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A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NA FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE DAS

CRIANÇAS
A IMPORTÂNCIA DO LETRAMENTO NAS SÈRIES INICIAIS
Melquíades Mara Diva.
Faculdade de Educação Paulistana FAEP- São Paulo-SP 2022 .

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a influência exercida pela educação infantil
no desenvolvimento da personalidade da criança. A análise bibliográfica foi o
principal meio metodológico para a construção deste artigo, que tem grande
importância para o entendimento de concepções sobre a formação da
personalidade, refletindo a respeito do processo de escolarização nos primeiros
anos de vida. Aborda ainda as finalidades, as especificidades, os planejamentos e as
ações, referente à educação infantil, além de uma reflexão sobre a educação
enquanto processo intencional e sistematizado. Esta modalidade educacional
favorece a construção de valores, hábitos e costumes aplicados pelos educadores
em sala de aula. Cabe ao professor influenciar e orientar a postura do aluno no que
se referente o comportamento que é um traço da personalidade consolidado na
escola.

Ao abordar questões relacionadas ao processo de alfabetização e letramento,


entende-se que são processos indissociáveis que devem caminhar juntos. É
importante que ocorra práticas de letramento o qual designa a ação educativa do
uso de práticas sociais de leitura e escrita, permitindo compreender a importância e
a necessidade em desenvolvê-las nas séries iniciais. A construção da linguagem
escrita na criança se dá como um trabalho contínuo ao considerar a significação que
a escrita tem na sociedade. Essa pesquisa se caracteriza como científica exploratória
e bibliográfica. Atualmente as crianças chegam à Escola com diversos tipos de
conhecimentos, é necessário que o educador faça uso da leitura e da escrita
utilizando diversos portadores de textos, para que assim a criança possa se interagir
com o mundo letrado no início de sua escolarização.

Palavras-chave: Personalidade, Valores Sociais,Alfabetização; letramento; práticas


sociais de leitura e escrita nas séries iniciais.

ABSTRACT

To address issues related to the process of literacy and literacy, it is understood that
they are inseparable processes that must go together. It is important that literacy
practices occur which designates the educational activity of using the social practices
of reading and writing, allowing us to understand the importance and need to
develop them in the early grades. The construction of written language in children
occurs as a continuous work in considering the significance that writing has on
society. This research is characterized as exploratory and scientific literature.
Currently the children come to school with different types of knowledge, it is
necessary that the teacher make use of reading and writing texts using various
carriers, so that the child can interact with the world of letters at the beginning of
their schooling. Keywords: Literacy; Social practices of reading and writing in the
early grades.

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1-INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por objetivo abordar a influência da educação infantil na


formação da personalidade das crianças. Nele estarão contidas as definições de
"personalidade". Segundo Ramos (1991), cada indivíduo é um só e nunca uma
personalidade ou indivíduo é exatamente igual a outra personalidade, e ainda que
pareçam semelhantes devem ser trabalhados individualmente, respeitando o eu de
cada criança, que é formado pelos atributos físicos, mentais e morais,
compreendendo as características hereditárias e as adquiridas durante a vida
através dos seus hábitos.

Todos os indivíduos, desde os primórdios da vida, são resultantes de influências


para a formação da personalidade, isto quer dizer que a personalidade se inicia a
partir do seu nascimento até determinada fase da vida variando de indivíduo para
indivíduo. Assim, os primeiros anos de vida de uma pessoa são decisivos para a
gênese de sua futura personalidade.

Neste período, são delineadas as principais características psíquicas, a partir da


relação da criança com os pais, pessoas próximas, escola e meio ambiente variado
conforme sua tradição moral, religiosa, política da comunidade e do meio em que
vive. Por isso, estas relações devem suprir todas as suas necessidades físicas e
psicológicas. O papel da escola e do educador na educação infantil é influenciar a
formação e organização da conduta moral da criança para a construção de valores
sociais e culturais, dos quais as crianças necessitam no decorrer de sua vida
formando a sua personalidade.

Nesta visão, poderemos analisar a necessidade de conduzir as crianças para uma


formação adequada no decorrer de sua vida, sendo que todas elas anseiam por
aprovação, independência, aprimoramento pessoal, segurança e auto -realização.
Neste artigo serão desenvolvidas características que envolvam influências da
educação infantil na formação da personalidade das crianças e mencionam a relação
entre pais e filhos, que exerce um domínio decisivo na formação inicial da criança.

A partir dos primeiros meses de vida, os pais e responsáveis pela criação e


educação das 6crianças devem dedicar toda a atenção ao desenvolvimento de sua
auto-estima, como também devem ser tolerantes no desenvolvimento da
personalidade da criança, explicando os prós e contras das situações vividas em seu
dia a dia. É indispensável dar muito carinho e afeto , estimulá-las e desenvolvê-las
com atividades lúdicas, brincadeiras, jogos educativos, recreação ao ar livre,
oferecendo todas as condições necessárias para que haja um bom desenvolvimento
no decorrer de sua vida escolar, permitindo que ela possa crescer livremente,
elogiando e motivando, para que as crianças construam sua personalidade com base
em elevado amor próprio.

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Dessa forma, a escola não deve se valer de determinados atos rígidos na educação
da criança com críticas exageradas, exigências e até mesmo castigos ou gestos que
possam influenciá-las de forma negativa na construção do saber.

Baseados no fundamento sólido e saudável da construção da personalidade, nos


primeiros anos de vida da criança, podemos garantir a ampliação de suas aptidões e
grandezas ajudando-a de forma positiva na construção de valores e habilidades,
enriquecendo seu caráter e construindo sua personalidade num processo contínuo
de desenvolvimento pessoal, social e intelectual da criança como um ser.

Ao abordar questões relacionadas ao processo de alfabetização e letramento,


entende-se que são processos indissociáveis que devem caminhar juntos, sendo que
alfabetizado é aquele aluno que conhece o código escrito, sabe ler e escrever. Desse
modo, letramento, designa a ação educativa de desenvolver o uso de práticas sociais
de leitura e escrita em contextos reais de uso, inicia-se um processo amplo que
torna o indivíduo capaz de utilizar a escrita de forma deliberada em diversas
situações sociais.

A construção da linguagem escrita na criança faz parte de seu processo geral, se dá


como um trabalho contínuo de elaboração cognitiva por meio de inserção no mundo
da escrita pelas interações sociais e orais, considerando a significação que a escrita
tem na sociedade.

Podemos entender tal relevância no sentido da participação crítica nas práticas sociais que
envolvem a escrita, mas também no sentido de considerar o diálogo entre os
conhecimentos da vida cotidiana, constitutivos de nossa identidade cultural primeira, com
os conhecimentos de formas mais elaboradas de explicar aspectos da realidade. (GOULART,
2002, p. 52).

Atualmente, estamos vivendo em uma sociedade, em que as crianças chegam à


Unidade Escolar com diversos tipos de conhecimentos em relação à cultura letrada.
É importante que o educador faça o uso da leitura e da escrita, utilizando diversos
portadores de textos, que contenham diferentes gêneros textuais, como leitura de
anúncios, revistas, jornais, realizações de bilhetes, cartas, para que assim a criança
possa se interagir ao mundo letrado, logo no início de sua trajetória escolar.

A experiência com textos variados e de diferentes gêneros é fundamental para a


constituição do ambiente de letramento, a seleção do material escrito, portanto,
deve estar guiada pela necessidade de iniciar as crianças no contato com diversos
textos e de facilitar a observação de práticas sociais de leitura e escrita nas quais
suas diferentes funções e características sejam consideradas.

Nesse sentido, os textos de literatura geral e infantil, jornais, revistas, textos publicitários,
entre outros, são os modelos que se podem oferecer as crianças para que aprendam sobre a
linguagem que se usa para escrever. (BRASIL, 1998, p. 151-152).

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A família também poderá contribuir com as práticas de leitura e de escrita,
incentivando o treinamento das crianças em casa, para que ao chegarem à escola,
possam desenvolver o trabalho com mais facilidade, recebendo logo no início da
aprendizagem o gosto pela leitura e pela escrita.O objetivo desse artigo é
compreender a importância do alfabetizar letrando e a necessidade em desenvolvê-
las nas séries iniciais, além de identificar o papel que as práticas de letramento
desempenham em relação aos indivíduos que iniciam a trajetória escolar.

Ao trabalhar o tema relacionado com práticas de leitura e escrita, é possível


entender a necessidade em ocorrer eventuais atividades que dizem respeito ao
trabalho realizado com crianças que estão inseridas nas séries iniciais.

É um momento de extrema importância para que o educador desenvolva as práticas


de leitura e escrita no convívio escolar, o contato com diversos portadores de textos,
o entendimento dos textos pelas crianças irá incentivar a desenvolverem a prática
de adentrar no mundo letrado com mais facilidade. Assim, as crianças estarão sendo
preparadas para conhecerem o mundo que as rodeiam, assimilando a maneira
correta de compreender o código e refletir sobre ele.

Para a realização deste estudo foi necessário caracterizar o problema, classificar e


definir, sendo assim constitui o primeiro estágio de uma pesquisa científica,
caracteriza- se em uma pesquisa exploratória e bibliográfica, que recupera o
conhecimento científico acumulado sobre o problema sendo de forma descritiva, as
informações obtidas não são quantificáveis os dados serão analisados
indutivamente, possui interpretação de fenômenos e atribuições de significados
caracterizando uma pesquisa qualitativa.

2-A EDUCAÇÃO INFANTIL E A CONSTRUÇÃO DE VALORES


No Brasil, a Educação Infantil corresponde ao período de vida escolar, com faixa
etária de 0 a 6 anos. Na Educação Infantil as crianças são despertadas, através de
ações lúdicas e jogos, a praticar suas capacidades motoras, fazer descoberta e iniciar
o processo de alfabetização. Segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional) no Artigo 29, a educação infantil, na primeira etapa da educação básica,
tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a
ação da família e da comunidade. A Educação Infantil tem também o papel de
habilitar a criança para o universo escolar e o ingresso no Ensino Fundamental.

É de extrema importância exercitar a criança para os conceitos estabelecidos na


escola juntamente com as teorias e práticas.

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Na concepção de Oliveira: O educador deve conhecer não só teorias sobre como cada
criança reage e modifica sua forma de sentir, pensar, falar e construir coisas, mas também o
potencial de aprendizagem presente em cada atividade realizada na instituição de educação
infantil. Deve também refletir sobre o valor dessa experiência enquanto recurso necessário
para o domínio de competências consideradas básicas para todas as crianças terem sucesso
em sua inserção em uma sociedade concreta. (OLIVEIRA, 2002, p.124).

Os responsáveis pelos primeiros ensinamentos na aprendizagem das crianças são os


pais, seguidos da família, sociedade e escola.Entretanto, educar não está somente
em desenvolver o potencial de aprendizado, mas é através de todo o potencial que a
criança traz consigo, seja no sócio-cultural, afetivo, habilidades psicomotoras e
cognitivas. É no convívio social da creche e na pré- escola que as crianças começam a
se conhecer e a conhecer o outro, a se respeitar e a respeitar o outro, e a
desenvolver sua capacidade de construir conhecimento.

As primeiras mudanças no comportamento das crianças, no que se diz respeito à


agressividade e á indisciplina têm sido vistas pelos mestres da educação como um
dos maiores problemas na aprendizagem das crianças. A indisciplina é um dos
principais empecilhos da aprendizagem na escola durante as aulas. Se o educador
estiver preparado para enfrentar esse tipo de situação, os alunos conseguem
melhorar seu comportamento e assim a formação de uma boa personalidade será
garantida, dentro e fora da escola, nos primeiros anos da vida escolar.

Pensamos que o comportamento agressivo pode ser mudado com a postura do


professor em sala de aula, de modo a corrigir e influenciar a construção correta da
criança de educação infantil. Os valores construídos e aprendidos na fase infantil,
correspondem à aprendizagem de conceitos como certo e errado, mau e bom
presentes nas relações humanas.

São trabalhados através do conjunto entre sociedade e o próprio indivíduo,


mediante valores culturais e hábitos morais que ajudarão na construção do seu
próprio eu. Nessa visão, a educação moral assume um importante papel na
socialização. Valores como justiça, liberdade e igualdade aprendidas pelo sujeito no
ambiente escolar, serão imprescindíveis na formação da personalidade. Desde cedo
à criança reconhece e lida com diversos objetos, estabelecendo o contato com a
sociedade em que ela vive.

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Diante disto, podemos perceber que o processo de desenvolvimento da
personalidade, tem o objetivo de formar estruturas mentais estáveis como a
consciência moral, autoconceito e a personalidade, pois ela se desenvolve através
das capacidades individuais como a autoconsciência, autocrítica e não unicamente
por incitamentos comuns a toda espécie. Por isso a importância de estimulá-la em
seu convívio de forma a proporcionar um conceito voltado para realidade e não algo
fictício levando a criança a criar uma mentalidade lógica e racional.

Ramos afirma que: A criança educada em ambiente no qual a verdade é respeitada, as


promessas são cumpridas, onde a verdade e a honestidade são praticadas e “pregadas”, é
natural que a criança e o adolescente aceitem o mesmo sistema. (RAMOS,1991,pg.137).

São nas brincadeiras infantis que os indivíduos formam sua personalidade, através
das descobertas e limitações que as crianças têm em seu dia a dia.

Pois cabe ao professor exercer um papel de organizador das re lações sociais no


espaço escolar, além de estimular as experiências das crianças trazidas do convívio
familiar acompanhando as transformações deste para novas experiências. Os
docentes da educação infantil devem dar oportunidades às crianças de
manifestarem suas opiniões, decidirem o que fazer, desde a arrumação da sala até a
disciplina do próprio grupo.Isto é feito dentro de uma prática constante que se
entende como atividade de concentração seguida de uma de expansão. Ao oferecer
uma prática com base no conhecimento da criança, próprio do seu
desenvolvimento, coloca-se a questão do outro, do social e da relação com os
colegas e com os educadores. A rotina é um limite e um caminho que indica uma
outra forma de satisfação das necessidades da criança.

Ela conhece o espaço da escola, seu limite físico e social e suas regras de
relacionamento. Sendo assim, auxilia-se a organização do seu pensamento,
possibilitando planejar ações a serem realizadas futuramente, imaginar eventos e a
lidar com ações seqüenciais.

Como ressalta Oliveira: Dessa perspectiva, não há uma essência humana, mas uma
construção do homem em sua permanente atividade de adaptação a um ambiente. Ao
mesmo tempo em que a criança modifica seu meio, é modificada por ele. Em outras
palavras, ao constituir seu meio, atribuindo-lhe a cada momento determinado significado, a
criança é por ele constituída; adota formas culturais de ação que transformam sua maneira
de expressar-se, pensar, agir e sentir. (OLIVEIRA, 2002, p. 126).

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As escolas de educação infantil são meios de socialização, propiciando o contatos e o
confronto entre os adultos e a crianças de várias origens socioculturais, costumes,
hábitos e valores sociais, fazendo desta diversidade um lugar de experiência
educativa.

Dessa forma a escola cria condições necessárias para que as crianças conheçam,
descubramnovos sentimentos como: compreensão, respeito, diálogo, amizade,
amor, gentileza, demonstrações de afeto, etc.

Buscando assim, os valores ideais do seu papel social na formação da sua


personalidade. A escola precisa dar total atenção à criança como pessoa, que está
num contínuo processo de crescimento intelectual, compreendendo sua
peculiaridade, identificando e contestando suas necessidades.

A criança bem cuidada, considerada um bom cidadão, enquanto se desenvolve


depara-se com fenômenos, fatos e objetos do mundo; pergunta, reúne informações,
organiza explicações e arrisca respostas. É na escola que se promove a educação da
criança, mostrado o que é certo e errado, muitas vezes a escola precisa propiciar
situações para que a família reflita sobre seu papel e atribuição, tendo em vista que
os filhos permanecem mais tempo com os profissionais da escola do que com os
familiares.

A criança é instigada pela curiosidade e motivada pelas respostas que os


professores dão perante as informações e atividades vindas dos livros, televisão,
rádio, etc. Ela sente-se segura e protegida no espaço onde é cidadã, portanto os
educadores devem estimulá-las de forma continua ajudando a entender o seu meio
social.

O papel educativo da creche e da pré-escola requer um planejamento de um


currículo específico.

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O importante é que a escola planeje um ambiente de socialização diferente da familiar.
Através da exploração, da vivência e do conhecimento constroem sua visão de mundo e
de si mesmas, enquanto sujeitos desse processo.

A educação está presente em todas as disciplinas. Faz-se necessário que o professor


organize seu plano de ensino em atividades lúdicas, reflexivas e conceituais sobre temas
transversais como: ética, amor, verdade, responsabilidade, respeito mutuo, amizade,
prudência e coragem construindo assim os valores no dia a dia da criança.

Os valores humanos são construídos nos primeiros anos de vida de uma criança, é a partir
desses primeiros anos, que nós educadores e pais, podemos transmitir os valores que irão
ser construídos através de ensinamentos. Tais ensinamentos podem se dar através de
dinâmicas, encenações teatrais, jogos educativos e atitudes em sala de aula e no âmbito
familiar.

Desta forma motivando o aluno em seu dia a dia de forma criativa podemos incentivá-lo a
ter atitude em seus atos ajudando a formar sua personalidade de forma estruturada no
decorrer de sua vida.

Os valores que são passados em sala de aula como: verdade, ação correta, amor, não
violência, podem ser trabalhados no dia a dia da criança de forma a discipliná-las em sala
de aula e a ensiná-las a viver em sociedade de forma correta.

É através do conjunto de normas pedagógicas que nós educadores podemos originar nos
educandos a vontade de descobrir um novo mundo de forma consciente reconhecendo
suas próprias limitações perante a vida.

O ensino dos valores como paciência, alegria, curiosidade, autoconhecimento são pontos
essenciais para a construção de uma boa personalidade para a criança. Então utilizar o
exemplo diariamente é uma das melhores formas a serem trabalhadas na construção do
caráter do sujeito, sendo ele para o aluno um espelho a ser visto por ele, de forma a
aprender tudo o que seu espelho lhe passar.

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Segundo o PCN sobre os temas transversais, trazer a ética para o espaço escolar significa:
Enfrentar o desafio de instalar, no processo de ensino e aprendizagem que se realiza em
cada uma das áreas de conhecimento, uma constante atitude crítica, de reconhecimento
dos limites e possibilidades dos sujeitos e das circunstâncias, de problematização das
ações e relações e dos valores e regras que os norteiam.

Configura-se, assim, a proposta de realização de uma educação moral que proporcione às


crianças condições, para o desenvolvimento de sua autonomia, entendida como
capacidade de posicionar-se diante da realidade, fazendo escolhas, estabelecendo
critérios, participando da gestão de ações coletivas.
O desenvolvimento da autonomia é um objetivo de todas as áreas e temas transversais e,
para alcançá-lo, é preciso que elas se articulem. A mediação representada pela ética
estimula e favorece essa articulação.

3-A FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Segundo Ramos (1991) a personalidade é tudo aquilo que distingue um indivíduo de outros
indivíduos, ou seja, o conjunto de características psicológicas que determinam a sua
individualidade pessoal e social.

A formação da personalidade é processo gradual, complexo e único a cada indivíduo,


modificado para melhor ou pior, tudo dependendo da presença e ausência de fatores
positivos ou negativos para a sua formação e desenvolvimento.

Segundo Ramos: Cada Personalidade ou Indivíduo ou Tipo Constitucional é ímpar, ou seja,


apresenta caracteres somáticos e psicológicos que poderão se semelhantes, porém, nunca iguais
ao de outra personalidade no decorrer de toda duração das vidas físicas e psíquica.

Cada personalidade, cada indivíduo é um só e nunca uma personalidade ou indivíduo é


exatamente igual a uma outra personalidade, mesmo que a engenharia genética possa reproduzir.
Isso quer dizer que a personalidade é o resultado das experiências e influências que recebemos
durante toda nossa vida. (RAMOS, 1991, p. 3) .

A criança assimila inconscienteme nte não só o que existe ao seu redor, mas através do
clima emotivo que a circunda, o caráter e os sentimentos das pessoas que a rodeiam, a
forma como se expressam como agem diante de determinadas situações, tudo isso reflete
sobre sua personalidade. Significa dizer que a criança imita e age de acordo com o que vê

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em seu dia a dia e o que percebe ao seu redor.

Os comportamentos dos adultos sejam no modo de falar, as maneiras à mesa, seus


gestos. A criança em seu pequeno mundo imaginário e real baseia-se na identificação do
imitar a sua mãe ou o seu pai e até mesmo a empregada em qualquer situação diária.
Partindo deste pressuposto, pode-se afirmar que o educador infantil tem em suas mãos a
chave e o conhecimento necessário para realizar suas tarefas escolares, entrando no
mundo imaginário da criança. Com base nesta afirmação, salienta-se que a formação da
personalidade da criança é influenciada na educação infantil.

O sistema educacional, ou seja, as escolas devem ser moldadas e mantidas de tal forma
que qualquer ser humano tenha a possibilidade de aprender e de receber uma formação,
que vise o pleno desenvolvimento de sua personalidade, e não somente o preparo
profissional. Faz-se necessário, que toda criança independentemente de sua origem ou
raça, condição social, política ou econômica, receba o mesmo tipo de educação, que lhe
faculte o pleno desenvolvimento de sua personalidade humana, exercendo assim
influências conjuntamente trazidas da sua vivência familiar associada a escolar.Então as
principais fontes de aprendizado da criança no decorrer na fase educacional são família e
escola, sendo que estes deverão influenciá-la de forma a construir uma formação clara e
organizada para a construção da sua personalidade. Nós educadores temos um papel
relevante junto aos alunos. É papel de liderança que deve estar presente todo dia na vida
das crianças estimulando assim o seu desenvolvimento.

A criança convencida de sua própria identidade e de que pode decidir livremente o que
quer fazer, deverá descobrir agora o tipo de pessoa que poderá vir a ser.

Para Ramos (1991), a personalidade que está se formando se expõe a desafios que precisam ser
vencidos com saldo positivo para que essa personalidade tenha efetivamente uma produtividade
útil para si própria e para a sociedade na qual está vivendo.

A maioria dos estabelecimentos escolares não está preparada para enfrentar esse tipo de
problema, por isso os educadores infantis precisam estar conscientes que a escola assume
importância na função social e influencia os comportamentos que são traços da
personalidade, e que estarão mais fortalecidos no final dos anos pré-escolares.

É dentro da escola de educação infantil que se exerce a influência na construção de

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valores e na formação da personalidade da criança, pois é através dela que a criança
aprende a lidar com seus desejos e suas decepções.

É de primordial importância que os problemas sejam analisados e resolvidos ainda na


infância, para que mais tarde as crianças não se tornem adultos viole ntos com
dificuldades de regeneração, visto que sua personalidade já estará construída e será difícil
a modificação e a construção de novos valores.

4- NOVAS PERSPECTIVAS PARA O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

A alfabetização escolar tem sido alvo de várias controvérsias teóricas e metodológicas,


exigindo das escolas e dos profissionais que lidam com o desafio de alfabetizar. Os
professores, antes de estudarem a Psicogênese da Língua Escrita ensinavam para as
crianças as letras começando pelas vogais e as sílabas, respeitando a ordem alfabética,
elaboravam exercícios de coordenação motora, atividades de cópia para que as crianças
repetissem o nome próprio e mesmo as letras e as sílabas isoladamente, centradas no
ensino de forma fragmentada e descontextualizada.

Tratava-se de uma visão de aprendizagem que era considerada cumulativa, baseada na


cópia, na repetição no reforço e na memorização das correspondências fonográficas.

Desconhecia-se a importância da criança desenvolver a sua compreensão do


funcionamento do sistema de escrita alfabética e de saber usá-la desde o início em
situações reais de comunicação.Na década de oitenta, surgiu o termo “analfabetismo
funcional” para designar as pessoas que, sabiam escrever o próprio nome e identificavam
letras, mas não sabiam fazer uso da leitura e da escrita no seu cotidiano.

Observou-se que, mesmo dentre os que permaneciam por mais tempo nas escolas, alguns não
eram capazes de interagir e se apropriar da leitura e escrita. Para Soares (2004) a alfabetização é
“[...] a ação de ensinar e aprender a ler e a escrever”, ao tempo que letramento “[...] é estado ou
condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que
usam a escrita”.

Entende-se alfabetização como sendo um caminho para o letramento, alfabetizado é


aquele indivíduo que conhece o código escrito, que sabe ler e escrever, dessa forma foi
necessário ampliar esses conhecimentos, os indivíduos precisavam compreender o
sentido dos textos.

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5- ALFABETIZAÇÃO E APRENDIZAGEM

A alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades pela


leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é levado a efeito, em geral por meio
dNOVAS o processo de escolarização e, portanto da instrução formal. A alfabetização pertence
assim, ao âmbito individual. (TFOUNI, 1998, p.9, e 1995, p. 9-10).

A alfabetização supera o paradigma de mera tarefa de codificação e decodificação, ao


tempo que situa a aprendizagem do código a partir dos usos sociais da escrita atribuindo-
lhes sentido e significado com base nas diferentes situações de utilização.

Nesse sentido, há uma ampliação da questão metodológica, que se referindo, segundo Frade
(2007, p. 29), a um conjunto amplo de decisões relacionadas ao como fazer com decisões relativas
a métodos, à organização da sala de aula, um ambiente de letramento, capacidades a serem
atingida, escolha de materiais, procedimentos de ensino, formas de avaliar, sempre num contexto
da políticas mais ampla de organização do ensino.

Para Soares (2004), o termo letramento surge a partir das novas relações estabelecidas com as
práticas de leitura e escrita na sociedade, ao passo que não basta apenas saber ler e escrever, mas
que funções a leitura e a escrita assumem em decorrência das novas exigências impostas pela
cultura letrada.

Revelou a evolução conceitual das crianças compreenderem como funciona o nosso sistema de
escrita, incorporou a ideia defendida por Goodmann (1967) e Smith (1971) (apud SOARES, 2004)
de que ler e escrever são atividades comunicativas e que devem ocorrer através de textos reais
onde o leitor ouescritorlança de seus conhecimentos da língua.

A tradição de alfabetização estava vinculada a uma concepção, em que a aprendizagem


inicial da leitura e da escrita tinha como foco fazer o aluno chegar ao reconhecimento das
palavras significativas no seu meio cultural, a partir de 1980 a alfabetização escolar no
Brasil passou por novos questionamentos, novas concepções de resultados.Criou-se
então, o termo letramento, com Mary Kato em 1985, para designar aqueles que exercem
práticas sociais de leitura e escrita, para além do apenas ensinar ler e escrever, sendo
estas práticas com crianças que participam de eventos em que a escrita é integrante no
processo de condições iniciais, sob os aspectos social, cultural, cognitivo e de inserção em
uma sociedade letrada.

Com a divulgação das pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita (FERREIRO; TEBEROSKY,
1985) o enfoque construtivista tornou-se, um dos mais influentes na elaboração de novas
propostas de alfabetização.

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A proposta construtivista influenciada pelas pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1985) e pelos
modelos de leitura propostos por Goodmann (1967) e Smith (1971) (apud SOARES, 2004) defende
uma alfabetização contextualizada e significativa através da transposição didática das práticas
sociais da leitura e da escrita para a sala de aula e considera a descoberta do princípio alfabético
como uma consequência da exposição aos usos da leitura e da escrita.

Para Teberosky (1994) a formação de um vocabulário estável de palavras a partir dessas práticas
seria o principal referencial da criança para a descoberta do sistema alfabético, uma vez que a
partir dos conflitos vivenciados pela criança entre a sua concepção original de escrita e a escrita
convencional dos nomes.

No caso da alfabetização tradicional a ênfase está no código, um indivíduo alfabetizado não é


necessariamente um indivíduo letrado, alfabetizado é aquele que sabe ler e escrever, codificar e
decodificar a língua escrita. Enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um
individuo, ou grupos de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição
de um sistema escrito por uma sociedade. (TFOUNI, 1995, p.20).

A construção da linguagem escrita na criança faz parte de seu processo geral, se dá como
um trabalho contínuo de elaboração cognitiva por meio de inserção no mundo da escrita
pelas interações sociais e orais, considerando a significação que a escrita tem na
sociedade.

No processo de aprendizagem da criança as duas modalidades de linguagem verbal


dialogam-se na perspectiva do letramento, o qual vem sendo visto como um fator central,
afeta a cognição por intermédio do desenvolvimento tanto na transformação conceitual
do sujeito quanto na cultural, deve ser interpretado como algo geral que vai além da
competência para a escrita.

Crianças cujas famílias participam de atos de leitura desde muito cedo, vindo de familiares
escrevendo e lendo , chegam à escola conhecendo muitos do uso e funções sociais da
língua escrita, diferente de crianças oriundas e de famílias pouco alfabetizadas, entendem
que texto escrito é aquele que a escola lhes apresenta.

A perspectiva psicogenética alterou a concepção do processo de construção da


representação da língua escrita pela criança que deixa de ser considerada como
dependente de estímulos externos para aprender o sistema de escrita.

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Essa concepção está presente nos métodos de alfabetização se encontra em uso,
designados"tradicionais" e passa a ser sujeito ativo capaz de construir esse sistema de
representação interagindo com a língua escrita e em uso de práticas sociais, em que a
aprendizagem se dá por uma progressiva construção do conhecimento, na relação da
criança com o objeto "língua escrita".

O ensino da língua escrita dominou não só no Brasil, mas também em vários outros
países, nas últimas décadas, uma concepção holística da aprendizagem da língua escrita,
de que o princípio de que aprender a ler e a escrever é aprender a construir sentido para e
por meio de textos escritos, usando experiências e conhecimentos prévios.

A concepção tradicional de alfabetização, traduzida nos métodos analíticos ou sintéticos,


tornava os dois processos independentes, na concepção atual, os dois processos são
simultâneos, deve-se conservar os dois termos, embora sejam processos
interdependentes, são processos diferentes, envolvendo conhecimentos, habilidades e
competências específicas, que implicam formas de aprendizagem diferenciadas e,
procedimentos diferenciados de ensino.

É necessário que haja práticas de alfabetização e de letramento nas salas de aula, em que
as crianças se interajam na cultura escrita, na participação em experiências variadas com a
leitura e a escrita, conhecimento de diferentes tipos e gêneros de material escrito para
assim compreenderem a função social que a leitura e a escrita trazem.

Contudo, é importante reconhecer as possibilidades e necessidades de promover a


conciliação entre essas duas dimensões da aprendizagem da língua escrita, integrar
alfabetização e letramento, sem perder, a especificidade de cada um desses processos.

6- CONCEITUAÇÃO DE LETRAMENTO

Nos países desenvolvidos, as práticas sociais de leitura e escrita assumiam um problema


relevante no contexto de que a população embora alfabetizada, não denominava as
habilidades de leitura e de escrita necessárias para uma participação efetiva e competente
nas práticas sociais e profissionais que envolvem a língua escrita.

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A discussão tem sido intensa nos últimos anos, em relação aos problemas da
aprendizagem inicial da escrita, o domínio precário de competências de leitura e de escrita
necessárias para a participação em práticas sociais letradas e as dificuldades no processo
de aprendizagem do sistema da escrita.

Na metade da década de 1980 no Brasil vários pesquisadores que trabalhavam com as


práticas de uso da língua escrita sentiram falta de um conceito que se referisse a esse
aspecto sócio- histórico do uso da escrita associadas à palavra alfabetização.No Brasil o
movimento se deu em despertar para a importâncyyia e necessidade de habilidades para
o uso competente da leitura e da escrita tem sua origem vinculada à aprendizagem inicial
da escrita desenvolvendo-se basicamente a partir do questionamento do conceito de
alfabetização.

Em meados de 1980 se dá a invenção do termo letramento no Brasil, tornou-se foco de


participação e discussão nas áreas da educação e da linguagem o que se evidência no
grande número de artigos e livros voltados para o tema.

Além da alfabetização, este conceito de tema interdisciplinar do âmbito social, cognitivo e


linguístico sendo este o letramento, é um processo amplo que torna o indivíduo capaz de
utilizar a escrita de forma deliberada nas situações sociais.

Letramento é a palavra e conceito recente, introduzido na linguagem da educação e das ciências


linguísticas há pouco mais de duas décadas. Seu surgimento pode ser interpretado como
decorrência da necessidade de configurar e nomear comportamentos e práticas sociais na área da
leitura e da escrita que ultrapassam o domínio do sistema alfabético e ortográfico, nível da
aprendizagem da língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo processo de alfabetização.
(SOARES, 2004, p. 20).

O novo assunto de pesquisa sendo essas as práticas sociais refletia as transformações nas
práticas letradas tanto dentro ou fora da escola, houve a necessidade de reconhecer e
nomear práticas sociais de leitura e de escrita mais avançadas e complexas que as práticas
de ler e de escrever resultantes da aprendizagem do sistema de escrita.

O termo letramento se deu por caminhos diferentes daqueles que explicam a invenção do
termo em outros países, no Brasil à discussão do letramento surge sempre enraizada ao
conceito de alfabetização, em que os dois processos devem caminhar juntos.

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Através do Letramento, passou-se a entender que, nas sociedades contemporâneas, era
insuficiente o mero aprendizado das “primeiras letras”, e que integrar-se socialmente,
envolve também “saber utilizar a língua escrita nas situações em que esta é necessária,
lendo e produzindo textos”.

Essa nova palavra o Letramento veio para designar essa nova dimensão da entrada no
mundo da escrita, que se constitui de um “conjunto de conhecimentos, atitudes e
capacidades necessários para usar a língua em práticas sociais” (VAL, 2006, p. 13). O
letramento abrange o processo de desenvolvimento e o uso dos sistemas de leitura e
escrita na sociedade, desse modo, se refere a um conjunto de práticas, que vem
modificando a sociedade.

Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a
escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno, designa práticas de
leitura e escrita.A entrada da criança no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de
toda a complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever; precisa
saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e escrita apropriar-se do hábito do
sistema de escrita.

Assim as alterações no conceito de alfabetização nos censos demográficos ao longo das


décadas permitiam identificar uma progressiva extensão desse conceito. A partir do
conceito de alfabetização que vigorou até o censo de 1990, aquele que declara o saber ler
e escrever, sendo aquele que exerce a prática de leitura e escrita ainda que trivial. Nas
séries iniciais, a criança, sem ser alfabetizada, é apropriada em funções e no uso da língua
escrita, essas são crianças letradas sem serem alfabetizadas.

Pode-se letrar antes de alfabetizar ou o contrário, essa compreensão é o grande


problema das salas de aula e explica o fracasso do sistema de alfabetização na progressão
continuada. Deve haver uma especificidade, aprendizagem sistemática sequencial, de
aprender, não é possível ensinar a ler e escrever, ou qualquer coisa em educação, sem um
método.

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O letramento não é só de responsabilidade do professor de língua portuguesa ou dessa
área, mas de todos os educadores que trabalham com leitura e escrita, cada educador, é
responsável pelo letramento em suas diferentes áreas de estudo.

O letramento, é o uso que se faz da língua escrita com toda suacomplexidade, em práticas sociais
de leitura e escrita, é aquele indivíduo que sabe ler e escrever, e que usa socialmente a leiturae a
escrita, que pratica e responde adequadamente às demandas sociais. (SOARES, 2001, p 39-40).

Pode ser considerado letrado mesmo quem não seja alfabetizado, na medida em que ao
participar de contextos de letramento utiliza estratégias orais dos conhecimentos
construídos sobre a língua que se escreve, mesmo sem saber ler e escrever conhece a
estrutura da língua escrita.

Para que uma criança entre no mundo da escrita, é necessário passar por dois processos
interdependentes, e indissociáveis, a aquisição do sistema convencional de escrita, sendo
esse a alfabetização e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em
atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita sendo
essa o letramento.

O letramento é conhecido como um estudo de quem exerce práticas sociais de leitura e


escrita de quem participa de eventos em que a escrita é integrante no processo de
interpretações, interações, atitudes e competências discursivas e cognitivas que trás um
diferenciado estado de inserção em uma sociedade letrada.Desse modo, o presente artigo
relata uma ampla compreensão da importância do educador trabalhar com as práticas de
letramento, sendo estas práticas de leitura e escrita, a qual é necessária para entender a
ação educativa de desenvolvimento do seu uso, para ir além do apenas ensinar ler e
escrever. Assim a criança começará a entender qual é a função que os diferentes gêneros
textuais irão tratar e compreendê-los através da leitura, compreensão e interpretação.

7- ALFABETIZAR LETRANDO NAS SÉRIES INICIAIS

Alfabetizar letrando é desenvolver ações significativas de aprendizagem sobre a língua, de


modo a proporcionar situações onde a criança possa interagir com a escrita a partir de
usos reais expressos nas diferentes situações comunicativas, sendo este algo possível
desde a educação infantil.

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Isto implica levar para a sala de aula uma diversidade textual que possibilite às crianças
refletirem sobre a língua que se escreve a norma culta ou padrão.

Assumir esta responsabilidade significa ensinar de fato a língua escrita, e para isto é
necessário que os educadores alfabetizem letrando desde as séries iniciais, começando o
ensino da língua escrita em contextos de letramento.

O processo de alfabetização ocorre na perspectiva do letramento, sendo este usado para


atender as demandas sociais em que não basta aprender ler e escrever, mas faz-se
necessário utilizar, de maneira competente, compreendendo a função de ambas em
contextos sociais.

Neste sentido, Soares (2004) realça as especificidades inerentes aos processos educativos de
alfabetizar e letrar, evidenciando que ambos são processos distintos, porém indissociáveis,
considerando que o acesso ao mundo da escrita ocorre de maneira simultânea pelos caminhos da
alfabetização e do letramento.

É importante que as crianças se interajam com os adultos alfabetizados, com a leitura e a


produção de textos, mesmo antes de estarem alfabetizados convencionalmente. Crianças
cujos pais leem regularmente e exploram com elas os textos narrativos, não só aprendem
a ler com mais facilidade como se revelaram bons escritores no término de sua trajetória
escolar, ler e escrever textos significativos, onde o educador possa criar um ambiente
letrado, considerando o conhecimento prévio, embora pequenas, as crianças levam para a
escola o conhecimento que advém da vida. [...]

A introdução ao mundo da escrita, na escola, não se caracteriza como um momento inaugural de


entrada em um mundo desconhecido: embora ainda “analfabeta”, a criança já tem representações
sobre o que é ler e escrever, já interage com textos escritos de diferentes gêneros e em diferentes
portadores, convive com pessoas que leem e escrevem, participa de situações sociais de leitura e
de escrita [...] (SOARES, 1999, p. 69).

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8-O TRABALHO COM TEXTOS NA ALFABETIZAÇÃO

É necessário para enfocar os dois aspectos da aprendizagem da língua escrita, assim o aluno
alfabetizado e letrado tem possibilidade de utilizar a escrita nas diferentes situações do
cotidiano. Participar de práticas sociais de leitura e escrita é importante não só para o processo
de alfabetização, mas também para a apropriação da língua escrita em situações reais de uso

Desse modo, a alfabetização na perspectiva do letramento deve evidenciar a importância do


trabalho com os diversos gêneros textuais, com base nos diferentes suportes de leitura. É
necessária uma proposta pedagógica que dê suporte ao pleno desenvolvimento desses
aspectos envolvidos na aprendizagem da leitura e da escrita desde o início da escolaridade,
tendo em vista proporcionar ao aluno a formas de utilização da escrita para diferentes
finalidades.

A partir das situações de letramento presentes em seu cotidiano, uma vez que os textos apresentam
situações comunicativas diferenciadas, é possível o aluno compreender que a estrutura e a organização
dos textos estão relacionadas a diferentes funções que exercem nas práticas cotidianas da realidade, ou
seja, uma carta, uma receita culinária, uma bula, um anúncio de jornal, um bilhete, um folheto
informativo, dentre outros suportes textuais. [...] além de aperfeiçoar as habilidades já adquiridas de
produção de diferentes gêneros de textos orais, levar à aquisição e ao desenvolvimento das habilidades
de produção de textos escritos, de diferentes gêneros e veiculados por meio de diferentes portadores
[...]

(SOARES, 1999, p. 69).

Dessa forma, aprender a ler e escrever envolve a apropriação do sistema alfabético e


ortográfico e o desenvolvimento das habilidades textuais, ou seja, a produção de textos
observando os elementos discursivos, conforme a tipologia textual, de modo a perceber que
cada gênero tem uma forma diferente quanto à estrutura e organização.

Objetivando atender finalidades de um trabalho pedagógico organizado a partir da reflexão em


torno desses termos, enquanto processos distintos, específicos, porém indissociáveis, que
envolvem procedimentos diferenciados de ensino, considerando a necessidade e a importância
de desenvolver a alfabetização num contexto de letramento.

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Cabe ao educador desenvolver neste conceito práticas significativas de desenvolvimento para
o aluno acerca do funcionamento e utilização desse ensino, seupapel é intervir de forma a
tornar mais efetiva esta reflexão, através de uma profunda imersão das crianças nas práticas
sociais de leitura e escrita, só a partir da descoberta do princípio alfabético e das convenções
ortográficas formamos um leitor e escritor autônomo.Com o advento da sociedade do
conhecimento, as constantes mudanças no campo educacional exigem dos educadores a busca
contínua de inovações, visando a melhoria de suas práticas pedagógicas, este processo implica
reelaborações de conhecimentos, concebendo o professor como um ser que interage com o
saber, sendo a escola um espaço permanente de produção de conhecimento.

É preciso, portanto, desenvolver práticas sociais de leitura e escrita, a partir de seus diferentes
usos e funções requeridos pela sociedade, de modo a compreender o letramento enquanto um
novo conceito de compreensão acerca da função social da escrita.

Assume desenvolver no processo de apropriação da escrita pela criança, de maneira


competente situações significativas de aprendizagem, proporcionando a possibilidade de
transformação da realidade, sobretudo considerando o direito de todos à apropriação da
escrita enquanto bem cultural.

Desse modo, é necessária a reflexão em torno das práticas de letramento desenvolvidas no processo de
alfabetização, pois encontramos a escrita em diferentes ambientes sociais, essa que faz parte do nosso
cotidiano, sobretudo com o advento da sociedade do conhecimento. Segundo Weisz, (2000, p.62)

“O ensinar a língua escrita em contextos letrados, a função do professor é observar a ação das
crianças, acolher ou problematizar suas produções, intervindo sempre que achar que pode
fazer a reflexão dos alunos sobre a escrita avançar”.

As práticas de letramento devem ocorrer de forma reflexiva a partir da apresentação de


situações problemas, em que, as crianças revelem espontaneamente as suas hipóteses e sejam
levados a pensar sobre a escrita, participar, ler e escrever com função social, utilizar textos
significativos, interagir com a escrita, utilizar textos reais, que circulam na sociedade, utilizar a
leitura e a escrita como forma de interação.
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Em atividades de produção coletiva de textos, o educador deve atuar como escriba, propor a
reescrita da história pelas crianças, assim é possível refletir sobre o que as crianças escrevem e
como se escreve.

Ao ouvir e produzir histórias, como diz Brito (2007, p. 36), “a criança vai construindo o seu
conhecimento da linguagem escrita, que não se limita ao conhecimento das marcas gráficas a
produzir ou a interpretar, mas envolve gênero, estrutura textual, funções, formas e recursos
linguísticos”.

O fazer diferenciado da alfabetização na perspectiva do letramento exige do professor


alfabetizador conhecimentos específicos acerca da natureza da aquisição da leitura e da escrita,
a fim de que possa compreender a dinâmica do processo de aprender pelo aluno com vistas à
istematização do código escrito.

9- AS REFLEXÕES ACERCA DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Revelam a necessidade da vinculação dos dois termos na prática pedagógica alfabetizadora, de


modo que o trabalho pedagógico desenvolvido na escola contemple uma proposta de
“alfabetizar letrando”, onde o ensino e a aprendizagem do código estejam associados pelas
práticas sociais de utilização da escrita

Contudo, em uma sociedade letrada, não basta apenas aprender ler e escrever, é preciso
praticar socialmente a leitura e a escrita, compreendendo as finalidades entre os diversos
contextos de letramento. Alfabetizar Letrando não constitui um novo método de alfabetização,
consiste na utilização de textos variados no ambiente escolar, melhorando assim a prática de
somente alfabetizar, sendo essa uma perspectiva pedagógica com metodologias relacionadas à
aquisição da leitura e da escrita.

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10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

É na infância que se tem a base fundamental para o desenvolvimento moral, social, cultural e a
escola vêm a ser a estrutura como ponto de apoio e referência para a vida do indivíduo na
sociedade permitindo-o assim a transformação do ser humano. A escola de educação Infantil
exerce grande influência na formação dya personalidade e na construção dos valores.

É através dela que a criança aprende a lidar com seus desejos, a renunciar seus hábitos e
exigências e a ser tolerante em suas frustrações, modificando seus comportamentos que são os
traços da sua personalidade e que vem a ser estabelecida no decorrer de sua trajetória pré-
escolar. Cabe ao professor em sala de aula influenciar e corrigir a postura do aluno no que se
referente o comportamento que é traço da personalidade consolidado na escola. É na
educação infantil que a criança se prepara para o ingresso na vida escolar.

Por isso a necessidade do ensino de bons hábitos e costumes, com o intuito de ampliar o seu
desempenho na series iniciais do Ensino Fundamental. Através desta personalidade construída
conseguimos contro lar os desvios de comportamento, especialmente a agressividade e a
indisciplina que vem sendo apontados pelos professores como os maiores problemas na
aprendizagem da criança. É de suma importância que os serviços educativos estimulem as
crianças ao convívio social, estabelecendo regras, sobre as quais a educação assume um
importante papel.

Constamos perante nosso estudo que os valores estão em transição e as pessoas "perdidas" na
permissividade, faltam limites que estabeleçam equilíbrio nas relações entre elas, sendo,
portanto, necessário que sejam respeitadas em prol de uma boa convivência.

Por isso salientamos que o processo na educação infantil é fundamental para construir,
ampliar e condicionar a formação de uma personalidade segura e consciente dos verdadeiros
valores sociais.

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Conclui-se que desde as séries iniciais, quanto antes as crianças se apropriarem da leitura e da
escrita, mais poderão desenvolvê-las com êxito em seus anos de escolaridade, sendo assim, serão
capazes de utilizá-la como prática discursiva com muita facilidade durante sua trajetória escolar.

Com base na reflexão mencionada neste trabalho, é necessário compreender a prática pedagógica
como elemento de produção do conhecimento, dessa forma, ocorre a necessidade e precisão do
alfabetizar letrando. Assim constitui-seem um trabalho feito pelo educador e também pelas
pessoas que participam do aprendizado da criança, requerendo mudanças significativas acerca
depráticas pedagógicas através do ensino da leitura e da escrita para o seu aprimoramento nas
séries iniciais.

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