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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR SÃO FRANCISCO - CESSF

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE CAJAZEIRAS - ISESC


CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE COMO FERRAMENTA NO


PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR

Sinara Maria Lacerda Silva


Faculdade São Francisco-FSF

Francisca Maísa Maciel Gomes de Almeida


Faculdade São Francisco-FSF

Resumo: A importância da afetividade no ambiente escolar estabelece no processo de


ensino/aprendizagem, visto que o professor contribui para o desenvolvimento
cognitivo/afetivo do aluno. O objetivo deste artigo é analisar o papel da afetividade no
processo de inclusão escolar de aluno com deficiência, buscando discutir a importância
da afetividade na educação infantil. Reconhecer que o professor deve ser capacitado
para esta relação afetiva com o aluno. Trata-se de uma pesquisa narrativa qualitativa. A
inclusão escolar segundo a Base Nacional Comum Curricular garante ao aluno seus
direitos de aprendizagem e desenvolvimento. Evidenciar os direitos das pessoas com
deficiência garantindo o direito da inclusão social. Educar não é apenas repassar
conhecimentos ou indicar um caminho a seguir, Educar é formar o aluno a decidir por si
mesmo, ensinar a ser como e a acolher o próximo sem julgamentos. Sendo assim, o
educador assume papel importante na vida dos seus alunos, com a responsabilidade de
ampliar paradigmas e contribuir para o seu desenvolvimento, respeitando a cada um em
sua particularidade.

Palavras-chave: inclusão escolar; afetividade; educação.

Abstract: The importance of affectivity in the school environment is established in the


teaching/learning process, since the teacher contributes to the student's
cognitive/affective development. The objective of this article is to analyze the role of
affection in the process of school inclusion of students with disabilities, seeking to
discuss the importance of affection in early childhood education. Recognize that the
teacher must be trained for this affective relationship with the student. This is a
qualitative narrative research. School inclusion according to the National Common
Curricular Base guarantees students their rights to learning and development. Highlight
the rights of people with disabilities, guaranteeing the right to social inclusion.
Educating is not just passing on knowledge or indicating a path to follow, Educating is
training students to decide for themselves, teaching to be like and to welcome others
without judgement. Thus, the educator assumes an important role in the lives of his
students, with the responsibility of expanding paradigms and contributing to their
development, respecting each one in his particularity.

Keywords: School inclusion; Affectivity; Education.

1 INTRODUÇÃO

Abordar o processo de inclusão escolar é antes de tudo, evidenciar direitos das


pessoas com deficiências, que tiveram um passado de exclusão e negligência por parte
da sociedade, e até hoje lutam pelo direito de ser reconhecidas e validadas na sociedade.
A inclusão escolar busca acolher e dar a possibilidade de todas as crianças e
adolescentes terem o direito constitucionalmente garantido de uma educação pública de
qualidade para todos. Desde o ensino da educação infantil até a pós-graduação,
independentemente da classe social, condição psicológica ou física. Toda instituição
educacional brasileira, seja pública ou privada, tem a obrigatoriedade de incluir crianças
com ou sem deficiências, e lhes oferecer um ensino de qualidade e oportunidade de
desenvolvimento integral.
Dentro do processo de escolarização, a afetividade deve ser um viés presente
na vivência da criança e em todo seu desenvolvimento. A aprendizagem acontece de
diversas formas e diferente para cada pessoa. Há, sempre, um entrelaçamento entre a
cognição, social e a emoção e isto tem uma implicação direta e significativa na relação
entre o ensino e a aprendizagem. Não se pode desta forma, pensar o processo de
ensino/aprendizagem somente do ponto de vista cognitivo, pois sabe-se, hoje, que a
afetividade é parte integrante de todo este processo. Aprende-se melhor quando se
considera os aspectos afetivos nas relações.
Todas as crianças tem uma necessidade natural de ser amada, aceita, acolhida e
ouvida, e, neste sentido, o professor é quem desempenha esse papel e encaminha o
aluno no caminho da motivação, da busca e do interesse. O empenho desse profissional
se reflete na sua preocupação com os gostos e anseios das crianças, que diferem em sua
percepção de mundo de acordo com a idade. Tratando-se de alunos com deficiência esse
entrelaçamento é ainda maior.
O professor é quem planeja as condições de ensino, tornando sua prática
atraente aos olhos do aluno, estimulando sua participação, despertando sua crítica, sua
curiosidade, é ele quem procura formas inovadoras de aprimorar as condições de ensino
inclusivo para que ocorra a verdadeira e significativa aprendizagem para todos os
alunos. Para que isso ocorra de forma satisfatória é preciso que o professor conheça de
forma integral as dificuldades e potencialidades de seus alunos, atuando de forma a
oferecer aprendizagem a todos.
Este presente estudo tem como objetivo geral analisar o papel da afetividade
no processo de inclusão escolar de alunos com deficiências. E especificamente, busca-se
discutir a importância da afetividade na educação infantil; reconhecer como os
professores compreendem a afetividade dentro da escola como um todo e no processo
de inclusão escolar e de refletir a importância da inclusão em escola pública.
As perguntas que nortearam esse trabalho foram: Como a afetividade pode
influenciar na inclusão de alunos com deficiências? Os professores compreendem a
importância da afetividade em sua prática?
Logo esse trabalho se justifica em razão do processo ensino-aprendizagem,
pois a criança tem o primeiro contato social no ambiente escolar, surgindo então à
afetividade. É nesse período que ocorre a formação dos sentimentos e o professor passa
a ser uma figura muito importante nesse contexto. A criança quando adentra a escola,
ela chega com um misto de sentimentos sendo necessário um tempo de adaptação,
devido a criança não ter conhecimento desse ambiente, e para que a criança tenha uma
adaptação de forma positiva é necessária uma boa impressão afetiva do professor.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo narrativo, de abordagem qualitativa. O estudo narrativo


apresenta uma temática aberta, não utiliza critérios explícitos e sistemáticos para a
busca e análise crítica da literatura.
A pesquisa qualitativa é uma modalidade que permite analisar e interpretar
aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano
oferecendo análises mais detalhadas sobre as investigações, atitudes e tendências de
comportamento (MARCONI E LARKATOS, 2010).
O processo de coleta do material foi realizado de forma não sistemática no
período de julho de 2022 até novembro de 2022. Foram pesquisadas na base de dados
científicas, tais como: Scielo e Google acadêmico. Os materiais foram lidos na íntegra,
categorizados e analisados criticamente.
3 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA

A afetividade no processo de inclusão escolar é um tema bastante discutido em


todo o mundo, devido a sua complexidade na vida do indivíduo e da sociedade. Quando
abordamos essa temática busca-se compreender a importância da relação do professor
com a criança, sendo de fato o primeiro contato da criança com o meio social e com isso
o professor deve ser uma influência positiva para a criança, incentivando e ensinando
que ela é capaz de criar novos vínculos. Portanto, este trabalho irá abordar a afetividade
na educação infantil, compreendendo esse viés de vivências e emoções. E a relação
entre a afetividade e a inclusão na construção do vínculo professor/aluno, como também
os aspectos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) na educação infantil.

3.1 AFETIVIDADES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A afetividade é um termo para compreender várias vivencias e sentimentos, é


um arranjo de sentimentos como, fúria, amor, ciúme e outros. Para proporcionar a
pessoa uma vida emocional completa e branda. Independente do ambiente em que a
criança esteja, em casa, na escola estará condicionada a viver experiências com o
próximo por meio das experiências partilhadas naquele momento (SARNOSKI, 2014).
O Autor Henry Wallon mostra a importância da afetividade no
desenvolvimento do individuo. Ele afirma que a interação social é imprescindível para a
formação humana ressaltando que o desenvolvimento sensorial e motor, são motivados
pela propriedade dos afetos experimentados pelas crianças.
Segundo Almeida (1997), a ligação que interliga a vida orgânica e psíquica são
os sentimentos.
A afetividade é fundamental no desenvolvimento da personalidade,
nascendo, inclusive, antes da inteligência. A princípio, a afetividade é
apenas expressão motora ("diálogo tônico", ou seja, a criança se
comunica através de movimentos, resultantes de manifestações de
alegria e prazer diante do toque do adulto) e com o tempo a criança
vai incorporando a linguagem e esta se torna cada vez mais forte na
criança, que cada vez mais vai querer ouvir e ser ouvida. "O elogio
transmitido por palavras substitui o carinho" (ALMEIDA, 1997, p.
51).

Nesse sentido, a criança estabelece contato com as pessoas desde o seu


nascimento, esse contato é feito de emoções, sendo tomado como um instrumento de
sobrevivência, e esse aspecto precisam ser considerados no ambiente escolar.
Com isso, não é suficiente somente averiguar, retratar ou reconhecer como é
trabalhada a afetividade nas escolas, porque ensinar é, em resumo, um trabalho para
assessorar ou contornar o desempenho de cada ser humano, pois essa condição ocorre
de fora para dentro, não se pode desconsiderar os anos de vida iniciais da criança, pois
eles são a base para um amadurecimento saudável de sua individualidade. A partir da
relação que a criança tem com seus familiares se torna mais fácil entender a construção
de um adulto com afetividade mal ou bem construída (SARNOSKI, 2014).
Para Wallon (1979), duas funções básicas constituem a personalidade:
afetividade e inteligência. A afetividade está relacionada as percepções sensoriais
internas e se orienta em direção ao mundo social e para o crescimento da pessoa; a
inteligência, por sua vez, vincula-se às sensibilidades externas e está voltada para o
mundo físico, para a construção do objeto. As relações sujeito e objeto do conhecimento
a afetividade se fazem presentes na mediação sutil que incentiva a empatia, a
curiosidade, capaz de fazer a criança avançar em suas hipóteses no processo de
desenvolvimento e aprendizagem.
Com base nos autores Ribeiro e Jutras (2006) a afetividade colabora para a
construção de um clima de entendimento, de segurança, de respeito mútuo, de
motivação e de amor que podem trazer pontos positivos para a aprendizagem escolar.
Desse modo, é imprescindível olhar a afetividade de cada aluno bem como do educador.
Educar não é apenas repassar conhecimentos ou indicar um caminho a seguir,
Educar é formar o aluno a decidir por si mesmo, ensinar a ser como e a acolher o
próximo sem julgamentos. É, portanto, apresentar ferramentas para que o aluno escolha
qual caminho queira trilhar, dentre os vários que são de acordo com os seus princípios
(PIRES, 2021 apud DE PAULA, 2010).
Na obra de Wallon, a afetividade caracteriza-se como um domínio funcional
muito importante quanto o da inteligência. A inteligência e a afetividade correspondem
a um par inseparável na evolução psíquica, devido às funções definidas e diferenciadas
entre si (ALMEIDA, 2008). Frequentemente as emoções nos impedem de perceber a
situação ao nosso redor, de modo a reagir de maneira rápida. Nesse sentido, há perda da
interação entre a razão e a emoção, ou seja, por um certo tempo não há um equilíbrio
entre as duas, causando surtos emocionais (FERREIRA, 2019).
No dia-a-dia do aluno, é importante uma educação que incentive a criatividade,
a imaginação e ensinando o aluno a aprender a pensar. Visto que o processo de
aprendizagem é completamente pessoal, e a afetividade assim como a inteligência não
surge pronta. Uma e outra progridem ao longo do desenvolvimento: se transformam de
um período a outro, pois, à proporção que o indivíduo amplia seus conhecimentos, as
necessidades afetivas se tornam cognitivas, consequentemente, ao aprender o ser
humano amplifica os conhecimentos assim fazendo ligações aqueles já eram existentes
em si (SARNOSKI, 2014).
A afetividade como demonstração de emoções acrescenta no processo ensino-
aprendizagem de forma transparente pois com a ausência deste vínculo, a aprendizagem
ficará altamente prejudicada uma vez que o desenvolvimento integral de qualquer ser
humano passa por experiências de afeto (FERREIRA, 2019).
Abordar o afeto como fator pedagógico é atribuir significado às formas de
proporcionar atividades e realização delas. A afetividade caminha com o compromisso
do professor em está em alerta com o aluno e criar formas para que avance no
aprendizado efetivo e significativo (WALLON, 1975).
A afetividade é necessária, na educação infantil devido a criança ainda ser
indefesa e por precisar se sentir confiante para receber os ensinamentos oferecidos pelos
professores. A partir do seu nascimento, a criança já reproduz tudo o que está a sua
volta e o fato de receber afeto, contribui muito na hora de aceitar o que será apresentado
a ela como ensinamento e é significativo para o seu desenvolvimento enquanto pessoa
(DO NASCIMENTO et al., 2017).

3.2. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR EDUCACÃO INFANTIL

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que


regulamenta o caráter progressivo dos alunos no decorrer das etapas e modalidades da
Educação Básica, garantido seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em
consonância com o que estabelece o Plano Nacional de Educação (DIAS, 2019).
As escolas devem garantir aos alunos as competências gerais propostas pelo
documento de Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Sendo assim, o panorama
educacional torna-se mais digno e igualitário para todas as crianças.
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96) passou a
integrar a educação infantil na Educação Básica conectado com o ensino fundamental e
o ensino médio, de acordo com a LDB em seu artigo 29:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade (LDB, 9394/96).

É importante observar a educação infantil como o local em que a criança será


cuidada formalmente, educativamente, incluindo a alimentação, a higiene e o lazer. A
criança ainda não tem amadurecimento neural para a alfabetização, por isso o professor
deve respeitar e integrar atividades com ênfase no desenvolvimento da criança.
A BNCC foi estruturada como orientação para aperfeiçoar o processo de
ensino aprendizagem em todo aspectos da educação básica. “Tendo em vista os eixos
estruturantes das práticas pedagógicas e as competências gerais da Educação Básica
propostas pela BNCC, seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento asseguram, na
Educação Infantil, as condições para que as crianças aprendam em situações nas quais
possam desempenhar um papel ativo em ambientes que as convidem a vivenciar
desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas quais possam construir
significados sobre si, os outros e o mundo social e natural” (BNCCEI, 2018, P. 37).
Para Barbosa e Richter (2013) a educação infantil na contemporaneidade é o
grande desafio, pois discute algo muito difícil de alcançar quando se está submetido à
lógica escolar de ensino: aprender a enfrentar a imprevisibilidade das mudanças nos
modos de agir e interagir com outros no mundo porque implica também estar disponível
para lidar com os sonhos, em lidar, simultaneamente, com o cotidiano visível e com a
ordem do invisível.
Nesse sentido, a educação das crianças necessita ser organizadas para o
coletivo e não para o individualismo, conformismo e submissão, mas precisa superar a
“dupla alienação” da infância e garantir os direitos da criança de serem crianças, por
descobrirem esse mundo por meio das brincadeiras, atividades, interações por meio das
relações com os adultos e demais alunos (FARIA; PALHARES, 2000).
Desprende-se, portanto, que o professor deve está apto pedagogicamente para
sanar as barreiras e adversidades que aparecem nas vivências escolares. Os meios para
que as crianças aprendam em situações nas quais possam cumprir um papel ativo em
locais que as convidam a experimentar os desafios e a sentirem-se acarretadas a resolvê-
las (CAMPOS; BARBOSA, 2015).
3.3 A AFETIVIDADE E INCLUSÃO

Primeiro, é necessário entender o que é afetividade. A afetividade está no


centro da questão educação. Para o psicólogo Henri Wallon (1992), o ser humano tem a
capacidade de ser afetado pelas sensações boas ou ruins, sendo assim, resultam dos
elementos sociais, a emoção, o sentimento e a paixão.
Ainda pode-se analisar que a afetividade está vinculada as mais diversas
experiências que o ser humano pode ser, na família, na escola, na comunidade ou na
sociedade. Sem afeto não há maneiras de construir relações saudáveis e duradouras,
principalmente de acreditar que esta experiência interfere durante toda a vida, sendo
positiva ou negativamente (TÁPIAS et al., 2012).
A composição do vínculo afetivo aluno/professor é bastante recorrente nas
escolas, tomando ações promotoras de reflexão acerca da relação estabelecida. O
vínculo assim como as interações entre professores e alunos carece de aprofundamento
no campo das ações pedagógicas, uma vez que o professor assume um lugar importante
no processo de construção em relação ao ensino/aprendizagem (MIRANDA, 2020).
Para Miranda (2020) ainda afirma que o professor representa um papel
importante neste processo, sendo que, é ele quem compõe e conduz o fazer pedagógico
com o objetivo de atender às necessidades do aluno. Acredita-se que o professor precisa
prevalecer à visão humanística, onde a relação professor/aluno é âmago para o
desenvolvimento psíquico e cognitivo na sala de aula. É o professor quem irá
estabelecer o elo com o aluno da forma integrada, com a finalidade de construir
possibilidades para o crescimento de uma relação de respeito, confiança, amizade e
sinceridade com a criança.
A relação entre aluno e professor atravessa as práticas pedagógicas, pois
envolvem os processos sociais e os laços afetivos, por isso, faz-se necessário uma troca
de confiança para que as relações proporcionem credibilidade de forma empática.
Partindo desse pressuposto, a afetividade também faz parte do meio social, pois
é na interação com o meio, desde o comportamento da mãe na gestação será interferido
na afetividade do bebê. Quando ele nascer, a mãe e as pessoas próximas continuarão
simbolicamente gerando afeto até que o bebê possa interagir por meio da linguagem
(FREITAS et al., 2014).
Para que o professor estabeleça uma relação de ensino-aprendizagem
consistente, ele deve considerar os gestos, as falas, as expressões para ter uma postura
essencial. Tanto o professor como o aluno, desenvolvem-se enquanto ensinam e
aprendem, estará em constante aprendizagem mediada pela afetividade em todos os
momentos (FREITAS et al, 2014).
Observam-se as constantes modificações diárias, modificações essas que
impulsionam alternâncias nas instituições sociais, como por exemplo, a escola. A escola
precisa trabalhar as diferenças, para que cresça o aprendizado de todos, deficientes ou
não. Segundo a Constituição federal de 1988, em seu artigo 5º, todos são iguais perante
a lei, sem distinção de qualquer natureza. E especificamente em seu artigo 205º que rege
que “[...] a educação é direito de todos e será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Porém, cada um tem as
suas particularidades, por isso o foco para o tratamento de todas as crianças tratando de
suas particularidades e diferenças, que mostram o nível de desenvolvimento de cada
uma, nas suas singularidades e pluralidades encontradas na sala de aula (MATTOS,
2008).
Ainda para Mattos (2008), o termo inclusão expressa que todas as crianças
devem ser incluídas na vida social e educacional do âmbito escolar. Ou seja, fazer algo
para que elas permaneçam na escola. Incluir demanda considerar as peculiaridades, a
singularidade de cada um, olhar o todo e considerar os valores de cada uma, bem como
considerar os sentimentos envolvidos no relacionamento.
“Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de
aprendizagem que são únicas” como afirma a declaração de Salamanca (1994), ainda
afirma que “deve ser dada oportunidade de atingir e manter o nível adequado de
aprendizagem”. Não se trata apenas de crianças com deficiências, mas sim, de todas as
crianças.
A inclusão escolar, para Gotti (1998), não tem, somente, a finalidade de incluir
alunos com problemas mentais ou físicos, mas também, é preciso incluir o aluno
aqueles que não possuem condições de está na escola por causa dos fatores sociais,
culturais e econômicos. Para Vygotky (1993), defende a ideia de que o aluno, precisa de
interações sociais adequadas para construir o seu conhecimento, no que envolve a
afetividade.
Quando retrata as dificuldades sociais, étnicas e culturais, fica cada vez mais
evidente o descarte, com isso as pessoas com deficiências que necessitam serem
incluídos no âmbito escolar, pois se trata de um processo em que o educando tenha
oportunidades para progredir e se desenvolver em termos educativos e sociais. A
inclusão provoca modificações do cenário atual (ROMITO et al, 2011).
Com isso, o tema abordado, vem sendo, mundialmente analisado e discutido
aos longos dos tempos, dispondo-se de parâmetros em busca de uma escola para todos,
seguindo do início de que as diferenças humanas são normais, e que a aprendizagem
deve ajustar-se as particularidades de cada criança (BRASIL 1994, p18).
A afetividade e a inclusão, portanto, devem assegurar que todos os alunos
façam parte de maneira igualitária no processo educacional, não havendo distinção,
sendo a escola responsável por oferecer novas oportunidades de aprendizagem. A partir
do exposto, podemos citar a afetividade como um dos principais elementos para a
inclusão da criança no ambiente escolar, devido a criança ter contato com o outro
através da afetividade, fazendo com que a criança crie vínculos e auxilie no seu
desenvolvimento (MATTOS, 2008).
Pode-se perceber, também, que a afetividade pode contribuir para elaboração
de melhores condições de inclusão na escola, apresentando uma prática pedagógica
eficaz. A relação entre o aluno e o professor envolve, afetividade, fornece motivação e
segurança para que a criança aprenda a adquirir confiança para o seu crescimento.
Sendo assim, o professor pode utilizar da afetividade como maneira para o
desenvolvimento integral do aluno (FORTUNATO, 2019).
Ainda para a autora, supracitada, afirma que “uma escola verdadeiramente
inclusiva é aquela cuja comunidade educativa ultrapassa a barreira da segregação, que
independente das diferenças obtenha sucesso na aprendizagem. A afetividade auxilia
exatamente nesse ponto: rompe antigos paradigmas e oferece um ambiente onde a
criança se sinta bem por estar ali junto de todos os outros alunos”.

4. CONCLUSÃO

O presente estudo permitiu avaliar a importância da afetividade como


ferramenta no processo da inclusão escolar. Foi observado que a afetividade está
inserida na rotina, sendo desde a concepção no ventre da mãe até o meio escolar. O
educador assume um papel importantíssimo no cotidiano da criança, contribuindo de
forma positiva para o desenvolvimento do conhecimento. O educador deve mostrar ao
educando como ele é importante, mostrando o sentido da vida.
Observou também que a afetividade proporciona na criança um papel
importante no seu desenvolvimento, sendo responsável pelas suas relações sociais.
Sendo assim, a afetividade faz-se necessário para a construção das informações
cognitivo-afetivas entre a relação aluno/professor.
É importante ressaltar sobre a capacitação pedagógica dos professores para que
se estabeleça uma relação afetiva com o aluno, como foi visto no decorrer desse
trabalho em que o primeiro contato da criança com o meio social é através da escola, e
devem-se evitar transtornos psicológicos nelas, fazendo com que a criança entenda e se
relacione com o próximo efetivamente. Como também a escola deve está devidamente
habilitada segundo BNCC para a inclusão dos alunos, enfatizando, todos os alunos.
Diante do estudo, é imprescindível que o professor tenha uma boa relação com
o seu aluno, pois a criança quando gosta, tende a se interessar na aprendizagem, se
esforçar, faz o que está ao seu alcance para dá o seu melhor, pois é fundamental que o
professor mantenha essa interação e sempre a encorajando para que ela progrida.
Em face ao descrito, destaca-se que o educador é o componente essencial, o
educador pode transformar o seu aluno quando o mesmo mudar a sua postura, se
aperfeiçoar, abordando maneiras eficaz para o seu crescimento, assim também como o
professor pode ser transformado com o aluno. O professor trabalhando nessa
perspectiva, criando vínculos, pode gerar resultados positivos.
Espera-se que esse estudo contribua para um melhor entendimento sobre a
questão da afetividade e da inclusão escolar, confirmando a importância dessa discursão
e possibilitando uma relação entre o aluno e o professor, no intuito de obter resultados
satisfatórios que reduzam esses problemas e evitem que as crianças sejam excluídas
devidos as suas condições.
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