leitura.

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