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DE IPATINGA
1
Jeander Cristian da Silva
1ª edição
Ipatinga – MG
2021
2
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização
escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
3
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Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles
são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um
com uma função específica, mostradas a seguir:
4
SUMÁRIO
01
1.1 DEFININDO A SINTAXE.................................................................................................7
1.2 GRAMATICALIDADE, AGRAMATICALIDADE E NORMA PADRÃO........................11
1.3 BREVE HISTÓRIA DA SINTAXE....................................................................................14
1.4 GRAMÁTICA INTERNALIZADA, GRAMÁTICA DESCRITIVA E GRAMÁTICA
TRADICIONAL ............................................................................................................. 17
FIXANDO O CONTEÚDO ..................................................................................... 25
02
2.1 AS DEZ CLASSES DE PALAVRAS............................................................................ 29
2.2 AS FUNÇÕES SINTÁTICAS ..................................................................................... 32
FIXANDO O CONTEÚDO ..................................................................................... 41
UNIDADE OS SINTAGMAS...................................................................................40
03
3.1 COMO IDENTIFICAR OS SINTAGMAS? ................................................................ 43
3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SINTAGMAS ..................................................................... 47
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 54
04
4.1 O SUJEITO.............................................................................................................. 55
4.2 TIPOS DE SUJEITO .................................................................................................. 57
4.3 O PREDICADO....................................................................................................... 60
4.4 TIPOS DE PREDICADO ........................................................................................... 64
FIXANDO O CONTEÚDO ..................................................................................... 25
05
5.1 COMPLEMENTOS VERBAIS: OBJETO DIRETO E OBJETO INDIRETO ...................... 70
5.2 COMPLEMENTO NOMINAL................................................................................... 73
5.3 AGENTE DA PASSIVA............................................................................................ 74
FIXANDO O CONTEÚDO ..................................................................................... 80
06
6.1 ADJUNTOS............................................................................................................. 80
6.2 APOSTO ................................................................................................................. 83
FIXANDO O CONTEÚDO ..................................................................................... 89
REFERÊNCIAS.......................................................................................90
5
CONFIRA NO LIVRO
6
A SINTAXE NA HISTÓRIA DOS UNIDADE
01
ESTUDOS LINGUÍSTICOS
7
João assistiu o paciente (= João ajudou / prestou assistência ao
paciente).
8
9
Do ponto de vista científico, a sintaxe é uma área da Linguística que além de
investigar como as palavras se combinam para formar frases, entende que esse
processo não se dá de modo aleatório e, sim, mediante a competência linguística
do falante.
A competência linguística do falante é, pois, o objeto de estudo da sintaxe e
diz respeito ao conhecimento inato que todo falante tem sobre a sua língua materna.
Esse conhecimento inato está radicado na biologia do cérebro/mente do falante
(KENEDY, 2008, p. 129) e permite que ele construa um número infinito de frases com
um número limitado de palavras e regras gramaticais (MIOTO et al., 2018, p. 15-16).
Exemplificamos isso da seguinte forma: tomando o conjunto de palavras Carla
- casa - a - uma - comprar, sabemos que é completamente possível construir uma
frase como (4a) e que podemos gerar outras combinações com essas palavras e
formar as frases (4b) e (4c). No entanto, algumas combinações, como (4d) e (4e),
não são possíveis, porque fogem das regras gramaticais da nossa língua.
10
e. Casa uma Carla a comprou.
Dizer que a língua (ou gramática) é um conhecimento inato significa dizer que
todo falante nasce com uma predisposição para a linguagem. Alguns teóricos da
linguagem, inclusive, defendem que ela é geneticamente determinada e que seu
gene seria conhecido como FOXP2 (KENEDY, 2008). Independente disso ser
verdadeiro ou não, o mais importante é entender que todo falante de uma língua
natural nasce com um conhecimento inconsciente do conjunto de regras que rege
a distribuição das palavras nas frases da sua língua materna (MIOTO et al., 2018). É
esse conhecimento que estamos chamando de gramática internalizada ou
competência linguística.
Segundo Kenedy e Othero (2018), a unidade mínima da sintaxe é a
palavra e sua unidade máxima é a frase. Acima da frase, estão outros
fenômenos, tais como o texto e o discurso, que costumam ser objeto de estudo
de áreas como a Pragmática e a Análise do Discurso.
11
frases. Essa análise consiste em verificar o nível de aceitabilidade de determinadas
sequências de palavras em uma língua.
Observe os exemplos a seguir, retirados de Mioto et al. (2018, p. 36):
12
Mioto et al. (2018, p. 38-40) cita vários outros fenômenos que o sintaticista procurar
explicar, tais como: a inversão da posição do pronome interrogativo em perguntas
como Que livro o João leu? e O João leu que livro? e o fato de ser possível inserir um
objeto entre dois verbos na frase João viu Maria nadar, mas essa mesma regra não
ser aplicável ao verbo querer em *João quer Maria nadar.
É necessário ficar claro que o conceito de gramaticalidade não está
relacionado ao fato de uma frase estar adequada ou não à Norma Padrão. Portanto,
tomando os exemplos em (7), a seguir, observe que uma sequência como (a) é
agramatical, porque não forma uma frase na língua portuguesa. As sequências de
(b) a (e) são gramaticais, mas se diferem quanto ao nível de adequação à Norma
Padrão. Enquanto (b) é mais aceita, porque marca a desinência de plural [-s] em
todos os elementos do sujeito[Os alunosinteligentes], a frase (c) não apresenta essa
marca de plural no adjetivo inteligente e a frase (d) não apresenta essa mesma
marca nem no substantivo nem no adjetivo.
Embora as frases (c), (d) e (e) não estejam adequadas à Norma Padrão, elas
não deixam de ser frases compreensíveis no português brasileiro e isso, por si só, já
explica o fato de serem gramaticais. O que acontece, na maioria das vezes, é
queessas frases estão marcadas por uma avaliação social negativa que associa seus
13
usos a pessoas de baixo nível de escolaridade e/ou nível socioeconômico; fato que
nem sempre corresponde aos resultados apurados nas pesquisas sociolinguísticas
sobre o fenômeno da ausência / presença de concordância nominal no português
brasileiro.
14
Kypokeîmon, significando, literalmente, “algo que está por baixo”. Os romanos
traduziram esse termo por subjectum, com o mesmo significado. Na disciplina
gramatical, sujeito é um termo técnico utilizado para definir o elemento da
frase sobre o qual recai a predicação, mas tanto este quanto o termo objeto
tem sua origem das reflexões filosóficas e metafísicas:
Enquanto o sujeito, por ser o que “está por baixo”, representa a essência
profunda, a substância, e, por conseguinte, é um conceito, digamos, abstrato,
o objeto é aquilo que está diante de nós, que se oferece aos nossos sentidos,
que se apresenta, que se expõe. Talvez possamos dizer que o conceito de
sujeito é metafísico (que está além do mundo físico, sensível), enquanto o
objeto é um conceito físico, uma entidade que pode ser apreendida pelos
sentidos (BAGNO, 2012, p. 412).
Nome (ónoma) – uma parte da frase casual, que designa um corpo ou uma
ação;
Verbo (rhema) – uma palavra desprovida de casos, que admite tempo,
pessoa e voz (ativa ou passiva);
Particípio – palavra que tem a particularidade de funcionar tanto como verbo
quanto como nome;
Artigo – parte da frase casual, anteposta ou posposta à flexão do nome;
Pronome – palavra empregada no lugar do nome para indicar pessoas
definidas;
Preposição – palavra que pode aparecer em qualquer parte da frase, de
maneira a realizar uma composição ou uma construção;
Advérbio – parte não flexiva da frase que se refere ou aplica ao verbo;
Conjunção – palavra que liga e ordena o pensamento, revelando sua
15
“abertura”.
Foi Apolônio Díscolo (Séc. II d. C), o primeiro pensador grego a elaborar uma
teoria sobre a sintaxe, tendo como base a língua grega, em um tratado que ocupa
quase 500 páginas na obra Grammatatici Graeci (ASSIS; MOLINA, 2020).
Segundo Bagno (2012),Apolônio entendia a frase como sendo uma autotelēs
logos, ou seja, uma unidade da língua dotada de significado e gramaticalmente
construída. A partir desse conceito, surge o dogma da frase autossuficiente, o que
acabou limitando a análise sintática a frases isoladas. Entretanto, arrancar a frase de
um texto, para tentar analisá-la isoladamente, é o mesmo que arrancar um tijolo de
um edifício completo e analisá-lo somente em relação aos seus aspectos materiais
(como peso, altura, largura, comprimento, composição química etc.), sem levar em
conta “o papel que ele desempenha nesse edifício, em que posição ele se encontra
com relação aos demais tijolos, quanto peso ele suporta” (BAGNO, 2012, p. 424).
Em Roma, o conceito de autotelēs logos será retomado por Prisciano em sua
obra Institutiones Grammaticae, por meio da noção de oração perfeita, entendida
como sendo um discurso com sentido pleno e que se basta a si mesmo. A oração
imperfeita, por sua vez, seria um rótulo dado às palavras que tem necessidade de ser
completadas para ter um sentido pleno (KRISTEVA, 1969).
Cabe mencionar que, na atualidade, as gramáticas tradicionais, o ensino de
português e algumas análises científicas da linguagem ainda se fazem nessa
perspectiva. Assim sendo, a análise sintática acaba desconsiderando que a frase faz
parte de um arcabouço maior chamado texto. Ignorando esse fato, a análise
sintática tradicional ignora que existem textos falados e escritos e que todo texto
apresenta um “sujeito que fala/escreve e o(s) interlocutor(es) real(is) virtual(is) com
quem ele interage socialmente” (BAGNO, 2012, p. 423).
Antes de Prisciano, a sintaxe parece só ter sido mencionada por Varrão (Séc. I
a. C.), em sua obra De língua latina, como sendo a parte da gramática que se ocupa
das relações das palavras na frase (KRISTEVA, 1969).
Por muito tempo, a análise linguística fica restrita à forma, se concentrando
mais especificamente nos estudos da Morfologia. A Sintaxe só ganha autonomia nos
16
estudos linguísticos nos meados do século XX, com ascensão, no meio científico, da
teoria gerativa de Noam Chomsky (Filadélfia, EUA, 1928).
A ideia a respeito da natureza mental da linguagem ganhou reconhecimento
com a Teoria Gerativa, nos anos 1950, quando Noam Chomsky (Filadélfia, EUA, 1928),
publicou o seu primeiro livro, Estruturas Sintáticas (1957). Segundo Kenedy (2019, p. 17),
Chomsky defendia que:
17
Padrão. Na Linguística, assumimos, de maneira geral, que existem três tipos de
gramática: a gramática tradicional (ou gramática normativa), a gramática
internalizada e a gramática descritiva. Definiremos cada uma delas com base em
Mioto et. al (2018).
18
nome de quem mentiu e mascarar a verdade com o subterfúgio da metonímia
ou de um sujeito indeterminado. (O mesmo se pode dizer para declarações
como “O dólar recuou”, “O mercado resistiu” e outras equivalentes). A escola
perde muito tempo com questões de mera nomenclatura e de classificação,
enquanto o estudo das regras dos usos da língua em textos fica sem vez,
fica sem tempo (ANTUNES, 2003, p. 88, grifos da autora).
Dessa forma, o ensino de sintaxe na sala de aula parece ter muito mais como
objetivo que o aluno saiba, por exemplo, o nome dos termos da oração (tais como
sujeito, predicado, objeto direto, objeto indireto) do que construir uma frase, e que
ele saiba dizer o nome completo de uma oração subordinada (ex.: Oração
Subordinada Substantiva Reduzida de Infinitivo, Oração Subordinada Adverbial
Causal) do que articular orações e dar coesão e um sentido a um texto.
Como explicado acima, todo falante nasce com uma predisposição para a
linguagem, permitindo que ele produza e compreenda sequências na língua que
são gramaticais. Essa predisposição é o que chamamos de gramática internalizada.
A partir de Mioto et. al (2018), podemos entender a GI como o conjunto de regras
que rege a distribuição das formas da língua e que o falante tem internalizado em
sua mente / cérebro.
Ao contrário da gramática tradicional, a GI não é um livro ou um documento
disponível para a consulta. Ela é, sim, o próprio conhecimento linguístico do falante
19
e, por isso, ela é o objeto de estudo da Sintaxe, principalmente a partir do escopo
teórico do Gerativismo, que compreende a língua como um fenômeno da mente.
A gramática descritiva, por sua vez, busca apenas descrever os fenômenos
da língua, sem estabelecer julgamentos de certo e errado. Retomando os exemplos
dados em (7), sobre o fenômeno da variação de concordância nominal de número
no português brasileiro, cabe à gramática descritiva informar que as frases de (b) a
(e) existem na língua (ou seja, são gramaticais) e procurar explicar porque a
desinência de plural [-s] não aparece marcada em todos os elementos do sujeito
em Os alunos inteligente e Os aluno inteligente, mas sempre aparece marcada no
determinante o, sendo também agramatical uma sequência como o alunos
inteligentes fizeram bem a prova.
É necessário ficar claro que todas as variedades do português brasileiro
possuem gramática (=‘conjunto de regras’), bem como todos os falantes da língua,
inclusive os menos escolarizados ou os que pertencem a uma classe
socioeconômica mais baixa, porque, tirando pessoas com distúrbios neurológicos
graves (MIOTO et. al, 2018), todos os falantes de uma língua natural, como o
português brasileiro, estão sempre produzindo sequências de unidades da língua
que são gramaticais.
Podemos dizer que a gramática descritiva descreve a gramática
internalizada do(s) falante(s) de uma língua natural. É possível encontrar algumas
gramáticas descritivas no mercado como a Nova Gramática do Português Brasileiro,
do Prof.º Ataliba Teixeira de Castilho, a Gramática de usos do português, da Prof.ª
Maria Helena de Moura Neves, a Gramática Descritiva do Português, do Prof.º Mário
Alberto Perini e a Gramática do Português Culto Falado no Brasil, uma coleção em
7 volumes que reúne vários pesquisadores da Linguística no Brasil. Incluímos também
nessa lista as pesquisas linguísticas (monografias, teses de doutorado e dissertações
de mestrado) uma vez que elas também visam à descrição dos fenômenos da
língua.
20
FIXANDO O CONTEÚDO
21
c) falantes incultos não nascem com uma predisposição para a linguagem.
d) falantes incultos são os únicos capazes de produzir sequências agramaticais.
e) somente os escritores literários é que possuem uma gramática internalizada.
22
6. Sobre o conceito de gramaticalidade, é correto afirmar que:
8. (ENADE, 2017) A noção de nível para Émile Benveniste revela-se fundamental para
os procedimentos de análise linguística, pois, segundo o autor, só o nível pode dar
conta "da natureza articulada da linguagem".
23
I. A ambiguidade presente na estrutura sintática do enunciado deve-se ao fato de
ser possível interpretar o enunciado de duas formas: 1. o acidente ocorreu na
calçada e os alunos assistiram a ele de outro local; e 2. os alunos estavam na
calçada e assistiram ao acidente que ocorria em outro lugar.
II. Tratando-se da linguagem coloquial, ao se suprimir a preposição que rege o
complemento do verbo "assistir" (originalmente, com a acepção de 'presenciar',
'ver') muda-se o nível sintático do enunciado, mas não se altera a semântica
projetada pela língua.
III. Assim como em "João pediu a José para sair", ocorre, no enunciado em questão,
ambuidade no nível lexical, já que a significação emerge das possibilidades
interpretativas que os elementos léxicos implicam.
IV. Conforme a tradição gramatical, a regência do verbo "assistir" (acepção de
presenciar, ver) é a mesma do verbo "aspirar" (acepção de desejar); ambos
admitem, também, o emprego transitivo direto, havendo alteração no nível
sintático em função da semântica projetada pela língua.
a) I e III.
b) II e III.
c) II e IV.
d) I, II e IV.
e) I, III e IV.
24
CLASSE E FUNÇÃO GRAMATICAL UNIDADE
02
Toda a terminologia utilizada pela Gramática Tradicional é regida pela
Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), aprovada em 28 de janeiro de 1959 pelo
então Ministro do Estado da Educação e Cultura Clóvis Salgado da Gama (1906 -
1978).
25
À sintaxe coube, por sua vez, o estudo da concordância (nominal e verbal),
da regência (nominal e verbal) e da colocação (que consiste, mais especificamente,
na análise da disposição dos pronomes oblíquos átonos nas posições de próclise,
mesóclise e ênclise).
Através da NGB, a análise sintática é uma subparte da sintaxe que se subdivide
em análise sintática da oração e do período. No estudo da oração, encontram-se os
termos essenciais, os termos integrantes e os termos acessórios da oração (que serão
o foco deste nosso curso). No estudo do período, encontra-se a análise do período
simples (formado apenas por uma oração, denominada oração absoluta) e do
período composto (formado por orações que coordenadas ou subordinadas).
26
(8) a. [Provavelmente o João] doou os jornais para a biblioteca (e não a
Maria).
b. O João [provavelmente doou] os jornais para a biblioteca (e não os
vendeu).
c. O João doou [provavelmenteos jornais] para a biblioteca (e não as revistas).
O uso dos colchetes em (8) é para deixar claro a qual elemento da frase o
advérbio tem escopo: a o João em (a), a doou em (9b) e a os jornais em (9c). Cabe
esclarecer que essa análise do escopo do advérbio provavelmente depende
também da entonação que se dá as frases.
A partir desses exemplos, Mioto et. al concluem que, ao contrário do que
geralmente se pensa, a Gramática Tradicional “não se constitui em um corpo coeso
de conhecimentos; e ampliando a crítica: o conjunto de observações que a GT faz
não dá conta da riqueza da língua, nem mesmo do registro que ela se propõe a
descrever” (MIOTO et. al, 2018, p. 14).
Complementando a crítica desse autor, dois fatores justificam o fato de a NGB
não abarcar todas as dimensões da língua: ela não inclui a semântica e não
apresenta, explicitamente, nenhuma teoria sobre o texto. Cabe lembrar que a BNCC
(Base Nacional Comum Curricular) considera o texto como o centro das práticas de
ensino-aprendizagem de português, por ser ele o “centro das práticas de linguagem”
(BNCC, 2006, p. 63).
27
do ensino de português.
O professor pode, a partir desse trecho, pedir ao aluno para analisar a função
do pronome elas, que, nesse contexto, retoma o termo áreas com declive,
pertencente ao período anterior. Dessa forma, ele estará trabalhando com a
28
competência EF06LP22, da BNCC, que visa “reconhecer/utilizar recursos de coesão
referencial: nomes e pronomes” (BRASIL, p. 346). Tal competência é proposta para os
alunos do 7º ano do ensino fundamental.
Na próxima seção, faremos uma breve revisão sobre as dez classes de palavras
apresentadas pela Nomenclatura Gramatical Brasileira.
Substantivo Verbo
Artigo Advérbio
Adjetivo Preposição
Numeral Conjunção
Pronome Interjeição
29
As palavras variáveis são aquelas que recebem, na frase, algum tipo de flexão
em gênero e número (no caso dos artigos, numerais, pronomes, substantivos e
adjetivos) e pessoa, número, tempo e modo (no caso dos verbos). As palavras
invariáveis não aceitam nenhum tipo de flexão.
No quadro 1, a seguir, apresentamos uma lista simplificada das definições das
classes de palavras, tomando como base a Novíssima Gramática da Língua
Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla:
criança, menino,
1. Substantivo São palavras que designam os seres. homem, livro, flor,
praia, alegria etc.
São palavras que substituem os substantivos ou eu, tu, ele, nós, vós,
os determinam, indicando a pessoa do discurso eles
5. Pronome
(ser que participa ou é objeto do ato da meu, seu, nosso etc.
comunicação). este, isto, aquilo etc.
É uma palavra que exprime ação, estado, fato pensar, ganhar, sair,
6. Verbo
ou fenômeno. ficar etc.
30
e, nem, mas
É uma palavra invariável que liga orações ou também, mas,
9. Conjunção
palavras da mesma oração. porém, todavia,
contudo etc.
Caramba!, Puxa
É uma palavra ou locução que exprime um vida!, ai!, ui!, ah!, oh!,
10. Interjeição
estado emotivo: ai de mim!, meu
Deus! etc.
Fonte:Adaptado de Cegalla (2000).
Figueiredo Silva e Medeiros (2020) lembram que nem sempre essas foram as classes
postuladas pela gramática tradicional. Como vimos no capítulo anterior, os particípios verbais
já constituíram uma classe distinta dos verbos.
Os autores tecem algumas críticas com relação a essa divisão,proposta pela NGB, das
classes de palavras.Além do caso do advérbio provavelmente, já discutido anteriormente, eles
apontam que a definição do substantivo como “palavras que designam os seres” não explica
o fato de classificarmos palavras como viagem, ideal, beleza e nostalgia dentro dessa classe.
O mesmo pode ser dito a respeito das palavras livro, praia e alegria dadas como exemplo pelo
próprio Cegalla. Afinal de contas, o que devemos entender como ser? Além disso, a definição
do verbo como “palavra que exprime ação” não explica o fato de classificarmos viagem como
substantivo, já que esta palavra designa uma ação no mundo.
31
estabelecida pelo contexto em que a palavra aparece na frase. Tomando como
exemplo a palavra militar em (8), observamos que em (a) ela é classificada como
substantivo; não só por designar um ser no mundo, mas sim, por estar ao lado de um
determinante, nesse caso o artigo o; já em (b), ela é classificada como adjetivo por
estar modificando o substantivo carreira.
32
Sujeito,
Predicado,
Predicativo,
Complemento nominal,
Complemento verbal,
Agente da passiva,
Adjunto adnominal,
Adjunto adverbial,
Aposto,
Vocativo.
33
Destacamos que essa lista resume a proposta da NGB e não menciona outras
subclassificações, como os tipos de sujeito, os tipos de predicado, noções que
estudaremos nas próximas unidades deste livro.
A NGB também classifica as funções sintática em grupos mais gerais
denominados termos essenciais da oração, que incluem o sujeito, o predicado e o
predicativo;termos integrantes da oração, que incluem o complemento nominal, o
complemento verbal e o agente da passiva e termos acessórios da oração, que
incluem o adjunto adnominal, o adjunto adverbial e o aposto. Apenas o vocativo
não se inclui em nenhum desses grupos mais gerais.
No quadro 2, a seguir, apresentamos uma lista simplificada das definições das
dez funções sintáticas elencadas anteriormente, tomando como base a Novíssima
Gramática da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla:
Função: Definição:
34
É o termo que caracteriza ou determina os substantivos. Ex.:
“Meu irmão veste roupas vistosas.”, na qual meu determina
7. Adjunto adnominal
o substantivo irmão e vistosas determina o substantivo
roupas.
35
muita clareza, o que significa dizer que um termo é essencial ou integrante da
oração, uma vez que, da mesma forma que existem orações sem sujeito, existem
orações sem complemento, caso dos verbos intransitivos (ex.:A Maria chegou), e
existem orações em que o complemento é opcional, caso do agente da passiva (ex.:
A cidade estava cercada (pelo exército romano)).
Outra crítica a ser feita à parte de sintaxe da Gramática Tradicional é com
relação à diferença entre termos integrantes e termos acessórios. A maioria das
gramáticas define este último como um termo que não é fundamental, por
acrescentar informações secundárias a um nome ou a um verbo da frase
(ROSSIGNOLI, 2015). Considerando, isoladamente, a frase João foi ao parque, não
acreditamos que seja possível afirmar que ao parque seja um termo acessório, pois
ele acrescenta uma informação que é crucial para o entendimento do interlocutor.
36
FIXANDO O CONTEÚDO
37
c) Cristo, tende piedade de nós!
d) D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sábio.
e) Os índios viviam aqui.
a) Córrego.
b) Nós.
c) Sábia.
d) Têm.
e) Vêm.
a) objeto direto.
b) objeto indireto.
c) predicativo.
d) adjunto adnominal.
e) adjunto adverbial.
38
8. Sobre as classes de palavras, é correto afirmar que:
a) a partir de Mioto et al. (2018), podemos dizer que o advérbio é a palavra que
modifica o verbo ou adjetivo.
b) as definições da Gramática Tradicional, incluindo das classes de palavras,
constituem um corpo coeso de conhecimentos.
c) as palavras invariáveis são aquelas que recebem, na frase, algum tipo de flexão.
d) em alguns casos, o contexto sintático determina se uma palavra é substantivo ou
adjetivo.
e) os substantivos se flexionam em gênero e número e os verbos em pessoa, número,
tempo e modo.
39
UNIDADE
03
OS SINTAGMAS
40
justamente por ignorar que as frases da língua sejam estruturadas por sintagmas
(KENEDY; OTHERO, 2018).
Segundo Kenedy e Othero (2018), uma única palavra pode ser sintagma
quando esta for capaz de desempenhar, na frase, uma função sintática.
Observe, na frase (12) a seguir, que a palavra João assume a função sintática
de sujeito e, por isso, ela é um sintagma:
Por outro lado, repare que os agrupamentos um livro e para a Maria também
são sintagmas por assumirem, respectivamente, as funções de objeto direto e de
objeto indireto do verbo comprar.
Em outros casos, uma frase inteira pode ser um sintagma, como mostra o
exemplo (13), a seguir:
41
complemento do verbo saber. Assim sendo, temos uma oração (subordinada) que é
complemento de outra oração (principal). Essa oração subordinada também é um
sintagma.
42
3.1 COMO IDENTIFICAR OS SINTAGMAS?
De modo geral, existem seis testes utilizados para a identificação dos sintagmas
de uma frase. Listamos esses testes a seguir:
Teste da pronominalização,
Teste da interrogação,
Teste do deslocamento (ou topicalização),
Teste da clivagem,
Teste da elipse,
Teste da apassivação,
43
encontramos frases agramaticais, concluímos, por meio deste teste, que essas
palavras não são sintagmas.
Agora, utilizando o mesmo exemplo, observe a seguir que a substituição das
sequências formadas por [artigo + substantivo], ou seja, (O João, um livro e a Maria),
gera frases gramaticais, e, por isso, podemos dizer que elas sim são sintagmas:
É necessário destacar que até a posição vazia pode ser substituída por um
pronome pessoal, indicando que ali há um sintagma nominal:
44
b. [para a Maria], João comprou um livro.
c. João, [para a Maria], comprou um livro.
d. João comprou [para a Maria], um livro.
e. *[comprou um] João livro para a Maria.
f. João livro para a Maria [comprou um].
45
delas) numa estrutura coordenada, fazendo com que essa palavra ou sequência
não seja foneticamente produzida e tenha de ser inferida. Observe o exemplo (15),
a seguir:
Esse teste mostra que tanto as sequências [um poema] quanto [o João] são
sintagmas, pois ambas podem ser deslocadas para posições diferentes ao longo da
frase.
Em linhas gerais, os testes que se demonstram mais eficazes para identificação
de sintagmas são o do deslocamento e o da clivagem.
46
3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SINTAGMAS
Esse sintagma maior é atraído pelo verbo conhecer, assim como o sintagma
[o João]. A partir dessa combinação de palavras e sintagmas chegamos à frase.
47
por um substantivo); o SV, sintagma verbal (nucleado por um verbo); o SP, sintagma
preposicional (nucleado por uma preposição) e o SA, sintagma adjetival (nucleado
por um adjetivo).
A figura a seguir, criada com base nesses autores, permite ver que a natureza
morfológica do núcleo projeta, para cima, a natureza do sintagma:
SN SV SP SA
N V P A
48
Sintagma preposicional: é nucleado por uma preposição e, de modo geral
ocupa as funções sintáticas de objeto indireto (19), complemento nominal (20),
adjunto adnominal (21) e adjunto adverbial (22).
49
Como dissemos anteriormente, o núcleo pode ser o único elemento de um
sintagma, entretanto ele também pode estabelecer relações sintáticas com outros
elementos, denominados complementos e especificadores. O sintagma [a
construção da casa], por exemplo, tem como núcleo o substantivo construção e,
por isso, é classificado como SN. Esse núcleo contém um complemento, que é o SP
[da casa], e um especificador, que é o artigo definido a.
Na estrutura interna do SP [da casa], por sua vez, temos como núcleo a
preposição de e vemos que este é formado por um complemento que é o SN [a
casa]. O SN [a casa], por sua vez, é formado pelo núcleo casa e apenas por um
especificador que também é o artigo definido a.
50
FIXANDO O CONTEÚDO
2. Uma crítica que pode ser feita à GT com relação à definição de pronomes é que:
51
4. Qual é a classificação do sintagma destacado em "desenvolvimento pessoal
[com o Professor Karnal]"?
a) Adjetival.
b) Nominal .
c) Oração.
d) Preposicional.
e) Verbal.
a) Adjetival.
b) Não é um sintagma.
c) Nominal.
d) Preposicional.
e) Verbal.
a) Adjetival.
b) Não é um sintagma.
c) Nominal.
d) Preposicional.
e) Verbal.
52
b) [SN em círculo [SP de pedra [SA de Stonehenge]]].
c) [SN em círculo [SP de pedra [SP de Stonehenge]]].
d) [SP em círculo [SP de pedra [SP de Stonehenge]]].
e) [SV em círculo [SN de pedra [SP de Stonehenge]]].
8. (AOCP - 2016) Na oração “As investigações iniciais ocorrem aqui e, na hora que a
criança tem alta, a investigação tem continuidade na cidade onde ela reside”,
o pronome pessoal “ela” funciona como elemento coesivo, retomando o
sintagma:
a) “A gente”.
b) “Esse município”.
c) “A criança”.
d) “A investigação”
e) “Na cidade”.
53
OS TERMOS ESSENCIAIS DA UNIDADE
04
ORAÇÃO
54
Cabe lembrar que, ainda que o SNsujeito seja foneticamente nulo, como mostra
o exemplo (24), a seguir, podemos identificá-lo pela flexão morfológica do verbo, ou
seja, pela terminação [-ei]:
4.1 O SUJEITO
O SNsujeito, quando foneticamente realizado, pode ter seu núcleo formado por
um substantivo (3a) ou por um pronome (3b):
55
Por outro lado, O SNsujeito também pode ser formado pronomes demonstrativos
(27a), relativos (27b), interrogativos (27c) e indefinidos (27d), conjugados na 3ª pessoa
(CUNHA; CINTRA, 2017):
56
Após a descrição acerca da estrutura do SNsujeito, passaremos para a
apresentação da classificação, proposta pela NGB, para essa função sintática.
57
2018, p.66)
58
Observe que, nos exemplos dados em (32), provavelmente, não se sabe ou
não se deseja mencionar "quem" roubou o carro ou “quem” está precisando de um
garçom. No entanto, é necessário esclarecer que se o SN sujeito puder ser inferido a
partir de alguma informação anterior, dada pelo contexto, ele deixa de ser
classificado como indeterminado e passa a ser classificado como sujeito oculto. É isso
que ocorre nos exemplos dados em (34), a seguir:
59
da passiva. O SNsujeito, nesse caso, sofre a ação e, por isso, ele é classificado como
sujeito paciente (CUNHA; CINTRA, 2017).
4.3 O PREDICADO
60
Cabe destacar que, dependendo do tipo de complemento que selecionam,
os verbos transitivos apresentam ainda uma subclassificação. Quando esse
complemento é um SN, eles são chamados de verbos transitivos diretos e, quando
selecionam um SP, verbos transitivos indiretos. Quando selecionam simultaneamente
um SN e um SP, eles são chamados de verbos transitivos diretos e indiretos ou
bitransitivos.
Estudaremos cada uma dessas classificações, tomando como base Cegalla
(2000):
Verbos intransitivos: são verbos que não necessitam de complemento, pois têm
sentido completo. Eles podem vir ou não acompanhados de um adjunto adverbial.
Ex.:
Exemplos de verbos intransitivos: anoitecer, crescer, brilhar, ir, agir, sair, nascer,
latir, rir, tremer, brincar, chegar, vir, mentir, suar, adoecer etc.
Verbos transitivos: são verbos que não têm sentido pleno e necessitam de
complemento para inteirar a sua informação. Classificam-se em verbos transitivos
diretos, verbos transitivos indiretos e verbos transitivos diretos e indiretos, a depender
do tipo de complemento que selecionam.
61
Verbos transitivos diretos: são aqueles que pedem um SN como
complemento. Este SN assume a função sintática de objeto direto. Ex.:
62
2.3 Verbos transitivos diretos e indiretos: são aqueles que pedem,
simultaneamente, um SN e um SP como complemento.
Verbos de ligação: são verbos que, não tendo sentido pleno, cumprem, na
língua, apenas uma função relacional, ou seja, a de ligar o predicativo ao sujeito.
63
correlaciona o predicativo [um país] ao sujeito [O Brasil]; em (39b), o verbo parecer
correlaciona o predicativo [feliz] ao sujeito [Helena] e, em (39c) o verbo estar
correlaciona o predicativo [com dor de cabeça] ao sujeito [João]. De modo geral,
assumem, na oração, essa função SN’s, SA’s ou SP’s.
O predicativo do objeto, por sua vez, ocorre sempre em orações formadas por
verbos transitivos. Observe, no exemplo (40) abaixo, que o termo milagroso é
classificado como predicativo do objeto, por referir-se ao objeto do verbo julgar, o
SN [o fato].
64
núcleo do predicado verbal é o próprio verbo da oração. Exemplos:
Em (42), todas as frases contêm um predicado verbal, tendo em vista que são
formadas por um verbo intransitivo (em 42a), um verbo transitivo direto (em 42b), um
verbo transitivo indireto (em 42c) e um verbo transitivo direto e indireto (em 42 d).
65
FIXANDO O CONTEÚDO
I. Sujeito composto.
II. Sujeito oculto.
III. Sujeito inexistente.
IV. Sujeito indeterminado.
V. Sujeito simples.
66
A sequência que indica a correta classificação dos sujeitos nas frases acima é:
a) II, III, V, I, IV.
b) III, II, IV, I, V.
c) III, II, V, I, IV.
d) IV, II, V, I, III.
e) IV, II, V, III, I.
3) (Unifil – 2021, adaptada) Na frase “Seu pai adotivo chegou aos EUA com 15 anos.”,
o núcleo do sujeito é:
a) 15 anos.
b) Adotivo.
c) EUA.
d) Pai.
e) Seu.
67
5) (UNIFIL – 2021, adaptada) Na frase “A Amazon abriu seu site para mais produtos e
outros vendedores.”, podemos dizer que:
a) o verbo é intransitivo.
b) o sujeito é indeterminado.
c) o verbo é transitivo direto.
d) o sujeito é composto.
e) o verbo é transitivo indireto.
68
8) (Instituto Machado de Assis – 2018, adaptada) Assinale o período em que há
predicado verbal.
69
OS TERMOS INTEGRANTES DA UNIDADE
06
ORAÇÃO
Quando o núcleo do predicado verbal é formado por um verbo transitivo, ele sempre
seleciona um complemento. Esse complemento pode ser um SN ou um SP. Tradicionalmente,
as gramáticas denominam o SNobjeto como objeto direto, e o SPobjeto como objeto indireto
(KENEDY; OTHERO, 2018).
Vejamos, a seguir, um exemplo para cada um desses complementos verbais:
70
isso, são conhecidos como verbos transitivos diretos e indiretos, caso do exemplo (46), a
seguir:
Observe, em (47), que o objeto nulo [Ø] está retomando o SN [o perfume] que funciona,
na oração 1, como objeto direto do verbo encomendar. Já, em (48), o objeto nulo [Ø] está
retomando o SP [do lápis], que funciona, na oração 1, como objeto indireto do verbo precisar.
71
Com relação ao exemplo (48); O João precisou do lápis ontem, mas eu também
precisei; podemos substituir o SN que se encontra no interior do SP objeto[SP de [SN o
lápis]] pelo pronome ele: O João precisou do lápis ontem, mas eu também precisei
dele.
Por fim, cabe mencionar que algumas gramáticas também apresentam os
chamados objeto direto pleonástico e objeto indireto pleonástico. Eles ocorrem
quando o SN ou SP objeto é deslocado para o início da frase e retomado, na posição
de origem (depois do verbo), por meio de um pronome oblíquo. Veja os exemplos de
(49), a seguir:
72
funciona como objeto indireto pleonástico porque está retomando o SPobjeto [aos meus
pais]. Esse tipo de complemento ocorre quando se deseja “dar destaque ou ênfase à
ideia contida no objeto” (CEGALLA, 2000, p. 352).
73
(53) a. Relativamente [SP aos direitos civis].
b. Favoravelmente [SP ao réu].
c. Contrariamente [SP aos nossos desejos].
d. Independentemente [SP da minha vontade].
e. Paralelamente [SP às fronteiras do Brasil].
74
De modo geral, quando o SP exerce essa função sintática, seu núcleo é
formado pela preposição por ou pela preposição de. Cabe esclarecer que o agente
da passiva pode ser omitido e só aparece em orações que contêm verbos na voz
passiva. Quando o verbo se apresenta na voz ativa, ele corresponde ao sujeito da
oração (CEGALLA, 2000).
Observe a sequência de frases (a, b e c) nos exemplos (55), (56) e (57) abaixo,
retirados do Cegalla (2000, p. 355). Analise a correspondência entre o SNsujeito da
frase na voz ativa, em (c), e o SP da frase na voz passiva, em (a). Veja também que,
em (b), o agente da passiva foi omitido.
75
(57) a. A rainha é aclamada [SP pela multidão].
b. A rainha é aclamada Ø.
c. [SNsujeito A multidão] aclama a rainha.
76
FIXANDO O CONTEÚDO
2. (FAU - 2021) Assinale a alternativa que apresenta a função sintática exercida pelo
termo em destaque no período “Durante uma expedição em uma capela na
região de Vihti, na Finlândia, a arqueóloga Tiina Vare e outros pesquisadores da
Universidade de Oulu, encontraram um sepultamento macabro do século 19”:
a) objeto indireto.
b) sujeito.
c) vocativo.
d) predicativo do sujeito.
e) objeto direto.
3. (IDIB – 2021) Os termos destacados no período “Essa festa falaciosa vendida pelo
governo e pelo comércio pra nos distrair de nossas vidas miseráveis?” exercem
função sintática de:
a) sujeito.
b) objeto indireto.
c) objeto direto.
d) agente da passiva.
e) complemento nominal.
77
4. (CONSULPAN – 2020, adaptada) A oração “Comecei um documentário com um
grande amigo (...)” apresenta um objeto direto como termo integrante. Assinale a
oração em que tal fato também ocorre:
a) Maria acordou muito cedo hoje.
b) Maria está muito feliz com o carro novo.
c) Maria não obedece aos seus professores.
d) Ontem, Maria fez toda a lição de casa rapidamente.
e) Toda a lição foi feita pela Maria rapidamente.
a) adjunto adnominal.
b) objeto direto.
c) objeto indireto.
d) complemento nominal.
e) agente da passiva.
78
7. (ITAMAE – 2019, adaptada) Em qual alternativa o termo destacado é um agente
da passiva?
a) A cama foi arrumada pela criança.
b) A madrinha tem orgulho do afilhado.
c) A cidade de Brasília, capital do Brasil.
d) A moça estava na companhia do namorado.
a) O poeta saiu cantando seus versos de norte a sul, naquela noite escura e fria.
b) A sua história de luta e resistência emocionou a todos daquela plateia.
c) O interesse daquele poeta pelas histórias em quadrinhos levou-o à escrita.
d) Os convidados não foram bem recebidos na festa.
e) Naquela noite, o contador de histórias foi aplaudido de pé por aquela plateia.
79
OS TERMOS ACESSÓRIOS DA UNIDADE
06
ORAÇÃO
6.1 ADJUNTOS
Entende-se por adjunto todo elemento "que está junto, perto ou ao lado"
(AULETE DIGITAL) de outro elemento. Linguisticamente, o adjunto é o termo que
modifica o substantivo (adjunto adnominal) o adjetivo ou advérbio (adjunto
adverbial). As gramáticas tradicionais consideram que a função do adjunto
adnominal é a de especificar ou delimitar o núcleo do SN e a do adjunto adverbial a
de expressar alguma circunstância (de tempo, lugar, modo etc.).
80
Os exemplos (59) e (60), a seguir, trazem os seus adjuntos destacados:
81
Como vimos nas unidades anteriores, é comum confundirmos o adjunto
adnominal formado por um SP com o complemento nominal. A gramática tradicional
defende que há uma diferença semântica entre essas duas funções: enquanto o
adjunto expressa essas noções de ‘qualidade’, ‘posse’, ‘origem’, ‘fim’ e, sobretudo,
o ‘agente’ da ação, o complemento expressa o ‘recebedor’ ou ‘alvo’ da ação
(CEGALLA, 2000).
Os exemplos a seguir, retirados de Cegalla (2000, p. 364) mostram SP’s
que funcionam como adjuntos adnominais (61) e complementos nominais (62).
Como pode ser observado, em (61), os SP’s expressam uma noção de ‘agente’
e, em (62)’ uma noção de paciente.
Conforme Rocha Lima (2011, p. 318), o adjunto adverbial, por sua vez, pode
ser formado por advérbios (63) e por SP’s (64):
82
6.2 APOSTO
83
preceder o termo a que se refere (65), vir precedido dos conectores explicativos isto
é, a saber, como etc. (66), referir-se a toda uma oração (67), referir-se a outro aposto
(68),
Para finalizar, gostaríamos de esclarecer que, por meio deste livro, você teve
um estudo completo acerca do período simples e que, em outras disciplinas do nosso
curso, ser-lhe-á apresentado um estudo mais aprofundado acerca do período
composto.
84
FIXANDO O CONTEÚDO
1. (IBFC - 2020, adaptada) Qual é a função sintática do SN destacado em: "O diretor
médico da Dasa, Gustavo Campana, lembrou que 80% das 8 mil doenças
consideradas raras têm origem genética."?
a) Aposto.
b) Sujeito.
c) Vocativo.
d) Complemento Nominal.
e) Objeto direto
a) Complemento nominal.
b) Adjunto adnominal.
c) Objeto indireto preposicionado.
d) Adjunto adverbial.
e) Agente da passiva.
85
d) O termo “satisfeitos” funciona como adjunto adnominal.
e) O termo “si mesma” pode ser substituído por “ela mesmo” ou “si próprio”, sem
prejuízo de significado e sem desvio na norma culta da língua escrita.
a) pronome e adjetivo.
b) vocativo e aposto.
c) aposto e adjunto adnominal.
86
d) pronome e vocativo.
e) sujeito e vocativo.
a) adjunto adnominal.
b) adjunto adverbial.
c) predicativo.
d) complemento nominal.
e) agente da passiva.
6. (IDIB - 2021, adaptada) No excerto “A Terra, o terceiro planeta mais próximo do Sol,
apresenta cerca de 71% da sua superfície coberta por oceanos de água salgada
”, a vírgula tem a função de isolar o:
a) adjetivo.
b) aposto.
c) vocativo.
d) substantivo.
e) sujeito.
87
IV. Expressa uma circunstância de tempo, modo, lugar etc.
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) I e IV, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II e III.
a) aposto.
b) objeto indireto.
c) adjunto adnominal.
d) objeto direto.
e) complemento nominal.
88
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 D
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 E
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 D
UNIDADE 03 UNIDADE 04
QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 B
QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 C
UNIDADE 05 UNIDADE 06
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 B
QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 D
QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 C
89
REFERÊNCIAS
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Lexikon Editora Digital ltda. Disponível em: https://bityli.com/fDX07F. Acesso em: 08
jun. 2021.
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KENEDY, Eduardo. Sintaxe, sintaxes: uma introdução. São Paulo: Contexto, 2015.
CASTILHO, Ataliba Teixeira de. Nova Gramática do Português Brasileiro. São Paulo:
Contexto, 2010. Disponível em: https://bityli.com/UdeG3P. Acesso em: 13 jul. 2021.
KENEDY, Eduardo. Curso Básico de Linguística Gerativa. São Paulo: Contexto, 2019.
90
KENEDY, Eduardo; OTHERO, Gabriel Ávila de. Para conhecer: Sintaxe. São Paulo:
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KRISTEVA, Julia. A Grécia Lógica. In: KRISTEVA, Julia. História da linguagem. Lisboa:
Edições 70, 1969, p. 125 - 139.
LOPES, Célia Regina dos Santos. Pronomes pessoais. In: BRANDÃO, Silvia Figueiredo;
VIEIRA, Silvia Rodrigues (Org.). Ensino de gramática: descrição e uso. 1 ed. São Paulo:
Contexto, 2007, v. 1, p. 103-114. Disponível em: https://bityli.com/dx1blK. Acesso em:
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MIOTO, Carlos; SILVA, Maria Cristina; LOPES, Ruth. Novo Manual de Sintaxe. São Paulo:
Contexto, 2018.
PERINI, Mário Alberto. Classes. In: PERINI, Mário Alberto. Princípios de Linguística
Descritiva: introdução ao pensamento gramatical. São Paulo: Parábola, 2006, cap.
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ROCHA LIMA, Carlos Henrique. Gramática normativa da língua portuguesa. 49. ed.
Rio de. Janeiro: José Olympio, 2011. Disponível em: https://bityli.com/ftjz4c. Acesso
em: 13 jul. 2021.
91