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Gramática Direção de Arte
6o ano do Ensino Fundamental Hilka Fabielly

Lécio Cordeiro
Multi Marcas Editoriais Ltda.
Editor: Rua Neto Campelo Jr, 37 – Mustardinha
Lécio Cordeiro Recife – PE – CEP: 50760-330
CNPJ: 00.726.498 / 0001-74
Revisão de texto: I. Est.: 021 538-37 | I. Munic.: 252.009-5
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Marcelo Bernardo Ltda. pede desculpas se houve alguma omissão e, em edições
futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.
Projeto gráfico, editoração
eletrônica e ilustrações:
Box Design Editorial Para fins didáticos, os textos contidos neste livro receberam,
sempre que oportuno e sem prejudicar seu sentido original,
Capa uma nova pontuação.
Gabriella Correia/Nathália Sacchelli/
Sophia Karla
Fotos: Mariakray - stock.adobe.com

ISBN Aluno: 978-65-5638-386-6


ISBN Professor: 978-65-5638-379-8
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e
Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Impresso no Brasil

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Apresentação

É muito comum ouvirmos comentários de que a nossa língua é muito difícil. Você
já ouviu alguém dizer isso? Normalmente essa opinião é seguida de comparações com
outras línguas. Quem pensa que o português é uma língua difícil comumente acredita
que o inglês, por exemplo, é uma língua fácil, que o alemão é feio, que o chinês é extre-
mamente confuso. Mas será mesmo? As pesquisas mostram que esses posicionamentos
sobre as línguas são equivocados.
Na maioria das vezes, essas opiniões negativas surgem da confusão que se faz entre
o que é a língua e o que é a gramática. Por uma série de motivos, é comum as pessoas
entenderem que ambas são a mesma coisa, mas, na verdade, não são. A gramática é
apenas um dos componentes da língua. Apesar disso, na nossa sociedade ela é muito
valorizada. Por isso, existem hoje nas livrarias inúmeros livros de gramática. Mas você
já percebeu que todos eles abordam o assunto sempre da mesma forma? Regras e mais
regras para se decorar, frases sem sentido e sem contexto adequado para ilustrar o es-
tudo, construções linguísticas que nunca usaremos na vida, nenhuma relação entre a
gramática e os outros componentes curriculares.
Foi pensando nisso que tivemos a ideia de escrever uma gramática diferente. Nosso
objetivo foi preparar um livro que realmente ensinasse o conteúdo gramatical como ele
é: interessante, vivo, real, repleto de possibilidades! Esperamos que você goste e que
passe a ver a gramática de forma diferente.

Bom estudo!
Lécio Cordeiro

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Sumário

Capítulo 1 Capítulo 3
Linguagem, língua e sociedade-------- 06 Estudo dos textos------------------------- 44

1. A comunicação------------------------------ 06 1. O que é um texto?------------------------- 44


2. A capacidade de simbolizar-------------- 09 2. Sequências e gêneros textuais---------- 47
3. A linguagem--------------------------------- 11 Atividades------------------------------------ 50
4. O que são a língua e a gramática?----- 12 Desafio---------------------------------------- 56
5. Língua falada e língua escrita------------ 15 Questões de escrita------------------------ 58
6. A língua e suas mudanças---------------- 15 Encontros de vogais e semivogais------ 58
7. O preconceito linguístico----------------- 20 Desencontros de vogais: hiato---------- 59
Atividades------------------------------------ 22
Desafio---------------------------------------- 25
Questões de escrita------------------------ 27
Fonema e letra------------------------------ 27 Capítulo 4
Classificação dos fonemas--------------- 28 Conotação e denotação------------------ 60
O alfabeto------------------------------------ 28
1. Conotação e denotação------------------ 60
2. Linguagem figurada------------------------ 62
Atividades------------------------------------ 69
Capítulo 2 Desafio---------------------------------------- 71
Ato de fala, frase e contexto------------ 31 Questões de escrita------------------------ 73
Dígrafo---------------------------------------- 73
1. Ato de fala------------------------------------ 31 Encontro consonantal--------------------- 74
2. Frase e contexto---------------------------- 32 Divisão silábica------------------------------ 75
3. Classificação tradicional das frases---- 34
4. Interjeição------------------------------------ 35
5. Condição discursiva------------------------ 36
Atividades------------------------------------ 37
Desafio---------------------------------------- 41
Questões de escrita------------------------ 42
Estudo da sílaba---------------------------- 42

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Capítulo 5 Capítulo 7
Substantivo e adjetivo--------------------- 77 Verbo------------------------------------------ 122

1. Substantivo-------------------------------------77 1. O que é um verbo?----------------------------122


2. Adjetivos-----------------------------------------84 2. Modos verbais---------------------------------125
Atividades---------------------------------------90 3. Formas nominais dos verbos---------------125
Desafio-------------------------------------------96 4. Tempos verbais--------------------------------126
Questões de escrita---------------------------99 Atividades---------------------------------------129
Acentuação dos monossílabos tônicos---99 Desafio-------------------------------------------133
Acentuação das proparoxítonas-----------99 Questões de escrita---------------------------134
Casos mais específicos de acentuação---134

Capítulo 6
Artigo, numeral e pronome--------------- 101 Capítulo 8
Estudo das orações------------------------- 136
1. Artigo---------------------------------------------101
2. Numeral-----------------------------------------103 1. A oração e o período-------------------------136
3. Pronome-----------------------------------------108 2. O período composto por coordenação--138
Atividades---------------------------------------113 Atividades---------------------------------------140
Desafio-------------------------------------------117 Desafio-------------------------------------------143
Questões de escrita---------------------------120 Questões de escrita---------------------------144
Acentuação das palavras oxítonas--------120 Ortografia---------------------------------------144
Acentuação das palavras paroxítonas----120

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CAPÍTULO
1
Linguagem, língua
e sociedade

1. A comunicação
Imagem 1

EVELYN CALIMAM SAMPAIO/Shutterstock.com


Pintura rupestre encontrada em um dos sítios arqueológicos do Parque Nacional da Serra
da Capivara, no Piauí, reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.

A pintura acima forma o que muitos historiadores e arqueólogos definem como pictografia — do
latim pictor (pintura) + grafia (escrita). Ou seja, para eles é um tipo de escrita na qual se utilizam
desenhos. As imagens trazem certo padrão, o que sugere a possibilidade de uma escrita. Entretanto,
é difícil “ler” essa “escrita”, porque os significados exatos dos desenhos se perderam junto às comu-
nidades que os criaram.
Para compreendermos essa “escrita”, precisaríamos fazer relações entre vários elementos, como
ideias, palavras, situações, imagens, etc. A construção do sentido é muito rápida e começa antes
mesmo de lermos a pintura. Isso porque, quando a vemos, nossa mente já começa a processar in-
formações. Uma delas, certamente a primeira, é a “certeza” de que o ser humano que a produziu
queria comunicar algo. Se não, por que pintá-la?
Agora, analise com atenção a figura a seguir.

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Imagem 2

LuFeeTheBear/Shutterstock.com
Diferentemente do que ocorre com a imagem anterior, esta permite-nos uma interpretação, pois
possuímos recursos para realizar uma leitura.

REFLITA

Que interpretação podemos fazer da Imagem 2?


Ao simular uma pintura rupestre, a imagem sugere que seu autor estava vivendo em uma
nova Pré-História. Os desenhos indicam que essa Pré-História se deu por causa de uma
guerra nuclear.

Quando nos deparamos com a Imagem 2, cachorros, os galos têm relações sociais, de poder e
imediatamente começamos a ler seus sentidos de hierarquia bastante definidas e se comunicam.
por meio do nosso conhecimento de mundo: No entanto, apenas os seres humanos são ca-
identificamos os desenhos, buscamos informa- pazes de se comunicar de forma extremamente
ções históricas, identificamos o símbolo quími- complexa com a intenção de produzir sentidos.
co. Nosso pensamento, portanto, articula infor- Essa é a maior diferença entre nós e os outros
mações prévias em busca de sentido. No fim, animais. Somente nós podemos articular sons,
como conseguimos captar a ideia da imagem, combiná-los conscientemente e falar. Existem
dizemos que houve comunicação. vários traços que nos diferenciam dos outros
Os animais, em geral, possuem a extraordiná- animais, seja do ponto de vista biológico (o pole-
ria capacidade de se comunicar. Sempre de formas gar livre, a capacidade de andar sobre duas per-
variadas, cada espécie emprega os recursos de que nas, a pele descoberta, a capacidade de articular
dispõe com esse propósito. As baleias, por exem- sons e falar, etc.), seja do ponto de vista intelec-
plo, emitem ruídos extremamente precisos para tual (capacidade de raciocinar com complexida-
indicar o caminho, a fonte de alimento, chamar a de, planejar, lembrar, entre outros). No entanto,
atenção, etc. As abelhas, as formigas, os lobos, os a fala é a nossa habilidade mais marcante.

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APRENDA MAIS

A fala é resultante da articulação dos sons produzidos por uma série de órgãos que compõem
nosso aparelho fonador.

Nosso aparelho fonador é muito desenvolvido, o que possibilita a produção de sons bastante
diferentes, inclusive aqueles utilizados na fala: os sons vocálicos e os sons consonantais, que estu-
daremos detalhadamente mais adiante.

Cavidade nasal
Narinas Faringe
Dentes superiores Cavidade oral
Dentes inferiores Língua
Laringe Traqueia

Pulmão esquerdo
Pulmão direito

Diafragma

A habilidade da fala e a capacidade de desenvolver raciocínios complexos permitem que façamos


representações bem interessantes: podemos explorar o passado, o presente e o futuro, algo que ne-
nhuma outra espécie é capaz de fazer. Ou seja, por meio da fala, podemos transmitir pensamentos,
intenções, preconceitos, sentimentos, sonhos, etc.

APRENDA MAIS

Outras espécies de animais também possuem aparelho fonador, a exemplo dos papagaios.
Como vivem em grupo e apresentam uma inteligência acima da média das aves em geral,
eles conseguem articular esse aparelho para imitar sons que ouvem. Soltos na natureza, os
papagaios cantam com o objetivo de trocar informações. Mas, quando vivem isolados em
cativeiro, compensam a falta de comunicação imitando a fala humana.

A comunicação bem-sucedida entre duas ou mais pessoas só é possível se uma entender a outra.
Para entender o outro, cooperamos com ele. Cooperar, neste caso, não é apenas fazer silêncio enquan-
to o outro fala, mas trabalhar com o outro na produção do sentido. Em outras palavras, cooperamos
com ele quando procuramos entender o que quis dizer. Ou deveríamos. Se observarmos, às vezes fala-

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mos e temos a certeza de que, por qualquer motivo, a outra pessoa não está dando atenção às nossas
palavras. Assim, a comunicação não acontece. Esse, inclusive, é um problema bastante comum na vida
social e profissional de muitas pessoas. Um grande estudioso da comunicação certa vez comentou que
foi preciso o ser humano inventar o telefone, o smartphone e a Internet para perceber que o verdadei-
ro problema da falta de comunicação entre as pessoas não está na distância.

2. A capacidade de simbolizar
Nosso universo social é repleto de símbolos.
São placas, textos, objetos, gestos, imagens, nú-
meros, etc. Ao conjunto de símbolos empregados
com o objetivo de estabelecer comunicação, da-
mos o nome de código. É utilizando códigos que
interagimos com nossos semelhantes, refletimos
sobre a realidade, transmitimos valores, conheci-
mento… Tudo o que está à nossa volta ou mes-
mo aquilo que não existe no mundo real pode ser
simbolizado. Observe isso na charge ao lado.
Para entender o sentido dessa charge, você
precisou decodificar uma infinidade de símbo-
los: onde os homens estão, que ocupações têm,
que informações estão claras no balão, etc. Des-
se modo, podemos concluir que, relacionando
os símbolos que compõem um código, executamos ações!
Evidentemente, a compreensão dos símbolos só é possível se eles já fizerem parte do nosso
conhecimento de mundo. Para que isso fique claro, basta olhar, por exemplo, para alguns símbolos
matemáticos que você ainda não estudou.

A partir do momento em que eles são apresentados a você, passam a fazer parte do seu conhe-
cimento de mundo e, portanto, passam a ter significado. O primeiro é o infinito (∞). Ele indica que
uma sequência de números não tem fim. Já o segundo símbolo representa um número chamado de
pi, que vale, aproximadamente (≅), 3,14.
E, por falar em números, eles também são símbolos. Criados há milhares de anos com o objetivo
de fazer contagens, enumerações, os números estão por toda parte: no seu endereço, no tamanho
do seu pé, na medida da sua cintura, na quantidade de mensagens não lidas no seu smartphone,
etc. Os números naturais são muito utilizados, sendo indicados matematicamente pelo símbolo N.
Desse modo, os símbolos que compõem os códigos que utilizamos no nosso dia a dia são os mais
variados. A fotografia a seguir identifica uma placa de trânsito instalada em uma das estradas que
cortam o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí.

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marcosvelloso/Shutterstock.com
REFLITA

O que essa placa significa? Faria sentido colocá-la em uma das avenidas da sua cidade?
A placa indica que há depressões na estrada. Espera-se que o aluno perceba que o sentido
da placa está associado às figuras rupestres do Parque, sendo incoerente sua utilização em
um ambiente urbano.

Como você pode ver, os símbolos que empregamos em nossas interações com outras pessoas
podem ser os mais variados. Podem, inclusive, ser partes de palavras, desde que tenham sentido.
A letra a, por exemplo, se empregada em uma palavra como menina, expressa uma ideia, passa a
ser um símbolo, indicando a noção de feminino. Já a partícula des-, em desleal, indica a noção de
negação, contrário, oposição.

APRENDA MAIS Para expressar o sentido de negação, nossa


língua oferece diversos termos que, agregados
a algumas palavras, expressam o sentido oposto
As palavras em geral são formadas por di- ao que elas significam. É dessa maneira que se
ferentes partes que possuem significado. forma grande parte dos antônimos. Veja:
Ou seja, são símbolos. Analise as palavras
a seguir procurando perceber o sentido
que as partes destacadas indicam. desatento desmentir inútil
desfazer recomeçar
infeliz atípico amoral
biscoitos casarão
carrinho

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APRENDA MAIS

Chamamos de antônimas as palavras que exprimem realidades opostas. Assim, dizemos que
claro é antônimo de escuro em O quarto está escuro, abra as janelas para deixá-lo claro.

Já os sinônimos são palavras, termos ou expressões que, em uma dada situação, podem codifi-
car a mesma informação. Observe:

O parque guarda belas pinturas rupestres.

O local abriga bonitos desenhos feitos nas rochas.

3. A linguagem
Os códigos que utilizamos para nos comunicar constituem diferentes linguagens. Dizemos que a
linguagem é uma habilidade que desenvolvemos instintivamente. O instinto é um impulso incons-
ciente que faz os animais agirem de acordo com suas necessidades de sobrevivência. Assim, quando
aprendemos a falar, como as aves aprendem a voar, agimos guiados pelo instinto. Por essa razão, não
é preciso ir à escola para aprender a falar. Isso acontece espontaneamente nos bebês. Com o passar
do tempo, essa habilidade vai se desenvolvendo e, sem perceber, eles logo passam da produção de
palavras soltas à comunicação cada vez mais complexa.
Faz muito tempo que o ser humano começou a
falar. Mas não é possível dizer exatamente desde

Reprodução
quando, pois somente no início do século XX d.C.
foi inventado o primeiro gravador de voz. Ou seja,
ele não existia na Pré-História. Assim, o que te-
mos são pistas a respeito da “história da fala”. Um
exemplo são algumas estruturas do corpo encon-
tradas em fósseis. Nos Australopitecus, surgidos
há 4 milhões de anos, foram identificados, por
exemplo, centros cerebrais fundamentais para a
linguagem. Mas os chimpanzés possuem esses
mesmos centros, e não falam. Outro exemplo in-
teressante diz respeito a alguns vestígios arqueo-
lógicos ligados ao aparelho fonador. Cientistas
acreditam que, há cerca de 500 milhões de anos,
passamos a ter laringe comprida e alta, um traço Acredita-se que os Australopitecus pos-
suíam estruturas cerebrais importantes
fundamental para a geração dos sons característi- para a capacidade de se comunicar e já
cos da fala. No entanto, o homem de Neandertal, andavam sobre duas pernas. Reprodu-
que viveu há aproximadamente 150 mil anos, não ção de um Australopithecus afarensis
em museu de Barcelona.
possuía essa característica hoje existente na nos-
sa espécie, o Homo sapiens sapiens.

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De outro lado, muitos estudiosos acreditam que a fala só pode ser entendida como tal quando os
sons adquirem significados e se tornam palavras.
Por fim, há estudiosos que preferem olhar para o que nossos ancestrais produziram. Segundo
eles, a padronização na fabricação de ferramentas na Pré-História se deu por causa do aperfeiçoa-
mento da fala. Por esse raciocínio, podemos entender que os seres humanos pré-históricos melho-
raram as suas ferramentas porque puderam trocar informações falando.

Linguagens não verbal e verbal


Tradicionalmente, dizemos que a linguagem pode se manifestar de duas maneiras: de forma não
verbal e de forma verbal, dependendo dos símbolos utilizados.

Linguagem não verbal – Utiliza imagens, sons, sinais, etc. para comunicar. Exemplos:
semáforos de trânsito, desenhos, cores, gestos, mímica, etc.

Linguagem verbal – Utiliza palavras escritas ou faladas. Exemplos: um recado, uma


letra de música, uma conversa pelo telefone, etc.

Embora essa distinção seja importante, na prática empregamos frequentemente uma linguagem
mista na qual utilizamos a linguagem verbal e a não verbal simultaneamente. Isso fica bem claro
quando falamos e gesticulamos ao mesmo tempo.
Toda comunicação não verbal pode ser transformada em linguagem verbal. Assim, a cor verde do
semáforo de trânsito, por exemplo, é codificada pela palavra siga.

4. O que são a língua e a gramática?


Certamente, você já ouviu dizer, ou mesmo acredita, que a língua portuguesa é muito difícil. Mas
o que seria uma língua difícil?

REFLITA

Para você, o que seria uma língua difícil?


Espera-se que o aluno identifique que línguas muito diferentes do português são difíceis de
aprender, como o alemão ou o japonês.

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Vamos pensar um pouco sobre isso. Até ago- que nada mais é que um conjunto de símbolos.
ra, você já leu várias páginas deste livro e, cer- No início deste capítulo, vimos que utilizamos
tamente, está compreendendo tudo o que dis- esses símbolos para interagir uns com os outros,
semos, não é? E nas suas conversas com seus expressando nossas ideias, defendendo nossas
amigos? Você consegue entendê-los? opiniões, perguntando, cantando, etc. Mas esses
Na verdade, você e seus colegas são capazes de símbolos não são ditos ou escritos de qualquer
falar sobre os mais variados temas e conseguem modo. Quando os utilizamos, seguimos regras
se entender. Isso só acontece porque todos nós de funcionamento. Essas regras contribuem
possuímos um grande domínio da língua portu- para o sucesso da nossa comunicação. Vamos
guesa. E esse domínio significa, entre outras coi- explicar isso com mais detalhe.
sas, domínio das palavras, isto é, do vocabulário, Leia o quadrinho a seguir.

Como dissemos, as palavras são organizadas de acordo com leis de funcionamento. Para enten-
der a importância dessas leis, observe a seguinte análise:

(1) Se eu fosse esse criminoso, passaria a noite em claro.


(2) Eu fosse se criminoso, em passaria noite a claro.

Evidentemente, podemos afirmar que, tanto em 1 quanto em 2, temos sequências formadas por
palavras da nossa língua. No entanto, apenas a sequência 1 permite uma compreensão. Isso acon-
tece porque, na sequência 2, as palavras estão fora de ordem. Enquanto na sequência 1 as palavras
estão ordenadas, na sequência 2 elas estão soltas. A ordenação das palavras, portanto, é fundamen-
tal para a produção de sentido.
Outra regra de funcionamento interessante diz que algumas palavras devem se combinar. Por
exemplo: em 1, o menino utilizou a palavra esse (não essa) para combiná-la com criminoso (esse
criminoso ≠ essa criminosa). Já outra regra diz que palavras como a podem ser empregadas antes
de noite (a noite), por exemplo, mas nunca antes de eu. Essas são apenas algumas das regras de
funcionamento da nossa língua.

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O mais interessante é que, quando nos comunicamos, seguimos várias regras sem
perceber.

A língua é, portanto, um sistema de símbolos e de leis de fun-

freepik.com
cionamento que utilizamos para interagir uns com os outros. E
essas leis são o que chamamos, resumidamente, de “gramática”.
Por isso, sempre que nos expressamos, utilizamos regras grama-
ticais, mesmo sem perceber. Seria impossível nos comunicarmos
sem seguir regra nenhuma.
Mas a língua não é somente a sua gramática. A gramática é
apenas uma parte dela. Para compreendermos um texto, por
exemplo, vários fatores nos ajudam. Um deles, sem dúvida muito
importante, é o nosso conhecimento de mundo, a nossa expe- Comunicar é a capacidade de se rela-
riência. Foi esse conhecimento que nos ajudou a perceber o hu- cionar com o outro por meio de sinais
mor do quadrinho da página 13. (verbais ou não verbais). Assim, utili-
zamos essas linguagens para sermos
Já nos primeiros anos da infância, possuímos um domínio gran- compreendidos.
de sobre as regras da gramática da nossa língua. É esse contro-
le que nos permite expressar desejos, intenções, medos (tenho REFLITA
sede; estou com fome; quero dormir; vou fazer xixi; etc.). Assim,
um dos papéis deste livro — e também da escola — é lhe ensinar
o que você ainda não sabe.
Isso quer dizer que
Então, se dominamos boa parte da gramática da nossa língua
estudar a gramática é
desde a infância, não faz sentido pensar que falar português é
uma tarefa inútil?
difícil. Essa ideia equivocada se deve ao fato de que, por muitos
anos, acreditou-se que, para saber se expressar bem, uma pes- Não. Como a gramática
soa deveria saber decoradas todas as regras da gramática. Desse está presente em tudo
modo, por muitos anos, as aulas de língua portuguesa eram so-
mente aulas de gramática. Para confirmar isso, basta perguntar o que falamos e escre-
aos seus familiares mais velhos como eram essas aulas na épo- vemos, se conhecer-
ca deles. Eles lhe dirão que eram obrigados a decorar todas as
mos bem o seu fun-
regras da gramática. E quem não se expressava de acordo com
essas regras era considerado ignorante. Como decorar é uma cionamento, teremos
tarefa muito chata, era normal pensar que o português fosse ainda mais possibilida-
uma língua difícil.
des para nos expressar.
Uma comparação interessante nos ajudará a explicar melhor.
Imagine que a língua é um smartphone. Para utilizá-lo, não é ne-
cessário saber como os seus nanocircuitos funcionam, não é? Da
mesma forma, para se comunicar com as pessoas, você não pre-
cisa saber como funciona exatamente a gramática. Além disso, do
mesmo modo que existem os mais variados tipos de carro, exis-
tem inúmeras línguas pelo mundo, cada uma com o seu motor.

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5. Língua falada e língua escrita
A linguagem verbal pode ser falada ou escrita. Mas, embora todas as comunidades humanas
falem ao menos uma língua, nem todas possuem a modalidade escrita. Logicamente, a fala surge
primeiro que a escrita, que é uma consequência das necessidades comunicativas dos seus falantes.
Isso acontece desde a Pré-História.
Como vimos, os primeiros seres humanos possuíam uma forma de expressão artística essencial-
mente simbólica, a chamada arte rupestre, composta inicialmente pela pictografia.
Ao longo de milhares de anos, a escrita pictográfica foi se aperfeiçoando e, aos poucos, deixou de
utilizar apenas rabiscos e passou a combinar figuras que representassem ideias. Essa evolução levou
à escrita ideográfica. As letras que utilizamos hoje vêm dessa escrita.

APRENDA MAIS

Para alguns estudiosos da linguagem, as pinturas rupestres constituem a origem da nar-


ração, pois muitas delas representam verdadeiras cenas de ação. Por esse motivo, seriam a
origem também das histórias em quadrinhos.

Pintura rupestre feita em caverna na África do Escrita ideográfica egípcia.


Sul. Observe que os personagens desempe-
nham ações na cena.

6. A língua e suas mudanças


Com o tempo, a escrita ideográfica foi sendo aperfeiçoada, passando a utilizar, também, símbolos
com os quais se procurava representar os sons da fala.

REFLITA

Podemos dizer que, atualmente, a escrita é uma representação exata da fala?


Resposta pessoal. Espera-se que o aluno perceba que ninguém fala exatamente como escreve.

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Embora a língua oficial do nosso país tenha apenas um nome — português —, ela é, na verdade,
um grande conjunto das línguas que cada um dos brasileiros fala. Isto é, a língua passa por mudanças
o tempo inteiro: a forma como se fala em Ouro Preto (MG), por exemplo, é muito diferente daquela
que se fala em Olinda (PE). Essa diferença fica ainda mais evidente quando comparamos o português
brasileiro com o português europeu.

REFLITA

Por que as pessoas não falam exatamente igual umas às outras?


Vários motivos levam as pessoas a falarem de maneira diferente umas das outras. O mais óbvio é que nin-

guém é igual, isto é, todos somos diferentes! Há meninos e meninas com cabelo, cor de pele, religião, família,
origem, histórias, etc. diferentes.

Para entender melhor, volte aos dois primeiros anos da sua


vida. Talvez você não se lembre, mas foi nesses dois anos que você
aprendeu a falar. E quem lhe ensinou as primeiras palavras? Então,
APRENDA
boa parte da maneira como você fala foi “herdada” das pessoas
MAIS
que ensinaram você a falar, as pessoas com quem você convivia. E
com quem essas pessoas, por sua vez, aprenderam a falar? Com as
pessoas com quem conviveram também. Então, nessa volta para Como você certamente
trás, que não terá mais fim, você voltará no tempo e verá que hoje, sabe, o Brasil é o único
por exemplo, muitas palavras de uso comum no passado ou desa- país da América do Sul
pareceram ou são faladas somente por pessoas idosas. cuja língua oficial é o por-
Veja dois exemplos. Por volta do ano 1840, as pessoas ricas tuguês. Em decorrência
pagavam uma fortuna para tirar um daguerreótipo, o tataravô da da colonização espanho-
fotografia, que você pode tirar hoje sem pagar nada no seu celu- la, nossos vizinhos ado-
lar. E, por falar nisso, até a palavra celular tem hoje mais um sig- taram o espanhol como
nificado, bem diferente daquele que tinha quando foi empregada idioma oficial. Somos,
pelo cientista inglês Robert Hooke, em 1665. portanto, linguisticamen-
Esses dois exemplos são interessantes para entendermos uma te solitários por aqui, mas
característica comum a todas as línguas: o fato de estarem em não se engane: não se fala
permanente mudança. O tempo inteiro, os seres humanos estão português apenas em Por-
tugal e aqui. O português
é a língua oficial em nove
países de quatro conti-
nentes. São eles: Angola,
Brasil, Cabo Verde, Gui-
né-Bissau, Guiné Equato-
rial, Moçambique, Portu-
gal, São Tomé e Príncipe e
freepik.com

Timor-Leste.

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transformando o mundo. São invenções, modos de agir, descobertas que acontecem constantemen-
te, e, como tudo isso é novidade, precisa ser identificado com nomes novos.
Se a sociedade muda, a língua também sofre mudanças. A palavra daguerreótipo vem do nome
do seu inventor, o francês Louis Jacques Daguerre. Já a palavra célula surgiu quando Hooke observou
no microscópio que a cortiça era formada por pequenas cavidades fechadas, como se fossem minús-
culas celas. Hoje o termo célula designa a “unidade fundamental dos seres vivos”.

APRENDA MAIS

As mudanças pelas quais passa a socie-

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dade se refletem na língua. Um exemplo:
palavras como açoitar, senzala, tronco, al-
forria, capitão do mato, quilombo, muca-
ma, sinhá, etc. eram muito comuns aqui no
Brasil enquanto durou a escravidão. Hoje,
praticamente não são usadas.

A cortiça é produzida a partir da casca


de uma árvore muito comum na Europa,
Plantação de sobreiros após a extração da
o sobreiro. Ela tem diversas finalidades
casca, destinada à produção de cortiças.
para a indústria, porém a mais comum é
a fabricação de rolhas.

Podemos listar várias outras palavras que há poucos anos não existiam ou possuíam significados
diferentes daqueles que possuem hoje, são os chamados neologismos: teclar, Internet, tablet, iPod,
shippar, mouse, etc.
Por outro lado, enquanto surgem os neologismos, há palavras que se tornam arcaísmos, isto
é, são cada vez menos usadas, como ceroula, vosmecê, outrossim, quiçá, alcaide, soer, soçobrar,
anuir, obséquio, etc. Tanto é assim que, certamente, você nunca ouviu (ou falou!) pelo menos uma
dessas palavras. Elas são usadas somente em situações formais muito específicas ou em textos cujo
principal objetivo é produzir humor, como ocorre na tirinha a seguir.

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Tanto os neologismos quanto os arcaísmos são evidências de que as línguas mudam com o pas-
sar do tempo. Mas não é só isso. As línguas mudam também com as distâncias. Devido a fatores
culturais e históricos, no Rio de Janeiro, por exemplo, fala-se bôneco (boneco) e mênino (menino),
enquanto no Recife se fala bunécu e minínu. Essas são algumas características que marcam a forma
de falar dos cariocas e dos recifenses e que nos permitem identificar a sua origem. Chamamos essas
marcas de sotaque (pronúncia típica de uma região).
Outras formas de variação da língua são a gíria e o jargão. Nos dois casos, podemos dizer que a
língua sofre mudanças para caracterizar a forma de expressão de determinados grupos.

Gírias – São palavras e expressões comuns na fala de surfistas, skatistas, rappers,


youtubers, etc. e empregadas como forma de reconhecimento e afirmação por parte do
grupo. Como normalmente alguns desses grupos são alvo de preconceito por parte da
sociedade, isto é, são vistos de maneira negativa, muitas vezes associados à criminalida-
de (o que é um terrível engano!), suas gírias também são discriminadas.

Jargão – É um vocabulário associado a campos profissionais específicos e utilizado


como forma de identificação profissional. Ou seja, há palavras e expressões caracterís-
ticas da fala de médicos, advogados, engenheiros, políticos, policiais, etc. cujo signifi-
cado muitas vezes é incompreensível para aqueles que não exercem essas profissões.

Na prática, tanto o jargão quanto a gíria devem ser utilizados tendo em vista a situação, isto é,
as pessoas envolvidas, o ambiente, as intenções comunicativas, etc. Em um congresso de médicos,
por exemplo, o jargão é adequado, pois os participantes se compreenderão mutuamente. Assim, na
mesma situação, a gíria será inadequada. Já o uso do jargão médico em uma consulta não é adequa-
do, pois, provavelmente, o paciente não entenderá.

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Concluindo o que vimos até agora, podemos dizer que, em-
N AV E G U E
bora exista a norma culta, quando nos comunicamos por meio
de textos verbais (orais ou escritos) comumente utilizamos dife-
rentes variedades linguísticas. Esse uso depende, entre outros Voo nordestino
(Bode Gaiato)
fatores, das condições sociais, culturais e geográficas em que nos
encontramos. De forma resumida, concluímos que, ao nos ex-
pressarmos verbalmente, consideramos a pessoa com quem in-
teragimos, o local onde estamos, o assunto, nossa escolaridade,
a escolaridade dela, etc. Veja, a seguir, quatro tipos de variação
linguística.

Variação geográfica Um Português e um Bra-


Esta variação considera as características linguísticas dos luga- sileiro Entram num Bar
(Unibes Cultural)
res, como sotaque e vocabulário. No Brasil, percebemos que a
variação geográfica ocorre mesmo em diferentes áreas do mesmo
estado. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, percebemos
um sotaque específico, já em Fortaleza percebemos outro. Os ví-
deos indicados a seguir ilustram bem de forma humorada esse
tipo de variação.

Variação histórica
Todas as línguas naturais variam com o passar do

Reprodução
tempo. Essa variação fica bastante evidente quando le-
mos textos antigos. Até o século XVI, como não existia
uma padronização ortográfica, a escrita seguia a pro-
núncia. Assim, era muito comum encontrar num texto
uma mesma palavra grafada de formas variadas. Entre
o século XVI e o começo do século XX, houve uma cres-
cente busca de uniformização da escrita: passou-se a
escrever respeitando a origem das palavras. Na propa-
ganda a seguir, veiculada em 1940, percebemos algu-
mas palavras que, atualmente, são grafadas de maneira
diferente.

Variação sociocultural
A variação sociocultural ocorre em função dos gru-
pos sociais em geral, do grau de escolaridade das pes-
soas e do seu ambiente sociocultural. Exemplos claros
desse tipo de variação são as gírias e os jargões.
Disponível em: https://www.propagandashistoricas.com.
br/2019/12/petrolina-minancora.html. Acesso em: 13/12/2019.

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Variação situacional
A língua varia, também, de acordo com a situação comunicativa. Em situações formais, é mais ade-
quado o registro formal da língua, mas em situações informais não.

7. O preconceito linguístico
Para entender bem o que é o preconceito linguístico, uma boa estratégia será recorrer à etimologia
da palavra preconceito, isto é, à sua origem. Na nossa língua, a palavra conceito tem muitos sentidos.
Um deles é opinião, ponto de vista, como ocorre em Qual é o seu conceito sobre as pessoas que falam
fror, brusa, bicicreta? Diante de uma pergunta como essa, como qualquer outra, devemos pensar para
responder adequadamente. Então, vamos pensar um pouco?
O preconceito linguístico é o tema da tirinha a seguir. Analise-a.

REFLITA

Para você, as pessoas que falam pobrema, stombo, etc., em geral pertencem a que classe
social? Essas pessoas tiveram/têm a oportunidade de estudar? Essas pessoas são valoriza-
das socialmente? Por que será que falam dessa forma? Responda em seu caderno.
Resposta pessoal.

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Como você pôde perceber, a personagem Do- simas capacidades. Assim, se um bebê nascido
lores riu da maneira de falar de sua prima, não em uma tribo indígena da Amazônia for levado
dando importância à gravidade do seu problema para a Inglaterra, aprenderá a falar inglês como
de saúde. Ao ser chamada à atenção por Dona qualquer outro bebê nascido lá e vice-versa.
Anésia (terceiro quadrinho), arrependeu-se e te- Desse modo, é normal sentirmos dificuldades
lefonou para a prima a fim de se desculpar. quando começamos a aprender uma língua nova,
Nesse caso, precisamos perceber que as pes- pois não tivemos contato com ela nos primeiros
soas que falam pobrema, stombo, bicicreta, etc. anos da infância. E essas dificuldades aumentam
em geral têm poucos anos de escolarização for- quando a nova língua é muito diferente da nossa.
mal. Por esses (e outros) motivos, são vistas fre- Por exemplo: o espanhol é parecido com o por-
quentemente de maneira negativa pelas pessoas tuguês, mas o japonês não. No espanhol, muitos
que possuem mais tempo de estudo. Portanto, é sons são semelhantes aos sons da nossa língua,
preconceito dizer, por exemplo, que as pessoas mas os sons produzidos na fala do japonês não
que falam dessa forma são menos inteligentes são. Por isso, dizemos que não existem línguas fá-
ou pobres. ceis ou difíceis, feias ou bonitas, ricas ou pobres.
Assim, podemos dizer que o preconceito é Elas são, simplesmente, diferentes umas das ou-
uma opinião antecipada, isto é, uma conclusão tras. Todas as línguas têm suas características pró-
à qual se chega sem reflexão. prias e atendem perfeitamente às necessidades
Quando falamos sobre o que é uma língua no comunicativas dos seus falantes.
início deste capítulo, partimos da ideia muito co- As línguas podem variar também quanto ao
mum de que o português seria uma língua difícil. nível de formalidade, dependendo da situação
Passo a passo, mostramos que não é bem assim. comunicativa. Desse modo, se estou conversan-
Na verdade, todas as línguas têm suas caracterís- do com meus amigos em uma festa, posso ser
ticas. Vimos também que, logo na infância, apren- informal, mas, se vou a uma entrevista de em-
demos muitas características da língua falada pela prego, tenho de ficar atento para me expressar
sociedade da qual fazemos parte. E isso acontece de maneira formal, ou seja, de acordo com a nor-
espontaneamente, no nosso dia a dia, sem que ma culta (ou norma-padrão), que é a variedade
precisemos ir à escola para tanto. linguística utilizada pelas pessoas que possuem
Seja qual for o lugar onde uma pessoa vive, ela maior escolaridade. A maneira como nos expres-
pertence à mesma espécie, a dos Homo sapiens samos (formal ou informalmente) depende, por-
sapiens. Isso significa que tem o mesmo cérebro tanto, da situação. Devemos procurar falar ou
que qualquer outra pessoa, dotado das mesmís- escrever sempre tendo em vista esse aspecto.

A linguagem formal e a informal são


variações da língua. É muito impor-
tante que o falante saiba adaptar o
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seu discurso em diferentes contextos


de comunicação, principalmente para
garantir uma adequação linguística
em contextos mais formais.

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Atividades

1. O texto que você vai ler agora é uma fábula atribuída a Eso- APRENDA
po. Leia-o com atenção. MAIS

O cão e o pedaço de carne Fábula é um gênero tex-


tual que apresenta carac-
Um cão estava atravessando um rio carregando um pedaço de terísticas bem definidas.
carne na boca quando, de repente, assustou-se com seu próprio Com uma estrutura nar-
reflexo na água. O susto o fez pensar que era, na verdade, um rativa simples, os seus
outro cão, carregando um pedaço de carne bem maior que o seu. personagens são sempre
Imediatamente o cão soltou o pedaço de carne que carregava e animais que agem como
mergulhou para abocanhar o pedaço maior. Assim, o cão se arre- seres humanos, e seu ob-
pendeu profundamente de sua ação, pois o seu pedaço de carne jetivo é passar uma lição
foi levado pela correnteza e o outro, de fato, não existia. moral. Seu narrador é
Moral: Cuidado com a cupidez. sempre observador.
Releitura da fábula atribuída a Esopo.

Como vimos neste capítulo, utilizamos inúmeros símbolos na nossa comunicação diária. Es-
ses símbolos são os mais variados: vão das partículas que formam as palavras aos gestos, às
cores, aos sons e, até mesmo, ao silêncio. A produção de sentido de um texto se dá, neces-
sariamente, pela compreensão desses símbolos, que, por sua vez, devem fazer parte do seu
conhecimento de mundo. De posse dessas informações, responda às questões que seguem.

a. O que é uma lição moral?


Uma lição moral é um ensinamento.

b. Qual é o sentido da palavra cupidez, presente na moral dessa fábula?


A palavra cupidez significa ganância.

c. A cupidez normalmente tem um valor positivo ou negativo na nossa sociedade?


A sociedade, em geral, concebe a cupidez como uma postura negativa.

d. Identifique, no texto, a palavra utilizada para indicar quantidade. Que símbolo numérico
representa essa quantidade?
Um. O símbolo numérico que representa essa quantidade é 1.

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2. Tendo o cuidado necessário para não mudar o sentido da lição moral presente nessa fábula, pode-
ríamos substituir a palavra cupidez por:
a. Cobiça. b. Desatenção.
c. Covardia. d. Rapidez.
e. Vontade.

3. Ainda há pouco, vimos que, quando nos comunicamos com alguém, expressamos ações. Vol-
tando à fábula O cão e o pedaço de carne, podemos afirmar que a sua lição moral é uma ação
que equivale a:
a. Uma pergunta. b. Uma informação.
c. Um conselho. d. Uma reclamação.
e. Um castigo.

4. Entendendo que a lição moral da fábula é uma ação, podemos afirmar que quem a executou foi:
a. O pedaço de carne maior. b. O narrador.
c. O cão. d. O leitor.
e. O cão que apareceu refletido na água.

5. Como vimos, sempre que nos expressamos verbalmente utilizamos regras gramaticais. No en-
tanto, a língua não é somente a sua gramática. Pensando nisso, discuta com os seus colegas e o
professor: só é possível uma pessoa escrever e falar bem se souber todas as regras da gramática
ensinada na escola? Responda no seu caderno.

6. Leia a tirinha abaixo.

Nessa tirinha, o humor é despertado devido à inadequação entre o modo de falar de um dos
personagens e a situação comunicativa. Pensando nisso, responda às questões propostas.

a. Analisando o contexto, você poderia dizer qual deles se expressou de maneira inadequada?
O cliente se expressou de maneira inadequada.

b. De acordo com o último quadrinho, podemos afirmar que houve comu­nicação entre o gar-
çom e o cliente no primeiro quadrinho? Explique.
Não. O garçom não compreendeu o cliente, por isso não ocorreu comunicação.

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7. Neste capítulo, conhecemos um pouco da história da escrita. Vimos como ela surgiu e acom-
panhamos sua evolução ao longo do tempo. Desde a sua origem, a escrita representou um
importante papel: o de registrar ideias, informações, histórias, etc. Diante disso, discuta, com
seus colegas e o seu professor:
Resposta pessoal.
a. Na nossa sociedade, a palavra falada tem o mesmo valor social que a palavra escrita?
b. Por que as pessoas que não dominam as normas da escrita “correta” são vistas frequente-
mente de forma preconceituosa?
c. Essa forma de discriminação faz sentido?

8. Como vimos, o Brasil é caracterizado, entre outras coisas, por possuir diferentes falares, isto
é, diferentes modos de falar a mesma língua. Isso pode ser percebido claramente no seu dia
a dia. Na sua sala de aula, por exemplo, existem colegas que certamente falam de maneira
diferente de você, utilizando palavras que talvez você não utilize. E o seu professor talvez em-
pregue palavras e expressões que nem você nem seus colegas falem. E mais: com o professor,
você fala de um jeito; mas, com seus avós, certamente fala de outro. Pergunte a pessoas adul-
tas da sua família quais palavras ou expressões elas usam comumente para se referir a um(a):

a. Pessoa insegura demais. e. Homem bonito.


Resposta pessoal. Resposta pessoal.

b. Pessoa estudiosa. f. Situação difícil.


Resposta pessoal. Resposta pessoal.

c. Pessoa avarenta. g. Roupa esquisita.


Resposta pessoal. Resposta pessoal.

d. Mulher bonita. h. Trabalho muito cansativo.


Resposta pessoal. Resposta pessoal.

9. Considerando as diferenças entre linguagem oral e linguagem escrita, assinale a opção que
representa uma inadequação da linguagem usada à situação comunicativa.
a. “O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” — um pedestre que assistiu ao
acidente comenta com o outro que vai passando.
b. “E aí, ô meu! Como vai essa força?” — um jovem que fala para um amigo.
c. “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação” — al­guém comenta
em uma reunião de trabalho.
d. “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de secretária-executiva
dessa conceituada empresa” — alguém que escreve uma carta candidatando-se a um
emprego.
e. “Porque, se a gente não resolve as coisas como tem que ser, a gente corre o risco de
termos, num futuro próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros” — um professor
universitário em um congresso internacional.
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Desafio

Texto 1

1. De acordo com o que estudamos neste capítulo, podemos entender que a fala do menino:
a. É errada, porque é inadmissível em qualquer situação.
b. Não é errada, é apenas diferente da língua-padrão.
c. É errada, pois é diferente da língua-padrão.
d. É adequada para estabelecer comunicação em qualquer contexto.
e. É perfeitamente aceitável em qualquer situação.

2. Ainda sobre a tirinha, analise as afirmações abaixo.


I. A língua falada pelo menino é um exemplo de variação linguística, um fenômeno que ocorre
em todas as línguas.
II. Não há razão para a professora criticar a fala do aluno, pois é um exemplo de um fenôme-
no comum a todas as línguas: a variação.
III. A fala de Zeca deve ser discriminada, pois é errada.
IV. Zeca fala errado porque não aproveitou o que aprendeu na escola.
V. A professora está certa ao chamar a atenção do aluno, pois devemos nos expressar sem-
pre de acordo com a gramática normativa.

Está correto o que se afirma apenas em:


a. I e II.
b. II e III.
c. IV e V.
d. I e V.
e. III e IV.

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3. Analise as afirmações a seguir.
I. O menino foi entendido pela professora, embora não tenha se expressado conforme a
norma culta.
II. A professora não entendeu o menino, por isso o repreendeu.
III. O efeito de humor é resultado do mau emprego de algumas palavras no primeiro quadrinho.
IV. No terceiro quadrinho, a explicação dada pela professora mostra que ela ensina a norma
culta, por isso o aluno se expressou de maneira informal.
V. A intenção da tira é mostrar que algumas pessoas são preconceituosas, apesar de pensa-
rem que não.

Está correto o que se afirma apenas em:


a. I e III.
b. I e V.
c. II e III.
d. II e IV.
e. IV e V.

Texto 2
Na verdade, as pessoas cujas habilidades linguísticas são mais gravemente subestimadas
estão bem aqui, na nossa sociedade. Os linguistas constantemente topam com o mito de que
a classe trabalhadora e os membros menos educados da classe média falam uma linguagem
mais simples e menos refinada. Trata-se de uma ilusão perniciosa decorrente da naturalidade
da conversação.
PINKER, Steven. O instinto da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

4. Com base no Texto 2, um aluno do 6º ano tirou as seguintes conclusões.


I. No termo ilusão perniciosa, a palavra perniciosa poderia ser substituída, sem alteração de
sentido, por silenciosa.
II. O texto ilustra um caso de preconceito linguístico, uma forma de discriminação muito co-
mum na nossa sociedade.
III. Os trabalhadores e os membros menos escolarizados da classe média falam uma lingua-
gem mais simples porque não cultivam o hábito da leitura.
IV. Por ser natural, a conversação é vista frequentemente de maneira negativa.
V. A conversação natural prejudica a língua portuguesa, pois torna naturais os erros cometi-
dos na fala.

Está correto o que se afirma apenas em:


a. I e III.
b. I e V.
c. II e III.
d. II e IV.
e. IV e V.

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Questões de escrita

Fonema e letra
1. Leia em voz alta as palavras abaixo.

(1) banca (2) banco (3) branco (4) anciã (5) hoje (6) chover (7) carro (8) táxi

Para falar, proferimos sons. Mas esses sons não são produzidos isoladamente — eles são pro-
duzidos em grupos que se combinam. Assim, pronunciamos as palavras. Os sons que utiliza-
mos para falar são chamados de fonemas. Já os sinais gráficos que utilizamos para representar
esses sons na escrita são chamados de grafemas, ou, simplesmente, letras.

a. Entre as palavras 1 e 2, há algum fonema diferente?


Sim. Os fonemas finais /a/ e /o/. É importante chamar a atenção da turma para o fato de que,
para assinalar os fonemas na escrita, utilizamos barras.
b. E, entre as palavras 2 e 3, há algum fonema diferente?
Sim. Na palavra 3, há o fonema /r/ a mais.

c. Os fonemas são importantes para a diferenciação entre as palavras?


Sim.

d. Na palavra 4, analise a presença da letra a. Ela representa o mesmo fonema?


Sim.

e. Na palavra 5, a letra h representa algum fonema?


Não.

f. Com base na análise feita até aqui, como você definiria o que é um fonema?
Espera-se que o aluno conclua que fonema é o som distintivo.

g. Em qual(is) palavra(s) há mais letras que fonemas?


Nas palavras 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. É importante notar que atividades como esta, que avaliam a dualidade entre fo-
nemas e grafemas, levam, necessariamente, às noções de encontro consonantal e dígrafo, que serão trabalhadas
adiante.
h. Em qual(is) palavra(s) há mais fonemas que letras?
Na palavra 8.

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Classificação dos fonemas APRENDA
MAIS
2. Os fonemas são classificados em duas categorias principais:
vogais e consoantes. As vogais se caracterizam pelo fato de
Existem alguns exem-
não encontrarem obstáculos no nosso aparelho fonador
plos bastante claros para
quando são pronunciadas. Ou seja, o ar passa livremente
ilustrar que as letras não
pela nossa boca. Já as consoantes são identificadas como
representam os sons fiel-
ruídos, pois, para pronunciá-las, colocamos algum obstácu-
mente. Observe:
lo à passagem do ar no nosso aparelho fonador.
1. Uma mesma letra pode
Analise o uso da letra a nas palavras 1 e 8 da questão 1 e
representar mais de um
responda às perguntas abaixo.
fonema.
exame → sexto →
a. Essas letras representam sons vocálicos ou consonantais?
próximo
Sons vocálicos.
2. Um mesmo fonema
pode ser representado
b. Podemos afirmar que as letras representam fielmente os por letras diferentes.
fonemas? Explique. cela → sela
casa → cozinha → êxito
Não. As letras, na verdade, são tentativas de representação dos fone-

mas. Nesta etapa, optamos por não levar aos alunos a noção de alofo- 3. Existem letras que não
são representadas por
ne. Acreditamos que tal conceituação é inadequada para o ano. Apesar
fonemas.
disso, é importante levá-los a observar que a oralidade é um dos terre- canto(cãto) → aqui(aqi)
nos mais férteis para a percepção da variação linguística. → homem(ômen)

O alfabeto
3. Ao conjunto de letras que utilizamos na língua escrita, damos o nome de alfabeto. O nosso al-
fabeto conta, atualmente, com 26 letras, ordenadas de maneira específica, a chamada ordem
alfabética. Observe.

Alfabeto minúsculo
a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z

Alfabeto maiúsculo
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z

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Aponte ao menos três utilidades da ordem alfabética no nosso dia a dia.
A ordem alfabética é utilizada, por exemplo, na lista da chamada, nos dicionários, no gerencia-
mento de estoques e em listas de nomes próprios.
4. Pesquise palavras escritas com as letras k, w e y.
Resposta pessoal. Sugestão de resposta: kiwi, wi-fi e yoga.

APRENDA MAIS

Com a incorporação das letras k, w e y ao nosso alfabeto após o novo Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa, de 2008, precisamos fazer algumas distinções.

Consideramos o k sempre consoante, como o c antes de a, o e u e o dígrafo qu de querer.

Em palavras de origem inglesa, o w é pronunciado como u (whisky, watt, show) e é consoan-


te em palavras de origem alemã (Walter, Weber, Wagner). Observe que, nessas palavras, o w
é pronunciado como v.

O y funciona como vogal (Paraty).

5. Agora, vamos imaginar que você está escrevendo um dicionário destinado aos alunos do 1º
ao 5º ano da sua escola. Nesta etapa do trabalho, você definirá quais palavras serão utilizadas
nele. Para isso, você desempenhará duas tarefas muito importantes. Na primeira, você deve-
rá registrar cinco palavras empregadas na fábula O cão e o pedaço de carne, que você leu na
página 22. Na segunda, deverá registrar cinco palavras coletadas em alguns minutos de um
programa de sua preferência (desenho, anime, série, etc.). Feito isso, responda às questões
que seguem.

a. Quais palavras você registrou na primeira tarefa?


Resposta pessoal.

b. Quais palavras você anotou na segunda tarefa?


Resposta pessoal.

c. Agora, reflita com os seus colegas e com o seu professor:

• Todas as palavras anotadas na questão anterior aparecem no dicionário?


• Essas palavras nos ajudarão a entender um ponto importante sobre o estudo da língua
portuguesa. Discutam: se já sabemos nos comunicar bem desde os primeiros anos da
infância, por que devemos continuar estudando português?

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6. Observe, com atenção, esta reprodução de uma página simplificada de dicionário. Depois,
responda às perguntas.

en.va.si.lhar en.xo.val

en.va.si.lhar v.t. Acondicionar em vasilhas. Envasilhado adj.; envasilhamento s.m.


en.ve.lhe.cer v.t. (int.) Tornar(-se) velho. Envelhecido adj.; envelhecimento s.m.
en.ve.lo.par v.t. Colocar em envelope. Envelopado adj.
en.ve.lo.pe s.m. Invólucro para envio de correspondência ou impressos quaisquer.
en.ver.de.cer v.t. (int). 1. Tornar(-se) verde. 2. Cobrir(-se) de verdura. Enverdecido adj.: enverde-
cimento s.m.
en.xer.tar v.t. 1. Fazer enxerto em. 2. Inserir; introduzir. P. 3. Introduzir-se. Enxertado adj.; en-
xertador adj. e s.m.
en.xer.ti.a s.f. Ação ou efeito de enxertar; enxerto.
en.xer.to [ê] s.m. 1. Introdução de parte viva de um vegetal em outro para desenvolver-se neste,
formando novo vegetal. 2. Implantação de órgão, membro, etc. de corpo humano em outro,
transplante. 3. Ação ou efeito de enxertar.
en.xó s.f. Instrumento de carpinteiro para desbastar madeira.
en.xo.fre [ô] s.m. (Quím.) Elemento Não Metal, símb. S, de número atômico 16.
en.xo.tar v.t. Expulsar, pôr fora com brutalidade ou aspereza. Enxotado adj.
en.xo.val s.m. Conjunto de roupas e objetos complementares de pessoa que se casa, de crianças
por nascer, de quem se interna em colégio, etc.

a. O que indica a palavra destacada no alto da página, do lado esquerdo?


Ela indica que é a primeira palavra da página.

b. O que indica a palavra destacada no alto da página, do lado direito?


Ela indica que é a última palavra da página.

c. Sabendo-se que o dicionário é apresentado em ordem alfabética, onde você encaixaria a


palavra enxada?
A palavra enxada seria encaixada entre enverdecer e enxertar.

7. Cite alguns usos da ordem alfabética que você identifica no seu cotidiano.
Resposta pessoal. Sugestões de resposta: a lista de frequência na escola, a organização de do-
cumentos pessoais em diferentes situações e a busca de informações em seções de pesquisa
(sites de busca, plataformas de streaming, etc.).

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CAPÍTULO
2
Ato de fala, frase e
contexto

1. Ato de fala
Leia com atenção a tirinha a seguir.

No capítulo anterior, vimos que a língua é um provas corrigidas. Considerando a reação expressa
recurso fundamental para nós. Por meio dela, pela turma no segundo quadrinho, podemos en-
podemos expressar pensamentos, opiniões, tender que, além da ordem expressa no primeiro
ideias, etc. Podemos, também, sair do momento quadrinho, ela também amedrontou os alunos.
presente e nos projetar no passado ou no futu- O medo dos alunos é evidenciado no último
ro. Assim, dizemos que tudo o que realizamos quadrinho, quando a professora é substituída pela
por meio da língua são ações. caveira que tradicionalmente representa a morte.
Por exemplo, no primeiro quadrinho da tiri- Mais uma vez, ela informa e amedronta a turma.
nha acima, ao dizer Silêncio! a professora Nor- De modo geral, podemos dizer que dirigimos
ma desempenhou uma ação, ou seja, ela expres- a palavra uns aos outros com algum objetivo:
sou uma ordem. dar ou pedir uma informação, convidar, saudar,
Em seguida, a personagem desempenha ou- prometer, ordenar, agradecer, censurar, elogiar,
tra ação: ela informa aos alunos que entregará as desculpar-se, etc.

Chamamos de ato de fala esse comportamento verbal com que expressamos alguma
intenção comunicativa.

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2. Frase e contexto

A menor unidade linguística com que expressamos as ações verbais é o que chamamos
de frase.

Na língua escrita, toda frase é delimitada por


quatro sinais de pontuação: ponto (ou ponto-
APRENDA MAIS
-final), ponto de exclamação, ponto de inter-
rogação ou reticências. Já na língua falada, as
ações que as frases veiculam são evidenciadas As reticências são empregadas
pela entonação, isto é, a flexão de voz que utili- na escrita para assinalar interrup-
zamos para pronunciá-las. Portanto, é a entona- ções e hesitações em geral.
ção que, na fala, evidencia a ação expressa por — Com certeza terminarei mais
frases como: cedo e...
— E o quê?
— E poderei cumprir...
1. Está chovendo. As reticências podem ser empre-
2. Está choven... gadas, também, para indicar supres-
3. Está chovendo! são de algum conteúdo. Neste caso,
4. Está chovendo? elas devem ser colocadas entre pa-
rênteses (...) ou colchetes [...].
“A História é uma ciência que tenta
compreender o passado e o presente
Chamamos de contexto todas as informações da humanidade [...], pois, entendendo
que envolvem a comunicação. Essas informa- essas relações existentes, é possível
ções são indispensáveis para interpretarmos construir um futuro melhor.”
corretamente uma frase. SALVARI, Fábio. Diálogos da História. 6º ano. Recife: Construir:
2019, p. 9.

REFLITA

Por que o contexto é fundamental para a interpretação correta de uma frase?


Porque as informações externas à frase nos permitem fazer referências e associações cor-
retas. Assim, as frases acima podem ter diferentes interpretações a partir da definição de
um possível contexto.

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As frases podem ser divididas em dois grandes grupos: as frases completas e as frases incompletas.
As frases completas são aquelas que, em teoria, contam com todos os elementos necessários à
sua compreensão. Ao apresentar uma notícia, por exemplo, os jornalistas utilizam frases completas,
pois elas contam com uma organização gramatical mais rígida, o que contribui para o sucesso da
comunicação. Observe:

Os motoristas não podem usar o telefone enquanto dirigem.

Já as frases incompletas, também chamadas de frases de situação, são empregadas normalmente


nas conversas, nas interações feitas espontaneamente. Nessas situações, as frases tendem a ser frag-
mentadas, tornando-se formalmente incompletas. Mas, como as pessoas interagem de forma espon-
tânea, muitas vezes face a face, a comunicação não fica prejudicada. Veja um exemplo:

Socorro!

Podemos dizer que esses dois tipos de frase representam graus extremos de dependência do
contexto em que ocorrem. De um lado, as frases completas são menos “dependentes” do contexto,
pois teoricamente possuem todas as partes necessárias ao seu entendimento. Do outro, temos as
frases incompletas, estas muito dependentes da situação em que ocorrem.
Vejamos esses conceitos no quadrinho a seguir.
Reprodução

Nesse quadrinho, vemos mais uma vez a personagem que, culturalmente, identificamos como a
morte. No contexto, ela aparece acessando sua rede social, aparentemente sua página no Facebook.
Isso fica claro pela imagem representada na tela do computador, muito semelhante à página real da
rede. Nesse contexto, percebemos duas frases:

1. Mulher sofre acidente após postar no Facebook dirigindo.


2. Curtir.

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Nesse contexto, dizemos que a frase 1 é completa, e a frase 2 é incompleta. A frase 1 apresenta
certa independência do contexto. Analisando-a isoladamente, podemos afirmar que é o título de
uma notícia. Já a frase 2 é totalmente dependente da situação em que ocorre, pois a palavra cur-
tir, isolada, pode ter diferentes interpretações.

3. Classificação tradicional das frases


Tradicionalmente, os gramáticos classificam as frases em cinco categorias.

• Frases declarativas – Transmitem informações, declarações.

Mulher sofre acidente após postar no Facebook dirigindo.


Estudei muito hoje, mas não entendi bem o conteúdo.
Choveu por aqui.
Entendi.

• Frases exclamativas – Expressam emoções, reações. Essas frases sempre terminam com ponto
de exclamação (!).

Não entendi esse assunto!


Estou muito feliz com a sua vitória!
Nossa!
Socorro!

• Frases interrogativas – Essas frases formulam perguntas diretas e sempre terminam com pon-
to de interrogação (?).

Você gosta de comer peixe?


Como faço para chegar ao estádio?
Está perto?
Eu?

• Frases imperativas – Expressam ordens. Comumente empregamos o ponto de exclamação na


escrita para acentuar o valor dessas ordens.

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Abra as janelas da casa para clarear!
Júlia, organize seu material!
Chegue cedo!
Aperte!

• Frases optativas – Expressam desejos.

Gostaria de visitar a Serra da Capivara.


Espero que você faça uma boa viagem.
Tomara que passe!

Como você pode perceber, essa classificação não considera a estrutura das frases, se são com-
pletas ou incompletas. Aqui, considera-se apenas sua essência. Não há referência às intenções de
quem fala ou escreve.

REFLITA

Nas situações reais de comunicação, a classificação tradicional das frases é precisa?


Não, pois se trata apenas de uma classificação formal. Na prática, podemos combinar valores:
uma pergunta pode ser também uma exclamação (Você já chegou?!) ou uma ordem (Você
quer sair da minha frente?!); uma declaração pode ser tanto uma ordem (Você vai ouvir tudo.), como
uma pergunta (Gostaria de saber se o parque está aberto para visitação.).

4. Interjeição
Agora, analise a tirinha a seguir.
MENINO, MEUS ÓCULOS EH... HUM...
QUEBRARAM, LEIA ESTA HUMMMMM...
NOTÍCIA PARA MIM! PUTZ...

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Na fala do jovem, observamos o emprego de quatro frases de situação: Eh... Hum... Hummmmm...
Putz... Se analisarmos essas frases isoladamente, elas não têm sentido. Mas, inseridas no contexto
comunicativo, podemos entendê-las perfeitamente. Elas expressam a dificuldade do menino ao ler
a manchete da notícia. Frases de situação como essas são o que chamamos de interjeição.
Empregamos interjeições para:

• Chamar a atenção de alguém, geralmente para iniciar uma conversa ou como respostas
curtas enquanto ela acontece.

Olá! Psiu! Ei! Ahn?

• Representar sons não linguísticos. Essas interjeições são chamadas, também, de onomato-
peias.

Pou! Zzzz! Zum! Cabrum!

• Expressar estados emocionais (admiração, surpresa, desalento, dúvida, etc.).

Caramba! Epa! Ui! Oh!

Voltando à definição tradicional das frases, percebemos que as interjeições podem expressar
declarações, perguntas e até ordens, dependendo do contexto em que ocorrem.

Caramba! (Declaração de alegria ou decepção.)


Ahn? (Pergunta de quem não entendeu ou não acreditou no que ouviu.)
Psiu! (Ordem para fazer silêncio ou tentativa de chamar alguém.)

5. Condição discursiva
Chamamos de condição discursiva o componente da interação verbal que regula o direito à palavra.
De modo geral, o direito à palavra ocorre de duas maneiras:

• Monólogo – Apenas o enunciador fala.


• Diálogo – Ao menos duas pessoas falam.

O direito à palavra é regulado por algumas condições. Por exemplo: uma consulta médica se pro-
cessa por meio de um diálogo, estabelecido entre o médico e o paciente. Nessa situação, o paciente
expõe os motivos que o levaram à consulta e o médico lhe receita um tratamento. Se, por exemplo,
um dos dois interrompe constantemente o outro, a condição discursiva foi desrespeitada, o que
pode ser entendido como falta de educação.

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Atividades

Texto 1

Professor Moisés, o senhor sabia que Professor Moisés, como Nossa! Agora eu sei a idade de Luzia!
o Serafim é um hominídeo? é o nome do hominídeo
brasileiro mais antigo?
Como assim, Luzia?
Me dá!! Somos todos Homo
sapiens sapiens...

Luzia, que tem


É que os desenhos dele
aproximadamente
parecem arte rupestre!
12 mil anos...

1. Com base no Texto 1, responda às questões propostas.


a. No primeiro quadrinho, podemos dizer que a palavra desenhos é uma frase? Justifique sua
resposta.
Não, pois não teria sentido se empregada isoladamente.

b. E, no último quadrinho, a expressão Nossa! pode ser entendida como frase? Explique.
Sim. Como é uma interjeição, pode ser classificada como uma frase de situação.

c. Para você, qual foi a intenção de Serafim ao exclamar Agora eu sei a idade de Luzia! no
último quadrinho?
Resposta pessoal. Sugestão de resposta: Ele quis zombar da colega, pois ela zombou dele antes.

2. Entre as opções a seguir, identifique a palavra que resume o ato de fala desempenhado por
Serafim no último quadrinho.
a. Pena.
b. Vingança.
c. Raiva.
d. Dúvida.
e. Pedido.

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Texto 2

A catadora de vidro
Uma família de cinco pessoas estava passeando na praia. As crianças estavam tomando banho de
mar e fazendo castelos na areia quando, ao longe, apareceu uma velhinha.
Seu cabelo grisalho esvoaçava ao vento, e suas roupas estavam sujas e esfarrapadas. Resmungava
enquanto apanhava coisas na areia e as colocava em um saco.
Os pais chamaram as crianças e pediram-lhes que ficassem longe da velha.
Quando ela passou, curvando-se de vez em quando para apanhar coisas, sorriu para a família,
mas seu cumprimento não foi correspondido.
Semanas mais tarde, souberam que a velhinha dedicara a vida ao trabalho de apanhar caquinhos
de vidro da praia para que as crianças não cortassem os pés.
RANGEL, Alexandre. As mais belas parábolas de todos os tempos. V. 3. Contagem: Leitura, 2005. p. 19.

3. Que lição moral podemos tirar dessa parábola?


Não devemos julgar as pessoas pela aparência.

4. Por que a família ignorou o sorriso da velha?


Resposta sugerida: Porque não lhe deu valor.

5. Que trecho do texto caracteriza a velhinha? Copie-o nas linhas a seguir.


“Seu cabelo grisalho esvoaçava ao vento, e suas roupas estavam sujas e esfarrapadas. Resmun-
gava enquanto apanhava coisas na areia e as colocava em um saco.”

6. A que a velhinha dedicara a sua vida?


Ao trabalho de apanhar cacos de vidro na areia da praia.

7. Para você, o que será que os pais sentiram quando souberam, semanas mais tarde, o que a velhinha
fazia na praia?
Resposta pessoal.

8. No Texto 2, há predomínio de frases completas ou de frases incompletas? Reflita: por que há essa
predominância?
No Texto 2, há apenas frases completas. Essa predominância ocorre por causa da presença de um

locutor único (narrador), que escreve para um destinatário que apenas recebe a mensagem. Assim, a

organização gramatical das frases é mais rígida, para que haja sucesso na comunicação.

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Texto 3

9. Por que, para as crianças, a aula de Português não é boa?


Porque a professora não conhece ou não considera a noção de variação linguística. Ou seja,
ela ensina o conteúdo com base apenas na gramática normativa, que trabalha com avaliações
dicotômicas, como a Matemática.

10. Qual dos personagens da tira se expressa de maneira informal?


Serafim.

11. A forma como esse personagem fala é errada? Explique.


Não. Como os dois personagens estão conversando em uma situação informal e estão se com-
preendendo, a fala de Serafim é adequada.

12. No último quadrinho, podemos tirar uma conclusão interessante a respeito do ensino da lín-
gua portuguesa. Que conclusão é essa?
A conclusão é a de que não faz sentido julgar a maneira de falar das pessoas, da mesma forma que é inadequado

pensar que o cheiro da jaca é certo. Professor, seria interessante complementar esta resposta comentando que

tanto um quanto o outro são fatos e, como tais, existem independentemente da nossa avaliação.

13. No segundo quadrinho, a fala de Serafim expressa um ato de fala de:


a. ponderação. b. concordância.
c. dúvida d. prejulgamento.
e. desistência.

14. Na língua portuguesa, apenas quatro sinais gráficos podem encerrar uma frase: reticências,
ponto, ponto de interrogação e ponto de exclamação. No entanto, esses sinais não são sufi-
cientes para expressar toda a riqueza comunicativa que a língua possui. Pensando nisso, res-
ponda às questões seguintes.

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a. No primeiro quadrinho, que sinal gráfico poderia substituir o ponto-final da fala de Serafim
sem alterar o sentido da tirinha?
O ponto de exclamação.

b. Caso essa substituição fosse feita, que sentido esse sinal acrescentaria à fala de Serafim?
A exclamação acrescentaria à fala de Serafim o sentido de indignação, aborrecimento, impa-
ciência, etc.
15. Alguns narradores esportivos ficam conhecidos pelo público devido aos seus bordões (palavra,
expressão ou frase, sempre repetida, com a qual deseja criar um efeito emocional ou engraça-
do). O narrador Milton Leite, por exemplo, usa como bordões as expressões “Que beleza!” e
“Meu Deus!”. Reflita: os bordões podem ser considerados frases? Explique.
Podem, sim, pois apresentam sentido completo na situação comunicativa em que são empre-
gados, isto é, formam uma unidade mínima de comunicação.
16. O desrespeito à condição discursiva é o tema da tirinha a seguir. Leia-a.

a. Analisando a tira, percebemos que a condição discursiva é desrespeitada ao longo da histó-


ria. Explique como se dá esse desrespeito.
Na história, o personagem está sempre tentando dialogar, mas não deixa as mulheres falarem.

b. Como esse desrespeito fica evidenciado no texto?


Nos quadrinhos, a fala do homem aparece sobreposta à fala das mulheres, como se ele sem-
pre as interrompesse.
c. Qual é a consequência desse desrespeito para o personagem?
Como a cada encontro o personagem não deixa as mulheres falarem, nenhum dos encontros
dá certo. Isso fica sugerido pela mudança das mulheres ao longo da história.
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Desafio

Texto

1. Tendo como base o contexto comunicativo d. Devemos lutar contra as injustiças.


da tira e as frases proferidas pelos perso- e. O mundo tem muitas injustiças!
nagens, analise as afirmações a seguir.
I. O menino se mostra disposto a enten-
3. Sobre as falas dos personagens, é incorre-
der a opinião da menina.
to afirmar que:
II. Há uma gradação na agressividade
a. As palavras claro e óbvio podem ser
apresentada pelo menino.
entendidas como frases.
III. No segundo quadrinho, o ponto de in-
b. No primeiro quadrinho, a fala da
terrogação presente na fala da menina
menina é uma frase interrogativa.
poderia ser acompanhado de uma ex-
c. Todas as falas do menino expres-
clamação.
sam emoções.
d. As reticências indicam que a meni-
Está correto o que se afirma em:
na interrompeu sua fala.
a. I, apenas.
e. No último quadrinho, temos duas
b. II, apenas.
frases declarativas.
c. III, apenas.
d. I e II.
4. Sobre a fala da menina no último quadri-
e. II e III.
nho, é correto afirmar que, para ela:
a. Os problemas do mundo não têm
2. A fala da menina no primeiro quadrinho
solução.
sugere que o menino havia falado algo an-
b. As injustiças são fruto de ações go-
teriormente. Indique a frase que, de acor-
vernamentais.
do com o contexto da tira, melhor repre-
c. O mundo pode ser melhorado.
sentaria essa fala do menino.
d. A vida na Terra está em perigo.
a. O mundo é assim...
e. Precisamos aceitar que os proble-
b. Devemos nos conformar com as in-
mas do mundo são indiscutíveis.
justiças.
c. Devemos nos conformar com o
mundo!
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Questões de escrita

Estudo da sílaba
1. Em uma palavra como pai, constituída de uma única sílaba, temos apenas uma vogal, indicada
pela letra a. Do mesmo modo, a palavra seu possui somente uma vogal, representada pela
letra e. Nos dois casos, os fonemas vocálicos /i/ e /u/ são considerados semivogais, pois são
pronunciados de maneira mais fraca. Leia as palavras a seguir e identifique em quais delas
ocorrem os fonemas vocálicos /i/ e /u/ na condição de semivogais.

réu juiz foi comprei país

ciúme peixe ouro Lua saúde

quase rua treino roupa rainha

2. Volte às palavras da questão anterior e pronuncie cada uma delas pausadamente. Perceba
que, ao realizar essa atividade, sua boca executa movimentos bastante precisos. Cada movi-
mento corresponde a uma sílaba. A sílaba é um fonema ou grupo de fonemas que produzimos
em um só impulso de voz. Agora, reflita: quantas vogais pode haver em uma sílaba?
Em uma mesma sílaba, só pode haver uma vogal.

3. Quanto ao número de sílabas, as palavras são classificadas como monossílabas, dissílabas,


trissílabas e polissílabas. Reflita: quantas sílabas as palavras possuem em cada categoria?
Exemplifique.
As palavras monossílabas possuem uma sílaba, como pé; as dissílabas possuem duas, como
sofá; as trissílabas possuem três, como caneta; as polissílabas possuem quatro ou mais síla-
bas, como releitura, intensidade e desentendimento.
4. As palavras monossílabas podem ser átonas ou tônicas, conforme sejam dependentes de ou-
tras ou não, respectivamente. Já nas palavras com mais de uma sílaba, há sempre uma sílaba
pronunciada com mais intensidade que as demais: a sílaba tônica. Quanto à posição da sílaba
tônica, as palavras se classificam como:

• Oxítonas – quando a sílaba tônica é a última.


• Paroxítonas – quando a sílaba tônica é a penúltima.
• Proparoxítonas – quando a sílaba tônica é a antepenúltima.

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Exemplifique cada uma dessas categorias.
Resposta pessoal. Sugestão: oxítonas – Amapá, enxugar, armazém; paroxítonas – ronco, cama,
garrafa; proparoxítona – página, atlético, hábitat.

5. Leia em voz alta as palavras a seguir e identifique a sílaba tônica de cada uma delas. Dica: para
encontrar a sílaba tônica de forma rápida, fale a palavra como se a fosse vender: a vogal da
sílaba tônica se prolonga. É engraçado, mas funciona!

biosfera comunidade máquina espaço parasitismo


planejamento inquilinismo fotográfico órbita planeta
combinação cidade ambientalista humano ecológico

APRENDA MAIS

A sílaba tônica de uma palavra polissílaba deve estar, necessariamente, na última, penúlti-
ma ou antepenúltima posição. Algumas palavras, porém, possuem uma sílaba subtônica
(pronunciada de forma um pouco mais fraca que a tônica). As sílabas que não são tônicas
nem subtônicas são chamadas de átonas (pronúncia fraca). Observe.

Sílabas átonas Sílabas átonas

ca fe zi nho ra pi da men te

Sílaba subtônica Sílaba tônica Sílaba subtônica Sílaba tônica

A sílaba subtônica é a sílaba tônica da palavra primitiva. Veja.

Palavra primitiva Palavra derivada


café cafezinho
rápido rapidamente

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CAPÍTULO
3
Estudo dos textos

1. O que é um texto?
Leia.

Para entender o cartum acima, precisamos fazer diversas operações mentais. Uma dessas opera-
ções consiste na identificação dos três elementos não verbais mais importantes para a construção
do sentido: os dois personagens e a flecha.

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REFLITA

O que cada um deles representa no nosso imaginário? Quem teria disparado a flecha?
O cérebro representa a razão, o coração representa a emoção, a flecha representa a paixão.
O deus conhecido como Cupido teria disparado a flecha.

Como vimos, a linguagem é um traço fundamental dos seres humanos, embora não seja uma
característica exclusiva nossa, pois os animais em geral também são capazes de se comunicar entre
si. No entanto, somente os seres humanos conseguem interagir de maneira tão complexa. Por exem-
plo, quando conversamos somos capazes de situar o conteúdo das nossas falas tanto no passado
quanto no futuro. Podemos até inventar esse conteúdo e representar ideias por meio de imagens,
como no cartum que você leu.
Então, de acordo com o que estudamos até agora, dizemos que a nossa linguagem é essencial-
mente interativa. Ao proferirmos a mais simples palavra para alguém, temos alguma intenção: pe-
dir, ordenar, agradecer, chamar a atenção, lembrar, ensinar, orientar, etc., e a pessoa a quem nos
dirigimos procura captar essa intenção. Na prática, é bastante simples: quando falamos ou escreve-
mos, queremos ser compreendidos, e o nosso interlocutor quer nos compreender. Por isso, dizemos
que o sucesso de uma comunicação depende das pessoas envolvidas, que cooperam umas com as
outras para produzir sentido. Toda interação se dá por meio de textos.

Chamamos de texto a atividade interacional comunicativa que acontece em uma situa-


ção específica.

Para compreender o cartum, fazemos uma leitura das imagens (linguagem não verbal) e dos
enunciados (linguagem verbal). A compreensão se dá mais ou menos como um somatório dessas
linguagens e seus significados.
Na nossa cultura, a razão e a emoção constantemente são representadas pelo cérebro e pelo
coração, respectivamente. De acordo com esse entendimento, o cérebro e o coração são os órgãos
nos quais a razão e a emoção acontecem. A flecha, por sua vez, representa a paixão, sendo atirada
nas pessoas pelo deus chamado Cupido. No imaginário coletivo, a pessoa apaixonada fica distraída,
despreocupada, feliz. Daí o desespero do cérebro (razão) expresso no balão de medo:

Cara, reage! Que sorriso estranho é esse? Fala comigo!

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Nas tirinhas, nas histórias em quadrinhos, nas charges, entre outras, a fala dos personagens nor-
malmente é indicada em balões. Além do conteúdo verbal, o próprio balão atua como símbolo não
verbal, indicando as circunstâncias que envolvem a fala dos personagens. Observe:

• Fala comum – Uma linha simples, oval ou retangular.

• Pensamento ou sonho – Linha curva, semelhante a


uma nuvem.

• Sussurro ou cochicho – Linha tracejada.

• Fala eletrônica – Linha simples com ponta direcional


em forma de raio. É usada para representar vozes repro-
duzidas em aparelhos eletrônicos.

• Grito – Linha espalhada, cheia de pontas, semelhante


ao desenho de uma explosão.

• Expressão de medo – Linha tremida, irregular.

• Frio ou derretimento, moleza – Linha escorrida. Tam-


bém é usada para expressar frieza do personagem ao
falar.

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Apesar de esses balões serem bastante utilizados, há ainda outras formas de marcar falas e cir-
cunstâncias enunciativas, como o uso de cores diferenciadas, negrito, itálico, onomatopeias, letras
maiúsculas, falas duplas e tamanho de fonte diverso. Na tirinha a seguir, foram utilizados alguns
desses recursos.

QUINO. Toda Mafalda: da primeira à última tira. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 15.

Em outros textos que utilizam apenas a linguagem verbal, organizamos as ideias em blocos,
os parágrafos. Os parágrafos são indicados com um recuo de margem do seu primeiro enuncia-
do, que se inicia com letra maiúscula.

REFLITA

Para compor um parágrafo, é necessário escrever várias frases?


Não é necessário compor o parágrafo com várias frases. Às vezes, apenas uma frase, ou
mesmo uma palavra, pode formar um parágrafo.

2. Sequências e gêneros textuais


Não é necessário nos aprofundarmos no estudo dos textos para percebermos que há uma multi-
plicidade deles em nossa vida diária. Eles estão por toda parte, transmitindo informações, influen-
ciando nosso comportamento, repassando histórias, etc.
Com um pouco mais de atenção, vemos que agrupamos vários textos em torno de um nome,
digamos, comum. Para entender isso, basta você pensar na palavra fábula. O que ela lhe sugere de
imediato? Provavelmente você pensou em um texto cujos personagens são animais que agem como
seres humanos (como vimos no primeiro capítulo). Mas não só isso: certamente você já sabe que
todas as fábulas sempre são produzidas com o objetivo de nos passar uma lição moral. Essas duas
características (personagens animais e lição moral) são comuns a todas as fábulas. Veja um exemplo
de fábula.

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O mosquito e o leão
Um orgulhoso mosquito resolveu mostrar a todos
como era valente. Voou até o leão e disse:
— Você pensa que tem mais força do que eu? Pois
saiba que não é bem assim! Você só sabe arranhar e
roer com garras e dentes, grande coisa! Eu sou muito
mais forte que você, e eu o desafio!
E, zumbindo, começou a picar o leão nas partes
mais lisas de seu focinho.
O leão se debateu, tentando, em vão, acertar o mos-
quito. Porém, em seu esforço, ele só conseguiu se arra-
nhar todo e cair cansado e vencido pelo ágil e pequenino
inimigo.
Triunfante e zumbindo de felicidade, o mosquito
partiu. Mas, embevecido pelo seu orgulho, nem perce-
beu que seguia direto para uma teia de aranha!
Enrolado na teia, sem conseguir mais voar, ele viu a
aranha se aproximando para comê-lo e pensou, revol-
tado: “Como isso pôde acontecer comigo?! Venci o po-
deroso leão para virar jantar de uma maldita aranha!”.
Moral: Muitas vezes o menor dos nossos inimigos
deve ser o mais temível.
TOLSTÓI, Liev. Fábulas. Tradução e adaptação de Tatiana Mariz e Ana Sofia Mariz. São
Paulo: Companhia das Letrinhas, 2009. p. 19–20.

Ao ler esse texto, você percebeu que ele apresenta aquelas duas características de que falamos
ainda há pouco? Além delas, podemos observar outras: o ambiente e o tempo não têm importância
para a história, os diálogos são curtos, etc. Essas características nos permitem afirmar, portanto, que
esse texto é uma fábula.
Assim, qualquer texto que tenha esses detalhes e a função de repassar um ensinamento pode
ser identificado como fábula. Da mesma forma, se alguma dessas características for mudada, essa
identificação também mudará. Por exemplo: se os personagens forem seres humanos, não animais
irracionais, teremos uma parábola; e, se os personagens forem objetos, teremos um apólogo.
Podemos dizer, resumindo, que as fábulas, as parábolas e os apólogos possuem, basicamente,
características estruturais muito parecidas, mas não são a mesma coisa. Eles exemplificam o que
chamamos de gêneros textuais.
Entre as características que esses gêneros possuem, a principal é, sem dúvida, que são sempre tex-
tos narrativos, isto é, contam histórias de personagens que desempenham ações que são transmitidas
por meio da voz de um narrador. Da mesma forma que fábulas, parábolas e apólogos, muitos outros
gêneros são também narrativos: contos, novelas, romances, piadas, etc. Dessa forma, podemos dizer
que a narração está presente em vários gêneros textuais, marcando a sua estrutura. A narração faz
parte do conceito que chamamos de sequência textual. Podemos esquematizar o que vimos até ago-
ra de forma simples.

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Sequência Narrativa

Gêneros textuais Fábula Parábola Apólogo

Textos O mosquito e o leão O velho e o menino A agulha e a linha

Segundo alguns teóricos, existem, basicamente, seis sequências textuais: injuntiva (prescritiva),
descritiva, narrativa, expositiva, argumentativa e dialogal. De maneira simples, poderíamos defini-
-las deste modo:

• Injuntiva – É a sequência textual que permeia gêneros em que incitamos à ação.


Neles o emissor procura agir sobre o receptor fazendo com que ele adote deter-
minados comportamentos, como ocorre frequentemente nas receitas culinárias,
nos manuais do usuário, etc.
• Descritiva – Registra características de pessoas, lugares, objetos. Os anúncios de ven-
da de imóveis nos jornais, por exemplo, são textos em que as sequências descritivas
prevalecem.
• Narrativa – É o relato de fatos feito por um narrador, o desenrolar de uma trama,
de ações. Esse relato envolve personagens normalmente localizados no tempo e no
espaço.
• Expositiva – É a explanação de informações. Essa sequência permeia textos cuja
função principal é informar, como a notícia de jornal.
• Argumentativa – Predomina em textos cujo objetivo maior é a defesa de pontos de
vista. Essa defesa é feita por meio de ideias e argumentos e visa convencer ou per-
suadir o interlocutor.
• Dialogal – Corresponde às sequências que constituem os diálogos.

Apesar de apresentarmos as seis sequências textuais separadamente, elas podem aparecer


juntas em um mesmo texto. Entretanto, uma delas prevalece sobre as demais, indicando a natu-
reza do gênero.

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Atividades

1. Imagine que os itens A e B a seguir foram escritos por diferentes historiadores para fazer parte
de um guia turístico sobre o Parque Nacional Serra da Capivara.

A.
O Parque Nacional Serra da Capivara foi criado em 1979, fronteira entre duas forma-
ções geológicas, com serras, vales e planície, o parque abriga fauna e flora específicas
da Caatinga com presença de tatus-verdadeiros, tatus-bola, tamanduás, jacus, cotias,
veados-catingueiros, porcos-do-mato, macacos-prego e até onças, lagartos e serpentes
e foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Em qualquer época
do ano é possível visitar. A Sede da administração do Parque fica na cidade de São
Raimundo Nonato/PI no período das chuvas pode-se apreciar a floração das plantas
da Caatinga a região abriga 173 sítios arqueológicos abertos à visitação. O Parque fica
localizado no semiárido nordestino.

B.
Durante milênios, as paredes dos sítios do Parque Nacional Serra da Capivara foram
pintadas e gravadas por grupos humanos com diferentes características culturais que
se refletem nas escolhas gráficas que aparecem nos sítios. O visitante pode hoje obser-
var um produto gráfico final que foi realizado gradativamente e que pela sua narrativi-
dade evoca fatos da vida cotidiana e cerimonial da vida em épocas pré-históricas.

EVELYN CALIMAM SAMPAIO/Shutterstock.com

Pinturas rupestres produzidas em caverna locali-


zada no Parque Nacional Serra da Capivara.

50

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a. Tendo em vista o que estudamos, podemos afirmar que os itens A e B são textos? Justifique
sua resposta.
Sim. O item A é composto de frases mal formuladas e mal conectadas, mas isso não impede a
construção do sentido por parte do leitor. O item B também é um texto, pois apresenta unida-
de temática e estrutural bem formulada.

b. Na sua opinião, os dois itens poderiam fazer parte do guia turístico do Parque? Explique.
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno entenda que, devido aos problemas apresentados
pelo item A, não seria adequado utilizá-lo no guia.

2. Com base na análise feita dos itens A e B da questão anterior, avalie as afirmações seguintes,
assinalando C (certo) ou E (errado).
a. E Podemos concluir que texto é a sucessão ou combinação de frases.
b. E Texto é a sucessão de frases com sentido.
c. E Podemos entender a noção de texto como a unidade linguística superior à frase.
d. C Texto é uma atividade verbal em que há necessariamente produção de sentido.
e. C O item A constitui um texto, apesar de não apresentar unidade estrutural e temática
bem organizada.
f. C O item A, embora apresente raros elementos conectivos entre as ideias veiculadas,
apresenta-se como um todo significativo.
g. E O item B constitui texto, uma vez que apresenta várias frases.
h. C No item B, há o predomínio da linguagem formal.

Texto 1
Modo de preparo
Brownie do Luiz • Numa batedeira coloque 6 ovos, ½ kg de açúcar, 3 ½ xí-
caras (chá) de farinha de trigo, 700 g de achocolatado,
Ingredientes 300 g de manteiga com sal e bata bem até formar uma
6 ovos mistura homogênea.
½ kg de açúcar • Coloque a massa numa assadeira (40 cm x 25 cm) un-
3 ½ xícaras (chá) de farinha de trigo tada e leve ao forno médio preaquecido a 180 °C por
700 g de achocolatado ± 30 minutos. Retire do forno e deixe esfriar.
300 g de manteiga com sal • Corte em quadrados (6 cm x 6 cm) e sirva em seguida.
Disponível em: http://gshow.globo.com/receitas-gshow/receita/brownie-do-luiz. Acesso em: 23/09/2019.

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3. Como você sabe, os textos fazem parte da nossa vida. Fazemos uso deles para atuar e nos co-
municar nos diferentes campos de atividade pelos quais circulamos em nosso cotidiano — em
casa, na escola, no shopping, estudando e até consumindo. Os gêneros textuais nos servem nesses
momentos, pois são as formas de dizer mais ou menos estáveis em nossa sociedade. Todos os
cidadãos sabem o que são e reconhecem notícias, anúncios, bulas de remédio, livros didáticos,
bilhetes, etc. Reconhecemos os gêneros textuais principalmente por três aspectos:

• A forma de composição.
• Os temas e as funções que viabilizam.
• O estilo de linguagem que permitem (formal, informal).

Com base nesses três aspectos e no seu conhecimento de mundo, responda às questões a seguir.
a. O texto Brownie do Luiz é um exemplo de que gênero textual?
Receita culinária.

b. Que características composicionais você identifica nesse texto?


Resposta pessoal. Espera-se que o aluno identifique características como a subdivisão do texto
em duas partes (ingredientes e modo de preparo).
c. Qual é a função social desse gênero textual?
A receita culinária tem a função de ensinar as pessoas a prepararem os alimentos.

d. Esse gênero permite o uso da linguagem formal ou informal?


Normalmente as receitas são escritas com linguagem formal, mas é possível o registro informal.

e. Que sequência textual predomina nesse texto?


Na receita culinária, predomina a sequência injuntiva.

4. Analise os textos que seguem e indique qual é o gênero textual que exemplificam. Aproveite
também para identificar a sequência textual que prevalece em cada um deles.

Texto 1

Como surge um deserto?


Para uma área ser considerada desértica, ela precisa reunir pelo menos dois elementos:
solo arenoso e clima quente e seco, com baixíssimos índices de chuvas durante um longo pe-
ríodo. Os desertos que existem hoje na Terra experimentam há milhares de anos uma média
de chuvas menor que 250 milímetros por ano, um índice seis vezes inferior ao da cidade de São
Paulo, por exemplo. Isso quer dizer que demora muito tempo para um deserto aparecer […].
Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-surge-um-deserto. Texto adaptado. Acessado em: 16/04/2019.

Artigo de divulgação científica. Sequência textual: Expositiva.

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Texto 2

Vulcão chileno Calbuco entra em erupção

O vulcão chileno Calbuco entrou em erupção nesta quarta-feira, 22 de abril, e expeliu uma
potente coluna de cinzas de vários quilômetros de altura, o que não acontecia há quase 50
anos, provocando o isolamento das cidades mais próximas.
Disponível em: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters.htm. Acessado em: 29/04/2019.

Notícia. Sequência textual: Narrativa.

Texto 3

Tirinha. Sequência textual: Narrativa.

Texto 4

Animado com esta saída feliz que me deu o javanês, voltei a procurar o anúncio. Lá estava
ele. Resolvi com determinação me candidatar ao professorado do idioma oceânico. Escrevi a
resposta, passei pelo jornal e deixei lá a carta. Em seguida, voltei à biblioteca e continuei os
meus estudos de javanês. Não fiz grandes progressos nesse dia, não sei se por julgar o alfabeto
javanês o único saber necessário a um professor de língua malaia ou se por ter me empenhado
mais na bibliografia e história literária do idioma que ia ensinar.
BARRETO, Lima. O homem que sabia javanês. In: Contos selecionados. Seleção e adaptação de Malthus de Queiroz. Recife: Prazer de Ler,
2012, p. 10.

Conto. Sequência textual: Narrativa.

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Texto 5

Reprodução
Anúncio. Sequência textual: Injuntiva.

Texto 6

— Do que está falando? — perguntei.


Ela pareceu surpresa, como se não fosse para eu ter escutado aquilo.
— Você deveria contar para ele no que está pensando, Isabel — sugeriu o papai, que estava do
outro lado da sala, conversando com o pai do Christopher.
— É melhor falarmos sobre isso depois — disse a mamãe.
— Não. Eu quero saber do que você estava falando — retruquei.
— Você não acha que está pronto para ir à escola, Auggie? — perguntou a mamãe.
— Não — respondi.
— Eu também não — concordou papai.
— Então é isso. Assunto encerrado — concluí, dando de ombros, e sentei no colo dela, como se
fosse um bebê.
— Só acho que você precisa aprender mais do que eu posso ensinar — justificou-se a mamãe. —
Quer dizer... Ah, Auggie, você sabe como sou péssima com frações!
PALACIO, J. R. Extraordinário. Tradução: Rachel Agavino. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012. p. 14.

Diálogo. Sequência textual: dialogal.

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Texto 7

Reprodução
Anúncio. Sequência textual: Injuntiva.

Texto 8

A raposa e as uvas
Uma raposa faminta viu uns cachos de uva pendurados a grande altura, em uma videira que
crescia ao longo de uma treliça, e fez de tudo para alcançá-los, saltando o mais alto que podia. Mas
seu esforço foi em vão, pois os cachos estavam fora de seu alcance. Por isso, ela desistiu de tentar.
Afastou-se e, com um ar de dignidade e indiferença, falou:
— Eu pensei que aquelas uvas estavam maduras, mas vejo agora que elas eram, na verdade,
bastante azedas.

Moral da história: Quem desdenha quer comprar.


SANTOS, Laura. Fábulas de Esopo. Recife: Prazer de Ler, 2014, p. 3.

Fábula. Sequência textual: Narrativa.

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Desafio

1. (Enem–Adaptada) Em 2002, o Governo Federal promoveu uma campanha a fim de reduzir os


índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete:

Campanha contra a violência do governo do Estado entra em nova fase.

A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da


notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação:
a. Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase.
b. A violência do governo do estado entra em nova fase de campanha.
c. Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência.
d. A violência da campanha do governo do Estado entra em nova fase.
e. Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase.

2. Leia o cartaz.
Em relação ao texto, é possível afirmar que ele:
a. apresenta traços claros de ambiguida-
O ÚNICO CAMINHO É de, isto é, sugere mais de uma possibi-
lidade de interpretação.
SALVAR A NATUREZA!
b. desrespeita as normas para textos for-
mais escritos, sobretudo em relação à
variação linguística.
c. possui uma inconsistência de sentido,
pois apresenta contradições entre as
informações e os dados da realidade.
d. cumpre a função de convencer o leitor
Colabore com esse ato em
defesa do meio ambiente. a aderir à campanha em favor do meio
ambiente.
Seja nosso parceiro. e. atende perfeitamente ao objetivo co-
As futuras gerações agradecerão. municativo a que se propõe.

3. (Unicamp–Adaptada) Alguns anos atrás, uma universidade brasileira veiculou um convite-pro-


paganda para a palestra Desenvolvimento da saúde e seus principais problemas, que seria pro-
ferida por um ex-ministro da Saúde. Do convite-propaganda, fazia parte uma foto do político,
sobre a qual foi colocada uma tarja branca com o seguinte enunciado:

A “UNIVERSIDADE X” ADVERTE: ESSA PALESTRA FAZ BEM À SAÚDE.

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a. Esse enunciado faz alusão a um outro. Qual?
O enunciado faz alusão ao texto veiculado pelo Ministério da Saúde em suas ações contra o
tabagismo: O Ministério da Saúde adverte: fumar faz mal à saúde.

b. O convite-propaganda situa a “Universidade X” em um lugar de autoridade. Explique como


isso acontece.
Ao fazermos a referência desse convite-propaganda ao texto veiculado pelo Ministério da Saúde (uma institui-

ção com poder legitimado), percebemos que, no convite, a expressão Universidade X ocupa a mesma função
do termo O Ministério da Saúde na advertência, ou seja, os dois termos são equivalentes semanticamente.

Texto 1

Trabalho infantil em números


Dados de 2010

5,2%das crianças
328 cidades mineiras têm o Dados gerais do
brasileiras índice de crianças nessa Brasil
entre 10 e 13 faixa etária que trabalham
anos trabalham acima da média nacional
Estados com mais crianças de
10 a 13 anos trabalhando
Municípios mineiros com maior percentual 1o São Paulo............. 2.649.355
de crianças de 10 a 13 anos trabalhando 2o Minas Gerais........ 1.341.370
3o Bahia..................... 1.068.919
1o Rochedo de Minas 26% 4o Rio de Janeiro...... 1.045.916
2o Tocos do Mogi 25,9% 5o Paraná.................. 720.290
3o Santana do Manhuaçu 23,6%
4o Chapada Gaúcha 23,2% Ranking das crianças de 10
a 13 anos que trabalham e não
5o José Gonçalves de Minas 21,9%
frequentam a escola
6o Senador José Bento 21,5%
1o São Paulo............. 77.712
7o Senador Nordestino 20,4% 2o Bahia..................... 31.106
Fonte: Instituto Brasileiro de
8o Alagoa 19,9% 3o Minas Gerais........ 30.787 Geografia e Estatística (IBGE).
o
9 Santo Antônio do Itambé 19,6% 4o Rio de Janeiro...... 29.700 Disponível em: http://www.
10o Icaraí de Minas 18,5% 5o Amazonas............ 23.619 otempo.com.br/infograficos/
trabalho-infantil-1.654360. Acesso
11o Angelândia 18,5%
em: 27/08/2019. Adaptado.

4. Assinale a afirmação correta.


a. Trata-se de um gênero textual que cumpre papel importante em textos informativos.
b. Combina linguagem verbal e não verbal com o objetivo de relatar.
c. Esse conjunto de informações não pode ser entendido como texto.
d. Há um predomínio da sequência textual descritiva.
e. A classificação como texto não é adequada, pois verificamos apenas frases incompletas.

5. Assinale a alternativa que resume de forma mais adequada o tema central do texto.
a. Trabalho infantil em números.
b. A exploração da mão de obra infantil no Brasil em 2010.
c. Municípios mineiros com maior percentual de crianças de 10 a 13 anos trabalhando.
d. Dados gerais do Brasil sobre trabalho infantil.
e. Estados brasileiros com mais crianças de 10 a 13 anos trabalhando.

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Questões de escrita

Encontros de vogais e semivogais


1. No capítulo anterior, vimos que a sílaba é um fonema ou grupo de fonemas que produzimos
em um só impulso de voz. Na língua portuguesa, a vogal constitui a base das sílabas. Assim, em
uma mesma sílaba, só pode haver uma vogal. Em uma palavra como pai, constituída de uma
única sílaba, temos apenas a vogal a. Nesse caso, o i é considerado semivogal, pois é pronun-
ciado de maneira mais fraca. Analise os substantivos a seguir e identifique aqueles em que há
o encontro de vogal e semivogal na mesma sílaba.

a. saída b. rua c. carteira d. pão e. moeda

f. praia g. mãe h. agência i. país j. saúde

2. Os encontros de vogais e semivogais no interior das sílabas APRENDA


podem ocorrer de duas formas: MAIS

• Ditongo – É a combinação de uma vogal e uma semivogal


(ou semivogal e vogal) na mesma sílaba, como ocorre nas Formalmente, os diton-
palavras que você destacou na questão anterior. gos são classificados em
• Tritongo – É o encontro de uma semivogal, uma vogal e ou- orais ou nasais e cres-
tra semivogal na mesma sílaba, como ocorre em Uruguai. centes ou decrescentes.
Nesse caso, a vogal é pronunciada com mais força. • Orais – Compostos de
vogal oral, como em
Agora, numere os ditongos observando a classificação.
mingau, sai e feito.
1. Ditongo oral decrescente.
• Nasais – Compostos de
2. Ditongo oral crescente.
vogal nasal, como em
3. Ditongo nasal decrescente.
põe, mamão e mamãe.
4. Ditongo nasal crescente.
• Crescentes – Compos-
a. 1 Circuito. i. 4 Quando. tos de semivogal e vo-
b. 2 Série. j. 3 Muito. gal, nesta ordem, como
c. 2 Aquático. k. 3 Refém. em pátria, espécie e
d. 1 Ouro. l. 1 Deixa. planície.
e. 3 Cãibra. m. 2 Artéria. • Decrescentes – Com-
f. 4 Guano. n. 1 Gratuito. postos de vogal e se-
g. 3 Cantavam. o. 3 Propõe. mivogal, nesta ordem,
h. 3 Jogavam. p. 1 Leu. como em seu, maio e
prometeu.

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3. Na fala cotidiana, os ditongos representam variações interessantes que caracterizam o portu-
guês brasileiro. Em grupo com os seus colegas e o professor, analise a presença de ditongos
nos grupos de palavras a seguir.

a. Beijo – cheiro – peixe – caixa.


b. Ouro – calouro – amou.
c. Paz – mês – nós.

A que conclusões vocês chegaram?


No item A, observamos o apagamento da semivogal do ditongo que ocorre na sílaba tônica. O
mesmo acontece no item B. Por fim, no item C, percebemos a formação do ditongo nos mo-
nossílabos tônicos terminados em /s/.
4. Não há tritongo em:
a. Averiguou.
b. Saguão.
c. Paraguaio.
d. Boiada.
e. Iguais.

5. Em todas as palavras ocorre ditongo, exceto em:


a. Série – perspicácia – relógio.
b. Salário – saída – Márcia.
c. Conceito – estou – cautela.
d. Museu – ânsia – vácuo.
e. Negócio – elegância – couro.

Desencontros de vogais: hiato


6. Na palavra saída, as vogais a e i ocorrem em sílabas diferentes, o que caracteriza um hiato. As-
sim, na prática, o hiato não é propriamente um encontro de vogais, mas o desencontro delas.
Essa separação, indicada na fala, mostra que essas vogais, quando se separam, ficam em síla-
bas diferentes. Agora, analise as palavras a seguir e indique se apresentam ditongo, tritongo
ou hiato.

a. lagoa – Hiato. f. rua – Hiato.


b. Paraguai – Tritongo. g. partiu – Ditongo.
c. país – Hiato. h. ouviu – Ditongo.
d. fortuito – Ditongo. i. reeleger – Hiato.
e. ciúme – Hiato. j. cooperar – Hiato.

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CAPÍTULO
4
Conotação e denotação

1. Conotação e denotação
Determinadas palavras ou expressões que usamos na nossa comunicação diária são muito
ricas semanticamente. Ao descreverem a realidade de que falamos, por exemplo, elas tam-
bém veiculam várias informações, que podem ser mais ou menos adequadas ao momento.
A conotação é o efeito de sentido por meio do qual palavras ou expressões transmitem infor-
mações sobre o falante: quem ele é, de onde vem, como ele vê o seu interlocutor, etc. Portanto, a
conotação diz respeito a uma maneira pessoal de ver o mundo, as pessoas, as situações. Ou seja,
corresponde à maneira figurada de se expressar.
Diferentemente da conotação, a denotação é o efeito de sentido por meio do qual falamos “neu-
tramente” do mundo. Corresponde ao sentido literal (real) das palavras.
Para exemplificar esses conceitos, vamos imaginar uma conversa entre dois homens que
estão na praia olhando o mar.

— Ó meu, que cê tá achando dessas ondas?


— Tá uma enganação, tchê!

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Nesse diálogo, observamos que os personagens são surfistas, devido à própria ilustração e ao
uso de gírias características desse grupo. Além disso, é importante notar a presença do vocativo na
fala de ambos. Na língua portuguesa, existem várias formas de chamar a atenção do interlocutor em
uma conversa. Considerando a conotação, embora essas formas tenham a mesma finalidade, elas
não se equivalem. Nesse exemplo, ó meu e tchê exercem a função de vocativo, mas, além disso,
transmitem informações sobre a procedência dos falantes. Os paulistas falam ó meu; os gaúchos
falam tchê.
Sobre a adequação ao momento, observe que as duas falas são perfeitas. Os dois surfistas se
veem como tais, tratam-se de maneira igual e falam da realidade (o mar, que não está bom para a
prática do surf) de um modo particular, o que constitui conotação.

APRENDA MAIS

Chamamos de vocativo a palavra e expressão que utilizamos para nos referir aos interlocuto-
res e chamar a sua atenção durante o ato comunicativo. Observe.

Entendeu, caro aluno?


João, Gabi já chegou?

Veja outro exemplo: o emprego da palavra legal nas manchetes a seguir.

Sem divórcio legal, Filipinas perpetuam casamentos fracassados


País é o único no mundo onde a separação não é reconhecida legalmente, o que torna a situa-
ção difícil para mulheres que vivem relações tóxicas
Disponível em: https://noticias.r7.com/internacional/sem-divorcio-legal-filipinas-perpetuam-casamentos-fracassados-24082019.
Acessado em: 26/08/2019.

Por que ser legal nem sempre é bom para a sua carreira
Na busca por ser uma “boa pessoa” no ambiente de trabalho, executivos acabam comprome-
tendo a honestidade
Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2019/08/porque-ser-legal-nem-sempre-e-bom-para-sua-carrei-
ra.html. Acessado em: 26/08/2019.

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Como você pode ver, a palavra legal possui diferentes sentidos nessas manchetes. No primeiro
caso, temos o uso denotativo — o sentido é conforme a lei. No segundo, o sentido é conotativo — a
palavra resume as qualidades que fazem uma “boa pessoa”, isto é, generosa, atenciosa, cuidadosa,
divertida, etc.
Para essa distinção ficar clara, veja o quadro-resumo a seguir.

Denotação
• Palavra com o sentido próprio das primeiras definições do dicionário.
• Palavra com sentido restrito, objetivo.
• Palavra usada de modo automatizado.

Conotação
• Palavra com sentido figurado, rica em expressividade a partir do contexto de uso.
• Palavra com sentido amplo decorrente dos valores sociais e afetivos a que está liga-
da, daí ser empregada de maneira mais criativa e artística.

2. Linguagem figurada APRENDA


Podemos definir as figuras de linguagem como formas simbóli- MAIS
cas ou elaboradas de que lançamos mão para exprimirmos ideias,
significados, pensamentos, enfim, conteúdos emotivos e intuitivos.
Nesse sentido, as figuras de linguagem correspondem ao uso cono- Chamamos de estilística
tativo das palavras. o ramo de estudo da lín-
Estudaremos agora as principais figuras de linguagem. gua que trata do empre-
go da linguagem com o
Comparação objetivo de se obter uma
forma peculiar e mais ex-
Ocorre quando se estabelece, entre palavras ou expressões, pressiva de uma mensa-
uma relação comparativa clara entre elementos de um mesmo gem. Tal expressividade
universo ou de universos diferentes. Para realizar a comparação, explora o sentido cono-
é necessário o emprego de conectivos adequados, como: mais... tativo das palavras e pode
(do) que..., menos... (do) que..., tão... quanto, como, assim ser obtida de várias for-
como, tal como, igual a, que nem. mas: pela combinação/
seleção das palavras, pelo
Sentou pra descansar como se fosse sábado realce à sonoridade, pela
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe sugestão de conteúdos
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago intuitivos, entre outras.
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
BUARQUE, Chico. Construção. Rio de Janeiro: Philips, 1971.

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Minha paixão? Uma armadilha de água,
Rápida como peixes,
Lenta como medusas,
Muda como ostras.
SAVARY, Olga. Ycatu. In: MORICONI, Ítalo (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 273.

Metáfora

Consiste na utilização de uma palavra fora do seu sentido comum, próprio, tendo como base uma
relação de semelhança entre os termos comparados. É uma comparação feita sem a utilização de
conectivos. Na capa de revista a seguir, por exemplo, lemos a manchete da reportagem principal
daquela edição. A palavra guerra está empregada metaforicamente para se referir aos conflitos en-
frentados diariamente pelos motoristas brasileiros usuários de aplicativos de transporte particular.
Ou seja, o trânsito, de fato, não é uma guerra; é como se fosse.
Reprodução

Anabolizado pelo investimento de um


grande chinês, o aplicativo brasilei-
ro 99 entra, para valer, na briga com o
Uber — uma disputa que já está trans-
formando o transporte nas grandes ci-
dades do país

Na tirinha a seguir, há emprego de metáforas no segundo quadrinho. Observe:

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Metonímia
É a troca de um nome por outro a partir de uma relação real, concreta e objetiva existente entre
eles. Existem vários tipos de metonímia. Veja alguns deles:

O continente pelo conteúdo. A parte pelo todo.


Comi dois pratos no almoço. Seus olhos pediam um alimento
para saciar a fome.
O efeito pela causa.
Eu me sustento com o meu suor. O singular pelo plural.
O brasileiro adora futebol.
O autor pela obra.
Eu costumo ler Chico Buarque nas A marca pelo produto.
horas vagas.

O instrumento pela pessoa que o


utiliza.
Meu tio é um bom garfo.

O lugar pelo produto.


Quero um cálice de porto. (vinho
do Porto)

Catacrese
É a metáfora que já está incorporada à língua, geralmente por falta de um termo específico
no vocabulário para representar determinado objeto (assim como parte dele) ou determina-
das ações. Tal figura baseia-se em alguma semelhança conceitual entre os objetos relaciona-
dos. É o que acontece com os termos céu da boca, pé da poltrona e dente de alho nos exemplos
que seguem.

[...] O céu da boca, onde essa noite se forma, Receita de pão de alho
não tem estrelas de tão preto. [...]
LAURENTINO, André. A lua da língua. In: SILVA CAMPOS, Carmen
Ingredientes
Lucia da; SILVA, Nilson Joaquim (Orgs.). Lições de gramática para 1 baguete média
quem gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007, p. 96.
4 colheres (sopa) de requeijão
50g de muçarela
[...] O filho mais velho chegou a trazer um 3 dentes de alho picados
vira-lata da rua para fazer xixi no pé da pol- Cheiro verde a gosto
trona, mas não conseguiu despertar dona Sal a gosto
Morgadinha do seu devaneio. Pimenta do reino a gosto
VERISSIMO, Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de 2 colheres (sopa) de manteiga
Janeiro: Objetiva, 2001.

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Elipse
É a omissão de um termo da frase facilmente subentendido.

Estudei para a prova. (elipse da palavra eu)


Na boca, dentes de marfim. (elipse da palavra havia)
Maria falou a noite inteira. (elipse da palavra durante)

O zeugma é um tipo particular de elipse. Consiste na omissão de um termo já expresso anterior-


mente na frase. No texto a seguir, ocorre a omissão da palavra guardem.

O nariz guardem nos rosais,


A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...
[...]
ANDRADE, Mário de. Quando eu morrer quero ficar. In: MORICONI, Ítalo (Org.). Os cem
melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Pleonasmo
Consiste na repetição enfática de uma ideia ou um termo por meio de vocábulos ou expressões
diferentes. Exemplos clássicos de pleonasmo são as expressões sair para fora, descer para baixo,
subir para cima, elo de ligação, hemorragia de sangue, etc.

Antítese
É a associação de conteúdos opostos por meio de palavras, sintagmas ou enunciados. No primei-
ro exemplo, os pares som e silêncio, luz e escuridão, dia e noite e não e sim expressam o caráter
contraditório da vida.

Não existiria som


Se não houvesse o silêncio.
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão.
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim
[...]
SANTOS, Lulu; MOTTA, Nelson. Certas coisas. In: Tudo azul. Rio de Janeiro: WEA, 1984.

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Ironia
Consiste no uso de uma expressão pela qual, usando entonação apropriada, dizemos o contrário
do que pensamos com a intenção de sermos sarcásticos e usando entonação apropriada. No exem-
plo a seguir, a expressão onze contos de réis indica, na verdade, que o interesse da personagem
Marcela era somente financeiro.

[...] Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis [...].
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

Já neste outro exemplo, dizemos que a resposta de Dona Anésia à neta no último quadrinho foi
irônica, pois, na verdade, ela não pediu paz ao Papai Noel.

Eufemismo
Consiste na suavização da linguagem por meio da utilização de palavras ou expressões que ate-
nuam, aliviam, ideias consideradas desagradáveis ou inadequadas em determinadas situações de in-
teração comunicativa. É o que acontece com a ideia de morte, que é suavizada pelos versos Quando
os teus olhos fecharem / Para o esplendor deste mundo no poema a seguir.

Quando os teus olhos fecharem


Para o esplendor deste mundo,
Num chão de cinza e fadigas
Hei de ficar de joelhos;
Quando os teus olhos fecharem
Hão de murchar as espigas,
Hão de cegar os espelhos.
[...]
CARDOZO, Joaquim. Canção elegíaca. In: MORICONI, Ítalo (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

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Já neste outro exemplo, a mulher deseja suavizar a ideia de demissão expressa pelo homem, para
não assustar os filhos. Então ela o orienta a dizer que está de férias coletivas, medida que normal-
mente antecede a demissão de muitos funcionários em grandes empresas.

Chamamos o oposto do eufemismo de disfemismo, isto é, o uso de palavra ou expressão consi-


derada grosseira, grotesca ou simplesmente desagradável em lugar de outra mais branda ou neutra.
É o que acontece com o emprego da palavra piores no último quadrinho da tira abaixo.

Hipérbole
Consiste no exagero da linguagem, a fim de colocarmos em relevo uma determinada informação.
No primeiro exemplo, os termos mil, nunca mais e morrer de fome procuram, com base no exagero,
intensificar os sentimentos do eu lírico por alguém.

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[...] Eu nunca mais vou respirar,
Paixão cruel, desenfreada, Se você não me notar.
Te trago mil rosas roubadas Eu posso até morrer de fome,
Pra desculpar minhas mentiras, Se você não me amar.
Minhas mancadas. [...]
[...] CAZUZA; LEONI; NEVES, Ezequiel. Exagerado In: Exagerado. Rio de
Janeiro: Som Livre: 1985.

Personificação
Consiste em atribuir características humanas a seres inanimados. Quando dizemos, por exemplo,
que as paredes têm ouvidos, estamos atribuindo uma faculdade humana à parede, como se ela tivesse
a capacidade de escutar.
Uma figura de linguagem parecida com a personificação é a prosopopeia. Esta figura ocorre
quando seres animados ou inanimados interagem como humanos, como ocorre nas fábulas, em
que animais falam como se fossem pessoas.

REFLITA
Reprodução

No cartaz ao lado, ocorre personifica-


ção ou prosopopeia?
O Abrigo São Lázaro
precisa de doações de
No cartaz, a frase O sapato tá ótimo,
comida para alimentar
os peludinhos.
mas eu queria comer um pouco de ra-
Contribua!
ção é atribuída ao cão, o que configura
Contato: 986264775
abrigosaolazaro2016@gmail.com o uso da prosopopeia.

Gradação
Consiste em apresentarmos uma sequência de palavras ou expressões a fim de criarmos uma
ideia de progressão ascendente ou descendente. Observe:

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Atividades

1. Leia:

Amor é a coisa mais alegre.


Amor é a coisa mais triste.
Amor é coisa que mais quero.
[...]
PRADO, Adélia. O sempre amor. In: Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.

No trecho do poema, observamos a ocorrência de uma figura de linguagem caracterizada pela:


a. Intensificação de ideias.
b. Substituição de um termo por outro equivalente.
c. Comparação entre ideias.
d. Oposição de palavras.
e. Suavização de uma palavra considerada grosseira.

2. Agora, leia o cartaz a seguir.


Reprodução

Como você sabe, muitas vezes não pode-


mos entender palavras e expressões “ao pé
da letra”, isto é, denotativamente. A esse
respeito, responda às questões a seguir.

a. A quem se destina o cartaz?


Às mulheres em geral.

b. Transcreva o termo que faz referência


conotativa às pessoas a quem se desti-
na o cartaz.
A flor da vida.

c. O uso conotativo do termo que você


identificou no item anterior correspon-
de a uma figura de linguagem bastante
produtiva. Que figura é essa?
Metáfora.

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3. O texto a seguir, publicado em um jornal de grande circulação no País, deixa claro que nem sem-
pre podemos nos limitar à interpretação literal (isto é, “ao pé da letra”) das palavras. Leia-o.

Demora

O Ministério da Saúde calcula que, em janeiro, já poderá deflagrar o programa emergen-


cial da saúde para os ianomâmis, em Rondônia. Até lá, os mosquitos transmissores da
malária estão proibidos de picar os índios.
Folha de S.Paulo

a. Identifique e transcreva a passagem que, no texto, não deve ser interpretada literalmente.
“[…] os mosquitos transmissores da malária estão proibidos de picar os índios.”

b. Explique por que a inclusão dessa passagem deixa clara a posição crítica e irônica do jornal
com relação aos prazos propostos pelo Ministério da Saúde para começar a resolver o pro-
blema da malária entre os ianomâmis.
Como o Ministério deixa claro na notícia que somente em janeiro poderá resolver o problema da ma-

lária entre os indígenas, fica implícita a ideia de que esta ação demorará ainda para acontecer e que,
enquanto isso, a comunidade continuará sem receber os devidos cuidados. Assim, diante dessa negli-
gência, a proibição imposta aos mosquitos soa irônica por parecer possível e mais eficiente.
4. Leia com atenção o texto a seguir.

Astronauta

Astronauta, tá sentindo falta da Terra?


Que falta que essa Terra te faz?
A gente aqui embaixo continua em guerra
olhando aí pra Lua, implorando por paz.
Então me diz: por que você quer voltar?
Você não tá feliz onde você está?
Observando tudo a distância,
vendo como a Terra é pequenininha,
como é grande a nossa ignorância
e como a nossa vida é mesquinha.
[...]
O PENSADOR, Gabriel; SANTOS, Lulu. Astronauta. In: Nádegas a declarar. Rio de Janeiro: Sony Music, 1999.

a. Em que versos podemos observar a oposição de palavras?


A oposição de palavras ocorre nos versos vendo como a Terra é pequenininha / como é grande
a nossa ignorância.
b. Que figura de linguagem está caracterizada nos versos identificados no item anterior?
Antítese.

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Desafio

Capoeira Firmo, Rita Baiana e Piedade,


1. (Unicamp–Adaptada) A carta a seguir re-
dão vida à trama, que aborda com clareza
produzida foi publicada em outubro de
aspectos comportamentais dos indivíduos
2007, após declaração sobre a legalização
em sociedade. No entanto, não apenas os
do aborto feita pelo governador do Estado
personagens são descritos em seus com-
do Rio de Janeiro na época.
portamentos, mas também o próprio cor-
tiço, apresentado ao leitor de forma perso-
Sobre a declaração do governador de
nificada. Observe:
que “as mães faveladas são uma fábri-
ca de produzir marginais”, cabe inda-
I. E o fato é que aquelas três casinhas,
gar: essas mães produzem marginais
tão engenhosamente construídas, fo-
apenas quando dão à luz ou também
ram o ponto de partida do grande cor-
quando votam?
tiço de João Romão.
Painel do Leitor, Folha de S.Paulo
II. Não obstante, as casinhas do cortiço,
à proporção que se atamancavam, en-
a. Há uma forte ironia produzida no texto
chiam-se logo, sem mesmo dar tempo
da carta. Destaque a parte do texto em
a que as tintas secassem.
que se expressa essa ironia.
III. E, durante muito tempo, fez-se um
A ironia está expressa em [...] também vaivém de mercadores. Apareceram
quando votam. os tabuleiros de carne fresca e outros
de tripas e fatos de boi; só não vinham
b. Qual é o objetivo pretendido pelo autor hortaliças, porque havia muitas hortas
ao utilizar essa ironia? no cortiço.
IV. Eram cinco horas da manhã e o cortiço
O objetivo pretendido pelo autor foi quali- acordava, abrindo, não os olhos, mas a
ficar como marginais os políticos e, conse- sua infinidade de portas e janelas ali-
quentemente, o próprio governador, autor nhadas.
do comentário. V. O fato abalou o coração do cortiço, as
duas receberam parabéns e felicitações.
2. A obra O cortiço, de Aluísio Azevedo, con-
ta-nos a história do ambicioso João Ro-
Em qual(ais) trecho(s) identificamos a
mão, capaz de tudo para ficar rico. É ele o
ocorrência da personificação?
dono do cortiço que dá título ao livro. João
a. Em I e II, apenas.
Romão mantém um romance com Bertole-
b. Em II e III, apenas.
za e tem como principal opositor Miranda,
c. Em III e IV, apenas.
comerciante português que mora num so-
d. Em IV e V, apenas.
brado ao lado do cortiço. Paralelamente a
e. Em I e V, apenas.
isso, outros personagens, como Jerônimo,

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3. Leia com atenção o poema a seguir.

O amor, esse sufoco,


agora há pouco era muito;
agora, apenas um sopro.
Ah, troço de louco,
corações trocando rosas
e socos.
LEMINSKI, Paulo. Melhores poemas. São Paulo: Global, 1996. p.119.

Chamamos de metonímia a figura de linguagem que consiste na substituição de um termo por


outro a partir de uma relação de continuidade, de extensão de ideias. Em que palavra(s) do
texto identificamos a presença da metonímia?
a. Sufoco.
b. Pouco e muito.
c. Sopro.
d. Corações.
e. Troço e louco.

4. (Enem) Nesta tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de lin-
guagem. Marque a alternativa que demonstre tal referência.

a. Condenar a prática de exercícios físicos.


b. Valorizar aspectos da vida moderna.
c. Desestimular o uso das bicicletas.
d. Caracterizar o diálogo entre gerações.
e. Criticar a falta de perspectiva do pai.

5. (ITA) Assinale a figura de linguagem predominante na seguinte frase.

A engenharia brasileira está agindo rápido para combater a crise de energia.

a. Metáfora.
b. Metonímia.
c. Eufemismo.
d. Hipérbole.
e. Pleonasmo.

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Questões de escrita

Dígrafo
1. Analise a palavra a seguir.

campo

a. Quantas letras há nessa palavra?


Há cinco letras.

b. Há quantos fonemas nessa palavra?


Há quatro fonemas.

2. Você percebeu que, na palavra campo, há mais letras que fonemas? Essa diferença ocorre
porque a sequência de letras am é representada por apenas um fonema: ã. Chamamos de
dígrafo o emprego de duas letras para representar um fonema. Agora, leia as palavras abaixo,
identificando em quais delas ocorre dígrafo.

Marcos barco modo espaço untar alho ronco


cresço canto assobio senso anta ouvido pastel
nascer ninho exceto querer Maria chave poço
estrelas papel açougue ferroada

APRENDA MAIS

Você sabia que nem sempre sons e letras foram coisas distintas? Até o século XVI, como
não existia uma padronização ortográfica, a escrita seguia a pronúncia. Assim, era muito
comum encontrar, em um texto, uma mesma palavra grafada de formas variadas. Entre o
século XVI e o começo do século XX, houve uma crescente busca de uniformização da escri-
ta: passou-se a escrever respeitando-se a origem das palavras. Datam dessa época palavras
como philosophia, pharmacia, chimica. Nesses exemplos, a segunda letra (h, c, ç, r, s, u, n,
m) se combina com a primeira para lhe dar um valor fonético diferente, originando
o dígrafo. Essas letras (a segunda nos dígrafos) são chamadas de diacríticas.

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Encontro consonantal
3. Leia estas palavras.

distribuir degrau
madrugada placa
estrela biblioteca
prova signo

Considerando o som representado pelas letras destacadas, podemos dizer que temos exem-
plos de dígrafos? Explique.
Não. As letras destacadas representam uma combinação de fonemas, logo não são dígrafos. São en-
contros consonantais.

4. Com base na análise feita na questão anterior, defina: o que é um encontro consonantal.
Encontro consonantal é a sequência de dois ou mais fonemas consonânticos em uma mesma
palavra.

APRENDA MAIS

Os encontros consonantais podem ser separáveis ou inseparáveis, considerando a norma


culta.

• Separáveis – Ocorrem em sílabas diferentes.


ap-to dig-no ab-so-lu-to ad-mi-tir sub-me-ter et-ni-a
• Inseparáveis – Ocorrem na mesma sílaba.
bra-ço ci-clo flo-res le-tra czar pneu

Na fala de algumas variantes linguísticas, alguns encontros consonantais tendem a formar


duas sílabas devido à colocação de uma vogal. Na norma culta escrita, por uma questão de
padrão, a forma variante é considerada inadequada. Observe os exemplos.

Forma culta Forma variante


advogado adevogado
absoluto abissoluto
pneu pineu

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5. Analise as palavras a seguir.

samba renda indo

As letras destacadas podem ser definidas como exemplos de encontros consonantais?


Não, pois as letras m e n formam dígrafos com as vogais que as antecedem.

Divisão silábica
6. Leia as palavras abaixo.

caixa herói Paraguai iguais

a. Como você separaria as sílabas dessas palavras? Utilize o hífen ( - ) para indicar as separações.
cai-xa / he-rói / Pa-ra-guai / i-guais.

b. Observando os encontros vocálicos presentes nessas palavras, o que podemos concluir so-
bre a separação silábica?
Não separamos as letras que representam ditongos e tritongos.

7. Agora, observe a separação silábica dos grupos de palavras a seguir e, com suas palavras, ela-
bore uma regra para cada situação. Dica: atente para os detalhes que são comuns às palavras
de cada grupo.

a. ap-to cac-to gar-ça pre-da-tis-mo


Não separamos da sílaba anterior as consoantes que forem seguidas de vogal.

b. car-ra-pa-to nas-cer a-mar-rar des-ço e-cos-sis-te-ma ex-ce-der

Separamos os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc.

c. ca-í-do ba-ú sa-ú-de sa-í-da


Separamos as vogais dos hiatos.

d. pneu-má-ti-co gno-mo psi-có-lo-go


Não separamos os encontros consonantais que iniciam palavras.

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e. mei-o boi-a-da chei-o
Separamos o ditongo do hiato.

f. ma-lha que-rer li-nha guer-ra cha-ve quis


Não separamos os dígrafos lh, nh, ch, gu, qu.

8. Quando escrevemos um texto, às vezes temos de dividir as palavras para continuá-las na linha
seguinte. Chamamos essa divisão de translineação. Se o hífen da translineação coincidir com
o hífen de uma palavra composta, devemos repetir o hífen no início da linha seguinte. Leia o
texto abaixo e identifique onde deve ser empregado o hífen da translineação.

Uma grande revolução na vida dos seres humanos primitivos foi a descoberta do fogo, que
ocorreu no Paleolítico. De início, as fogueiras eram acesas a partir de incêndios ocorridos
espontaneamente na natureza. Acredita-se que o modo de se produzir fogo foi descober-
to de forma casual, resultante de faíscas produzidas pelo atrito entre pedras. Partindo dessa
observação, nossos ancestrais passaram a controlar o fogo, com o passar do tempo, fazendo
o perto de pequenos gravetos secos, com o atrito de duas pedras ou pedaços de madeira.

O hífen da translineação deve ser colocado antes da palavra o (-o) em fazendo-o.

9. Faça a divisão silábica das palavras relacionadas abaixo.

a. caça – ca-ça j. mãe – mãe

b. coletor – co-le-tor k. alho – a-lho

c. lança – lan-ça l. cooperação – co-o-pe-ra-ção

d. comunidade – co-mu-ni-da-de m. cadeado – ca-de-a-do

e. hominídeo – ho-mi-ní-deo n. substância – subs-tân-cia

f. agrupamentos – a-gru-pa-men-tos o. pneumático – pneu-má-ti-co

g. sedentarização – se-den-ta-ri-za-ção p. terreno – ter-re-no

h. trigo – tri-go q. ramalhete – ra-ma-lhe-te

i. agricultura – a-gri-cul-tu-ra r. fluido – flui-do

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CAPÍTULO
5
Substantivo e adjetivo

1. Substantivo
Leia a tirinha a seguir.

Para você, a prova da professora Norma será fácil? Como podemos ver, as “substâncias” que ela
utilizará para elaborar as questões, que, segundo Isabele, serão tóxicas, nos levam a pensar que a
prova será perigosa, prejudicial à saúde, ou seja, muito difícil. Observe na tira o emprego da palavra
substâncias, pois ela nos levará ao conceito da classe de palavras que estudaremos neste capítulo.

Substantivo é a palavra que usamos para designar tudo que podemos apreender men-
talmente como substâncias, como os produtos utilizados pela professora Norma para
criar as questões da prova.

APRENDA MAIS

Em algumas gramáticas, você verá que os substantivos são palavras que nomeiam os se-
res em geral. A palavra seres, nessa definição, deve ser entendida no sentido proposto pelos
gregos antigos. Segundo eles, essa palavra representava tudo o que existe no mundo real ou
imaginário. Assim, não confunda a palavra ser nesse sentido com a noção de ser vivo.

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Veja os exemplos:

Substâncias
Ecologia, ecossistema, Terra, floresta, jacarandá, Universo, biosfera, cabelo, glicose, re-
frigerante, sapataria, aluno, vestígio, computador, livro, fóssil, hortaliça, lago, girassol,
caneta, menino, Paula.

Objetos apreendidos mentalmente como substâncias


Iluminação, felicidade, orgulho, revolução, bondade, saúde, saída, intuição, liberdade,
vontade, amor, compreensão, raiva, ilusão, desejo, pensamento.

Classificação dos substantivos


A primeira distinção entre substantivos é bastante básica e considera somente a sua raiz estru-
tural, que chamamos de radical (essa raiz é a parte da palavra que carrega o seu significado mais
importante). Observe:

Substantivos simples

bomba relógio palavra chave

Substantivos compostos

bomba-relógio palavra-chave

Os substantivos simples são aqueles que apresentam somente um radical em sua estrutura,
como jardim, livro, algodão, bombeiro, chave, chaveiro.
Os substantivos compostos são aqueles que apresentam mais de um radical em sua estrutura, ou
seja, são formados a partir da união de duas ou mais palavras, como bomba-relógio, palavra-chave,
guarda-roupa, planalto e pontapé.
Outra forma de diferenciação dos substantivos também os divide em dois grandes grupos. O pri-
meiro envolve aqueles que não se originaram de nenhum outro. São os chamados primitivos, como
porta e quadro. Estes, porém, são capazes de originar outros, como portaria e enquadrar, que são
chamados de derivados.
Por fim, os substantivos também podem ser agrupados em duas categorias, conforme a “subs-
tância” que designam. Dizemos que um substantivo é abstrato quando tem existência dependente,
como cuidado, ansiedade, cansaço. A existência desses substantivos depende de alguém ou alguma
coisa que dê ou apresente cuidado, ansiedade, cansaço, etc. Já os substantivos concretos denomi-
nam seres de existência própria, seja real, seja imaginária. De forma simples, dizemos, que esses
substantivos nomeiam pessoas, lugares, animais, vegetais, minerais e coisas. São seres cuja exis-
tência é independente, como João, barco, mar, areia, quadro, vidro, saci e fada. Importante: essa
distinção deve sempre considerar o contexto.

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APRENDA MAIS

A classificação de um substantivo como concreto ou abstrato depende do contexto em que


ele é usado. É muito comum, por exemplo, o emprego de substantivos abstratos como concre-
tos para personificar ações ou qualidades, o que caracteriza uma alegoria. Observe:

A oportunidade está batendo à porta.


A justiça é cega.
A consciência falou comigo.

REFLITA

Em uma frase como João pensa que é um anjo, o substantivo anjo é concreto ou abstrato?
Explique.
Como, nesse caso, o substantivo nomeia um ser do mundo imaginário de existência inde-
pendente, é concreto.

Os substantivos também podem ser classificados como próprios ou comuns.

• Próprios – São os que se aplicam a um substantivo em particular. Para indicar que o subs-
tantivo designa, de fato, um nome em particular, grafamos os substantivos próprios com
letra inicial maiúscula, como Brasil, Neolítico, Bahia, Hemisfério Norte, Pedro, Polo Sul,
Palmeiras, Danone, Gillette e Iluminismo.
• Comuns – São os que usamos para nos referir de forma geral a seres de um mesmo grupo,
como pedra, livro, telefone, mesa, homem, lápis.

APRENDA MAIS

Em outros livros, você poderá encontrar a definição de que os substantivos comuns são
aqueles que designam seres de uma mesma espécie. Aqui, preferimos usar a palavra grupo
em vez de espécie, para não confundir com a noção de espécie trabalhada em Ciências —
conjunto de indivíduos semelhantes ou potencialmente intercruzantes que estão isolados
reprodutivamente de outros grupos.

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Aqui também é importante observar o contexto para distinguir essas duas categorias. Isso porque
é muito comum substantivos próprios (principalmente aqueles que nomeiam marcas) se populari-
zarem a tal ponto que passam a nomear de forma geral objetos semelhantes, ou seja, passam a fun-
cionar como substantivos comuns. É o que acontece, por exemplo, com Gillette, Danone e Guaraná,
que, dependendo do contexto, equivalem a barbeador, iogurte e refrigerante. Nesse caso, essas
palavras devem ser escritas com inicial minúscula.

Você ainda tem gilete no seu armário? (barbeador)


Meu filho adora lanchar danone. (iogurte)
Seu filho toma guaraná no lanche? (refrigerante)

Por fim, os coletivos são substantivos comuns que indicam um conjunto de animais, coisas ou
pessoas, mesmo estando no singular. Veja alguns exemplos:

Coletivo Significado Coletivo Significado


acervo obras de arte flora plantas de uma região
álbum fotografias, selos fornada pães, tijolos
alcateia lobos, feras frota navios, ônibus
antologia trechos de texto galeria quadros, estátuas
armada navios de guerra júri jurados
arquipélago ilhas legião soldados, anjos
assembleia parlamentares milênio período de mil anos
atlas mapas manada bois, porcos
bagagem objetos de viagem maquinaria máquinas
banca examinadores molho chaves, capim
bando aves nuvem gafanhotos, mosquitos
biblioteca livros penca frutos
boiada bois pinacoteca quadros, telas
cacho uvas pomar árvores frutíferas
caravana viajantes, peregrinos prole filhos de um indivíduo ou de um casal
cardume peixes quadrilha assaltantes
código leis ramalhete flores
colmeia cortiço de abelhas rebanho ovelhas, cabras, carneiros
confraria pessoas religiosas repertório peças teatrais, musicais
congregação religiosos, professores resma quinhentas folhas de papel
constelação estrelas réstia alhos, cebolas
década período de dez anos revoada aves voando
discoteca discos século período de cem anos
elenco atores, artistas tríade três seres de mesma natureza
enxame abelhas, insetos triênio período de três anos
enxoval roupas turma alunos
fauna animais de uma região vara porcos

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Gênero dos substantivos
Quanto ao gênero, os substantivos podem ser masculinos ou femininos.

• Masculinos

• Podem ser precedidos pela palavra o(s), entre outras. Exemplos: o carro, o relógio, o quati,
os gatos, os pensamentos, os desejos.

• Femininos

• Podem ser precedidos pela palavra a(s), entre outras. Exemplos: a jaca, a paciência, a marca-
ção, as mulheres, as perguntas, as ações.

• Em alguns casos, o feminino de um substantivo é completamente diferente da forma mas-


culina correspondente, como homem e mulher, pai e mãe, boi e vaca. Esses substantivos são
chamados de biformes.
• Outros substantivos só pertencem ao gênero masculino (fogo, computador, livro, alimento, car-
ro) ou ao feminino (mesa, casa, aldeia, nuvem).
Apesar desses detalhes, a passagem do gênero masculino para o feminino é feita, geralmente, de
forma regular. Observe:

Substantivo Exemplos
Terminação no masculino Terminação no feminino Masculino Feminino
-ora senador senadora
-or -iz ator atriz
-eira lavador lavadeira
-eã peão peã
-ão -oa patrão patroa
-ona amigão amigona
-a chefe chefa
-essa barão baronesa
-e
-esa japonês japonesa
-isa sacerdote sacerdotisa
-s marquês marquesa
-a
-z juiz juíza

Chamamos de uniformes os substantivos que apresentam apenas uma forma, sendo invariáveis
quanto ao gênero. Os substantivos uniformes podem ser:

• Epicenos – Referem-se a alguns animais. Para indicar o sexo desses animais, usamos as
palavras macho ou fêmea.

tartaruga macho tartaruga fêmea

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• Sobrecomuns – Contêm apenas uma forma para feminino e masculino.

a criança
a testemunha
a pessoa

• Comuns de dois gêneros – Designam os indivíduos dos dois sexos. Nesse caso, podemos
colocar a ou o antes desses substantivos.

o intérprete → a intérprete
o cliente → a cliente
o pianista → a pianista

APRENDA MAIS

Há, também, substantivos que, aparentemente, apresentam gêneros correspondentes,


mas designam objetos diversos.

o rádio (aparelho) a rádio (emissora)


o capital (dinheiro) a capital (cidade)

Número dos substantivos


Quanto ao número, os substantivos podem estar no singular ou no plural.

• Singular – Indica apenas um ser. Exemplo: menino.


• Plural – Indica mais de um ser. Exemplo: meninos.

Normalmente, o plural é feito por meio do acréscimo de um -s ao substantivo no singular. Ob-


serve:

Singular Plural
caverna cavernas
armário armários
canudo canudos

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Entretanto, alguns substantivos formam o plural de maneira diferente. Veja:
Substantivo Exemplo
Terminação no singular Terminação no plural Singular Plural
-al -ais vendaval vendavais
-éis (oxítono) papel papéis
-el
-eis (paroxítono) túnel túneis
-is (oxítono) funil funis
-il
-eis (paroxítono) réptil répteis
-ol -óis farol faróis
-ul -uis paul pauis
-m jovem jovens
-ns
-n pólen polens
-ãos cidadão cidadãos
-ão -ões fogão fogões
-ães pão pães
-r flor flores
+ -es
-z chafariz chafarizes
mês meses
+ -es (monossílabo tônico ou oxítono)
japonês japoneses
-s
não varia (paroxítono ou o lápis os lápis
proparoxítono) o vírus os vírus
-x não varia o tórax os tórax

Grau dos substantivos


Quanto ao grau, para indicar o tamanho ou a intensidade, os substantivos podem estar no dimi-
nutivo ou no aumentativo. Tanto um quanto outro ocorrem de dois modos: analítico e sintético.

• Grau diminutivo

• Analítico – Formado em geral com o auxílio da palavra pequeno ou outra equivalente.


Exemplos: casa pequena, caixa ínfima, roupa minúscula, camisa diminuta.
• Sintético – Em geral se forma com as terminações -inho(a) e -zinho(a). Exemplos: bebezi-
nho, pardalzinho, belezinha, bonitinho.

• Grau aumentativo

• Analítico – Formado em geral com o auxílio da palavra grande ou outra equivalente. Exem-
plos: terreno grande, fazenda enorme, roupa imensa, saudade gigante.
• Sintético – Em geral se forma com as terminações -ão, -ona, -zão. Exemplos: bebezão, me-
ninão, bonitona.
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No dia a dia, muitas vezes utilizamos substantivos no grau aumentativo ou diminutivo sem neces-
sariamente estarmos enfatizando seu tamanho ou sua intensidade. É o que acontece quando se diz,
por exemplo, que Aninha é uma pessoa legal. A forma Aninha, diminutivo de Ana, denota afetivi-
dade, e não tamanho ou intensidade. Do mesmo modo, dizemos que Marcos comprou um carrão,
quando, na verdade, ele comprou um carro de luxo, caro, bonito, etc. É possível, também, o uso de
formas aumentativas ou diminutivas com objetivo conotativo. Observe:

Mário tem 40 anos, mas é um bebezão.


Ei, belezinha, hoje você vai estudar!
O bonitinho saiu e deixou tudo bagunçado!

2. Adjetivos
Leia a tirinha a seguir.

...E COMENTÁRIOS
É TRANSMITIDA
A RAIVA É UMA E POSTAGENS NAS
POR ANIMAIS
DOENÇA MUITO REDES SOCIAIS...
CONTAMINADOS...
PERIGOSA!

Para entender o que é um adjetivo, vamos analisar a função das palavras perigosa (primeiro
quadrinho), contaminados (segundo quadrinho) e sociais (terceiro quadrinho). Nos enunciados em
que ocorrem, essas palavras atribuem uma característica aos substantivos aos quais se ligam. Veja:

A raiva é uma doença muito perigosa.


Substantivo Adjetivo

É transmitida por animais contaminados e comentários e postagens nas redes sociais.


Substantivo Adjetivo Substantivo Adjetivo

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Nesses casos, dizemos que as palavras perigosa, contaminados e sociais atuam como adjetivos,
pois se referem a um substantivo atribuindo-lhe uma característica. O mesmo acontece com alunos
desatentos, assunto difícil, criança alegre, time bom, computador rápido.
Chamamos de adjetivo pátrio aquele que indica nacionalidade ou lugar de origem, como recifen-
se, carioca, paulista, baiano, alemão.
Por fim, os gentílicos são adjetivos utilizados nas referências feitas a raças e povos.

Estudei em um colégio israelita.


Comprei uma cerâmica ianomâmi.

Locução adjetiva

Locução adjetiva é o conjunto de duas ou mais palavras com valor de adjetivo.

Observe:

As crianças ficaram com uma expressão de alegria.

Nesse exemplo, as palavras de alegria atuam como adjetivo, modificando o sentido do substanti-
vo expressão. Para que isso fique claro, veja que essa locução pode ser, de fato, substituída por um
adjetivo: alegre. O mesmo acontece com, por exemplo, amor de mãe (materno), roupa sem elegân-
cia (deselegante), ferramenta sem utilidade (inútil).
Entretanto, nem todas as locuções adjetivas podem ser substituídas por um adjetivo, como mon-
tanha de lixo e fábrica de laticínios.
Em geral, as locuções adjetivas são iniciadas pela palavra de seguida de um substantivo. Mas al-
gumas podem ser iniciadas pelas palavras em, com e sem.

laranja sem caroço


café com açúcar
vida em família

Em alguns casos, a mesma locução adjetiva pode ser usada com significados contextuais diferen-
tes e específicos. Veja:

Ele tem problema de coração (cardíaco).


Ele teve um gesto de coração (cordial).

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Gênero e número do adjetivo

Como dissemos, o adjetivo sempre se refere a um substantivo. Assim, as palavras dessa classe
concordam em gênero e número (ou apenas em número) com o substantivo a que se referem.
Quanto ao gênero, os adjetivos podem ser biformes ou uniformes.

• Adjetivos biformes – Apresentam-se no masculino ou no feminino, como delicado(a),


belo(a), bonitos(as), coloridos(as), dependendo do gênero do substantivo a que se refe-
rem. Observe que esse tipo de adjetivo se flexiona tanto em gênero (masculino ou femini-
no) quanto em número (singular ou plural). Observe:

Na natureza, há recursos que possuem capacidade de renovação após serem utiliza-


dos pelos humanos em suas atividades produtivas.

Nesse exemplo, o adjetivo produtivas está flexionado no feminino plural porque concorda com o
substantivo atividades.

• Adjetivos uniformes – Apresentam apenas uma forma, que funciona tanto para o masculi-
no como para o feminino, como alegre, feliz, gentil, deslumbrante, reluzente. No exemplo
a seguir, por ser uniforme, o adjetivo principal concorda apenas em número (singular) com
o substantivo personagens, pois este se encontra flexionado no singular.

No Parque Nacional do Iguaçu, a natureza é o personagem principal.

Nesse caso, como é uniforme, o adjetivo principal não apresenta variação de gênero. Assim, ele
concorda apenas em número com o substantivo personagem.

saiko3p/Shutterstock.com
Cataratas do Iguaçu é um conjunto com, aproximadamente, 275
quedas de água no Rio Iguaçu, no Estado do Paraná, Brasil.

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Do mesmo modo que a maioria dos substantivos, os adjetivos formam o feminino substituindo a
terminação -o (forma masculina) por -a.

recurso valioso — água valiosa


homem pré-histórico — pintura pré-histórica
comércio primitivo — comunidade primitiva

Os adjetivos terminados em -ês, -or ou -u em geral recebem a terminação -a.

escritor português — língua portuguesa


homem sedutor — mulher sedutora
alimento cru — comida crua

Já os adjetivos terminados em -ão mudam essa terminação para -ã ou -ona.

corpo são — mente sã


menino chorão — menina chorona
copo grandão — boca grandona

Por fim, adjetivos terminados em -eu mudam essa terminação para -eia.

homem plebeu — mulher plebeia


país europeu — moeda europeia
povo caldeu — cultura caldeia

A concordância entre substantivos e adjetivos


Como dissemos, os adjetivos concordam em gênero e número (às vezes só em número) com o
substantivo ou os substantivos a que se referem. Os exemplos que vimos até agora ilustram bem
essa regra. No entanto, em situações mais complicadas, principalmente em textos formais escritos,
podem ocorrer dúvidas, principalmente quando um adjetivo pode se referir a dois ou mais substan-
tivos. Nesse caso, a regra geral é esta:

Quando temos dois ou mais substantivos, o adjetivo os acompanha em gênero e número.

Observe:

Substantivos flexionados no masculino singular


O Paleolítico e o Neolítico foram marcados por grandes eventos.
Adjetivo flexionado no masculino plural

Substantivos flexionados no feminino singular


A caça e a pesca eram rotineiras no Período Paleolítico.
Adjetivo flexionado no feminino plural

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REFLITA

De acordo com o seu conhecimento de mundo, como essa concordância será feita se os
substantivos forem de gêneros diferentes?
O adjetivo deve ser flexionado no masculino plural.

Agora, analise este período:

Substantivos de gêneros diferentes


No Paleolítico, homens e mulheres eram coletores de alimentos.
Adjetivo flexionado no masculino plural

Como você pode ver, se os substantivos forem de gêneros diferentes, o adjetivo será flexionado
no plural masculino. Nessa situação, observe que o adjetivo coletores se refere, ao mesmo tempo,
a homens e mulheres.
Em algumas situações, o adjetivo colocado depois de dois ou mais substantivos pode concordar
com todos os substantivos ou apenas com o substantivo mais próximo, mas essa possibilidade de
concordância depende do sentido do que se quer dizer. Veja:

Os grupos humanos que viveram no Paleolítico iam de


um lugar a outro em busca de alimentos, como raízes,
frutos, peixes e animais pequenos.
APRENDA
MAIS
Considerando o sentido, nesse exemplo o adjetivo pequenos
está qualificando apenas o substantivo animais, pois, em virtude
da precariedade das armas que utilizavam (feitas principalmen- As pedras utilizadas na
te de madeira, ossos e lascas de pedra), os seres humanos que confecção de tais instru-
viveram no Paleolítico caçavam, preferencialmente, animais de mentos e de outros uten-
pequeno porte. Já no exemplo a seguir, observe que os adjetivos sílios apresentavam bor-
desenvolvidos e aperfeiçoados qualificam, ao mesmo tempo, os das cortantes, como se
substantivos utensílios e armas. tivessem sido retiradas
pequenas lascas, e eram
bem simples e rudimen-
Animais de grande porte passaram a ser alvo dos caça- tares. Daí o fato de o Pe-
dores quando foram desenvolvidos utensílios e armas ríodo Paleolítico ser cha-
mais aperfeiçoados, como a lança, o arco e a flecha, que mado também de Idade
possibilitaram o ataque a distância. da Pedra Lascada.

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Graus do adjetivo

• Grau comparativo
Por meio do grau comparativo do adjetivo, comparamos os substantivos, identificando suas ca-
racterísticas, suas qualidades, seus defeitos. Existem três graus de comparação:

• Igualdade – A Pré-História é tão importante quanto a História.


• Superioridade – O Homo habilis era mais habilidoso que o Homo erectus.
• Inferioridade – O Homo erectus era menos inteligente que o Homo sapiens.

APRENDA MAIS

Segundo os historiadores, não se pode falar com certeza por que o Homo sapiens era uma
espécie superior às outras. O que se pode afirmar é que ele era mais inteligente, talvez pelo
fato de possuir um cérebro maior.

• Grau superlativo absoluto


Acentua ao extremo as características atribuídas ao substantivo. Pode ocorrer de dois modos:

• Sintético (uma palavra) – Forma-se, em geral, por meio das terminações: -íssimo, -ílimo,
-érrimo. Exemplos: dificílimo, belíssima, paupérrimo, hipersatisfeita.

O Homo sapiens era inteligentíssimo.

• Analítico (duas ou mais palavras) – Forma-se, normalmente, com o auxílio de uma palavra
que expresse intensidade ou pela repetição do adjetivo. Exemplos: muito bonita, bastante
alegre, pouco agitado.

O Homo sapiens era muito inteligente.


A prova foi fácil, fácil (muito fácil!).

• Grau superlativo relativo


Intensifica uma característica do substantivo estabelecendo uma relação de superioridade ou
inferioridade com outros seres.

• Superioridade – O Homo habilis era o mais interessante de todos os hominídeos.


• Inferioridade – O Homo erectus era o menos interessante de todos os hominídeos.

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Atividades

Texto

1. A tirinha é um gênero textual que, entre outras características, possui o objetivo de produzir
humor, resultado quase sempre de uma fala e/ou atitude inesperada. Após a leitura da tirinha,
podemos afirmar que o humor:
a. É produzido por causa da dúvida de Isabele.
b. É resultado da atitude irônica de Serafim, que se julga um anjo.
c. Tem origem na fala de Isabele, que não sabe a diferença entre substantivo concreto e
abstrato.
d. Acontece no segundo quadrinho.
e. É um substantivo concreto.

2. No contexto da tirinha, o substantivo anjo é concreto ou abstrato?


É substantivo concreto.

3. Na tirinha, Serafim se julga um anjo, mas não seria propriamente um. Na verdade, ele cer-
tamente acredita que possui características que, em geral, atribuímos aos anjos. Isso acon-
tece porque, embora não existam no mundo real, eles estão bastante presentes no nosso
imaginário. Eles aparecem nos desenhos animados, nos filmes, nas histórias infantis, etc.
Pensando nisso, descreva, em seu caderno, com suas palavras, a maneira como você vê um
anjo em seu imaginário.
Resposta pessoal. Esperamos que os alunos utilizem bastantes adjetivos nessa descrição.

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4. Como vimos, os substantivos podem ser i. Carlos é um sincericida.
agrupados em diferentes grupos classifi- j. Márcia é escragiária naquela empresa.
catórios, mas um grupo não exclui outro. k. João é um mautorista.
Relembre quais são esses grupos e anali- l. A filha deles é uma crionça.
se as afirmações seguintes, assinalando V
6. Leia o quadrinho a seguir.
(verdadeiro) ou F (falso).
a. V Todo substantivo composto é deri-
vado.
b. F Todo substantivo derivado é sim-
ples.
c. V Todo substantivo primitivo é sim-
ples.
d. V Nem todo substantivo próprio é
simples.
e. F Os substantivos derivados têm de
apresentar mais de um radical.
f. F Os substantivos comuns são escri-
tos com inicial maiúscula.
a. Por que, para Serafim, o pai não deveria
5. Um substantivo primitivo pode originar se preocupar com a crise?
inúmeros derivados, por isso estes são mui-
Porque, para ele, por ser um substantivo
to mais numerosos. Da palavra vento, por
exemplo, derivamos ventania e vendaval. O abstrato, a palavra crise não poderia pre-
processo de derivação normalmente segue judicar o seu pai.
regras bem definidas, mas nem sempre é
assim. Muitas vezes, na formação de um b. Para o pai, o substantivo crise tem um
substantivo derivado, acrescentamos al- sentido concreto ou abstrato? Explique.
gum sentido inesperado e engraçado. Os
Para o pai, o substantivo crise tem um senti-
substantivos destacados nas frases a seguir
foram derivados nessas condições. Em gru- do concreto, isto é, seus efeitos na economia
po com os seus colegas e o professor, pro- da família (“no seu bolso”) serão sentidos.
cure definir o sentido desses substantivos.
Resposta pessoal. c. Considerando sua resposta para a ques-
a. Paulo está morando em um apertamento. tão anterior e a época em que essa
b. Marcos é namorido de Sílvia. charge foi produzida (outubro de 2019),
c. Isto não é café, é um chafé. a que crise provavelmente o persona-
d. Ela fala portunhol. gem se refere? (Se for preciso, faça uma
e. Marcelo é pãe de Artur. breve pesquisa.)
f. Pedro está na fase da aborrescência.
g. Paula é chocólatra. A charge faz referência à grave crise polí-
h. Vou precisar de um paitrocínio para fa- tica e econômica que atingiu o Brasil em
zer esse curso.
2019.

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7. O trecho abaixo foi extraído de um conto de Rubem Fonseca.

[...] pouco tempo depois, a campainha tocou novamente; era a polícia. Abri a porta, e o
polícia me deu uma intimação para depor na segunda-feira [...]
FONSECA, Rubem. Feliz ano novo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Descreva a diferença de significado que a variação de gênero determina nos substantivos a


seguir:
a. A polícia.
Instituição de segurança pública.

b. O polícia.
A pessoa que trabalha na instituição de segurança pública, nesse caso, na polícia.

8. Substitua a palavra coisa (não é permitido usar algo) por substantivos. Faça as adaptações ne-
cessárias. Respostas sugeridas.

a. Os deputados discutirão coisas políticas e sociais.


Os deputados discutirão assuntos políticos e sociais.

b. O conhecimento útil é capaz de situar qualquer coisa em seu contexto.


O conhecimento útil é capaz de situar qualquer informação em seu contexto.

c. Existem várias coisas para reduzir os desequilíbrios entre as pessoas.


Existem várias alternativas para reduzir os desequilíbrios entre as pessoas.

d. A violência nas cidades é uma coisa particularmente preocupante.


A violência nas cidades é um problema particularmente preocupante.

e. Prometer reformas impossíveis é uma coisa muito comum para atrair votos.
Prometer reformas impossíveis é uma tática muito comum para atrair votos.

f. A busca pela felicidade é uma coisa legítima.


A busca pela felicidade é um sonho legítimo.

g. Quando o homem pensa no futuro, uma coisa é certa: qualidade de vida é fundamental.
Quando o homem pensa no futuro, uma ideia é certa: qualidade de vida é fundamental.

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9. Complete com o adjetivo adequado. Observe o exemplo:

Trabalhador da indústria – Industrial.

a. Planta da água – Planta aquática.


b. Pessoa sem atividade – Pessoa inativa.
c. Produto de fábrica – Produto fabril.
d. Porto do rio – Porto fluvial.
e. Animal da noite – Animal noturno.
f. Ave de praia – Ave praieira.
g. Tratamento do cabelo – Tratamento capilar.
h. Proteção do meio ambiente – Proteção ambiental.
i. Hábito de alimentação – Hábito alimentar.
j. População do mundo – População mundial.
k. Fluxo de energia – Fluxo energético.
l. Movimento da Terra – Movimento terrestre.
m. Temperatura do Sol – Temperatura solar.

10. Observando as expressões destacadas nas orações seguintes, encontre o adjetivo mais ade-
quado. Veja o exemplo:

Minha filha amanheceu com febre.


Minha filha amanheceu febril.

a. A fazenda está sem governo. e. A água pura é sem gosto.


A fazenda está desgovernada. A água pura é insípida.

b. O policial estava sem arma. f. O café está sem açúcar.


O policial estava desarmado. O café está aguado.

c. Esta capa está sem cor. g. Estou sem paciência para assistir ao mu-
sical.
Esta capa está incolor.
Estou impaciente para assistir ao musical.
d. A comida está sem cheiro.
A comida está inodora.

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11. Como vimos, os adjetivos se ligam a substantivos acrescentando-lhes alguma qualidade, ca-
racterística, etc. Mas você sabia que esse sentido “acrescentado” pode mudar conforme a po-
sição do adjetivo (se colocado antes ou depois do substantivo)? Para perceber isso, analise as
situações a seguir. Explique, com suas palavras, o sentido expresso pelos adjetivos destacados
em cada situação.
a.
I. Paulo se tornou um homem grande.
II. Paulo se tornou um grande homem.
Em I, o adjetivo permite a compreensão de que Paulo é um homem alto. Em II, o adjetivo nos
leva a entender que Paulo é um homem notável.

b.
I. Renata é uma mulher pobre.
II. Renata é uma pobre mulher.
Em I, o adjetivo permite a compreensão de que Renata é uma mulher que dispõe de poucos
recursos. Em II, o adjetivo possibilita a compreensão de que o enunciador observa Renata com
certa compaixão.

c.
I. Carolina é uma velha amiga.
II. Carolina é uma amiga velha.
Em I, o adjetivo permite a compreensão de que Carolina tem uma antiga amizade com o enun-
ciador. Em II, o adjetivo nos leva a entender que Carolina é a amiga idosa do enunciador.

12. Nesta atividade, você tentará descobrir quais são as palavras (substantivos ou adjetivos) que
deverá escrever na cruzadinha da página seguinte, tendo em vista as dicas fornecidas a seguir.
Para enriquecer o seu estudo, utilizaremos o tema Pré-História como fonte de informação.

Horizontais
1. Adjetivo que qualifica as pinturas feitas no interior de cavernas.
2. Marcas, objetos, fósseis produzidos pelos primeiros seres humanos que permitem estudar
a nossa origem (substantivo flexionado no singular).
3. Substantivo coletivo que designa todos os seres humanos.
4. Substantivo que designa a principal descoberta realizada pelos seres humanos na Pré-His-
tória.
5. Substantivo comum empregado para nomear os seres que não pertenciam propriamente
ao gênero Homo, mas andavam sobre dois pés, tinham o corpo coberto de pelos e o cére-
bro muito pequeno.

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Verticais
1. Período que vai do surgimento do ser humano até o desenvolvimento da escrita (substantivo).
2. Adjetivo (flexionado no plural) empregado para qualificar os seres humanos quando estes
deixaram de ser nômades.
3. Substantivo (flexionado no plural) que designa de forma geral os objetos produzidos pelos
seres humanos para enfrentar as dificuldades do dia a dia.
4. Adjetivo que qualifica o substantivo feminino revolução quando este designa o desenvolvi-
mento da agricultura e da domesticação de animais ocorrido na Idade da Pedra Polida.
5. Adjetivo empregado para caracterizar o ser humano que produzia instrumentos mais aper-
feiçoados, tinha o cérebro maior que o do Homo habilis e também era mais alto. Foi o pri-
meiro a usar o fogo em benefício próprio, para se aquecer e cozinhar os alimentos. O uso
desse adjetivo se deve ao fato de esses seres humanos possuírem a postura ereta.

3.
I

1. N
1. R U P E S T R E S 2.
R T S
É R E
– U D
3. H U M A N I D A D E
I E N
S N T
T T Á
Ó O R

5. R S 4. I
2. V E S T Í G I O N 4. F O G O
R A E S
E O
C L
T Í
5. A U S T R A L O P I T H E C U S
S I
C
A

95

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Desafio

1. Os coletivos são substantivos que se referem aos seres considerados em conjunto. Normal-
mente, esses substantivos designam um conjunto de seres da mesma espécie, como cardume
(de peixes) e manada (de bois ou búfalos). Mas, no uso cotidiano da língua, comumente atri-
buímos outros significados aos substantivos coletivos, conforme a ideia que apresentam. Esse
desvio ocorre em:
a. Renan sempre presenteia Cláudia com um ramalhete no Dia dos Namorados.
b. Não se esqueça de identificar bem sua bagagem, para não perdê-la na viagem.
c. O elenco do Palmeiras não está completo para o jogo de hoje à noite.
d. A criança foi atacada por um enxame no passeio ao zoológico.
e. Parece que seu pai está na biblioteca estudando.

2. Seguindo a mesma ideia da questão anterior, assinale a alternativa em que ocorre o desvio de
significado do substantivo coletivo.
a. Não trabalhar seguindo as instruções nos causa uma penca de problemas.
b. A banca do concurso já corrigiu as provas.
c. O elenco do filme foi bem escolhido.
d. A constelação de Peixes pode ser vista em alguns estados da Região Norte brasileira.
e. O rebanho seguiu o fazendeiro.

3. Analise as frases a seguir.


I. Como você já trabalhou em várias empresas, sua bagagem será muito importante aqui.
II. O palestrante ficou nervoso com o enxame de perguntas.
III. Esperei séculos, mas ela não apareceu para nosso encontro.
IV. João é um menino muito travesso. Seu repertório é imenso.
V. O pastor da minha igreja sabe cuidar bem de seu rebanho.

Indique aquela(s) em que o coletivo expressa uma hipérbole.


a. I e II.
b. II e III.
c. III e IV.
d. IV e V.
e. I e V.

4. A palavra caminhãozinho, no grau diminutivo, recorda-nos que são válidas todas as considera-
ções abaixo sobre esse assunto (diminutivo), menos uma. Aponte a exceção.
a. O plural de caminhãozinho é caminhõezinhos, como o de anelzinho é aneizinhos.

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b. Além de expressar o “tamanho diminuído” do ser, pode, a forma diminutiva, expressar
emoções ou sentimentos de diversas naturezas: carinho (mãezinha), ironia (santinho),
depreciação (padreco), etc.
c. Em certos substantivos, a terminação -inho não caracteriza o diminutivo, como em gol-
finho.
d. Encontramos, em português, diversas desinências caracterizadoras do diminutivo, en-
tre elas a forma -ote (frangote, saiote, rapazote, etc.).
e. A terminação -inho indica a ocorrência do grau diminutivo analítico em caminhãozinho.

5. O personagem Cascão, de Maurício de Sousa, tem esse apelido por não gostar de banho. Nes-
se contexto, a palavra Cascão significa aquele que tem pele grossa por sujeira e expressa a
ideia de aumentativo. Assinale a alternativa em que há uma palavra no grau aumentativo.
a. O limão é uma fruta ácida que faz bem à saúde.
b. Macarrão contém muito carboidrato e, por isso, engorda.
c. O Timão venceu o campeonato de futebol muito à frente dos adversários.
d. O acidente ocorreu porque um carro veio na contramão.
e. O catalão é a língua falada em uma região da Espanha.

6. Embora pareça simples, a classificação das palavras em categorias requer uma observação
atenta da situação em que elas são usadas. Pensando nisso, analise o emprego da palavra hu-
manos nas seguintes frases:

Humanos e macacos evoluíram a partir de um mesmo ancestral: os primatas.


Vestígios humanos podem ser considerados fontes históricas.

Em ambas as frases, a palavra humanos deve ser classificada da mesma forma? Explique.
Não. Na frase I, humanos funciona como substantivo, enquanto em II funciona como adjetivo,
qualificando o substantivo vestígios.

7. Analise as frases a seguir.

I. O Código Da Vinci foi uma das obras estrangeiras mais vendidas no Brasil.
II. O código civil brasileiro é a lei que está mais perto do cidadão.

Nestas frases, a palavra código foi utilizada como substantivo e possui dois significados. Em
uma dessas frases, corresponde a um substantivo coletivo. Em qual frase isso ocorre? Por quê?
Qual é o sentido que podemos dar ao outro uso dessa palavra?
Sugestão de resposta. O uso como substantivo coletivo ocorre na frase II, pois se refere ao
conjunto de leis. Outro sentido que podemos dar à palavra é de combinações ou símbolos que
só têm significado após serem decifrados.

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8. Leia o texto abaixo.

Há notícias que são de interesse público e há notícias que são de interesse do público. Se
a celebridade x está saindo com o ator y, isso não tem nenhum interesse público. Mas,
dependendo de quem sejam x e y, é de enorme interesse do público, ou de certo público
(numeroso), pelo menos. As decisões do Banco Central para conter a inflação têm óbvio
interesse público. Mas quase não despertam interesse, a não ser dos entendidos. O jor-
nalismo transita entre essas duas exigências, desafiado a atender às demandas de uma
sociedade ao mesmo tempo massificada e segmentada, de um leitor que gravita cada vez
mais apenas em torno de seus interesses particulares.
Fernando Barros e Silva. O jornalista e o assassino: in. Folha de S.Paulo.

A palavra público é empregada no texto ora como substantivo, ora como adjetivo. Exemplifi-
que cada um desses empregos com passagens do próprio texto e apresente o critério que você
utilizou para fazer a distinção.
Na frase “Há notícias que são de interesse público e há notícias que são de interesse do pú-
blico”, a palavra público é usada na primeira ocorrência como adjetivo, relacionada com o
substantivo interesse, e na segunda como substantivo inserido na locução adjetiva do público.

9. O parágrafo abaixo foi retirado de um livro didático de História do 6º ano. Leia-o com atenção.

Com a Revolução Agrícola, ocorrida no Neolítico, primeiramente foram cultivados o trigo,


a aveia e a cevada. Para facilitar o cultivo, as pessoas procuravam as terras próximas dos
rios, que eram mais férteis. Isso fez surgir os primeiros aglomerados populacionais, que
tinham, na união da população, uma arma defensiva, além de uma melhor produção.

I. A palavra cultivados está flexionada no masculino plural para concordar com o substantivo que
qualifica (trigo).
II. As palavras próximas e férteis estão flexionadas no feminino plural para concordar com
terras.
III. A locução adjetiva da população poderia ser substituída pelo adjetivo populacional, mas
essa substituição acarretaria uma repetição desnecessária desse adjetivo.

Está correto o que se afirma em:


a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e II.
e. II e III.

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Questões de escrita

Acentuação dos monossílabos tônicos


1. Como vimos no Capítulo 2, as palavras com apenas uma sílaba são chamadas de monossíla-
bas. Essas palavras podem ser pronunciadas de maneira fraca ou um pouco mais forte, por
isso são classificadas como átonas (fracas) ou tônicas (fortes). Observe essa distinção na leitu-
ra das palavras destacadas no texto a seguir.

Chamamos de minério as rochas e os minerais que servem como matéria-prima na fabricação


de produtos. O granito, por exemplo, é um minério.

a. Qual dessas palavras é pronunciada de maneira mais forte?


A palavra é.

b. Como se classifica essa palavra?


Monossílabo tônico.

2. Agora leia estes monossílabos tônicos.

já lá pás pé ré rês pó nós vez nu luz

Que regra de acentuação gráfica podemos formular para os monossílabos tônicos com base
na observação dessas palavras?
Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em -a(s), -e(s) ou -o(s).

Acentuação das proparoxítonas


3. Entre as palavras a seguir, identifique as proparoxítonas.

a. arquipélago
b. órfã
c. amargo
d. amável

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e. Cleópatra
f. protótipo
g. bônus
h. gráfico
i. luta
j. rapidamente
k. carro
l. restaurante
m. sobrancelha
n. rivalidade

4. Agora responda: o que há de comum entre as palavras proparoxítonas?


Todas elas recebem acento gráfico.

5. Entre as palavras a seguir, indique aquela que deve receber acento gráfico por ser proparoxí-
tona.
a. Janela.
b. Comprimido.
c. Rapido.
d. Secretamente.
e. Estatuto.

6. Leia o texto abaixo.

A descoberta do fogo foi fundamental para a evolução da espécie humana, tanto material-
mente como nas relações sociais. Estudos indicam que o cozimento de carnes propiciou a
redução do desenvolvimento dos dentes. Isso porque a carne cozida é mais fácil de mas-
tigar, não havendo a necessidade de dentes grandes e pontiagudos, como os dos animais
carnívoros, que só comem carne crua.

a. Identifique no texto uma palavra paroxítona terminada em ditongo crescente.


Espécie.

b. Agora, selecione uma palavra polissílaba cuja sílaba tônica apresenta um dígrafo.
Materialmente, cozimento, desenvolvimento.

c. No texto, encontramos um adjetivo proparoxítono flexionado no masculino plural. Qual


substantivo determinou essa flexão?
Animais.

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CAPÍTULO
6
Artigo, numeral
e pronome

1. Artigo
Leia a tirinha.

No primeiro quadrinho, Serafim se refere à prova da professora Norma como A prova. O emprego
da palavra a contribui para entendermos o sentido do substantivo prova. Por meio dela, podemos
perceber que os meninos não estão falando de qualquer prova: é a prova da professora Norma. O
emprego dessa palavra em letra maiúscula sugere ainda mais exclusividade, isto é, que a prova da
professora é realmente muito difícil. Como o substantivo prova é feminino, empregamos a palavra
a antes dele. Veja outros usos:

O humor da professora Norma é terrível.


Os alunos farão uma prova.
A turma está com medo da prova.

Nos três casos, as palavras destacadas foram empregadas antes de substantivos, determinando o
seu sentido e concordando com eles em gênero e número.

Agora, observe:

Pedro quer ter um desempenho melhor.


Ele quer tirar uma nota boa.

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Nesses dois casos, as palavras um e uma atuam sobre os substantivos a que antecedem inde-
terminando o seu sentido. Assim, Pedro quer uma nota boa qualquer (pode ser sete, oito, nove,
dez) para ter um desempenho melhor. Tanto o substantivo nota quanto o substantivo desempe-
nho estão empregados com sentido vago.

Assim, chamamos de artigo a palavra variável em gênero e número que antecede o


substantivo determinando ou indeterminando o seu sentido.

Nos exemplos analisados, observe que os artigos concordam em gênero e número com os subs-
tantivos a que antecedem. Veja mais alguns exemplos:

as relações sociais
os jogadores
um barulho
uns sons
a identificação

Classificação dos artigos

Como consequência do que vimos até agora, os artigos se classificam como:

• Determinados (ou definidos) – o, a, os, as.


• Indeterminados (ou indefinidos) – um, uma, uns, umas.

Examine o texto a seguir.

Os corais se desenvolvem pela união de uma infinidade de organismos, formando asso-


ciações entre seres da mesma espécie. Cada grupo de indivíduos realiza uma atividade
específica, mas, de modo geral, estão todos fundidos fisicamente. Todos esses seres uni-
dos representam uma colônia.

O artigo os determina o sentido do substantivo corais — não são quaisquer seres vivos, são os
corais. Já o artigo uma indetermina o sentido dos substantivos a que antecede — infinidade, ativi-
dade e colônia.
Quando antecede um nome próprio, o artigo definido indica familiaridade. Exemplo: A Maria
chegou cedo. Esse uso é muito comum em alguns estados brasileiros, como o Ceará, o Rio de Janeiro
e o Rio Grande do Sul.

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APRENDA MAIS

Usamos artigos definidos antes de certos nomes próprios de lugares, como os que indicam
países, regiões, continentes, montanhas, vulcões, lagos, oceanos, rios e ilhas.

a Inglaterra o Pacífico os Andes


o Amazonas o Recife a Europa

Dispensam o artigo os nomes: Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo,
Pernambuco, Sergipe, Portugal, Angola, São Salvador, Castela, Cabo Verde. Já o nome Alagoas
pode ser usado com ou sem artigo.
Em algumas situações, os artigos nos ajudam a identificar o gênero e o número dos
substantivos a que antecedem.

Os ônibus estão quebrados. A pianista começou a tocar.

Em algumas situações, o artigo pode assumir valor qualificativo ou promover mudança de


sentido. Compare:

Valor qualificativo
Ele é um amigo. (Qualquer amigo.) Ele é o amigo. (O melhor amigo.)

Mudança de sentido
Isso acontece em todo país. (Qualquer país.) Isso acontece em todo o país. (Neste país.)

2. Numeral
Em algum momento da evolução do ser humano, surgiu a necessidade natural de contar. Mais
tarde, mudanças na estrutura das sociedades tornaram necessário registrar essa contagem. A prin-
cípio, os seres humanos utilizaram procedimentos simples, como coleção de pedras, marcas feitas
em ossos e nós dados em cordas. A contagem foi um dos primeiros desafios que os seres humanos
enfrentaram. Com o tempo, esses métodos foram se aprimorando, e, em cada região do mundo,
desenvolveram-se técnicas diferentes de contagem, cada uma com seus próprios símbolos e regras.
Os egípcios, os romanos, os macedônios, os chineses, os maias e os indígenas brasileiros trabalha-
vam com números de forma diferente.

REFLITA

As diferentes técnicas de contagem facilitavam o comércio entre os povos?


Com o incremento das relações comerciais entre os povos, ter maneiras diferentes de medir e contar se tor-

nou pouco prático, por isso houve a necessidade de se adotar um sistema único de numeração, que é o que
utilizamos até hoje, o indo-arábico.

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Assim, em Matemática, dizemos que número é a ideia de quantidade que nos vem à mente quan-
do contamos. Para cada ideia de quantidade, temos um número associado, e cada número pode ser
representado por um símbolo ou nome. Ou seja, um numeral. Essa mesma definição é aplicada na
língua portuguesa para indicar as palavras que utilizamos para designar quantidade, ordem, codifi-
cação, divisão ou multiplicação.

O Australopitecus andava sobre os dois pés.


Há aproximadamente 4 milhões de anos, surgiram, na África, os primeiros antepassados
do ser humano.

O número quantifica; o numeral representa essa quantidade. Os símbolos matemáticos utilizados


nessa representação são chamados de algarismos. Estes são os algarismos indo-arábicos:

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

De forma simples, podemos dizer que os algarismos estão para o sistema dos números como as le-
tras do alfabeto para as palavras. Ou seja, os números são, basicamente, um recurso de representação.

Classificação dos numerais


Tendo em vista o que estudamos até agora, podemos classificar os numerais em quatro grandes
grupos.

• Cardinais
Os numerais cardinais indicam quantidades.

Na África, foram encontrados os fósseis de dois Austra- APRENDA


lopitecus. MAIS
Acredita-se que os mamutes foram extintos há cerca de
doze mil anos.
Os mamutes foram uma
A seguir, conheça alguns detalhes importantes sobre os nume- importante fonte de ali-
rais cardinais. mentação e vestimenta
• Os numerais um, dois e as centenas a partir de duzentos va- para os seres humanos
riam em gênero: uma, duas, duzentas, trezentas. na Pré-História. Pesqui-
• Usamos a palavra e entre as centenas, as dezenas e as unida- sadores acreditam que
des: vinte e três, duzentos e trinta e oito. foram extintos pelo fim
• Empregamos a palavra e entre o milhar e a centena se esta da Era Glacial e pela
não estiver seguida de outro número (dois mil e duzentos); caça predatória pratica-
caso contrário, podemos omiti-la (dois mil duzentos e vinte da pelos humanos.
e seis).

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• Quando os números são muito extensos, • Palavras como último, penúltimo, antepe-
não se usa a palavra e entre as classes, ou núltimo, anterior, posterior, derradeiro
seja, entre os grupos de três algarismos e múltiplo, embora transmitam noção de
(nem vírgula): 324.312.090.215 — trezen- posição, devem ser consideradas adjetivos.
tos e vinte e quatro bilhões trezentos e doze • Os numerais inferiores a 2.000 são lidos ou
milhões noventa mil duzentos e quinze. escritos como ordinais.
• Depois dos numerais compostos com um, o
Fernanda é a milésima octingentésima
substantivo vai ao plural: trinta e um dias;
vigésima oitava classificada (1.828ª).
as mil e uma noites.
• O numeral cardinal pode, às vezes, ser utili-
• Quando superiores a 2.000, os numerais
zado nas indeterminações.
devem ser lidos de forma mista, isto é, o
primeiro algarismo como cardinal e os de-
Peço-lhe um minuto de sua atenção.
mais como ordinais.
(alguns poucos minutos)
Ela anda com mil perguntas. (muitas Renato é o dois milésimo centésimo
perguntas) quinto classificado (2.105º).

• Ordinais • Multiplicativos
Como o próprio nome sugere, os numerais Os numerais multiplicativos denotam aumen-
ordinais indicam a ordem dos seres em uma de- to proporcional por um múltiplo da unidade.
terminada sequência.
Os clubes propõem que o ingresso cus-
te o dobro do preço atual.
O Homo habilis foi o primeiro a produ-
Você precisa beber o triplo de água.
zir ferramentas a partir de pedras.
Saturno é o sexto planeta a contar do
A seguir, conheça alguns detalhes importan-
Sol e o segundo maior do Sistema Solar.
tes sobre os numerais multiplicativos.
• Duplo, dobro e triplo são os numerais
A seguir, conheça alguns detalhes importan-
multiplicativos mais utilizados. Os demais
tes sobre os numerais ordinais.
(quádruplo, quíntuplo, sêxtuplo, sétuplo,
• Nas designações de papas e soberanos, sé-
óctuplo, nônuplo, décuplo, cêntuplo) ge-
culos e capítulos de livros, empregamos o
ralmente são empregados em textos for-
ordinal até décimo. Daí por diante, utiliza-
mais. Em situações informais, são substituí-
mos o cardinal.
dos pelo cardinal seguido da palavra vezes.
Paulo VI (Sexto) século IX (nono)
Luís XV (Quinze) capítulo XXII Meu time ganhou o campeonato esta-
(vinte e dois) dual dez vezes.
A banda remarcou a entrevista coletiva
• Usamos sempre o ordinal quando o nume-
duas vezes.
ral estiver anteposto ao substantivo: oitavo
século, décimo nono capítulo, sétimo can-
• Os numerais multiplicativos são flexiona-
to, X Feira (Lê-se décima feira).
dos em gênero e número na função adje-
• Na indicação do primeiro dia do mês, pre-
tiva: Minha avó costuma tomar o remédio
fere-se o ordinal: Ela aniversaria no dia pri-
em doses duplas.
meiro de setembro.
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• Fracionários
Expressam a diminuição proporcional da quantidade, a sua divisão.

Naquele bairro, um terço da população vive abaixo do salário mínimo.

A seguir, conheça alguns detalhes importantes sobre os numerais fracionários.

• Os numerais fracionários devem concordar com os cardinais que os antecedem.

Comi dois quartos de maçã e um terço de melão.

• Para muitos numerais fracionários, utilizamos o cardinal seguido da palavra avos: onze avos,
treze avos, quinze avos e assim por diante.
• Além dos numerais fracionários, existem os numerais coletivos, que funcionam como subs-
tantivos coletivos, porém diferem destes por designarem um número de seres rigorosamen-
te exato: novena, dezena, década, dúzia, centena, cento, milhar, milheiro, par, lustro (pe-
ríodo de cinco anos; quinquênio), milhão, bilhão, trilhão.

O Recife tem aproximadamente 1,6 milhão de habitantes.


A Índia tem aproximadamente 1,4 bilhão de habitantes.
Atualmente, a população mundial gira em torno de 7,8 bilhões de pessoas.

• Na fala informal, normalmente empregamos numerais ordinais seguidos do substantivo parte


para expressar frações.

Estou na sétima parte do livro. N AV E G U E


Esta é a quinta parte do valor do carro.
No site Worldometers, você
tem acesso a estimativas
em tempo real sobre a po-
pulação mundial e a da-
APRENDA MAIS dos de grande relevância,
como o volume de água
consumida no mundo.
O nome avos aparece quando o denominador de uma fra-
ção é maior que 10. Quando o denominador é abaixo de 10,
usamos os algarismos ordinais para a leitura — como em
1/12 (que se lê um doze avos). A palavra avos tem origem na
palavra latin octavus (em português, oitavo), que passou a
ser escrita oit’avos (para representar uma fração).

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Classificação dos numerais
Numeral Numeral
Algarismo Numeral cardinal Numeral ordinal
multiplicativo fracionário
Indica quantida- Indica a ordem em Indica a multiplica- Indica a divisão
Romano Arábico
de precisa uma série ção (múltiplo) (partes do todo)
I 1 um primeiro (simples) —
II 2 dois segundo dobro, duplo meio, metade
III 3 três terceiro triplo terço
IV 4 quatro quarto quádruplo quarto
V 5 cinco quinto quíntuplo quinto
VI 6 seis sexto sêxtuplo sexto
VII 7 sete sétimo sétuplo sétimo
VIII 8 oito oitavo óctuplo oitavo
IX 9 nove nono nônuplo nono
X 10 dez décimo décuplo décimo
XI 11 onze décimo primeiro undécuplo onze avos
XII 12 doze décimo segundo duodécuplo doze avos
XIII 13 treze décimo terceiro treze vezes treze avos
XIV 14 catorze décimo quarto — catorze avos
XV 15 quinze décimo quinto — quinze avos
XVI 16 dezesseis décimo sexto — dezesseis avos
XVII 17 dezessete décimo sétimo — dezessete avos
XVIII 18 dezoito décimo oitavo — dezoito avos
XIX 19 dezenove décimo nono — dezenove avos
XX 20 vinte vigésimo — vinte avos
XXX 30 trinta trigésimo — trinta avos
XL 40 quarenta quadragésimo — quarenta avos
L 50 cinquenta quinquagésimo — cinquenta avos
LX 60 sessenta sexagésimo — sessenta avos
LXX 70 setenta septuagésimo — setenta avos
LXXX 80 oitenta octogésimo — oitenta avos
XC 90 noventa nonagésimo — noventa avos
C 100 cem centésimo cêntuplo centésimo
CC 200 duzentos ducentésimo — ducentésimo
CCC 300 trezentos trecentésimo — trecentésimo
CD 400 quatrocentos quadringentésimo — quadringentésimo
D 500 quinhentos quingentésimo — quingentésimo
DC 600 seiscentos sexcentésimo — sexcentésimo
DCC 700 setecentos setingentésimo — setingentésimo
DCCC 800 oitocentos octingentésimo — octingentésimo
CM 900 novecentos nongentésimo — nongentésimo
M 1.000 mil milésimo — milésimo

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3. Pronome
Leia com atenção:

A professora Norma estava furiosa!


Ela

Esses alunos hoje estão com o capeta!


Eles

Nessas frases, os termos a professora Norma e esses alunos podem ser substituídos, respectiva-
mente, pelas palavras ela e eles. Essa é uma das principais funções das palavras que estudaremos
agora: os pronomes.

Chamamos de pronomes as palavras que substituem ou acompanham substantivos indican-


do-os como pessoas gramaticais envolvidas no ato comunicativo.

As pessoas gramaticais são:

Singular Plural
1ª pessoa eu nós Pessoa(s) que fala(m).
2ª pessoa tu vós Pessoa(s) com quem se fala.
3ª pessoa ele/ela eles/elas Pessoa(s) de quem se fala.

• Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais são aqueles que substituem o substantivo, indicando as pessoas gramati-
cais. Observe:

Os alunos estavam fazendo barulho.


Substantivo

Eles estavam fazendo barulho.


3ª pessoa do plural

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No quadro a seguir, organizamos os pronomes pessoais em dois grupos: os retos e os oblíquos.

Oblíquos átonos Oblíquos tônicos


Número Pessoa Retos
(usados sem preposição) (usados com preposição)
1ª eu me mim, comigo
Singular 2ª tu te ti, contigo
3ª ele, ela o, a, lhe, se ele, ela, si, consigo
1ª nós nos nós, conosco
Plural 2ª vós vos vós, convosco
3ª eles, elas os, as, lhes, se eles, elas, si, consigo

Os pronomes pessoais oblíquos o, a, os, as se transformam quando se ligam a verbos terminados


em -r, -s, -z. Nesse caso, o verbo perde a última letra, e os pronomes ganham a letra l (lo, la, los, las).

A professora quis deixar os alunos quietos.


Substantivo Substantivo

Pronome pessoal do caso reto


Ela quis deixá-los quietos.
Pronome pessoal do caso oblíquo

Já quando se ligam a verbos terminados em som nasal (m, ão, õe,...), os pronomes o, a, os, as se
transformam em no, na, nos, nas.

Marcela já voltou das férias. Convidaram-na para a reunião?


Substantivo Pronome pessoal do caso oblíquo

Dão-nos apoio.
Pronome pessoal do caso oblíquo

Apesar de os pronomes pessoais indicarem a pessoa gramatical, como dissemos, eles não se re-
ferem, necessariamente, a pessoas. Na verdade, eles funcionam substituindo substantivos, e estes
nomeiam os seres em geral, lembra?

Observando a areia da praia, percebemos que ela é formada por vários minerais soltos.
Substantivo Pronome pessoal

No Brasil, o pronome vós está praticamente em desuso. Ele aparece apenas em alguns gêneros
textuais e situações comunicativas, como na linguagem poética e em discursos muito formais. Na
prática, o pronome vós foi substituído por vocês. Da mesma forma, o seu correspondente oblíquo
(vos) também é usado raramente, sendo substituído pela forma a vocês, como em Eu disse a vocês.
Já o pronome nós é comumente substituído por a gente na língua falada brasileira.

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A gente está estudando as rochas em Geografia.
O professor falou pra gente que rochas são agregados minerais.

Por fim, os pronomes conosco e convosco são substituídos pelas formas com nós (= com a gente)
e com vós caso estejam seguidos de palavra de reforço (todos, outros, mesmos, próprios, ambos,
numerais, etc.).

As crianças irão conosco. As crianças irão com nós dois.


Aos sábados, ele almoça conosco. Aos sábados, ele almoça com a gente.
Aos sábados, ele almoça com nós todos.

Dentro do grupo dos pronomes pessoais, existem alguns que empregamos para nos referirmos a
pessoas de maneira formal ou íntima (informal). São os chamados pronomes de tratamento. Veja
alguns exemplos desses pronomes.

Dona Norma é a professora de Português. A senhora Míriam está aguardando.


Deputada, vossa excelência foi reeleita. O magnífico reitor da UFPE está na sala.
Qual é a disciplina que a senhorita estuda mais? Seu Paulo, ainda tem pão francês?

Em quase todo o território brasileiro, o pronome você, usado como forma de intimidade, substi-
tuiu o pronome tu. Nesse caso, não se trata de uma forma de tratamento.

Você se dedicou pouco aos estudos, meu filho! Roberta, você pretende ir à praia?

• Pronomes demonstrativos
Os pronomes demonstrativos são usados, em geral, para indicar a posição dos substantivos em
relação às pessoas gramaticais. Observe os exemplos.

Neste momento, os alunos estão fazendo as provas finais.


(Situação no tempo — tempo presente em relação ao falante.)

O senhor já trabalha aqui há muito tempo. Como é essa experiência?


(Situação no contexto — o pronome retoma uma informação anteriormente fornecida.)

Vou fechar esta janela agora.


(Situação no espaço — a janela está perto do falante.)

Veja os pronomes demonstrativos abaixo, referentes às três pessoas do discurso.

Os pronomes demonstrativos
Pessoas Pronomes variáveis Pronomes invariáveis
1ª este, esta, estes, estas isto
2ª esse, essa, esses, essas isso
3ª aquele, aquela, aqueles, aquelas aquilo

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Agora leia:

Não sabe
o tal besouro
que o tal tesouro
está pertinho.
JOSÉ, Elias. Segredinhos de amor. São Paulo: Moderna, 2001.

Nesses versos, observe que a palavra tal é utilizada para indicar o substantivo (besouro/tesouro),
por isso é considerada pronome demonstrativo. Também são demonstrativos mesmo(s), mesma(s),
próprio(s), própria(s).

Nós mesmos não acreditamos.


Ela própria preferiu voltar.

• Em relação ao espaço
Em relação ao espaço, os pronomes demonstrativos funcionam da seguinte forma:

Este, esta, estes, estas, isto indicam o que está perto de quem fala.

Estes documentos que estão comigo são falsos.


Este relógio pertenceu a meu avô.

Esse, essa, esses, essas, isso indicam o que está perto de quem ouve.

Esses documentos que estão com você são falsos.


Mamãe, qual é essa revista que está perto de você?

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Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo indicam o que está longe tanto de quem fala
quanto de quem ouve.

Aquelas pessoas lá me parecem amigas.

• Em relação ao tempo

Este, esta, estes, estas, isto indicam o tempo presente em relação ao falante.

Esta tarde (no dia de hoje), irei ao supermercado.


Este mês (no mês corrente), não houve novidades.

Esse, essa, esses, essas, isso marcam o tempo passado ou futuro relativamente próximo
em relação ao momento em que se situa o falante.

Essa noite vou sair com os meus melhores amigos.


(Futuro próximo)

Essa noite dormi mal; tive pesadelos horríveis.


(Passado próximo)

Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo referem-se a um tempo remoto, bem anterior
ao momento em que se fala e podem se contrair com as preposições a, em e de.

Ele viveu em São Paulo, que, naquela época, ainda era um pequeno vilarejo.
Entregue os documentos àquela recepcionista.
Embarcaremos neste voo.
Lembra-se daquele livro sobre literatura?

• Os pronomes demonstrativos na fala


Em relação ao emprego dos pronomes demonstrativos na modalidade falada, existe uma realida-
de bastante diferente da modalidade escrita formal.

Pronomes demonstrativos
Masculino singular (plural) Feminino singular (plural) Neutro
1ª pessoa: este(s)/esse(s) (aqui) esta(s)/essa(s) (aqui) isto/isso (aqui)
2ª pessoa: este(s)/esse(s) (aí) esta(s)/essa(s) (aí) isto/isso (aí)
3ª pessoa: aquele(s) (lá/ali) aquela(s) (lá/ali) aquilo (lá/ali)

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Atividades

1. Na nossa comunicação, muitas vezes dizemos mais do que as palavras que utilizamos. É o que
podemos ver nas falas do personagem Hagar na tira abaixo.

a. Pela compreensão global da tirinha, podemos afirmar que Hagar costuma lavar as mãos
antes das refeições? Explique.
Não. Na verdade, imaginamos que ele não costuma lavar as mãos antes das refeições porque,
para ele, isso só deve ser feito em ocasiões diferentes, como um jantar formal.

b. Que sentido as palavras o e um acrescentam ao substantivo jantar no primeiro e no segun-


do quadrinhos?
No primeiro quadrinho, o artigo indica a refeição cotidiana; já no segundo, o artigo indica um
jantar diferente.

2. Complete as lacunas desta fábula de Esopo com o, a, os, as, um, uma, uns, umas.

O burro, a raposa e o leão

O burro e a raposa fizeram uma parceria e foram buscar comida juntos. Após caminharem um

pouco, viram o Leão, que vinha na direção deles, o que deixou ambos terrivelmente assustados. Mas

a raposa pensou logo em uma forma de salvar sua própria pele e foi corajosamente até o Leão

sussurrar em seu ouvido:

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— Eu ajudo você a pegar o burro se você prometer não me devorar.

O Leão concordou, e a raposa voltou para junto de seu companheiro, convencendo-o em

pouco tempo a se esconder em uma vala, que uns caçadores haviam cavado para servir de arma-

dilha para animais selvagens.

Quando o Leão viu que o burro estava na vala e não tinha para onde fugir, foi para cima da

raposa e logo acabou com ela. Depois, prazerosamente, começou a banquetear-se com o burro.
SANTOS, Laura. Fábulas de Esopo. Recife: Prazer de Ler, 2014.

3. Que lição moral podemos concluir a partir dessa fábula?


Sugestão de resposta: Trair um amigo muitas vezes é arruinar a si mesmo.

4. Você consegue perceber a diferença de sentido entre estas duas frases? Explique.
a. A metade da herança coube à esposa do falecido, e o restante foi dividido entre dois filhos.
b. A metade da herança coube à esposa do falecido, e o restante foi dividido entre os dois
filhos.
Em A, como o numeral dois não está determinado pelo artigo, não temos certeza de quantos
filhos o casal tinha. Sabemos apenas que dois filhos receberam a herança. Em B, o artigo deixa
claro que havia apenas dois filhos e que ambos receberam a herança.

5. Como vimos, os artigos são empregados sempre diante de substantivos, acompanhando-os


em gênero e número. Pensando nisso, escreva o substantivo dos parênteses que pode ser
usado pelo falante para:
a. Indicar o local onde nasce um rio. (o nascente – a nascente)
A nascente.

b. Indicar o lado onde o Sol nasce. (o nascente – a nascente)


O nascente.

c. Indicar a medida de massa. (o grama – a grama)


O grama.

d. Indicar o líder de um grupo de pessoas. (a cabeça — o cabeça)


O cabeça.

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6. Leia o texto e responda às questões.

As incríveis viagens de Marco Polo e do árabe Ibn Battuta


Quando se fala das grandes viagens da História, o primeiro nome mencionado é o de Mar-
co Polo, comerciante de Veneza que, na segunda metade do século XI, percorreu quase toda
a Ásia até se fixar na China, onde se tornou amigo do imperador e viveu por alguns anos. Ele
escreveu um livro contando como era a Ásia. Graças ao seu Livro das maravilhas, os europeus
tomaram conhecimento das riquezas que existiam do outro lado do mundo. Marco Polo fale-
ceu aos 70 anos, em 1324.
Pouca gente ouviu, porém, falar do árabe Ibn Battuta, que, aos 21 anos, partiu de Tânger,
no Marrocos, norte da África, para a sua primeira grande viagem, no começo do século XIV,
em 1325, um ano depois da morte de Marco Polo. Ao longo de sua vida, ele percorreu 120 mil
quilômetros, uma distância três vezes maior que a percorrida por Marco Polo, que, no entanto,
é mais conhecido que ele [...].
MENEZES, Fernando. Divirta-se e aprenda. Recife: Prazer de Ler, 2008.

Veneza
Constantinopla

Cipango
Shang-lu (Japão)

Bokharia
Kashgar
Khorasan Kansu Catai
Pérsia
Oceano
Pacífico

Arábia Mangi

Índia
Champa
(Vietnã) Mar da
China
Etiópia

Oceano Índico

a. Segundo o autor do texto, o viajante mais famoso é Marco Polo. Quem vem depois dele?
Ibn Battuta vem depois.

b. Pela leitura do texto, há uma relação de ordem de popularidade entre Marco Polo e Ibn
Battuta. Qual palavra no início do texto é responsável por indicar essa ordem?
A palavra primeiro.

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c. Qual é a classificação dessa palavra? b. Quais algarismos utilizamos para repre-
sentá-lo?
Numeral ordinal.
Utilizamos 0, 2 e 1.
d. A palavra ele, no primeiro parágrafo,
está substituindo um termo expresso c. De que outra forma poderíamos repre-
anteriormente. Qual é esse termo? sentar esse numeral?
Marco Polo. Escrevendo-o por extenso: duzentos e dez
milhões.
e. Quando o autor afirma que Marco Polo d. Nessa informação, esse número foi uti-
é mais conhecido que Ibn Battuta, está lizado para contar, medir, ordenar ou
procedendo a uma comparação. Qual é codificar?
esse tipo de comparação?
Foi utilizado para contar.
É o grau comparativo de superioridade do
adjetivo.
9. Complete o texto abaixo com artigos de-
f. No segundo parágrafo, a palavra um é
finidos, indefinidos ou numerais quando
artigo indefinido ou numeral? Justifi-
necessário e responda ao que se pede.
que.
É numeral, pois expressa relação de quan-
Sou (1) um homem feliz. Amo muito
tidade.
a minha família e tenho (2) a casa dos
7. Leia o texto e coloque C (contar), M (medir),
meus sonhos. Nela, há (3) um quarto
O (ordenar) ou CD (codificar) nos numerais
em destaque, indicando suas funções. grande para mim e minha esposa e outro
para nosso filho. Além disso, temos (4)
O caminhão modelo 1.519 de uma conhe-
cida fábrica alemã estabelecida no Brasil uma cozinha, (5) um jardim, (6) um
é capaz de carregar até 15.000 kg e está quintal e (7) uma varanda.
equipado com um motor de 190 cavalos-
-vapor de potência. É o 1º modelo de uma
série destinada ao mercado de veículos
Após completar o texto, em qual(is)
pesados.
lacuna(s) você empregou numerais?
Nas lacunas 3, 4, 5, 6 e 7.
1.519 = CD / 15.000 = M / 190 = M / 1º = O

10. Nas frases seguintes, os numerais não fo-


8. Segundo o IBGE, o Brasil possui aproxima-
ram empregados no seu sentido usual, ou
damente 210.000.000 de habitantes. A
seja, não representam quantidade. Entre-
respeito desse número, responda.
tanto, todas estas orações fazem sentido.
a. Qual é o número de algarismos utiliza-
Por que isso acontece? Discuta com os
dos para escrever esse número?
seus colegas e com o professor.
É 9. a. 60 num bar, 70 sair 100 pagar, aí mando
a polícia 20 buscar.

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b. 20 buscar 100 demora. 60 e vamos em- g. Tu te chamas Marcos?
bora. h. Ele se esqueceu do convite?
c. 70 me passar, passe 100 atrapalhar.
d. Estou rezando 1/3 para encontrar 1/2 i. Nós nos esquecemos da festa.
de ser feliz.
e. Eu sou U 1.000 D.
13. Leia.
f. Vendo apartamento com 3/4.
Nessas frases, o sentido não se perde de- Ele voltou — e veio bravo. El Niño, a inver-
vido à semelhança fonética entre os nu- são térmica que esquenta parte das águas
do Oceano Pacífico e muda o clima de
merais e as palavras que eles estão subs- quase todo o Planeta, atingiu, na semana
tituindo. passada, a temperatura mais alta desde os
anos 1980.

11. Muitas expressões idiomáticas utilizam


a. Observe que o texto começa com o pro-
numerais. Em outros casos, os algarismos
nome ele e só depois designa o fenô-
são utilizados para descrever situações,
meno a que esse pronome se refere.
objetos, etc. Pense no que significam e
Explique o efeito que o texto procura
como podem ter surgido estas expressões.
produzir no leitor ao empregar tal re-
a. Ele a conquistou com uma conversa 171.
curso.
b. Quero que ele vá pros quintos dos in-
fernos. O texto emprega o pronome ele para se
c. Quando criança, Van nunca pintou o referir a um termo posterior. Esse empre-
sete.
go visa a produzir no leitor expectativa,
d. Lucas vive a mil.
e. Em Matemática, sou um zero à esquerda. curiosidade ou suspense em relação ao as-
sunto do texto.
12. Complete as frases abaixo com o pronome
pessoal adequado. Observe o modelo. b. Agora, reescreva o trecho mantendo as
frases na ordem apresentada e fazendo
Eu me canso rapidamente. apenas as adaptações necessárias para
É possível encontrar outras respostas. que a expressão El Niño seja enunciada
a. Ele se feriu. anteriormente ao pronome.
b. Cada um faça por si mesmo a El Niño voltou — e veio bravo. Esse fenô-
redação.
meno, que esquenta parte das águas do
c. O professor trouxe as provas
Oceano Pacífico e muda o clima de quase
consigo .
todo o Planeta, atingiu, na semana passa-
d. Paula, quero me casar com você .
da, a temperatura mais alta desde os anos
e. O cidadão se/me/te machucou.
1980.
f. Nós tentamos nos revezar duran-
te os turnos.

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Desafio

1. Entre as sentenças, há uma em que o uso 3. O texto a seguir foi retirado de um pros-
do artigo definido é opcional. Identifique-a. pect de divulgação de um hotel localizado
a. Ganhamos a bicicleta que queríamos. na cidade de Gramado, no Rio Grande do
b. Hoje telefonei para a Maria. Sul. Leia-o com atenção.
c. Este é o retrato de Dona Isabel.
d. Eu adoro o Rio de Janeiro. O hotel se encontra a 800 metros do Mini
e. Viajei para o Amazonas em janeiro. Mundo e a 900 metros do Parque do Lago
Negro, entre tantos outros lugares que
2. (Enem) O dono de uma farmácia resolveu Gramado oferece a você que busca diver-
colocar, à vista do público, o gráfico mos- são na beleza da Serra Gaúcha.
trado a seguir, que apresenta a evolução
do total de vendas (em reais) de certo me- Agora, analise as afirmações a seguir.
dicamento ao longo do ano.
I. Os numerais presentes no texto foram
vendas (R$) utilizados com a intenção de mostrar ao
leitor que o hotel fica perto de dois im-
portantes pontos turísticos da cidade.
II. A intenção no emprego dos numerais é
sugerir ao leitor que para o turista che-
gar ao Mini Mundo e ao Parque do Lago
mês Negro precisará utilizar algum meio de
jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez.
transporte.
III. Considerando a intenção comunicati-
De acordo com o gráfico, os meses em que va subjacente ao texto, a identificação
ocorreram, respectivamente, a maior e a das distâncias em metros é mais ade-
menor venda desse medicamento foram: quada que em quilômetros (0,8 km e
a. Março e abril. 0,9 km), pois esta “soa” mais distante.
b. Março e agosto.
c. Agosto e setembro. Está correto o que se afirma em:
d. Junho e setembro. a. I, apenas.
e. Junho e agosto. b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e III.
e. II e III.

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4. Empregados antes de numerais, os artigos 7. Leia o trecho a seguir.
indefinidos reforçam a noção de impreci-
são. Esse uso ocorre em todos os exem- Com esta história eu vou me sensibilizar,
plos a seguir, exceto em: e bem sei que cada dia é um dia roubado
a. Aquela professora tem uns 50 anos. da morte. Eu não sou um intelectual, es-
b. Ela ligou faz uns trinta minutos. crevo com o corpo. E o que escrevo é uma
c. O professor se atrasou uma hora. névoa úmida.
d. Havia umas mil pessoas no show. LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
e. Acho que ainda tenho uns mil reais
na conta.
Como podemos notar, vários pronomes fo-
ram utilizados no trecho lido. Assim, iden-
5. Funciona como pronome a palavra desta-
tifique:
cada em:
a. Dois pronomes demonstrativos.
a. O professor ensina todos os dias.
b. Encontrei algumas camisas, mas Esta e o.
não as que procurava.
c. Os móveis que eu vi não eram assim, b. Um pronome pessoal do caso reto.
eram bem mais simples. Eu.
d. Eu encontrei as meninas na praia no
domingo. c. Um pronome pessoal do caso oblíquo.
e. Nas novelas de televisão, o tema
Me.
que predomina é o amor.

6. Nas orações a seguir, marque AD para arti- 8. Leia o texto:


go definido e AI para artigo indefinido.
a. AI Uns professores não compareceram. Com o sistema de monitoramento por sa-
b. AD O bem sempre vence o mal. télite, dados e imagens de desmatamento
c. AD A viagem vai durar quatro horas ou da Amazônia são transmitidos em tempo
mais. real para o Ibama, que consegue fiscalizar
d. AI Nesta loja, vendem-se uns produtos o desmatamento logo em seu início, ten-
importados. do sido possível reduzir o ritmo do des-
e. AD Chegaram as encomendas. matamento da Amazônia.
f. AI Faremos uma viagem em novembro.
g. AD As aulas foram suspensas por causa Para evitarmos a repetição do termo des-
da chuva. tacado, poderíamos substituí-lo por um
h. AI Escutei um barulho no quintal. pronome pessoal associado ao verbo. Nes-
i. AD O jogo de ontem foi muito difícil. se caso, o mais adequado seria utilizar:
a. Consegue-lo.
b. Fiscalizar-o.
c. Fiscalizá-lo.
d. Fiscaliza-o.
e. Consegue-o.

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Questões de escrita

Acentuação das palavras oxítonas


1. Como você sabe, as palavras oxítonas são aquelas em que a sílaba tônica é a última. Algumas
palavras oxítonas devem ser acentuadas graficamente, outras não. Utilizando seus conheci-
mentos prévios, identifique as palavras que recebem acento gráfico.

a. computador d. rodapes g. papel j. luar m. tabu p. armazens


b. comi e. Amapa h. cipos k. caju n. alguem
c. bone f. guaranas i. ali l. jilo o. parabens
Agora responda: em quais situações as palavras oxítonas devem ser acentuadas graficamente?
Acentuamos as palavras oxítonas terminadas em -a(s), -e(s), -o(s) e -em(ens).

2. Analise estas frases:


I. A aluna sabia o assunto.
II. A aluna era muito sábia.
III. O sabiá fugiu da gaiola.

a. Considerando a posição da sílaba tônica, como se classifica a palavra destacada em cada


frase?
Tanto em I quanto em II, a palavra destacada é paroxítona. Já em III é oxítona.

b. Discuta com os seus colegas e o professor: podemos dizer que a presença ou não do acento
gráfico nas palavras destacadas é fundamental para a compreensão de cada frase?
Não. Na verdade, o sentido de cada frase é construído pelo leitor ao analisar toda a frase. As-
sim, a presença ou não do acento gráfico não interfere no sentido.

Acentuação das palavras paroxítonas


3. Agora veja:

Palavras oxítonas Palavras paroxítonas Palavras oxítonas Palavras paroxítonas


Macapá mapa porém item
chimpanzé parede armazéns itens
complô caderno

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O que você observou sobre a acentuação dessas palavras?
As palavras paroxítonas que terminam de maneira igual às oxítonas acentuadas graficamente
não recebem acento gráfico. Ou seja, a palavra paroxítona que termina em -a(s), -e(s), -o(s),
-em ou -ens não recebe acento gráfico.
4. Leia com atenção as palavras a seguir e identifique as paroxítonas.

anel túnel ouvir arroz lousa cafezal guru menos


viver sonho azul líquen animal funil útil caráter
tórax corpo varal açúcar fóssil âmbar bíceps amar
imóveis álbum comum onda mágoa búzio delírio aconteceu
lado tremia glória confuso oásis acabou acredito pônei
você certo assim satisfaz minha Márcio língua dever
lombriga júri também margem interesse bônus miragem táxi

5. Agora, observe a terminação das palavras paroxítonas que recebem acento gráfico. O que po-
demos afirmar sobre elas em relação às palavras oxítonas acentuadas graficamente?
Acentuamos graficamente as palavras paroxítonas que não terminam em -a(s), -e(s), -o(s),
-em ou -ens.
6. Acentue as palavras abaixo (se necessário) e, em seguida, marque a opção correta quanto à
posição da sílaba tônica.

Oxítona Paroxítona Proparoxítona


Lapis X
Madeira X
Rapido X
Aracaju X
Entoou X
Paraiba X
Xadrez X
Interim X
Gramatica X
Controle X
Saiote X
Compreensão X
Onibus X

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CAPÍTULO
7
Ve r b o

1. O que é um verbo?
O texto abaixo foi retirado de um livro didático de Ciências. Com ele, vamos procurar entender
o que são os verbos. Leia-o com atenção e analise o emprego das palavras destacadas com negrito.

De acordo com a Teoria Celular, todo ser vivo é formado por células, as menores unida-
des morfofuncionais capazes de garantir a vida. Ou seja, somos constituídos por célu-
las, milhões delas, formando nossa pele, nossos órgãos, enfim, todo o nosso corpo. Até
pensar sobre a célula só é possível por causa de um tipo específico dela, ou melhor, de
milhões delas, chamadas neurônios, que compõem o nosso cérebro, órgão que coman-
da todo o nosso corpo.
Alguns seres vivos, como as bactérias, são formados por uma única célula. Nesse caso,
dizemos que eles são unicelulares. Quando são formados por mais de uma célula, como
o ser humano, dizemos que são multicelulares, ou pluricelulares.

Para iniciar o estudo dos verbos, vamos analisar o emprego deles no texto. Observe as frases a
seguir:

Todo ser vivo é formado por células.


Somos constituídos por células.
Os neurônios compõem o nosso cérebro.
O cérebro comanda todo o nosso corpo.
Alguns seres vivos são formados por uma única célula.

Nesses exemplos, podemos perceber, digamos, a principal característica formal dos verbos: so-
mente eles se articulam com os pronomes pessoais do caso reto. Você se lembra deles? São aquelas
palavras que substituem o substantivo e indicam as pessoas gramaticais:

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Eu 1ª pessoa (quem fala).
Tu/você 2ª pessoa (com quem se fala).
Ele/ela 3ª pessoa (de quem se fala).

Se essas pessoas se juntarem a outras, teremos as formas do plural:

Nós eu + alguém.
Vós/vocês tu + alguém.
Eles/elas ele + alguém.

REFLITA

As pessoas gramaticais podem ser entendidas como “humanos” mesmo?


Não. A noção de pessoa aqui deve ser compreendida somente como um conceito grama-
tical.

Veja alguns exemplos:

Todo ser vivo é formado por células.


Ele

_______ Somos constituídos por células.


Nós

Os neurônios compõem o nosso cérebro.


Eles

O cérebro comanda todo o nosso corpo.


Ele

Alguns seres vivos são formados por uma única célula.


Eles

Para perceber qual é a pessoa gramatical que se articula com um verbo, basta observar a sua
estrutura. Por enquanto, basta entender que, naturalmente, empregamos os verbos de acordo com
a pessoa gramatical com a qual eles se articulam.

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Eu – viajarei, como, senti.
Tu – viajarás, comes, sentiste.
Ele – viajará, come, sentiu.
Nós – viajaremos, comemos, sentimos.
Vós – viajareis, comeis, sentistes.
Eles – viajarão, comem, sentiram.

Essa relação entre os verbos e as pessoas gramaticais é o que chamamos de concordância verbal.
Nos textos, o termo que pode ser substituído por uma das pessoas gramaticais e se associa ao verbo
é o sujeito.

Veja outros exemplos:

Cláudia gosta de Ciências.


Sujeito → Relação de concordância 3ª pessoa – singular

Eu e Pedro estendemos o assunto.


Sujeito → Relação de concordância 1ª pessoa – plural

As hemácias são células do sangue.


Sujeito → Relação de concordância 3ª pessoa – plural

A bactéria é unicelular.
Sujeito → Relação de concordância 3ª pessoa – singular

Existem verbos, porém, que, apesar de possuírem a marca da 3ª pessoa (ele/ela), não admitem a
colocação do pronome pessoal, isto é, não se articulam com nenhuma pessoa gramatical. Por esse
motivo, esses verbos não possuem sujeito e são chamados de impessoais. Comumente, os verbos
impessoais indicam fenômenos da natureza, como nevar e chover.

Ele Nevou no Rio Grande do Sul.


Ele Chovia muito quando cheguei.

Embora possamos perceber as marcas da 3ª pessoa nesses verbos, eles não realizam concordân-
cia. Por isso, são empregados sempre na 3ª pessoa do singular.
Até agora, vimos apenas características formais que marcam os verbos, mas, observando todos
esses exemplos, podemos defini-los também tendo em vista a sua função comunicativa. Nesse caso,
podemos dizer que:

Os verbos são palavras que, além de possuir características bastante específicas, indi-
cam ação, estado, fato ou fenômeno da natureza.

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2. Modos verbais
Os modos indicam as várias formas como um fato pode acontecer. São três os modos verbais:

• Indicativo – Indica um fato certo, que está acontecendo, aconteceu ou vai acontecer.

Hoje teremos prova.


Estamos chegando no fim do ano.
Entendi o que você falou.

• Subjuntivo – É usado para exprimir um fato incerto, hipotético, duvidoso, que pode não
acontecer.

Talvez você esteja certo.


Se você tivesse me escutado, ficaria tudo bem.
Quando nós estudarmos, você entenderá.

• Imperativo – Exprime ordem, conselho, pedido, proibição.

Estude todo o conteúdo para a prova!


Aproveitem para revisar o que estão com dúvida.
Não fale mais que o necessário.

3. Formas nominais dos verbos


Além das características que vimos até agora, dizemos também que os verbos podem ser em-
pregados como nomes, assumindo funções típicas principalmente dos substantivos e dos adjetivos.
O infinitivo, o particípio e o gerúndio são as formas nominais dos verbos, podendo ser facilmente
identificadas pelas seguintes terminações:

-r para o infinitivo jogar, comer, sair.


-do(a) para o particípio jogado, comido, saído.
-ndo para o gerúndio jogando, comendo, saindo.

A forma do infinitivo pode ser considerada um substantivo. Já o particípio e o gerúndio são co-
mumente adjetivos. Observe:

Fumar faz mal à saúde.


Infinitivo (Substantivo = o fumo)

Cantar me deixa feliz.


Infinitivo (Substantivo = o canto)

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Maria está agitada.
Particípio → Função de adjetivo (qualifica o substantivo Maria)

Comida estragada prejudica o organismo.


Particípio → Função de adjetivo (qualifica o substantivo comida)

A panela está com água fervendo.


Gerúndio (Adjetivo = fervente)

No infinitivo, os verbos só podem apresentar quatro terminações: -ar, -er, -ir ou -or. A identifica-
ção dessas terminações nos permite caracterizar as três conjugações dos verbos:

• 1ª conjugação – verbos terminados em -ar, como andar, criar e imitar.


• 2ª conjugação – verbos terminados em -er e -or, como escrever e repor.
• 3ª conjugação – verbos terminados em -ir, como ouvir, sorrir e imprimir.

APRENDA MAIS

Muito tempo atrás, o verbo pôr era escrito com -er (poer). Com o passar dos anos, esse ver-
bo variou, passando a ser escrito (e falado) sem o fonema /e/. Por isso, o verbo pôr e seus
derivados (repor, propor, supor, etc.) pertencem à 2ª conjugação.

4. Tempos verbais
Na nossa comunicação diária, naturalmente situamos no tempo os fatos de que falamos. Assim, basi-
camente, temos:

• Presente – Sinto um pouco de dor de cabeça agora.


• Futuro – Sentirei dor de cabeça se não dormir bem.
• Passado – Senti dor de cabeça na semana passada.

• Presente
O tempo presente faz referência a fatos que se passam no momento em que falamos ou se pro-
longam no tempo.

Os seres vivos são formados por células.


Células procarióticas possuem o núcleo desorganizado.
As células eucarióticas têm núcleo organizado.
Essa bactéria não apresenta carioteca.
A Escherichia coli vive no organismo humano.

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Embora o tempo presente seja confundido normalmente com o momento da fala, não é bem
assim que acontece na prática. É mais adequado dizermos que o presente expressa, basicamente,
eventos ou estados atuais que podem ultrapassar o momento da fala. Existem duas formas de ex-
pressão do presente:

• Presente simples – É usado para exprimir um evento habitual, uma propriedade permanente ou
um estado permanente. Nos exemplos a seguir, observe que o evento ou estado descrito não vale
apenas para o momento presente, ele também abrange certa extensão do passado e do futuro.

Ela toca naquele bar toda sexta-feira. (evento habitual)


Estudo em um colégio religioso. (evento habitual)
Alice tem olhos claros. (propriedade permanente)
Sílvia é uma pessoa divertida. (estado permanente)

• Presente progressivo – É usado para exprimir um evento que se dá no momento da fala. É


empregado com o auxílio do verbo estar seguido do verbo principal no gerúndio.

Eles estão sentindo frio.


As células estão se multiplicando.
Ele está observando células vegetais.

• Futuro
O futuro, logicamente, faz referência a fatos que ainda não ocorreram.

Amanhã estudarei Ciências.


Amanhã vou estudar Ciências.
Eu estudaria Ciências se fosse necessário.

Esse tempo verbal pode ser empregado de três formas:

• Futuro simples – Também chamado de futuro do presente. O fato acontecerá depois do


presente.

Eu serei feliz.

• Futuro composto – O fato também acontecerá depois do presente. Essa forma é mais usual
que o futuro simples.

Eu vou ser feliz.

• Futuro condicional – Também chamado de futuro do pretérito. Indica ação que aconteceria
em relação a outra já passada.

Eu seria feliz se…

No português falado no Brasil, o futuro simples é usado basicamente em textos formais escritos.
Normalmente, indicamos fatos que acontecerão depois do presente por meio do futuro composto
(vou andar, vai telefonar, vamos entender, vão sair). Como você percebeu, esse tempo verbal é
formado com o auxílio do verbo ir seguido do verbo principal no infinitivo. Já o futuro condicional é
utilizado para indicar um evento que poderia acontecer sob algumas condições. Observe:
127

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Eu escutaria você se não estivesse fazendo tanto barulho.
Condição

Você viria comigo se fosse cedo?


Condição

Seus pais entenderiam sua decisão se você conversasse com eles.


Condição

• Pretérito
Como dissemos, o pretérito faz referência a fatos que já aconteceram.

A Terra passou por um longo período sem vida.


A palavra célula veio do latim (cellula).
O cientista Robert Hooke comparou as células com as celas.
As celas eram os pequenos quartos onde os monges dormiam.

Há dois passados simples na língua portuguesa: o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito. A


principal diferença entre essas duas formas de expressão do passado é a seguinte: o perfeito indica
um evento específico, pontual, e o imperfeito indica um evento habitual, que acontecia com fre-
quência.
Para entender bem essa diferença, basta analisar alguns exemplos:

1. Lucas viajou para o Canadá.


Pretérito perfeito

2. Lucas viajava para o Canadá.


Pretérito imperfeito

A frase 1 descreve uma viagem única, e a 2 descreve um evento habitual. Em 1, os limites tempo-
rais do evento (início e fim) são definidos; já em 2 esses limites ficam em aberto.
O passado também pode se estender para o momento presente. Nesse caso, utilizamos o verbo
ter (no presente) seguido de um verbo no particípio.

Tenho feito muitas perguntas ao professor.


Tem chovido muito em Salvador.
Este ano tem sido muito bom.
Sílvia e Heitor têm viajado pelo mundo de barco.

Há, também, situações em que o verbo ter é empregado no pretérito seguido de uma forma de
particípio. Nesse caso, temos a indicação de eventos anteriores a outro evento também passado. Veja:

O aluno falou que tinha estudado todo o assunto.

Perceba que a ação de estudar todo o assunto ocorreu antes de o aluno falar sobre isso. Essa for-
ma verbal é uma evolução do pretérito mais que perfeito (estudara, fizera, etc.), que, atualmente,
não é de uso comum no português brasileiro, mesmo em textos cultos escritos.

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Atividades

1. O texto que você vai ler agora explica detalhes interessantes sobre o ciclo de vida dos seres
vivos. Leia-o com atenção, procurando preencher as lacunas com verbos adequados. Impor-
tante: observe a pessoa gramatical que eles acompanham. Sugestão de resposta.

Ciclo de vida dos seres vivos


Os seres vivos, sem exceção, passam por mudanças ao longo de sua vida. Essas mudan-
ças são importantes para a perpetuação da espécie. Os indivíduos nascem , crescem,

reproduzem-se, envelhecem e morrem .


Chamamos essa sequência de fases de ciclo da vida. A duração desse ciclo pode variar
muito entre uma espécie e outra ou até mesmo entre indivíduos da mesma espécie. O principal
fator que determina a duração da vida, logicamente, são as condições do ambiente em
que vive o indivíduo, mas é possível estimar a duração média desse ciclo. Um
leão, por exemplo, vive em média 20 anos; um crocodilo, 80 anos; e um elefante pode
chegar aos 100 anos. Enquanto o ciclo de vida de um rato em geral não passa dos 4 anos;
um coelho vive aproximadamente 7 anos; e algumas bactérias completam seu ciclo em
30 minutos.

2. Que diferenças de sentido você identifica entre os seguintes pares de frases abaixo?

I. Você é arrogante. Você está sendo arrogante.


II. Você gosta de estudar? Você está gostando de estudar?
III. Manaus é muito quente. Manaus está muito quente.
IV. Eu já saí. Eu estou saindo.
V. Este carro tem muitos problemas. Este carro está com muitos problemas.

Na primeira frase de cada alternativa, a informação veiculada é permanente, constante, ou, no


caso do item IV, expressa uma ação já realizada. Já na segunda frase, a informação veiculada
tem valor progressivo ou passageiro.

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3. Em cada par de frases a seguir, uma soará estranha. Procure explicar por quê.

I. Ele tem morrido do coração. Muitas pessoas têm morrido do coração.


II. Os alunos têm feito avanços. Os funcionários têm sido demitidos hoje.
III. Ele tem respirado melhor. Ele tem nascido hoje.

Na primeira frase do item I e na segunda frase dos itens II e III, a construção do verbo ter acom-
panhado de particípio indica uma ação contínua, que perdura, o que constitui um problema
semântico.
4. Existem alguns verbos muito expressivos na língua portuguesa, como o verbo ter, que muitas
vezes substitui outros em muitos contextos. Nas frases seguintes, substitua o verbo ter por
outro cujo sentido seja mais específico. Faça as modificações necessárias.
a. O que tem nessa caixa?
O que há nessa caixa?

b. Eu tive um susto quando falei com você.


Eu senti um susto quando falei com você.

c. Ela tem um gato.


Ela cria um gato.

d. Na festa, ela tinha uma bela saia.


Na festa, ela vestia uma bela saia.

e. Eu não tinha como perguntar.


Eu não podia perguntar.

f. O passageiro não tinha o passaporte consigo.


O passageiro não portava o passaporte consigo.

g. Ele tem dois carros.


Ele possui dois carros.

5. Assim como o verbo ter, o verbo fazer também é muito expressivo. Nas frases a seguir, substi-
tua o verbo fazer por outro cujo sentido seja mais específico.

a. Meus amigos fizeram muito por mim.


Meus amigos me ajudaram muito.

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b. Fiz um quadro em duas horas.
Pintei um quadro em duas horas.

c. Fiz três casas em um terreno.


Construí três casas em um terreno.

d. Fazia bonecos de argila para vender.


Modelava bonecos de argila para vender.

e. Fizemos dois anos juntos.


Completamos dois anos juntos.

6. Complete as lacunas com uma das formas nominais dos verbos entre parênteses.
a. Beatriz vive dizendo que me admira bastante. (dizer)
b. Se você tivesse feito a pesquisa, não teríamos obtido nota baixa. (fazer)
c. Irei fazer o possível para comparecer à reunião. (fazer)
d. Está tudo comprovado , foram eles mesmos os culpados. (comprovar)
e. Está chegando o grande dia em que conheceremos a nova casa. (chegar)
f. Está tudo combinado , iremos mesmo ao cinema no domingo. (combinar)
g. Vamos ouvir todos os candidatos. (ouvir)
h. Ontem, nós acabamos definindo as metas do trabalho. (definir)

7. O tempo presente do modo indicativo pode ser empregado também para designar ações ver-
bais que ocorrem de maneira permanente, independentemente do momento da fala. Isso
pode ser verificado em:
a. Ele perdeu o emprego de novo. f. A Terra não é plana.
b. A água ferve a 100 °C. g. O Brasil fica na América.
c. Ela está dormindo. h. Aquele rio está contaminado.
d. Compramos um carro hoje. i. Os oceanos possuem grande biodi-
e. Estou solteiro. versidade.

8. O presente do indicativo comumente é usado para designar algo permanente, rotineiro, que
ultrapassa o momento presente. Avalie as sentenças abaixo e identifique aquela que não con-
firma esse posicionamento.
a. Corro 5 km por dia.
b. Sou filho de Maria.
c. O nosso corpo sua para regular a temperatura.
d. Sou professor.
e. Estou estudando português.

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9. Nos pares de frases a seguir, substitua o verbo destacado pela forma verbal equivalente. Ob-
serve a pessoa, o modo e o tempo.

Eu viajarei em março.
Nós viajaremos em março.

a. Iremos à praia no domingo.


Eu irei à praia no domingo.

b. Guilherme será um excelente procurador.


Eu serei um excelente procurador.

c. Quando tu chegaste, tudo melhorou.


Quando vocês chegaram , tudo melhorou.

d. Você estudou onde?


Vocês estudaram onde?

e. Ela prefere suco a refrigerante?


Tu preferes suco a refrigerante?

f. Estivemos separados por alguns anos.


João e Maria estiveram separados por alguns anos.

g. A população acredita neste candidato.


O povo acredita neste candidato.

h. O Rio Nilo foi fundamental para a civilização egípcia.


Os rios Tigre e Eufrates foram fundamentais para a civilização mesopotâmica.

i. Os fenícios se destacaram pela habilidade no comércio e nas navegações.


A civilização espartana se destacou , entre outras razões, pela rígida educação dos jovens.

j. Comi um bom peixe frito.


Eu e Paula comemos um bom peixe frito.

k. Não entendi muito bem o que você falou.


Júlio, Marcos e eu não entendemos o que vocês falaram .

l. Os professores disseram que todo aluno que alcançou a nota pode ficar em casa.
A professora disse que os alunos que alcançaram a nota mínima podem ficar
em casa.

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Desafio

Texto

1. O humor dessa tirinha acontece no últi- o que indica o emprego do futuro do


mo quadrinho, quando Serafim responde subjuntivo.
à pergunta feita pela Professora Norma de d. Permitem verificar que o processo
maneira inesperada. Qual era a resposta verbal teve certa duração no passa-
esperada por ela? do e se concluiu.
e. Possibilitam a identificação do modo
A professora esperava que a turma perce-
imperativo, caracterizado pela ex-
besse que a forma verbal empregada na pressão de uma ordem.
frase Eu sou bonita estava flexionada no
3. Leia:
presente.
Se eu disser “Eu sou bonita”, o que é
2. Analise a frase abaixo. isso?

Eu era bonita. Sobre a forma verbal destacada, é correto


afirmar que:
O que o modo e o tempo verbais nos co- a. Expressa uma ordem.
municam a respeito do processo verbal? b. Indica uma condição.
a. Possibilitam o entendimento de c. Caracteriza certeza sobre a realiza-
que a ação verbal se iniciou no pas- ção da ação verbal.
sado e se estende até o presente. d. Expressa o emprego do futuro com-
b. Indicam que a ação expressa pelo posto.
verbo está em progresso, o que ca- e. Indica a ocorrência definitiva de
racteriza o presente progressivo. uma ação que ocorrerá depois do
c. Sugerem que o processo verbal acon- momento da fala.
teceria mediante algumas condições,

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Questões de escrita

Casos mais específicos de acentuação

1. Faça a separação silábica das palavras a 3. Agora, separe as sílabas das palavras abaixo.
seguir.
a. rainha – ra-i-nha
a. egoísta – e-go-ís-ta
b. ruim – ru-im
b. ruído – ru-í-do
c. cair – ca-ir
c. saúde – sa-ú-de
d. Raul – Ra-ul
d. soar – so-ar
e. bainha – ba-i-nha
e. Paraíba – Pa-ra-í-ba
f. cauim – cau-im
f. joelho – jo-e-lho
g. baú – ba-ú
4. Como você pôde ver, apesar de as vogais
h. enjoo – en-jo-o
i e u serem tônicas e formarem um hiato,
i. país – pa-ís não receberam acento gráfico. Vamos for-
j. faísca – fa-ís-ca mular uma regra para esses casos?

k. doer – do-er As vogais i e u tônicas em situação de hia-

l. ruína – ru-í-na to, formando sílaba com as consoantes

m. reeleger – re-e-le-ger m, l ou r, ou seguidas de nh, não recebem

n. viúva – vi-ú-va acento gráfico.

o. moer – mo-er
p. maior – mai-or
APRENDA
2. Volte às palavras da questão anterior e res- MAIS
ponda: o que há de comum entre as palavras
acentuadas graficamente?
Muitas pessoas tendem a pronunciar
Em todas elas, as vogais i e u tônicas em as palavras fluido e gratuito acentuan-
situação de hiato (sozinhas na sílaba ou do um possível hiato (fluído e gratuíto),
mas, na escrita formal, é preciso perce-
seguidas de s) receberam acento gráfico.
ber que esse hiato não existe.

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5. Leia as frases a seguir. nou o emprego desse acento, e não o do
circunflexo?
I. Ele tem 1 ano. Nesses casos, os verbos estão flexionados
II. Eles têm 1 ano.
na 3ª pessoa do singular.
a. Em qual frase o pronome está flexiona-
do na 3ª pessoa do plural? 7. Do mesmo modo que o verbo ter, outro
verbo que recebe acento circunflexo na
Na frase II.
3ª pessoa do plural é o verbo vir e seus
derivados, como provir. Sabendo disso,
b. Ao passar o pronome para o plural, o
indique a alternativa em que o verbo está
que aconteceu com o verbo?
grafado incorretamente.
O verbo recebeu acento gráfico. a. Áreas da caatinga vêm sofrendo
com a desertificação.
6. O verbo ter e seus derivados (reter, con- b. Muitos turistas que visitam a caatin-
ter, manter, etc.) seguem a mesma regra ga vem da zona da mata.
de acentuação: na terceira pessoa do plu- c. Espécies nativas da caatinga vêm
ral, eles devem ser grafados com acento sendo ameaçadas de extinção.
circunflexo. Observe: d. O desgaste do solo da caatinga vem,
principalmente, do desmatamento.
e. A palavra caatinga vem do tupi, e
Para sobreviver no deserto, os dromedá- significa mata banca, mata espi-
rios retêm gordura na corcova, não água, nhenta.
como muitos pensam.
8. Outra regra importante de acentuação é a
dos ditongos abertos ei, eu e oi. De acor-
Agora, observe o emprego desses verbos do com essa regra, quando aparecem na
nas frases a seguir. sílaba tônica de palavras oxítonas ou em
monossílabos tônicos, esses ditongos de-
A caatinga mantém características seme- vem receber acento agudo. Sabendo dis-
lhantes às dos desertos. so, indique as palavras que devem receber
acento gráfico de acordo com essa regra.
A corcova do dromedário contém gordu- a. Papeis.
ra, armazenada nos períodos de fartura. b. Assembleia.
c. Apoia.
O dromedário retém até 100 litros de água d. Ceu.
em sua corrente sanguínea. e. Heroi.
f. Heroico.
Como você pôde observar, nesses exem- g. Hebreu.
plos os verbos destacados receberam h. Colmeia.
acento agudo. Analisando a estrutura das i. Entendeu.
frases, explique: que diferença determi- j. Remoi.

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CAPÍTULO
8
Estudo das orações

1. A oração e o período
No Capítulo 2, estudamos o conceito de frase. Para recordar esse conteúdo, leia a tirinha a seguir:

Nas mais diversas situações comunicativas, os enunciados que proferimos são ações verbais. Por
meio da fala ou da escrita, desempenhamos ações que se dão através das palavras. Analise a fala da
fisioterapeuta retirada do primeiro quadrinho.

Um exercício bem simples...

No contexto, percebemos que a fisioterapeuta desempenhou uma ação: ela incentivou Dona
Anésia a executar o exercício. Já no segundo quadrinho, a profissional ilustra para a paciente o mo-
vimento a ser desempenhado, o que esta recusa: Não consigo (no terceiro quadrinho). A fisiotera-
peuta procura incentivá-la mais uma vez: Mas a senhora nem tentou. Apesar da segunda tentativa,
no último quadrinho Dona Anésia recusa novamente, desta vez com uma afirmação inesperada, o
que desperta o humor da tira:

Tentei mentalmente e não consegui.

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Essas ações que se dão por meio da palavra são o que chamamos de ato de fala. E o menor
ato de fala é a frase.
Também no Capítulo 2, vimos que as frases podem ser classificadas em dois grandes grupos:

• Frases de situação (ou incompletas) – Frases muito dependentes do contexto para serem
entendidas.
• Frases formalmente completas (ou períodos) – Frases que, em tese, possuem todos os
elementos necessários à sua compreensão.

Na tira, percebemos que a fala da fisioterapeuta no primeiro quadrinho (Um exercício bem sim-
ples...) é uma frase de situação. Caso ela seja retirada do contexto, não fará sentido por si só. Como
possui apenas nomes em sua estrutura, temos ali uma frase nominal. Outro exemplo de frase nomi-
nal é a placa Pilates, mesmo constituída de apenas uma palavra.
Por outro lado, as demais frases presentes na tira são formalmente completas, isto é, possuem
certa independência em relação ao contexto. Veja:

Anésia começou a fazer pilates.


A senhora vai tocar os seus pés com as mãos, assim.
Não consigo.
Mas a senhora nem tentou.
Tentei mentalmente e não consegui.

Como você pôde ver, todas as frases acima são estruturadas em torno de verbos, isto é, são frases
verbais ou períodos. Os períodos se classificam de duas formas:

• Simples – Apresentam apenas um verbo (ou locução verbal).

A senhora vai tocar os seus pés com as mãos, assim. APRENDA


Não consigo. MAIS
Mas a senhora nem tentou.
Anésia é mal humorada.
Ela fez uma aula de pilates. No período A senhora
vai tocar os seus pés com
• Compostos – Apresentam mais de um verbo. as mãos, assim, os verbos
destacados funcionam
Anésia pensou estar em boa forma física. como uma locução ver-
Tentei mentalmente e não consegui. bal que corresponde ao
O pilates fortalece a musculatura e gera vários futuro composto (to-
benefícios. cará). Por esse motivo,
trata-se de um período
Por apresentarem mais de um verbo, formalmente os períodos simples.
compostos podem ser desmembrados em partes menores, cada
uma delas com um verbo. Observe:

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Anésia pensou / estar em boa forma física.
Tentei mentalmente / e não consegui.
O pilates fortalece a musculatura / e gera vários benefícios.

Chamamos cada uma dessas partes de oração. A divisão do período composto em orações leva
em consideração alguns critérios formais que não precisamos estudar agora. Por enquanto, é neces-
sário apenas que você perceba um detalhe importante: quando isolada, uma oração pode não ser
compreendida. Observe isso nos exemplos anteriores.
No período composto, as orações podem se organizar de duas maneiras: por subordinação ou por
coordenação.

• Subordinação – É a relação de dependência estrutural que se estabelece entre as orações ao


longo do período.

Anésia pensou estar em boa forma física.


Oração principal Oração subordinada

Observe que, no período acima, a forma verbal começou apresenta sentido incompleto (Anésia
pensou o quê?). A oração estar em boa forma física, portanto, completa o sentido da oração princi-
pal. Você estudará a relação de subordinação entre as orações nos próximos anos.

• Coordenação – É a relação de independência estrutural que se estabelece entre as orações ao


longo do período.

Tentei mentalmente e não consegui.


Oração coordenada Oração coordenada

O pilates fortalece a musculatura e gera vários benefícios.


Oração coordenada Oração coordenada

2. O período composto por coordenação


Como vimos, a oração é coordenada quando não apresenta dependência sintática de outra ora-
ção. Ela é suficiente por si só. Ao longo do período, as orações mantêm relações de sentido, mas
não dependem estruturalmente umas das outras. No período a seguir, por exemplo, as orações se
encadeiam, mantendo uma relação de sentido de ordenação temporal (1 e 2) e de quebra de expec-
tativa (3). Observe:

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Ela se inscreveu para a aula, efetuou o pagamento, depois desistiu.

Oração coordenada assindética 1

Oração coordenada assindética 2

Oração coordenada assindética 3

Entre as orações 1 e 2, percebemos que há uma sequência de fatos cronológicos, como se os fa-
tos se somassem. Assim, seria natural que a oração 3 fosse uma continuidade dessa sequência. Mas
a oração 3 expressa uma quebra dessa ordem.
Dizemos que o período é composto por coordenação quando apresenta apenas orações coor-
denadas. As orações coordenadas podem vir acompanhadas de outra(s), mas são independentes
estruturalmente umas das outras. No período acima, observe que as orações são separadas por
vírgulas, sem o auxílio de uma palavra que as conecte. Nesse caso, dizemos que cada oração é coor-
denada assindética.

Já no período abaixo, há uma oração coordenada introduzida por um conector. Veja:

Conjunção Oração coordenada sindética


Cheguei e abri a porta.
Oração coordenada assindética

Nesse exemplo, a segunda oração é introduzida por uma palavra cuja função é conectá-la à oração
anterior: a palavra e. Por esse motivo, a segunda oração é classificada como coordenada sindética.
Além de conectar as duas orações, a palavra e também deixa clara a relação de sentido que se es-
tabelece entre as orações no período, isto é, uma relação de adição. Já no período a seguir, a oração
coordenada sindética expressa uma relação de oposição de ideias. Observe:

Conjunção Oração coordenada sindética


Corri muito, mas não me cansei.
Oração coordenada assindética

Já no período abaixo, a oração coordenada sindética expressa uma conclusão sobre o que se de-
clara na oração anterior.

Conjunção
Entrarei de férias em novembro, portanto poderei viajar para o Pantanal.
Oração coordenada assindética Oração coordenada sindética

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Atividades

1. Leia o quadrinho a seguir.

a. Quantas frases há na fala do padre? Classifique-as, utilizando as categorias nominal ou


verbal.
Há duas frases verbais.

b. Utilize a sua resposta ao item anterior na primeira lacuna e reflita: o que devemos escrever
na segunda lacuna para que a frase abaixo fique de acordo com o que estudamos?

Nesse quadrinho, temos duas frases verbais , logo temos dois períodos .

2. Se quiséssemos unir todas as frases da fala do padre em uma só, a mais adequada seria:
a. Vá buscar um verbo, portanto preciso de um para fazer uma oração.
b. Vá buscar um verbo, no entanto preciso de um para fazer uma oração.
c. Vá buscar um verbo, pois preciso de um para fazer uma oração.
d. Preciso de um verbo para fazer uma oração, vá buscar um verbo.
e. Preciso de um verbo para fazer uma oração, mas vá buscar um.

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Texto 1

Serra da Capivara: aventuras e viagens à Pré-história do Brasil


Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, possui a maior concentração de sítios arqueológicos
das Américas

ANDRE DIB | Shutterstock


Durante milênios, as paredes dos sítios arqueo- de até 100 mil anos. A região abriga 173 sítios ar-
lógicos foram pintadas e gravadas por grupos hu- queológicos, e todos estão livres para visitação.
manos, com diferentes características culturais. A visita completa aos circuitos abertos pode
Patrimônio Mundial da Unesco, o Parque Nacio- ser feita em seis dias, incluindo-se o Sítio do Bo-
nal Serra da Capivara reserva aos seus visitantes queirão da Pedra Furada, onde foram feitas as
aventuras e viagens na Pré-história do Brasil. primeiras escavações e as datações que atestam
Localizado no sudeste do Piauí, o Parque Na- a presença do homem pré-histórico no continen-
cional Serra da Capivara tem serras, vales e pla- te americano. O sítio pode ser visitado também
nície, que abrigam fauna e flora específicas da à noite. Iluminada, a paisagem fica ainda mais
caatinga. Dentre as espécies encontradas, pode- grandiosa. Todos os circuitos estão repletos de
mos citar a onça-pintada, a onça-parda, o tatu- sítios arqueológicos estruturados com escadas,
-bola e o tamanduá-mirim. passarelas e acesso para pessoas com necessi-
Ao chegar ao parque, o visitante se depara dades especiais. A presença do condutor é obri-
com um enorme e imponente paredão de areni- gatória para todos os programas.
to, além de várias cavernas e lagos subterrâneos. O Baixão das Andorinhas é um grande desfi-
No Parque, encontra-se a maior concentração de ladeiro de onde se pode assistir, ao final da tar-
sítios arqueológicos atualmente conhecida nas de, ao espetáculo da volta das andorinhas para o
Américas, com mais de mil sítios arqueológicos fundo do Boqueirão. Na zona de amortecimento
pré-históricos cadastrados, muitos deles com pin- do Parque, está instalada a Cerâmica Serra da
turas rupestres. Nos abrigos, além das manifes- Capivara. As tradições dos povos ceramistas são
tações gráficas, encontram-se vários vestígios da produzidas pela comunidade local, com peças
presença do homem pré-histórico, com datações que reproduzem as pinturas rupestres encontra-

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das nos sítios arqueológicos.
Na cidade de São Raimundo Nonato, a visita ao museu do Homem Americano é obrigatória, pois
lá estão expostas peças cerâmicas, urnas funerárias e material lítico resultantes das escavações fei-
tas no parque. Criado em 1986 para auxiliar os trabalhos arqueológicos realizados no Parque, atua
como importante centro de pesquisas. O museu apresenta as origens e a evolução do homem, além
de fazer uma reconstituição dos 50 mil anos da presença humana na região.
Com o clima semiárido e a vegetação de caatinga, as formações geológicas se misturam às paisa-
gens de serra, vales. Esse conjunto cria umas das mais belas vistas do local.
Disponível em: http://www.brasil.gov.br/turismo/2014/08/serra-da-capivara-aventuras-e-viagens-a-pre-historia-do-brasil. Acessado em:
04/09/2019. Adaptado.

3. Sobre a estrutura das frases presentes no b. Há um período simples e um perío-


texto, é incorreto afirmar que: do composto.
a. O primeiro parágrafo do texto apre- c. É possível identificar três formas
senta dois períodos simples. verbais.
b. No segundo parágrafo do texto, en- d. Há três orações.
contramos um período composto. e. Tem exemplos de duas frases de si-
c. Em todo o texto, não encontramos tuação.
interjeições.
d. Por se tratar de um texto informa- 6. Releia este trecho, retirado do terceiro pa-
tivo, há um predomínio de frases rágrafo:
nominais.
e. No terceiro parágrafo, encontra- A região abriga 173 sítios arqueológicos, e
mos somente períodos simples. todos estão livres para visitação.

4. É exemplo de frase nominal: Sobre esse período, analise as afirmações


a. Serra da Capivara: aventuras e via- que seguem.
gens à Pré-história do Brasil. I. Identificamos apenas duas orações.
b. O Parque Nacional Serra da Capiva- II. Temos dois períodos simples.
ra, no Piauí, possui a maior concen- III. Identificamos um período composto
tração de sítios arqueológicos das por coordenação.
Américas. IV. Temos duas frases declarativas.
c. A região abriga 173 sítios arqueoló- V. Temos duas orações coordenadas em
gicos abertos à visitação. uma frase nominal.
d. O sítio pode ser visitado também à
noite. Está correto o que se afirma apenas em:
e. Iluminada, a paisagem fica ainda a. I e II.
mais grandiosa. b. I e III.
c. II e V.
5. Sobre o último parágrafo do texto, pode- d. III e IV.
mos afirmar que: e. IV e V.
a. Tem dois períodos simples.

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Desafio

Texto 1

Disponível em: malvados.com.br/index1560.html. Acesso em: 31/01/2020.

1. As afirmações a seguir foram feitas com atua como conector, expressando uma
base na tirinha acima. Analise-as. relação de sentido de conclusão.
I. O principal objetivo comunicativo da V. No último quadrinho, a fala do avô é
tira é fazer humor a partir de fatos ba- um período simples.
nais divulgados na Internet.
II. A intenção do autor é questionar a É correto o que se afirma em:
imoralidade de publicações feitas na a. I e II, apenas.
Internet com objetivo humorístico. b. I e IV, apenas.
III. A tira condena o uso da Internet pela c. II e V, apenas.
população com fins de divertimento, d. III e IV, apenas.
não de pesquisa. e. III e V, apenas.
Está correto o que se afirma apenas em:
3. Ainda sobre a tirinha, assinale a afirmativa
a. I. b. II.
incorreta.
c. III. d. I e II.
a. As falas dos personagens são todas
e. I e III.
frases verbais.
b. No primeiro e no terceiro quadri-
2. Sobre a construção textual das falas dos per-
nhos, o termo Hahaha funciona
sonagens, analise as afirmações que seguem.
como frase incompleta.
I. A fala presente no primeiro quadrinho
c. No segundo quadrinho, a vírgula po-
é um período simples.
deria ser substituída pela palavra e,
II. No segundo quadrinho, temos um
sem alteração do sentido original.
exemplo de período composto.
d. No terceiro quadrinho, há um pe-
III. A oração os jovens perderam os valo-
ríodo composto por subordinação.
res morais é coordenada assindética.
e. No último quadrinho, temos duas
IV. A palavra e, no primeiro quadrinho,
frases verbais.
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Questões de escrita

Ortografia
APRENDA
No Capítulo 1, vimos que existem inúmeras variedades linguís-
MAIS
ticas, devido ao caráter dinâmico das línguas. Entre elas, falamos
sobre a variante-padrão, ou norma culta, que, além de ser a mais
prestigiada dentro da sociedade, é a que padroniza certas regras De maneira resumida, or-
de expressão para contextos formais. Para proceder a essa padro- tografia significa escrita
nização, a norma culta estabelece um sistema oficial convencional correta, o ramo de estudo
que representa (em parte) a língua na escrita. Esse sistema é ofi- da língua que, obedecen-
cial porque é aprovado por atos oficiais do governo e é convencio- do a uma série de regras,
nal porque, como vimos no Capítulo 1, não há exata identificação padroniza a escrita das pa-
entre os fonemas e as letras que usamos para representá-los. O lavras. É ela que estabelece,
fato de seguirmos o padrão formal de escrita não implica uma por exemplo, a forma casa
pronúncia única para as palavras. Assim, dizemos que a ortografia (com s) como certa, e não
é a parte da gramática que estuda a padronização da escrita (uso caza, em todos os países lu-
de letras e sinais gráficos) da norma culta. De posse dessas infor- sófonos — nações que têm
mações, discuta com os seus colegas e o professor: a ortografia é o português como língua
realmente necessária? Registre suas conclusões em seu caderno. oficial. Entre as regras que
Resposta pessoal. estabelecem a forma corre-
ta de escrever as palavras, a
1. Como dissemos, a ortografia é convencional. Às vezes, o fo- principal delas é o respeito
nema representado por uma letra é basicamente o mesmo à sua origem. Assim, a pala-
representado por outra letra, como s e z em quisesse e fi- vra casa é escrita dessa ma-
zesse. Em vários casos, a dúvida sobre como escrever certas neira devido à sua origem
palavras se resolve com uma regra básica: latina, càsa (cabana, case-
bre), tendo aparecido pela
Devemos respeitar sempre a origem das palavras. primeira vez em um texto
escrito em 1221.
Sabendo disso, responda: o certo é escrever larangeira ou
laranjeira?
De acordo com a regra vista, como essa palavra se originou de laranja (que é escrita com j),
deve também ser escrita com j: laranjeira.
2. Empregada no início ou no final das palavras, a letra h não tem valor fonético. Ela é escrita
apenas por uma questão etimológica. A palavra hoje, por exemplo, se escreve com h por causa
de sua origem latina, hodie. Pesquise e escreva a seguir palavras escritas com h.
Sugestão de resposta: hábil, haltere, harém, harmonia, harpa, haste, haver, herbáceo, hérnia,
herói, heterogêneo, hiato, hífen, hino, histérico, honra, hortênsia.
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