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SALA DE AULA
SANTOS, Magna Aparecida Pereira dos¹ Faculdade de Educação Paulistana – FAEP – São
Paulo - SP
Eixo: Educação.
Resumo
dinâmicas de leitura auxiliam os professores a promover formas mais atraentes e prazerosas
de introduzir os alunos no mundo da leitura e consequentemente de utilizarem com
responsabilidade os livros da biblioteca escolar. A relevância deste artigo consiste na
necessidade de se analisar o papel que a leitura desempenha na sociedade, desde a inserção
social do indivíduo na mesma, o pleno exercício da cidadania, até as novas maneiras de
pensar e agir. Essa questão justifica-se pela importância de se trabalhar com gêneros textuais
a fim de propiciar ao aluno o domínio de uso das linguagens verbais e não verbais pelo
contato direto com textos de variados gêneros orais e escritos, bem como aprimorar, pelo
contato com a diversidade textual, a capacidade de pensamento crítico. Por meio do presente
texto objetivou-se analisar meios de se estimular o hábito de ler nos alunos. Para esse
levantamento foi realizada uma pesquisa bibliográfica, leitura de textos anteriormente
publicados, revisão bibliográfica. Através da pesquisa constatou-se que há a necessidade de se
aprimorar a abordagem da leitura nas escolas visando apresenta-la por meio de projetos, com
constância e dinamismo, uma vez que foi constatado que a maioria dos alunos não gosta de ler
espontaneamente ou não vê significação nesse ato, fazendo-o somente quando é solicitado.
Abstract
Dynamic reading practices help teachers to promote more attractive and enjoyable ways to
introduce students to the world of reading and, consequently, to responsibly use books in the
school library. The relevance of this article lies in the need to analyze the role that reading
plays in society, from the social insertion of the individual in it, the full exercise of
citizenship, to new ways of thinking and acting. This question is justified by the importance
of working with textual genres in order to provide the student with mastery of the use of
verbal and non-verbal languages through direct contact with texts of various oral and written
genres, as well as to improve, through contact with the diversity text, the capacity for critical
thinking. The aim of this text is to analyze ways to encourage the habit of reading in students.
For this survey, a bibliographical research was carried out, reading of previously published
texts, bibliographical review. Through the research it was found that there is a need to
improve the approach to reading in schools in order to present it through projects, with
constancy and dynamism, since it was found that most students do not like to read
spontaneously or not sees significance in this act, doing it only when asked.
Não se pode pensar numa infância a começar logo com gramática e retórica:
narrativas orais cercam a criança da Antiguidade, como as de hoje. Assim, mitos,
fábulas, lendas, teogonias, aventuras, poesia, teatro, festas populares, jogos,
representações várias ocuparam, no passado, o lugar que hoje concedemos ao livro
infantil. [...] quase se lamenta menos a criança de outrora, sem leituras
especializadas, que as de hoje, sem os contadores de histórias (MEIRELES 1984,
apud CALDIN, 2002, p. 26).
Diante do exposto, para que a aprendizagem não seja transmitida de forma tradicional,
é importante que a criança tenha desde cedo contato com livros da literatura infantil, que o
professor busque nas suas práticas pedagógicas subsídios que tornem a contação articulada
com novas metodologias de ensino, para que se desconstrua o modelo de ensino tradicional,
onde o aluno deixe de ser passivo na sala de aula, tornando-se o sujeito central do processo de
ensino-aprendizagem.
A influência positiva advinda da leitura é inquestionável. E embora não exista idade
para a construção do hábito de leitura, sabemos que o incentivo realizado desde criança é
capaz de trazer diversos benefícios que são essenciais nessa faixa etária como: pronúncia das
palavras, ampliação do vocabulário, facilidade no processo de alfabetização, familiaridade
com a escrita, desenvolvimento da interpretação e consequentemente facilidade no
aprendizado das diversas disciplinas.
E como a criança aprende por meio das referências que são disponibilizadas ao seu
redor, desta forma nada mais relevante que bons exemplos advindos da família e dos
professores para despertar nesta criança o gosto pela leitura.
No contexto da BNCC (2017, p. 76), “a leitura é tomada em um sentido mais amplo,
dizendo respeito não somente ao texto escrito, mas também a imagens estáticas (foto, pintura,
desenho, esquema, gráfico, diagrama) ou em movimento (filmes, vídeos etc.) e ao som
(música), que acompanha e cossignifica em muitos gêneros digitais”.
No entanto, apesar da importância do estímulo a leitura desde os primeiros anos de
vida, o que se percebe é um número significativo de crianças que iniciam o contato com a
leitura somente após seu ingresso no espaço escolar. Partindo desta realidade deve-se reforçar
o papel primordial da escola, que por meio do professor possibilitará que a criança para além
da simples decodificação de símbolos, também seja estimulada no despertar do desejo de
conhecer.
[...] não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da língua escrita, mas
que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a
leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da
continuidade da leitura daquele. Freire (apud Bittencourt e CANEDO, 2011, p. 04)
De acordo com o PCN (1997, p.43), a prática da leitura na escola não deve ser
percebida somente como mais um objeto de ensino, mas também como um objeto de
aprendizagem.
Para que possa constituir também objeto de aprendizagem, é necessário que faça
sentido para o aluno, isto é, a atividade de leitura deve responder, do seu ponto de
vista, a objetivos de realização imediata. Como se trata de uma prática social
complexa, se a escola pretende converter a leitura em objeto de aprendizagem deve
preservar sua natureza e sua complexidade, sem descaracterizá-la. Isso significa
trabalhar com a diversidade de textos e de combinações entre eles. Significa
trabalhar com a diversidade de objetivos e modalidades que caracterizam a leitura,
ou seja, os diferentes “para quês” — resolver um problema prático, informar-se,
divertir-se, estudar, escrever ou revisar o próprio texto — e com as diferentes formas
de leitura em função de diferentes objetivos e gêneros: ler buscando as informações
relevantes, ou o significado implícito nas entrelinhas, ou dados para a solução de um
problema. PCNs (BRASIL, 1997, p. 43).
Uma prática permanente de leitura na escola deve abrir a oportunidade para diversas
concepções de entendimento, superando a compreensão de que todos os textos têm
necessariamente uma única interpretação. Neste contexto, o professor deve buscar
compreender o que está por traz da diferente interpretação atribuída pelo leitor ao texto, que
pode estar relacionada a um trocadilho utilizado pelo autor ou em razão do vocabulário
escasso e da pouca bagagem de conhecimento do leitor. Neste último caso faz-se necessário a
interferência do professor que contribuirá positivamente na formação do leitor.
A seleção de materiais de leituras cuja temática desperte o interesse do leitor pode se
apresentar como um fator motivador para cultivar o hábito no futuro do jovem leitor.
Para tornar os alunos bons leitores — para desenvolver, muito mais do que a
capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura —, a escola terá de
mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender) requer
esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo
que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los
confiantes, condição para poderem se desafiar a “aprender fazendo”. Uma prática de
leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica
eficiente. PCNs (BRASIL, 1997, p. 45).
Segundo Solé (apud SOUZA, 2009, p. 144), “o tipo de instrução que as crianças
receberem influenciará no tipo de habilidades que poderão adquirir”. Neste sentido faz-se
necessário que o professor fique atento a qual metodologia de leitura está lesionando para
seus alunos, buscando afastar-se da prática de ensino baseada na leitura instrumental, que visa
uma leitura mecânica e que o objetivo principal é avaliar a emissão de voz, a pontuação e
entonação, e que a compreensão de texto e absorção de conteúdo não é levada em
consideração.
Solé (apud SOUZA, 2009, p. 35) acrescenta que a atitude e o posicionamento de um
professor, diante da formação leitora dos discentes, fará diferença, pois ele pode atuar com um
facilitador, oferecendo ao aluno possibilidades de construir significado, ao trazer a leitura,
especialmente a literária, como parte importante da rotina escolar e não como uma atividade
mecânica de emissão de voz.
Embora o esperado seja que a criança ao iniciar o processo de alfabetização prossiga
de forma crescente seu despertar para a leitura e usufruindo de todos os benefícios que a
habilidade da leitura possa lhe trazer, não é bem essa realidade observada nas salas de aula. A
falta de dissociação entre o aluno alfabetizado e o aluno leitor, que frequentemente é realizada
por professores, acaba motivando uma equivocada concepção do ato de ler.
Neste contexto, cabe ressaltar a relevância da leitura para a emancipação do homem,
apresentando-se como um instrumento para a transformação da criança em um cidadão ativo e
participante na luta por seus direitos e por um mundo melhor. Formar também se constitui de
uma ação em função do sujeito. Conforme Freire (1967, p. 36) afirma:
A educação das massas se faz, assim, algo de absolutamente fundamental entre nós.
Educação que, desvestida da roupagem alienada e alienante, seja uma força de
mudança e de libertação. A opção, por isso, teria de ser também, entre uma
“educação” para a “domesticação”, para a alienação, e uma educação para a
liberdade. “Educação” para o homem-objeto ou educação para o homem-sujeito.
Infelizmente, parcela significativa das crianças inicia a vida escolar sem terem
desenvolvido o interesse pela leitura, ao longo dos primeiros anos tal realidade não se difere
muito, sendo ainda percebida a pouca receptividade para a prática da leitura. Para além da
falta de incentivo dos familiares que ocorre por diversas questões, outra causa motivadora
para esta triste realidade é a ausência de recursos no espaço escolar, não sendo possível neste
caso a realização de atividades sem o mínimo de recursos necessários.
Cabe aqui também refletir sobre os avanços tecnológicos, que a cada dia mais presente
no cotidiano das pessoas, acabaram trazendo novos padrões de comportamento. Dentre estes
podemos mencionar a busca por conhecimento e lazer na televisão, aplicativos, sites e redes
sociais, que em outros tempos eram comumente encontrados em livros.
E apesar de todas as limitações encontradas pelos professores, principalmente aqueles
que lecionam para turmas dos anos finais do ensino fundamental, onde os adolescentes
comumente perdem o interesse por tudo, o ensino da leitura fluente e crítica ainda deve ser
enfrentado como uma preocupação permanente. Neste contexto, cabe ao professor encontrar
caminhos diante das dificuldades, tendo em vista que muitas vezes será a peça chave para
despertar no aluno o hábito pela leitura e consequentemente mudar sua vida.
O contato com a leitura e a escrita acontece com todas as pessoas, independentemente
de serem alfabetizadas ou não. Ter contato com a escrita e a leitura nos vários espaços de
circulação de um texto é uma prática social de letramento. O letramento é um conceito dado
às práticas da língua escrita que acontece em outros espaços sociais, além do âmbito escolar.
A escrita está presente em todos os eventos sociais das pessoas, quando saímos de casa
nos deparamos com a escrita em placas, letreiros, outdoors, jornais, revistas, panfleto, enfim a
escrita é um componente da paisagem urbana e, consequentemente a leitura é exigida para o
entendimento e compreensão dessa forma de comunicação denominada escrita.
Desde os tempos dos hieróglifos, a escrita tem ocupado um lugar de destaque na
comunicação das sociedades. Tais escritos representavam os conceitos e as ideias dos
egípcios. Cabia aos escribas à incumbência de grafar por meio de símbolos e desenhos tais
registros. Graças a esses registros, os especialistas, arqueólogos e cientistas conseguiram
saber, conhecer e descobrir muitas informações dessa civilização. Até os dias de hoje, é
impossível mensurar a relevância dos registros da escrita encontrados nos diversos espaços
sociais da história da humanidade.
A sociedade, com sua evolução e revolução no comportamento social, revolucionou o
uso da escrita, contribuindo para os avanços e descobertas da linguagem, comunicação e
leituras nos diversos espaços de interação social. O mundo contemporâneo exige o uso cada
vez mais intenso das práticas sociais da escrita e da leitura de formas distintas e específicas
para cada interlocutor.
Sabendo que tais exigências sociais permeiam espaços distintos, sendo um deles a
escola, faz-se necessário implementar práticas de leitura significativas não apenas para as
aulas de língua portuguesa como para as demais áreas do conhecimento, visando com essas
práticas instrumentalizar teórica e metodologicamente os docentes para que sejam capazes de
ampliar a capacidade de compreensão textual e discursiva de seus alunos, destacando o
conhecimento de variados gêneros textuais relevantes para a compreensão e uso da linguagem
como prática social.
A expressão letramento, com seu uso mais atual, é encontrado na língua inglesa –
literacy – que etimologicamente vem do latim littera significando letra, adicionando o sufixo -
cy, que seria o sufixo - mento em português que “denota qualidade, condição, estado, fato de
ser” (Webster‟s Dictionary apud SOARES, 2009, p.17):
Para experienciar esse prazer é necessário que professores dialoguem com suas
práticas pedagógicas, buscando formas diferentes de despertar o desejo de leitura em seus
alunos. É necessário, portanto, que os docentes conheçam teorias e estratégias de leitura
pertinentes em textos diversos, independentemente da disciplina ministrada, para que possa
despertar nos alunos o senso crítico, na tentativa de cessar a “domesticação de palavras”, uma
prática já existente de leitura nas escolas.
Vivemos uma época em que a leitura decodificadora não é suficiente para suprir as
necessidades sociais e de trabalho, é necessário ampliar esse conhecimento para as interações
em diversos contextos e espaços sociais. A leitura e o letramento são elementos importantes
da ação escolar, a necessidade de aprimorar o conhecimento da linguagem de forma
sistematizada contribui para a interação dos alunos nos diversos contextos sociais, exigindo
que a escola proporcione uma melhor formação escolar.
Kleiman, (2010, p.6) justifica que “a complexidade da sociedade moderna, exige
conceitos também complexos para descrever e entender seus aspectos relevantes.” Tais
conceitos abrem horizontes para compreender os contextos sociais e suas relações com as
práticas escolares e não escolares, a aprendizagem acontece também em espaços não escolares
porque a presença da escrita muda de lugar para lugar “e o conceito de letramento surge como
uma forma de explicar o impacto da escrita em todas as esferas de atividades e não somente
nas atividades escolares.” (KLEIMAN, 2010, p.6)
Ainda sobre leitura e letramento, Kleiman (2010, p.25) esclarece que fora da escola, o
letramento varia de acordo com a situação em que se realizam as atividades de uso da língua
escrita. “Há uma tendência humana para contextualizar a ação, e as atividades em que se usa a
escrita não fogem dessa tendência.”
Para a autora, essas práticas denominam-se práticas situadas: “Refere-se ao
entrosamento ou à sobreposição parcial existente entre a prática social e a situação; podemos
atribuir isso a uma capacidade básica do ser humano de contextualizar os saberes e a
experiência.” Em outras palavras, as práticas de letramento e leitura em qualquer fase de
escolarização, iniciam-se bem antes da escola.
De modo geral, a leitura e o letramento perpassam pelas mudanças sociais e pelo
modo que as pessoas se comunicam, seja em qualquer relação social ou em processos de
aprendizagem. Observa-se, entretanto, que as práticas de letramento em espaços de
escolarização são, em sua maioria, direcionadas pelo professor, variam segundo a situação e
interesse, mas permeiam as atividades de uso da leitura e da escrita.
Diante disso, a intenção aqui foi propor um ensino, não apenas de língua, mas de
leitura, que tenha o objetivo de levar o aluno a adquirir níveis de letramentos que lhe permita
uma interação cada vez maior com a leitura e escrita nos usos possíveis de práticas sociais.
Para tanto, é necessário que os professores se dispam de práticas arquetípicas de leitura em
todas as áreas do conhecimento e possam perceber que “nosso problema não é apenas ensinar
a ler e a escrever, mas é, sobretudo, levar os indivíduos - crianças e adultos - a fazer uso da
leitura e da escrita, envolver-se em práticas sociais de leitura e escrita” (SOARES, 1998,
p.18).
Assim, nas aulas de qualquer disciplina, os textos, geralmente os do livro didático, não
seriam usados como pretexto para introduzir conteúdos, fazer os alunos decorarem palavras
sem sentido, com aplicação mecânica, descontextualizadas, mas teriam leituras variadas de
textos que circulam nas esferas sociais.
Para que o aluno consiga ler textos de forma proficiente, Kleiman aponta três tipos de
conhecimento a serem ativados: o conhecimento linguístico, o conhecimento textual e o
conhecimento de mundo.
O ato de ler pressupõe conhecimentos que permeiam a compreensão e significados das
palavras nos vários contextos comunicativos. Esses elementos da leitura estão diretamente
ligados ao sentido do que se lê por isso alguns aspectos que constituem o ato de ler são
processos que se caracterizam pelo conhecimento prévio que o leitor ativa ao realizar suas
leituras. Ao conectar esses conhecimentos, a leitura perpassa os níveis linguísticos, textuais e
de mundo, defrontando-os durante a leitura e o processo de compreensão.
O conhecimento linguístico é essencial à leitura, pois nele estão os sintagmas nominais
que constituem a sequência linear do texto. Ter o entendimento dos conceitos das palavras,
que as mesmas são semióticas e constituem sentido a partir de contextos, ou seja, “o
conhecimento linguístico desempenha um papel central no processamento do texto”
(KLEIMAN, 2008, p.14).
É, a partir dessa premissa que as palavras são percebidas,
[...] a obra de ficção avulta como modelo por excelência da leitura. Sendo uma
imagem simbólica do mundo que se deseja conhecer, ela nunca se dá de maneira
completa e fechada; ao contrário, sua estrutura, marcada pelos vazios e pelo
inacabamento das situações e das figuras propostas, reclama a intervenção de um
leitor, o qual preenche essas lacunas, dando vida ao mundo formulado pelo escritor
(ZILBERMAN, 2009, p. 33).
Compreendemos que trabalhar com o texto literário em sala de aula é possibilitar aos
alunos a construção literária de sentidos, ou seja, conduzir os alunos a entender os caminhos
traçados pelo texto, as entrelinhas, seja através da identificação pessoal, da idealização do
real, das sensações produzidas, dos sentimentos expostos. Nas palavras de Paulino e Cosson
(2009), educar os sentimentos de nossos alunos e favorecer que estes entendam as relações da
sociedade na qual se inserem.
Para tanto, o professor deve lançar mão de estratégias que direcionem os alunos ao
texto, atraindo-lhes a atenção, trazendo-os para o centro da leitura, fazendo com que se sintam
responsáveis por preencher as lacunas que o texto apresenta. Além disso, promover situações
em que os alunos se sintam à vontade com o texto, de modo a tornar a leitura um ato
prazeroso e significativo para eles, pois:
[...] ninguém gosta de fazer aquilo que é difícil demais, nem aquilo do qual não
consegue extrair o sentido. Essa é uma boa caracterização da tarefa de ler na sala de
aula: para uma grande maioria dos alunos a leitura é difícil demais justamente
porque não faz sentido (KLEIMAN, 1995, p. 16).
Desse modo, o trabalho de leitura como ato avaliativo, deve ser repensado e
reorganizado, de maneira que o aluno não o entenda como uma obrigação, na qual apenas
deve decodificar o código escrito e identificar determinadas propriedades ou elementos, o que
acaba por se perder a riqueza de sentidos, além de mitificar o ato da leitura.
Direcionar os alunos à percepção de sentidos parece ser o grande desafio da
atualidade. Muito se fala do desinteresse dos alunos pela leitura, da falta de hábito e incentivo
familiar, da precariedade dos acervos escolares. No entanto, como mencionado por Kleiman
(1995), é a ausência de sentidos naquilo que lê que vem provocando o afastamento dos alunos
do hábito da leitura. Por isso, o ensino de literatura deve ser repensado. Sim, é necessário
ensinar literatura. A leitura do texto literário é um aprendizado que precisa ser construído,
orientado, direcionado.
Na sala de aula cabe ao professor adotar estratégias e metodologias de ensino que
conduzam o aluno a perceber os sentidos que o texto pode proporcionar. Para tanto, deve
repertoriar os discentes com os conhecimentos necessários à compreensão de um novo texto.
É comum o texto literário dialogar com outros textos e/ou fatos e eventos de notoriedade
social. Assim, para que o aluno possa atribuir sentido a certas palavras ou construções textuais
ele precisa conhecer o contexto do qual se originou, de modo que o trabalho de
intertextualidade se faz extremamente necessário, uma vez que proporciona ao aprendiz tanto
o conhecimento de outros textos, quanto a percepção de que o texto se constrói a partir de
diversas leituras e dos diversos olhares acerca do mundo e da vida.
Outro recurso que se pode lançar mão é a prática da dramatização dos textos,
estratégia que aproxima o estudante do texto literário. Ao passo que, ao trazer o texto para a
prática o aluno é levado a vivenciar os sentidos, as sensações e as emoções por ele
apresentadas.
A literatura proporciona o encontro com nossa subjetividade, traz à tona aquilo que
somos ou que almejamos ser, nos torna únicos e universais, nos acalma, nos inquieta, nos
torna humanos. Para Candido (1995), a literatura é a expressão da necessidade humana de
entrar em contato com algum tipo de fabulação. ―Assim como todos sonham todas as noites,
ninguém é capaz de passar vinte quatro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao
universo fabulado. (CANDIDO, 1995, p. 174). Portanto, a leitura do texto literário em sala de
aula, para além de outras funções, possibilita ao aluno reconhecer sua identidade humana.
O ensino de literatura em sala de aula contribui de forma efetiva para a formação de
leitores críticos, capazes de mergulhar no universo literário e relacioná-lo com suas próprias
experiências e saberes, de construir novas ideias e percepções da vida e do mundo. Cosson
(2016) reafirma a importância da literatura nas transformações por nós vivenciadas a partir
das leituras realizadas:
Embora a literatura não deva ser tratada como fonte de conhecimento, não podemos
negar a enorme riqueza de saberes que ela apresenta. Como afirmado por Barthes: ―A
literatura assume muitos saberes (2013, p.18) e ―[...] todas as ciências estão presentes no
monumento literário. (2013, p. 18-19). Desse modo, podemos compreender que a literatura
comporta todos os saberes do mundo, o que possibilita ao leitor de texto literário o acesso a
conhecimentos que só conseguiria se buscasse conhecer as diversas ciências.
Ao se pensar novas possibilidades de trabalho no processo ensino e aprendizagem
sempre se faz presente à questão de como ensinar de forma diferente determinado conteúdo,
ou melhorar a que já se tem. Desta forma, o trabalho pedagógico a partir de gêneros textuais,
torna-se uma ótima oportunidade para relacionar os conteúdos dentro de todas as áreas de
conhecimento: exatas, humanas, biológicas e línguas.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É essencial passar para os estudantes a necessidade de aprender a aprender, ou seja,
conscientizá-los para que aprendam formas de operar com a informação recebida até que
alcancem um grau de autonomia e de aprendizagem suficiente para que se adaptem às
contingências do meio em que vivem.
Retomando o objetivo principal do trabalho que visava analisar práticas pedagógicas
que motive alunos do Ensino Fundamental o hábito de ler como prática social e elemento
indispensável para a estrutura do pensamento autônomo e crítico na construção do saber;
pode-se dizer que, quando os alunos estão envolvidos ativamente nas atividades realizadas,
percebe-se a satisfação dos alunos em participar e desenvolver as tarefas propostas.
Realizar o presente trabalho corroborou em tornar perceptível que a leitura deve ser
considerada como prática social escolar, uma vez que algumas crianças não tem a
oportunidade desta vivência fora dos muros da escola. Ficou explícito que a leitura e o
desenvolvimento do gosto pela mesma depende muito de se utilizar de diferentes formas de
apresentação do texto e promover a participação afetiva da criança no processo de leitura, pois
quando ela se envolve e manifesta suas emoções por meio de textos lidos ou ouvidos, isso
propicia um envolvimento maior e consequentemente, memórias significativas, as quais ela
pode representar por meio de ilustrações na sala de aula e mesmo inferir mudanças positivas
no comportamento em seu dia a dia, como aperfeiçoamento do vocabulário, estímulo à
criatividade e criticidade e aprimoramento da consciência social abordada na maioria dos
textos infantis.
Conclui-se, portanto que este trabalho contribui para incentivar os alunos a lerem,
demonstra a importância da parceria entre os pais e a escola no incentivo à leitura e mostra
que os pais são tão responsáveis quanto a escola no incentivo e na formatação da leitura como
prática social. Ficou explícito também, que as práticas de leitura devem ser criativas e
prazerosas, abrangerem diferentes gêneros textuais a serem desenvolvidos durante todo o ano
letivo e não apenas em um período curto de tempo.
Portanto, este trabalho contribuiu para valorizar a prática da leitura e apresentar
formas eficazes de se estimular crianças nos anos iniciais do Ensino Fundamental a ler com
objetivo e fazer reflexões sobre o que leram, moldando sua visão sobre o mundo de uma
forma autêntica e que gera um conhecimento significativo e útil que perpassará todas as
etapas da vida do indivíduo envolvido.
BIBLIOGRAFIA
SOUZA, Silvana Ferreira de. Estratégias de leitura para a formação da criança leitora.
2009. 143 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e
Tecnologia, 2009. Disponível em: <HYPERLINK "http://hdl.handle.net/11449/92255" \o
"Estratégias de leitura para a formação da criança leitora" http://hdl.handle.net/11449/92255
>. Acesso em: 10 mar. 2023.