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UNIDADE 1

LEITURA E PRODUÇÃO
DE TEXTOS

ESTRATÉGIAS DE LEITURA: LEITURA TEXTUAL,


LITERAL E CONTEXTO

AUTORA
Edlamar Maria de Fatima Clauss
APRESENTAÇÃO

Ao avançarmos na leitura de um texto, vamos realizando vários processos


mentais de maneira a dar sequência ao ato de ler. Na maioria dos casos, a leitura
solicita uma competência mínima que o leitor deve possuir para prossegui-la.
Deste modo, o assunto novo, desconhecido, poderá constituir, inicialmente, um
sentido de admiração, mas também antipatia pelo que se está lendo.

A alternativa de muitos leitores, nesse caso, restringe-se em recorrer a outro


texto ou abandonar a leitura naquele momento. Mas é necessário uma postura
acadêmica diante desse desafio que é o da superação dos obstáculos referentes
ao ato de ler e compreender o que se leu, adotado estratégias de leitura. Mas
lembramos:

A Internet nos permite acessar textos a que dificilmente teríamos acesso, a


conhecer o acervo de instituições renomadas, a descobrir novidades em todas as
áreas do conhecimento, mas uma dificuldade se impõe: como processar todas
essas informações? Que informações são relevantes? Que informações são
desnecessárias? O que explorar sobre cada assunto pesquisado? Em EAD, o
estudo independente é uma ferramenta básica e fundamental, pois, além de
atender às necessidades específicas de alguns aprendizes, tem também a
vantagem de permitir um ensino em larga escala ( BRAGA,2013).

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Além disso, o material de autoinstrução pode ser parte integrante de propostas
interativas para ensino em rede, uma vez que permite estudo complementar
independente. Em EAD, mais do que nunca, é preciso interagir com o texto em
busca de sentido. A melhor alternativa talvez seja priorizar tarefas que nos levem
a interagir com o texto e a buscar, de forma indutiva e reflexiva, o uso de
estratégias de leitura. Assim, iniciamos nossa trajetória abordando Estratégias de
leitura: leitura textual, literal e contexto.

Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

Diferenciar as perspectivas de leitura moderna e tradicional.


Desenvolver leituras verticais e horizontais, adequadas aos seus objetivos
como leitor.
Desenvolver leituras verticais adequadas aos seus objetivos como leitor:
estratégias de leitura – texto e contexto

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CONHEÇA O
CONTEUDISTA

Edlamar Maria de Fatima Clauss


Sou a professora tutora Edlamar Clauss, mestre em educação pela Universidade
Católica de Brasília, e com experiência nas áreas de ensino, extensão e pesquisa
universitária. Atualmente, desenvolvo as atividades de docência no Curso de
Pedagogia do Unidesc/GO, e extensão no Núcleo de Orientação Psicopedagógico
(NOP) também da Unidesc/GO.

A disciplina Leitura e Produção de Textos entre outras finalidades tem a


possibilidade de instrumentalizar você estudante, a desenvolver a capacidade de
compreensão e produção de textos acadêmicos. É com esse compromisso que
apresentamos os módulos dessa disciplina. Um prazer encontrar você nesta
caminhada!

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UNIDADE 1
Introdução

Neste texto, você vai estudar o primeiro nível de uma leitura vertical, que é o da
textualidade. Nele, vai procurar aperfeiçoar a sua leitura literal. Assim, ao longo
do texto, você verá quais critérios precisa usar para alcançar esse êxito. Esse tipo
de leitura vai levar você a identificar o gênero do texto, o domínio discursivo, a
linguagem usada, o veículo em que é difundido, as informações literais, entre
outros aspectos. E ainda, você vai trabalhar com o segundo nível de uma leitura
vertical, que é o do contexto. Você deve aperfeiçoar a leitura que faz do que está
nas entrelinhas, mas que é igualmente importante para o aprofundamento da
leitura de um texto.

Um texto é construído na interação entre sujeito e texto. Para a produção de


sentido, é necessário considerar o contexto. Para Solé (1998), a leitura é o
processo pelo qual a linguagem escrita é compreendida. Esse processo envolve o
texto, o leitor e ainda suas expectativas e conhecimentos prévios. Isso porque,
para ler, é necessário ter o domínio das habilidades de decodificação, a definição
do objetivo da leitura e a ativação de ideias e experiências prévias. Também é
necessária a realização de previsões e inferências que se apoiam em informações
do texto e nos conhecimentos prévios.

Estratégias de leitura: concepções

A leitura é um processo em que o leitor constrói significados para o texto. Para


isso, deve considerar o conhecimento que possui sobre o tema, o autor, o
sistema de escrita e o gênero textual. O leitor também deve considerar o que
busca no texto. As informações do texto não são extraídas a partir de cada letra
ou de cada palavra, mas do significado que juntas formam. De acordo com as
pesquisadoras Marisa Lajolo e Regina Zilberman (1982), a leitura é um processo
de interlocução (diálogo) que ocorre entre leitor e autor por meio da mediação
do texto. Nas palavras das teóricas (LAJOLO; ZILBERMAN, 1982, p. 59): Ler é, a
partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a
todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de
leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta
leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista.

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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

Cavalcante Filho (2011 apud SANGALETTI, p.2) explica que ler adequadamente vai
além de apenas ser capaz de decodificar palavras ou expressões ordenadas
linearmente em sentenças ou textos. “Se as pessoas lessem assim, não seriam
capazes de perceber quando um texto é irônico, não entenderiam ‘indiretas’ e
duplos sentidos, muitos avisos, e, além disso, a maior parte das piadas e textos de
propaganda, por exemplo” (CAVALCANTE FILHO, 2011, p. 1722 apud SANGALETTI,
p.2). Desse modo, como você viu, a leitura é resultado de dois tipos de fatores: os
propriamente linguísticos, que são os significados literais das palavras e os
fatores sintáticos; e os contextuais ou situacionais, que podem ser de natureza
bastante variada.

A decodificação é apenas um dos artifícios usados na prática da leitura, pois esse


processo envolve outras estratégias na construção de significados. As estratégias
de leitura são técnicas utilizadas pelos leitores para adquirir uma informação.
Além disso, podem ser consideradas procedimentos ou atividades escolhidas que
facilitam o processo de compreensão da leitura. Elas se adaptam a diversas
situações, variando conforme o texto lido e de acordo com a abordagem, que é
previamente elaborada para facilitar a compreensão do leitor.

Existem estratégias que facilitam a compreensão do leitor a respeito do texto. De


acordo com Solé (1998), essas estratégias podem ser invocadas antes da leitura
para situar o leitor, estimulando-o para que assuma um papel ativo no processo.
Durante a leitura, as estratégias podem atuar de modo que o leitor possa
construir uma interpretação que o ajude a resolver problemas. Depois da leitura,
elas podem unificar de forma concreta as etapas anteriores.

Leitura moderna e tradicional: diferenças

Conforme os estudos realizados na área da linguística foram evoluindo, os


conceitos sobre leitura também sofreram variações. Nessa esteira, há três
principais perspectivas de leitura que apareceram no decorrer do tempo: são a
leitura ascendente (estruturalista), a leitura descendente (construtivista) e a
leitura sociointeracionista (interacionista). A seguir, você vai conhecer melhor
cada uma delas.

Leitura ascendente: o ensino de leitura tradicional é fundamentado na


concepção de leitura ascendente. De acordo com Kleiman (2002), alguns
definem essa leitura como um processo de decodificação sonora das
unidades linguísticas, e o sentido da leitura só pode sair da página impressa. É
um processo sistêmico, no qual se identifica letra por letra, da esquerda para
a direita, realizando uma decodificação. Isso significa que ler seria apenas
perceber as informações que estão implícitas no texto.

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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

O leitor fica restrito a determinadas estruturas e só atingirá a compreensão e o


sentido do texto a partir da formulação de perguntas superficiais, que possuem
suas respostas em certos excertos do texto, o que não exige do leitor uma
reflexão ou uma leitura mais atenta. Esse tipo de leitura também é conhecido
como perspectiva do texto. Assim, o texto é, de acordo com Kleiman (2002),
considerado um objeto completo. Quando os seus elementos são decodificados,
dão o seu sentido, sem depender do leitor e das circunstâncias em que foi
produzido.

Leitura descendente: essa perspectiva de leitura segue uma linha construtivista,


segundo Figueiredo (1985). Nessa linha, a leitura é considerada um complexo
processo psicolinguístico, e o leitor atinge o sentido do texto a partir de seu
conhecimento de mundo e da criação de hipóteses. Tal perspectiva de leitura é
fundamentada em aspectos cognitivos e está centrada no leitor. Nesse processo,
ele possui a função de dar significado ao texto, como em um jogo de adivinhação.

Esse processo de leitura acontece de forma inconsciente pelo aluno, pois não é
apresentado pelos professores. Desse modo, é necessário cuidado ao utilizar
apenas esse modo de leitura. Isso pois o docente é como um facilitador do aluno
no momento da leitura. Portanto, acredita que é o leitor que pode descobrir os
significados e os sentidos do texto a partir de seu conhecimento próprio e da sua
subjetividade. Essa perspectiva é centrada no leitor. Ele é a fonte dos sentidos,
pois a compreensão parte da sua mente. De acordo com Goodman (1989) e
Smith (1999), o leitor toma o texto somente para confirmar expectativas e
hipóteses.

Leitura sociointeracionista: essa perspectiva está relacionada com a


psicolinguística, a teoria dos esquemas e a pragmática. Aqui, a leitura ocorre
Estratégias de leitura – leitura textual ou literal 3 a partir dos dois movimentos
anteriores: o ascendente e o descendente. Isso significa que ocorre uma
integração entre a informação que o leitor encontra no texto impresso e o seu
conhecimento de mundo, suas vivências. É o que se conhece por perspectiva
moderna.

Leituras verticais e horizontais

As leituras são classificadas de diferentes formas por pesquisadores da área.


Aqui, você vai conhecer melhor a proposta de Nascimento (2009 apud
SANGALETTI, p.4), baseada nos tipos de leitor de Santaella (2004). Para os
autores, são quatro os tipos de leitura, como você pode ver a seguir

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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

- Leitura contemplativa, meditativa: de acordo com o pesquisador (NASCIMENTO,


2009), é a leitura típica do livro. Nela, o leitor se dedica a uma leitura aprofundada,
também chamada de vertical. “Esse leitor se debruça, contempla, medita sobre o texto”
(NASCIMENTO, 2009, p. 100).Sobre esse tipo de leitura, Santaella (2004, p. 23) diz que
“[...] nasce da relação íntima entre o leitor e o livro, leitura de manuseio, da
intimidade, em retiro voluntário, num espaço retirado e privado, que tem na biblioteca
seu lugar de recolhimento, pois o espaço da leitura deve ser separado dos lugares de
um divertimento mundano.”.

- Leitura movente, fragmentária: para Nascimento (2009) essa leitura é típica da


cidade, do leitor que recebe vários estímulos o tempo todo, como as pessoas que
passam na rua, o outdoor, a buzina e o anúncio de carro de som. De acordo com esse
autor, “É a leitura da industrialização, da produção em série, de um leitor que
descobre que o mundo é muito maior do que ele imaginava, o qual conhece por meio
dos jornais, das revistas, das publicidades, da fotografia, do rádio, da televisão, do
cinema” (NASCIMENTO, 2009, p. 101). Para o autor (NASCIMENTO, 2009), esse tipo de
leitor fica fascinado com tantos textos aos quais possui acesso e quer lê-los com
avidez.

- Leitura imersiva, virtual: essa leitura se centra na era digital. Exige que o leitor faça
seleções para não se perder na virtualidade. De acordo com Nascimento (2009, p.
105), o leitor imersivo “[...] tem (ou deveria ter) consciência de que o mundo é muito
maior do que ele pode abraçar e escolhe, na infinidade de textos a sua disposição
(todos a distância de poucos cliques), os textos e caminhos que lhe interessam, que
deseja.”

- Leitura oral, dialógica: Nascimento (2009) inclui, entre os tipos de leitura anteriores,
citados por Santaella (2004), essa quarta classificação, que ele viu evidenciada à
leitura contemplativa. “Trata-se de uma leitura coletiva, em que alguém narra (a partir
de um registro escrito ou não) aos demais espectadores-leitores” (NASCIMENTO, 2009,
p. 107).

Estratégias de leitura literal de um texto

A compreensão literal se trata da reorganização de ideias, informações ou outros


elementos do texto a partir das atividades de classificação, esboço, resumo e
síntese. Assim, cada uma dessas atividades possui um objetivo na leitura, como
você pode ver a seguir:

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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

Esse tipo de leitura vai levar você a identificar o gênero do texto, o domínio
discursivo, a linguagem usada, o veículo em que é difundido, as informações
literais, entre outros aspectos. Observe, a partir do texto a seguir (G1, 2017 apud
SANGALETTI, p.6), como funcionam essas estratégias de leitura, veja:

Agora, que tal refletir sobre o que você acabou de ler? Pelo funcionamento das
diferentes estratégias de leitura, é possível compreender os seguintes elementos
a respeito do texto:

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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

Estratégias de leitura – texto e contexto

A compreensão do texto e para a construção da coerência textual é


imprescindível que se considere o contexto. Ele engloba não apenas o contexto,
mas também a situação de interação imediata, a situação mediata (entorno
sociopolítico e cultural) e o contexto cognitivo dos interlocutores.

De acordo com Koch e Elias (2006), o contexto cognitivo dos interlocutores


subsome os demais. Isso ocorre pois ele reúne todos os tipos de conhecimento
arquivados na memória dos atores sociais que precisam ser mobilizados por
ocasião do intercâmbio verbal. São eles:

O conhecimento linguístico propriamente dito;


O conhecimento enciclopédico, que pode ser declarativo (que se recebe
pronto e é introjetado na memória “por ouvir falar”) ou episódico (adquirido
por meio da convivência social e armazenado em “bloco” sobre as diversas
situações e eventos da vida cotidiana);
O conhecimento da situação comunicativa e de suas “regras”
(situacionalidade);
O conhecimento superestrutural ou tipológico (gêneros e tipos textuais);
O conhecimento estilístico (registros, variedades da língua e sua adequação às
situações comunicativas);
O conhecimento de outros textos que permeiam a cultura (intertextualidade).

Nesse sentido, Koch e Elias apontam que o contexto é constitutivo da própria


ocorrência linguística. Nessa esteira, afirmam “[...] que se pode dizer que certos
enunciados são gramaticalmente ambíguos, mas o discurso se encarrega de
fornecer condições para sua interpretação unívoca.” (KOCH; ELIAS, 2006, p. 64).
Assim, o contexto é, de acordo com as autoras, um conjunto de suposições que
tem por base os saberes dos interlocutores, mobilizados para a interpretação de
um texto. Vejamos o exemplo a seguir:

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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

Língua - Caetano Veloso

Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões


Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
"Minha pátria é minha língua"
Fala Mangueira! Fala!
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?

Dos versos destacados a seguir, qual dispensa inferências a


conhecimentos específicos para que o leitor possa construir um sentido?

O que quer O que pode esta língua?Não há referência a um conteúdo específico.


O leitor é livre para construir o sentido que desejar para esta pergunta. Como
podemos verificar para a compreensão do texto é necessário saberes prévios do
leitor, ou construção de novos conceitos por meio de investigação, essa
circunstância é uma referência ao contexto que envolve essa canção.

Concluindo a Unidade

Como você viu, a leitura tradicional se trata de decodificar o texto, porém a


moderna pretende que o leitor construa um sentido a partir da leitura. Quanto a
Leitura horizontal fixa-se apenas na ideia do enredo. E a Leitura vertical, o leitor
precisa atentar para o que ficou nas entrelinhas ou na mensagem subliminar, ou
seja, o que o autor quis que o leitor percebesse além do texto.

Nas leituras literais ou textuais estão relacionadas aos níveis de compreensão de


leitura. Esse tipo de leitura vai levar você a identificar o gênero do texto, o
domínio discursivo, a linguagem usada, o veículo em que é difundido, as
informações literais, entre outros aspectos.

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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

O contexto contribui de forma significativa na construção da leitura de mundo de


todo indivíduo, assim como afirma Freire (1989), a interação do sujeito com o seu
contexto irá possibilitar a construção de leituras diversificadas do próprio mundo
e de qualquer texto.

Enfim a adoção de estratégias em relação a leitura tem a finalidade de levar o


leitor a apropriação e compreensão do texto, com a possibilidade de construir
novos textos. Na próxima UNIDADE trataremos das estratégias do texto e a
intertextualidade ampliando o campo de possibilidades na compreensão da
leitura.

Sintetize Conceitual

Nos infográficos a seguir, você vai ver uma síntese sobre os tipos de leitura e suas
características.

É importante que se saiba essas tipologias para que você saiba discriminar as
possibilidades leitoras e de como elas são importantes na interpretação reflexiva
e crítica do texto.

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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

A leitura é uma atividade que se realiza individualmente, mas que se insere num
contexto social, envolvendo disposições atitudinais e capacidades que vão desde
a decodificação do sistema de escrita até a compreensão e a produção de sentido
para o texto lido.

DICA DO PROFESSOR

A palavra texto não deve ser resumida como um sinônimo de escrita. Definir texto
é pensar em uma produção de um sujeito autor que foca em um sujeito receptor.
É por isso que oralidade, escrita (inclusive a não verbal, ou seja, os desenhos)
devem ser entendidos como texto. Como você viu, a leitura tradicional se trata de
decodificar o texto, porém a moderna pretende que o leitor construa um sentido
a partir da leitura. As duas primeiras, ascendente e descendente, podem ser
consideradas restritas para a leitura, pois confiam ou só no leitor ou só no texto.

Na leitura movente, o leitor não consegue contemplar, meditar sobre o texto, pois
depende do tempo. Então, ou ele passa pelos textos, ou os textos passam por
ele. É uma leitura horizontal. Precisamos compreender a literalidade de um texto
antes de começarmos a compreender as questões contextuais ou julgar o dito.
Infelizmente, muitas vezes não é isso o que acontece. Veja um exemplo:

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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

Koch e Elias (2006, p. 66-67) afirmam que um estudo de texto sem a consideração
do contexto é altamente insuficiente, pois: Certos enunciados são ambíguos, mas
o contexto permite fazer uma interpretação unívoca; o contexto permite
preencher as lacunas do texto, isto é, estabelecer os “elos faltantes”, por meio de
interferências-ponte; os fatores contextuais podem alterar o que se diz; tais
fatores se incluem entre aqueles que explicam ou justificam por que se disse isso
e não aquilo (o contexto justifica).

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre o processo de leitura, leia o texto “As multifaces da leitura:
A construção dos modos de ler” (ALMEIDA, 2008)
Você pode aprender mais sobre estratégias de leitura no link a seguir
(CANTALICE, 2004). https://goo.gl/98gTPN
Você pode aprender mais sobre texto e contexto no link e código a seguir (JUBA
CRUZZ COVERS MUSICAIS, 2015): https://goo.gl/8vwrLj
Para saber mais sobre gêneros textuais, sugerimos a leitura do material a seguir:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/133018/mod_resource/content/3/Art_Ma
rcuschi_G%C3%AAneros_textuais_ de!ni%C3%A7%C3%B5es_funcionalidade.pdf

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
1) Para responder a questão a seguir, acesse o texto: As lições da Finlândia para
o Brasil: São Paulo, 24 de maio de 2013.

Enquanto a Campanha Nacional pelo Direito à Educação realiza, em parceria com


a Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo) o importante
seminário “Nem herói, nem culpado. Professor tem que ser valorizado”, a diretora
do Ministério da Educação da Finlândia, Jaana Palojärvi, visita o Brasil. Como não
poderia ser diferente, a presença da gestora finlandesa por aqui tem causado
certo frisson. Seu país, no curso dos últimos anos, tem sido a principal referência
no PISA (Programme for International Student Assessment ou Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes), da OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico). E, diante disso, ninguém resiste à
pergunta: qual é o segredo da Finlândia?

Segundo Jaana Palojärvi, o sucesso finlandês no PISA não tem nada a ver com
métodos pedagógicos revolucionários, uso da tecnologia em sala de aula ou
exames gigantescos como Prova Brasil, Enem ou Enade. Pelo contrário: a
Finlândia dispensa as provas nacionais e aposta na valorização do professor e na
liberdade para ele poder trabalhar. Adicionalmente, segundo matéria do portal
G1, na Finlândia a educação é gratuita, inclusive no ensino superior. A jornada, de
4 a 7 horas, é relativamente curta para os padrões europeus. E os alunos não têm
muita lição de casa. “Também temos menos dias letivos que os demais países,
acreditamos que quantidade não é qualidade”, diz Jaana.

A gestora educacional considera que duas reformas foram responsáveis pela


melhoria da educação finlandesa: uma na década de 1970 e outra nos anos 1990.
Na década de 70 a educação ganhou centralidade na agenda pública nacional. Já
a partir do início da década de 90, o sistema educacional foi descentralizado. Os
municípios, escolas e, principalmente, os professores passaram a ter mais
autonomia, recebendo condições adequadas de trabalho.

“Fé e confiança têm papel fundamental no sistema finlandês. Descentralizamos,


confiamos e damos apoio, assim que o sistema funciona. O controle não motiva o
professor a dar o melhor de si. É simples, somos pragmáticos, gostamos de coisas
simples.”

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
“Fé e confiança têm papel fundamental no sistema finlandês. Descentralizamos,
confiamos e damos apoio, assim que o sistema funciona. O controle não motiva o
professor a dar o melhor de si. É simples, somos pragmáticos, gostamos de coisas
simples.”

Em outras palavras, sistemas apostilados, que mediocrizam o trabalho do


professor, não cabem na Finlândia. Bem como programas de remuneração por
mérito, tão defendidos pelo Brasil afora. Atenção economistas de plantão: Ideb
(Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) na porta da escola na Finlândia?
Jamais! Obviamente, é impossível implantar o modelo finlandês por aqui. Brasil e
Finlândia são países completamente diferentes. Mas, sem dúvida, a ex-colônia
russa pode servir como exemplo em termos de trabalho pedagógico. E em
remuneração dos professores.

Ao ler as matérias publicadas na imprensa nacional sobre a visita de Jaana


Palojärvi ao Brasil fui surpreendido por uma curiosa notícia: para ela, o segredo
do sucesso não está ligado ao financiamento da educação. A Finlândia investe um
patamar próximo a 6% de seu PIB em educação pública. “O sistema de educação
gratuito não sai tão caro assim, é uma questão de organização”, afirma Jaana. Mas
quanto ganha o professor por lá? Em média, cerca de R $8 mil! Seria justo, seria
ótimo… Contudo, nem com um investimento público em educação pública
equivalente a 10% de seu PIB (Produto Interno Bruto), o Brasil conseguirá
remunerar com R $8 mil reais, na média, seus profissionais do magistério. Na
melhor das hipóteses, alcançado esse patamar, daqui a 10 anos, nosso país pode
conquistar uma média de remuneração docente entre R $3 mil e R $4,5 mil reais.
Ainda assim, para tanto, precisa ser aprovado e implementado, urgentemente,
um novo e bom PNE (Plano Nacional de Educação).

Portanto, tal como propõe a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a


melhor alternativa de ação é perseverarmos na luta por um “PNE pra Valer!”. Se
não podemos ser a Finlândia, que o Brasil dê um passo decisivo e decidido rumo
à educação pública de qualidade.

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

Além do portal
G1, este post utilizou informações publicadas pela Agência Senado e Agência
Brasil.

Ao identificar informações literais do texto, é possível extrair a seguinte


informação verdadeira:

A) O veículo é um site publicitário


B) Trata-se de um texto com autoria declarada.
C) O título, também chamado de manchete, é: respeitadas e compreendidas
todas as diferenças entre os dois países, o Brasil pode tomar a Finlândia como
um bom exemplo de sistema educacional.
D) As informações contextuais são: São Paulo, 24 de maio de 2013, quando da
visita da diretora do Ministério da Educação da Finlândia ao Brasil.
E) O lead, também chamado de subtítulo, é “As lições da Finlândia para o Brasil”.

SEU GABARITO

c-D

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

2: O texto “As lições da Finlândia para o Brasil” pertence ao gênero textual?

A) Entrevista.
B) Notícia.
C) Nota.
D) Crônica.
E) Artigo de opinião.

SEU GABARITO

b-E

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
4: A respeito do texto a seguir, assinale a opção errada em relação às
informações textuais ou literais:

Rio de Janeiro 2/1/2015 às 20h13.


Homem morre baleado dentro de agência bancária no Rio.

Ele teria tentado assaltar um policial federal dentro da agência bancária nesta
sexta. Um homem morreu na tarde desta sexta-feira na avenida Graça Aranha,
centro do Rio, dentro de uma agência bancária. Segundo informações de policiais
militares que estavam no local, ele teria tentado assaltar um policial federal
dentro do banco.

O agente teria reagido à tentativa de assalto e atirado contra o homem, que


morreu na hora. A DH (Divisão de Homicídios) da Capital realizou perícia no local
e imagens da câmera de segurança estão sendo colhidas para auxiliar na
investigação.

(Portal R7 Notícias, 2015)

A) O texto é uma notícia veiculada no site de notícias R7.


B) A manchete do texto é “Homem morre baleado dentro de agência bancária no
Rio”.
C) A notícia foi veiculada no dia 2 de janeiro de 2015.
D) Foi realizada perícia nas imagens das câmeras de segurança e constatado o
crime.
E) A notícia retrata a morte de um assaltante ao atentar contra um policial federal
dentro de um banco.

SEU GABARITO

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
5: Todas as asserções abaixo foram retiradas da literalidade do texto “Desejos de
ano novo”. Em relação ao texto, marque a opção que está em desacordo com
uma leitura literal:​​
Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi
um indivíduo genial.
Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze
meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e
outra vontade de acreditar que daqui pra adiante vai ser diferente para você,
desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.
Para você, desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.
Para você neste novo ano, desejo que os amigos sejam mais cúmplices, que sua
família esteja mais unida, que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas mas nada seria suficiente…
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto, rumo a sua
felicidade!
(Carlos Drummond de Andrade)
.
A) O título do texto revela a sua ideia principal.
B) O texto é um poema que tem como objetivo apresentar metas para serem
realizadas no novo ano.
C) O poeta, ao desejar que seu leitor tenha muitos desejos, renova-lhe as
esperanças.
D) O poeta emite desejos bons de ano novo ao leitor.
E) O poeta fala sobre a renovação das esperanças a cada ano.

SEU GABARITO

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ANOTAÇÕES

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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ALLIENDE, F.; CONDEMARÍN, M. Leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. Porto Alegre:
Artmed, 1987.
ALMEIDA, M. F. As multifaces da leitura: a construção dos modos de ler. Graphos, João
Pessoa, v. 10, n. 1, p. 65-80, 2008.
CANTALICE, L. M. Ensino de estratégias de leitura. Psicologia Escolar e Educacional,
Campinas, v. 8, n. 1, p. 105-106, jun. 2004. Disponível em: . Acesso em: 05 dez. 2017.
CAVALCANTE FILHO, U. Estratégias de leitura, análise e interpretação de textos na
universidade: da decodificação à leitura crítica. In: CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA
E FILOLOGIA, 15., 2011, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011. v. XV, n. 5, t.
2.
FIGUEIREDO, C. A. A organização textual e o ensino de leitura em Inglês. Ilha do Desterro,
Florianópolis, n. 13, p. 47-56, 1985.
G1. ‘Vingadores: guerra infinita’ bate recorde de trailer mais visto em 24 horas, diz Marvel.
G1, Rio de Janeiro, 01 dez. 2017. Disponível em: . Acesso em: 05 dez. 2017.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo:
Autores Associados: Cortez, 1989.
GOODMAN, K.S. O processo da leitura: considerações a respeito das línguas e do
desenvolvimento. In: FERREIRO, E.; PALACIO, M.G. (Org.). Os processos de leitura e escrita:
novas perspectivas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
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SMITH, F. Leitura significativa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
SOLÉ, I. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 1998.

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GABARITOS

1- Gabarito: D
Justificativa do gabarito:
Sendo o contexto informações como: onde e quando, as informações dadas são
contextuais

2- Gabarito: E
Justificativa do gabarito:
O artigo de opinião reúne dados coletados que são apresentados como
argumentos que sustentam o posicionamento do autor.

3- Gabarito: A
Justificativa do gabarito: Esta afirmação está contida no texto. Além de bom
salário, o professor é valorizado pelo trabalho e tem autonomia para fazê-lo.

4- Gabarito: D
Justificativa do gabarito: Pelo texto, as imagens das câmeras ainda estão sendo
colhidas

5- Gabarito: B
Justificativa do gabarito:
O poema trata dos desejos manifestados para um novo ano que se iniciará e não
aponta sugestões de realizações a serem alcançadas ao longo do mesmo. Uma
leitura literal aponta que o texto se consolida na base dos anseios do autor para
o leitor do mesmo.

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