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À minha mãe, Eliana, que orou oito anos por mim e é meu

maior exemplo de feminilidade e mulher de Deus


E ao meu amor, Gabriel, que é mais um exemplo da Graça
de Deus e Sua redenção na minha vida.
Sumário

Prólogo
1. Quem eu era (mudar nome)
2. As verdades mentirosas
3. Noites frias
4. O encontro
5. O meu Jesus não pode pensar assim!
6. Uma oração perigosa
7. A mentira do feminismo
8. A submissão é leve
9. Bela, recatada e do lar
10. Lavada pelo sangue
Indicação de Livros
Prólogo

Minha caixa de mensagens no Instagram sempre está lotada de textos cheios de


desabafos, medos, insatisfações e, principalmente, dúvidas acerca da bíblia. Há meses
rolo minha caixa de entrada com ansiedade, sem saber como atender à infinita demanda
de mulheres feridas, confusas, cheias de questões e medos, querendo saber mais de Jesus,
mas sem saber como resolver tudo o que dentro delas ainda dói e parece não cicatrizar.
Com isso, observo uma necessidade gigantesca de discipulado na Igreja hoje: mulheres
caminhando sozinhas e aprendendo com a internet sobre coisas que deveríamos aprender
com olho no olho e tempo de mesa em suas igrejas locais.
Entretanto, apesar disso ser algo que queima em meu coração, de nenhuma
maneira vejo como este livro poderia cobrir essa necessidade, mas o desejo de escrevê-lo
partiu de um anseio dado a mim por Deus no ano passado, enquanto eu observava
mulheres órfãs de mães espirituais. Quero ajudar mulheres que, assim como eu estava,
hoje caminham sozinhas buscando por Jesus e não sabem para quem fazer perguntas
difíceis, e motivá-las a viver em comunidade, buscando em suas cidades mulheres sábias
e dispostas a acompanha-las.
Neste livro falei sobre todas as coisas que nunca falei na internet. Não censurei
nenhuma palavra e abri meu coração sobre sexualidade, feminismo, passado, vícios,
aborto, submissão, machismo, homossexualidade, ideologia de gênero e muitas outras
coisas que me cancelariam, mais uma vez, na internet. Escrevo este prefácio com o
coração cheio de medo, confesso, mas também calibrado com ousadia em saber que Jesus
é mestre em curar, e que minha história é uma história de cura. Eu fui curada, e por isso
tenho certeza que você vai ser também.
Vejo estas páginas como o começo. Uma faísca que antecede um grande
incêndio, e que, nas mãos das pessoas certas, nos ajudará a ver uma geração gigantesca
de mulheres posicionadas no Evangelho, queimando por Jesus.
Minha caminhada começou despretensiosamente e hoje não existe possibilidade
de retorno. Minha vida está entregue ao Senhor porque descobri que, antes Dele, não
existia nenhum traço de folego em mim – e desde que Ele me encontrou eu respiro de
maneira aliviada. Este livro é para mulheres corajosas que não tem medo de entregar tudo
para Aquele que as encontrou.
Este livro é sobre a minha história, mas poderia ser a sua.
Quem eu era.

Era uma sexta-feira à noite quente de outubro de 2018. Muito trabalho da


faculdade para fazer, algum dinheiro na conta e um coração vazio - e um tanto
incomodado. Era dia de sair, e eu ouvia o barulho baixinho da televisão de meus pais
enquanto terminava de passar o batom vermelho – russian red, da Mac; meu preferido.
Passá-lo significava que eu não beijaria ninguém, mas provocaria todos que passassem
por perto. Lembro exatamente da roupa escolhida: uma saia de veludo cotelê e cropped
bege combinando. O vans surrado de estampa de onça significava o conforto que eu
queria, e dentro da bolsa vermelha tinha um cartão de débito, que eu passava para pagar
algumas caipirinhas de morango, levava um colírio para qualquer emergência e o celular.
Eu me encontraria com uma amiga e juntas iriamos para a rua mais movimentada
e suja de Maringá. Eu só voltaria para casa no outro dia pela manhã; porque chegar às
seis é chegar cedo, já que meus pais costumavam recomendar que eu não voltasse tarde.
Dessa época, são poucas as noites das quais eu realmente me lembro, mas esta,
por algum motivo, me marcou bastante. O cara mais bonito do bar olhou para mim, e
lembro de me sentir a garota mais incrível da cidade; e por isso o batom vermelho acabou
sendo borrado ao final da noite. Ficamos juntos por algum tempo – eu, jurando ter
encontrado o novo amor da minha vida, e ele, mal se lembrando de me responder durante
o dia e me chamava para sair quando não tinha outra coisa para fazer. Ele tinha pose de
badboy e rosto de problema, e eu inconscientemente buscava isso em todos os lugares por
onde ia. Cheirava à perfume barato, usava camisa de risca aberta como se fosse um
boêmio dos anos 90, tinha pinta de galã, conversava com o bar inteiro e olhava no fundo
dos meus olhos enquanto acendia o cigarro. O cheiro dele tinha algo de dolorosamente
familiar e um vazio profundo em mim buscava nele algo para me ancorar.
Aquele era um reencontro de uma época que eu não me lembrava. Havíamos nos
relacionado quando eu não tinha nem 16 anos e, na época, eu mal dei bola para ele. Alguns
anos depois, ele sorria de canto com cara de quem queria apenas se vingar. Eu sabia, e
gostei.
Um tempo depois daquela noite em que terminamos aos beijos no carro dele, fui
à uma festa de Halloween vestida de Mia Colucci. A gravata vermelha emprestada de
meu pai voltaria fedendo à cigarro e corote, e a camisa branca já não era mais branca.
Outra vez um cara bonito olhou para mim e eu, tristemente apaixonada pelo moço do bar,
que agora era mais do que isso, não beijei o quase desconhecido porque me sentia
envolvida com o outro. Depois das 3 da manhã, mandei uma mensagem apressada para
ele, rasgando o coração e dizendo o quanto eu o queria e sabia que não conseguiria ficar
com mais ninguém – e recebi uma mensagem quase 24h depois dizendo que não tínhamos
nada e que melhor assim.
Meu coração se partiu naquele dia, mas não foi a primeira vez.
E nem a última.
A separação dolorida de um longuíssimo relacionamento de algumas semanas me
tirara o chão, e eu me arrastava pelos bares daquele bairro como se procurasse alguém
que eu ainda não conhecia - hoje, sei bem Quem.
Neste mesmo final de semana, Bolsonaro foi eleito o novo presidente do Brasil.
O tal fulano do bar, era militante esquerdista radical e feroz, e registrou enormes
postagens em seu facebook para ponderar suas opiniões com o resultado do 2º turno. Eu
o achava muito inteligente. Sua mente me intrigava e me deixava ainda mais envolvida.
Ele era “pra frente”, livre, criatura leve e descompromissada, que se importava com o
país, conhecia a história do Brasil de trás pra frente e era um exímio participante de
debates de política em mesas de bar. Eu, cheia das minhas próprias convicções, comentei
cada um dos enormes posts que ele havia feito, porque gostava de me sentir inteligente
também.
Minha família comemorava a eleição do novo presidente, enquanto eu dormia
chorando pensando que nosso país estava prestes a virar uma ditadura fascista e cruel.
Dormi sem falar com meus pais, sonhando poder abraçar meu amado mártir e chorar com
ele as pitangas do Brasil perdido. Corria em minhas veias um desejo louco de fazer justiça
(justiça de quê? Para quem?). De ser ouvida. Reconhecida. Aplaudida. Fiz também
minhas publicações no facebook e fomentei inúmeras discussões contra a extrema direita
no twitter. Com o coração ferido, me senti heroína na internet enquanto não lia nenhum
livro de política e não tinha a menor ideia de quais bons feitos poderia realizar por meu
país, e meus já numerosos seguidores me elogiavam com palavras que faziam meu ego
inflar. Meus tweets fervorosos e cheios de coragem viralizavam enquanto eu me
perguntava se minha mãe não faria nada para eu jantar. A louça suja na pia olhava para
mim e eu torcia para que ela magicamente se lavasse sozinha. O Brasil estava perdido e
os ricos capitalistas eram os grandes culpados de tudo. Burro e ignorante era
absolutamente qualquer um que pensasse diferente de mim – e ao lado da aba do twitter
aberta, eu pesquisava o preço do novo modelo de iPhone. O mundo estava acabando.
Voltando alguns anos no tempo, percebo que sempre me movi politicamente de
acordo com quem eu estava apaixonada. Até as músicas que eu ouvia, o estilo das minhas
roupas e as palavras que saiam da minha boca, sempre eram sobre agradar alguém que
me saltasse os olhos. Eu nunca admiti isso antes, mas enxergo perfeitamente como eu não
sabia quem eu era e minha personalidade era totalmente descartável. Uma identidade
corrompida por um desejo desesperado de ser amada, de conhecer alguém que me achasse
linda e me visse com olhos que ninguém mais via.
Essa era a minha dor. Eu me achava feia e sempre briguei com o espelho. Passei
anos querendo ser sempre a mais magra do grupo, e depois a mais cheia de estilo. Não
gostava do meu nariz e procurava modelos de óculos gigantescos que escondessem a
minha aparência. Aprendi a gostar do meu cabelo desesperadamente tentando gostar de
mim; comecei a ser ativa na internet porque tinha certeza que, alguém, em algum lugar
do mundo, me acharia interessante.
Eu namorei por alguns anos um menino doce e bondoso, que me achava a menina
mais legal e bonita da cidade. Apenas depois fui entender que não correspondia aos
sentimentos dele, mas, na época, por medo e conforto, fiquei. Ele era de esquerda, e
sempre falava para mim sobre um capitalismo diabólico, que roubava dinheiro de
criancinhas e mentia para todos enquanto seus grandes chefes enchiam os bolsos de
dinheiro e deixavam o povo sem nada. A solução era qualquer movimento esquerdista,
porque eles sim se importavam com as pessoas! Abaixo aos ricos! Avante aos direitos do
povo! Eu nunca fui inocente e sabia pensar por mim mesma, mas concordei com ele. E
me indignei. Enquanto arrotávamos o banquete da casa abastada da avó dele, discutíamos
sobre ciência, política, arte, cultura popular e sonhos para um futuro enfrentando as forças
do governo e nos movimentando a favor dos que tinham menos que nós.
Perto do fim do namoro, eu frequentava a igreja da minha mãe e podia jurar que
tinha ouvido Deus me dizendo para terminar. Lembro de sentir uma certeza absoluta de
que precisava terminar este relacionamento e dar alguns passos em direção a Jesus, que
eu ainda não conhecia, mas algo em mim já O desejava muito.
Foi com o fim deste namoro que eu, infelizmente, me perdi ainda mais numa
juventude boemia, revoltada e cheia de sonhos de revolução. Conheci homens militantes,
que pareciam inteligentes e, depois do caso do moço do bar citado acima, voltei a vagar
por aquela rua tão movimentada, pensando me divertir e observando as minhas
possibilidades.
Meses depois encontrei alguém que, por muito tempo, me fez pensar ser o grande
amor da minha vida. Costumávamos rir muito juntos e eu não me importava quando ele
mentia na minha cara – e eu sabia que ele fazia isso muito. Não tinha a menor ideia do
que era discernimento dos espíritos naquela época, mas eu definitivamente sentia algo
estranhamente doloroso perto dele... Que me enlaçava de um jeito esquisito e, ao mesmo
tempo, sempre me contava quando ele deixava de falar a verdade. Ele sumia aos finais de
semana e me procurava de segunda à quarta. Uma liberdade tosca me inundava enquanto
eu me sentia solteira, empoderada, livre e desejada de quinta à sábado. Como ele não me
procurava, eu me sentia o máximo por não esperar nenhuma mensagem e viver um
romance cheio de liberdade. Aos domingos às vezes ia ao culto com minha mãe, e me
sentia aliviada e perdoada depois de ter feito tanta coisa durante a semana que eu sabia
que não deveria agradar o Deus que minha mãe tanto amava.
Algum dia aconteceu de nos aproximarmos mais e de passarmos os sábados juntos
também. Foi neste momento que acreditei que o que tínhamos era amor – mas, graças a
Deus, nunca fora nada nem perto disso. Ele talvez tenha sido o choque que eu tanto
precisava para acordar. Hoje, reconhecendo a mão de Deus na minha história, vejo a
permissão divina diante de um grande sofrimento me levando para o lugar mais seguro e
maravilhoso do mundo: a Cruz. Mas, vou chegar lá.
Este relacionamento durou algum tempo e foi talvez uma das experiências mais
traumatizantes da vida minha vida amorosa. Ele acabou me tendo nas mãos por completo,
e dominando minha mente com ameaças, abusos e chantagens. Inúmeras noites me punia
com horas e horas de silêncio, me humilhava e sumia, provavelmente beijou outras
meninas enquanto estávamos juntos, e mentia para mim sobre absolutamente todas as
coisas. Enlouqueceu de ciúmes várias vezes e me lembro de uma noite em que eu chorava
no carro enquanto implorava que ele me perdoasse sobre algo que eu tinha certeza que
não tinha feito... até começar a me questionar.
Em uma das nossas piores brigas, eu esperneei na rua dizendo que nunca mais
olharia para ele, e ele chorou me pedindo perdão e dizendo que eu era a mulher de sua
vida. O perdoei. Menti para os meus pais e, a lembrança que eu tenho daquela noite pós
briga, é uma das piores da minha vida.
Enquanto tudo isso acontecia, eu vendia na internet uma imagem de força e
empoderamento, de confiança feminina. Levantava bandeiras gigantescas de um
movimento que eu jurava que fazia algo por mim, e meu companheiro era quem mais me
aplaudia nestes posicionamentos. Ele concordava com tudo e se dizia feminista também.
Éramos elogiados nas mesas de bar e eu me orgulhava, sem enxergar a verdade da
imoralidade sexual da qual eu desfrutava, de um poder de identidade distorcido e de uma
convicção confusa sobre quem eu era.
Eu me esforçava para ser feliz.
Mas eu era triste.
Eu estava morta, e mortos não podem ser felizes.
As verdades mentirosas.

Meu primeiro contato lúcido com o feminismo foi em uma aula de português do
terceiro ano do ensino médio. Não me lembro exatamente como foi, nem o que foi dito,
mas existe um registro deste dia em meu facebook; algum texto sobre como eu me sentia
injustiçada diante dos meus colegas meninos e como eu gostaria de me sentir livre para
andar na rua à noite. Nunca olhei para meus anseios de justiça como egoístas, mas, muitas
vezes, eu digitava e dizia palavras completamente incoerentes com a vida que eu levava.
Ou amava demais as mulheres que eu desconhecia, enquanto minha mãe fazia todas as
coisas da casa para mim, ou agia com enorme indiferença diante das dores das minhas
amigas próximas. No fundo, tudo sempre foi sobre mim.
Nunca quis estudar à fundo nenhuma das grandes certezas que eu carregava. Meu
máximo de aprendizado vinha do Facebook e do Twitter, e eu me sentia o maior exemplo
de inteligência da vida moderna – eu seria injusta em insinuar que todas as meninas do
mundo, que se dizem qualquer coisa politicamente, agem como eu agia, mas, a verdade
crua e dolorosa é que a grande parte de tantas que eu conheci assim são. Poucas estão
realmente preocupadas com o que é importante, e a maioria só quer saber de usar roupas
curtas e fazer sexo à vontade.
Não há nada de errado com essa tal liberdade de corpo e de sexualidade – desde
que você viva uma vida com estes padrões morais – mas é simplista e inocente demais
pensar que usar roupas curtas e transar irresponsavelmente com sabeDeusquantos vai
proporcionar à alguma mulher uma vida de honra e respeito. Homens não respeitam
mulheres que não se respeitam, e essa é a lei da vida e como anda a carruagem desde que
o mundo é mundo. Homens imorais desejam mulheres que se expõem, não exigem
compromisso emocional e entregam a eles o prazer momentâneo que eles desejam. Essa
liberdade libertina é exatamente a armadilha que uma parte do feminismo contemporâneo
militante e de redes sociais prega para adolescentes confusas e sem identidade.
Eu não enxergava nada disso, e vivia exibindo meu corpo magricela como se ele
fosse uma vitrine. Os decotes nunca preenchidos me enchiam de uma coragem
inacreditável e uma ou duas garrafinhas de corote me deixavam pronta para ser
exatamente aquilo que qualquer garoto sem vergonha estivesse procurando. Quantas e
quantas e quantas e quantas vezes fui dormir depois de uma noite bagunçada sem me
lembrar do que tinha acontecido, confusa e fedendo, e acordei arrependida, envergonhada
e me sentindo um lixo. Eu acreditava que aquela era a vida dos meus sonhos: livre. Mal
sabia eu o quanto eu estava presa.
Apesar de estar expondo uma imagem muito triste e radical da Vitoria que existiu
um dia, eu sempre fui bastante responsável em questões de trabalho, e muito madura para
a minha idade. Tive grandes feitos dos quais me orgulho, como a gestão de uma loja
inteira de aluguel de vestidos de festa com apenas dezoito anos de idade e trabalhos
louváveis e extremamente elogiados pela banca acadêmica nos anos da faculdade de
moda. O grande momento de desvio e perdição aconteceu em um período de dez meses,
quando me vi solteira e sem nenhuma perspectiva de futuro semelhante ao que eu estava
sonhando há quatro anos. O fim de um relacionamento estável e seguro me levou para a
ruína; e a ironia é que eu pensava que o namoro em si era o meu grande erro. Erro foi ter
deixado o trem descarrilhar tanto depois de termina-lo.
Nunca enxerguei as coisas como realmente eram, e eu me lotei de grandes
verdades mentirosas que me intoxicaram por muito tempo.
Eu acreditava que sempre precisava me provar para as pessoas, e que, o que
definia quem eu era e o meu futuro, era a aprovação dos homens na minha vida. Ao me
deparar com momentos em que os homens me reprovaram, encontrei numa militância
imatura a resposta para o meu problema: me rebelar contra os homens era a única possível
solução para a minha falta de confiança e necessidade de atenção de todos eles.
Meu pai é extremamente presente e posicionado e sua influência em minha vida,
apesar de muito positiva e amorosa, me levou para um lado de pressão: eu precisava
sempre deixar meu pai feliz e orgulhoso. Ele nunca gerou essa expectativa em mim de
maneira intencional, mas, sua forma de me proteger, educar, incentivar e impulsionar,
mostrou que ele acreditava demais em quem eu era, e por isso eu cresci com pavor de
decepcioná-lo.
Aos doze anos, desenvolvi anorexia após ser rejeitada por um menino anos mais
velho do que eu, pelo qual tinha me apaixonado na internet. Depois disso, muitas
desilusões amorosas foram se sucedendo, e, a cada nova decepção, mais uma convicção
se firmava em meu coração de que os homens nunca iriam me aceitar completamente. Fui
uma adolescente apaixonada, sonhadora e romântica que escrevia incansavelmente sobre
histórias de amor inventadas, porque, na verdade, as que eu vivia eram sempre
desastrosas. Algo em mim me dizia que eu era ruim demais para que alguém
verdadeiramente se apaixonasse e me quisesse para sempre.
Ao me deparar com o feminismo, encontrei as respostas que eu precisava. Não
que eu tenha me encontrado com o verdadeiro feminismo, isso aconteceu somente depois
de muito estudo após a minha conversão, mas o que eu havia encontrado parecia muito
bom. Eu concordava com tudo o que lia na internet. Precisamos poder andar nas ruas em
paz, não sentir medo de pegar caronas em aplicativos ou taxis, poder viver uma vida leve
sem o abuso do patriarcado, parar de sentir medo o tempo todo de ser estuprada ou
abusada, não precisar viver somente cuidando da casa, poder sonhar com grandes cargos
e salários, decidir sobre o nosso corpo e ter a liberdade e a segurança de fazer abortos se
precisarmos, ter liberdade sexual e de corpo e tantas outras pautas do movimento que,
superficialmente conhecidas, parecem muito justas.
Para uma menina ferida, machucada, com medo e sem muita clareza sobre o
futuro, o feminismo era a resposta perfeita. E eu me agarrei nele com todas as minhas
forças. Fui a manifestações, participei de coletivos, fiz pesquisas em grupos online e me
cerquei de amigas que compartilhavam dos mesmos ideais que eu. Me sentia feliz e
protegida, corajosa e cheia de possibilidades.
Logo vieram as outras certezas; os posicionamentos óbvios políticos, carregados
de ideologias e indignações com o mundo capitalista em que vivemos. E aquela frase
conhecida fazia muito sentido para mim “o jovem que não é de esquerda, é um jovem
sem coração”. Parece justo. Parece honesto e de boa fama. Parece bom e irrepreensível.
Não há o que achar de ruim em algo que é obvio.
Por conta disso, vivi por meses em guerra declarada com meus pais, uma vez que
nossos posicionamentos eram completamente opostos e as eleições se aproximavam cada
vez mais. O mundo caiu na minha casa algumas vezes porque meus pais apoiavam
Bolsonaro e eu o detestava com todas as forças. Achava meus pais, que tanto me amaram
e cuidaram de mim e dos quais eu sabia que tinham um caráter inegável, tinham se
transformado em grandes carrascos burgueses, odiadores de pobres e sem coração.
Porque quem tem coração, só pode odiar o Bolsonaro – a conta era extremamente lógica
para mim.
Apesar de ser o grande cerne da minha vida na época, a política e as ideologias
não eram as únicas verdades que me enganaram. Eu acreditei por muito tempo em uma
felicidade momentânea e irresponsável. Embora estivesse bebendo pouquíssimo (mais
para nunca do que sempre) e poucas vezes tivesse apresentado real interesse por drogas
– por inúmeros traumas familiares -, eu infelizmente passei tempo demais acreditando
que essa era a única forma de se divertir. Não com os entorpecentes somente, mas com
música alta, lugares lotados e promiscuidade. Esse ambiente me parecia o único lugar do
mundo onde as pessoas poderiam extravasar e encontrar riso verdadeiro. Os únicos
assuntos interessantes eram os de festas e bebedeiras – mesmo eu tendo poucas para
contar comparado aos meus amigos.
Neste tempo, fiz alguns amigos que me apresentaram a maneira mais maluca de
fazer festa. Elas duravam de 12-16h e eu passei a sair somente com eles. Todos eram
militantes posicionados, e, obviamente, os assuntos mais comentados eram sempre os
mesmos: sexo, bebida e política. Eu estava imersa até os cabelos de uma realidade
revoltada, indignada e sempre pronta para achar problema em qualquer fala, de qualquer
pessoa. Tudo me era problemático e eu odiava o politicamente incorreto. Eu era a primeira
a apontar qualquer ato machista, a levantar no meio da festa para dar sermão em caras
que me incomodavam e sempre quem mais queria ter o que dizer sobre qualquer assunto
meramente intelectual.
Uma das mentiras que eu carregava em meu coração era que, quanto mais eu
aparecesse e mais fosse admirada pelas pessoas, mais eu iria me admirar. Eu queria tanto,
mas tanto, gostar de mim... que eu fazia de tudo para que as pessoas gostassem, já que eu
ainda não conseguia gostar.
A relação dolorosa que eu tinha comigo vinha de um histórico longo de erros de
uma juventude curiosa, na qual eu não conseguia me perdoar das coisas que havia feito.
Me culpava por garotos que havia beijado, falas que tinha dito, brigas em que tinha
entrado. Me culpava por ter tido anorexia e pela conta absurda do hospital de quando eu
havia precisado ser internada, me culpava por ter brigado tanto com meus pais quando
era mais nova. Me culpava por ter decepcionado caras legais por quem tinha me
apaixonado, me culpava por manter amizades tóxicas e por nunca conseguir me
posicionar. Minha vida era carregar uma mala gigantesca de culpa e sabotar todos os meus
relacionamentos antes deles ruírem, para poder evitar novas decepções e me defender de
ser ferida novamente.
As verdades dentro de mim eram gigantescas e dolorosas. Que, ainda bem, eram
todas mentirosas.
Noites frias.

O curioso sobre a vida daqueles que andam pelos bares é que ninguém ali está
inteiro. Ninguém sabe quem é, ninguém está verdadeiramente feliz, ninguém tem
perspectiva e, no fundo, todos sabem disso; mas ninguém admite. Nenhum dos
frequentadores assíduos das festas mais hypadas e cheias escolheria aquela vida para
sempre, cheia de boemia, descompromisso, descontrole e instabilidade. Qualquer uma
das meninas de cropped e mini saia paradas na rua e questionadas sobre o futuro
responderia a mesma coisa: a felicidade não está no solitário e nem na bebedeira; qualquer
uma trocaria todas as festas do mundo por um amor verdadeiro que a fizesse feliz para
sempre. As que negam – e eu sei porque muito neguei – querem tanto algo que se pareça
com príncipe encantado, quanto as meninas que nunca conheceram aquela vida e
decididamente proclamam seus sonhos romantizados.
Nestes ambientes de festa, é como se uma névoa de mentira se agarrasse à mente
das pessoas e as enlaçasse para buracos ainda mais profundos em busca da felicidade.
Posso ir mais fundo e falar sobre uma atmosfera demoníaca e espiritual que se apossa das
pessoas e permanece em lugares como potestades, mas me manterei no racional para que
fique mais simples, uma vez que a verdade é óbvia e não é preciso ir muito longe: uma
droga após a outra, um corpo atrás do outro, uma nova festa depois de uma outra festa, o
desejo não passa e nunca acaba, ninguém nunca fica satisfeito, porque nada que seja
terreno e passageiro é capaz de preencher o buraco do Eterno que existe dentro de nós,
então sempre buscaremos por mais. E esta é a ruína das pessoas. Esta foi a minha ruína.

Uma das piores noites que vivi foi repleta de uma bagunça que me impede de
lembrar de muita coisa. Lembro das pessoas que estavam comigo e lembro de uma
confusão insuportável que me agarrou quando deitei a cabeça no travesseiro perto das
cinco da manhã: eu não sabia direito onde estava – apesar de estar em casa e deitada em
minha cama – não me lembrava como havia chego ali, não sabia por quantos lugares tinha
ido e exatamente o que eu tinha feito ou o que tinha acontecido. No dia seguinte minha
cabeça pesava uma tonelada e uma vergonha que eu não sabia de onde vinha tomava meu
corpo da cabeça aos pés.
Eu nunca fui feliz neste tempo vagando. Eu não sabia explicar o que faltava e,
mesmo depois de tantas manhãs cheias de vergonha, nada me impedia de voltar e refazer
meus passos. Noites iguais e cada vez mais insaciáveis. Não sei qual deve ser a sensação
do vício que drogas geram, mas imagino que seja algo como o buraco desesperador que
eu tinha no peito noite após noite. Uma festa mais entediante do que a outra e o desejo
ansioso por viagens mais longas, loucuras maiores e decisões mais perigosas. Nunca era
o suficiente e nunca me saciava.
Quando conheci aquele que pensei ser o amor da minha vida, entrei em um
relacionamento abusivo que eu jamais imaginarei que protagonizaria. Lucas (e aqui aviso
que o nome foi mudado para proteger a identidade verdadeira das pessoas envolvidas) era
galanteador e muito engraçado. Sonhava com coisas que se pareciam com meus sonhos e
nunca, jamais, poderia me dar o futuro que eu queria – que nesta altura do campeonato
nem eu sabia o que poderia ser este futuro. Ele era burro de um jeito que me interessava
e inteligente para as coisas que importavam. Ele achava que eu era propriedade dele e,
algo nessa sensação de ser desejada de certa forma, cegou meus olhos e me impediu de
ver a verdade durante os meses que ficamos juntos.
Chorei muito enquanto estávamos vivendo nosso romance problemático. Comecei
a ter algumas crises de ansiedade e o Whatsapp me dava medo e desespero. Comecei, aos
poucos, querer dominá-lo e eu amava a sensação controladora de comprar até a comida
dele. Fazia total sentido com meu discurso empoderado e cheio de independência
financeira. O que não fazia sentido eram as sensações de insegurança constantes e o medo
gigantesco dele achar que eu estava falando com outro alguém. Uma vez ele me disse em
tom de brincadeira que, quem sabe em um ano, a gente poderia começar a namorar.
“Nosso lance é livre” era o que ele me dizia. Mas só ele pensava assim.
Honestamente? Não acho que teria coragem de apresenta-lo aos meus pais e
agradeço profundamente a Deus por ter mostrado aos meus amigos o relacionamento que
eu estava vivendo, porque, se eu não tivesse uma rede de pessoas de confiança
constantemente repetindo que ele não prestava, eu jamais teria tido a coragem de sair da
casa dele sem olhar para trás na quarta-feira de cinzas de 2019.

Uma das minhas grandes e constantes dores era a da convicção da vida dupla que
eu levava. Volto a dizer que eu sei que o tom que dou para a Vitoria do passado nestes
textos parece muito radical e mais boêmio do que realmente foi; isso porque, ao olhar
para trás, vejo tudo com cores escuras e percebo a distorção que eu mesma enxergava a
vida que levava. Não me envolvi com drogas, não bebia sempre, não fui tão libertina e
imoral sexualmente quanto parece, mas tudo o que aconteceu foi profundo demais e as
marcas eram cada vez mais dolorosas. Eu estava quebrada e tudo refletia isso.
Algo interessante que notei recentemente assistindo vídeos antigos no youtube e
vendo fotos nos instagram, é o quanto o meu cabelo era desidratado e sem vida nesta
época. Nunca fiz procedimentos químicos nele e tampouco hidratações profissionais, e
também não me lembro de nenhum cuidado diferenciado desde que conheci Jesus, mas é
inegável o quanto meu cabelo foi transformado.
Lembro de uma amiga que sempre me dizia, em tom de brincadeira, que o cabelo
era outro órgão sexual das mulheres. Sempre o usamos para seduzir e convidar - ou afastar
- os homens, sendo talvez uma das primeiras coisas que chamam atenção em uma mulher.
Ele é símbolo de feminilidade e, com exceções, nos ajuda a distinguir o sexo das pessoas.
O cabelo das mulheres é alvo de olhares e de interesse e sempre impacta, de uma forma
ou de outra, aquele que o observa.
Analisando meu cabelo no ano de 2018, noto o quanto ele parecia descuidado e
fazia da minha imagem algo desleixado e, até mesmo, nojento. Ele era quebradiço,
desgrenhado e aparentava estar sempre despenteado. Não sei o quanto dessa minha
interpretação é puro julgamento vindo de quem mais conhece o que acontecia por dentro,
ou verdadeiro discernimento do quanto o que somos por dentro transbordamos por fora –
mesmo sem querer. Eu estava suja, perdida, usada e maltratada. E era exatamente essa a
aparência do meu cabelo.
O curioso é que eu não tenho nenhuma recordação de olhar para ele e ter essa
impressão tão ruim do verdadeiro estado em que se encontrava. Lembro-me, inclusive,
de amá-lo e sempre me gabar de como tinha lindos cabelos longos e levemente ondulados.
Hoje, posso afirmar que o não reconhecimento de como meu cabelo realmente era, é
totalmente equivalente à minha cegueira espiritual e falta de entendimento de quão
profundo era o buraco em que eu estava. O cabelo era só o pico do ice-berg. A verdade
encoberta era muito pior.
Antes desta temporada, quando por cinco longos anos enfrentei uma batalha à
duras penas contra a anorexia, lembro-me de também ter apagado da minha memória, e
dos meus olhos, a verdade refletida no espelho. Não sei, talvez esta seja uma forma que
meu cérebro desenvolveu para se proteger, mas não foi apenas uma vez em que, na minha
vida, eu me deparei com uma profunda distorção da imagem de quem eu era. Com os
distúrbios alimentares, me enxerguei com muitos números à mais do que os que olhavam
para mim na balança. Fui internada no inverno de 2013 pesando 42kg, com 1,73m de
altura. O horror na face dos meus pais naquela época nunca teve significado para mim,
porque sempre que eu olhava no espelho, eu me via pesando, pelo menos, uns 25kg à
mais. Pensava que meus pais exageravam e que eu precisava continuar lutando contra a
balança porque ela sim era minha inimiga. Infelizmente, demorei tempo demais para
entender que eu era a minha maior inimiga, totalmente cega e confundida pelas mentiras
de satanás neste mundo cheio de aflições.
Anos depois, olhava as fotos da época da internação e me chocava com a verdade
revelada: eu realmente era de uma forma que nunca, em nenhum momento, havia me
enxergado. Todos me falavam e alertavam, mas eu era incapaz de ver. Decidi não olhar
para as imagens deste tempo e apaguei tudo que eu pude, e, com a minha conversão,
misericordiosamente meu Amado Jesus apagou estas recordações dolorosas e a sede
insaciável de ver, cada vez mais, meus ossos através da pele.
Quando penso no meu relacionamento com Lucas e como também demorei para
ver a verdade, me deparo novamente com essa distorção da realidade em que eu me
submetia. Algo em mim odiava tanto a vida que eu levava, que, desde sempre, distorceu
tudo para parecer melhor.
Minha primeira consulta ao oftalmologista foi aos 8 anos de idade. Desde aquele
dia precisei usar óculos. Já são quase dezessete anos com eles e não sei quem eu seria se
nunca os tivesse descoberto. Tenho muitos graus de miopia e não enxergo nada ao meu
redor sem a ajuda terceirizada destas lentes, que sempre me salvaram e me impediram de
cair e tropeçar inúmeras vezes na rua. Queria eu ter descoberto antes que eu precisava de
outras lentes também, as do Evangelho, para me salvar de tamanha cegueira espiritual e
me impedido de cair tão fundo em lugares que não precisava sequer ter conhecido.

Foram inúmeras as noites quentes que se tornaram frias para mim. Foram semanas
e semanas com finais idênticos: chegando em casa fedendo à cigarro e álcool, caindo na
cama sem nenhum propósito ou plano para o dia seguinte, e chorando baixinho com medo
do que poderia vir. Acordava confusa, tentava fazer da noite anterior algo engraçado...
mas, no fundo eu sabia que eu estava estagnada, perdida e amedrontada, sem nenhum tipo
de segurança ou esperança nos dias seguintes.
Um ano antes de conhecer Lucas, tinha me envolvido com um brasileiro jogador
de handebol que morava na Hungria e era o maior dos galanteadores que eu já havia
conhecido. Ele estava na cidade por apenas um final de semana e foi o suficiente para eu
cair em sua lábia e jurar que viveríamos um lindo amor de verão que marcaria nossas
vidas para sempre.
Não demorou muito para eu descobrir que mais algumas três ou quatro meninas
estavam com o mesmo sonho de romance europeu que eu. E, pensando na falta de respeito
do jogador, logo me enchi de medo de qualquer tipo de doença que poderia estar em mim.
Ingênua, eu sei. Errei em muitos níveis nessa história e lembro dela com muita dor e pesar
pela Vitoria do passado. Na mesma semana, acordei de madrugada aterrorizada de medo
pela minha vida. Ajoelhei-me no quarto e falei com Deus pela primeira vez em um longo
tempo. Implorei para não ter nada e Lhe jurei fidelidade se eu estivesse sem nenhuma
contaminação.
O resto da história você já deve imaginar: fiz exames, todos negativos e minha
saúde estava perfeita. Mas minha fidelidade ao Senhor estava longe, bem longe, de
começar. Um minuto depois de ler o resultado do teste e de conversar com a médica já
havia me esquecido completamente de qualquer promessa que poderia ter feito em
alguma madrugada cheia de temor...
As noites frias continuaram por muito mais tempo.
Até que ouvi meu nome ser chamado por Aquele que tem a única voz
verdadeiramente inconfundível e, desde então, todas as noites são quentes.
O Encontro.

Era dia 6 de março de 2019, quarta-feira de cinzas, e Lucas tinha mentido de novo.
A última noite tinha sido horrível e eu estava emocionalmente devastada. Cheguei em
casa pela hora do almoço, sem saber o que dizer para meus pais, fui para o quarto e ali
fiquei até provavelmente o final do dia – já não me lembro bem dos detalhes. Os
acontecimentos voltam em minha mente como um caleidoscópio de memórias e eu
preciso me esforçar para lembrar a ordem de cada um deles.
No dia anterior, eu e algumas amigas estávamos procurando algum bloco de
carnaval para ir. Todos estavam fechados e terminantemente proibidos de acontecer pelos
decretos da prefeitura que havia cancelado o carnaval, por motivos sanitários da cidade.
Acabamos encontrando uma festa clandestina no final de uma rodovia, numa pista de
Kart totalmente isolada e distante do centro, e, aparentemente, todos os jovens da região
haviam encontrado a mesma festa. Tinha combinado de me encontrar com Lucas e,
enquanto ele não chegava, eu me divertia com meus amigos.
O começo da festa foi uma explosão de alegria para mim. Lembro de rir muito e
de rapidamente já estar fora da sobriedade. Faziam alguns bons meses que eu não bebia
nada de álcool e decidi interromper este jejum ali no carnaval. Fiquei fora de mim e fiz
amizade com a festa inteira, conversando com desconhecidos e dançando com pessoas
que jamais voltei a ver na vida – e tampouco me lembro dos rostos. Marchinhas tocavam
ao fundo e eu sempre me perdia das minhas amigas por não conseguir ficar parada. Lucas
não chegava nunca e, quando chegou, ficou horrorizado com meu estado.
De todas as vezes que saímos, ele era quem bebia e eu quem cuidava dele. E ele,
chegando sóbrio e me encontrando alcoolizada, morreu de ódio por precisar cuidar de
mim. Em poucos minutos de sua presença na festa, começou a fazer um escândalo,
dizendo que eu tinha estragado o dia dele e que não queria mais me ver. Lembro de gritar
com ele na frente de todo mundo e ser silenciada com sua mão fechada agarrando meu
braço e me arrastando para fora da festa. Ele me levou embora contra a minha vontade e
pagou pelo meu celular, com meu cartão de crédito, um uber de quase sessenta reais – e
jamais se ofereceu para devolver nem dez reais do valor desta corrida.
Brigamos dentro do carro e brigamos na rua quando chegamos no destino. Eu não
conseguia olhar para ele, e de repente tudo parecia absolutamente errado. O efeito do
álcool havia passado completamente, e quanto ele se aproximava para me beijar eu gritava
e implorava para ele não me tocar. Comecei a pedir um novo motorista pelo aplicativo
para ir para casa, quando ele me impediu, dizendo que já não sabia mais viver sem mim.
No dia seguinte minha cabeça girava e um nojo insuportável percorria minha pele.
Meu corpo não parecia meu e tudo parecia desconexo e fora do lugar. Eu olhava ao redor
e não reconhecia nada, sentia medo e desespero querendo fugir. O ambiente era muito
familiar, mas eu não me sentia mais pertencente ali. As cores pareciam opacas e os
barulhos incômodos demais. Quando lembro dessa sensação, penso que talvez eu tenha
vivido uma experiência extracorpórea, porque nada do que eu tocava ou fazia parecia que
estava sendo tocado ou feito por mim.
Não posso afirmar que ouvi algo, mas sentia, de certa forma próxima aos meus
ouvidos, como se alguém me dissesse em alto e bom tom: vá embora daí.
E eu obedeci.
Horas depois, escondida em meu quarto e inundada por uma vergonha quase
inexplicável, recebi uma mensagem de Lucas me dizendo que ele estava voltando para a
cidade da família dele e não poderia sair comigo. Respirei aliviada como se um peso
saísse dos meus ombros, porque a última coisa que eu queria era vê-lo. Minha mente
ainda estava muito confusa e eu sentia um profundo horror só de pensar em estar perto
dele novamente. Eu precisava entender o que estava sentindo e organizar meus
pensamentos. Não tinha ideia do que havia me mandado embora de perto dele naquele
dia mais cedo.
Já tinha tomado três banhos. Uma urgência desesperada me tomava querendo
arrancar da minha pele qualquer vestígio da noite anterior. Eu me sentia suja e vazia,
como se uma gosma de sujeira estivesse grudada em meus braços e pernas. Era algo tão
verdadeiro que eu não me lembro de ter saído do quarto para falar com meus pais naquele
dia, tamanha era a minha vergonha. Eu nem conseguia chorar.
No meio da tarde, assistindo as atualizações dos amigos nos Stories do Instagram,
vi no perfil de um dos melhores amigos de Lucas que ele estava fazendo uma festa com
meninas e bebidas na sua casa em Maringá. Ele não havia voltado para a casa dos pais.
Estava exatamente onde o deixei naquele dia cedo, e, mais uma vez, mentia para mim.
Não sei explicar qual o sentimento que invadiu meu corpo naquele momento.
Enviei imediatamente uma mensagem para ele terminando tudo e dizendo que não queria
mais vê-lo. Desliguei o celular e fiquei dias fugindo dele – dias que, depois, se tornaram
longos meses de uma perseguição espiritual que precisei enfrentar, mas essa história fica
para uma próxima.
Com a cabeça girando de decepção e como se de uma vez eu fosse inundada por
uma enchente de informações que antes minha mente se recusava a processar, em minutos
eu comecei a enxergar tudo. Vi os abusos, os traumas, as humilhações, os descasos e
tantas coisas que não enxerguei nos últimos meses que havia vivido. Meu coração estava
partido e uma culpa gigantesca caia sobre meus ombros: mais uma vez eu havia errado e
sido burra demais.
Tenho uma lembrança muito rasa do que aconteceu nas horas seguintes. Fiquei
engasgada num turbilhão de sentimento por horas e, quando me dei por mim, estava
procurando algo para assistir no YouTube para tentar desviar minha mente de tanto
tumulto e desalinhamento.
Antes que eu conte o que aconteceu em seguida, preciso frisar algo muito
importante para o decorrer desta história: eu estava afastada da igreja há meses e nunca
mais havia aberto nenhum tipo de conteúdo cristão na internet. Nada nem próximo a isso,
como autoajuda ou até um podcast com convidados religiosos. Não havia nenhum rastro
de envolvimento com Deus nas minhas buscas na internet, meu Spotify só registrava funk
e pagode, e eu mal me lembrava que existia um mundo apaixonado por Jesus que tinha
portas abertas tão perto de mim - dentro da minha casa, do outro lado do corredor. Meu
mundo estava tão pequeno e individualista, que eu mal cogitava a existência de Deus,
apenas a ignorava, vivendo minha vida à bel-prazer e consumindo entretenimento anos
luz distante de qualquer proximidade bíblica.
Eu nem sabia quem era Priscilla Alcântara ou Dunamis Movement.
Curiosamente, neste dia e neste exato momento de desespero em busca de alívio
e descanso, o algoritmo do Youtube decidiu me recomendar uma apresentação brasileira
cristã em território estadunidense: o Brasil se apresentando no The Send Orlando – que
eu não tinha a menor ideia do que se tratava. Era uma live de um trecho recortado do
evento que havia acontecido ao vivo na semana anterior, e eu, por algum motivo do qual
realmente não consigo me lembrar, abri o vídeo bem no momento em que Priscilla
Alcântara repetia “eu quero conhecer Jesus”.
Eu fiquei quinze minutos parada como uma estátua encarando a tela do notebook
e sentindo como se meu corpo fosse derreter. Enquanto a mulher, que eu apenas conhecia
como antiga apresentadora do Bom Dia & Cia, cantava apaixonadamente sobre Jesus,
minha alma gritava de alegria e meu espírito, adormecido, acordava desesperado pelo
seu Amado.
Ouvi o Senhor chamar meu nome naquele final de tarde de quarta-feira de cinzas.
Uma voz forte e bondosa dizia as sete letras de “Vitoria” com uma intimidade e
conhecimento que eu nunca havia escutado antes. Eu sabia que não era minha imaginação,
nem coisas da minha cabeça.
Existe um Deus vivo que se agradou de mim no ápice do meu abismo, e me puxou
pela mão me arrancando de uma escuridão tremenda e me fez viver.
A voz do meu Amado gerou tamanho senso de pertencimento em mim, que o
vazio imediatamente se encheu, e toda a dor que me rasgava o peito dava espaço para
uma corrente quente que cortava meu corpo e me dava uma alegria que eu nem sabia
que existia. Eu me apaixonei bem ali, no chão do meu quarto, afundada em lágrimas,
assustada e me sentindo totalmente sem valor. Apenas uma única palavra do meu Senhor
Jesus mudou a minha vida para sempre. Eu O reconheci, mas Ele já me conhecia há
muito tempo. O meu Amado me amou primeiro.

Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-
lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.
Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni, que quer dizer: Mestre.
João 20:15,16
O meu Jesus não pode pensar assim

Comecei minha caminhada com Jesus sem ter a menor ideia de como se lia a bíblia
e o que ela queria dizer com tantas guerras, ira de Deus e assassinatos à sangue frio. Na
verdade, não acreditava muito que a Bíblia realmente era a Palavra de Deus e, quase todos
os dias me deparava com coisas chocantes que me deixavam desesperada pensando que
talvez eu não precisasse tanto assim da bíblia para amar Jesus... né?
Em silêncio eu tentava me convencer de que eu não precisava ser uma cristã como
os outros cristãos que eu conhecia. Tudo bem se eu não fosse à igreja toda semana ou se
eu não concordasse tanto com a Bíblia. O que importava era o que Jesus dizia e que Ele
me amava e eu tanto O amava. Passei meses lendo apenas Mateus, Marcos, Lucas e João
e com mil perguntas na cabeça sobre o que Jesus queria dizer com “dê a Cesar o que é de
Cesar”, que “os que tivessem ouvidos que ouvissem” e que tínhamos que perdoar tantas
e tantas vezes quem nos fazia mal. Às vezes lia Salmos, e gostava muito das histórias de
Genesis, mas sempre encontrava coisas que não faziam sentido com o meu Jesus, Aquele
bondoso Deus que havia me encontrado no meu quarto e dito meu nome de forma tão
clara e amorosa.
A bíblia que eu lia era uma edição da adolescente, tradução NTLH, que eu havia
ganhado de minha mãe quase cinco anos antes – muito antes de eu sonhar conhecer Jesus.
A linguagem era muito fácil e eu me alegrava em entender o que as palavras diziam...
mas não entendia por que elas diziam o que diziam. Deus não era amor?
Não me esqueço da primeira vez que li na bíblia sobre a homossexualidade.
Lembro de ficar dias pensativa e confusa, pensando que talvez a bíblia realmente tivesse
sido escrita por homens preconceituosos e que ela já não servia tanto como antigamente.
O que mais me confrontava era que eu não havia lido essa passagem em Levítico 20,
passagem do antigo testamento, mas em Romanos 1, depois de Jesus, bem no novo
testamento, que era a parte boa e que eu gostava da bíblia. Entretanto, enquanto as dúvidas
genuínas borbulhavam em minha mente, simultaneamente eu sentia crescendo em mim
um desejo desesperado para provar de novo da Presença do meu Amado.
Comecei a frequentar assiduamente a igreja com a minha mãe. Levava
caderninhos em que anotava todas as coisas incríveis que o pastor falava sobre Deus,
ficava emocionada e muito tocada nos momentos de adoração, e fui em praticamente
todos os apelos de todos os cultos que frequentei no início da minha conversão. Eu só
queria saber de Jesus.
As vezes fazia perguntas para minha mãe e ela, sempre cheia de sabedoria,
pouquíssimas vezes me deu respostas curtas e prontas. Na maioria das vezes ela
conversava comigo com paciência, e depois me instigava a perguntar para o Espírito
Santo o que Ele pensava e tinha a me dizer. Eu tinha - e ainda tenho - nela o maior
exemplo de fidelidade à Deus, e aquilo me inspirava muito a busca-Lo com mais fome e
sede. Nosso relacionamento tinha mudado completamente e naquele tempo eu já olhava
para ela com convicção de que tinha em casa minha melhor amiga. Tivemos inúmeras
conversas em que ela me contava histórias bíblicas, e meus olhos, pouco a pouco, iam
recebendo uma nova perspectiva da Palavra de Deus.
Embora meu coração estivesse mais aberto para entender a bíblia, muito maiores
ainda eram os meus questionamentos. Não conseguia entender por que o Deus tão
bondoso que eu havia conhecido pessoalmente não gostava dos gays e menosprezava as
mulheres. Lia histórias e mais histórias na bíblia que quebravam meu coração e me faziam
constatar que tudo que eu tinha ouvido no mundo era real: ela era preconceituosa e
machista. Eu estava com as lentes trocadas e ainda enxergava tudo por um filtro que
dominava minha forma de pensar. Tudo ainda parecia errado porque meus valores e
princípios estavam errados.
As passagens que diziam que as mulheres não podiam falar na igreja ou que
deviam sempre cobrir sua cabeça com véu me enchiam de uma profunda tristeza que não
fazia sentido com nada que eu achava estar buscando. Me lembrava das certezas que o
mundo tinha me dado e não me convencia de que, a voz que eu tanto lutei para conquistar,
precisava ser calada no lugar que eu mais desejava estar. Tinha certeza que Jesus
concordava comigo e que, se Ele estivesse aqui em carne hoje, definitivamente lutaria
pela causa feminista e pelas mulheres. Eu apostava que Ele discordava de Paulo e o
apóstolo, pouco a pouco, perdia minha confiança com suas afirmações que me pareciam
tão misóginas.
A submissão da mulher ao homem no casamento era algo simplesmente
inconcebível para mim. Sabia que eu era igual a um homem diante de Deus e que eu
jamais deveria me humilhar para meu marido me amar. Minha visão estava tão
machucada e ferida que todas essas questões entravam em colapso com meu amor por
Jesus, e eu, inúmeras vezes, pensei em “deixar isso de ser crente pra lá”.
Neste tempo de confusão, encontrei muitas influências ruins no meio do caminho.
Descobri da pior forma o quanto somos enganados se não conhecemos a Verdade e a
estudamos com afinco e paixão. É verdade aquilo que o Senhor diz em Oseias 4:6: nós
perecemos por falta de conhecimento, porque esta falta nos impede de reconhecer a
verdade e nos afastar de todos os falsos profetas que nos levam para os caminhos que
distorcem a Palavra de Deus.
Por um tempo frequentei um movimento que pregava a Teologia da hiper Graça,
e neste lugar tive minha cabeça ainda mais confundida. Eles eram cheios de amor e diziam
o tempo todo o quanto preferiam errar por amar demais do que por amar “de menos”.
Acolhiam todas as pessoas, todos sem nunca deixar a vida de pecado, e era tudo
muito lindo. Os ministros de louvor se envolviam com imoralidade sexual e bebedeiras,
e os líderes do movimento sempre diziam que Jesus já tinha morrido na cruz por cada um
destes pecados e não cabia a nós julgar ninguém.
A verdade era que a bíblia não regia aquelas pessoas, mas uma ferida não curada
proveniente de um falso Jesus criado (no qual Ele é Salvador, mas nunca Senhor) fazia
com que os líderes, tão amorosos, levassem pessoas para buracos do engano onde nunca
iriam se libertar de uma vida cheia de pecado. Um alerta soou em minha cabeça quando
em uma reunião de liderança que ouvi uma das líderes afirmando que Jesus fumaria
maconha para conquistar o coração de alguém.
Aquela afirmação tão horrorosa e deturpada sobre Jesus levantou uma questão na
minha cabeça e eu comecei a refletir sobre como não me parecia coerente um Deus tão
Santo usar drogas para convencer um homem pecador. Eu sabia o que as drogas
faziam com as pessoas (eu tinha tido muitos relacionamentos com pessoas perdidas nos
vícios) e este conhecimento me mostrava quão inescrupulosa era aquela afirmação. Jesus
jamais pecaria.
O coração faminto e ingênuo de muitos de nós que participávamos nunca foi
deixado pelo Senhor e Ele, com Sua infinita misericórdia, tocou profundamente muitos
que O buscavam com coração quebrantado naquele lugar. Muitos, assim como eu,
acabaram deixando o movimento por entenderem as incoerências relacionadas à bíblia e
tiveram as vidas transformadas e longe do pecado depois disso.
Minha busca por respostas e por entendimento durou meses e muitas coisas eu
escolhi ignorar. Lembro de quantos conselhos absurdos eu dei, à pessoas que estavam tão
perdidas quanto eu, com afirmações completamente antibíblicas. Achava que fazer sexo
antes do casamento não era pecado, apenas para quem o julgava desta forma – uma
questão de interpretação teológica e que cada um fazia o que bem entendia. Tinha certeza
que Deus abençoava casamentos homossexuais porque Ele é amor e o amor deve ser
vivido e celebrado. Não demorava em afirmar que a submissão da mulher no casamento
não era para este século, que Deus entendia o aborto porque cada mulher sabe dos desafios
que vive e sofre e que, com certeza absoluta, Jesus, se tivesse nascido em 2019, seria
feminista e de esquerda.
Meu coração estava cheio de uma fé genuína de que tudo aquilo fazia total sentido.
Pensar que meu Jesus, tão bondoso e cuidadoso, pensaria tão pouco das mulheres quanto
eu pensava que a bíblia dizia, era inaceitável. Por algum motivo pessoas tinham sido
enganadas por anos e poucas mulheres da nova geração tinham entendido que Jesus estava
do nosso lado e não do lado de homens opressores.
A sociedade patriarcal tão injusta não poderia refletir o coração do meu Deus.
Meu Deus era refúgio, não acusador e cruel. Meu Jesus amava as mulheres! Ele protegeu
a mulher adultera, meu Deus do céu! Eu tinha o coração cheio de indignações que me
pareciam santas dizendo: “a bíblia não precisa ser inteiramente creditada, você não
precisa seguir ela por inteiro, Jesus quer que você seja empoderada e forte! Que tenha
igualdade no seu casamento e nunca, jamais, se submeta a um homem que não seja Ele!”
Mas eu não sabia o que estava falando ou pensando. Toda a minha indignação
partia de um coração ferido que não conhecia o que a Palavra de Deus realmente dizia.
Meus olhos estavam cobertos por um véu que deixava tudo nebuloso, e o filtro do meu
coração estava ainda seguindo a régua dos padrões amorais do mundo, e não dos
princípios e valores do cristianismo.
Até então, eu havia conhecido uma face da Presença de Deus, mas ainda não
conhecia Seu coração e Quem Ele realmente é e o que O agrada. Eu estava prestes a
mergulhar de cabeça numa longa jornada de conhecimento, revelação, confronto,
misericórdia e graça em busca das minhas respostas.
Uma oração perigosa.

Queria me lembrar da data exata em que os acontecimentos que estou prestes a


narrar aconteceram. Tenho certeza que foi próximo ao final do ano de 2019, talvez entre
agosto e setembro, enquanto eu ainda caminhava por caminhos cheios de dúvidas e
incertezas sobre a fé.
Até este momento eu já tinha vivido inúmeros momentos inesquecíveis com Deus,
e estava em lugares mais profundos, caminhando para mais perto Dele e com um pouco
mais de noção bíblica e um certo interesse em teologia. Eu já tinha provado da Sua infinita
misericórdia e conhecido novos lugares em Sua Presença.
Tinha servido em eventos, entrado para um ministério evangelístico dentro da
minha universidade (Dunamis Pockets), pregado em um culto deles e conduzido
encontros do pequeno grupo (célula) da igreja que eu às vezes frequentava – e que hoje é
a minha igreja na cidade de Maringá. A esta altura eu já sabia que meus pensamentos
ideológicos estavam realmente mais distantes de Jesus do que eu imaginava, mas ainda
não tinha entendido verdadeiramente o que toda a minha confusão representava. Sempre
que eu tinha lugar para falar em reuniões com mais cristãos eu pisava em ovos e fugia
destes temas falando muito mais sobre o Amor de Jesus, porque era algo que eu conhecia
e experimentava.
Mas já havia um tempo que meu coração queimava por mais conhecimento de
quem Deus era, e as verdades bíblicas naturalmente começaram a me confrontar sobre
quem eu era também. É impossível experimentar da santidade de Deus e não querer
refleti-la em nossa vida, e esta convicção começou a me empurrar para um lugar fora da
minha zona de conforto, e me pedia por mais conhecimento e profundidade teológica.
Entendi o sacrifício de Jesus na cruz e, por isso, não queria mais aceitar viver
em nenhum tipo de pecado! A mudança na minha mente começou a acontecer
gradativamente, ao passo que minha fome por mais também crescer. Passava o dia inteiro
assistindo pregações de inúmeros homens e mulheres de Deus e passei a frequentar muitas
igrejas, uma mais séria e apaixonada pela Palavra do que a outra. Passava todas as sextas-
feiras em vigílias até altas horas da madrugada, e conheci pessoas incríveis que só me
motivaram a conhecer e buscar ainda mais do coração de Deus e as verdades da bíblia.
Foi neste tempo de fome profunda e insaciável que, enquanto assistia uma
pregação da Alexandra Abrantes, me deparei com uma frase dela que automaticamente
reconheci como machista. Fazia algum tempo que o tema do feminismo não me saltava
os olhos e o movimento não parecia mais ter relevância para mim (porque Jesus estava
preenchendo todos os meus anseios humanos), mas naquele dia alguma coisa se aguçou
em mim e eu me senti ferida de novo – mesmo que em uma dosagem menor.
Neste dia, confusa com Alexandra dizendo que dava mais atenção às vontades do
marido dela do que às dela mesma, parei o vídeo e me ajoelhei em meu quarto, decidida
a entender. Eu já tinha ouvido muitas mensagens dela e sabia o quanto ela era apaixonada
por Jesus e compromissada com a verdade da bíblia, por isso, pensei que, mesmo que
existisse a possibilidade de eu estar certa e ela errada, eu precisava ao menos entender por
qual motivo ela, como mulher cristã e pregadora do Evangelho, dizia tantas frases
aparentemente machistas acerca do casamento, com tanta propriedade e convicção
enquanto ministrava em uma igreja para mulheres em busca de Cristo. Eu precisava
entender.
Neste dia eu fiz uma oração ousada e perigosa que mudou minha vida para sempre.
Lembro de dizer ao Senhor: “Jesus, eu te amo muito e eu só quero Você na minha
vida. Eu não sei de todas as coisas e não conheço nada da sua Palavra ainda, mas eu
realmente quero entender e conhecer. Eu Te conheço e confio em Você e sei que Você
nunca me menosprezou e jamais menosprezaria mulher nenhuma... por isso, por favor,
me revela a Sua verdade e o que a bíblia realmente diz. Me diz o que o feminismo significa
e o que aquelas passagens tão difíceis de engolir dizem sobre as mulheres. Me revela os
Teus olhos sobre nós! Sobre o casamento! Sobre a submissão! Eu quero entender, Jesus!
Por favor! Me diz a Sua verdade e eu obedecerei, sobre todas as coisas que eu acredito
e que não condizem com que Tu és... por favor, me revela!”
É incrível me lembrar deste dia e perceber como as coisas mudaram da água para
o vinho desde então.
No outro dia, como já era minha rotina, acordei e fui ler a bíblia e, apesar do lugar,
dos objetos e da rotina serem os mesmos, eu já não era mais a mesma. Como se escamas
tivessem caído dos meus olhos, eu comecei a enxergar tudo de uma nova perspectiva, e o
Espírito Santo passou a me ensinar, dia por dia, todas as verdades que eu não enxergava
antes. Entrei numa escola bíblica com o próprio Deus como professor e tendo meu quarto
como sala de aula. Neste processo vi diariamente minhas dúvidas sendo sanadas.
Sobrenaturalmente, pessoas chegaram até mim me explicando as coisas que eu
não compreendia, as mensagens nos cultos que eu ia tinham como tema as respostas para
as minhas perguntas, o YouTube me recomendava vídeos específicos e a bíblia me
acompanhava, dia após dia, me ensinando tudo de novo enquanto o Espírito Santo
sussurrava verdades para mim.
Assistindo uma pregação da Junia Hayashi compreendi o valor da submissão.
Conhecendo mais da Camila Barros, enxerguei que existe muita força na mulher de Deus.
Pra. Tania Tereza ministrou ao meu coração sobre a mulher virtuosa que é boa esposa e
mãe. Conheci Maria Luquet e as palavras dela sobre sexo antes do casamento e aborto
nunca mais saíram da minha mente. Ouvi Jackeline Hayashi e Ana Caroline Campagnolo
falando sobre feminismo e foi como se eu nunca tivesse sido parte do movimento antes.
Lendo o livro “Pensamentos Secretos de uma Convertida Improvável” da autora Rosaria
Champagne Butterfield, entendi pecados sexuais por uma nova ótica. Lendo “Pureza é
Poder”, de Lisa Bevere, desejei profundamente viver uma vida pura e em santidade. Estes
são apenas alguns dos inúmeros exemplos de tantas mulheres que impactaram minha vida
e me ajudaram nessa caminhada de enxergar as coisas pela perspectiva bíblica. Na minha
vida intima e pessoal conheci também mulheres inesquecíveis, que marcaram minha
jornada e até hoje são exemplos de feminilidade bíblica para mim.
Cada um dos degraus que eu subi enquanto deixava o Senhor me convencer
vi uma nova história sendo escrita sobre a humanidade e tantas mentiras caindo
diante de mim. Tudo que antes parecia claro e transparente como a água, tinha recebido
o toque de Jesus e eu enxergava quanta sujeira existia nas coisas que pareciam justas e
honestas.
Era como se, mais uma vez depois do meu encontro com Jesus, tudo que antes eu
via em tons de sépia, agora ganhavam cores lindas, vivas e muito saturadas.
Como pode alguém andar cego acreditando que enxerga perfeitamente?
Pensar em como minha mente foi doutrinada desde criança pela sociedade, e em
como eu vesti rótulos e me agarrei em bandeiras fajutas e mentirosas, genuinamente me
parte o coração. Pensar na Vitoria do passado, confusa e amedrontada, tentando
desesperadamente viver de maneira empoderada, vejo o quanto satanás tem avançado em
seu ardiloso plano de destruição. Ele veio para matar, roubar e destruir (João 10:10). Mas
O único que é a Verdade já venceu essa batalha. E eu me lembro exatamente como foi
ver cada um dos postes de idolatria da minha vida caírem – e ainda os vejo desmoronar
porque, meu Deus, existem muitos.
A oração perigosa que eu fiz aquele dia ajoelhada em meu quarto, vez ou outra
me volta à memória quando ainda tento me vestir com vestes do mundo, enquanto o
Senhor tem novas vestes para mim. Eu me lembro dela e sou afirmada na Verdade de que
eu escolhi, decidi e pedi para que o Senhor me revelasse o coração Dele.
Quando eu escolho um desejo passageiro e desimportante, enquanto Deus sacode
para mim um lindo vestido branco e imaculado, percebo que a luta continua sempre.
Quando eu ainda quero dominar sobre a minha própria vida e sentar no trono do meu
coração, ouço o Senhor docemente me chamando para perto e me lembrando que,
enquanto eu estava sentada como rainha de mim, eu só me machuquei e feri todos ao meu
redor. Quando Ele está no lugar dele – o de Rei -, percebo o impacto que uma vida tocada
pelo Seu agir causa por onde vai.
Receber o convencimento da justiça, do pecado e do juízo, muitas vezes faz com
que caiamos no prepotente achismo de que somos capazes de convencer alguém perto de
nós das mesmas coisas das quais já fomos convencidos.
Caí algumas vezes nesta bobagem de pensar que alguma palavra minha seria
capaz de mudar a mente de alguém – e saí ferida, ou feri, em todas as vezes que agi
por este pensamento. Entendo que, com este livro, abro espaço para diálogo e reflexão
a partir da minha história, porém, não tenho a menor intenção de te convencer, minha
irmã e amiga, de qualquer coisa da qual eu acredito. Sei bem que o Único capaz de
convencer alguém é o Espírito Santo (João 16:7-11) – porque somente Ele foi capaz de
me convencer. Por isso, te aviso que as próximas páginas estão cheias de Verdades
bíblicas que confrontam os padrões mundanos e, talvez, se seu coração estiver pendendo
para outros caminhos, você se indigne e me odeie lendo algumas delas.
Porém, eu acredito – principalmente porque é bíblico - que Deus nos chama para
participar com Ele do avanço do Reino, e que Ele pode escolher qualquer pessoa, objeto
ou circunstância para auxiliá-Lo no processo de alguém, assim como Ele usou Ananias
para curar a cegueira de Paulo (At 9:11-19) e, um exemplo ainda mais surpreendente, o
da mula de Balaão falando com ele para dizer por onde o profeta não deveria ir (Nm
22:21-35).
Sei que o espírito da profecia é o testemunho de Jesus (Ap 19:10) e que contar o
que Ele fez abre espaço para que aconteça de novo e, por isso, jamais deixarei de contar
minha história e o quanto eu pude sentir cada uma das correntes que me prendiam sendo
quebradas – ou melhor, destruídas - pelo poderoso agir de Deus.
Orações ousadas são muito perigosas porque Deus as ouve e pode mudar tudo
a partir delas. Eu sei porque foi isso exatamente isso que eu vivi.
A mentira do feminismo

Se você tem entre 15 e 30 anos e, nos últimos cinco anos, não flertou com o
feminismo, talvez você não tenha coração. Qualquer mulher com acesso à internet e
opiniões próprias, com certeza, em algum momento nos últimos anos, ouviu sobre o
movimento e sentiu o coração quentinho. Acredito que você tenha ouvido as propagandas
mais conhecidas e pensado: “como eu não conheci isso antes? É isso! Não tem outra
resposta. Eu preciso do feminismo. Eu devo muito a ele!”.
Se você pensou essas coisas – ou ainda pensa e agora mesmo está confusa ou com
raiva de mim – bem-vinda ao clube!
Eu achei por muitos anos que tinha encontrado em slogans chamativos e cheios
de frases bonitas a resposta para a pergunta de um milhão de dólares. Não é mimimi!
Direitos iguais! Meu corpo, minhas regras! Não se nasce mulher, torna-se mulher!
Gênero é uma construção social! Eu não mereço ser estuprada! Eu posso ser quem eu
quiser! Salários iguais! Se eu uso calças e posso votar e trabalhar, é pelo feminismo! Nós
temos direito de não engravidar! Liberdade sexual é empoderamento! Abaixo ao
patriarcado! Submissão jamais! O casamento é opressor! Todos deveriam ser feministas!
Não me dê flores, me dê respeito! Sim, nós podemos! Lugar de mulher é onde ela quiser!
Os homens explicam tudo para mim!
Eu chacoalhei bandeiras, gritei nas ruas, briguei em bares, fiz amigas que
defendiam as mesmas coisas, fui às urnas com estes pensamentos, vivi a famosa liberdade
sexual, me posicionei em debates universitários à favor do aborto, não deixei homens
falarem por mim e os coloquei no que eu pensava ser o lugar deles, dominei meus
relacionamentos, me posicionei contra meus pais que discordavam de mim, falei
palavrões e mostrei meu corpo, odiei a sociedade burguesa machista e opressora, me
revoltei contra o sistema, pensei em jamais me casar, fiz textões no Facebook, Tweets
meus viralizaram e até postei um vídeo de vinte minutos (usando bandana vermelha,
camisa jeans e fazendo a pose do braço, sabe?) com mil informações sobre o movimento
- sem nenhum embasamento bibliográfico - no YouTube. Eu fiz tudo isso e muito mais.
(Mas, graças a Deus, ainda muito menos do que eu poderia ter feito).
Mas hoje, se eu pudesse, voltaria alguns anos no tempo e chamaria aquela Vitoria
para um café – e faria o que ninguém fez com ela. Enxergaria as feridas e as cicatrizes
que ninguém mais via porque ela escondia. E é o que eu gostaria de fazer com você, ou,
se não for o seu caso, com tantas outras que são como eu era.
Pensando nas frases que eu tanto repeti, como “você não sabe o que é
feminismo” (sem jamais ter lido um artigo sequer de alguma pensadora do movimento),
reflito sobre como a internet tem um poder destrutivo de fazer com que pessoas
ignorantes se achem grandes sábias enquanto fazem chacota e cancelam quem elas
consideram burras.
Tinha um grupo de meninas evangélicas na minha sala da faculdade. Elas eram
inseparáveis, se vestiam com os costumes da sua denominação e não se aproximavam
muito de mim. Lembro que eu e meu grupo de amigas, cheio de prepotência intelectual,
costumávamos rir delas nos corredores quando elas passavam por nós. Nosso discurso
feminista, cheio de sororidade, era esquecido quando se tratava delas. Observávamos suas
vidas, tão pacatas e normais em seus casamentos e namoros puritanos, e pensávamos,
com pesar, o quanto elas deveriam ser infelizes, frígidas e oprimidas por seus respectivos
companheiros.
Quando me converti, no final do meu curso na faculdade, na primeira
oportunidade que tiveram, meus amigos riram da minha fé e disseram que eu estava
ficando louca. Quando eu não conseguia mais me enturmar com eles e seus assuntos,
acabei ficando mais na minha – apesar de nunca ter realmente brigado com eles, nossa
amizade esfriou e ficou muito distante. Uma vez, ao me verem lendo sem companhia no
intervalo, as meninas evangélicas da minha turma se sentaram comigo. Puxaram assunto,
me perguntaram da minha conversão, me deram apoio, celebraram e não me deixaram
sozinha.
O discurso da sororidade que minhas antigas amigas carregavam (e eu
também), incluía apenas as mulheres que pensavam como elas. E eu precisei ver isso
aplicado em mim para entender. Demorei para ligar esse pensamento ao feminismo, mas,
estudando o movimento à fundo anos depois, me lembrei desse ocorrido – que eu descobri
que não foi algo isolado.
Um dos principais “modus operandi” do movimento é, justamente, unir mulheres
que pensam exatamente igual e seguem a mesma agenda progressista, desacreditando
totalmente que é possível ser inteligente e não ser feminista ao mesmo tempo. É um
pensamento que foi amplamente disseminado entre os extremos políticos (tanto de direita,
quanto de esquerda) e, especificamente mencionando a agenda esquerdista, faz parte de
todos os movimentos ideológicos que pertencem a ela.
Decidi iniciar meus estudos feministas em 2021 e, já convencida de que ele não
poderia andar junto ao cristianismo, acabei descobrindo também que, num geral, o
movimento não trouxe feitos positivos, avanço social e desenvolvimento para as
mulheres. Nem fez muita coisa por nós, uma vez que a grande maioria das suas pautas
cercam a revolução sexual, a ideologia de gênero, o avanço político progressista e a
destruição da família heterossexual e do casamento.
Eu poderia citar inúmeras das mentiras que descobri enquanto fazias minhas
pesquisas e lia inúmeros livros, mas, este não é meu intuito aqui. O primeiro livro que eu
li acerca deste tema foi um favorável ao movimento, sendo conhecido como a bíblia deste.
“O Segundo Sexo” de Simone de Beauvoir, foi uma das publicações mais importantes
sobre o feminismo, e dirige até hoje a coluna vertebral do movimento. Feministas liberais
ou radicais, mesmo sempre discordando entre si em muitos temas – principalmente
ideológicos – concordam nas pautas mais importantes, todas elas sendo pouco ou muito
endossadas por Beauvoir.
A francesa, que foi parceira sexual do filósofo, também francês, Jean-Paul Sartre
por anos, aliciou menores com seu parceiro, foi acusada mais de uma vez por crimes de
pedofilia e jamais se importou com mulher nenhuma, uma vez que abusou de inúmeras
sexualmente e psicologicamente por décadas. Mas não estou aqui para falar de passado
de feminista nenhuma, nem para apontar as inúmeras ideias descabidas e fajutas do
movimento. Eu poderia sim citar algumas delas, como a grande falácia acerca do sufrágio
feminino, vendida por conquista enquanto foi uma concessão dada por homens, para uma
estratégia política, sem nenhum tipo de igualdade entre os sexos.
Igualdade seria ver homens e mulheres sendo igualmente tratados, mas não foi
isso que aconteceu. Com o direito ao voto concedido, mulher nenhuma foi obrigada a se
alistar, enquanto todos os homens que votavam na época tinham o direito ao voto apenas
porque prestavam serviço militar ao Estado. Se é para celebrarmos a concessão, que seja
pelo o que ela representou na época; não faz sentido algum alinhá-la à vitória na jornada
pela igualdade dos sexos, uma vez que isso não aconteceu.
Outra falácia é a de que mulheres podem trabalhar por conta do feminismo:
mulheres entraram no mercado de trabalho por necessidade social e, principalmente,
porque homens foram para a guerra e as fábricas ficaram vazias. Mulheres pobres sempre
trabalharam e não acredito que pobreza seja conquista do feminismo. As calças? Nada de
feminismo também. Essa informação, inclusive, ganhei na faculdade de moda, na aula de
História da Moda, com uma professora militante feminista. Ela, doutora em História por
uma famosa universidade da Europa, nos contou de onde vieram as calças femininas: da
necessidade de melhor mobilidade e segurança para o trabalho industrial. Era muito difícil
trabalhar nas fábricas com saias e vestidos – além de perigoso.
Simone de Beauvoir, no livro o Segundo Sexo, metralha absurdos incoerentes e
anticientíficos, como a própria ideia de que o sexo é construído socialmente e ninguém
nasce mulher, torna-se. A não ser que a biologia esteja errada e a ciência seja burra, apenas
mulheres engravidam, menstruam, tem ovários, glândulas mamárias e um órgão
reprodutor totalmente diferente do masculino. A natureza inteira, plantas e animais, é
formada por machos e fêmeas, mas foi a Simone de Beauvoir que estava certa e
revolucionou a sociedade que conhecemos ao dizer que construímos isso socialmente.
Talvez as cadelinhas, as leoas, as galinhas e as gatas decidam apenas na adolescência que
queiram ser fêmeas também, e se rebelem contra o patriarcado social que existe entre os
bichos.
Outro absurdo da autora, citado no mesmo livro mencionado acima, é a gravidez
e a maternidade como um trabalho escravo e doentio, que suga o corpo das mulheres e o
destrói aos poucos. Penso sinceramente o que seria do mundo se todas as mulheres
caíssem na fábula do feminismo e decidissem não ter mais filhos. Em quanto tempo
nossa sociedade acabaria? Todas as mulheres que afirmaram que a maternidade é
ingrata e não deveria ser vivida, esqueceram que elas tiveram uma mãe. Todas elas
nasceram de mulheres que viveram suas gestações até o fim. E nenhuma existiria se
suas mães tivessem vivido as leis do feminismo, vivendo a corrompida, irresponsável e
danosa liberdade sexual, matando seus bebês inocentes no ventre em busca de liberdade
sobre seus corpos.
“Feminista: uma pessoa que acredita na igualdade social, política e econômica
entre os sexos” é uma frase da autora feminista Chimamanda Ngozi Adichie, amplamente
conhecida, repetida na internet e utilizada por grandes personalidades, como Beyoncé em
suas apresentações. Apesar de ser uma frase bastante reconhecida como definição do
movimento, a mesma seria irreconhecível às autoras que galgaram o feminismo durante
os anos e realmente o levaram para frente. Simone de Beauvoir, Betty Friedan, Margaret
Sanger e tantas outras que realmente fizeram algo pelo movimento, não concordariam
com a frase de Chimamanda, uma vez que o mito da igualdade jamais foi uma pauta
desejada pelo movimento. Muito pelo contrário: o feminismo sempre desejou privilégios.
Eu não tenho nenhuma intenção de fazer deste livro uma publicação teórica ou
rebuscada, cheia de bibliografia para te convencer de alguma coisa e, muito menos, algo
sobre o feminismo. Eu quero te convidar a estudar, como eu fiz, e conhecer o movimento
por você mesma – e deixarei ao final inúmeras indicações de leituras pró e contra o
feminismo, para que você não pereça por falta de conhecimento e tome suas próprias
decisões.
Não estou aqui para fazer o mesmo que as feministas e militar contra alguma coisa.
Eu estou aqui para contar minha história, te falar de Jesus e do livro que realmente mudou
a minha vida: a bíblia. Não me importa o que elas disseram, me importa o que meu Deus
diz, e como tem espaço na casa do Pai para elas, e para você, também. Quero te abraçar
e te afirmar, agora mesmo, com as palavras que eu queria ter lido quando comecei a
buscar por Deus.
Por isso, citarei a partir daqui as frases que escrevi no começo deste capítulo, e
irei apontar na bíblia o que ela diz sobre cada uma delas – menos sobre a submissão,
porque reservei um capítulo só sobre ela.

Direitos iguais!
Mulheres e homens não são iguais. Não somos iguais em nenhum nível, seja ele
biológico, psicológico, social, político ou religioso. Nossos corpos não são iguais e nossa
biologia funciona de forma diferente; homens e mulheres tem diferenças na sua
composição mais pura e intrínseca, que interfere em nossos sentimentos, na nossa forma
de agir, reagir, pensar e nos posicionar. Homens não menstruam nem engravidam, e este
ponto já é grande o suficiente para entendermos que é impossível termos direitos civis
iguais, porque nos comportamos de maneira diferente na sociedade e demandamos de
direitos diferentes nela. Pedir por direitos iguais é dizer que seria injusto a licença à
maternidade para as mães, por exemplo.
Na construção social do mundo, ainda na idade das cavernas, homens e mulheres
conviviam se encaixando com suas diferenças e fazendo o que cada um fazia de melhor.
Homens caçavam e mulheres desenvolviam alimentos a partir da caça dos homens. Se
essa formação já existia muito antes de sonharmos com a sociedade que conhecemos hoje,
seria correto então, aos padrões feministas, afirmar que o ser humano é naturalmente
machista? Se sim, que machismo é esse que nasceu dentro de nós e está na nossa
sociedade desde o início de tudo? O homem nasce machista enquanto, para o
feminismo, a mulher sequer nasce mulher? A mulher cozinhar e o homem caçar é,
realmente, algo machista? Ou é um pensamento que foi construído a partir de um olhar
recortado dentro de um grupo seleto de pessoas e que diz respeito à visão de mundo deste
grupo?
Diante de Deus, homens e mulheres não são iguais porque realmente não somos.
Nos comportamos de maneira completamente diferente em todos os âmbitos. Mas, para
Deus criador, somos igualmente amados, respeitados, escolhidos e chamados por Ele
para vivermos seus propósitos culturais, levando o Reino de Deus na Terra. Jesus
morreu na cruz para redimir a humanidade; homens e mulheres. Homens e mulheres
carecem igualmente da Graça de Deus, porque somos iguais em uma coisa: somos
pecadores e necessitados do Senhor.

Meu corpo, minhas regras


A mulher cristã jamais será dona do próprio corpo. Assim como o homem cristão
também não será.
Em 1 Coríntios 6:19 podemos ler: “Acaso não sabem que o corpo de vocês é
santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês
não são de vocês mesmos?”. Esta afirmação é bastante confusa para quem está com os
olhos tomados pelas lentes do secular que tanto perverte e distorce o sagrado. Essa ideia
maluca de que ser dona do próprio corpo é dá-lo, perverte-lo e vende-lo à bel-prazer é
totalmente incoerente com os princípios bíblicos. Conhecer o Senhor é abrir espaço no
nosso coração para que Ele nos transforme, e recebemos o presente e a dádiva divina que
é sermos habitação para o próprio Deus na terra.
“O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da
terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas” Atos 17:24. A mais rica e
ornamentada Igreja jamais seria capaz de conter e servir de habitação para o Deus do
universo. Ele escolheu habitar naquilo que Ele mesmo criou: eu e você.
A humanidade cabe no Eterno porque fomos feitos para ele, e somos remidos do
pecado pelo sangue de Jesus, enquanto templos construídos por homens jamais conteriam
Seu tamanho. Ser dona do meu corpo significa dá-lo completamente ao meu Senhor, que
deu tudo por mim. Santificá-lo para me achegar ao meu Deus que é Santo, é o que contém
as regras do meu corpo.

Não se nasce mulher, torna-se mulher & o gênero é uma construção social
A ideia da ideologia de gênero é completamente antibíblica, anticientífica e
irracional quando a estudamos à fundo. Nossa sociedade está adoecendo, e cada vez mais
ouviremos novos absurdos que serão interpretados como normalidade – e ai de quem
discordar! O cancelamento em massa é sentença absoluta e certeira.
A luta contra a biologia tem tomado proporções astronômicas e, definitivamente,
inacreditáveis. Dizer que ser mulher é uma construção social é afirmar que Deus erra.
Que órgãos genitais são meramente ilustrativos e que poderíamos transformar cadelinhas
em cachorros machos se assim desejássemos - mas aí os defensores dos animais surtariam
e aquele que assim fizesse seria imediatamente processado por maus tratos. Por que tratar
corpos humanos assim não é considerado maus tratos?
Homem e mulher são feitos à imagem e semelhança de Deus, e foi somente
quando o Senhor criou ambos os sexos que viu que tudo o que Ele fez era muito bom.
(Genesis 1:27). Mulher nasce mulher e não se torna enquanto vive, porque existe sopro
de Deus correndo nos meus e nos seus pulmões, e porque Ele nos desenhou com Suas
mãos diretamente no barro. Ele não errou. Você não é um erro e nem está no lugar errado.
O mundo mente para você e satanás toca a música enquanto você dança a coreografia
mentirosa que as ideologias estão te ensinando, você vira um palhaço rebolando enquanto
uma multidão carniceira e infeliz te aplaude sem saber que estão todos no mesmo buraco.
Estão te dizendo que sua felicidade está no seu corpo, ou nos seus órgãos genitais,
mas a verdade é que enquanto o Senhor não preencher o seu coração e tocar a sua vida, o
buraco aí dentro vai ficar ainda maior e seus desejos vão ficar cada vez mais confusos.
Nosso problema é muito mais sério, o problema do mundo é a falta de Deus, é não saber
que existe Um que é o dono do universo e o segura em Suas mãos, que parou tudo para
te criar. Ele te desejou completamente, te chamou pelo nome, te conheceu e te amou desde
o primeiro momento e continua te desejando.
Ele não errou. E você é completamente amada por Ele.

Eu não mereço ser estuprada


Essa afirmação é óbvia e completamente coerente. Mulher nenhuma, em situação
nenhuma, em rua nenhuma, com roupa nenhuma é merecedora de ser violada, roubada,
tomada e estuprada por homem nenhum. Entretanto, o problema dessa frase é o desespero
corporal de usar o que quiser para provar alguma coisa, porque voltamos ao mesmo
problema: o vazio da alma causa destruição completa.
Mulheres (e homens) feridas sempre vão precisar de mais um pretexto para se
provarem para alguém. Os movimentos ideológicos, quase sempre, têm a mesma raiz de
insatisfação pessoal que finda num estopim eufórico em um grupo de pessoas buscando
respostas. A falta de aceitação própria causa em nós um desespero para sermos aceitos
pelos outros. Se eu não aceito meu corpo, automaticamente eu vou precisar que todo
mundo o aceite, da forma que eu o desejar expor – e isso é explicado pela psicologia, mas
também facilmente observado na sociedade e em todos os grupos ideológicos.
Desejar ser visto e aceito é muito mais sobre o buraco dentro de nós do que sobre
o que as outras pessoas pensam ou deixam de pensar. Respeitar a vontade do indivíduo
desrespeitando os princípios da fé não é lutar contra a intolerância religiosa e o
preconceito, é justamente agir de maneira intolerante e desejar que todos pensem
exatamente como eles.
O estupro é injustificável e não acredito que, de nenhuma maneira, a vítima tenha
culpa do que viveu. Mas a militância contra o estupro não pode resultar em corpos nus,
ou completamente vulgarizados, sendo expostos em praça pública. A indignação com o
estupro precisa gerar em nós conscientização em ensinar homens a amarem as
mulheres, mas não em transformar mulheres em bandeiras revoltadas e
machucadas. Eu conheço a ferida que um estupro causa, e sei que ela só é curada quando
cuidada, não quando abrimos e cutucamos ainda mais o machucado.
Corpos feridos não podem ser mais expostos. Corpos feridos precisam ser
cuidados e valorizados, reconhecidos com o valor que eles têm. Infelizmente a cultura da
liberdade sexual gera nas mulheres, e nos homens, ainda mais desejo por corpos
vulgarizados e vistos. O escondido parece cada vez mais sem graça e sem valor.
Vemos cantoras feministas dançando quase nuas em seus shows. Insinuações constantes
de sexo em danças viralizadas na internet e crianças rebolando de biquíni nas redes
sociais. E aquelas que dizem lutar pelas mulheres, e que deveriam ser as primeiras
nos defendendo e protegendo, são as que estão atrás das câmeras pedindo por mais.
Mulheres nuas não geram respeito e admiração nos homens. Mulheres nuas se
vendem como pedaços de carne e são vistas pelos homens com mais desejo. Homens
apoiam o feminismo porque amam o que ele dá para eles: mais corpos nus. Toda ação
tem uma reação; e os homens cheios de perversidade estão aplaudindo enquanto as
militantes queimam seus sutiãs.

Lugar de mulher é onde ela quiser


Sim. Exatamente! Pena que o feminismo não pensa assim. Betty Friedan, autora
de “A Mística Feminina” é a primeira feminista a escrever sobre a jornada da dona de
casa e a elencar esta função como trabalho. Seu livro marcou a história do movimento e
é usado até hoje por militantes para endossar posicionamentos acerca da mulher digna
buscar apenas o trabalho fora de casa, e não dentro dela.
A autora acusa o trabalho doméstico de escravidão em seu livro publicado em
1963, e afirma que a condição da dona de casa é tão perigosa para a saúde mental da
mulher quanto viver em um campo de concentração nazista. A afirmação feminista da
necessidade da autossuficiência da mulher e da não necessidade de se casar e ter filhos é
sempre ironicamente ligada à necessidade de um cuidado estatal absurdo. Friedan chama
donas de casa de desmioladas e sedentas, fracas e débeis em questões intelectuais.
Enquanto na bíblia lemos, em Provérbios 31, sobre a mulher vituosa que é esposa,
mãe, chefe, agricultora, costureira, boa líder, investidora, forte, bondosa, comerciante,
sábia e muitas outras coisas, vemos o feminismo afirmando que a única coisa que
dignifica uma mulher é trabalhar fora de casa. Infelizmente as mulheres que desejam viver
como mães e esposas, donas de suas casas e cuidadoras dos seus lares, jamais seriam
admiradas e aplaudidas pelo movimento. Simone de Beauvoir, em sua famosa publicação
O Segundo Sexo, diz que nenhuma mulher deveria ter a escolha de ficar em casa, porque,
definitivamente, muitas escolheriam isso.
O feminismo acolhe todas as mulheres que pensam como ele, e as defende
buscando seus direitos iguais privilegiados se elas forem militantes de esquerda. A
feminista que é mãe, só tem voz e é acolhida se for divorciada ou mãe solo, adepta à vida
sexual promiscua, bissexual, Lula livre e tão machucada pelos homens que hoje odeia
todos eles. Infelizmente, a dona de casa, esposa feliz e mãe apaixonada, que faz mesa
posta e sonha com os netos, jamais será bem quista entre as adeptas do movimento. Por
outro lado, duvido muito que uma mulher assim algum dia flertaria com as ideias do
feminismo.
Diferente do que eu pensava, encontrei na bíblia mulheres sendo o que elas
queriam ser. Temos mulheres juízas que mudaram o destino do seu povo (Déborah),
temos profetisas apaixonadas por Deus e influentes na igreja (Miriã e Ana), discípulas
apaixonadas que largaram tudo para seguir Jesus (Maria Madalena, Priscila), evangelistas
que influenciaram uma cidade inteira (mulher samaritana de João 4), costureiras bem
sucedidas amadas pelos seus (Dorcas), empreendedoras de sucesso (Lídia), líderes que
influenciaram nações (Sarah), mulheres com passados horríveis que deram a volta por
cima e ganharam o respeito da sociedade (Raabe), trabalhadoras que sustentaram seus
lares (Rute), rainhas corajosas que salvaram seu povo (Ester) e muitos outros exemplos
de que Deus ama a individualidade de cada uma de nós e nos chamou para tantas
coisas lindas e cheias de propósito.
A minha escolha de estar na internet e empreender é tão honrada para Deus como
a da minha mãe que largou tudo para amar meu pai, eu e meu irmão e edificar o nosso
lar, assim como a sua de estudar, trabalhar ou o que quer que você esteja decidindo para
a sua vida. Somos plurais e somos chamadas para inúmeras coisas! E teremos sucesso e
bênçãos nestes caminhos, desde que nosso coração esteja no Senhor, que irá nos amparar
e sustentar. Nosso lugar é bem no centro da vontade de Deus, onde seremos cuidadas e
amadas do jeito que nascemos para ser.

O direito de não engravidar


O corpo feminino foi feito para gerar, e quão linda e perfeita é a reprodução
humana. Quando o sexo foi banalizado e a sua função principal perdeu o valor (a
reprodução), vemos a confusão tomando os relacionamentos e a gravidez se tornando um
peso diante do egoísmo humano.
Com as afirmações feministas de que a gravidez traz dor e não alegria, vemos
quão longe chega o plano de satanás de acabar com o plano perfeito de Deus. A
disseminação do aborto e o desejo desesperado de controlar todas as coisas, nos
mostram que a inversão de valores roubou a importância da única forma que nós
seres humanos temos de criar algo totalmente novo e tocar o processo da vida. Tudo
feito pelas nossas mãos tem um toque de algo já existente – e nada é criado do nada. Mas
o sexo pode fazer algo que somente Deus faz: a vida, que nasce de algo que ainda não
existia e, alguém que não vivia, passa a viver do nada. Da união de seres que são a imagem
e semelhança de seu Criador, criando algo também à imagem e semelhança Dele.
Ver a gravidez como um direito é corromper a dádiva da vida. É achar que
podemos criar algo porque somos suficientes em nós mesmos, enquanto na verdade a
gravidez é mais uma rendição total do homem ao controle de Deus. Quantas histórias
conhecemos de casais apaixonados que nunca engravidam, enquanto adolescentes,
mesmo usando contraceptivos, engravidam na primeira relação sexual? A vontade da
vida é totalmente de Deus – e mesmo não a compreendendo, só somos capazes de
impedi-la tentando matá-la depois de feita; e mesmo assim não existe certeza completa,
porque nem o aborto é ciência exata, e eu tenho uma amiga, de 25 anos, viva e saudável,
que a sua mãe tentou matá-la quando ela ainda estava em seu ventre.
Não tenho respostas sobre não querer ter filhos ser errado (ou pecado) ou não à
luz da bíblia, mas sei que filhos são presentes, dádivas de Deus e que Ele não trabalha no
individual e nem em histórias únicas.
Deus é geracional e vemos isso por toda a bíblia, com Abraão, Isaque e Jacó e
muitos outros exemplos. A genealogia importa para Deus e sempre aprendemos muito
estudando a história das famílias e como Deus continua operando grandes feitos geração
após geração. Crianças são o futuro do mundo; crianças corrompidas pelo imoral farão
do futuro um lugar infernal para se viver, enquanto crianças tocadas pelo Eterno, cheias
de princípios e valores e apaixonadas por Jesus levarão transformação, esperança, amor
e o avanço do Reino na terra.
Gerar uma vida é dádiva de Deus, e mesmo nas piores circunstancias e mais tristes
realidades, vejo a vida como uma flecha de esperança e boas novas. Assisti
recentemente uma reportagem sobre o terrível acontecimento dos deslizamentos e fortes
chuvas em Petrópolis-RJ e a situação triste dos moradores da cidade, e uma declaração
chamou minha atenção: o jornal que eu acompanhava registrou o nascimento de um bebê
que veio ao mundo dentro de uma escola enquanto sua mãe se refugiava, fugindo do
desabamento da sua própria casa.
Emocionado, o jornalista e ancora do jornal, agnóstico, declarou que, com o choro
daquele bebezinho, uma esperança nascia na cidade de Petrópolis. Se um homem sem fé
pode ver em um recém-nascido a esperança do amanhã, quão mais beleza não verá
o Senhor nos filhos do seu povo?

Liberdade sexual é empoderamento


A mentira da liberdade sexual aprisiona mulheres há décadas, e vem destruindo
famílias e lares todos os anos. Apesar de ser uma pauta de conflito entre o feminismo
radical e o liberal, vemos ambos os lados lutando, de maneira deliberada, pela valorização
do corpo nu feminino.
Vemos o feminismo prometendo satisfação às mulheres que se libertarem
sexualmente e se entregarem aos prazeres carnais imoderados, mas a triste realidade
resultante são adolescentes abortando, famílias desmazeladas, altos índices de
crescimentos de DST’s e tantos outros problemas sociais.
A ideia de que quanto mais se faz sexo, mais livre o indivíduo é, tem aprisionado
pessoas por todos os lugares do mundo, e corrompendo menores de idade que não sabem
o que estão fazendo.
Enquanto a bíblia valoriza o sexo e o vê como ato de santidade matrimonial que
configura o casamento como tal, vemos o mundo transformando o sexo na moeda mais
desvalorizada existente. Em Hebreus 13:4 lemos “honrado seja entre todos o matrimônio
e o leito sem mácula”, e se assim é dito é porque existe um motivo.
Existe algo separado para cada tempo, e apenas no tempo do casamento que se é
preparado para que o corpo do homem seja da sua esposa e o da esposa seja do seu marido
(1 Co 7:1-7). Para Deus, o sexo é o casamento – e casamento sem sexo ganha legalidade
diante de satanás (1 Co 7:5) – porque a aliança gerada é intima ao ponto de fazer de dois,
um. Dois que viram um diante de Deus. A beleza do sexo foi rompida para o mundo, e a
principal função deste ato se perdeu completamente, visto a necessidade de se
“desengravidarem” à torto e a direito.
As pessoas querem ter acesso ao corpo do outro, mas não ter nenhum
compromisso. O prazer sexual se tornou irracional de tal modo que homens e
mulheres agem como animais, deixando para trás toda a racionalidade e se
entregando à paixões carnais como se não houvesse amanhã. Adolescentes querem
fazer sexo – mas não querem ter filhos. Quando foi que se desligou o ato sexual da
principal função dele, a reprodutora?
O prazer sexual é o grande bônus da reprodução humana, dado por Deus para que
homem e mulher se aproveitem e aproximem-se. No mundo, quando o sexo acaba, o
relacionamento acaba também. Quando na verdade um relacionamento humano deveria
se desenvolver a partir de quem os indivíduos são, pelo amor que nasce pelo interesse
pessoal, e não pelo desejo da carne – que é trocado por outro corpo assim que o último
perde a graça.
Mulher nenhuma é empoderada enquanto se desnuda diante de um homem
que sequer vai se lembrar do nome dela semanas depois. A vergonha dessa geração é
vista como poder da mulher, mas todos saem perdendo no final, homens e mulheres.

Os homens explicam tudo para mim


O maior erro do feminismo é ter perdido o entendimento logo no começo – ou,
nunca tê-lo conqusitado. O problema das mulheres nunca foi o homem e nem o
machismo. Aliás, o machismo é sim um grande problema, mas não é o grande vilão. O
nosso erro – meu também – é não identificarmos contra o que realmente lutamos, e nos
perdermos, confusas, no meio do caminho, brigando com postes inanimados e livres de
culpa enquanto o verdadeiro problema está bem diante de nós.
Sermos tratadas com injustiça, diferença e machismo é fruto de algo que está em
mim e em você – e em todos os homens do mundo, até os que não são machistas. A
guerra entre os sexos é resultado de uma humanidade caída, que jaz no maligno e se
perdeu no pecado - e não entendeu ainda que ele é o grande obstáculo. Homens
machistas são pecadores, assim como qualquer mulher é. Jesus não foi machista, assim
como a bíblia não é, mas os homens são. E devemos nos posicionar contra isso sempre
– assim como Jesus se posicionou também.
Quando um homem diminui uma mulher, o grande problema dele é o pecado que
o cega e faz com que ele esteja egoísta o suficiente para não se enxergar como miserável.
Este homem é tão necessitado da Graça de Deus como eu e você. Enquanto lutarmos
contra os problemas errados, não teremos solução nenhuma, e vamos, mais e mais, nos
machucar.
O feminismo confunde porque ele mascara o pecado individual e aponta para o
pecado do outro. Porque ele chama as mulheres para a raiz de todos os pecados, o orgulho,
e as rouba do colo de Deus, dizendo que a única resposta que elas precisam não está no
Salvador, mas em uma bandeira mundana cheia de manobras ideológicas.
A mulher feminista militante precisa desesperadamente de Jesus, assim como eu
preciso Dele. Assim como você precisa. Assim como o homem mais machista e ignorante
do seu trabalho.
Eu sigo firme e não mudo minha convicção de que a única resposta para esse
mundo caído é o nosso Senhor. Conhecer Jesus é o que todos nós precisamos. É o que
faria qualquer um abaixar suas armas e bandeiras e se curvar diante daquele que não
muda.
O buraco que existia em mim é o mesmo que existe nas mulheres feministas
e nos homens machistas; e o Único capaz de preenche-lo é Um. E, por isso, eu falo
tanto sobre o que falo, porque minha guerra não é contra o feminismo, mas contra os
principados e potestades desse mundo (Efésios 6:12), que cegaram tanto essas mulheres
e esses homens, que hoje acreditam que o céu não existe, enquanto ele está bem diante
dos seus olhos.
A submissão é leve

Começo este capítulo, que aborda o tema mais espinhoso para a Vitoria do
passado, afirmando alguns pontos que são importantes de ressaltar antes de qualquer coisa
(para garantir que você vai continuar lendo este capítulo). Mulher nenhuma é chamada
para ser submissa a todos os homens da terra; tampouco somos vistas como menores
ou menos importantes e capazes do que eles para nosso Deus. Mulheres não são
chamadas para serem submissas ao seu marido de forma cega e inconsequente, muito
menos a se casarem por obrigação, de maneira arranjada ou humilhada diante da vontade
dos seus familiares.
Partindo do pressuposto de que você, leitora, é solteira e jovem, escrevo as
próximas palavras orando para que elas te deem lucidez e te ajudem com sabedoria para
tomar suas decisões futuras – principalmente acerca do seu casamento. Para você, minha
querida amiga leitora que já é casada, e que por um acaso tenha uma história triste sobre
seu casamento, quero te lembrar do Deus que faz todas as coisas novas e que Nele
temos esperança o suficiente sabendo que Ele coloca carne e vida em um vale cheio de
ossos secos. Ele pode fazer reviver o amor no seu casamento e na sua história, e, ao final
deste capítulo, quero falar especificamente com você.
Cristo é a cabeça do corpo, que é a Igreja (Colossenses 1:8). Assim como Ele guia
a Igreja e une cada um dos seus membros para representa-la com unidade e amá-la
sacrificialmente, o homem é chamado para ser o cabeça da sua esposa (Efésios 5:23). Ser
o cabeça significa liderar e amar, dando direcionamento e proteção, assim como Cristo
faz com Sua noiva.
A submissão da Noiva ao Noivo significa respeito diante das decisões e convicção
de que ambos seguem o mesmo caminho, por isso, um pode seguir o outro. A missão no
casamento deve ser uma só, e dois andam para o mesmo lugar. Ainda em Efésios 5,
lemos que a mulher deve ser sujeita ao seu marido, assim como ambos são ao Senhor e,
antes desse versículo, Paulo afirma que o casal deve um sujeitar-se ao outro, juntos
temendo à Deus.
A submissão não é regra cega e ditatorial, onde a mulher abaixa a cabeça como
uma serva e obedece sem fazer perguntas, mas é uma caminhada onde a esposa confia
que seu marido, em primeiro lugar, se submete ao Senhor e, somente nessa
circunstância, ela se submete a ele.
Conhecendo hoje o que realmente é a submissão, não consigo imaginar alegria
maior do que ser auxiliadora de um homem apaixonado pelo Senhor e que busca Suas
vontades em primeiro lugar. Me submeter a um homem assim não seria peso algum, pelo
o contrário. Eu sei que somente um homem que ama Jesus e busca ser Seu discípulo me
amaria da forma com que Deus o chama para me amar: como Cristo amou Sua igreja, se
sacrificando por ela. O matrimonio é uma caminhada terrena de laço indissolúvel, onde
ambos fazem sacrifícios para o bem da família e para glorificar ao Senhor.
A família é o plano perfeito de Deus na terra, e um casal que ama a Jesus em
primeiro lugar, em tudo glorificará a Deus. Não ouso, nem por um segundo, pensar que
um casamento cristão é perfeito e sem problemas – porque sei que ele é formado por dois
pecadores que disseram sim. Mas reconhecer minhas misérias me faz muito mais
preparada para amar o outro apesar das suas, porque sei que ele é tão carente da Graça
de Deus quanto eu.
Em Genesis 1:28, o Senhor comissiona a humanidade – que naquele tempo era
apenas um casal – a dominar a terra, cuidando dos animais, territórios e todos os
elementos da criação. Se o próprio Deus confiou que a família era a melhor forma de
cuidar daquilo que Ele criou, eu jamais serei capaz de discordar. Sei que existe bondade
e perfeição na disposição da noiva com o noivo, porque assim Ele determinou.
Ao criar a mulher, Deus a chama de ajudadora para o homem (Gênesis 2:18). Essa
palavra muito assusta e logo espanta muitas mulheres confusas pelas óticas seculares, ao
de imediato relacionarem a ajuda com algo inferior ou serviçal, mas a realidade é oposta
disso. A palavra escolhida por Deus e dita sobre a mulher é no hebraico “ezer”, e significa
ajuda de força, sendo usada para se referir ao próprio Deus em inúmeras passagens do
antigo testamento.
Não acredito que em nenhuma forma Deus seja inferior ao Seu povo, e a palavra
ezer aparece na relação deles em muitos versículos, apontando Deus como a ajuda de
Israel, como podemos observar em “O Senhor está comigo entre os que me ajudam; por
isso, verei cumprido o meu desejo nos que me odeiam” (Salmos 118.7)
A mulher é o modo que Deus escolhe para finalizar a Criação e a tornar algo
“muito bom”. A ajudadora é o último ponto do agir de Deus na criação da Terra,
finalizando a perfeição desenhada por Ele.
Homem e mulher se encaixam perfeitamente em suas relações sociais, sexuais e
emocionais, e a mulher ser apontada como a ajuda de seu esposo é mais uma prova disso.
A reprodução humana é feita a partir do encaixe dos órgãos genitais feminino e
masculino, onde um foi feito para preencher o outro, e somente com dois diferentes se
produz uma vida. Sexo é para a reprodução humana, para a família, e o prazer é um bônus
dado como presente de Deus ao esposo e à esposa, homem e mulher.
Deus usou de um pedaço da costela de Adão para fazer Eva, sendo ela carne da
sua carne, e retirada do seu lado, não de partes baixas ou altas, um é parte do outro.
Complementares, companheiros, parceiros de vida e de caminhada. Família. A relação é
de respeito e companheirismo, onde um caminha de mãos dadas com o outro, olhando
juntos para o Alto. Um único propósito, uma única missão.
Saber que o casamento é a união de dois que vão para Um lugar, torna muito mais
fácil a compreensão dos motivos do jugo desigual ser tão doloroso e totalmente não
recomendado ao cristão. Paulo estava certo quando nos aconselhou a não nos colocarmos
em jugo desigual (2 Co 6:14), nos casando com descrentes, porque a caminhada é muito
difícil e dolorosa. Uma mulher cristã, conhecendo o valor do casamento e sabendo dos
anseios do coração de Deus acerca desta união e colocando o homem como o cabeça,
jamais seria respeitada, amada e protegida por seu marido descrente como Cristo faz com
Sua igreja.
Ser submissa a um homem que não é submisso à Deus deve ser uma das maiores
tristezas e flagelos da vida de uma mulher apaixonada pelo Senhor e que,
definitivamente, não recomendo de nenhuma maneira que nenhuma de nós se coloque
neste lugar consciente do que Deus fala acerca disso. Enquanto Jesus tira o peso do
nosso fardo e suaviza o nosso jugo, o mundo aumenta o peso e sobrecarrega o fardo,
e por isso não tem como dois andarem dividindo um jugo que não está nivelado. Eles
andarão em círculos, ou um cairá machucado no meio do caminho por não aguentar o
desnível.
A submissão se torna um fardo quando uma mulher se casa com um homem
sem propósito, que não sabe para onde está indo e não tem uma missão. Uma mulher
posicionada é podada por homens fracos, ou castra homens fortes de maneira
irresponsável. Jezabel e Acabe representam o melhor exemplo da Bíblia do que papéis
invertidos fazem com uma família e com a sociedade ao redor dela.
Jezabel, dominadora, manipuladora e orgulhosa, causa um terror na sua terra e seu
marido, Acabe, um homem fraco e dominado pela sua mulher, é morto de maneira
humilhante e seu corpo é comido pelos cachorros por conta dos erros da sua esposa. O
equilíbrio perfeito da relação humana é uma mulher apaixonada por Deus se casar com
um homem que busca agir como Jesus na Terra, e assim a submissão se torna leve e
prazerosa, porque o marido cuidará com amor da sua esposa e ela será sábia,
edificando seu lar e sua família.
Ambos os papéis são de extrema importância, e um não anda bem se o outro não
cuidar do que deve fazer. Deus conhece a dinâmica perfeita da família, e Sua forma de
posicionar homem e mulher é a receita de sucesso para criação de filhos, edificação do
lar e avanço do Reino na Terra.
Uma mulher que conhece Jesus e sabe que o verdadeiro poder vem Dele, tem
influência para transformar a vida do seu marido, levando-o para lugares altos e dando
honra a ele, como lemos em Provérbios 31. Enquanto a mulher tola destrói seu lar,
como fez Jezabel, a mulher sábia edifica sua casa e protege os seus, cuidando deles
com zelo e amor. Deus nos deu esse poder e esse chamado para dentro das nossa famílias.
Sermos submissos à Cristo nunca será pesado, e a submissão à luz da Bíblia
também não. O egoísmo do mundo deturpou a verdade sobre o casamento, assim como
satanás teve tanto êxito em confundir as famílias e fazer dos relacionamentos conjugais
tão doentios, machistas e abusivos. Mas não podemos continuar propagando mentiras e
dizendo que não existe amor, não existem bons casamentos e não temos mais esperança
para a família. Existe, existe, existe. E eu não vou deixar de acreditar naquilo que meu
Deus ama e acredita.
Eu e você, que ainda não casamos, temos nas mãos a dádiva de podermos escolher
nos casar com um homem temente a Deus. A nossa escolha de hoje vai mudar a história
dos nossos filhos e do nosso futuro. Escolher hoje estar com alguém que coloca o Senhor
em primeiro lugar, é a certeza de que teremos alguém que vai compreender, todos os dias,
o nosso valor, e, nas dificuldades, vai buscar em Deus, na rocha que é Jesus, a melhor
forma de passar pelas tempestades.
A você, minha querida, que se casou sem conhecer a Palavra ou que tantas coisas
aconteceram e hoje sequer imagina poder viver um casamento feliz, quero te dizer que eu
conheço o Deus que nós servimos e eu nunca O vi falhar. Não desista do seu marido e
da sua família, e, se não houver violência ou traição, não deixe de orar e de batalhar pela
mudança do seu esposo. Eu já vi milagres, reconciliações e transformações o suficiente
para saber que o Deus do impossível, apaixonado por família, pode mudar a história da
sua casa. Me coloco em oração com você e declaramos juntas em nome de Jesus que você
e a sua casa servirão juntos ao Senhor!
Bela, recatada e do lar

Quando Marcela Temer, em 2016, protagonizou uma matéria na Veja com o título
que nomeia este capítulo, me indignei. A comoção nacional que estas três palavras
causaram, marcou um período na internet que minha geração muito se lembra. Era o
grande boom dos millenials começando a se interessar por política e guerreando por suas
ideologias na internet. Ver uma mulher se intitular de maneira tão aparentemente machista
e ultrapassado, muito me incomodou naquele tempo. Pensei que talvez ela não entendesse
o que aquelas palavras faziam com a imagem dela, mas hoje vejo que quem não entendia
era eu.
Em Provérbios 31 lemos sobre a mulher virtuosa. Mulher esta que carrega o título
mais nobre que uma mulher poderia receber na época que o texto foi escrito, e que eu oro
muito para ser durante meus anos de vida. Quando não se conhece a bíblia, é muito fácil
pensar que ela diz inúmeros absurdos sobre o sexo feminino. É muito fácil, com as lentes
amorais do mundo, apontar para as escrituras e acusa-las de misoginia e machismo,
mas estudando à fundo a mulher virtuosa, é impossível não se surpreender com
tantas qualidades poderosas são dadas a esta mulher por este livro erroneamente
rotulado como machista.
Hoje, com meus quase vinte e cinco anos, reconheço que ainda tenho uma
caminhada gigantesca de aprendizado e conhecimento para adquirir. Assim como
Sócrates, mas muito inferior que ele, só sei que nada sei e me animo com a jornada que
ainda tenho pela frente. Diante dessa certeza de ainda muita falta de conhecimento, vejo
o que adquiri até aqui e enxergo o quanto falta, mas me alegro por já estar bem longe de
quem eu costumava ser. Nessa linha de pensamento, afirmo com exatidão que hoje eu
não me escandalizaria com a matéria sobre Marcela Temer. Eu reconheceria sim, o teor
sensacionalista e sedento por comoção do jornal, e filtraria este detalhe que talvez tenha
pesado a mão na forma de colocar a frase, mas a verdade é que, querendo ou não, eu fui
chamada por Deus para viver o belo, a pureza e a alegria do lar.
Não acho que amar a própria casa, cuidar dela e edifica-la seja um chamado
exclusivo para aquelas que tomaram para si a poderosa e pouco valorizada jornada de
donas de suas casas, cuidando dos seus filhos e de seu marido com tanto amor e zelo. A
verdade é que qualquer cidadão de bem, seja ele um executivo engravatado da Av.
Paulista ou uma universitária sem tempo do interior do Paraná, deveria amar sua casa e
cuidar dela com afinco porque, sinceramente? O lugar que vivemos é sempre reflexo
de quem somos e de como estamos por dentro. Uma casa feliz e cheia de vida com
certeza tem pessoas apaixonadas pela vida e cheias de fôlego, sejam elas empreendedoras
ou de fato donas de casa. Todos nós somos donos e donas de casa, mas o título, tão
deturpado por ideologias, roubou a dignidade das mulheres que se dedicam por suas
famílias.
Entretanto, por mais que o mundo as critique e as olhe com ar de dó e pena, Deus
nunca tirou delas o brilho e a formosura de serem apaixonadas por suas famílias e suas
casas. Edificar o lar é o dom da mulher sábia, e, como já vimos antes, quem destrói o
lugar que vive é a mulher tola. E se tem algo que eu tenho pavor de ser um dia, é uma
mulher tola; que, nos padrões de hoje, se chama de sábia e larga marido e filhos para
tentar a sorte de qualquer forma no mundo, não acompanha o crescimento dos filhos, não
os enxerga e acaba ferindo tanto seus pequenos, que se transformam em adolescentes
problemáticos e adultos mal-humorados, também destruindo seus casamentos por
priorizarem o mundo lá fora.
A beleza da vida está no Eterno. Sorte de quem viu isso cedo o suficiente.
Eu quero trabalhar. Quero viajar, conhecer o mundo, empreender e ter
possibilidades financeiras que vão me ajudar na caminhada. Quero mesmo ser uma
mulher de negócios, mas quero amar meu marido. Quero estar perto dele e sonhar os
sonhos dele – assim como sei que ele vai sonhar os meus também. Quero cozinhar para
cuidar dele e oferecer amor em forma de comida, quero me preocupar com as coisas que
ele se preocupa e passar suas camisas para que ele esteja sempre se sentindo cuidado. O
que ele vai fazer por mim? Descobrirei na jornada do casamento. Mas se eu entrar nele
apenas esperando algo, já sei que vou me frustrar. Deus me deu tudo e sacrificou Seu
Filho por mim, por isso hoje entendo com gratidão e alegria a linda forma de amar
sacrificando também. O casamento não é sobre a minha felicidade, mas sobre fazer
quem eu amo feliz – e honrar ao Senhor em cada etapa dele.
O Rei se fez servo e serviu. Lavou os pés dos seus discípulos e meu
comprometimento como de esposa e serva do Senhor será de servir meus filhos e meu
marido. Maior é o que serve (Marcos 10:43). A ótica humana de hierarquia não cabe na
matemática do Reino de Deus.
Quero ter meus hobbys e cuidar de mim durante minha vida, mas, ah meu Deus,
como eu quero cuidar dos meus filhos. Só de pensar já tenho os olhos marejados com a
esperança de ter, nos meus braços, a imagem e semelhança de Deus, proveniente do lindo
amor que eu viverei. Criar e educar uma criança no caminho deve ser a jornada mais
especial da vida de alguém, e eu mal posso esperar por isso.
Tenho certeza que na maternidade entenderei em novos níveis o sacrifício
verdadeiro e o amar sem esperar nada em troca. Acredito que as mães e os pais se
aproximam mais de Deus porque começam a entender mais do Seu amor por nós –
tão gigantesco e profundo. Oro e peço ao Senhor para que eu possa dedicar totalmente
meu tempo aos meus filhos bebês, e que o desejo do empreendimento fique do lado de
fora da porta de casa enquanto eles crescem e aprendem a viver. O que importa é o
Eterno e os prazeres da vida podem ser conquistados depois – ou antes, ou nunca.
Sem pressa. Ser “do lar” tem para mim um dos mais nobres significados – e como eu
admiro as mulheres que vivem assim. (Te amo, mãe! Obrigada)
O belo perdeu o valor no mundo, mas quão lindo é redescobri-lo aos padrões
de Deus. Tudo que Deus criou é bom e muito bom, e eu quero ter uma ótica que me ajude
a enxergar a vida desta forma. Eu quero ser bela. Quero ser tão cheia do Espírito Santo
que as pessoas ao meu redor sejam impactadas, e a alegria seja a formosura do meu rosto
(Provérbios 15:13). Pessoas felizes são belas. Se apaixonar por Deus nos enche de alegria,
e então reconhecemos o belo. O sexo matrimonial é belo. Os relacionamentos
interpessoais são belos. Até o trabalho pode ser belo.
Jesus redime toda a humanidade e também as coisas que tocamos; a arte humana,
corrompida e machucada, fere e confunde... enquanto os padrões de arte do Criador curam
almas vazias e feridas. Novelas, cinema, livros, música, exposições... imagine tudo isso
tocado pela beleza de Deus. O belo tem um novo significado e não é, jamais, relativo! Ele
é concreto, porque reflete Um. E assim fica fácil perceber onde estão aqueles que não
refletem a verdadeira beleza.
Contemplar o belo é, também, guardar meus olhos contra tudo que não o é.
Guardar nossos olhos puros exige de nós um entendimento de que a pureza vem de Deus
e é essencial para nosso coração. Buscar ao Senhor e contemplar Sua Santidade nos faz
reconhecer as impurezas que existem em nós, e então percebemos a necessidade de
sermos santos porque Ele é Santo (1 Pe 1:16).
Buscar a santidade é uma caminhada diária e não significa apenas não fazer sexo
antes do casamento, não se masturbar e não assistir pornografia. A santidade vai muito
além da pura sexualidade, mas na nossa mente, nossos olhos e em nosso coração. “Quem
chegará ao Senhor é quem é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma
à vaidade, nem jura enganosamente” (Salmos 24:3–4), e entendendo isso temos um
vislumbre da vida que precisamos levar. Vale a pena deixar para trás tudo para nos
aproximarmos de Deus, porque um minuto na Presença Dele é mais valioso do que todas
as outras coisas.
Vendar nossos olhos para cenas sensuais, temas que não revelam a beleza de Deus,
novelas, filmes e séries que não se posicionam com pureza é necessário e primordial. Para
quem teve a mente invadida pela pornografia, qualquer beijo cenográfico lembrará de
cenas muito mais sérias e sexuais. O padrão corrompido da moral tem nos oferecido
um banquete de imoralidade em todas as formas de entretenimento, e buscar ao
Senhor significa também filtrar tudo que vemos e consumimos.
Precisamos fugir das más conversações, das leituras eróticas e de tudo que trará
em nós impureza e pedras que nos atrapalharão na caminhada da santidade. Para mim, o
filtro pode ser um, enquanto para você o filtro é outro. Nós nos conhecemos e sabemos
até onde podemos andar, assim como Deus conhece também o nosso coração. Mas
precisamos andar longe, bem longe, do limite, jamais nos aproximando dele, porque a
queda é iminente.
A pergunta em nosso coração não deve ser “isso é pecado?” e sim “isso condiz
com o estilo de vida para Deus que eu desejo viver?”. Nós temos de Deus o quanto nós
buscamos Dele – Ele está disponível! Nós precisamos buscar este lugar e investir nesse
relacionamento, porque quanto mais puxarmos, mais receberemos, Deus é infinito e tem
infinitas coisas para nos encher e transbordar, por isso precisamos ir além no nosso estilo
de vida.
O dicionário descreve recatada por “Prudente; que se comporta com cuidado e
prudência. Modesta; que não ostenta suas próprias qualidades. [Figurado] Que não
aparece; que prefere estar oculto.” E, lendo este significado, entendo de maneira muito
mais profunda o que realmente esta palavra diz. Sermos prudentes e nos comportar
refletindo Deus é exatamente o que somos chamadas para ser. A modéstia é outro
ponto importante das escrituras, onde enxergamos o valor do corpo e a função das roupas
e as usamos para guardar o Templo do Espírito Santo. Não esperar que sejamos vistos,
mas sim Jesus em nós, é a forma de viver de qualquer cristão... Minha irmã, deveríamos
ser recatadas. E ser recatada não significa nos “segurarmos” ou privarmos, mas prudentes
com nosso modo de agir e nos comportar.
Eu sou falante, extrovertida, e sei que minha personalidade foi dada a mim por
Deus e que Ele se agrada do meu coração que contagia as pessoas com minha forma de
me portar. Mas sei também que posso fazer da minha personalidade a coisa mais
importante sobre mim, um ídolo na minha identidade, e perder o limite ao me render às
palhaçadas, esquecendo que o mais importante em mim é ser filha amada de Deus.
Filha amada de Deus precisa ser o maior traço da minha personalidade; que a partir dele
todas as outras coisas nascem.
Ser filha amada de Deus me dá a segurança de que eu não preciso ser o centro
das atenções, mas usar do meu dom de comunicação para voltar a atenção para Deus.
Que Ele cresça e eu diminua! (João 3:30). Porque a vida humana não pode ser individual
e egoísta, mas uma jornada de conhecer a Deus e fazê-Lo conhecido. É sobre Ele! É sobre
Ele! E oro para que meu coração, e o seu, todos os dias se alegre ainda mais em fazer de
tudo ao nosso redor sobre Deus, porque foi Ele quem nos deu tudo o que temos hoje e o
mais importante: Jesus.
Ser bela, recata e do lar, sinceramente, é uma das coisas mais bonitas que eu
poderia ser. A mulher virtuosa de Provérbios 31 foi, minha mãe é e eu desejo
ardentemente ser. Não com tom irônico, mas com a lente celestial da vida com Deus,
que faz de tudo muito mais bonito.
Lavada pelo sangue

Hoje, olhando para trás e percebendo meu caminhar de altos e baixos com Jesus,
percebo que mesmo eu tendo sido encontrada inconstante durante o caminho, não posso
dizer o mesmo sobre o meu Senhor e Seu amor por mim. Em nenhum momento Ele foi
inconstante ou me puniu porque eu havia deixado as ondas fortes me derrubarem. Nunca,
nenhuma vez, Ele me acusou com meu passado ou me chantageou me prometendo se
afastar de mim se eu não mudasse.
Talvez uma das coisas mais irresistíveis na caminhada com Ele seja
justamente a certeza inabalável de que Ele continuará aqui. Eu encontrei a única
rocha segura em que posso me abrigar. Diferente de todas as outras coisas que eu
experimentei antes Dele, Ele nunca mudou. Ele não me excluiu quando eu pensei
diferente Dele, não me bloqueou e me diminuiu, não me afastou menosprezando meu
valor e nunca mentiu para mim. Jesus é o mesmo que Ele era antes, e a minha confiança
de que Ele continuará sendo é o que me alegra e me empurra da cama todos os dias. Meu
amado me amou primeiro, e é por isso que eu dedico minha vida para amá-Lo mais e
mais. O Amor do calvário me conquistou de maneira irresistível e, vendo o próprio Deus
dando tudo por mim, não quis nada além de dar de volta tudo para Ele também.
Minha vida, meus sonhos, meu trabalho, meus relacionamentos, meus desejos,
meu corpo, meu futuro – e qualquer outra coisa que possa ganhar meus olhos em algum
momento – eu dou deliberadamente a Ele. Desejando apenas que, todos os dias, Ele me
encontre de novo. O meu Senhor, não tendo dívida nenhuma comigo e nenhuma
obrigação, e já tendo me presenteado com o seu melhor (Jesus), nunca deixa de vir quando
eu entro no quarto e chamo: “Pai!”. A paternidade de Deus curou minhas feridas,
transbordou meu ser, preencheu meus vazios, assegurou minha vida, afirmou minha
identidade e me deu um sonho de futuro Eterno.
Quando alguém me pergunta os motivos que me fizeram deixar tudo, confesso
que, apesar de ter respostas enormes, teológicas e cheias de profundidade – como pincelei
nestas páginas que você leu -, a única verdade que salta em meu peito, pula pela garganta
e se forma em minha língua é a convicção de que Jesus é tudo o que eu quero e tudo o
que eu tenho. E nada mais me importou desde que Ele me encontrou.
Nenhuma ideologia mundana mais tinha valor ou sedução; porque eu já tinha
provado delas e visto que eu continuava vazia e sem propósito. Nenhuma droga lícita ou
ilícita, explosão de prazer, desejos carnais ou materiais jamais seriam capazes de me dar
a profunda sensação de totalidade que corre por meu corpo quando sinto que Ele entrou
no quarto.
Uma piada que costumo fazer com meu namorado nos meus dias difíceis é que
“eu só preciso de cinco minutinhos com Deus para me resolver” – porque Ele é capaz de
me mudar por completo em tempo recorde. Sem Ele eu já não sei mais quem sou. Minha
alma encontrou o que ela tanto procurava porque eu, assim como você, não sou deste
mundo e nasci para ser eterna. O pó do qual fui feita só teve vida porque o Criador soprou
fôlego de vida em mim – e eu andava vagando procurando por Ele e nem sabia; até que
O encontrei.
Minha história foi escrita verdadeiramente a partir daquela quarta-feira de cinzas
do ano de 2019. Naquele dia meus pulmões foram cheios, meu coração bombeou o
sangue de uma maneira nova e meus olhos se abriram para algo que eu jamais
poderia deixar de ver desde então. São tantas as histórias que colecionei com Deus
neste tempo que talvez eu precise de muitos livros para contar um terço delas – e muitas
eu jamais compartilharia com outras pessoas, porque são só minhas e Dele.
Eu fui desejada antes de sequer sonhar conhecer Aquele que me desejava e, já no
ventre da minha mãe, como com o profeta Jeremias e como com você, meu Senhor me
escolheu (Jeremias 1). Como com Hagar junto à uma fonte de água no deserto (Genesis
16), conheci um Deus que me vê mesmo quando ninguém mais me via. Ouvi as mais
doces palavras sendo sussurradas para mim e encontrei Alguém que é O único caminho
possível (João 14:6).
Esse tipo de certeza não se ganha de maneira despropositada, mas por um unir
sobrenatural do Deus do universo com o espaço de tempo em que Ele escolheu para te
chamar; não tem acaso nenhum nisso. Não sei quando isso aconteceu com você, ou se
já aconteceu, mas te garanto que sua vida jamais poderá continuar a mesma. Ser tocada
pelo Rei e por Aquele que segura na ponta dos dedos a eternidade não pode deixar a nossa
vida da mesma forma.
Saber que existe Um que é infinitamente superior do que a famosa força que rege
tudo e que as celebridades costumam chamar de deus, é a revelação pela qual, eu e você,
nascemos para ter. Jesus, o próprio Deus, desceu na Terra, se humilhou, e tomou a
sentença da qual eu e você tínhamos a culpa, para que a minha e a sua história mudasse
para sempre e pudéssemos voltar em paz para Casa, nos reencontrando com liberdade
com Deus e tendo vida eterna ao lado Dele. Ele venceu a morte. Ele ressuscitou. Ele
dividiu a história. Ele não tinha nenhum pecado e morreu sem jamais pecar. Ele me amou.
Ele te amou. E ele chama, nós duas, pelo nome na intimidade que só Ele pode ter conosco.
Você não nasceu para viver menos do que uma linda jornada de intimidade com um
Criador apaixonado por você. Um Criador que te separa do jugo do pecado e te liberta
para sempre da prisão da carne que amaldiçoava as nossas vidas.
Existe uma vida de liberdade. Uma vida sem precisar de rótulo ou de nada que te
induza a um prazer rápido e explosivo que te deixará destruída e sedenta por mais logo
depois, porque só deixou o buraco que já existia em você ainda mais profundo.
Quando eu estava conhecendo e experimentando o verdadeiro deleite em me
relacionar com Jesus, fui acusada inúmeras vezes por satanás enquanto ele me lembrava
dos meus inúmeros pecados. Quantas vezes, enquanto ajoelhada tentava orar, minha
mente era tomada por memórias sujas e impuras, de uma imoralidade descabida pela qual
tinha vivido por tanto tempo.
A agonia com a qual batalhei por semanas começou a me cegar e me fazer cada
dia mais surda à voz do Espírito Santo e eu, inexperiente, não sabia ainda como lutar da
maneira certa contra isso. Um dia, sufocada por tanta culpa, chamei minha mãe e abri
com ela a luta pela qual estava passando há dias. Ela, já conhecendo meu passado, me
abraçou cheia de cuidado e amor e orou comigo, intercedendo por mim e, como
autoridade na minha vida, pedindo por libertação em minha mente. Depois de orarmos
juntas, uma paz preencheu meu corpo, mas algo ainda parecia ruim e minha mente ainda
estava turva.
Fui ao meu quarto e busquei ao Senhor novamente, mas agora dizendo com todas
as letras, e em voz alta, tudo com que satanás me acusava e pedindo misericórdia ao
Senhor. Eu pedia perdão insistentemente porque pensava que ainda não havia sido
perdoada, e clamava agarrada ao tapete para que todas aquelas memórias cessassem e eu
pudesse seguir em frente sem me machucar com meu passado. Decidi tomar um banho, e
o que vivi naquele dia foi uma das coisas mais lindas que o Senhor fez por mim até hoje.
Lembro claramente do que aconteceu, e foi tão real que, ainda hoje, anos depois,
volto a me emocionar mesmo já tendo narrado essa história inúmeras vezes antes.
Era aproximadamente 16h da tarde, e uma luz forte de sol ainda entrava pela janela
do banheiro. Liguei o chuveiro chorando muito e sentindo como se precisasse lavar toda
a sujeira para deixa-la para trás. Eu clamava pelo Senhor e pedia, incansavelmente, para
que Ele fizesse tudo aquilo parar. E então, enquanto eu ensaboava meu corpo, vi, com os
olhos abertos, e enxerguei assim como enxergo claramente o notebook pelo qual escrevo
este livro, a água que escorria por meu corpo se transformando num vermelho vivo,
e eu ouvi o Senhor dizer com uma doce voz: “eu já te lavei, você está limpa, minha
querida”.
Desde esse dia, nunca mais satanás teve poder sobre minha mente com acusações
do meu passado novamente. Eu fui lavada pelo sangue do cordeiro e nada pode roubar
essa convicção de mim. Meu passado passou, e todas as coisas que vivi antes de Jesus
não importam mais. Eu fui feita nova criatura. Você foi feita nova criatura. Conto
minha história porque eu sei que o testemunho carrega grande poder para curar e, tudo
que eu puder fazer para dar Glória para Deus, eu farei.
Essa história é a minha, mas sei que poderia ser a sua. Existe vitória e redenção
para você também, e eu espero que ler essas palavras, de alguma forma, seja instrumento
de Deus para que você seja curada como eu fui.
A vida com Ele é livre. Aproveite a jornada!
Lista de livros

1. “Feminilidade Radical” Carolyn Mcculley


2. “Pureza é Poder – por que as mulheres perdem quando cedem” Lisa Bevere
3. “Jesus e as mulheres: o quê Ele pensa de nós” Sharon Jaynes
4. “Eva no Exílio: a restauração da feminilidade” Rebekah Merkle
5. “Deixe-me ser mulher: Lições À Minha Filha Sobre O Significado De
Feminilidade” Elisabeth Elliot
6. “O Privilégio de Ser Mulher” Alice Von Hildebrand
7. “Mulher do reino: Seu propósito, seu poder e suas possibilidades” Tony Evans
e Chrystal Evans Hurst
8. “A dama, seu amado e seu senhor: As três dimensões do amor feminino”
T. D. Jakes
9. “Paixão e pureza: Aprendendo A Deixar Sua Vida Amorosa Sob O Controle
De Cristo” Elisabeth Elliot

10. “Uma relação perigosa: Uma biografia reveladora de Simone de Beauvoir e


Jean-Paul Sartre” Carole Seymour-Jones
11. “Feminismo: perversão e subversão” Ana Caroline Campagnolo
12. “Garota gay, bom Deus: A História De Quem Eu Era E De Quem Deus
Sempre Foi” Jackie Hill Perry
13. “Pensamentos secretos de uma convertida improvável: A jornada de uma
professora de língua inglesa rumo à fé cristã” Rosaria Champagne Butterfield
14. “Contra o aborto” Francisco Razzo
15. “Por que gênero importa?” Leonard Sax

16. “O Segundo Sexo” Simone de Beauvoir


17. “O feminismo é para todo mundo: Políticas arrebatadoras” Bell Hooks
18. “A mística Feminina” Betty Friedan
19. “O mito da beleza: Como as imagens de beleza são usadas contra as
mulheres” Naomi Wolf
20. “Feminismo em comum: Para todas, todes e todos” Marcia Tiburi
21. “Sejamos todos feministas” Chimamanda Ngozi Adichie

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