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HIS 0 1 A E X P A N S A O U L T R A M A R I N A EUROPEIA
grande extensão do império muçulmano e as riva-
lidades políticas internas criaram condições para a
A form ação de Portugal fundação do califado independente de Córdova.
Embora houvesse enorme arabização, a população
europeia manteve-se predominantemente cristã. E
Muitos povos invadiram e ocuparam a penín­
foi exatamente o antagonismo religioso um dos
sula Ibérica, devido à sua localização e configura­
principais motivos da luta para a expulsão dos
ção geográficas. Os iberos a ocuparam a partir do
mouros (árabes que viviam na península).
terceiro milênio a.C. Por volta do século VI a .C.,
houve a invasão dos celtas, originando a cultura O processo de expulsão dos árabes, chamado
celtibera. Reconquista, durou cerca de sete séculos. Foi um
verdadeiro movimento cruzadista no ocidente.
Comerciantes fenícios e gregos, também a par­
Muitos cristãos ibéricos não aceitaram pacifica­
tir dessa época, fundaram feitorias no litoral da
mente a dominação islâmica. Já no século VIII as
península, para a troca de produtos (escambo).
lutas aconteciam. Refugiados nas montanhas do
Interessavam a eles principalmente os minérios,
norte peninsular, grupos cristãos organizaram o
abundantes na península. Durante as guerras entre
reino das Astúrias e, no século IX, junto com
Cartago e Roma (séculos 111 e II a.C.), a península
outros reinos cristãos então formados, como Ara-
foi invadida e dominada pelos romanos. A região
gão, Castela, Navarra e Leão, aceleraram a luta
que hoje corresponde a Portugal foi ocupada após
contra os “infiéis”.
duras lutas contra os lusitanos, um povo celtibero.

EUROPA

População da Poninsula Ibérica


|— | Povoadores. iberos. c«bas LtsbbáhV”
e Üguies (3ÔOO a.C.)
ATLÂNTICO ■ V p [ f í :' í iliíi? ,.
[ Colowsdorys: ferridos, gregos,
/ cartagineses íséc XX a C. a wk; llí a.C )
' : VISlGÕDÔS': -J . Reinos Bárbaros
■0 2Mkm ÁFRI CA I I Lusiianrs origom ternota dos portiigue&c-*
. . «Cartacrena h -; i Península Ibérica

AcJaplado de COTRIN. Gilberto. História Global ■BrasHe Geral. Sáo Paulo; Saraiva. 1997 ,
W
Incorporada ao domínio romano como Provín­ CU
cia Hispânica, na península ocorreu um rápido e Nesse século, conseguiram significativas vitó- §
profundo processo de romanização (administra­ rias contra os mouros, contando com o auxílio de 3
ção, comércio, língua, costumes, legislação, apa- muitos nobres franceses, engajados na guerra
relhamento urbano etc.). A civilização romana santa, mas também desejosos de receber terras em ^
deixou traços tão profundos que esta região é, troca dessa ajuda. Eram, geralmente, os secundo-
ainda hoje, culturalmente latina. gênitos de muitas famílias feudais, principalmente gi
da Borgonha, localizada no leste da França.
O enfraquecimento do Império Romano, a par­ £f
tir do século III, facilitou a penetração inicialmen­ Um deles, D. Henrique de Borgonha, recebeu ^
te pacífica e posteriormente violenta dos bárbaros. terras que correspondiam ao Condado Portucalen-
se, região compreendida entre os rios Minho e ><
A península Ibérica foi invadida, a partir do Douro. Em 1114, morreu D. Henrique de Borgo- s;
século V, pelos vândalos, suevos, alanos e, final­ nha. Seu herdeiro, D. Afonso Henriques, continu- cu
mente, visigodos, tradicionalmente chamados de ou a luta contra os mouros, mas também contra o w
“bárbaros”, que submeteram os demais e funda­ rei de Castela e Leão, de quem era vassalo, pela <
ram o Reino Visigótico. Paralelamente, consoli­ autonomia do Condado Portucalense. ,-i
dava-se a cristianização desses povos, por meio o
do trabalho catequético dos missionários. Mas, em Em 1139, D. Afonso Henriques se proclamou w
H
alguns casos, de forma herética. rei de Portugal. Alguns anos depois a Igreja e os ü;
castelhanos reconheceram o nascimento do novo
Finalmente ocorreu a grande invasão muçul­ reino ibérico. A independência estava consolida­
mana, realizada através do estreito de Gibraltar. da, apesar de eventualmente os castelhanos tenta­ 3
Em 711, o general Tárik derrotou os visigodos e 4->
rem unificar toda a península sob seu domínio a
avançou pelo interior da península. A quase tota­ político. nj
lidade dela ficou sob dominação islâmica. Mas a o

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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 7
I
Unlpré*
G en ealog ia da D in astia Borgonha
OCEANO
Afonso III - B eatriz G u llé n
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NORTE DA
Á FR ICA I
M U ÇU LM AN O PERSIA Inês

MundoMuçulmano A R Á B IA
OCEANO
I | Península Ar&bfca 779km
I | EipAnsãoIr-Unvj tNOlÓO
Adaptado de COTRIN, Gilberto. Historia Global - Brasil e Geral. São Paulo-, Saraiva. 1 9 9 7 .

A Reconquista prosseguiu e o novo rei conse­ ■ Dinastia de Avis


guiu expulsar os mouros de territórios ao sul,
apossando-se de novas terras. Obteve a ajuda dos A segunda dinastia portuguesa é a dinastia de
cruzados, que iam para o Oriente, na libertação de Avis. Ela era apoiada pela burguesia mercantil,
Lisboa. A monarquia portuguesa, recém-criada, pois o último rei da dinastia de Borgonha (D.
possuía características próprias que a diferencia­ Fernando I) faleceu sem deixar herdeiro. Para não
vam das demais. O rei mantinha os poderes políti­ perder sua independência para o reino de Castela,
cos centralizados. pois a sua filha D. Beatriz, herdeira única do trono
português, era casada com o Rei de Castela, co­
@ Dinastia de Borgonha merciantes portugueses das cidades do Porto e de
Os descendentes de Afonso Henriques gover­ Lisboa financiam o Mestre da Ordem Militar de
naram Portugal até o século XIV. Durante a sua Avis, D. João I, para armar um exército, enfrentar
administração, foi organizada a administração do as pretensões de Castela e assumir o trono. A
reino com a instituição das Cortes, assembleias às Batalha de Aliubarrota em 1385 marca o fim da
quais compareciam representantes do clero, da crise de sucessão do trono português dando início
nobreza e do povo (na verdade, da burguesia). A à dinas- tia de Avis que durou até 1580. Esta data
região de Algarve, ao sul, até então sob domínio também marca a centralização do Estado Portu­
mouro, foi conquistada e incorporada. guês.

A centralização monárquica ocorrida em Por­ Sobre a dinastia de Avis é que vai ser elabora­
tugal possibilitou o desenvolvimento econômico, da a expansão marítima portuguesa. Sob o con­
politico e cultural do reino. Nessa época foi fun­ trole do Infante D. Henrique de Avis - “ O NAVE­
dada a Universidade de Coimbra, colaborando GADOR”, grandes sábios, cartógrafos e navegado­
para a identidade nacional. A população continu­ res se reuniram na Escola de Sagres, não uma
ou crescendo e consolidando a posse do território. escola, mas sim um centro de pesquisa.
O comércio foi intensificado através dos contatos
com os comerciantes do norte da Europa e da
Itália. G e n e a lo g ia d a D in a s tia de A v is
A dinastia borgonhesa governou até a década Jo ã o I - F ilip a d e L e n c a s t r e
de 1380, quando então foi substituída pela Dinas­ 1360-1415
tia de Avis, vinculada à expansão maritimo- F e rn a n d o I
comercial. Rei de aragào
1261-1325

D u a rte « L e o n o r d e A ra g ã o H e n riq u e
Rei 1433-1438 o N avegador
I Duque di»Viseu

A fonso V - Is a b e l F e rn a n d o I - B e a triz
Rol 1432-81 I Duque- di> V l» *u I
143 3.7 0 I ___________

J o ã o II
Rol 1455-95 Leonor M anuel I
Rei 1495-1521

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Unipré»
A EXPANSÃO ULTRAMARINA EUROPEIA A centralização do Estado português ainda no
século XIV, a obtenção de informações técnicas,
os interesses da burguesia mercantil, da igreja, e
Chamamos de expansão marítima ao processo da nobreza, principalmente a partir do Infante D.
de saída do homem europeu em busca de riquezas Henrique, em busca de novas possessões territori­
em outros continentes via Oceano Atlântico} co­ ais, possibilitaram a Portugal, entre 1415 e 1500,
nhecido à época como Mar Tenebroso. Cabe aqui diversas viagens e descobertas náuticas. Estas
ressaltar que este foi um processo lento, fruto da ações eram assim motivadas, ao mesmo tempo,
união de diversos fatores e interesses. Portugal foi pelo espírito de cruzada e cavalaria e por conside­
o primeiro país da Europa a se atirar na aventura rações políticas e econômicas.
atlântica concorrendo para isso diversos fatores.
Vamos agora estudá-los. Novas tecnologias

Ocupou sempre lugar de destaque na econo­ A Escola de Sagres também foi responsável
mia lusa a atividade pesqueira, sendo esta a ori­ por aperfeiçoar várias tecnologias na área da na­
gem da experiência portuguesa em navegação, vegação, o sextante (peça árabe utilizada na loca­
mas o projeto expansionista português data do lização de meridianos através de estrelas), a bús­
início do século XV. O comércio foi o grande sola (invenção chinesa utilizada pelos árabes para
motor da expansão marítima portuguesa, pois as localizar o norte verdadeiro através de unia agulha
famosas especiarias (pimenta, canela, gengibre, magnética).
noz moscada, etc.), para serem distribuídas para o Uma das invenções mais importante foi a ca­
Norte da Europa, passavam pelos portos portu­ ravela com vela triangular que permitia a navega­
gueses estimulando o comércio. No entanto, as ção em mar oceânico. A caravela navegava contra
especiarias atingiam preços absurdos quando o vento e tomava as viagens bem mais rápidas que
chegavam a Portugal devido à distância dos cen­ as antigas embarcações utilizadas no Mediterrâ­
tros produtores e ao monopólio exercido pelas neo.
cidades italianas de Gênova e Veneza na compra
dos produtos em Constantinopla. A situação pio­ A primeira conquista portuguesa foi a cidade
rou de- pois de 1453, devido à tomada de Cons­ de Ceuta (1415), grande entreposto comercial no
tantinopla pelos turcos, dificultando o comércio norte da África, Em 1420, foram atingidas as Ilhas
de especiarias pelo Mar Mediterrâneo. de Madeira e Açores. Seguindo a política de con­
tornar a costa africana para poder chegar às índias
A solução encontrada foi buscar um novo ca­ (Périplo Africano), o Navegador Gil Eanes, em
minho para se chegar à origem das especiarias: o 1434, dobra o cabo Bojador. Em 1488, Bartolo-
Oriente. O problema era como chegar. meu Dias conseguiu dobrar o cabo das Tormentas
(que passou a ser chamado de cabo da Boa Espe­

EUROPEIA
rança). Coroando o projeto português, em 1498,
ifl A Escola da Sagres Vasco da Gama descobre o caminho marítimo
para as Índias, chegando a Calicute.
O Infante D. Henrique, filho do Rei D. João I,
estabeleceu no seu castelo na Ponta de Sagres em Enquanto a costa ocidental da África era ex­
Portugal, um centro náutico conhecido como plorada, a navegação no Atlântico era um segredo
Escola de Sagres, que coletava informações de de estado, só quebrado por Colombo que preten­ ULTRAMARINA
mapas e instrumentos de navegações. Em Sagres, dia alcançar o Oriente pelo Ocidente navegando
com apoio e a proteção do Infante, reuniam-se para a coroa espanhola. Sua teoria teria dado certo
cartógrafos, matemáticos e peritos náuticos. A se não houvesse em seu caminho um continente
fundação deste centro de estudos está inserida desconhecido pelos europeus: a América. Sua
no contexto das transformações sociais pelas descoberta acirrou as relações entre Portugal e
quais a Europa passava naquele momento, com Espanha como verá a seguir.
01 A EXPANSÃO

a propagação dos ideais humanistas que buscavam


explicações racionais e científicas para a compre­
ensão do mundo, fugindo das teorias religiosas.
Causas da expansão M arítima
Mantinha-se, no entanto, segredo das princi­
pais descobertas principalmente na divulgação de
mapas, os famosos portulanos, nome dado aos
Econômicas: Cobiça de lucros, o comércio
HIS

documentos nos quais estavam descritos os itine­


Oriente-Ocidente era o mais rentável da Tdade
rários marítimos com distâncias e ilustrações dos
Média; Busca de ouro e prata; O interesse em
principais portos marítimos e lugares costeiros de
Capítulo:

acabar com o monopólio italiano na venda de


atracação.
especiarias; Interesses em novas terras a serem
descobertas.

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Políticas: A tomada de Constantinopla pelos
turcos; Atuação da burguesia, que passou a finan­
ciar parte das viagens marítimas; Formação dos
Estados nacionais absolutos capazes de financiar
o empreendimento.
Religiosas: Levar a fé católica a outros povos;
Busca do paraíso Terrestre.
Tecnológicas: Os grandes progressos náuticos,
muitas vezes copiados dos árabes, como: Bússola,
Astrolábio, Caravela, Portulanos; Mudança da
mentalidade europeia com o movimento humanis­
ta que buscava explicações racionais para com­
preensão do mundo.

O S T R A T A D O S F E IT O S C O M A

IE S P A N H A __________________ _____

No ano de 1492, a Espanha iniciou sua expan­


são marítima. Os reis espanhóis, Fernando II e A Viagem de Cabra!
Isabel I, financiaram o projeto do navegador ge-
novês Cristóvão Colombo, que pretendia chegar
às índias navegando para o Ocidente, acreditando Com o objetivo de fundar feitorias na índia e
que a terra era redonda. Colombo chega à Améri­ de forçar o Marajá de Calicute a aceitar em co­
ca em outubro de 1492, pensando ter chegado às mercializar com Portugal, o rei D.Manuel I, O
índias. Venturoso, preparou uma grande esquadra com­
A descoberta da América por Colombo, em posta de 13 caravelas, a mais poderosa das expe­
1492, abriu uma etapa de negociações entre Por­ dições até então organizada. Em artilharia, muni­
tugal e Espanha sobre as descobertas, tendo a ções e mantimentos a esquadra levava o melhor
Igreja o papel de mediadora. O primeiro tratado possível. Transportava 1.500 homens de armas,
entre os dois países foi a Bula “Inter Coetera”, de entre os quais 20 degredados que deviam ser dei­
xados em terra para aprender a língua. Esta es­
1493, na qual o Papa Alexandre VI estabelecia um
quadra estava sob o comando do Fidalgo Pedro
meridiano a 100 léguas a Oeste do arquipélago de
Alvares Cabral, embaixador de Portugal perante o
EUROPEIA

Cabo Verde, concedendo à Espanha todas as pos­


Marajá de Calicute (cidade da índia). Cabral não
sessões a Oeste deste meridiano cabendo a Portu­
era navegador, mas por ser a figura mais impor­
gal tudo a Leste. Portanto os resultados da primei­
tante da frota, assumiu o comando. Tinha os me­
ra expedição de Colombo iniciaram uma disputa
lhores comandantes de navios na sua esquadra.
pela partilha do mundo.
No dia 9 de março de 1500 a frota parte do
ULTRAMARINA

O rei de Portugal, D João II, não ficou satisfei­


porto do Tejo em direção à índia, contornando a
to com a bula papal, pois a linha imaginária passa­
costa africana, como era o projeto português, mas
ria no meio do Atlântico, ameaçando as conquis­
a viagem tinha objetivos secretos, e se afasta mui­
tas portuguesas nas rotas do Atlântico Sul. Em
to da costa africana. No dia 21 de abril de 1500,
1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que
foram avistados os primeiros sinais de terra.
seria o definitivo entre portugueses e espanhóis.
Foi traçado um novo meridiano, agora a 370 lé­ Em 22 de abril foi avistado o monte Pascoal,
01 A EXPANSÃO

guas do arquipélago de Cabo Verde, ficando as no litoral da Bahia. Após encontrar abrigo para a
terras a teste do mesmo meridiano para Portugal. esquadra fundear, explorar parte do litoral baiano,
O novo tratado garantia a Portugal não apenas as descer na terra firme, celebrar duas missas, alguns
rotas do Atlântico, como também uma parte da dias depois (2 de maio), a esquadra prosseguiu em
América, onde mais tarde Cabral fundaria o Bra­ direção às índias. Alguns degredados foram dei­
sil. Observe o mapa: xados na nova terra e um navio comandado por
Gaspar de Lemos foi enviado a Portugal levando a
HIS

carta redigida pelo escrivão da armada, Pero Vaz


de Caminha
Capitulo:

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10 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
ipre*
No dia 26, é rezada a primeira missa, na B litora! extenso e recortado, apresentando bons
localidade chamada Coroa Vermelha por frei portos naturais;
Henrique de Coimbra, franciscano; o escri­ E Estado nacional centralizado, associado aos
vão Pero Vaz de Caminha escreve notícia do interesses mercantis;
descobrimento para que o navegador Gaspar
■ existência de uma burguesia dinâmica, ambi­
de Lemos a leve a Portugal e noticie ao Rei e
ciosa de novas riquezas e mercados;
a Europa das novas possessões portuguesas.
0 Brasil teve vários nomes além de Pindara- B paz interna, contrastando com França e Ingla­
ma como os índios a chamavam, foi batizada terra, envolvidas na Guerra dos Cem Anos
pelos portugueses como: Ilha de Vera Cruz, (1327-1453) e Espanha (ainda em luta contra
Terra de Santa Cruz e Brasil. os mouros);

O local chamado por Cabrai como um B apoio governamental à navegação, por meio
porto seguro é hoje identificado como Baía da Escola de Sagres.
Cabrália, ao sul da Bahia. Não se conhecem
B Existência de escolas de navegação;
as cartas de Cabral e as dos demais coman­
dantes. As únicas que nos restam são a de B O rei e a burguesia mercantil de Portugal
Pedro Vaz de Caminha e as do Astrônomo uniram-se com o objetivo de expandir o co­
Mestre João.
mércio marítimo;
b Tradição naval.

A INTENCIONALIDADE DO DESCOBRIMENTO:
OCEANO

ATLÂNTICO
■ Muifos historiadores admitem que
houvesse intencionalídade no desco­
brimento, isto é, julgam que os portu­
gueses já sabiam ou suspeitavam da
existência de terras ao Oeste do
Atlântico Sul. Entre os argumentos
podemos citar os seguintes:
■ A carta de Pero Vaz de Caminha não
demonstra surpresa com a nova des­
coberta.
h D João 11 não aceitou a primeira de­
marcação estabelecida pelo papa
Alexandre VI, através da Bula Inter As conseqüências da expansão marítima
Coetera.
■ A política de segredo dos governantes As grandes navegações representam um dos
portugueses. mais significativos acontecimentos da Idade Mo­
derna. Entre as principais transformações trazidas
m Mestre João, físico e cirurgião do rei
por este processo podemos citar:
de Portugal, alemão de nascimento,
era dos mais categorizados astrôno­ B a mudança do eixo econômico euro­
mos da época. Muito entendido na ar­ peu do Mar Mediterrâneo para os
te de determinar a longitude de leste e Oceanos Atlântico e Indico;
oeste, não haveria ele, sendo um dos
B decadência econômica das cidades
componentes da esquadra cabralina,
italianas; duas novas potências as­
de corrigir com presteza a rota do
cenderam, Portugal e Espartha;
Cabo da Boa Esperança a Calicute?
bs europeização do mundo.
As outras conseqüências da expansão maríti­
Causas do pioneirismo português nas nave­
ma foram: a comprovação da esfericidade da
gações
terra; a ampliação do mundo conhecido com a
descoberta de novos continentes; alta dos preços
na Europa devido à entrada de metal precioso na
h posição geográfica estratégica, próximo à Europa; o fortalecimento da burguesia; o restabe­
África e debruçado sobre o Atlântico; lecimento do escravismo; a formação de impérios

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i p r á

coloniais; propagação da fé católica paia América, ANOT A ÇÕE S


Africa e Asia; comércio de proporções mundiais
que agora uniam diversos continentes; dizimação
de civilizações americanas e da cultura indígena
presente na América.
A conseqüência principal para Portugal foi
que, como um reino pequeno, se deparou com um
grande Império para conquistar, não tendo de
imediato a força para poder dominá-lo por inteiro.

UNHA DO TEM PO DO DESCOBRIMENTO

1139

Início do reino Português, com a dinastia de


Borgonha — Dom Afonso Henriques de Bor-
gonha vence os mouros e é proclamado Rei.
1385

D. João, mestre da ordem de Avis, funda a 2a


Dinastia — a de AVIS.
1415

Conquista de Ceuta (norte da África) pelos


portugueses. Início da expansão marítima por­
tuguesa.
1421

Fundação da Escola de Sagres, pelo Infante D.


Henrique, o navegador.
1434
EUROPEIA

Gil Eanes dobra o Cabo Bojador, na África.


1492

Colombo descobre a América.


1493
ULTRAMARINA

O papa Alexandre VI decreta a Bula Inter


Coetera dividindo o mundo em dois, por um
meridiano que passava a cem léguas a oeste
das ilhas de Cabo Verde.
1494
01 A EXPANSAO

Tratado de Tordesilhas: Portugal e Espanha


mudam o meridiano que dividia o mundo para
370 Léguas — oeste das ilhas de Cabo-Verde.
1498

Vasco da Gama chega a Calicute na índia,


inaugurando o comércio com a índia. (Na base
HIS

do canhão).
1500
Capitulo:

Descobrimento do Brasil por Pedro Álvares


Cabral (22 de abril). Cabral deixa o Brasil em
1.o de maio.

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Umipré»
5. A expansão marítima e comercial empreendida ■
EXERCÍ CI OS
pelos portugueses nos séculos XV e XVI está
ligada:
a) aos interesses mercantis voltados para as “espe­
ciarias” do Oriente;

]. Durante o século XV, o comércio europeu com b) à tradição marítima lusitana, direcionada para o
o Oriente foi ameaçado peto avanço dos turcos “Mar Oceano” (Mediterrâneo) em busca de ilhas
otomanos no Mediterrâneo. Neste sentido, pode­ fabulosas e grandes tesouros;
mos afirmar que a expedição de Cabral represen­ c) à existência de planos meticulosos traçados
tou: pelos sábios da Escola de Sagres, que previam
a) O coroamento dos esforços dos monarcas por­ poder alcançar o oriente pelo ocidente;
tugueses para reprimir militarmente os avanços
d) a diversas casualidades, aliadas aos conheci­
dos turcos. mentos geográficos muçulmanos.
b) O empenho da Igreja em cristianizar o maior
número possível de infiéis.
6. Sobre o Tratado de Tordesilhas, assinado em 7
c) A busca de metais preciosos no litoral america­
de junho de 1494, pode-se afirmar que objetivava:
no, necessários à continuidade do comércio com
as especiarias. a) demarcar os direitos de exploração dos países
ibéricos, tendo como elemento propulsor o desen­
d) A possibilidade de controle exclusivo da rota
volvimento da expansão comercial marítima.
marítima pelo Cabo da Boa Esperança, porta para
o oriente. b) estimular a consolidação do reino português,
por meio da exploração das especiarias africana e
e) A tentativa de obtenção de novas terras para os
da formação do exército nacional.
nobres portugueses, empobrecidos desde a crise
feudal do século XIV. c) impor a reserva de mercado metropolitano, por
meio da criação de um sistema de monopólios que
atingia todas as riquezas coloniais.
2. Qual a primeira ordem religiosa que chegou ao
d) reconhecer a transferência do eixo do comércio
Brasil?
mundial do Mediterrâneo para o Atlântico, depois
a) Jesuítas. das expedições de Vasco da Gama às índias.
b) Beneditinos. e) reconhecer a hegemonia anglo-francesa sobre a
exploração colonial após a destruição da invencí­

EUROPEIA
c) Franciscanos. vel Armada de Filipe II, da Espanha.
d) Vincentinos.
e) Calvinistas. 7. A Escola de Sagres era:
a) Uma escola propriamente dita. ULTRAMARINA
3. O Brasil foi descoberto em 1500, portanto no b) Um centro náutico com reunião de cartógrafos,
século: cosmógrafos, marinheiros.
a) XVI b) XIV c) XV c) Uma instituição de caráter religioso.
d) XI11 e) XIX d) Uma organização derivada da cavalaria.
01 A EXPANSÃO

e) Um castelo de veraneio para o infante D. Hen­


4. Todos os fatores abaixo são causas da expansão rique.
marítima de Portugal, exceto:
a) a conquista de Ceuta aos mouros. 8. A expansão marítima ibérica é significativa,
b) a descentralização. dentro do contexto das relações comerciais do
século XVI, por que:
c) a expulsão dos árabes da península.
HIS

a) Revitaliza o comércio com o Oriente, que esta­


d) a fundação da Escola de Sagres. va em decadência devido à ruralização feudal dos
Capitulo:

e) a posição geográfica de Portugal. centros orientais.


b) Possibilita a ocupação da América pelos índios,
que recebem a concessão definitiva de posse da
terra do Brasil.

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c) Possibilita a União Ibérica, colocando assim 1 c) Quem realizou a primeira viagem de circuna-
um ponto final nas hostilidades existentes entre [ vegação foi Martin Afonso de Souza.
Portugal e Espanha. \
d) O afluxo de metais americanos para a Europa
d) Favorece a descentralização política dos Esta- | provocou uma tremenda baixa de preços.
dos absolutistas influenciados pelos ideais iiumi- j
e) A tomada de Ceuta em 1415, pelos espanhóis, é
nistas. ;
o início do ciclo ocidental dos descobrimentos.
e) Desloca o eixo econômico do Mediterrâneo I
para o Atlântico, articulando Europa e América.
12. A expansão comercial e marítima europeia
iniciada a partir do século XV foi favorecida por
9. Acerca da expansão marítima comercial im- ! vários fatores. Assinale a alternativa correta:
plementada por Portugal, podemos afirmar que: )
a) A ascensão da burguesia e a centralização
a) a conquista de Ceuta marcou o início da expan­
do poder nas mãos dos reis.
são, ao possibilitar a acumulação de riquezas para !
a manutenção do empreendimento; I b) A existência de grande quantidade de metais
preciosos na Europa, favorecendo a compra de
b) a conquista da Baía de Argüim permitiu à Por- !
especiarias ocidentais e a cunhagem de moedas.
tugal montar uma feitoria e manter o controle I
sobre importantíssima rota comercial intra- ! c) A necessidade de descobrir novos mercados de
africana. ! produtos manufaturados para abastecer o comér­
cio europeu.
c) a instalação da feitoria de São Paulo de Luanda \
possibilitou a montagem de grande rede de abas- , d) A aplicação da teoria do liberalismo econômico
tecimento de escravos para o mercado europeu. . pelos soberanos com o objetivo de fortalecer o
Estado moderno.
d) o domínio português de Tiro e Sidon e o con- !
sequente monopólio de especiarias do Oriente , e) A mudança da rota marítima do Oceano Atlân­
próximo tomaram desinteressante à conquista da , tico para o mar Mediterrâneo.
índia. i
e) a expansão da lavoura açucareira escravista na i
13. Assinale a opção que caracteriza a economia
Ilha da Madeira, após 1510, aumentou o preço dos !
colonial estruturada como desdobramento da
escravos, tanto nos portos africanos, quanto nas !
expansão marítima europeia da época moderna.
praças brasileiras. ■
a) a descoberta de ouro no final do século XVII
aumentou a renda colonial, favorecendo o rompi­
EUROPEIA

10. A expansão marítima europeia dos séculos i mento dos monopólios que regulavam a relação
XV e XVI permitiu: ■ com a metrópole.
a) a formação de domínios coloniais que dinami- < b) o caráter exportador da economia colonial foi
zaram o comércio europeu. < lentamente alterado pelo crescimento dos setores
de subsistência, que disputavam as terras e os
b) o crescimento do comércio de especiarias pelas ■
ULTRAMARINA

escravos disponíveis para a produção.


rotas do mediterrâneo. ■
c) a lavoura dos produtos tropicais e as atividades
c) a implantação de impérios coloniais na Ásia, > extrativas foram organizadas para atender aos
para extração de metais preciosos. ; interesses da política mercantilista europeia.
d) o fortalecimento do feudalismo e da servidão > d) a implantação da empresa agrícola representou
da Europa Ocidental. ' o aproveitamento, na América, da experiência
01 A EXPANSÃO

e) a colonização do tipo mercantilista, sem a inter- i anterior dos portugueses nas suas colônias orien­
ferência do Estado e da Igreja. 1 tais.
e) a produção de abastecimento e o comércio
interno foram os principais mecanismos de acu­
11. Assinale a alternativa correta: mulação da economia colonial.
a) Sob a proteção dos reis espanhóis, Cristóvão j
Capitulo: HIS

Colombo chegou à América, pensando que tinha |


atingido às índias. ; 14. O Rei de Portugal quando do descobrimento
do Brasil, foi:
b) Depois de retomar várias vezes à América, [
Colombo terminou seus dias em plena glória de ; a) D. Henrique
- descobridor. b) D. Antonio

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14 Curso de HabiliSação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
tJnipr#»
■ c) D. Manoel
d) D. Matheus
e) D. José

__________ G A B A R I T O
15, Podemos citar como inovações tecnológicas,
que facilitaram as grandes navegações:
1. D 2. C 3. C 4. B
a) Caravela, bússola, Dakkar.
b) Búscola, Dakkar, binóculo. 5. A 6. A 7. B 8
c) Barca, bússola, sextante.
d) Caravela, bússola, sextante. 9. A 10. A 11. A 12. A

e) Bússola, sextante, barca.


13. C 14. C 15. D 16. B

16. (EsSA 2011) O Tratado de Tordesilhas, cele­ 17. C


brado em 1494 entre as Coroas de Poí+mjaí e
Espanha, pretendeu resolver as disputas por colô­
nias ultramarinas entre esse? Jn;a países, estabele­
cia que
a) os espanhóis ficariam com todas as terras des­
cobertas até a data de assinatura do Tratado, e as
terras descobertas depois ficariam com os portu­
gueses.
b) os domínios espanhóis e portugueses seriam
separados por um meridiano estabelecido a 370
léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde.
c) a Igreja Católica, como patrocinadora do Trata­
do, arrendaria as terras descobertas pelos portu­
gueses e espanhóis nos quinze anos seguintes.
d) Portugal e Espanha administrariam juntos as

EUROPEIA
terras descobertas, para fazerem frente à ameaça
colonialista da Inglaterra, da Holanda e da França.
e) portugueses e espanhóis seriam tolerantes com
os costumes e as religiões dos povos que habitas­
sem as terras descobertas. ULTRAMARINA

17. (EsSA 2011) No século XV, o lucrativo co­


mércio das especiarias - artigos de luxo - era pra­
ticamente monopolizado pelas cidades europeias
de
01 A EXPANSÃO

a) Paris e Flandres.
b) Londres e Hamburgo.
c) Gênova e Veneza.
d) Constantinopla e Berlim.
e) Lisboa e Madri.
HIS
Capitulo:

www.unipre.com.br
Curso de Habilitação ao Quadro Auxifiar de Oficiais 15
U nlpré
HIS 0 2 O SISTEMA COLONIAL

BRASIL PRÉ-COLON1AL (1500 - 1530) Expedições Exploradoras

Este reconhecimento se processou nos anos


A preocupação com a acumulação de capitais
seguintes à descoberta. A primeira expedição
e a enorme potencialidade mercantil do mercado
exploradora, comandada por Gaspar de Lemos,
asiático, onde havia sociedades bastante organiza­
saiu de Portugal em 1501 e trazia o ilustre venezi-
das e produtos de grande interesse comercial,
mantiveram as atenções de Portugal voltadas ao ano Américo Vespúcio. Foi feito o levantamento
geográfico dos mais importantes acidentes, sendo
Oriente. No Brasil, as comunidades nativas prati­
identificados de acordo com o santo do dia (cabo
cavam uma economia de subsistência, não gerado­
de São Roque, baía de Todos os Santos, rio São
ra de excedentes, não necessitando de produtos
importados. Consequentemente, o nosso país Francisco). Confirmada a existência do pau-brasil,
permaneceu em plano secundário, praticamente madeira tintórea utilizada como corante de teci­
dos, o rei de Portugal decretou sua exploração um
abandonado pelos portugueses.
monopólio do governo.
A carta de Caminha não indicara a existência
Gonçalo Coelho comandou a segunda expedi­
de qualquer grande riqueza na terra recentemente
descoberta. Ademais, a metrópole tinha uma ção exploradora ao litoral brasileiro, que, em
pequena população (cerca de 1 milhão de 1503, fundou uma feitoria na região de Cabo Frio.
habitantes) e não suportaria uma grande As feitorias. depósitos fortificados, eram a
emigração para as regiões descobertas. A floresta presença física portuguesa na colônia, ainda que
litorânea e a rudimentar civilização indígena, bem temporária.
como os perigos e os custos da navegação
atlântica, desestimulavam qualquer interesse e
esforço maior da metrópole. Expedições guarda-costas

As expedições conhecidas como guardacosta


tinham o objetivo de combater os corsários
franceses e ingleses que infestavam o litoral
brasileiro. Foram duas expedições desse tipo nos
anos de 1516 e 1526 e tinham como comandante
Cristóvão Jacques. Mostraram-se muito pouco
eficientes no combate aos corsários e na defesa do
litoral brasileiro.
Os corsários franceses (piratas que contavam
COLONIAL

com a proteção do governo francês) povoavam


nosso litoral na busca de pau-brasil e graças ao
relativo abandono do mesmo, o rei francês
Francisco I faz uma declaração onde diz que não
sabia “onde estava no testamento de Adão a
Família do chefe Camacã, de Debret
0 SISTEMA

parte que deixava o mundo para Espanha e


Portugal”. Tanto os franceses como os
No Brasil, de imediato, os portugueses não portugueses utilizavam mão-de-obra indígena nos
encontraram coisa alguma que fosse objeto de trabalhos de exploração do pau-brasil. Utilizavam
02 .

comercialização, exceção feita ao pau-brasil, as desavenças internas entre os índios sendo os


madeira utilizada para tingir roupas. Por isso o tupiniquins aliados dos portugueses e os
comércio com as índias era, sem dúvida, mais tupinambás, dos franceses.
HIS

rentável aos cofres portugueses. Além disso,


A presença francesa no litoral brasileiro foi
Portugal não dispunha de pessoal, dinheiro e
precoce. Uma nova expedição de Cristóvão
C a p itu lo :

navios suficientes para manter duas linhas de


Jacques conseguiu prender alguns navios
comércio ao mesmo tempo, com o Oriente e o
franceses, porém a grande extensão do litoral e o
Brasil. Devido a isso, até 1530, Portugal não se
conhecimento que os comerciantes franceses já
interessou muito pelo Brasil.
tinham dos indígenas fizeram das expedições de

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16 Curso cfe Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
pré»
Cristovão Jacques uma medida de caráter Tupínambás e os Tupiniquins, que viviam em
meramente paliativo. Por volta de 1528, à constante luta entre si e praticavam a
presença francesa era muito forte iiavia sério risco antropofagia ritual.
dos franceses ocuparem definitivamente nosso
Os outros grupos indígenas brasileiros além do
litoral.
tupi eram: Jê, Aruaque e Caraíba. Estes por sua
Claro que na presença francesa havia vez se subdividiam em diversas outras famílias de
interesses privados muito fortes em relação ao línguas.
Brasil, principalmente dos comerciantes ligados
ao mercado de tinturaria e aos mercadores dos O grupo tupi ocupava a área referente ao lito­
portos de Dieppe, Honfleur e Rouen. ral brasileiro, desde o Ceará até São Paulo. Desta
região até ao Rio Grande do Sul, os Guaranis
Somado o interesse comercial tinha a política dominavam. O grupo Jê ocupava a região do Ser­
governamental francesa de rejeição ao Tratado de tão se estendendo desde o Maranhão e Piauí até o
Tordesilhas. O rei Francisco I, até 1528, apoiava a Mato Grosso. Os Aruaques e Caraíbas ocupavam
ação dos comerciantes franceses no Brasil, a região Norte que inclui o Amapá, Pará e parte
principalmente após a ação repressiva da segunda do Amazonas.
expedição de Cristóvão Jacques. Em 1529,
concedeu “carta de corso” a um comerciante Os índios brasileiros praticavam a caça, a pes­
francês a fim de minimizar os prejuízos que tivera ca, a coleta de alimentos das matas e a agricultura,
com o apresamento de seus navios por Cristóvão sendo os principais produtos a mandioca, milho,
Jacques. Para Portugal fazia-se necessário iniciar amendoim e feijão, seu método agrícola baseava-
um projeto de colonização e de defesa da costa, se na coivara, cujo princípio básico era a queima­
este projeto era uma forma de manutenção das da realizada após as colheitas. Este método levava
terras do novo mundo sobre domínio Português. ao cansaço do solo e obrigava as aldeias a se des­
locarem em busca de melhores regiões que os
alimentasse. Por isso, afirmamos que a maioria
dos índios brasileiros era seminômades. Neste
percurso, eram comuns os choques e guerras com
Os habitantes do Brasil antes de Cabral outras tribos na disputa pelo território.

No Brasil foram encontrados muitos sítios ar­


queológicos (conjuntos de vestígios encontrados O sistem a colonial português na
em uma determinada região) e seu estudo tem Am érica
contribuído muito para elucidar o modo de vida
dos povos que aqui viveram nos primeiros tem­
pos. Como vimos anteriormente, a partir de 1530,
Os sítios arqueológicos encontrados no litoral surgiu um verdadeiro dilema para a coroa
brasileiro são conhecidos como sambaquis, ou portuguesa: ou ocupava as terras brasileiras ou as
seja, montes de conchas e esqueletos de peixes perdia, para os franceses que constantemente
associados a artefatos de pedra que atingem de 2 a vinham ao nosso litoral em busca de pau-brasil.
30 metros de altura, resultantes das sucessivas Também devemos mencionar que o comércio dos
ocupações de comunidades que se alimentavam portugueses com o Oriente sofreu uma baixa
COLONIAL

de animais marinhos, deixando os restos dos ali­ devido à concorrência de outras nações que
mentos (cascas de moluscos e esqueletos de pei­ chegavam às índias para comercializar. Logo, a
xes) na própria área de habitação. Alguns samba­ coroa portuguesa associada à burguesia mercantil,
quis datam de 10 mit anos atrás. iniciou pioneiramente entre os Estados modernos,
uma nova forma de exploração econômica das
02 O SISTEMA

São comuns também as pinturas rupestres, en­ terras americanas, que não se assemelhava ao
contradas nas paredes rochosas das cavemas, em simples escambo nem se baseava na extração
lajes de pedras e em fragmentos de rochas. Trata- predatória de metais preciosos.
se de desenhos de figuras humanas e de animais,
cenas de caça e pesca. No Brasil, já foram catalo­ A primeira expedição colonizadora foi
gados mais de 220 abrigos usados por esses gru­ comandada por Martim Afonso de Souza, que
pos pré-históricos, com cerca de 9 mil figuras chegou em 1530 e trazia cerca de quatrocentas
HIS

pintadas. As mais famosas estão em cavemas de pessoas, entre elas trabalhadores, padres e
Minas Gerais e do Piauí. soldados. Martim Afonso de Souza veio de
Capitulo:

Portugal com a missão de expulsar os estrangeiros


Ao chegar ao novo mundo os portugueses se que contrabandeavam pau-brasil, de procurar ouro
depararam com habitantes que eles identificaram e de iniciar a colonização. Tem início o
como gentio. Eram índios, em sua maioria do povoamento português em terras brasileiras.
grupo étnico Tupi-guarani. Inicialmente tiveram
contato com duas grandes macro familias, os
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C u rso de Habilitação ao Q uadro A uxitiar de O ficiais
• • Jpré
Em 1532 foi fundada a vila de São Vicente, França: desenvolveu o Industrialismo ou Col-
primeiro núcleo de povoamento do Brasil. Lá se bertismo devido ao seu ministro Colbert, que
fixaram quatrocentos colonos, que se dedicavam optou pelo desenvolvimento das manufaturas
ao plantio da cana. E lá surgiu o primeiro engenho têxteis com amplo incentivo do governo.
produtor de açúcar.
Inglaterra: chamado de comercialismo valori­
A colonização do Brasil estava, como não zava a troca de produtos.
poderia deixar de ser, dentro do sistema
mercantilista mundial. Nossa economia, graças Holanda: seu Mercantilismo baseava-se na sua
ao Pacto Colonial, era transformada em uma ampla frota naval, sendo responsáveis pela maio­
ria dos fretes marítimos. Também buscou a im­
economia periférica, cuja função, era gerar
plementação das Cias. privilegiadas de Comércio.
riquezas para a metrópole. Por isso, durante todo
E importante lembrar que na Holanda estavam
o período colonial, tivemos muitas vezes uma
concentrados os maiores bancos da Europa.
economia de produto único. O nosso pais,
portanto, tem ciclos econômicos, que moldaram a
nossa sociedade.
Pacto colonial
O Mercantilismo tem um conjunto de ideias
que formam o corpo de sua doutrina. São elas:
Pacto colonial era, na verdade, a forma com
■ Balança Comercial Favorável - Maior
que as metrópoles dominavam suas colônias. As
exportação e menor importação.
colônias só poderiam fazer comércio com a me­
H Metalismo - Quantidade de metais trópole. A colônia fornecia produtos tropicais e
preciosos que possui, o toma mais rico. matéria-prima para a metrópole e esta vendia
manufaturas à colônia.
■ Protecionismo - Ideia da balança
favorável, garante o mercado interno às indústrias
nacionais.
A Expedição de 1530 de M artim Afonso
si tndustrialismo - Satisfação do mercado de Souza
intemo e fornecer manufaturados aos
consumidores.
■ Colonialismo - Procura de produtos e
Em 1530 foi enviada uma expedição sob o
comando de Martim Afonso de Souza.
mão-de-obra, desenvolvimento do comércio
mundial. (Revolução Comercial). Como a ameaça estrangeira era grande, a Co­
roa portuguesa foi forçada a efetivar a posse das
Podemos ainda acrescentar: política de incen­
terras, ocupando-as. Todavia, o momento era
tivo ao crescimento populacional, incentivo à
difícil para Portugal, financeiramente enfraqueci­
construção naval e os monopólios.
do pela concorrência de outros países europeus no
Oriente e o ataque de piratas. Os gastos com a
realeza e com a nobreza parasitária, importando
Tipos de Mercantitismos produtos de luxo e não fundamentais, tomavam a
balança comercial deficitária. A perseguição con­
tra os judeus provocou a saída do país de capitais
COLONIAL

e pessoas altamente experientes. Além disso, os


Existiram vários tipos de Mercantílismos, mas, capitalistas de outros países europeus cobravam
basicamente, eles estavam ligados às riquezas que juros elevados sobre os empréstimos concedidos.
cada nação poderia extrair de suas colônias.
Apesar das dificuldades, o rei D. João III. O
Colonizador,
02 O SISTEMA

Eram eles: iniciou a colonização do Brasil.


Enviou a missão de Martim Afonso de Souza para
Espanha: Seu tipo de Mercantilismo foi cha­
explorar o litoral, atacar os estrangeiros e montar
mado de Bulionista ou metalista, ou seja, seu
os primeiros povoados no Brasil. Tinha o coman­
propósito era acumular metais preciosos, isto se
dante amplos poderes jurídicos, militares e admi­
explica, pois teve contato precocemente com
nistrativos. Além disso, podia nomear autoridades
tribos que conheciam o ouro e a metalurgia na
e distribuir sesmarias, isto é, lotes de terras aos
HIS

América.
colonos.
Portugal: em princípio Portugal adotou o co­
Seus principais feitos foram:
Capítulo:

mercialismo, ou seja, valorização das trocas co­


merciais, mas a partir do século XVI11, com a a) apreensão de navios franceses no litoral
descoberta de ouro no Brasil se tomou metalista. de Pernambuco, em 1531;

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18 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
b) contatos com o náufrago Diogo Álvares, N Ilhéus: Jorge de Figueiredo Correia
o Caramuru, na baía de Todos os Santos;
d Porto Seguro: Pero Tourinho
c) exploração de todo o litoral sul, chegan­
o Bahia de todos os Santos: Francisco Pe­
do até o Rio da Prata;
reira Coutinho
d) envio de unia expedição ao sertão para
verificar a existência de riquezas. Os oi­ te São Vicente: Martim Afonso de Souza
tenta homens que a constituíam desapa­ h Pernambuco: Duarte Coelho
receram;
e) fundação de São Vicente, em 1532, a
primeira vila do Brasil, com a ajuda de Caplt«uilas tkrodttártat
João Ramaího. o
Os colonos foram distribuídos entre São Vi­
cente e a vila de Piratininga, fundada no planalto.
Os primeiros administradores foram nomeados, e
instalados os primeiros órgãos judiciais e fiscais.
Terras foram distribuídas aos colonos e construída
uma fortaleza para sua proteção. Plantou-se cana-
de-açúcar na região litorânea vicentina, com bons
resultados e construiu-se, em 1533, o nrimeiro
engenho no Brasil, o “Engenho São Jorge dos 0 740 kni
Erasmos”. Após o regresso de Martim Afonso, ---------1 1
Brás Cubas fundou Santos, em 1545.

E"J»ÚÇjfc> 0 * « l.W . ftícrüo


Documentos que norm alizavam o
sistem a de Capitanias:

B R A S IL
■ Carta de Doação : Título de posse dado
pelo Rei, e a propriedade de 10 léguas de
terra ao longo da costa, dividida em qua­
tro ou cinco lotes, isentos de qualquer
tributo, exceto o dízimo. Concedia, ain­
da, o privilégio de fabricar e possuir en­
genhos d ’água e moendas.

AS CAPITANIAS HEREDITARIAS ■ Foral: Dizia os direitos e deveres do do­


natário - Direitos: cobrar impostos, dis­
tribuir sesmarias (lotes doados a outros
Portugal percebeu que não conseguiria por colonos), explorar a capitania, adminis­
muito tempo manter o território que havia tomado trar a justiça, escravizar os índios. Deve­
posse nas terras americanas, enviando apenas res: pagar imposto ao rei de Portugal,
expedições, pois a colônia era bastante extensa e a principalmente na extração do pau-brasil, <
H
presença de navios estrangeiros no que hoje é o cuidar da terra, não vender, trocar ou di­ S
O
litoral brasileiro era muito comum. Além disso, vidir a capitania.
O
havia falta de recursos do Estado português para u
Como vimos pelo fato da coroa não ter condi­
colonizar o Brasil e um grande interesse na manu­ ções financeiras de bancar a colonização do Bra­
tenção do lucrativo comércio com o Oriente. u
sil, entregou esta responsabilidade aos donatários. tr*
No entanto, o rei mantinha uma série de privilé­ CO
O Reino Português vai optar pela divisão da H
ÍD
colônia em grandes faixas de terras que seriam gios sobre a exploração da terra, tais como:
O
doadas a nobres, fidalgos e mercadores, para que Monopólio sobre o comércio da capita- CN
esses realizassem a colonização no Brasil. Assim ma; O
a colônia foi dividida em grandes lotes de terras, CO
Direito exclusivo de cunhagem de moe- f—t
as Capitanias Hereditárias.
das;
Algumas capitanias e seus donatários:
■ Direito de 1/5 sobre a produção e metais 3
■ Primeira Capitania do Maranhão: dona­ preciosos encontrados e 4-í
tário João de Barros '*“í
a
1/10 (a dízima) sobre produtos exporta- nj
■ Itamaracá: Donatário Pero Lopes o
dos.
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 19
Contudo, o projeto das capitanias não deu muito brasileira; Dar apoio ao processo colonizador
certo, só prosperando as capitanias de Pernambu­ incentivando a montagem de engenhos e auxilian­
co e São Vicente. As razões desse fracasso foram: do o combate aos índios; Zelar e fiscalizar a arre­
área muito grande das Capitanias, o que dificulta­ cadação dos impostos que cabiam ao rei; Implan­
va o controle do território; poucos recursos dos tar novos cargos administrativos na colônia.
donatários, ataques indígenas e estrangeiros; difi­
O govemo-geral se estabeleceu na capitania da
culdades de comunicação com a Europa e entre as
Bahia, onde Tomé de Souza fundou a cidade de
capitanias.
Salvador, primeira capital da colônia. As capita­
Devido principalmente à falta de recursos, nias continuaram existindo governadas pelos
muitos donatários sequer vieram tomar posse de donatários, que ficavam agora subordinados ao
suas terras na colônia. Era preciso que o rei to­ govemador-geral. Tomé de Souza vem com auto­
masse novas providências para viabilizar a colo­ rização Papal para criar no Brasil o Primeiro Bis­
nização. pado. O primeiro Bispo do Brasil é Frei Sardinha.

Para auxiliar o governador vieram alguns fun­


cionários reais:
OS GOVERNOS GERAIS
Ouvidor-mor — encarregado da Justiça.

Em 1548, foi criado o sistema de Governo Ge­ Provedor-mor — encarregado dos impostos.
ral, mas as capitanias continuaram existindo. Capitão-mor — encarregado da defesa das
Porém, aos poucos, as donatarias iam sendo con­
costas do Brasil.
fiscadas por abandono ou comprados os direitos
dos herdeiros. Assim, elas eram paulatinamente Alcaide-mor — responsável pela segurança.
transformadas em capitanias reais. Em 1759, o
Marquês de Pombal, ministro do rei, extinguiu as
últimas capitanias hereditárias. Fatos importantes ocorreram durante a sua
O governo português foi levado a criar o Go­ administração, como a fundação de Salvador, em
verno Geral porque a grande maioria das capitani­ 1549, para ser a capital do govemo; a chegada dos
as havia fracassado. Também porque havia a primeiros jesuítas, liderados por Manoel da Nó-
necessidade de melhor defender o território de brega; a introdução de gado no Nordeste; funda­
ataques de navios estrangeiros e proteger os colo­ ção de vilas como Santo André, na região planal-
nos dos ataques indígenas. Finalmente, se em tina da capitania de São Vicente; criação do pri­
Portugal havia um sistema administrativo centra­ meiro bispado, na Bahia,
lizado, na colônia não podia ser diferente.
Para instalar a sede do Governo Geral, a Coroa
desapropriou a capitania da Bahia, indenizando Segundo governo geral (1553/1558):
seu proprietário.
O instrumento legal que criou o novo sistema O segundo governador geral do Brasil foi Du­
foi o Regimento de 1548, também chamado Re­ arte da Costa. O seu govemo é tido como fraco,
gimento de Tomé de Souza, nome do primeiro pois ocorreu a invasão francesa na Guanabara,
governador. Ele continha os direitos e deveres dos onde foi fundada a França Antártica, em 1555,
governadores, e pouca modificação sofreu ao (tentativa de estabelecer uma colônia francesa de
longo do período colonial. Cabia a ele coordenar a povoamento no Brasil, de caráter protestante).
defesa interna e externa do território, incentivar a Também é fundado em 25 de janeiro de 1554, o
economia, organizar a administração pública e a colégio São Paulo de Piratininga, por José de
iustica e cobrar os impostos e taxas devidos ao Anchieta, onde hoje é a cidade de São Paulo.
governo metropolitano.
Porém, no seu govemo, os índios se organi­
zam na Confederação dos Tamoios. A tribo dos
Tamoios (quer dizer mais antigo do lugar), orga­
Primeiro governo geral (1549/1553): nizados, impôs resistência ao domínio lusitano,
não só no Rio de Janeiro, mas em todo o litoral
sul, até São Vicente. Em 1575, Antônio de Sale­
Em 1549, chegou ao Brasil o primeiro gover­
ma, com uma força de 400 portugueses e de 700
nador geral, Tomé de Souza, trazendo consigo
índios aliados, provenientes do Espírito Santo,
funcionários, soldados, artesãos e padres jesuítas. derrota a confederação dos Tamoios, pondo fim à
O regimento Geral era a carta que dava auto­ primeira resistência organizada contra o domínio
ridade ao governador, suas obrigações e deveres. português.
As funções do Governo Gera! eram: Exercer a
justiça na colônia; Comandar a defesa da costa
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C u rso de Habilitação ao Q uadro A u xiliar de O ficiais
U nlpré
í
Cunhambebe ação dos jesuítas Nóbrega e Anchieta, que se
ofereceram como intermediários nas negociações,
Foi o chefe da confederação dos gm pos tupi-
conseguiu a paz com os índios, isolou os franceses
nambás, chamada Confederação dos Tamoios,
que foram derrotados. Porém, em uma batalha,
contra os portugueses e seus aliados os tupini-
Estácio de Sá morreu atingido por uma flecha
quins. Consta que era um homem notável pela
tamoia.
capacidade de controlar todos os recôncavos e
angras através de canoas, atacando São Vicente e As dificuldades de comunicação e administra­
Santos, por mar, bem como pela abordagem às ção levaram, em 1572, D. Sebastião, novo rei de
caravelas que passavam por aqueles portos ou Portugal, a dividir o Brasil em dois governos. O
neles fundeavam. Seu nome seria conhecido e governador do Norte, D. Luís de Brito, tinha sob
temido por todos os navegantes da costa, que lhe sua jurisdição as capitanias acima de Porto Segu­
atribuíam os mais espetaculares feitos. Conside­ ro. A capital era Salvador. Ao Sul, com sede no
rado guerreiro excessivamente ousado, não res­ Rio de Janeiro, o governo foi exercido por D.
peitava peças de artilharia e gabava-se de ter Antônio Salema.
comido mais de "dez m il" de seus inimigos.

Dois Governos:
Fatos mais importantes do govemo de Duarte
Um no Norte e outro no Sul
da Costa: a chegada de outro grupo de jesuítas,
entre eles José de Anchieta; estímulo à imigração
de mulheres órfãs para se casarem com colonos; Com a morte de Mem de Sá, o rei nomeou D.
fundação do Colégio de São Paulo, por Nóbrega e Luís de Vasconcelos para ser o quarto governador
Anchieta, em 1554, origem da cidade do mesmo geral da colônia. Ele foi, porém, atacado por pira­
nome; invasão francesa da baía de Guanabara. tas franceses e morreu antes de chegar ao Brasil.

As C â m a ra s M unicipais Com o objetivo de administrar melhor o vasto


território brasileiro, Portugal decidiu, então, divi­
O poder local era exercido nas câmaras muni­ dir a colônia em dois governos distintos:
cipais e os vereadores eram escolhidos entre os
■ o governo do norte, com capital em Sal­
homens-bons, que eram os grandes proprietários
de terra. As Câmaras Municipais sempre defendi­ vador, foi dado a D. Luís de Brito
am seus interesses. O poder político eslava, por­ ■ o governo do sul, com capitai no Rio de
tanto nas mãos dos senhores de engenho. As Câ­ Janeiro, foi dado a D. Antônio de Salema.
maras Municipais eram presididas por um juiz
ordinário, também escolhido pelos “homens A tentativa não teve êxito e. em 1578, Lou-
bons”, e acumulavam vários poderes: abasteci­ renço da Veiga unificou os dois govemos, toman­
mento de mào-de-obra escrava de acordo com as do-se o quinto governador geral.
necessidades da região, cobrança de impostos,
catequese, guerras contra os índios.
Embora o sistema de Govemo Geral tenha si­ O Domínio Espanhot (1580 a 1640) -
do criado para centralizar o poder político, dando União Ibérica
aos governadores gerais amplos poderes, eles não
conseguiam, porém, impor totalmente sua autori­
dade aos senhores de engenho. A classe que do­ Em 1578, o rei português, D. Sebastião, fale­
minava econômica, social e politicamente no ceu sem deixar herdeiros. O rei de Portugal mor­
Brasi! colonial era a dos grandes proprietários de reu lutando na batalha de Alcácer-Quibir, Norte da
terras, chamada a aristocracia rural. África, contra os muçulmanos. Seu tio, o Cardeal
D. Henrique, assume o trono, mas já contava com
sessenta e cinco anos, morrendo então 2 anos
Terceiro Governo Geral (1558/1572): depois que assumiu o trono. Fica então vago o
trono português; o nome mais próximo na linha de
sucessão ao trono é Filipe II da Espanha, que as­
O Govemo de Mem de Sá, terceiro governador sume o trono português. Ele era da dinastia dos
geral, é de pacificação da colônia, segue-se a Habsburgo, se tomando o soberano mais poderoso
proibição de escravizar indígenas. Durante seu que o mundo já conheceu até então. Tinha o ape­
govemo, seu sobrinho, Estácio de Sá fundou o lido de diabo do meio-dia, pois o Sol nunca se
Forte de São Sebastião do Rio de Janeiro, para punha em seu reinado.
servir de base para os ataques aos franceses. Os Apesar da unificação das coroas, Filipe II ten­
portugueses tinham que desfazer a aliança entre tou preservar a imagem de Portugal, não o tratan­
grupos indígenas e franceses. Os nativos tinham do como nação conquistada, mas como um reino
estabelecido a Confederação dos Tamoios, mas a
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar dô Oficiais
U nlpré
independente, que tinha como rei o mesmo rei de h O cafuzo — mestiço do negro com o ín­
Espanha. Este tratamento foi assegurado com a dio
assinatura do juramento de Tomar, 1581. Ele
■ O mameluco, também chamado caboclo,
garantia que Portugal continuaria com suas leis e
mestiço do branco com o índio.
a administração continuaria nas mãos dos portu­
gueses.
O domínio espanhol trouxe várias conseqüên­ Uma teoria de história econômica
cias para a evolução da colônia americana de
Uma forma de avaliarmos economicamente a
Portugal:
história do Brasil colonial é estudarmos os ciclos
■ Foi incentivada a ocupação do interior do econômicos, porém a teoria dos ciclos econômi­
território. cos são numerosas e variadas, mas para o nosso
estudo iremos considerar a representação e dura­
■ A linha de Tordesilhas na prática deixou
ção dos ciclos de cada atividade econômica, com
de existir, já que todas as terras agora pertenciam
expansão e retração de suas atividades. Existem:
à Espanha.
ciclos grandes de 70 anos, ciclos pequenos de 6
■ A primeira visitação do tribunal do Santo anos ou menos, e também os que duram séculos.
Ofício ao Brasil, expulsando os cristão-novos. É importante você entender que esta divisão é
apenas didática e aponta a principal atividade
■ A Invasão Holandesa, pois os holandeses
econômica desenvolvida no período, e junto a
eram inimigos dos espanhóis.
estas atividades existiram diversas outras tais
Nesse período houve a criação da França como: algodão, o tabaco e a produção de cachaça
Equinocial, no Maranhão (3612-1615). Em 1621. (utilizados na troca por escravos na África) o
houve a divisão do Brasil em Estado do Brasil e comércio de couro e produção de alimentos para
Estado do Maranhão. abastecimento intemo, a criação de gado e o tráfi­
co de escravos. Todas estas atividades foram
desenvolvidas ao mesmo tempo na colônia.
Divisão da Colônia durante o governo IV X i Í6 0 0 1700 1800 1900 2000

espanhol l _ _ |

Sec XVI Sét XVll Mc. XVlll 5*< XIX U c Xk


Fau-Brjul Cana-dt-açúcar Wmtraçdo Ca fé litdLivIca

Durante o domínio espanhol houve outra ten­ 1530 mo tB69


U. Ibcfita RcvfifcpeSantl» Ira i. Mtncira fro d. Rcp.
tativa de melhorar a administração do Brasil e
defender o litoral contra a invasão dos franceses. MEflCATILlSMO CAPITALISMO

Em 1621, o território brasileiro foi outra vez divi­ Rcvoluçio Induitról

dido, desta vez em dois grandes estados. As diver­ Vamos analisar o gráfico abaixo:
sas capitanias passaram a ser administradas em
dois blocos que durariam até 1774. Eram eles:
■ Estado do Grão-Pará e Maranhão (da O Ciclo do Pau-brasil
Amazônia ao Ceará): a capital era São Luís.
Transformou-se mais tarde em Estado do Grão
Pará, com capital em Belém. O pau-brasil era conhecido na Europa desde os
COLONIAL

tempos medievais. Os árabes traziam essa madeira


■ Estado do Brasil (do Rio Grande do Nor­ da índia, através do Mar Vermelho. Como o inte­
te ao Rio Grande do Sul): a capital em Salvador. resse mercantil da metrópole estava voltado para o
A partir de 1763 a capital passou a ser o Rio de Oriente, o governo adotou a prática do arrenda­
Janeiro. mento da exploração.
02 O SISTEMA

Havia abundância de pau-brasil ao longo do li­


A form ação do povo brasileiro toral, desde a Paraíba até o Rio de Janeiro. E o
primeiro grande interessado na exploração foi
Femão de Noronha, um cristào-novo (expressão
O povo brasileiro foi formado a partir de três que designava os judeus da península Ibérica,
diferentes etnias: o índio americano, o branco convertidos ao cristianismo, para escapar das
HIS

europeu e o negro africano. Da miscigenação perseguições da Inquisição). Em 1502, ele com­


desses três grupos surgiu um povo com vários prometeu-se a enviar para Portugal, anualmente,
Capitulo:

tipos de mestiços: seis navios carregados de madeira e, ainda, a


explorar as costas brasileiras. O governo portu­
h O mulato — mestiço do branco com o guês receberia tributos sobre o valor da madeira
negro descarregada.

w w w . unipr.e . com. br
22 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
O trabalho dos indígenas era voluntário. Tra­ Assim, Portugal colocou-se em uma posição
balhavam em troca de pequenos objetos reluzen­ intermediária. O Brasil produzia açúcar, exporta­
tes (espelhos) ou de utensílios como facas, ma­ do para Portugal e, posteriormente, a maior parte
chados, tesouras etc. O trabalho era obtido através seguia para a Holanda, para ser distribuída no
do escainbo. ou seja, a troca de produtos e servi­ mercado europeu. Embora, certamente, todos os
ços. Mas a exploração do pau-brasil nào foi res­ três se beneficiassem, o lucro maior pertencia aos
ponsável diretamente nela colonização do pais. As holandeses por estarem em contato direto com os
feitorias eram abandonadas quando a madeira em maiores consumidores. Além disso, os holandeses
torno delas se esgotava. Femão de Noronha pror­ possuíam vasta rede de comercialização na Euro­
rogou o contrato de arrendamento até 1515. pa.
A produção açucareira tinha por base o PLAN-
TATION, cujas características fundamentais eram a
O Ciclo do Açúcar
produção ser voltada para a exportação, grande
propriedade (latifúndio), monocultura e utilização
de mão-de-obra escrava, predominantemente
O açúcar era uma especiaria rara na Europa 110
negra.
início dos Tempos Modernos. Originário da índia,
era trazido pelos mercadores italianos que o com­ Diversos fatores colaboraram para a utilização
pravam dos árabes. do escravo negro. A inadaptabilidade do índio ao
trabalho sedentário; o fato de que entre os índios o
A grande procura, bons preços, a facilidade de
cuidado com as plantações era uma tarefa femini­
colocação do produto no mercado europeu e a
na; sua forte resistência à escravização, procuran­
perspectiva de enormes lucros estimularam, no
do fugir. A maior motivação para a substituição
século XV, o plantio da cana nas ilhas do Atlânti­
da mão-de-obra indígena pela do escravo negro
co (Madeira, Açores, Cabo Verde, São Tomé)
foi financeiro.
com bons resultados. Contudo, foi no Brasil que a
lavoura alcançou grande extensão e sucesso. O uso do africano se ajustava aos interesses
dos colonos, pois era trazido na condição de es­
O litoral nordestino apresentava condições na­
cravo já adaptado ao trabalho agrícola; o tráfico
turais favoráveis para o plantio. Solo de massapê e
era benéfico ao governo português, que cobrava
clima quente e úmido beneficiavam a lavoura
impostos sobre a mercadoria importada.
canavieira. Porém, a produção açucareira exigia
grandes investimentos na instalação do engenho
nos transportes, na aquisição de mão-de-obra
escrava negra e na comercialização do produto na O engenho
Europa, em um momento em que Portugal se
Três eram os elementos arquitetônicos básicos
encontrava descapitalizado. A solução foi conse­
de uma fazenda canavieira: a casa-grande, resi­
guir um sócio capitalizado.
dência do senhor de engenho, que nela vivia com
Desde a criação da rota marítima Mediterrâneo - sua família e agregados, símbolo do seu poder,
mar do Norte, contornando a península Ibérica, pois também era o local de onde ele administrava
havia uma estreita vinculação comercial entie toda a propriedade; a senzala, habitação coletiva
Portugal e os Países Baixos. Quando os judeus do escravos, e a capela, local de serviços religio­
foram expulsos de Portugal, muitos optaram por sos.
COLONIAL

se estabelecer, com os seus capitais e navios, na


Inicialmente, devido às dificuldades de comu­
Holanda.
nicação com a Metrópole, a importação de produ­
Os holandeses financiaram a instalação de enge­ tos artesanais era custosa. Assim, procurou-se
nhos, antevendo grandes lucros, Reservaram para produzir tudo o que era possível no próprio enge­
si a comercialização do açúcar no mercado euro­ nho. Geralmente, havia um mestre marceneiro,
02 0 SISTEMA

peu, que inclusive era refinado em Amsterdã. assalariado, encarregado da manutenção das peças
do engenho. Posteriormente, os senhores de enge­
nho passaram a adquirir produtos vindos da Euro­
pa, importando desde utensílios domésticos até
remédios e produtos alimentícios. O que os des­
capitalizava.
HIS
Capitulo:

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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 23
Inicialmente, devido às dificuldades de comunica­ A principio, o gado era criado na própria fa­
ção com a Metrópole, a importação de produtos zenda canavieira, fornecendo força de tração,
artesanais era custosa. Assim, procurou-se produ­ transporte, alimento e matéria prima (couro).
zir tudo o que era possível no próprio engenho. Entretanto, à medida que ocorreu a expansão da
Geralmente, havia um mestre marceneiro, assala­ área cultivada, a criacão de gado foi deslocada
riado, encarregado da manutenção das peças do para o interior. As terras do litoral foram reserva­
engenho. Posteriormente, os senhores de engenho das para o cultivo da cana, uma vez que eram
passaram a adquirir produtos vindos da Europa, mais férteis. Afinal, o açúcar propiciava o grande
importando desde utensílios domésticos até remé­ lucro para a Metrópole.
dios e produtos alimentícios. O que os descapita­
No sertão organizou-se uma criação extensiva
lizava.
e itinerante, influenciada pelas condições geográ­
A cana era trazida ao engenho em carros de ficas. Era uma forma primitiva de criação. O gado
boi. Na casa da moenda, ela era moída em cilin­ era criado solto, até mesmo itinerante, no campo,
dros rotativos, movidos por força animal (trapi- sem cuidados especiais. O que permitiu expandir
che) ou hidráulica (engenhos reais). Como o ele­ a fronteira da colônia portuguesa para o interior
mento principal na produção do açúcar era o en­ do continente.
genho, toda a propriedade passou a ser chamada
As fazendas de criação espafharam-se pelo
de engenho.
sertão do Nordeste, no século XVII, de preferên­
Muitos fazendeiros não tinham capital, próprio cia ao longo dos cursos d ’água. Muitas fazendas
ou em forma de empréstimo, para construir o seu possuíam mais de três léguas de extensão. A pene­
engenho. Plantavam cana e utilizavam um enge­ tração do gado no Nordeste foi facilitada pelo rio
nho próximo para produzir açúcar. Eram as “fa­ São Francisco, o “Rio dos Currais” , pela vegeta­
zendas obrigadas”. O pagamento pelo uso do ção rasteira e pela presença dos “lambedouros”
engenho correspondia à metade do açúcar obtido (barrancos de sal bruto).
(meação).
O gado bovino fornecia carne e leite para con­
O litoral nordestino tomou-se o maior produ­ sumo, além do couro, matéria-prima para o arte­
tor mundial no final do século XVI (1580). O sanato. Os engenhos movidos a força animal ne­
mercado europeu estava em expansão e não havia cessitavam de muitos bovinos, muares e eqüinos.
grande concorrência internacional.
O transporte do açúcar era feito em lombo de
Mas esta situação se modificou quando os ho­ burro, daí a importância da criação desses animais
landeses passaram a produzir açúcar nas Antilhas, para a empresa açucarei ra.
a partir da metade do século XVII (la grande
As fazendas de criação no sertão expandiram-
crise). Agravou-se a crise com a grande descober­
se rapidamente. Eram estabelecidas com relativa
ta de ouro, na última década desse século, ocor­
facilidade, pois não havia tanta necessidade de
rendo o deslocamento do eixo econômico do Nor­
capital. O vaqueiro (peão) era pago pelo proprie­
deste para o Centro-Sul.
tário com uma cria a cada quatro nascidas e man­
tidas vivas. Portanto, a mão-de-obra era livre e
assalariada (em espécie), e predominava o mame-
Pecuária luco, cruza das etnias branca e indígena.
A interiorizacão das fazendas de gado alargou
COLONIAL

A introdução do gado bovino no Brasil ocor­ imensamente as áreas de colonização portuguesa.


reu com a expedição de Martim Afonso de Souza, No século XVII, praticamente todo o sertão nor­
quando os primeiros animais foram trazidos para destino estava ocupado, ainda que por uma popu­
São Vicente. A necuária se desenvolveu em con­ lação pequena e esparsa. No século seguinte ocor­
dição subsidiária da lavoura canavieira, embora de reu a expansão da pecuária (bovinos e muares)
02 0 SISTEMA

grande importância para a economia colonial. nos campos sulinos,


A pecuária desenvolveu-se no sul devido às .
grandes pastagem, que facilitavam o crescimento
dos rebanhos. Depois da destruição das missões,
o gado espalhou-se pelo sul do Brasil. No fim do
século XVII, paulistas e espanhóis capturaram o
HIS

gado sem dono. Os paulistas fundaram Laguna e


Paranaguá, os espanhóis fundaram Buenos Aires.
Capitulo:

Criavam, além de bois, burros e cavalos, que


eram vendidos nas regiões das minas. Desse mo­
do, a pecuária cresceu no sul como atividade
complementar da mineração. _____ ________ j

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24 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Unlpré*
A importância histórica desses produtos refe­
re-se no fato de representarem a base econômica
Os Escravos para a posse da Amazônia, além de constituírem,
também, incentivo para o desbravamento do inte­
rior do país em geral, sendo, portanto e para além
Para montar a empresa açucarei ra, era neces­ de uma tentativa do Estado para recujieim- uma
sária mão-de-obra em grande quantidade. Os posição de controle do mercado europeu de espe­
índios foram os primeiros a serem escravizados, ciarias, a in te n sifíc ^ o úa busca de drogas do
mas foram lentamente sendo substituídos pelo sertão pode.tamKm ser considerada como um dos
negro africano. Os motivos foram: a diminuição vetore1- influiu no movimento de colonização
drástica do número de indígenas no litoral, a opo­ oconido no Norte do Brasil como reação à pre­
sição da igreja católica a escravização do indio e o sença de europeus em território luso-brasileíro.
fato do comércio negreiro trazer mais lucros pni.i
a coroa. Estes produtos eram extraídos com a explora­
ção da mão-de-obra indígena e permitiram como
Os africanos vinham pam o Hiasil, transporta­ já foi dito a fixação de núcleos de povoamento e
dos em navios negreircs também conhecidos catequese dos índios da região.
como navios himbeiros, pois em média morriam
40% dos escravos por eles transportados.
Os africanos que vinham para o Brasil eram Outras atividades econômicas
basicamente de duas etnias: bantos (Angolanos e
Moçambicanos) e os sudanenes (Nigerianos, Gui­
né e Males). O trabalho escravo foi então o sus- Outras atividades econômicas de destaque
tentáculo da sociedade colonial brasileira. O tráfi­ eram: o tabaco, o algodão e agricultura para o
co negreiro tornou-se um lucrativo comércio. abastecimento interno - o primeiro era produzido
Eram vendidos nos mercados, dormiam nas sen­ principalmente na Bahia e era exportado para a
zalas e em troca de seu trabalho recebiam apenas África, sendo utilizado no escambo do comércio
roupas e comida para a sobrevivência. Os negros negreiro. Integrava o comércio entre Brasil, Por­
reagiam à escravidão evitando a reprodução (para tugal e África.
que os filhos não nascessem escravos), cometendo
O algodão predominou no Maranhão, na se­
suicídio, matando feitores, capitães-do-mato e
gunda metade do século XVIII, voltado para o
senhores ou fugindo para quilombos.
abastecimento da nascente indústria têxtil inglesa.
Quilombos eram comunidades formadas por Era uma atividade monocultora, latifundiária e
negros, índios e todos aqueles que por algum escravista, tal qual o açúcar. Seus momentos de
motivo, haviam escapado da relação com senho­ apogeu estiveram vinculados ao declínio da con­
res. O mais importante foi o Quilombo dos Pal- corrência norte-americana, por problemas internos
mares, localizado no atual estado de Alagoas, que (guerra de independência, no século XVIII; e
permaneceu por quase um século. Milhares de guerra de secessão, no século XIX).
negros viviam em Palmares, em uma área de cerca Agricultura para abastecimento intemo ou de
de vinte e sete mil quilômetros quadrados. Produ­ Subsistência era realizado junto as principais
ziam cana-de-açúcar, milho, feijão, mandioca, atividades econômicas. Por exemplo, cada enge­
banana e batata-doce. Em 1694 foi destruído pelo nho possuía uma pequena área destinada à produ­
paulista Domingos Jorge Velho, contratado pelos
COLONIAL

ção de alimentos (mandioca, milho, feijão, etc.).


senhores nordestinos. Em 1695 foi assassinado Com o desenvolvimento da colonização, surgiram
Zumbi, o maior líder negro da História do Brasil. diversas áreas destinadas exclusivamente ao abas­
tecimento interno.
Drogas do Sertão
02 O SISTEMA

A exploração das minas (ouro e


Expressão que designa espécies e produtos ve­ diam antes)
getais nativos da Amazônia, extraídos pelos euro­
peus, principalmente portugueses, ao constatar
que essas espécies poderiam substituir as que Na segunda metade do século XVII Portugal
haviam encontrado no Oriente. Eram elas a coleta: encontrava-se em uma crise profunda. As rendas
HIS

de cacau, de gengibre, da canela, da pimenta, do do governo caíram acentuadamente. Os mercados


cravo e da noz-moscada orientais, castanha do produtores açucareiros mais capacitados desloca­
Capitulo:

Pará e, em menor escala, de óleo-de-cupaíba, de vam o açúcar brasileiro do comércio internacio­


salsaparrilha, de algodão silvestre, de anil e de nal.
baunilha, produtos abundantes na floresta equato­ A pobreza dos paulistas os forçava a percorrer
rial amazônica. o sertão em busca de riquezas. Lendas sobre ri­

www.unipré.com,br
C u rso de H abilitação ao Q uadro A u xiliar de O ficiais 25
ipré»
quezas fantásticas povoavam sua mente, como sendo o número de escravos o critério para a dis­
uma serra coberta de metal precioso (“sabara- tribuição. Após a distribuição, os mineradores
buçu”). Nessa conjuntura, a própria Coroa os tinham o prazo de 40 dias para começarem a ex­
incentivava por meio de títulos, honrarias e con­ ploração, sob pena de devolução.
cessões de terra.
Mesmo com a organização inicial, havia um
E o desejo se tomou realidade. Em 1693, o intenso contrabando de ouro, o que representava
bandeirante Antônio Rodrigues Arzão encontrava um grande prejuízo para a coroa. Desta forma, o
ouro na região do atual estado de Minas Gerais. rei decide estabelecer as Casas de Fundição, cuja
Em 1719, Pascoal Moreira Cabral, achava ouro finalidade era reunir todo ouro extraído, quintar o
em Cuiabá. Dez anos depois, Bernardo da Fonse­ ouro, ou seja, retirar 1/5 do ouro, paite que cabia à
ca Lobo descobria diamantes no Tijuco, região do coroa, e transformar todo o ouro em barras nume­
Cerro Frio, hoje Diamantina (MG). radas que poderiam circular na colônia. A partir
Iniciava-se, então, uma verdadeira corrida ao do estabelecimento das Casas de Fundição, ficou
ouro no Brasil, atingindo as demais capitanias e a proibida a circulacâo do ouro em d ó o u em pepi­
metrópole. O número de pessoas que saíam de tas. O sistema de impostos que vigorou nas Minas
era:
Portugal era tão grande que regiões inteiras fica­
ram despovoadas de população adulta masculina. B 1/5 do ouro — 20 % de toda produção
pertencia ao rei.
Como a possibilidade de enriquecimento era
muito grande, pessoas de todas as camadas sociais h Capitação — cobrada sobre o número de
deslocavam-se para as regiões de mineração. escravos que o mineiro possuísse.
Brancos, pretos forros, mulatos, índios, plebeus
pobres e nobres ricos, padres, comerciantes, arte­ ■ Cotas os Fintas anuais — determinavam
sãos, marginais, mas, em geral, aventureiros. que uma quantidade de ouro devesse ser enviada
para Portugal, em princípio foram estabelecidas
30 arrobas que chegaram a 100 arrobas.

Os diam antes
OCEANO

A 7LÁNTtCO A intervenção estatal na empresa mineradora


foi levada ao extremo na extração dos diamantes.
EeooíVnKJi As primeiras descobertas ocorreram em 1729, na

região do Arraial do Tijuco (atual Diamantina),
pertencente à comarca do Serro do Frio, sendo
As minas brasileiras ocupavam uma vasta re­ imediatamente declarado que todos os minerais
gião compreendida entre a serra da Mantiqueira e encontrados pertenciam à coroa. Eram explorados
a região de Cuiabá, atuais Estados de Minas Ge­ pelo regime dos contratos para a mineração a um
rais, Goiás e Mato Grosso. Eram depósitos aluvi- ou mais indivíduos, neste caso associados, que
ais (de superfície) recentes. Este fato tomou des­ podiam empregar nas lavras até 600 escravos.
necessário o emprego de grandes capitais e mão- Foram arrematantes João Fernandes de Oliveira e
de-obra especializada na sua exploração. Nos Francisco Ferreira da Silva, de 1740 a 1748, e
COLONIAL

locais em que os veios se aprofundavam na terra, Felisberto Caldeira Brant e irmãos, de 1749 a
a exploração era abandonada pela deficiência 1752, e o mesmo João Fernandes de Oliveira e
técnica, buscando-se novas áreas. seu filho de igual nome, famoso pela companheira
Chica da Silva, até o final do período.
Mas, como era feita a exploração? Veja, em
02 O SISTEMA

princípio, logo após a descoberta do ouro, por Foi esta a fase de apogeu da extração de dia­
volta de 1695 na região de Minas Gerais, milhares mantes, cuja entrada no território europeu era
de pessoas seguiram para o locai o que acabou severamente regulamentada (decreto de 1753)
motivando conflitos. visando à manutenção dos elevados preços. Os
batalhões dos dragões asseguravam as medidas
A fim de organizar a exploração, a coroa por­ drásticas adotadas pela Intendència dos Diaman­
tuguesa criou em 1702, a Intendència das Minas, tes, diretamente subordinada a Lisboa, não havia
HIS

órgão responsável pela demarcação, distribuição Câmara Municipais, juizes ou tribunais, tudo se
de datas e cobrança de impostos. A distribuição subordinando à vontade do intendente, mesmo as
Capitulo:

das datas (lotes de terras para exploração) seguia entradas e saídas da área.
os seguintes critérios: ao descobridor da jazida
cabiam duas datas (uma como descobridor e outra Apesar dc tamanha severidade existiam a mi­
como mineiro), ao rei e ao guarda-mor outras neração e o comércio ilícito de diamantes, reali­
duas. As restantes eram distribuídas por sorteio, zado pela figura lendária do garimpeiro, persegui­
do pela administração, venerado pelo povo, e
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26 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Uniprá»
tendo na geografia acidentada da região o seu ■ A exploração da Colônia Fica bem carac­
maior aliado. A partir de 1771 a exploração dos terizada na cobrança do “quinto”, que nem sempre
diamantes coube exclusivamente à coroa portu­ obedeceu às mesmas normas. As Casas de Fundi­
guesa, sem contratadores, Veja na figura a seguir ção: só tinha valor o ouro fundido e marcado com
a extração de diamantes sob forte vigilância. o selo Real, sendo proibida a circulação de pepitas
ou do ouro em pó. Durante a fundição era deduzi­
Com a mineração surgiu o tropeirismo, pois o
do o quinto da Coroa, derivando daí, a expressão
gado necessário para a região das minas vinha do
“quintar o ouro”;
Sul do Brasil. Surgiu o Caminho do Viamão,
ligando essa cidade a Sorocaba, em São Paulo. Ao hi Surgimento de novos grupos sociais
longo desse caminho foram surgindo inúmeras (comerciantes, médicos, etc.), formando uma
cidades. camada intermediária urbana;
Com a transferência do centro econômico para fl Transferência da capital de Salvador para
o cenLro-sul do Brasil, houve a mudança da capital o Rio de Janeiro;
para o Rio de Janeiro, em 1763.
■ Mudança do eixo econômico para o Cen-
A mineração acabou acarretando uma acumu­ tro-Sul;
lação de capital na Inglaterra, que era para onde ia
■ Interligação econômica entre as diversas
a maioria das riquezas do Brasil, pois Portugal
regiões;
pagava as manufaturas que comprava dos ingleses
com o ouro brasileiro. Essa riqueza acabou aju­ ■ Interiorização da colonização que antes
dando a Revolução Industrial da Inglaterra. estava fixada no litoral;
M Desenvolvimento do Rio de Janeiro,
principal porto de embarque do ouro para Portu­
Transform ações na colônia gal;
a Desenvolvimento de um mercado inter­
A descoberta do ouro acarretaria profundas no.
transformações na vida da colônia. A primeira
delas está ligada ao surto demográfico: o Brasil
que possuía cerca de 300.000 habitantes, em A importância da vida urbana
1700, passará para 3.000.000 cem anos depois.
Este crescimento é devido ao fato de que, além do
natural fascínio exercido pelo ouro (chance de Nas regiões de mineração, os arraiais, embri­
elevação social), a atividade mineradora surge ões de núcleos urbanos, facilitavam a prática do
numa época de crise econômica no Império Por­ comércio. Os garimpeiros necessitavam de um
tuguês. local onde pudessem negociar o metal obtido e
adquirir os produtos de que precisavam para a sua
Para a região mineradora são atraídos os ele­
subsistência e instrumentos nas lavras.
mentos marginalizados pela crise da lavoura açu-
careira e a população das regiões pobres da colô­ A mineração fez com que surgissem centros
nia. De Portugal, cada ano, chegava levas de imi­ urbanos dinâmicos, o que permitiu o desenvol­
grantes. Na Metrópole sucediam-se sem interrup­ vimento de uma arquitetura colonial mais original
ção as leis colocando empecilhos à emigração no século XVIII. A distância em relação ao litoral
COLONIAL

com resultados pouco práticos. O português, o forçava o uso de material local, como telhas colo­
futuro emboaba, que antes não via oportunidade niais e pedra-sabão. O barroco dominava a deco­
de progredir no Brasil, agora vê um novo horizon­ ração interna das igrejas de Minas, Bahia, Rio de
te, longe da Metrópole decadente. Janeiro e Pernambuco. A ornamentação exagerada
A economia açucareira era uma economia de manífestava-se nas rebuscadas colunas e entalhes
02 O SISTEMA

grandes proprietários, onde nenhum homem livre de madeira. Tudo revestido de ouro, refletindo nos
com reduzido capital poderia fazer riqueza, a templos as riquezas extraídas das minas. Um
economia mineira ao contrário era uma economia verdadeiro convite e estímulo para as pessoas
de pequenos capitais, onde até ex-escravos como adentrarem os locais sagrados.
Chico Rei poderiam enriquecer, dando oportuni­
dade ao homem livre de elevar-se socialmente.
HIS

Assim compreendemos como aumentou o fluxo As invasões estrangeiras - Os franceses


migratório para o Brasil.
Capitulo:

b : N o ano de 1709 foi criada a capitania de A primeira invasão francesa, comandada por
São Paulo e Minas de Ouro, destacada do Rio de Nicolau Durand de Villegaignon, ocorreu em
Janeiro, suprimindo a hereditária de São Vicente; 1555, quando os franceses invadiram o Rio de

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Curso de Habiülação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 27
U nipré
Janeiro, fundando uma colônia chamada FRANÇA Os Holandeses na Bahia (1624-1625)
AN TÁ RTICA.

Construíram um forte e aliaram-se aos Ta- Quando invadiram a Bahia, por ser a capital e
moios, índios da região revoltados contra os por­ a segunda região produtora de açúcar, os holande­
tugueses, que estavam unidos na Confederação ses não esperavam que a Espanha reagisse, pois o
dos Tamoios. rei espanhol olhava com desprezo a economia
Os padres Manoel da Nóbrega e José de An- agrícola brasileira, que não podia ser comparada
chieta conseguiam pacificar os índios rebeldes e com a do Peru, o maior produtor mundial de ouro
uniram-se contra os franceses aos índios temini- e prata.
nós, chefiados pelo cacique Araribóia. Em 1567, De fato, os holandeses entraram em Salvador
durante a administração do governador geral Mem com a maior facilidade e até prenderam o gover­
de Sá, após doze anos de luta, os franceses foram nador, Diogo de Mendonça Furtado, que foi
expulsos, com a ajuda de Estácio de Sá, sobrinho enviado para a Holanda. Mas não puderam sair da
do governador. capital, pois a população local, liderada pelo bispo
D. Marcos Teixeira, que substitui o governador,
Em 1612 os franceses voltaram a invadir o
logo organizou a resistência, promovendo ataques
Brasil e fundaram, no Maranhão, uma colônia,
de emboscadas aos invasores.
que chamaram de FRANÇA EQUINOCIAL. Os
franceses permaneceram por três anos no Mara­ D. Marcos Teixeira conseguiu reunir todos os
nhão e fundaram a cidade de São Luís, cujo nome baianos, inclusive os indígenas, na luta contra os
é uma homenagem ao rei francês Luís XIII. Em invasores: ele afirmava que o que estava em peri­
1615 foram expulsos por Jerônimo de Albuquer­ go era a religião católica, ameaçada pelos holan­
que e Alexandre de Moura. deses protestantes. A luta então tomou contornos
de lutas religiosas que culminaram com a expul­
são dos holandeses da Bahia.
Os Holandeses

Os Holandeses em Pernambuco (1630­


Se Portugal e suas colônias não tivessem pas­ 1654) - Brasil Holandês
sado para o domínio da Espanha, a Holanda difi­
cilmente teria invadido o Brasil.
■ Derrotada na Bahia, a Companhia das
Sempre foram muito boas as relações entre
índias Ocidentais ficou em péssimas condições
portugueses e holandeses:
financeiras, sem poder organizar nova invasão ao
■ Transportado por navios holandês e refi­ Brasil. Mas, em 1627, Pieter Heyn, um corsário a
nado na Holanda, o açúcar era também distribuído serviço da Companhia, conseguiu apoderar-se da
pelos portos da Europa por comerciantes desse Frota de Prata, que levava todo ano para a Espa­
país; nha grande carregamento de ouro e prata do Mé­
xico e do Peru.
■ Banqueiros holandeses emprestavam di­
nheiro aos senhores de engenho para desenvolver o Quando planejaram a invasão de 1630, os
a indústria açucareira. holandeses escolheram Pernambuco porque era a
COLONIAL

capitania mais rica da colônia, com grande produ­


A participação holandesa no comércio do açú­
ção de açúcar, e era capitania particular e, por
car não pôde continuar a partir de 1580, quando
isso, devia estar ainda menos fortificada do que a
Portugal passou para o domínio da Espanha (Uni­
Bahia, sede do govemo-geral.
ão Ibérica). A Holanda tinha estado sob domínio
espanhol e, como era protestante, passou a sofrer Os holandeses chegaram numa grande esqua­
02 O SISTEMA

perseguições religiosas. Devido a isso, lutou para dra e facilmente tomaram Recife e Olinda (1630).
ficar livre da Espanha católica. Em 1581, ocorreu O governador de Pernambuco, Matias de Albu­
sua independência. querque, sem condições de rechaçar os inimigos,
Para não ter sua economia esgotada, pois a resolveu evitar, pelo menos, que ampliassem suas
Espanha proibiu o comércio entre a Holanda e o conquistas. Os resistentes concentraram-se num
Brasil, os comerciantes holandeses fundaram a fortim no meio da mata, o Arraial do Bom Jesus,
HIS

Companhia das índias Ocidentais (W.I.C) para tomando-o centro de suas ações guerrilheiras. Ali
organizar expedições e ocupar domínios espa­ organizavam emboscadas e impediam as comuni­
Capitulo:

nhóis e portugueses na Ajnérica e na África. Foi cações entre Recife e Olinda.


essa companhia a responsável pela invasão holan­ Com os holandeses encurralados no Recife,
desa no Brasil. esperava-se, a qualquer momento, sua rendição.
Entretanto, a passagem para o lado do inimigo,

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28 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
ipre*
depois de um desentendimento com Matias de contra a dominação holandesa, que culminou com
Albuquerque (1632), de Domingos Fernandes a expulsão destes do Nordeste eni 1654.
Calabar, veio mudar completamente a sorte da
guerra, pois o mesmo tinha muita experiência na
luta de guerrilha e emboscada. A expansão territorial
Em 1635, quando caiu o úítimo reduto per­
nambucano, o Arraial do Bom Jesus, só restou a
A colonização começou como era natural, pelo
Matias de Albuquerque retirar-se para Alagoas,
litoral, ponto principal de entrada em nosso terri­
no que foi acompanhado por milhares de pessoas.
tório. Antes da fundação das capitanias, espalha­
vam-se pela costa algumas feitorias. Com a expe­
dição colonizadora de Marti m Afonso de Souza
Adm inistração de Nassau (1637-1644) começaram a surgir as vilas (a primeira foi São
Vicente). Com a instituição das capitanias, em
cada uma delas surgiu uma vila principal, mas
O primeiro cuidado de Maurício de Nassau somente com a instituição do Governo Geral, em
(enviado para governar os domínios holandeses 1548, é que são fundadas as primeiras cidades:
no Brasil), quando chegou ao nosso país, foi es­ Salvador, Rio de Janeiro e Filipéia de N. S ra das
tender para o sul o domínio da Holanda até o rio Neves (atual João Pessoa).
Sào Francisco e, à sua margem, fundou o forte
Maurício. Para o Norte, íevou a conquista até o
Ceará e o Maranhão. Apenas a Bahia escapou à
Conquista do interior e do litoral
invasão holandesa.
nordestino
Para restabelecer a economia canavieira, era
necessário reparar os engenhos danificados pela
guerra. Para isso, Nassau com ajuda da Compa­ Os franceses freqüentavam o litoral nordesti­
nhia das índias Ocidentais emprestou dinheiro aos no, na região conhecida como litoral do pau-
proprietários a juros baixos e longo prazo. brasil. Não somente havia contínuo comércio de
O mais difícil, porém, seria abastecer os enge­ pau-brasil, mas ainda estabelecimentos fixos.
nhos de escravos, pois os centros fornecedores na Devido a isso, o governo enviou ao interior a ao
África estavam sobre domínio da Espanha; Nas­ litoral do Nordeste as chamadas expedições ofici­
sau teve, por isso, de conquistar Angola, porto ais.
africano sobre domínio dos portugueses a partir de Em 1589, Cristóvão de Barros, com uma forte
então. expedição militar, derrotou os índios chefiados
Em 1640, houve a Restauração: Portugal liber­ por Boipeba e fundou a cidade Real de São Cris­
tou-se do domínio da Espanha. Por não poder tóvão do Rio de Sergipe, subordinando a região,
enfrentar, ao mesmo tempo dois inimigos, Espa­ Sergipe d’EI Rey, à capitania Real de todos os
nha e Holanda, o rei D. João IV preferiu assinar Santos (Bahia).
com o governo holandês uma trégua. Os índios da região (Potiguares) eram aliados
Por essa trégua, Portugal reconhecia por dez dos franceses, com quem faziam escambo de pau-
anos as conquistas holandesas, o que deveria brasil e aves nativas, portanto inimigos dos portu­
gueses. Com a presença de unia esquadra espa­
COLONIAL

provocar violentos protestos dos colonos. Mas isto


não aconteceu, porque todos estavam satisfeitos nhola na Bahia, organizou-se uma forte expedição
com a administração de Nassau. Nem mesmo pernambucana por terra que, com navios portu­
podiam queixar-se da diferença de religião entre gueses, fundou em 1584 o forte de São Felipe e a
vencidos e vencedores, pois foi permitida a práti­ cidade de Filipéia de N. Sr.11das Neves, em home­
nagem ao rei Felipe II de Espanha (atual Joâo
02 0 SISTEMA

ca de todos os cultos.
Pessoa).
Devido aos altos custos de seu governo, Nas­
sau também promoveu a reforma urbana de Reci­ Outra expedição foi organizada para conquista
fe. A W1C, insatisfeita com os resultados de seu do Rio Grande do Norte e do Ceará, chefiada por
governo, o substituiu em 1644, por uma junta de Manuel de Mascarenhas Homem e Jerónimo de
três comerciantes que resolveu cobrar imediata­ Albuquerque. Derrotando os inimigos, a expedi­
mente as dívidas em atraso de todos os senhores ção alcançou o rio Potengi, em cuja foz se havia
HIS

de engenho. estabelecido os franceses, nos fins de 1597. Fun­


dou-se, a 25 de dezembro de 1599, a cidade de
Capítulo:

Além disto, os novos governadores do Nordes­ Natal e o forte que a protege: Reis Magos. O con­
te holandês determinaram o fim da liberdade reli­ quistador do Ceará (Núcleo de Nossa Senhora do
giosa impondo o protestantismo e diminuíram a Amparo — Fortaleza) foi o tenente Martim Soares
participação dos proprietários nas decisões políti­ Moreno, que se aliou ao chefe potiguar Jacaúna e
cas. Todas estas medidas provocaram uma revolta repeliu um desembarque dos franceses. Em 1611,
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 29
Umlpré»
fundou um forte perto da atual cidade de Fortale­ Resumo das conquistas
za.
territoriais
Com a conquista do Ceará era preciso expulsar
os franceses do Maranhão, e assim dominar a foz Ocupação do litoral: feitorias; vilas; cana-de-
do rio Amazonas. Ali estava sendo estabelecida açúcar; luta contra os invasores.
uma colônia Francesa, a França Equinocial. Desde
Conquista da Amazônia: forte de N. Sra.; ex­
1594 haviam desembarcado na ilha do Maranhão.
pedição de Pedro Teixeira; ocupação missionário;
Em 1614, uma forte expedição composta de bandeiras; drogas do sertão.
portugueses, brasileiros e índios, sob a chefia de
Conquista do centro-sul: Bandeiras: expedi­
Jerônimo de Albuquerque e do sargento-mor
ções; ciclos das bandeiras; caça ao índio; ouro;
Diogo de Campos Moreno, conseguiu alcançar o
diamantes; Conquista do Sul: expedições espa­
Maranhão, fundando o forte de Santa Maria, em
nholas; missões; sete povos; Colônia de Sacra­
frente à ilha ocupada pelos franceses.
mento.
A corte de Madri não admitiu a possibilidade
de dúvida quanto ao direito da coroa portuguesa
àquelas terras e e terminou a remessa de mais
A INTERIORIZAÇÃO E A FORMAÇÃO
forças. Aumentaram, assim, a pressão dos luso-
DAS FRO N TEIRAS
brasileiros. Jerônimo de Albuquerque fundou
novo forte na própria ilha do Maranhão. Em 1615,
os franceses estavam expulsos.

Entradas
Conquista do Grão-Pará

Expedições organizadas pelo governo (ofici­


Na baía de Guajará foi então fundado o forte ais) com o objetivo de explorar o interior do país.
do Presépio, que deu origem à atual cidade de Eram expedições de reconhecimento e aberturas
Belém do Pará. O rio Amazonas tinha sido explo­ de vias de transporte. A primeira entrada foi orga­
rado no séc. XVI pelos espanhóis. Francisco de nizada por Américo Vespúcio em 1503, partindo
Orellana, vindo do Peru, descera o Amazonas até de Cabo Frio.
foz.
A mais importante de todas as entradas baia­
Toda a bacia amazônica era freqüentada por nas foi a de Gabriel Soares de Souza, que passou
holandeses e ingleses que vinham comercializar longos anos em Madri pleiteando auxílios e van­
com os índios. tagens para suas descobertas. Ficou conhecido por
O bandeirante Pedro Teixeira funda o forte de ter escrito o Tratado Descritivo do Brasil (1587),
Tabatinga. No entanto é através da exploração das um tratado que constitui um dos primeiros e mais
extraordinários relatos sobre o Brasil colonial, que
drogas do sertão e da fundação de colégios jesuí­
tas na Amazônia, que esta região pôde ser domi­ contém importantes dados geográficos, botânicos,
nada por portugueses e desta forma anexada ao etnográficos e lingüísticos, e só foi publicado em
território brasileiro. 1879, em Lisboa.
COLONIAL

Conquista do Piauí .......... Bandeiras Pau,istas


02 O SISTEMA

Com a notícia da existência de imensas rique­


A ocupação das extensas terras do sertão se
zas minerais no interior do continente, principal­
fez especialmente com a criação de gado. Imensas
mente prata vinda da mina boliviana de Potosi,
fazendas de criação, exigindo muito pouco pesso­
fama que fez mudar o nome do rio Solis para rio
al, foram-se estendendo pelo interior. O gado
da Prata, fez com que os brasileiros se voltassem
ligou os pontos ocupados na costa, preencheu as
para o interior. As bandeiras portanto eram de
HIS

imensas áreas delimitadas pela ocupação militar.


Houve no interior do Brasil, sem muito contato caráter militar, eram particulares e partiam da
com a civilização costeira, uma civilização do cidade de São Paulo com o objetivo de explorar o
Capitulo:

interior, em busca de riquezas. As razões dessa


couro.
ida ao interior devem-se ao fato de São Vicente
não ter progredido com o açúcar e à necessidade
de se buscar uma nova atividade econômica. As
bandeiras são divididas em ciclos:
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30 Curso de Habilitação ao Quadra Auxiliar de Oficiais
UnSpr^*
e Ciclo da caça ao índio ou apresador junto com a esquadra de Duarte da Costa, segun­
do govenwdor-geral do Brasil. Em 1554 partici­
- Maranhão (Raposo Tavares) pou da fundação do colégio da vila de São Paulo
- Paraná (Manuel Preto) de Piratininga, núcleo da jutura cidade cjue rece­
beria o nome de São Paulo, onde também fo i
- Santa Catarina professor. Exerceu o cargo de provincial entre os
■ Ciclo do ouro ou prospector anos de 1577 a 1587. Escreveu cartas, sermões,
poesias, a gramática da Iíngua mais falada na
- Sào Vicente (Luís Martins) costa brasileira (o tupi) e peças de teatro, tendo
- Curitiba (Brito Peixoto) sido o representante do Teatro Jesuitico no Bra­
sil. José de Anchieta ganhou vários títulos, tais
- Paraná como: "apóstolo do Novo M undo", "fundador da
- Minas Gerais (Femão Dias Pais) cidade de São Paulo", "curador de almas e cor­
pos ", "carismático ", "santo", entre outros. Das
- Cuiabá suas contribuições culturais para o nosso pais,
■ Ciclo do Sertanismo por contrato podemos citar as poesias em verso medieval (des­
taque: Poema à Virgem), os que misturavam
Nesta fase os bandeirantes eram contratados características religiosas e indígenas, a primeira
pelos senhores do Nordeste para capturar negros gramática do tupi-guarani (a cartilha dos nati­
fugidos e acabar com quilombos, ou seja, manter vos), além da fundação de um colégio.
a ordem escravocrata na colônia. O maior desta­
que deste período foi Domingos Jorge Velho,
responsável pela destruição do Quilombo dos Também a educação no Brasil Colonial esteve
Palmares localizado no Nordeste. nas mãos da Igreja. Os primeiros colégios foram
Os bandeirantes também desenvolveram as fundados por jesuítas, em São Vicente, Salvador,
monções, linhas de comércio feitas pelos rios em
São Paulo, Olinda e Recife, entre outros. Estavam
presentes nos municípios, onde as igrejas serviam
canoas, que partiam de São Paulo para abastecer
as minas de ouro de Mato Grosso. também como ponto de encontros e de acertos de
negócios. Realizavam festas populares, moldavam
Em suas andanças pelo interior do Brasil, os os costumes e os hábitos na coiônia.
bandeirantes acabaram por fixar núcleos de povo­
Com o tempo, os missionários adquiriram tan­
amento em regiões que foram mais tarde anexadas
ao território brasileiro. to poder, que a Coroa portuguesa começou a en­
xergar neles uma ameaça ao seu próprio poder,
culminando na decisão do Marquês de Pombal de
expulsar os jesuítas do Brasil, em 1759.
Os Jesuítas no Brasil Colonial

Os membros da Companhia de Jesus (jesuí­ Os tratados e as fronteiras


tas), criada por Inácio de Loyola em 1534, tive­
ram um papel fundamental a partir do Concilio de
Trento (século XVI - Contra-reforma), no sentido A colonização portusuesa não respeitou o Tra­
de combater as ideias protestantes e difundir a fé tado de Tordesilhas. As fronteiras do Brasil se
expandiram por meio da acão dos bandeirantes,
COLONIAL

católica. Com esta missão, os jesuítas se incorpo­


dos jesuítas e da criação de gado. Os jesuítas
raram ao projeto colonizador, garantindo a unida­
construíram missões na região da Amazônia e no
de religiosa e cultural na colônia, através da evan-
gelização e da educação. Sul do Brasil (Sete Povos das Missões e Guairá).

O primeiro jesuíta a chegar ao Brasil foi Ma­ Os portugueses ampliaram as fronteiras do


O SISTEMA

nuel da Nóbrega. Chegou com o primeiro gover­ Brasil pela ocupação territorial, mas foi preciso
nador geral, Tomé de Souza em 1549, iniciando a toda uma série de tratados para oficializar juridi­
camente a situação.
formação das missões ou reduções (aldeamento
de índios catequizados). Os jesuítas promoveram Os principais tratados internacionais assinados
o processo de catequizaçâo dos índios, converten­ por Portugal para a fixação das fronteiras do Bra­
02

do-os ao cristianismo. sil foram:


HIS

N Os Tratados de Utrecht (1713 a 1715):


Observações
assinado entre Portugal e França. Estabe­
CõpítuLo:

O primeiro jesuíta a chegar ao Brasil foi Ma­ lecia que o rio Oiapoque, no extremo
noel da Nóbrega junto com o l" Governador norte do país, seria o limite de fronteira
Geral (Tomé de Souza)- O padre José de Anchieta entre o Brasil e a Guiana Francesa. O de
veio ao Brasil com a segunda leva de jesuítas. 1715 foi assinado entre Portugal e Espa­
nha. Estabelecia que a Colônia do Sa-
www. unipre ç o m . b r

Curso de Habiliiação ao Quadro Auxiliar de Oficiais


LJnlpré
cramento pertencesse a Portugal, (Princí­ 1536 - Vila de Olinda, por Duarte Coelho Pe­
pio do uti-possidetis). reira, Vila de Santos por Brás Cubas. João Rama-
Iho fundou Santo André da Borda do Campo.
■ O Tratado de Madrid (1750): assinado
entre Portugal e Espanha, Estabelecia 1538 - Diogo Nunes descobre o rio Amazonas.
que a Colônia do Sacramento pertencesse
1548 - Chegada da Ia grande leva de escravos
aos espanhóis e a região dos Sete Povos
das Missões (que ocupava parte do atual africanos.
Estado do Rio Grande do Sul) pertence­ 1560 - Estácio de Sá derrota os franceses e a
ria a Portugal. confederação os Tamoios na batalha das Pirogas.
O tratado de Madrid não pôde ser cumprido 1563 - Fim da confederação dos Tamoios. Pa­
porque os jesuítas e os índios guaranis que mora­ cificados pelos jesuítas Manoel da Nóbrega e José
vam nos aldeamentos dos Sete Povos das Missões Anchieta.
não aceitaram que a região fosse transferida para
o controle dos portugueses. Houve violenta guerra 1565 - E fundada a cidade do Rio de Janeiro.
(a Guerra Guaranítica) contra a ocupação portu­ 1578 - Batalha de alcacer-Quebir da Morte de
guesa. D. Sebastião.
■ Tratado de El Pardo (1761): Portugal
1580 - Inicio da União Ibérica (1580-1640).
e Espanha resolveram anular o trata­
do de Madri. 1603 - Filipe II promulga as ordenações Fili­
pinas.
■ Tratado de Santo lldefonso (1777):
assinado entre Portugal e Espanha, no 1618 - Guerra dos trinta anos Espanha x Ho­
Reinado de D. Maria I (A Louca). Es­ landa.
tabelecia que a Espanha ficasse com a
1623 - Os portugueses entram pelo rio Ama­
Colônia do Sacramento e a região dos
zonas: Luís Aranha e Bento Parente.
Sete Povos das Missões, devolveria à
Portugal terras que, nesse período, 1642 - Portugal concede à Inglaterra a posição
havia ocupado no atual estado do Rio de “nação mais favorecida”. Com isso, os comer­
Grande do Sul. ciantes ingleses passaram a ter maior acesso ao
comércio colonial.
■ Tratado de Barfajós (1801): assinado
entre Portugal e Espanha. Estabelecia 1661 -A Inglaterra se comprometeu a defender
que a região dos Sete Povos das Mis­ Portugal e suas colônias em troca de dois milhões
sões ficaria com Portugal e ficava de cruzados, mais as possessões de tanger e a ilha
confirmado o direito espanhol sobre a de Bombaim.
Colônia do Sacramento. Voltava-se,
1695 - Descoberta de ouro em Minas Gerais.
portanto, ao tratado de Madri.
1703 - Portugal se comprometeu a admitir em
seu reino os panos de lã, fabricados pelos lanifi-
Linha do tempo cios ingleses, e a Inglaterra, em troca, compraria
os vinhos produzidos em Portugal. Esse é o famo­
1502 - André Gonçalves e Américo Vespúcio so TRATADO DE METHUEN (também conhecido
COLONIAL

descobrem a baia da Guanabara. como tratado dos Panos e Vinhos).

1503 - Expedição exploradora de Gonçalo Co­


elho.
1506 - Bula do papa Julio II aprova o Tratado
02 O SISTEMA

de Tordesilhas.
1509 - Diogo Alves Correia, o Caramuru, fun­
da o Io estabelecimento português no Brasil.
1513 - Navios portugueses descobrem o rio
que posteriormente se chamara Rio da Prata.
HIS

1515 - O espanhol Juan Dias de Solis, a Ca­


minho do Rio da Prata, morre assassinado por
C a p itu lo :

índios pampas quando tenta negociar com eles.


1521 - Morre o rei D. Manuel. O novo rei D.
João 111 tem o apelido de Colonizador.

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32 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Umiprá»
EXERCI CIOS d) a manutenção da colonização lusa sobre as
índias.
e) a posse das terras brasileiras pela Coroa Lusa.
5. A exploração e o comércio do pau-brasil foram
1. A presença de corsários franceses no litoral
declarados monopólio da Coroa. Este dado provo­
brasileiro durante o início do século XVI, consti­
cou:
tuí séria ameaça ao domínio português na colô­
nia. a) O envio de frotas francesas à costa brasileira,
para roubar pau-brasil.
Os interesses franceses prendiam-se à exploração
e comércio: b) A União Peninsular.
a) do açúcar c) A vinda de escravos negros para o Brasil.
b) do pau-brasil d) A vinda de D. João para o Brasil.
c) da borracha e) A luta dos cristão-novos contra a Coroa.
d) das drogas do sertão
e) do ouro 6. Os primeiros trinta anos de nossa História po­
dem ser caracterizados pela:
a) luta pela posse do nosso litoral entre portugue­
2. Com objetivo de combater os contrabandistas
ses e flamengos.
de pau-brasil, D. João III enviou ao nosso país as
esquadras de guarda-costas que, em 1516 e 1526, b) luta pela posse de nosso litoral entre ingleses e
foram comandadas por: portugueses.
a) Cristóvão Jacques c) exploração da Bacia Amazônica.
b) Matheus Machado d) fundação das primeiras cidades em nosso lito­
ral.
c) Alonso Hojeda
e) exploração e comércio da madeira de tinturaria.
d) Yop de Mello
e) Souza Gonçalves
7. Na conquista e ocupação do solo brasileiro, o
estabelecimento de feitorias constituiu:
3. A decadência da exploração do pau-brasil é
a) necessidades policíadoras metropolitanas no
explicada, sobretudo:
ciclo do pau-brasil.
a) peia forma predatória da atividade, não se inte­
b) entrepostos de troca feitos por portugueses e
ressando os exploradores pelo reflorestamento.
franceses, na primeira metade do século XVI.
b) pe]o aumento do custo dos fretes, relacionados
c) limites geográficos das Capitanias Hereditárias.
à decadência da frota lusa.
d) primeiras grandes fazendas de cultivo de cana-
c) pelo surgimento de novas atividades mais lu­
de-açúcar.
crativas, como a lavoura açucarei ra. <
M
e) regiões delimitadoras no sertão para pesquisa S
d) pela utilização de corantes químicos pela indus­ O
aurífera.
trialização europeia. O
o
e) pela difusão do hábito do uso de roupas brancas
na Europa, a partir da ocupação muçulmana da 8. A exploração do pau-brasil, após a descoberta w
bacia mediterrânea. de 1500, criou núcleos populacionais estáveis, Eh
CO
pois esta atividade não tinha outra forma de se H
co
expandir. O
4, Na repressão ao contrabando de pau-brasil, no
a) A afirmativa está correta, CM
O
século XVI, estava em jogo:
b) A afirmativa enfatiza ideias fundamentais cor­ iO
a) a influência na colonização das Américas. M
retas. a:
b) o domínio inglês sobre os produtos tropicais
c) A afirmativa não está correta.
brasileiros.
d) A afirmativa está correta segundo a maioria dos
_c) o controle da colonização lusa sobre as Índias.
historiadores. a
O N>!

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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
LJnlpré
e) A afirmativa está correta, mas a explicação 1 ■ e) patriarcal
ncorreta.

| 14. A economia açucareira na Colônia Brasileira


9. A criação do Govemo-Geral, em 1548, é uma | relacionava, sobretudo, interesses:
medida que representa:
\ a) ingleses e portugueses
a) o sucesso do regime de Capitanias.
l b) franceses e portugueses
s) esforço de descentralização administrativa.
! c) espanhóis e holandeses
c) esforço de centralização administrativa.
! d) holandeses e portugueses
d) a abolição do regime de Capitanias.
! e) espanhóis e portugueses
e) a reação contra ataques holandeses ao Brasil.

í 15. Por não poder se expandir junto com o ciclo


10. Na administração colonial do século XVI, o ! do açúcar, foi um dos responsáveis por nosso
Ouvidor-geral e o Provedor-mor eram responsá­ I tamanho territorial atual:
veis, respectivamente, pela:
i a) ciclo do Pau-brasil
a) defesa e justiça. i b) ciclo do Café
b) justiça e fazenda. ■ c) ciclo do Ouro
c) religião e fazenda. i d) ciclo da Erva-Mate
d) defesa e governo. <ej ciclo do Gado
e) defesa e fazenda.

' 16. (ESPCEX-2011) Durante o mercantilismo,


11. As Câmaras Municipais, até a primeira meta­ ■ todos os produtos que chegavam à colônia ou
de do século XVII, no Brasil colônia: ' saíam dela tinham que passar pela metrópole,
1 caracterizando assim
a) eram compostas pelos “Homens Bons”.
■ a) o pacto colonial.
b) administravam tudo que pertencia ao Municí­
pio. 1 b) os Atos de Navegação.

c) apenas transmitiam as ordens emanadas do ' c) a corveia.


governo metropolitano. 1 d) o liberalismo econômico.
d) as alternativas a e b estão certas. 1 e) a balança comercial favorável.
e) as alternativas a e c estão certas.

; 17. (ESPCEX-2011) Durante o período colonial,


12. A atividade econômica de maior destaque no ] o Brasil sofreu diversas invasões estrangeiras.
COLONIAL

séc. XVI, no Brasil, foi: | Nessas invasões:

a) extração do ouro | a) a francesa, na Baía da Guanabara, resultou na


| criação de uma colônia, a França Antártica, for-
b) criação de gado | mada principalmente por católicos interessados no
c) produção de açúcar ] cultivo da cana-de-açúcar e no trabalho de con-
02 O SISTEMA

| versão dos índios.


d) plantio de café
\ b) a holandesa foi motivada pelo embargo espa-
e) extração de pau-brasil. | nhol que, por representar uma ameaça à sua eco-
1 nomia, levou o país a decidir-se pela invasão do
; Brasil, inicialmente pela região do Rio Grande do
13. Os senhores de Engenho constituíram uma ] Norte, onde encontrou forte resistência.
HIS

organização familiar denominada:


| c) a holandesa, em Pernambuco, foi favorecida
a) social | pelo constante reforço vindo da Holanda, o auxí-
Capitulo:

b) antropológica 5 lio de cristãos-novos residentes na região e poi


\ estarem seus soldados mais bem armados e mais
c) poligamia ■experientes. __ __ ________________
■ d) poliandrica
www.u n i p r e . com .br
34 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Unlpré»
■ d) a resistência luso-brasileira à invasão pernam­ por transformar índios aldeados em escravos da •
bucana foi organizada em grupos de guerrilha e Companhia.
contou com a liderança de Domingos Fernandes
a) somente I está correta \
Calabar, morto lutando contra os holandeses.
b) somente II está correta )
e) embora a resistência luso-brasileira em Per­
nambuco contasse com a vantagem do fator sur­ c) somente III está correta
presa e melhor conhecimento do terreno, os ho­
d) somente I e II estão corretas !
landeses acabaram por conquistar o Nordeste,
onde se estenderam desde o Maranhão até a Ba­ e) somente II e III estão corretas ■
hia.

18. (ESPCEX-2011) Diferentemente de outras


atividades econômicas do Brasil-Colônia, a mine­
ração foi submetida a um rigoroso controle por GABARI TO
parte da metrópole. Neste contexto:
a) os Códigos Mineiros de 1603 e 1618 já impedi­
am a livre exploração das minas, impondo uma 1. B 2. A 3. A 4. E
série de condições e restrições.
b) as Intendências das Minas criadas pelo Regi­ 5. A 6. E 7. B 8. C
mento de 1702 impuseram um controle absoluto
sobre toda a produção mineradora, embora ainda 9. C 10. B 11. D 12. C
estivessem subordinadas a outras autoridades
coloniais.
13. E 14. B 15. E 16. A
c) a cobrança do quinto foi facilitada com a cria­
ção das Casas de Fundição, no final do século
17. C 18. D 18. D 19. D
XVII., onde o ouro era fundido em barras timbra­
das com o selo real, embora a circulação do ouro
em pó ainda fosse permitida.
d) foram instalados postos fiscais em pontos estra­
tégicos das estradas, com o objetivo de fiscalizar
se o pagamento do quinto havia sido realizado;
cobrar impostos sobre a passagem de animais e
pessoas e sobre a entrada de todas as mercadorias
transportadas para as Minas.
e) a capitação foi um imposto que exigia do mine-
rador o pagamento de uma taxa sobre cada um de
seus escravos, do qual ficavam isentos os faisca-
dores que não possuíam escravos.
COLONIAL

19. Sobre as relações entre colonos e jesuítas, no


que diz respeito ao uso da mão de obra indígena,
analise as afirmativas abaixo e, em seguida, assi­
nale a alternativa correta,
02 O SISTEMA

I. O uso da mão de obra escrava pelos colonos não


conflitava com os interesses da Coroa e nem com
os dos jesuítas, mas ao insistirem no cativeiro
indígena, os colonos despertaram a oposição dos
inacianos.
II. As relações contrárias aos padres jesuítas por
HIS

parte dos colonos acentuou-se pelo fato de os


lusos acreditarem que os inacianos retardavam o
Capítulo:

desenvolvimento de suas atividades econômicas


ao dificultar o uso da mão de obra indígena.
III. Üs jesuítas foram expulsos da Capitania de
São Vicente porque os colonos os denunciaram
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C u rso de H abilitação ao Q uadro A uxiliar de O ficia is
? S

UnSpré»
HIS 0 3 AS R E F O R M A S P O M B A L I N A S , R E B E L I Õ E S
COLONIAIS
A partir da Restauração, em 1640, Portugal ções coloniais, que era anteriormente dividida em
entrou em progressiva decadência econômica, Estado do Maranhão e Estado do Brasil. Passou a
decorrente da perda do monopólio sobre o comér­ existir apenas o Estado do Brasil, e a sua capital
cio com o Oriente, de parte de suas colônias e da que era Salvador foi transferida, em 1763, para o
retirada dos capitais holandeses, com o conse­ Rio de Janeiro. Essas mudanças demonstram a
qüente declínio da economia açucareira. Em crise, preocupação da metrópole com a área mineradora.
a metrópole passou a apoiar-se cada vez mais no
Ainda, preocupado em aumentar a arrecadação
Brasil, através de uma rigorosa política centrali­
na colônia para os cofres portugueses, Pombal
zadora e de arrocho do Pacto Colonial, como:
tomou a exploração de diamantes monopólio da
restrições econômicas e políticas, novos impostos,
Coroa, reorganizou as Casas de Fundição e insti­
maior repressão ao contrabando e companhias
tuiu a cobrança da quota única de 100 arrobas de
monopolistas de comércio.
ouro.
Esta situação acabou provocando uma série de
Para o controle do comércio da região Norte e
conflitos entre a metrópole e a classe dominante
Nordeste criou a Companhia Geral do Comércio
colonial, que se sentia prejudicada pelo aumento
do Grâo-Pará e Maranhão (1755) e a Companhia
da exploração metropolitana sobre o Brasil, cul­
Geral do Comércio de Pernambuco e Paraíba
minando nos primeiros movimentos de contesta­
(1759).
ção ao domínio português, que se tomaram cada
vez mais violentos e freqüentes ao longo dos Porém, com a morte de D. José I, a posição de
séculos XVII e XVIII. Pombal tomou-se insustentável, pois D. Maria I,
que ascendera ao trono, era apoiada pela Igreja e
No séc. XVIII, com a chegada de Dom José 1
pela Inglaterra. Logo tio início do novo governo
(1750-1777) ao trono, a administração colonial
Pombal foi demitido e as companhias de comércio
portuguesa sofreu diversas mudanças. O sistema
foram extintas.
dominante alterou-se muito com a subida ao poder
COLONIAIS

de Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Contra a colônia veio o Alvará de D. Maria I,
conde de Oeiras e, finalmente, Marquês de em 5 de janeiro de 1785, que determinava a extin­
Pombal. ção de todas as manufaturas têxteis no Brasil, com
exceção daquelas que se dedicavam à produção de
Inspirados nas novas ideias que circulavam na vestimentas para escravos.
Europa, chamadas de Iluministas, o primeiro
REBELIÕES

ministro. Marquês de Pombal, tomou algumas


medidas modemizadoras para o reino e para a
REBELIÕES COLONIAIS
administração da principal colônia o Brasil.
O período Pombalino ficou marcado pela ten­
A restauração da coroa portuguesa em 1640
POMBALINAS,

tativa do fortalecimento do Estado e de tentar


encontrar uma alternativa econômica para reer­ levou a nova coroa portuguesa a uma realidade: a
guer a economia portuguesa, que estava em deca­ de que o Brasil era sua principal fonte de riqueza;
dência com a diminuição da produção de ouro no portanto era necessária uma exploração muito
Brasil e devido a dependência econômica de Por­ maior para que Portugal pudesse pagar as suas
tugal com a Inglaterra. dívidas com a Inglaterra. Em 1642, foi criado o
Conselho Ultramarino (órgão de centralização das
03 AS REFORMAS

Seguindo essa política de fortalecimento polí­ relações entre colônia e metrópole). Em 1720, a
tico, Pomba] expulsou todos os jesuítas de Portu­ colônia virou vice-reinado e os governadores
gal e de seus domínios coloniais em 1759, e ainda gerais, vice-reis.
enfraqueceu alguns setores da nobreza.
A crise econômica pela qual Portugal passava
seria sanada, de acordo com Pombal, através da Insurreição Pernam bucana e o
intensificação dos laços coloniais deste pais com a nascimento do Exército Brasileiro
HIS

sua principal colônia, o Brasil. Deste modo pro­


moveu a racionalização da administração colonial
para melhor fiscalizar e controlar, de acordo com
Capitulo:

A Insurreição Pernambucana (1645-1654) foi


os interesses metropolitanos. Dentro dessa política a luta para expulsar os holandeses do Nordeste e
de centralizar o poder e exercer um maior controle também foi a primeira manifestação do nativismo
sobre a colônia, Pombal extinguiu o sistema de no Nordeste, onde participaram os representantes
Capitanias Hereditárias, reunificou as administra­ das três raças que formaram o povo brasileiro.
w w w .u n í p r e .c o m ,br
36 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
pré*
a o português — João Fernandes Vieira, com a região do Rio da Prata. Uma multidão de
chefe da Insurreição; pessoas aclamou um dos mais ricos moradores da
região, Amador Bueno, como rei de São Paulo.
o índio — Antônio Filipe Camarão (o ín­
dio P oti); Amador Bueno não aceitou a coroa e se decla­
rou fiel ao rei de Portugal. Fugiu da multidão até
o negro — Henrique Dias. que foi abrigado pelos religiosos do Mosteiro de
São Bento.

Além desses três lideres, também teve o papel A aclamação de Amador Bueno ocorreu em Io
destacado na Insurreição o paraibano André Vidal de abril de 1641. Dois dias mais tarde, Dom João
de IMegreiros, que já combatera os holandeses na IV foi aclamado rei também em São Paulo.
Bahia.
Mas nem todos os que lutavam na Insurreição E m certos aspectos, a U nião Ibérica chegou a fa ­
eram motivados por sentimentos nativistas. Ao vorecer o Brasil. Com ela, o Tratado de Tordesilhas
contrário, à frente do movimento estava senhores desapareceu na prática, ocorrendo a expansão das
de engenho que tinham colaborado com os inva­ fronteira s portuguesas além dos limites até então
sores e contraído elevadas dívidas com a Compa­ estabelecidos. E xp a n são ca usada principalm ente pela
nhia das índias Ocidentais. Com a divisa — Deus ação p re dadora dos paulistas, principal fa tor de seus
atritos com os jesuítas, que se fundam entavam na s
e Liberdade, os rebeldes tinham o propósito de
bulas papais, que proibiam o apresam ento e exco­
também atrair para a luta os católicos mais fervo­
m un gava m os escravizadores dos indígenas. Os p a u ­
rosos, que relutavam em aceitar a dominação dos
listas bandeirantes reuniram -se nas C âm aras de São
protestantes. No primeiro combate, o do Monte Paulo e S ã o Vicente e decidiram pela expulsão dos
das Tabocas (1645), os pernambucanos foram padres. 0 episódio ficou conhecido com o a "botada
vencedores e puderam tomar Olinda. dos padres p a ra fora". Os padres retiraram -se da
capitania, voltando a penas a lg u n s a n os depois.
Mas os confrontos mais importantes ocorre­
ram nos Montes Guararapes — o primeiro, em
19 de abril de 1648, e o segundo, no ano seguinte,
Conjuração de "Nosso Pai" (1666)
ambos com a vitória dos pernambucanos.
Finalmente, em 1654, chegou ao Recife uma
esquadra portuguesa. Cercados por terra e por Revolta ocorrida em Pernambuco para depor o tH
S
mar, os holandeses assinaram a rendição da governador Jerônimo de Mendonça Furtado, que O
Campina do Taborda. era antipalizado pelo povo e acusado de corrup­ o
ção. Esse movimento também foi chamado de u
Em 1661, pela Paz de Haia, Portugal concor­ Xumbregas, apelido dado ao governador devido {/)
w
dava em pagar a indenização de 4 milhões de os seus vastos bigodes tufados, que lembrava a de o
t—!
cruzados para os holandeses desistirem definiti­ um general alemão que lutou ao lado dos portu­
vamente da posse de terras brasileiras. Ü
gueses na guerra de libertação do domínio espa­ CQ
W
A expulsão dos holandeses do Brasil trouxe nhol. cc
duras conseqüências para a economia colonial. Ao Os habitantes de Pernambuco utilizaram uma co
se estabelecerem nas Antilhas. os holandeses <
procissão de extrema-unção, conhecida como 2
quebraram o monopólio de produção do açúcar M
Nosso Pai, em 9 de março de 1666, com o objeti­
que por um século pertencera aos portugueses. <
vo de afastar o governador do palácio e assim QQ
Com técnicas mais evoluídas de cultivo da cana e 2
poder aprisioná-lo. O governador acompanhou a O
produção do acúcar. muito mais capacitados na CL.
procissão e, quando esta já se afastara do palácio,
sua comercialização, uma mentalidade bastante foi aprisionado pelo chefe da revolta, André de
influenciada pela capitalismo comercial, os ho­ Barros Rego.
landeses venceram a concorrência com os luso-
brasileiros. O ex-govemador Jerônimo de Mendonça Fur­
tado foi então levado preso para Lisboa, de onde
seguiu para a Ásia, condenado à prisão perpétua. co
<
Aclam ação de Am ador Bueno (1641) CO
O
A Revolta de Beckman (1684) CO
H
Com a restauração terminou o domínio espa­ n?
nhol e subiu ao trono português o Rei Dom João
IV iniciava o governo da dinastia dos Bragança, No Maranhão, o preço dos escravos negros era
p
tendo sido reconhecido em todo o reino com fes­ muito caro, enfrentava-se uma grave crise econô­ u
’r-i
tas, menos em São Paulo, onde a população não mica, pois a empresa algodoeira da região sofria a

via com bons olhos a separação com a Espanha, falta de mão-de-obra, sendo organizadas expedi­ o
porque os paulistas pretendiam manter o comércio ções para caçar índios das missões jesuíticas para
w w w . u n i p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 37
trabalho escravo, o que causou um conflito entre Só no ano seguinte foi pacificada a região,
os colonos e os jesuítas. Em 1661, os religiosos da com a intervenção do governador do Rio de Janei­
Companhia de Jesus foram expulsos do Mara­ ro, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho.
nhão, voltando somente em 1680, quando o go­ O chefe dos paulistas era Manoel de Borba Gato,
verno português proibiu a escravização de índios um dos mais prestigiosos paulistas da região. Nos
das missões. conflitos que se seguiram, os paulistas sofreram
várias derrotas e tiveram que abandonar muitas
Para solucionar a crise da falta de mão-de-obra
minas.
para a lavoura, o governo português criou, em
1682, a Companhia de Comércio do Estado do As conseqüências principais da Guerra dos
Maranhão (tinha o objetivo de abastecer a região Emboabas foram:
com escravos e comprar os produtos locais). Essa
companhia passou a ter a exclusividade sobre o a) Estabelecimento de normas que regulamen­
comércio do Maranhão com a Coroa. tavam a distribuição de lavras entre emboabas e
paulistas e a cobrança do quinto.
No entanto a Companhia de comércio não sa­
tisfaz, por falta de investimentos, as necessidades b) Criação da capitania de São Paulo e das
Minas Gerais do Ouro, diretamente ligada à Co­
dos colonos do Maranhão, razão do grande des­
roa, independente, portanto, do governo do Rio de
contentamento entre os colonos da região. Os
Janeiro (3 de novembro de 1709).
escravos africanos não chegavam em quantidades
suficientes, os preços das mercadorias vendidas c) Elevação da Vila de São Paulo à categoria
pela companhia estavam altos, enquanto estes de cidade (11 de junho de 1711).
pagavam um valor muito baixo pelos produtos
d) Pacificação da região das minas, onde sur­
vendidos pelos colonos, como baunilha, cacau,
giu, depois das desordens causadas pela guerra, o
pau-cravo, cana-de-açúcar, algodão e tabaco.
alicerce de uma sociedade organizada.
Revoltou-se contra essas condições membros
e) Muitos paulistas foram para outras regiões,
da elite e do povo do Maranhão chefiados por
como Goiás e Mato Grosso, onde encontraram
Manoel Beckman, e por outros insatisfeitos como
ouro em 1718.
Francisco Deiró Inácio da Assunção e o Tomás
Beckman, irmão de Manoel. Derrubando o gover­
no, declarou extinta a companhia e os jesuítas
COLONIAIS

foram novamente expulsos. A Guerra dos M ascates (1710)

Beckman liderou uma junta de governo que


administrou o Maranhão durante um ano, até a A Guerra dos Mascates foi um movimento de
chegada de uma frota portuguesa sob o comando caráter regional ligado à decadência da atividade
de Gomes Freire de Andrada. Os principais líde­ açucareira e ao desenvolvimento comercial e
REBELIÕES

res foram presos; a maioria deles foi condenada a urbano em Recife. Nesta cidade os comerciantes,
morte como os irmãos Beckman, outros foram chamados pejorativamente pelos olindenses de
presos e deportados. Os jesuítas puderam voltar “ Mascates”, queriam a elevação da povoação do
ao Maranhão, no entanto o governo português Recife à categoria de vila. Após o governo de
acabou com a exclusividade da Companhia de Nassau, Recife tomou-se mais importante que
POMBALINAS,

Comércio. Olinda.
Os poderosos senhores de engenho de Per­
nambuco, empobrecidos, que residiam em Olin­
Guerra dos Em boabas (1708-1709)
da, estavam endividados com os comerciantes
portugueses de Recife, que lhes emprestavam
03 AS REFORMAS

A concorrência dos recém-chegados às minas dinheiro a altos juros. Os recifenses, por sua vez,
(que não eram paulistas, eram os forasteiros, por­ designavam os habitantes de Olinda pelo apelido
tanto os emboabas), com os vicentinos ou bandei­ de pés-rapados, por estarem em dificuldades
rantes, deu origem a um conflito: a guerra dos financeiras, derivadas da decadência do açúcar,
"emboabas” designação dada pelos vicentinos a que sofria uma grande concorrência das ilhas das
todos os estrangeiros e não apenas aos portugue­ Antilhas.
ses. Escolheram os emboabas, em 1708, para Recife foi elevada, em 1709, pelo Rei Dom
chefiá-los, o Português Manuel Nunes Viana, a João V, à condição de vila. Este fato desagradou
HIS

quem os emboabas aclamaram governador, que os habitantes de Olinda, a vila mais antiga da
conseguiria expulsar os vicentinos do local, sobre­ capitania, embora mais pobre e menos povoada
Capítulo:

tudo após o episódio do Capão de Traição (1709), que Recife.


de que foi protagonista principal Bento do Amaral
Em 1710, ao serem demarcados os limites en­
Coutinho.
tre as vilas, os olindenses invadiram Recife e teve
início a revolta. O governador de Pernambuco,
víww . u n i p r e .c o m .br
38 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
iprp
Sebastião de Castro e Caldas, foi acusado pelos "Naquele mesmo ano, foi separada da Capitania
olindenses de defender os interesses dos “masca­ de São Paulo a Capitania das Minas Gerais.
tes”, e este acabou sofrendo dois atentados a tiros;
diante do seu enfraquecimento e pelo agravamen­
to da luta, fugiu para a Bahia. MOVIMENTOS E TENTATIVAS
A coroa portuguesa com receio da possibilida­ EMANCIPACIONISTAS
de de separação da capitania de Pernambuco en­
viou um novo governador {Felix José Machado de
Mendonça), para negociar a paz, e habilmente As conjurações: Mineira (1789), do Rio de Ja­
Féiix José negociou com os rebeldes e as lutas neiro (1794), a Baiana (1798) e a Revolução
cessaram. Em 1714, o Rei Dom João V anistiou a Pernambucana (1817), constituíram as primeiras
todos. Recife ficou como vila e tomou-se capital manifestações do processo de independência. Era
da capitania. o resultado da crise do sistema colonial, que Por­
tugal continuava a manter nos fins do século
XVIII, do surgimento do capitalismo e da Revolu­
Motins do M aneta (1711) ção Industrial, na Inglaterra, que modificaria as
relações de trabalho existentes até então. Somado
a isso, a Independência das Treze Colônias da
Motins liderados pelo comerciante João de Fi­ Inglaterra (EUA), deu um exemplo para todas as
gueiredo da Costa, apelidado o Maneta, na cidade nações da América.
de Salvador. A causa foi um aumento de impostos
O século XVIII é considerado o Século das
cobrados sobre os escravos trazidos da África,
Luzes, pois nele surgiram o Iluminismo e as ideias
decretado pelo govemo. A multidão avançou
liberais, as quais questionavam o Mercantilismo,
contra o palácio do Governador Pedro de Vascon­
o Pacto Colonial e o Intervencionismo estatal na
celos e Sonsa, que atendeu aos pedidos da massa
economia.
popular. Foram anistiados todos os participantes
da revolta. Nesse período, o mundo ocidental passou por
muitas transformações, decorrentes de processos
Pouco tempo mais tarde, outro motim ocorreu
históricos como a Revolução Francesa, a Revolu­
na Bahia, por ocasião da ocupação do Rio de
ção Industrial e a Independência dos EUA, todo
Janeiro pela esquadra francesa do corsário Du-
esse conjunto de mudanças tiveram muita influên­
guay-Trouin. Essa revolta foi chamada de Motim s
cia nas revoltas brasileiras contra Portugal. o
dos Patriotas, pois os revoltosos tinham por obje­ i—i
tivo a organização imediata de uma expedição o
u
para combater os invasores. O Governador Pedro w
de Vasconcelos conseguiu contornar a situação A Inconfidência M ineira (1789) w
o
até os franceses deixarem o Rio de Janeiro. i—t
i-i
H
O ouro brasileiro fora o principal sustentáculo ra
M
da economia portuguesa, na primeira metade do cí
A Revolta de Filipe dos Santos (1720)
século XVIII, e sua abundância criara a crença de
LQ
que suas reservas eram inesgotáveis. A decadên­ <
z
cia, na segunda metade do século, profundamente M
A criação das casas de fundição, que transfor­
desastrosa para a sociedade mineira, fora mal
mavam o ouro em barra, foi a causa do levante de
compreendida na Metrópole. Entre os fatores que
Vila Rica, em 1720, chefiado por ricos minerado- O
determinaram a Inconfidência Mineira destacam- cu
res, entre os quais Felipe dos Santos Pascoal da
Silva Guimarães. Nas casas de fundição era feita a
cobrança do quinto. O ouro em pó havia sido a) Os excessos cometidos pelas autoridades
proibido de circular. A Revolta de Filipe dos San­ escolhidas pelo govemo português para a admi­ o
u*
tos foi motivada, portanto, basicamente por fato­ nistração da região das minas, tendo em vista a w
cc
res econômicos. Em 28 de junho de 1720, teve decadência da produção do ouro; c/3
início a revolta em Vila Rica (amai Ouro Preto). <
b) O sistema de cobrança do quinto devido à ro
Cerca de dois mil revoltosos dirigiram-se para Coroa. Quando o ouro entregue não perfazia 100 o
Ribeirão do Carmo, atual Mariana, e pressionaram arrobas (cerca de 1500 quilos), era decretada a c/>
M
o governador das Minas, que era Dom Pedro de derrama, ou seja, o que faltasse era cobrado, pela
Almeida, Conde de Assumar, para que atendesse força de armas, de toda a população;
0
as suas exigências. Sufocado o levante, foi enfor­
c) As ideias revolucionárias do Iluminismo
cado e esquartejado o primeiro dos mencionados U
(liberdade econômica, liberdade de manifestação, ■
H
mineradores. a
igualdade perante a lei...) trazidas da Europa por <T3
u

w w w .u n i p r e .c o m , b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxifíar de Oficiais 39
U nlpré
estudantes que tinham realizado cursos superiores A Inconfidência Carioca (1794)
fora do Brasil;
d) A independência das Treze colônias ingle­
sas com o rompimento definitivo das coiõnias A Inconfidência Carioca foi muito diferente da
com a Inglaterra. mineira, embora tivessem ligações, pois tudo leva
a crer que foram os cariocas que forneceram li­
Os Inconfidentes chamados assim por não po­ vros revolucionários para os mineiros. Portanto
derem revelar seu segredo, eram homens da elite foi uma revolta de caráter puramente literário,
de Ouro Preto. Entre eles estavam o cônego Car­ inspirada nas ideias. de liberdade vindas da Fran­
los Correia de Toledo e Melo, José de Oliveira ça. O movimento divulgava essas ideias pelo
Rolim e Manoel Rodrigues da Costa; os militares interior do Brasil na forma de repasse de livros.
Francisco de Paula Freire de Andrade, Agostinho
Os inconfidentes cariocas eram: o poeta Ma­
Lobo Leite, Antônio Melo, Joaquim Silvério dos
noel Inácio da Silva Alvarenga, Vicente Gomes e
Reis (delator do movimento), Joaquim José da
João Manso Pereira. Presos por dois anos, foram
Silva Xavier, o Tiradentes e os poetas Cláudio
logo soltos.
Manoel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixo­
to e Tomás Antônio Gonzaga.
Os planos dos inconfidentes eram: inconfidência Baiana (1798)
■ proclamar um govemo republicano;
■ criar uma universidade em Vila Rica; A Inconfidência Baiana foi a primeira conju­
ração organizada no Brasil por populares, como
B criar indústrias;
soldados e alfaiates e é por isso conhecida tam­
■ estabelecer a capital em São João Del- bém com o nome de Revolta dos Alfaiates.
Rei;
Os chefes da Inconfidência foram Lucas Dan­
■ adotar uma bandeira, que conteria a frase tas e Luís Gonzaga das Virgens, que eram solda­
latina: libertas quae sera tamen (liberdade ainda dos, João de Deus do Nascimento e Manoel Faus-
que tardia). tino dos Santos Lira, alfaiates. Foram iniciados
pela loja maçônica “Os Cavaleiros da Luz”, que
COLONIAIS

A revolta deveria iniciar-se no dia da derrama,


divulgava ideias liberais.
que o govemo programava para 1788.
A conspiração foi fortemente influenciada pela
Revolução Francesa, no seu período popular, e em
alguns panfletos desse movimento aparecia o
lema desta revolução: Liberdade, Igualdade e
REBELIÕES

Fraternidade. Os inconfidentes baianos pretendi­


am:
■ implantar uma república;
H libertar os escravos;
POMBALINAS,

■ aumentar os soidos dos militares;

TA M EN ■ extinguir o monopólio comercial;


■ a definitiva separação da colônia de Por­
Os planos dos inconfidentes foram frustrados tugal.
porque três dos participantes da conspiração pro­
REFORMAS

Foram descobertos e presos e, após o processo


curaram o governador, Visconde de Barbacena,
de julgamento, os mais pobres como Manuel
para delatar o movimento, em troca da anistia de
Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nas­
suas dívidas. Foram eles: o Coronel Joaquim
cimento e os mulatos Luiz Gonzaga das Virgens e
Silvério dos Reis, o Tenente-coronel Basílio de
Lucas Dantas foram condenados à morte por en­
03 AS

Brito Malheiros do Lago e o Mestre-de-campo


forcamento, sendo executados no Largo da Pieda­
Inácio Correia Pamplona.
de a 8 de novembro de 1799. Outros, como Cipri-
O processo contra os inconfidentes arrastou-se ano Barata, o tenente Hemógenes Aguilar e o
HIS

durante dois anos, mas no final somente Tiraden­ professor Francisco Moniz foram absolvidos. Os
tes foi condenado à morte. Em 21 de abril de pobres Inácio da Silva Pimentel, Romão Pinheiro,
Capitule:

1792, foi cumprida a sentença, no Rio de Janeiro. José Félix, Inácio Pires, Manuel José e Luiz de
França Pires, foram acusados de envolvimento
“grave”, recebendo pena de prisão perpétua ou
degredo na África. Já os elementos pertencentes à
loja maçônica “Cavaleiros da Luz” foram absol­
w w w .u n i p r e .c o m . b r
40 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
vidos deixando claro que a pena pela condenação O govemo foi implacável ao punir os revolto­
estava ligada a que grupo social o réu pertencia, sos. Foram executados Domingos José Martins,
aos mais pobres a pena foi a morte, já os mais Domingos Teotônio Jorge, José de Barros Lima, o
ricos o resultado foi a absolvição. Padre Miguelinho e mais oito implicados no mo­
vimento. O Padre João Ribeiro Pessoa cometeu
suicídio e o Padre Roma já tinha sido fuzilado
A Revolução Pernam bucana de 1817 quando tentava conseguir adesões à causa revolu­
cionária na Bahia.
A Revolução Pernambucana de 1817 contribu­
Foi esta a última conjuração contra a coroa iu decisivamente para a Independência, que ocor­
portuguesa. O contexto da revolução pemambu- reu pouco mais tarde. Muitos de seus participantes
cana é diferente, pois a corte portuguesa já tinha tiveram destaque durante o Primeiro Reinado.
chegado ao Brasil, desde 1808, e os pemambuca-
nos, insatisfeitos com a crise do açúcar e explora­
dos pela exclusividade comercial exercida pelos
portugueses no comércio, gerou uma grande re­ ANOTAÇÕES
volta das elites do nordeste com a decadência
econômica e política da região e também dos mais
pobres que sofriam com os altos preços cobrados
pelos comerciantes portugueses, e estes se nega­
vam a manter uma corte no Rio de Janeiro.
Influenciados pelos processos de independên­
cia das colônias espanholas da América do Sul e
pelas ideias liberais que se espalhavam nesse
período, também tentaram implantar a indepen­
dência do Brasil e a proclamação da República.
O governador de Pernambuco, Caetano Pinto
de Miranda Montenegro, teve informações dos
planos da revolta, mandando prender os rebeldes. co
Os rebeldes, então, anteciparam o movimento, que
<
teve início quando o Capitão José de Barros Lima
(apelidado “ Leão Coroado”) matou o Brigadeiro o
Barbosa de Castro. o
o
A rebelião então se desencadeou rapidamente C/J
w
e os rebeldes dominaram o govemo assim que o o
I—i
governador Caetano Montenegro fugiu para a
Corte no Rio de Janeiro. Os principais implicados m
na Revolução Pernambucana de 1817 foram:
Domingos José Martins, Domingos Teotônio
Jorge Martins Pessoa, Antônio Carlos Ribeiro de co
<
Andrada, Padre João Ribeiro Pessoa, Antônio i—i
Gonçalves da Cruz (apelidado “Cabugá”), José de <
Barros Lima, Padre Miguel de Almeida Castro
(Padre Miguelinho), José Inácio Ribeiro de Abreu o
a.
Lima {Padre Roma).
co
Os revoltosos organizaram um govemo provi­
sório, cujas primeiras providências foram estender o
o movimento às outras capitanias, e procurar o W
QC
reconhecimento do novo governo no exterior.
CO
A revolta estendeu-se a Alagoas, Ceará, Paraí­ <
cn
ba e Rio Grande do Norte. o
co
O govemo revolucionário pernambucano du­ H
LG
rou pouco mais de dois meses. O govemo de D.
João VI enviou tropas e Recife foi cercada, por o
mar e por terra, por tropas que avançaram pela
Bahia, colocando os revoltosos em situação de­ 4-1
‘H
sesperada, desmantelando-lhes a resistência. Q.
nj
u

w w w .u n i p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 41
EXERCÍ CIOS Sedição de Filipe dos Santos em Vila Rica, no
século XVIII, tiveram em comum o fato de que:
a) representavam uma tentativa de combater à
ação desempenhada pelo sistema de exploração
1. Os objetivos da Conjuração Baiana de 1798 , das Companhias de Comércio;
eram: 1 3) visavam a promover a autonomia de núcleos
1. instaurar a República no Brasil; 1 regionais, com a valorização do elemento nacio­
nal;
2. libertar os escravos negros; í
c) apresentavam medidas reivindicatórias, sem,
3. extinguir o monopólio comercial; . contudo, oferecerem um projeto de separação
4. fundar uma universidade; i política de Portugal;

5. proteger os índios em aldeias. i d) tentaram promover, sem êxito, o término da


exploração do sistema de escravidão africana;
a) 2 e 3; j
e) pretendiam estabelecer medidas reformistas, a
b) 1,2 e 3; j fim de criar condições sociais menos sujeitas à
c) 3 e 4; j influência do Liberalismo Português.

d) 1 e 4; ;
e) 3 e 5. ; 6. Relativamente às Rebeliões Nativistas:
a) eram movimentos isolados, que lutavam contra
pressões monopolistas portuguesas;
2. Locais onde tiveram lugar a Revolta de Beck- j
man e a Guerra dos Mascates, respectivamente: j b) todas as rebeliões estavam ligada à evolução
política do Ocidente;
a) Maranhão e Ceará; |
c) refletiam o elevado grau de politização da soci­
b) Pernambuco e Paraíba; J edade colonial;
c) Maranhão e Pernambuco; | d) seus objetivos eram sempre emancipadores;
COLONIAIS

d) Ceará e Pernambuco; | e) eram movimentados de âmbito nacional.


e) Paraíba e Ceará. \
7. Característica comum das três últimas rebeliões
do Período Colonial — Inconfidência Mineira,
REBELIÕES

3. Filipe Camarão (índio Poti) foi um dos lideres |


Conjuração Baiana e Insurreição Pernambucana, o
do movimento chamado \
fato de:
a) Inconfidência Mineira; !
a) terem sido conduzidas pelos mesmos grupos
b) Inconfidência Baiana; | sociais;
POMBALINAS,

c) Insurreição Pernambucana; b) possuírem como objetivo a extensão do movi­


mento a todo o território brasileiro;
d) Revolução Liberal; !
c) terem ocorrido em locais de economia agrária
e) GuerTa do Farrapos. ,
exportadora;
d) pretenderem organizar o mesmo tipo de gover­
03 AS REFORMAS

4. As primeiras rebeliões contra a Coroa Portu- ] no revolucionário;


guesa visavam: ■
e) sofrerem influências de ideais políticos exter­
a) conseguir a independência do Brasil; i nos, principalmente franceses e norte americanos.
b) retirar entraves econômicos;
c) abolir o Pacto Colonial; i 8. Inconfidência Baiana teve influência dos ideais
jacobinos e radicais da revolução:
d) garantir a autonomia dos poderes municipais; .
HIS

e) emancipar as Capitanias do sul da Colônia. i a) Russa


Capitulo:

b) Francesa
c) Farroupilha
5. A Revolta de Beckman, no século XVII, a ■
■ Guerra dos Hmboabas, a Guerra dos Mascates e a ■ d) Eslava __ ______________________

w w w .p n i p r e . c o m . b r
42 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
J-.i-rS.! > í t*

Unapré1 . .
jjlÍK T O l

; e) Inglesa ■ processo conhecido como “internacionalização


| do Brasil”;
] d) pelo próprio desenvolvimento do processo
9. “O Homem” que não queria ser rei. Esta deno­
[ histórico, pois todas as colônias, cedo ou tarde,
minação está ligada a revolta conhecida como:
| devem se tomar Nações independentes:
a) Revolta de Amador Bueno
! e) pela transferência da Corte Portuguesa para o
b) Revolta do Nosso Pai ! Brasil, que imprimiu um ritmo distinto ao nosso
| processo de emancipação no conjunto da inde-
c) Revolta do Male
\ pendência da América Latina.
d) Revolta de Matheus Machado
e) Revolta do Português ! 13. O movimento conhecido como guerra dos
! emboabas teve como principais conseqüências a:
10. A revolta contra as casas de fundição, também ! a) Expulsão dos estrangeiros do Brasil.
conhecida como de Felipe dos Santos, está ligada
\ b) Criação da capitania de Minas Gerais e mudan-
a (o)
I ça da capital para o Rio de Janeiro.
a) Decadência do ciclo do ouro
i c) Vitória dos paulistas e a conseqüente monopó-
b) Regulamentação da Mineração ! lio da região das minas.
c) Morte de Tiradentes \ d) Mudança da corte portuguesa que veio para o
i Brasil para poder controlar a mineração.
d) Cana de açúcar em decadência
1 e) Decadência da mineração que se extingue um
e) Escravidão africana i ano após o final da guerra.

11. Cm aspecto que diferencia a Conjuração Mi­ i 14. Ele foi considerado um déspota esclarecido,
neira, de 1789, da Conjuração Baiana, de 1798, é i expulsou os jesuítas e transferiu a capital da colô-
que a última:

COLONIAIS
i nia para o Rio:
a) representou, pela primeira vez na História do ‘ a) D. João VI
Brasil, um movimento de caráter republicano;
i b) Marques de Pombal
b) preocupou-se mais com os aspectos sociais, a
liberdade do povo e do trabalho; ■ c) Marques de Távora

REBELIÕES
c) apresentou pela primeira vez, planos políticos e i d) Conde de Caravelas
ideológicos;
1 e)D . Jose I
d) representou o primeiro movimento apoiado por
grupos de intelectuais;
e) tinha caráter de protesto contra certas medidas
1 15. O Movimento que para alguns foi o embrião POMBALINAS,
1 da formação do Exercito Brasileiro foi:
do govemo, sem prender a separação de Portugal.
[ a) Inconfidência Baiana
j b) Conjuração dos alfaiates
12. A ocorrência das Conjurações, no Brasil, no
final do século XVIII, é explicada: | c) Insurreição Pernambucana
03 AS REFORMAS

a) pela adoção pela elite brasileira das “infames \ d) Insurreição Baiana


idéias francesas”, que criticavam a dominação
] e) Inconfidência mineira
colonial portuguesa;
b) pela conjugação dos interesses autonomistas
dos colonos, desde a Insurreição Pernambucana, \ 16. (EsSA 2008) O episódio conhecido como
com os novos objetivos da política colonial portu­ J “Capão da Traição” ocorreu na História do Brasil
guesa, expressados no Despotismo Esclarecido do j durante a:
HIS

govemo de D. José I;
J a) Rebelião de Beckman.
Capítulo:

c) tanto pela diversificação relativa sofrida pela


! b) Revolta dos Malês.
sociedade colonial no decorrer do século XVIII,
quanto pela crescente penetração ideológica e ! c) Guerra dos Mascates,
■ econômica das principais potências europeias, no
d) Revolta de Felipe dos Santos.

w w w .u n i p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 43
• e) Guerra dos Emboabas. ; d) ideal republicanista, estando seus líderes influ- ■
enciados pela Independência dos Estados Unidos.
| 17. (EsSA 2008) O responsável pela transferência
í da capital do Brasil de Salvador para o Rio de e) forte desejo de independência, inspirado nos
! Janeiro em 1763, foi: deais ilumínistas de igualdade e liberdade.

1 a) D. João VI.
! b) D.Pedro I. 21. (EsSA 2011) Em 1798, surgiu na Bahia um
movimento rebelde conhecido como Conjuração
] c) Marquês de Pombal Baiana ou Revolta dos Alfaiates, que contou com
1 d) D. Manuel. a participação das camadas sociais mais humildes.
Esse movimento
; e) Visconde de Barbacena.
A) pretendia fundar uma universidade e aproveitar
as jazidas de ferro da região.
1 18. (ESPCEX-2009) A decisão de Portugal de B) contava, no plano político, com elementos
I recriar as Casas de Fundição, por onde todo o adeptos da monarquia constitucional.
! ouro extraído deveria obrigatoriamente passar, é o
! motivo da C) defendia o estímulo à produção de couro e
charque, principais produtos da Bahia.
! a) Guerra dos Emboabas.
D) foi o primeiro movimento de rebeldia no Brasil
! b) Guerra dos Mascates. a questionar o Pacto Colonial.
! c) Insurreição Pernambucana. E) defendia a abolição da escravatura e o aumento
1 d) Revolta de Vila Rica. da remuneração dos soldados.

■ e) Inconfidência Mineira.
22. (EsSA 2011) No ano de 1817, na Província de
Pernambuco, deu-se uma revolta contra o governo
i 19. (ESPCEX-2009) As causas da Conjuração de D. João VI que ficou conhecida como
í Baiana (1798) estão relacionadas com
A) Revolução Liberal.
COLONIAIS

' a) contradições sociais e agravamento da escassez


' de alimentos, uma vez que a área de plantio para B) Cabanagem.
' subsistência diminuiu diante do avanço da lavoura C) Confederação do Equador.
' canavieira.
D) Revolta dos Alfaiates.
' b) reações contra os privilégios comerciais lusita-
REBELIÕES

' nos na região e o interesse da Inglaterra no mono- E) Revolução Pernambucana.


1 pólio do comércio.
' c) aumento de impostos, que generalizou a insatis- 23. (EsSA 2010) As batalhas dos Guararapes
■ fação de toda a sociedade para com a metrópole, (1648 e 1649) marcaram a vitória da Insurreição
POMBALINAS,

' desde a alta aristocracia até as camadas mais po- Pernambucana, que levou à expulsão do território
1 pulares, fazendo subir as tensões coloniais. brasileiro os invasores
1 d) conflitos eníre colonos e jesuitas, decorrentes ingleses
1 da utilização de escravos indígenas nas plantações
1 da região. franceses

>e) a prisão de oficiais das unidades militares da holandeses


03 AS REFORMAS

1 região, com a finalidade de impedir manifestações portugueses


1contra o rigor do fiscalismo português.
espanhóis

| 20. (ESPCEX-2009) Esteve relacionado com as


1 causas da Revolta de Beckman a(o)(s) 24. (FUVEST-SP) - A Inconfidência Mineira, no
plano das ideias, foi inspirada:
; a) elevação de Recife à condição de vila (municí-
Capítulo: HIS

j pio), o que provocou forte reação dos olindenses. a. nas reivindicações das camadas menos favore­
cidas da Colônia;
| b) obstáculos que os jesuítas impunham à escravi-
| zação dos indígenas. b. no pensamento liberal dos filósofos da Ilustra­
ção europeia;
| c) conflitos entre colonos em disputa pela riqueza
■aurífera. c. nos princípios do socialismo utópico de Saint-
Simon;
w w w .u n í p r e .c ó m .br
44 C u rso de Habilitação ao Q uadro A u xiliar de O ficiais
- d. nas ideias defendidas pelos pensadores absolu- ■
J tistas;
| e. nas fórmulas políticas desenvolvidas pelos
1 comerciantes do Rio de Janeiro.

I 25. (UDESC-SC) Nos movimentos conhecidos


! como nativistas, devemos considerar:
| a. o caráter regional de que se revestiram como o
[ efeito da falta de articulação entre as áreas produ-
] toras dominadas pelos setores de consumo exter-
! no;
I b. o conflito entre produtores e comerciantes co-
I mo resultado de contradições mais graves dentro
! da estrutura econômica e com efeito na estrutura
I jurídico-política colonial;
! c. ausência de um projeto de separação política de
! Portugal, substituído por tentativas de reformas
; setoriais do sistema colonial;
! d. A busca de legitimação das medidas tomadas
! pelos setores contestatórios, enviando represen-
! tantes ao centro das decisões políticas em Lisboa
! ou aceitando intervenções de representantes do
■poder absolutista;

COLONIAIS
GABARITO

l.B 2. C 3. C 4. B 5. C

REBELIÕES
6. A 7. E 8. B 9. A 10. B

11. B 12. C 13. B 14. B 15. C

POMBALINAS,
16. E 17. C 18. D 19. A 20. B

21. E 22. E 23. C 24. B 25. C


REFORMAS
03 AS
HIS
Capitulo:

w w w .u n i p r e .co m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 45
U nlpré
H I S 0 4 A P R E S E N Ç A B R I T Â N I C A NO B R A S I L
A presença britânica no Os Tratados
Brasil

Os principais (ratados econômicos feitos por


A situação de Portugal no final do séc. XVIII e D. João foram:
início do século XIX era da maior gravidade. A 1. A Abertura dos Portos da colônia às “na­
crise econômica e financeira o transformou em ções amigas”, em 28 de janeiro de 1808, signifi­
um Estado pobre. Portugal tinha como aliada a cou rompimento do pacto colonial, isto é, o fim do
Inglaterra e com ela assinou vários tratados, sendo monopólio português sobre o comércio do Brasil;
o mais famoso o “Tratado de Panos e Vinhos” ,
ou Tratado de Methuem, de 1703. 2. A Revogação do Alvará de 1785, que proi­
bia a instalação de manufaturas no Brasil, em 1 de
A Inglaterra, país que estava passando pelo abril de 1808, possibilitando o início da industria­
processo de uma Revolução Industrial, tinha na lização brasileira;
Europa um forte inimigo, a França, país que esta­
va também fazendo a sua Revolução Industrial. 3. Os Tratados de 1810: o Tratado de Aliança
e Amizade e o Tratado de Comércio e Navegação.
O imperador francês era Napoleão Bonaparte. O segundo ia ao encontro aos interesses econômi­
Este declara guerra, pois a Inglaterra era sua con­ cos de Portugal e do Brasil, além de humilhar
corrente econômica e política. Para vencer, Napo­ politicamente os portugueses. Entre suas determi­
leão não dispunha de Marinha suficiente para nações, podem ser destacados; concessão aos
enfrentar a Inglaterra e, portanto decreta o Blo­ ingleses de uni porto livre na Ilha de Santa Catari­
queio Continental, isto é, o fechamento dos por­ na; Liberdade religiosa dos britânicos que viviam
tos de toda a Europa aos produtos ingleses. no Brasil e sua extraterritorialidade, deixando os
ingleses de se submeterem às leis portuguesas;
Portugal se viu pressionado. Aderindo ao blo­
Abolição gradativa do tráfico negreiro entre Brasil
queio, perderia certamente as suas colônias; não
e África; As mercadorias inglesas exportadas para
aderindo, seria invadido, e a família real cairia
o Brasil passaram a pagar taxas de apenas 15% ad
prisioneira. valorem, as portuguesas 16% e as de outras na­
ções, 24%. Com esta última cláusula do Tratado
de 1810, o Brasil passou do colonialismo mercan­
A Transferência da Corte tilista português para a órbita do capitalismo in­
dustrial inglês, sendo inundado por produtos da
BRASIL

Inglaterra, impedindo o desenvolvimento das


Nesta difícil conjuntura, a solução foi a sede manufaturas brasileiras. Enquanto isso, a Inglater­
do govemo português se transferir para o Brasil, ra abria o seu caminho dentro do mercado ameri­
providência várias vezes planejada, mas executa­ cano, resolvendo seu problema de estoques de
NO

da às pressas devido à invasão de Portugal por mercadorias, provocado pelo Bloqueio Continen­
tropas francesas. tal.
BRITÂNICA

O navio que conduzia o príncipe D. João veio


até a Bahia, onde foi recebido pelo governador, o
Conde da Ponte. Desde aí, começou a se fazer As principais m edidas de D. João VI
sentir uma nova orientação política. Pela primeira
vez na história uma nação europeia passara a ser
04 A PRESENÇA

regida por um govemo sediado na América. Fixada a Corte no Rio de Janeiro, cerca de
15.000 pessoas vieram aumentar a população da
Antes mesmo de organizar o seu ministério, cidade. O Brasil foi dotado de todos os órgãos
ainda sem instalar o gabinete, o príncipe regente administrativos e judiciários semelhantes aos de
teve de atender a pressão pela abertura do comér­ Portugal. Para aqui se transferiu o corpo diplomá­
cio. José da Silva Lisboa, depois Visconde de tico existente em Lisboa e alguns órgãos foram
Cairu. teve então papel importante na medida criados:
HIS

decretada a 28 de janeiro de 1808 - a abertura


dos portos brasileiros ao comércio das nações ■ Junta do Comércio
Capitulo:

amigas, onde a maior beneficiária foi a Inglaterra. ■ Banco do Brasil


Com a abertura dos portos, acabava o pacto colo­
nial e os colonos teriam liberdade para comercia­ a Escolas Militares
lizar. H Jardim Botânico

w w w .u n ip ie .c o m .b r
46 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Unlpré»
■ Imprensa Régia Caiena), muito superior às variedades de cana
cultivadas 110 Brasil, que concorreu para 0 aumen­
■ Real Fábrica de Pólvora
to de nossa produção açucareira.
■ Arquivo Militar
Napoleão I empossa na Espanha um novo so­
n Bibli oteca Nacional berano: seu irmão, José Bonaparte. A repercussão
desses acontecimentos na América espanhola teve
■ Teatro São João
conseqüências mais graves. Vários planos políti­
■ Faculdades de Medicina no Rio e em cos se chocavam:
Salvador
1) Os argentinos visavam a uma incorporação
do antigo vice-reino do Prata, sob a hegemonia
de Buenos Aires;
2) Os uruguaios, sob a inspiração de Artigas,
pretendiam organizar uma federação das provín­
cias vizinhas;
3) O príncipe D, João procurava realizar o ve­
lho sonho português de estender o seu domínio até
o Prata e impedir a reocupaçâo do Rio Grande
pelos espanhóis;
4) D. Carlota Joaquina, na qualidade de repre­
sentante da Casa de Bourbon de Espanha, sonhava
com a coroa do reino da Prata.
Conseguiu D. João vencer os adversários e in­
corporar o território uruguaio sob o nome de Pro­
víncia Cisnlatina. O Brasil atineiu. então, a sua
maior extensão: desde a Guiana Francesa até o
Prata.

Em 1815, completando sua obra política, D.


João elevou o Brasil à categoria de reino, equiva­ Política Joanina
lente a Portugal. O nome oficial do país passou a
ser Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. O O Brasil deixa de estar inserido no sistema li­
Brasil deixou de ser colônia e se colocava numa beral, o progresso se fazia sentir em todo o Brasil
posição superior a Portugal, pois aqui estava 0 e em todos os setores. Surge uma nova fase em
centro de poder de todo 0 império português. Este nossa História econômica.
fato ajudou muita a elite proprietária brasileira,
Foi assinado com a Inglaterra o Tratado de
que de simples colonos se tomaram uma nobreza
Aliança, Comércio e Navegação, que estabelecia
da terra, com todas as regalias de estarem próxi­
uma taxa de 15% sobre a importação de produtos
mas ao rei. E é claro que esta elite não abriria mão
ingleses, 16% para produtos portugueses e 24%
de sua nova condição.
para produtos de outras nações, levando ao deses­
pero os comerciantes de Portugal. As invasões
francesas haviam devastado 0 país, por outro lado,
Conquista da Guiana Francesa os tratados com a Inglaterra trouxeram ao comér­
cio português uma crise difícil de ser superada,
principalmente na cidade do Porto Antigo, centro
Declarando guerra à França no momento em
comercial português.
que chegava ao Brasil, D. João não poderia inva­
dir o território francês, por isso, invadiu a Guiana Como conseqüência deste tratado, 0 comércio
Francesa. Dando o governo a um brasileiro, João brasileiro foi invadido por produtos ingleses de
Severino Maciel da Costa, depois Marquês de toda espécie.
Queluz.

Com 0 congresso de Viena, em 1815, a Guiana


voltou a pertencer à França. Dessa ocupação tira­
mos algum proveito: a introdução no Brasil de
algumas plantas como o abacate, a fruta-pão, a
nogueira, a canforeira, a cana-caiana fcana da

w w w .u n i p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
U nlpré
A Revolução Constitucionalista do Porto ■ O Partido Português, formado por co­
merciantes e militares portugueses, defen­
( 1820 )
dia a posição das Cortes, desejando a
imediata recolonização do Brasil e a recu­
A situação dos comerciantes portugueses era peração de seus privilégios.
crítica. As concessões comerciais feitas à Inglater­
O Partido Brasileiro, formado pela aristocra­
ra haviam liquidado o monopólio comercial dos
portugueses sobre o Brasil, e ainda por cima o cia rural, comerciantes nativos e burocratas, pro­
governo português, após a derrota de Napoleão, curava garantir as conquistas econômicas e admi­
estava sob a responsabilidade de um lord inglês. nistrativas joaninas, sem se preocupar, a princípio,
com a independência. A insistência das Cortes de
Diante de tal quadro, em 1820, explode em Lisboa em recolonizar o Brasil fez com que o
Partido Brasileiro se inclinasse para o ideal eman-
Portugal, na cidade do Porto, um movimento
cipacionista, buscando preservar a estrutura social
revolucionário dirigido por militares e juizes e
e os privilégios da camada dominante intactos.
principalmente comerciantes. O objetivo da revo­
Queriam uma independência controlada, com a
lução era dotar o país de uma constituição liberal
instalação de uma monarquia chefiada por D.
e consequentemente limitar o poder absolutista de
Pedro, sem os riscos de uma participação popular.
D. João VI. Ao lado do caráter liberal, existia
grande ressentimento pelas atitudes da corte no ■ Os liberais-radicais, englobando
Rio de Janeiro, mesmo depois de 1815, quando a população urbana, profissionais liberais
havia sido restabelecida a paz na Europa. e algumas facções da aristocracia rural
nordestina, tinham como ideal a indepen­
A revolução se espalhou por todo o país. Um
dência política do Brasil, alterando o qua­
governo revolucionário assumiu o poder e convo­
dro social e instalando uma República,
cou eleições para a Constituinte, que teve o antigo
mas divergiam sobre uma possível altera­
nome de Cortes Gerais Extraordinárias da Nação
ção do quadro social, uma vez que a abo­
Portuguesa.
lição da escravidão não era desejo unâni­
Embora com representantes brasileiros, a Re­ me entre os seus membros.
volução exigia nada mais do que a volta do Rei e
sua família para Portugal e a recondução do Brasil
à situação de colônia. Os representantes brasilei­
ros não tiveram vez, e o rei D. João VI teve que O Fico
voltar a Portugal.
Os brasileiros compreenderam, então, que a
Agora preste atenção! O principal projeto das
partida de D. Pedro teria como conseqüência a
Cortes era recolonizar o Brasil. Isto implicaria
imediata recondução do Brasil à posição de colô­
perda dos benefícios que a elite brasileira acumu­
nia e talvez a perda da unidade do Brasil.
NO BRASIL

lou com a estada de D. João no Brasil. Você acha


que eles concordariam com isto? O movimento a favor da permanência do Prín­
cipe no Brasil foi apoiado por São Paulo e Minas
Gerais. Mais de 8 mil assinaturas foram feitas, em
Regência do Príncipe D. Pedro representação da câmara do Rio de Janeiro, que
exigia que D. Pedro não partisse para Portugal.
BRITÂNICA

D. Pedro responde ao presidente da Câmara,


Com os acontecimentos, a Independência do
José Clemente Pereira, com uma frase histórica:
Brasil era inevitável. Uma forma que permitisse “Como é para o bem de todos e felicidade geral da
conservar os laços políticos externos com Portu­
Nação, estou pronto. Diga ao povo que fico” .
gal estava difícil de ser encontrada. O príncipe
Nenhuma determinação de Lisboa seria executada
04 A PRESENÇA

regente procurou ser fiel a Portugal e a seu pai,


sem que recebesse o “cumpra-se” de D. Pedro.
enquanto pôde. Mas, chegou um momento em que
as leis emanadas das Cortes levaria a uma dimi­
nuição do poder da família dos Bragança e a fa­
lência dos que tinham lucrado aqui no Brasil com
a abertura dos portos.
HIS

Os Partidos Políticos
Capitulo:

No Brasil, os grupos políticos orientavam-se


em três direções diferentes:

w w w . u n i p r e .c o m . b r
48 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
ipre
O caminho para a independência do Brasil de
Portugal estava aberto e se consolidou quando D.
Pedro convocou em junho de 1822 uma assem-
bleia constituinte para elaborar uma constituição
para o Brasil, reforçando a ideia de que o Brasil A N O T A T Ò P S
não mais aceitaria as ordens de Portugal. No en­
tanto, a Corte de Lisboa continuava enviando ............ ....... “ .............................. ...........
ordens ao Brasil levando então ao rompimento
definitivo expressado pelo “Grito do Ipiranga”. ____________________________________________
De volta de viagem a São Paulo, em outubro de
1822, D. Pedro foi recebido no Rio de Janeiro e ---------------------------------------------------
saudado como imperador do Brasil sendo coroado _________________________________
em dezembro de 1822.
A Independência do Brasil estava oficializada
e os interesses da etite brasileira: a escravidio, o ---------------------------------------------
latifúndio, foram preservados com a instauração ____________________________________________
de uma monarquia constitucional. O governo de
D. Pedro I, no entanto, não foi tão tranqüilo o
que veremos mais à frente. ---------------------------------------------

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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 49
O nipre
EXERCÍ CI OS ■ b) Favoreceu o crescimento de nossa dependência ■
com Portugal.
c) Estruturou a formação de zonas livres e inde­
pendentes como Pernambuco.
. O Correio Brasiliense, jomat dirigido por Hipó- ! d) Fortaleceu a influência francesa no nosso país
ito da Costa, na época da Independência, era !
principalmente depois dos tratados de 1810.
editado em: !
I
e) Tentou organizar os países da região do Prata,
a) Lisboa i principalmente apoiando o Uruguai.
I
b) Rio de Janeiro i
f

c) Londres 6. São ações militares de D. João VI na América.


d) Buenos Aires a) Declaração de guerra ao Paraguai.
e) Paris ; b) Invasão da Guiana Francesa, e da Cisplatina.
I
I
I c) Invasão do Haiti e da Bolívia.
2. A resolução do Príncipe Regente Dom João ■ d) Guerra aos movimentos separatistas.
abrindo os portos brasileiros ao comércio exterior >
foi influenciada por: e) Declaração de guerra à Inglaterra.
I
a) Visconde de Mauá j
I
b) Conde de Rezende 1 7. A revolução constitucionalista do Porto 1820,
r foi de caráter liberal para Portugal e de caráter
c) Visconde de Cairu | conservador para o Brasil, isto se deve ao fato de:
I
d) Visconde de Anadia J a) realizarem uma constituição e pleitearem a
I
e) Conde dos Arcos | independência do Brasil.
I
I b) realizarem uma constituição e pleitearem o
I
I tratado de amizade de 1810.
3. A transferência da corte Portuguesa para o ;
Brasil decorreu da pressão da Inglaterra, interes- ; c) realizarem uma constituição e pleitearem a
sada em impedir: } recolonizaçâo do Brasil.
I
a) o controle marítimo do Atlântico Sul por Napo- j d) realizarem uma constituição e pleitearem a
leão; | anexação da Cisplatina.
I
b) o aprisionamento dos navios portugueses por J e) realizarem uma constituição e pleitearem o
BRASIL

Napoleão; J rompimento de relações com a Inglaterra.


I
c) a ruína da dinastia de Bragança; J
I
d) a saída de vinho português para a França; [ 8. Os tratados de 1810 objetivavam:
NO

l
e) a aliança entre a Espanha e a França. j a) Favorecimento dos ingleses e o fim do tráfico
BRITÂNICA

1 negreiro.
I
I
I b) Favorecimento de Portugal e o fim do tráfico
4. O partido político surgido no processo de inde- J negreiro.
pendência, e que representava os ideais da aristo- I
cracia rural, (Grandes fazendeiros), eram: \ c) Apoio militar à Napoleão contra a Inglaterra.
1
04 A PRESENÇA

a) Partido Integralista J d) Apoio ao comércio com a Inglaterra e os EUA.


I
b) Partido Brasileiro I e) Fortalecimento do mercado interno, pois apenas
I a Inglaterra tinha facilidade aduaneiras.
c) Partido Português I
I
d) Partido Chimango !
1 9. Partido do primeiro império, formado pelos
e) Partido Radical ! comerciantes, que de inicio era contra a indepen­
C a p i t u l o : HIS

1 dência, era o partido:


t
I
5. O Governo do Príncipe Regente D. João VI, foi ! a) Luso
importante porque: ! b) Caramum
a) Criou as condições para uma futura administra- . - c) Regressista ___________________________
• ção independente. ___ _ ______ *
w w w .u n ip r é . com .br
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
pré»
d) Português 15. A invasão do Uruguai está ligada:
e) Brasileiro a) as prevenções da Rainha Carlota Joaquina;
b) o apoio da Inglaterra;
10. Os tratados: o de Aliança e Amizade e o Tra­ c) a tentativa de se vingar de Napoleâo;
tado de Comércio e Navegação, ficaram conheci­

d) a morte do herdeiro da coroa espanhola;
dos corno:
e) o fim da União Ibérica.
a) Tratados de Panos e Vinhos
b) Tratados de Methuen
16. (ESPCEX-2009) “A primeira medida tomada
c) Tratado de Escobar
pelo regente D. João, ao chegar ao Brasil, foi
d) Tratado de Guadalaral decretar a abertura dos portos brasileiros às na­
ções amigas.” (SILVA, 1992)
e) Tratado de 1810
Tal fato
a) significava, na prática, o fim do pacto colonial.
11. Outro nome para o tratado Methuen:
b) prejudicava a Inglaterra, que passaria a sofrer
a) Algiceira
concorrência de outros países no comércio com o
b) Panos e Vinhos Brasil,
c) Anglo-Iuso c) contrariava, num primeiro momento, os interes­
ses dos comerciantes brasileiros.
d) Versalhes
d) beneficiava a França, favorecida pela redução
e) Madrid
das tarifas alfandegárias nas relações bilaterais.
e) criava condições igualitárias, quanto à tributa­
12. Foram criações de D. João VI ção alfandegária, no comércio com Portugal e
com todas as demais nações.
a) Banco do Brasil
b) Constituição de 1824
17. (EsSA 2011) A elevação do Brasil à categoria
c) Estrada Real
de Reino Unido a Portugal e Algarves, em 1815,
d) Porto de Antonina está ligada ao(à):
e) Banco Central a) desejo de D. João de agradar os ingleses.
b) projeto de implantação do regime monárquico
no país.
13. As academias militares foram as primeiras CQ
instituições de ensino superior no Brasil, pois elas c) assinatura do Tratado de Fontenebleau com a
O
foram fundadas por: Espanha. •'-J
<
a) D. Pedro I d) ação das sociedades maçônicas estabelecidas (J
no Rio de Janeiro. 2
b) D. Manuel «C
e) necessidade de legitimar a representação de M $I
c) D. João VI Portugal no Congresso de Viena.
Kl
CQ

d) Duque de Caxias <


O
e) Marques de Pombal 18. (EsSA 2010) O Tratado de Methuen, assinado W
co
1
em 1703, por portugueses e ingleses, W
PC
(Xi
14. O Brasil deixa de ser colônia de Portugal a) incrementou a industrialização em Portugal e <
praticamente em 1808, porém oficialmente nós no Brasil.
mudamos nossa condição no ano de: b) abriu um importante canal para a transferência CO
a) 1810 com os tratados com a Inglaterra da riqueza produzida no Brasil para a Inglaterra. I—t
X
b) 1815 com a elevação a reino unido c) criou foro especial para julgar cidadãos britâni­
cos que viviam no Brasil.
c) 1820 com a revolução do Porto 3
J-J
d) trouxe vantagens para Portugal nas relações "H I
d) 1817 com o casamento de Pedro I a
comerciais bilaterais com a Inglaterra. ro
U
e) 1809 com a invasão da Guiana Francesa ■
-
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K S sT
w w w .u n i p r e .c o m . b r 1■
C u rso de H abilitação ao Q uadro A u xiliar de O ficiais 51
Unlpré»
e) favoreceu o desenvolvimento da indústria luso- 17. E 18. B 19. D 20. B
brasileira.

19. (EsSA 2011) A elevação do Brasil à categoria


de Reino Unido a Portugal e Algarves foi uma
medida tomada pelo Regente D. João, com o
objetivo
a) de aumentar seu poder pessoal, pois ele passou
a dominar um Império que englobava as colônias
espanholas na América.
b) de unificar as Coroas de Portugal e Espanha,
que era denominada pelos portugueses de país de
Algarves.
c) de melhorar a defesa do Brasil contra as cons­
tantes invasões de franceses e ingleses, que sa­
queavam as nossas cidades litorâneas.
d) de obter o reconhecimento da dinastia de Bra­
gança por parte do Congresso de Viena, reunido
na Europa e dirigido pelos países que derrotaram
Napoleão.
e) de satisfazer a cobiça das elites brasileiras, que,
com essa medida, tiveram acesso às minas de
prata de Potosí, na Bolívia.

20. (FUVEST - SP) - A vinda da Família Real


ao Brasil esta diretamente ligada ao seguinte epi­
sódio:
a) a adesão portuguesa ao Bloqueio Continental
decretado por Napoleão;
b) o desafio de Portugal ao decreto napoleônico
do Bloqueio Continental e sua aliança com a In­
M glaterra;
to
<
& c) a habilidade diplomática de D. João, que fez
ca
aliança com a França e Inglaterra para sair da
o Europa em guerra;
s
< d) o apoio português às tropas franco-hispânicas
u
M
s para evitar as guerras de independências na Amé­
rica;
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< GABARITO
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5. A 6. B 7. C 8. A
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- 4-1 13. C 14. B 15. A 16. A
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52 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
LJmtpré
HIS 0 5 O P R O C E S S O DE I N D E P E N D Ê N C I A
Em maio de 1823, reuniu-se peia primeira vez
no Brasil uma Assembleia Constituinte, com a
O Processo de Independência do Brasil finalidade de elaborar, discutir e aprovar a nossa
primeira Constituição. Essa Constituição é cha­
mada de Constituição da Mandioca, pois o direito
O Brasil não foi à única colônia que ficou in­
a voto estava baseado em uma renda mínima, ou
dependente no início do século XIX. Quando
seja, o voto era censitário, definido pela medida
ocorreu a nossa independência, em 7 de setembro
de 150 alqueires de mandioca.
de 1822, algumas colônias da América já haviam
se tomado independentes de suas metrópoles. Os constituintes eram altas autoridades da
Igreja e grandes proprietários rurais. Ou seja,
A primeira colônia americana que se tornou
elementos da classe dominante que elaboraram
independente foram os EUA, em 1776. Os norte-
uma Constituição em que o Imperador só teria
americanos já tinham uma cultura bastante dife­
poder figurativo.
rente da nossa. Por isso, a independência política
do Brasil apresentou diferenças em relação à in­ Ao lado, José
dependência da maioria dos países americanos. Bonifácio de An-
Graças às circunstâncias, no Brasil, adotou-se drada, uma das
uma Monarquia. Para a aristocracia, era a forma principais lideran­
ideal de govemo, pois as estruturas sociais não ças políticas do
tinham stdo alternadas. Além disso, se manteria a Brasil.
escravidão.
As característi­
cas do projeto de
constituição de
As lutas contra a Independência
1823 eram:

A notícia da independência não foi bem rece­


N Antiabsolutismo: pois limitava os pode­
bida em todos os lugares do Brasil. No norte e
nordeste, os militares e os comerciantes portugue­ res de D. Pedro I;
ses, que controlavam o governo, revoltaram-se e es A n tilu sita n ism o : proibia portugueses de
decidiram lutar para manter os antigos laços de nascimento de exercer altos cargos admi­
união com Portugal. nistrativos e eletivos;
O govemo de D. Pedro não tinha um exército b Classismo: concentrava os poderes nas
preparado para combater os revoltosos. Então,

INDEPENDÊNCIA
mãos da classe de proprietário de terras e
com o apoio dos grandes proprietários rurais do escravos, pois definia que quem poderia
centro-sul, favoráveis à independência, D. Pedro votar e ser eleito para deputados e senado­
contratou os serviços militares de mercenários. res eram os homens que tinham uma ren­
Os chefes mercenários contratados foram lor­ da proveniente da agricultura.
de Cochrane, John Greenfell, Pierre Labatut,
James Norton, John Taylor e Thomas Crosbie.
É claro que este projeto desagradava a D. Pe­
DE

Houve vários choques entre as forças portu­ dro I que pretendia se tomar um imperador com
guesas que lutavam contra a independência e as totais poderes sobre o Brasil. Desta forma, no dia
05 0 PROCESSO

tropas que representavam o govemo brasileiro. A 12 de novembro de 1823, com as forças militares
luta estendeu-se pela Bahia, Pará, Maranhão, sob o seu comando, D. Pedro I cercou o prédio e
Piauí e Província Cisplatina (amai Uruguai). Mas decretou que a Assembleia Constituinte estava
em todos esses lugares o govemo de D. Pedro dissolvida. Vários deputados foram presos, inclu­
venceu os revoltosos. sive José Bonifácio. D. Pedro 1 tinha uma educa­
Na metade de 1823, todo o país já estava sob o ção absolutista e a estava colocando em prática.
Isso lhe causaria mais tarde a sua renúncia ao
HIS

comando do imperador D. Pedro 1.


trono.
Capitulo:

A Constituição M onárquica de 1824


A Assem bleia Constituinte

D. Pedro I, depois de dissolver a Assembleia


Constituinte, nomeou um Conselho de Estado
w w w . u n i p r e . c otn . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 53
Umipre*
fonnado por dez indivíduos escolhidos por ele Católica era oficial e o Imperador ti­
para fazer uma constituição imperial, a nossa nha o poder de padroado, ou seja, o
primeira Constituição foi outorgada, isto é, foi imperador era o chefe da igreja cató­
imposta por D. Pedro I em 25 de março de 1824. lica no Brasil.
A Constituição determinava: ■ Havia tolerância com outras religiões,
mas estas não podiam ter cultos pú­
■ A existência de quatro poderes: Exe­ blicos.
cutivo, Judiciário, Legislativo e Mo­
derador. bs O sistema eleitoral era censitário e
indireto, garantido às pessoas que
■ O Poder Executivo era formado peto comprovassem uma renda igual ou
Imperador e seus ministros, com a superior a 100 mil réis. Para ser depu­
função de executar as leis criadas pe­ tado deveria ter uma renda de 400 mil
lo Legislativo. réis e senador, 800 mil réis. Ou seja,
■ O Poder Legislativo era formado pelo na prática este sistema excluía a mai­
Senado de caráter vitalício, sendo os oria da população do direito de voto.
senadores nomeados pelo imperador,
e pela Câmara dos Deputados. Sua
função era elaborar as leis. O RECONHECIMENTO DA
E3 O Poder Judiciário era composto por INDEPENDÊNCIA
juizes e tribunais. O seu órgão máxi­
mo era o Supremo Tribunal de Justi­
Todo Estado independente precisa manter re­
ça.
lações políticas e comerciais com outros países.
n O Poder Moderador era exclusivo do Para tanto é necessário que sua independência seja
Imperador e dava-lhe o direito de dis­ reconhecida pelos governos dos outros países. Foi
solver a Câmara dos Deputados, no­ difícil para o Brasil ter sua independência reco­
mear senadores, conceder anistia, nhecida. Ao lado do México, nosso país havia
nomear juizes e convocar a Assem- adotado a forma de governo monárquico, o que
bleia Geral (Senado e Câmara). era visto com desconfiança pelos países da Amé­
rica de regime republicano, pois, segundo eles, os
■ As províncias seriam governadas por
países europeus governados por monarcas poderi­
um presidente nomeado pelo Impera­
am tentar a recolonização americana.
dor.
O primeiro país que nos reconheceu como Es­
■ A criação de um Conselho de Estado,
tado independente foram os Estados Unidos, em
com membros vitalícios escolhidos
rt 1824. Desde 1823 os Estados Unidos adotaram
Organização política do Brasil após a constituição de 1824
INDEPENDÊNCIA
DE
05 O PROCESSO
HIS
Capitulo:

54 C u rso de H abilitação ao Q uadro A uxiliar de O ficiais


um conjunto de medidas que norteavam suas Jornais, como o Tífis Pernambucano, de Frei
relações internacionais conhecidas como “ Doutri­ Caneca, e o Sentinela da Liberdade na Guarita
na Monroe”, por causa do presidente James Mon- de Pernambuco, de Cipriano Barata, alimentavam
roe que a lançou. O objetivo principal desta dou­ as ideias revolucionárias.
trina era afastar a influência europeia sobre a
Os revoltosos chegaram a tomar poder em
América e consolidar os interesses dos EUA no
Pernambuco e o movimento se espalhou para
continente.
Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Alagoas.
Esta doutrina pode ser resumida pela frase “A Os revoltosos fundaram um novo Estado indepen­
América para os americanos". Ou seja, os EUA dente do Rio de Janeiro, chamado Confederação
pretendiam conseguir vantagens nas relações do Equador. A participação popular, no entanto,
comerciais com os países da América que se tor­ assustava aos grandes proprietários, pois as pro­
navam independentes como o Brasil. postas eram radicais como fim da escravidão e
igualdade social, logo, os grandes proprietários se
Mas para ser reconhecido por países europeus,
afastaram do movimento. A revolução no Nordes­
segundo o congresso de Viena, era necessário que
te teve curta duração, porque a repressão foi vio­
a metrópole primeiro reconhecesse a independên­
lenta, montada com dinheiro de empréstimos,
cia da ex-colônia. Para tanto, Portugal exigiu dois
aumentando ainda mais nossa dependência com a
milhões de fibras esterlinas e o título de Impera­
Inglaterra.
dor honorário do Brasil a D. João VI.
Os revoltosos foram atacados por mar por uma
O Brasil não dispunha de dois milhões de li­
bras exigidos por Portugal, tendo a Inglaterra, esquadra comandada por Lord Cochrane e por
emprestado. Este empréstimo aumentou a nossa terra, por forças comandadas por Francisco Lima e
dívida externa e a nossa dependência econômica Silva, pai de Duque de Caxias. Sem grande poder
para com a Inglaterra. A Inglaterra mais uma vez de reação a Confederação foi destruída, sendo
tirou vantagens nas negociações entre Brasil e seus líderes condenados à morte, entre eles Frei
Portugal. A Inglaterra reconheceu a independên­ Caneca, que recebeu pena de enforcamento, tro­
cia do Brasil (1826), pouco depois de Portugal e cada por fuzilamento por não existir carrasco em
exigiu a renovação dos tratados de 1810 que esta­ Pernambuco que executasse a pena da forca.
belecia a continuação dos privilégios alfandegá­
rios aos produtos ingleses (15%) e o compromisso
do Brasil extinguir o tráfico de escravos até 1830. FIGURAS DESTACARAM-SE NA
INDEPENDÊNCIA:

TRATADO DE 1825:

■ José Bonifácio de Andrada: Foi o lí­


li Portugal reconhecia a Independência do der da aristocracia rural, chefe do par­
Brasil. tido brasileiro, ele participou da cons­

INDEPENDÊNCIA
n O Brasil pagaria a importância de dois tituinte de 1820 no Porto e lutou poli­
milhões de libras esterlinas sendo ticamente pela independência apoian­
1.400.000 libras como pagamento de do D. Pedro; posteriormente se afasta
uma dívida de Portugal junto à Inglater­ de D. Pedro I. Quando da abdicação
ra. do imperador se reconcilia com D.
II D. João VI poderia usar o título de Impe­ Pedro e passa a ser o Tutor (profes­
rador Honorário do Brasil. sor) do Futuro D. Pedro II. É chama­
DE

do de patriarca da Independência.
05 O PROCESSO

Reação contra a Outorga,


■ Joana Angélica: A abadessa Joana
a Confederação do Equador (1824)
Angélica resiste à invasão do seu
Convento e num último gesto para
As medidas autoritárias de D. Pedro I, como a afastar os agressores grita: “Para trás,
dissolução da Assembleia Constituinte em 1823, a bárbaros. Respeitem a casa de Deus.
outorga da Constituição de 1824, a centralização Ninguém entrará no convento, a me­
HIS

do poder político e os pesados impostos, provoca­ nos que passe por cima do meu cadá­
ram em Pernambuco uma nova revolução em ver!” Uma baioneta atravessa o peito
Capitulo:

1824: a Confederação do Equador. As ideias da religiosa que veio a desencarnar


liberais, republicanas, antilusitanas e federativas no dia seguinte, 20 de fevereiro de
eram divulgadas no Nordeste por alguns líderes, 1822, tomando-se o símbolo da resis­
como Frei Caneca, Cipriano Barata e Paes de tência e mártir da independência.
Andrade.

w w w .u n i p r e .c o m .br
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 55
UmSpré
■ Maria Quitéria de Jesus: Nasceu na Guerra da Cisplatina
pequena localidade de São José da
Itapororocas, no interior baiano, dis­
farçou-se de homem e assentou praça A Cisplatina foi anexada ao Brasil por D. João
em um Regimento de Artilharia, para VI, em 1821. Seus habitantes, de origem espanho­
lutar contra os portugueses. Transfe­ la, não aceitavam essa união. Em 1825, um mo­
rida, posteriormente, para a infanta­ vimento revolucionário opunha-se ao Brasil, de­
ria, Maria Quitéria integrou-se ao clarando a anexação da Cisplatina à Argentina.
“Batalhão de Voluntários do Príncipe Iniciou-se uma guerra entre Brasil e Argentina,
D. Pedro”, também conhecido como com muitas mortes e perdas materiais para ambos
“Batalhão dos Periquitos”, devido à os lados. Pressionado pelos brasileiros, que não
cor verde das golas e dos punhos dos concordavam com a guerra, D. Pedro aceitou
uniformes de seus integrantes. Era assinar o Tratado de Paz com a Argentina, sob a
conhecida como “soldado Medeiros”. mediação inglesa, em que se reconhecia a Inde­
pendência da Cisplatina, que passou a se chamar,
a partir de 1828, República Oriental do Uruguai.
■ Almirante inglês Lord (Marquês do A guerra durou três anos e ajudou a arruinar a
Maranhão): Foi convidado pelo Go­ economia brasileira, que culminou com a falência
vemo brasileiro para comandar a re- do Banco do Brasil em 1829. A popularidade de
cém-criada Armada brasileira, o qual D. Pedro sofria mais abalos.
trouxe consigo mais quatro oficiais
II. A Questão do trono português — O direito
britânicos, dentre os quais João Pas-
de sucessão do trono português, com a morte de
coe Grenfell, que se destacou por D. João VI em 1826, passou a pertencer a D. Pe­
prestar imensos e inestimáveis servi­ dro, que renunciou em favor de sua filha D. Maria
ços à nossa Pátria. O Almirante Co- da Glória. Sendo esta ainda criança, D. Miguel,
chrane assumiu o Comando-em- irmão de D. Pedro, ficou na regência do trono.
Chefe da Esquadra Imperial em 21 de Contudo, D. Miguel foi aclamado rei em 1828,
março de 1823, quando içou, no mas­ com o apoio da Santa Aliança. Para garantir os
tro da Nau Pedro I, o seu pavilhão de direitos de sua filha, D. Pedro entrou em conflito
Io Almirante da Marinha do Brasil. A com seu irmão. O envolvimento do imperador
Io de abril, partiu do Rio de Janeiro com a questão sucessória de Portugal gerou pro­
com destino a Salvador levando as testos da elite brasileira que temia que D. Pedro
ordens do Ministro Cunha Moreira, tomasse para si o trono português e mantendo o
para que estabelecesse um rigoroso império do Brasil, reunisse as duas coroas colo­
bloqueio, destruindo e tomando todas cando em risco a independência do Brasil.
as forças portuguesas que encontras­
se, fazendo o maior dano possível ao III. A oposição liberal — As críticas eram pro­
inimigo. fundas ao govemo de D. Pedro principalmente
INDEPENDÊNCIA

através de jornais que publicavam artigos severos


contra a situação política do país. A elite proprie­
tária brasileira também se colocava contra D.
O PRIM EIRO REINADO (1822- 1831)
Pedro assumindo uma posição liberal. No entanto,
este liberalismo, significava tão somente ser con­
D. Pedro 1 deveria governar o país até sua tra o absolutismo imposto pelo imperador, sem
morte, no entanto em 1831 foi obrigado a abdicar mais preocupações ideológicas. Ou seja, manter a
ao trono brasileiro em favor de seu filho Pedro de escravidão e os privilégios desta classe era de
DE

Alcântara de apenas 5 anos de idade. Os fatores grande importância.


que levaram ao Fim do primeiro reinado foram:
05 O PROCESSO

Outro setor social envolvido era a classe mé­


I. Crise econômica — Motivada pela série de dia das grandes cidades brasileiras que assumia
empréstimos contraídos pelo Brasil junto aos posições mais radicais de implantação de uma
bancos ingleses, e ainda pela queda dos preços República e discutia o fim da escravidão.
dos principais produtos de exportação do Brasil, o
açúcar e algodão que sofriam forte concorrência Os jornais eram as armas deste grupo contra o
das Antilhas, no caso do açúcar e dos EUA no imperador. Em um destes jomais, “O Observador
Constitucional” , de São Paulo, escrevia o médico
HIS

caso do algodão. A situação ainda ficou mais


grave com a Guerra da Cisplatina. e jornalista italiano Libero Badaró, que assinou
artigo ofensivo aos militares. Por isso foi surrado
Capitulo:

até a morte por militares favoráveis a D. Pedro I,


Antes de morrer Libero teria dito: “Morre um
liberal mais não morre a liberdade ” Seu assassi­
nato transformou a figura de Libero Badaró em
w w w . u n i p r e . com.br
56 Curso de Habílilação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
p re
um herói da liberdade no Brasil contra o absolu- receba a bênção de seu pai, que se retira saudoso e
tismo de D. Pedro, sendo este, inclusive, acusado sem mais esperança de o ver”.
de ter encomendado o crime. Houve grande co­
moção popular com protestos contra o imperador.
Resumindo:
A situação era grave, e o único segmento que
apoiava D. Pedro era o partido português, forma­ foram causas da impopularidade de D. Pedro l
do em sua maioria por grandes comerciantes e e que levaram a sua renúncia (abdicação):
militares de origem portuguesa. Para tentar acal­
■ A dissolução (fechamento) da As-
mar a situação, o partido português, elaborou uma
sembleía Constituinte;
estratégia na qual D. Pedro deveria percorrer as
províncias para aclamar a situação. No entanto, ao ■ A repressão violenta aos integrantes
chegar a Minas Gerais D. Pedro foi recebido fria­ da Confederação do Equador (exem­
mente com cartazes que exaltavam a figura de plo: a execução de Frei Caneca, líder
Libero Badaró. popular pernambucano);
D. Pedro I retomou ao Rio de Janeiro a 11 de e A guerra que levou a perda da Pro­
março encontrando a oposição nas ruas, tomando víncia Cisplatina;
espaços, contestando. Os conflitos culminaram na
noite de domingo, 13, quando um grupo mais ■ A sucessão dinástica portuguesa após
exaltado atacou casas dos “pés de chumbo” — a morte de D. João VI;
portugueses, que responderam jogando garrafas ■ A “Noite das Garrafadas", conflito
num episódio que ficou conhecido como Noite entre portugueses e brasileiros;
das Garrafadas.
■ A demissão do Ministério Liberai ou
O imperador, pressionado por toda a situação dos Brasileiros (de agrado popular) e
- após um manifesto redigido por vinte e três a nomeação do Ministério dos Mar­
deputados e pelo senador Vergueiro - nomeou, a queses ou dos Medalhões;
19 de março, um novo ministério formado por
■ O assassinato do jornalista Libero
políticos mais liberais. Entretanto, a oposição não
Badaró que escrevia no “Observador
cessou. No dia 25 de março, comparecendo à
Constitucional";
cerimônia de comemoração do sétimo aniversário
da Constituição Imperial, D. Pedro 1 ouviu gritos » D. Pedro utilizou-se de verbas brasi­
de “Viva o imperador enquanto constitucional” e leiras para manter sua filha no trono.
“Viva D. Pedro II”.
Nos primeiros dias de abril as ruas viviam
momentos de grande inquietação: grupos exalta­
ANOTAÇÕES
dos passaram a defender a necessidade de um
Governo republicano. A imprensa pregava “o
<
dever sagrado da resistência à tirania”. A pressão I—l
O
continuava e no dia 5 de abril D. Pedro I consti­ S
tuiu um novo ministério - o Ministério dos Mar­ Q
2
queses - todos notáveis pela sua impopularidade. W
No dia 6, desde o amanhecer, numerosos grupos w
concentraram-se no Campo da Aclamação - local Q
iz;
M
onde D. Pedro fora feito Imperador Constitucio­
nal e Defensor Perpétuo do Brasil, onde circula­
W
Q
vam boatos de represálias do imperador à oposi­ O
ção. Exigia-se o retomo do gabinete formado por co
co
liberais brasileiros. De noite, a população ainda CJ
o
reunida, viu juntarem-se os corpos de tropa sob o o
ÇC
comando do brigadeiro Francisco de Lima e Silva. çu
O
Na madrugada do dia 7 de abril de 1831, não LO
conseguindo contornar a crise, D. Pedro I apresen­ O
tou o ato de abdicação ao trono. Naquela mesma co
I—I
madrugada deixou o palácio sem se despedir do 33
filho de cinco anos, seu herdeiro, mas enviando-
lhe posteriormente uma correspondência na qual
3
assinalava que (...) “me retiro para a Europa (...) -U
i—
I
para que o Brasil sossegue, o que Deus permita, e a

possa para o futuro chegar àquele grau de prospe­ o
ridade de que é capaz. Adeus, meu amado filho,
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 57
EXERCÍCIOS 4. A abdicação de D, Pedro I pôs fim ao Primeiro ■
Reinado e proporcionou as condições para a con­
solidação da independência nacional, uma vez
que:
a) as lutas das várias políticas se resolveram com
a vitória dos Exaltados sobre os Moderados;
1. O sistema eleitora! adotado no Império Brasi­
leiro estabelecia o voto censitário. Esta afirmação b) as rebeliões anteriores à abdicação possuíam
significa que: nítido caráter reívindicatório de classe;

a) o sufrágio era indireto no que se referia às elei­ c) o governo do Príncipe não passou de um perío­
ções gerais; do de transição em que a reação portuguesa, apoi­
ada no Absolutismo do soberano, se conservou no
b) para ser eleitor era necessário possuir uma poder;
determinada renda anual;
d) as propostas do Partido Brasileiro contavam
c) as eleições eram efetuadas em dois turnos su­ com o apoio unânime dos Deputados à Assem­
cessivos; bleia Constituinte de 1823;
d) o voto não era extensivo aos analfabetos e às e) as disputas entre conservadores e liberais repre­
mulheres; sentaram diferentes concepções sobre a forma de
e) por ocasião das eleições, realizava-se o recen- organizar a vida econômica do país.
seamento geral da população.

5. Aparecem como características da primeira


2. O anteprojeto que deveria servir de base para a Constituição Brasileira, outorgada em 25 de mar­
primeira Constituição do Brasil, em discussão na ço de 1824:
Assembleia Constituinte em setembro de 1823, 1. A Assembleia Geral bicameral, constituída pelo
tinha como uma de suas características: Senado vitalício e pela Câmara dos Deputados
a) o espírito libera! de seus artigos, permitindo às temporária;
camadas populares o direito de elegerem os seus 2. a existência de quatro poderes políticos, sendo
representantes; o Poder Moderador “a chave de toda a organiza­
b) a tentativa de limitar a influência da aristocra­ ção política nacional”;
cia rural nas decisões políticas; 3. A nomeação dos ocupantes do Poder Executivo
c) a possibilidade de os portugueses, desde que pelo titular do Poder Moderador, após indicação
dispusessem de uma determinada renda, exerce­ pelos membros do Poder Legislativo;
rem cargos públicos; 4. A divisão do Império em Estados, cujas capitais
d) a limitação ao máximo do poder de Pedro I, deveriam ser as cidades comerciais mais impor­
INDEPENDÊNCIA

com a valorização do poder da representação tantes;


nacional; 5. A existência de eleições diretas e censitárias.
e) a completa eliminação de fatores econômicos Assinale:
na organização do eleitorado brasileiro. a) se somente as afirmativas 1 e 5 estão corretas;
b) se somente as afirmativas 2 e 4 estão corretas;
3. Para o reconhecimento de sua independência
DE

c) se somente as afirmativas 3 e 4 estão corretas;


política por parte das Nações europeias, o Brasil
d) se somente as afirmativas 3 e 5 estão corretas;
PROCESSO

teve que enfrentar dificuldades várias. O reconhe­


cimento foi obtido com o apoio: e) se somente as afirmativas 1 e 2 estão corretas.
a) da Espanha, devido suas rivalidades políticas
com a Coroa Portuguesa;
O

6. Na questão seguinte, assinale:


b) da Austrália, pelas relações familiares com a
05

Família Imperial do Brasil; a) se forem verdadeiras as proposições I, II e III;


HIS

c) dos Estados Unidos, em razão da Doutrina b) se forem verdadeiras as proposições 111;


Monroe; c) se forem verdadeiras as proposições I e 111;
Capítulo:

d) da Inglaterra, devido seu interesse no mercado d) se forem verdadeiras as proposições II e III;


brasileiro;
e) se for verdadeira apenas a proposição I.
e) da França, baseando-se na política da Santa
Aliança.
w w w . u n i p r e .c o m . b r
58 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Unipr#»
I. A Constituição de 1824 incorporava muitos • d) a necessidade de reconhecimento por parte da ;
elementos do projeto original da Constituinte de J Europa monárquica.
1823, mas reforçava o poder do Imperador sobre
os proprietários agrários;
10. (EsSA 2008} A primeira constituição brasilei- |
II. Na Carta de 1824 estão incluídos, explicita­
ra (1824) estabelecia, entre outros fatores, a exis- [
mente todos os artigos relacionados aos direitos
tência de quatro poderes. Aquele que era exercido !
sociais básicos, constantes da Declaração dos
exclusivamente pelo imperador era o Poder: !
Direitos do Homem de 1789;
a) Legislativo. \
m . A Constituição de 1824 estabelecia um siste­
ma de eleições indiretas para qualificação dos b) Judiciário. !
eleitores e excluía dos direitos políticos as classes
c) Executivo. !
trabalhadoras, bem como todos os que não possu­
íssem determinado nível de renda. d) Moderador. !
e) Republicano. !
7. Na História das Constituições do Brasil, sobre a
primeira Carta Magna Brasileira são feitas as
seguintes afirmações: 11. (EsSA 2011) No dia 25 de março de 1824, D. I
Pedro 1 outorgou a primeira Constituição brasilei- i
I. Data de 1824, no terceiro ano de vida indepen­ ra, que tinha como características o(a) i
dente do país, e foi assinada por D. Pedro 1;
A) religião católica e voto universal. !
II. Reconhecidos pela Constituição existiam qua­
tro poderes: o Legislador, o Executivo, o Judiciá­ B) Poder Moderador e Senado vitalício. i
rio e o Moderador; C) liberdade administrativa às províncias e voto >
III. O govemo declarado nela era a Monarquia censitário. !
hereditária, constitucional e representativa. Es­ D) magistrados nomeados pelo imperador e reli- ■
creveu-se corretamente em: gião protestante.
a) I e II apenas; E) voto extensivo às mulheres e Poder Modera- ■
b) I e III apenas; ■ dor.

c) II e III apenas;
d) I, li e III; GABA RITO

e) Nenhuma delas.
I.B 2. D 3. D 4. C 5. E

INDEPENDÊNCIA
8. A Inglaterra atuou a favor do Brasil para a 6, A 7. D 8. B 9. C 10. D
obtenção do reconhecimento de sua independên­
cia, mas exigiu a extinção: II. B

a) dos contratos comerciais com os países da


Santa Aliança;
b) do tráfico negreiro;
DE

c) da escravatura;
PROCESSO

d) do Pacto Colonial;
e) do acordo comercial de 1810.
O

9. A adoção de um govemo monárquico no Brasil


05

deveu-se fundamentalmente:
HIS

a) aos interesses ingleses no Brasil;


b) a presença de um português à frente do movi­
Capítulo:

mento libertador;
c) ao interesse da aristocracia territorial em pre­
servar seus privilégios;

w w w . u n i p r e .c o m .br
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 59
Umiprá"
HIS 0 6 BRASIL I MP E RI A L - P RI M E I R O R E I N A D O E
P E R Í O D O REGENCIAL
dos a sair do exército os elementos estrangeiros
e foi concedida anistia a todos os acusados de
Como vimos anteriormente, quando, em 7 de
crimes políticos anteriores e ainda, proibição dos
abril de 1831, D. Pedro 1 abdicou em nome de seu
ajuntamentos noturnos em praça pública, tomando
filho D. Pedro II, o futuro imperador do Brasil,
inafiançáveis os crimes em que ocorresse prisão
nascido em 02 de dezembro de 1825, tinha apenas
em flagrante.
5 anos e 4 meses de idade e, portanto, não poderia
assumir o govemo. Sendo assim, até 23 de julho A situação do país, no entanto, não era de
de 1840, quando D. Pedro II foi declarado de calma; vários motins e movimentos explodiriam
maior idade, o Brasil seria governado por regên­ na Bahia, em Minas, no Pará e em Pernambuco.
cias.
Houve quatro regências:
A Regência Trina Permanente {junho -
!. a Regência Provisória Trina; 1831/ outubro - 1835)
2. a Regência Permanente Trina;
3. a Regência Una do Padre Feijó; Reunido a 3 de maio o Parlamento tomou as
4. a Regência Una de Araújo Lima. primeiras resoluções relativas à futura Regência
Permanente, determinou-se que os regentes não
poderiam dispor das atribuições do Poder Mo­
derador, anteriormente exercido por D. Pedro I,
A Regência Trina Provisória (abril-1831/
REGENCIAL

de acordo com a Constituição de 1824, como


junho-1831) também não poderiam dissolver a Câmara ou
conceder títulos de nobreza.
A Constituição de 1824, aquela mesmo outor­ No dia 17 de junho de 1831 a Regência Trina
gada por D. Pedro I, em seu Artigo 124, dizia que Permanente era eleita pela Assembleia. Seria
PERÍODO

na falta do imperador e de um sucessor que o utilizado um principio geográfico na escolha dos


substituísse imediatamente, o país seria governado regentes estabelecendo um equilíbrio entre as
por uma regência eleita pela Assembleia-Geral regiões. Esta regência era composta pelos repre­
(Câmara dos Deputados e Senado). Portanto, os
E

sentantes:
regentes seriam os deputados e senadores que
REINADO

m do Norte, representado por Bráulio


compunham a própria Assembleia e que por ela
Muniz;
eram eleitos.
Quando D. Pedro I abdicou, em 7 de abril de ■ do Sul, representado por José da Cos­
1831, os deputados estavam de férias; formou-se ta Carvalho (futuro Marquês de Mon­
PRIMEIRO

então uma regência trina provisória até que a te Alegre);


assembleia pudesse se reunir e eleger uma regên­ ■ Manteve-se o Brigadeiro Lima e Sil­
cia permanente. va, pelo seu respeito tanto no meio
-

A Regência Trina Provisória foi composta pe­ civil, quanto no militar.


los seguintes representantes:
IMPERIAL

H Senador Nicolau Campos de Ver­


A presença do Brigadeiro Lima e Silva era
gueiro — liberal; uma tentativa em impor a ordem pública, por
fi Marquês de Caravelas (José Joaquim meio da figura de um militar respeitado em ambas
as frentes.
BR A SIL

Carneiro de Campos) — conserva­


dor; Outra característica desta regência é que ela
■ Brigadeiro Francisco de Lima e Silva, foi formada apenas por deputados e não senado­
res, como a regência provisória. No entanto, o
06

cujo prestígio militar era evidente


(pai do futuro Duque de Caxias). govemo da Regência Trina Permanente foi bas­
HIS

tante agitado pois três grandes gmpos políticos se


formaram e hostilizaram-se reciprocamente:
Capitulo:

Estes regentes provisórios readmitiram o Mi­ S Moderado que apoiava a Regência;


nistério dos Brasileiros, que havia sido demitido
s Exaltado que defendia ideias republi­
por D. Pedro I; publicou um manifesto pedindo ao
povo que se mantivesse em ordem; foram obriga­ canas;

w w w .u n i p r e .e o m .b r
60 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Restaurador ou Caramuru que dese­ questões, o Código ampliava as funções dos juizes
java a volta de D. Pedro I. de paz, que eram eleitos pelos cidadãos ativos, isto
é, aqueles que tinham renda, de uma determinada
localidade. Os juizes passaram a exercer o papel de
Toda a política, durante os quatro anos de go­ polícia local, com o poder de prender, formalizar a
verno da Regência Trina Permanente (1831­ culpa e julgar. Em casos de urgência podiam con­
1835). foi dominada pelo Ministério, do qual fazia vocar a Guarda Nacional e a polícia. Acima do juiz
parte o Padre Diogo Antônio Feíjó. Como Minis­ de paz, instituiu-se a figura do juiz municipal,
tro da Justiça e como representante da classe soci­ escolhido pelo presidente da Província. Foi abolida
al dominante, a aristocracia, o padre Feijó tinha a pena de morte, embora fosse mantida a pena do
que manter a ordem no país e evitar rebeliões que açoite. O Código regulava, também, o processo
criassem problemas para o governo. Ele só acei­ eleitoral e o recrutamento da Guarda Nacional.
tou o cargo de Ministro da Justiça quando lhe Todo o aparato montado por Feijó não foi o bastan­
deram carta branca para acabar com as revoltas. te para lhe manter no poder. Sofrendo grande
oposição do senado, e sentindo-se sem apoio
Lina; pela unidade teriíoriai brasiKwa
político, em 1832, Feijó demitiu-se do Ministério da
Justiça e fracassou na sua tentativa de derrubar os
fáa&Oii! Revofuçào
regentes e ser o único regente no Brasil.
lia s a 1S41; Ftemarrtucana
.. . J **0 Lut» (tS i 7)
PARA U A H A N H ftÓ ' '
Ccnteda ração
do Equador
/ . 1 ' A w«*s s * 3 [tS24) O Ato Adicional de 1834
. . ■ ■/- /P E B N A U S iljd C M
Revolta Prüj&na
(1848 a 1850)
ív,--- BAHI* amador
I* Revolta ctac Maiès Em 1834, foi feita uma reforma na Constituição
Imperial Brasileira, com a aprovação do Ato Adici­
1H
onal, assinado a 12 de agosto de 1834, adaptando O
Oceano Atlântico
princípios federalistas à monarquia. Foi redigido w
principalmente por Bernardo Pereira de Vasconce­ o
w
Fórta Alígrv los, um dos deputados mais influentes na Câmara, e Pd
Guerra dos FarrnpaB continha as seguintes inovações: o
Í1 8 3 5 a 1B45) p
o
'H
Ações do Ato Adcional tá
u
Oj
Para tanto, Feijó criou, em 1831, a Guarda d Criavaml-se nas pTovindas Assembléias Legislativas
em substituição aos antigos Conselho; Geiais. Essas
Nacional, que era formada principalmente por
novas câmaias piovindais podesiam legislai sobie o
aristocratas, isto é, por grandes proprietários e Q
a oiganizaçào civil, judiciáiia e eclesiástica local, <
membros do governo, cuja patente mais alta era a instiuçào. desapiopiiaçòes, funcionalismo, polícia e H
de Coronel. Como as patentes eram vendidas pelo economia dos municípios, viaçào e obras públicas. w
governo a preços muito altos, só um grande fa­ tá
zendeiro poderia ser Coronel. 2) Constitusa-se um teiiitóiio destacado da Província o
do T?io de Janeiro com o nome de Município ÍJeutTO

w
A criação da Guarda Nacional deve-se ao fato (a Corte) deteiminando-se que noutio lugar se w
da posição das tropas que participavam das lutas estabelecesse a sede da província e sua lespectrva H

políticas e posicionavam-se pela volta de D. Pedro Assembleia. Foi escolhida a vila de Piaí3 Giande. O)
futmamente elevada á categoria de ddade com o
I, no caso da oficialidade, e ainda reivindicavam
nome de Niteiói.
melhores soidos e mostravam-se contra as discri­
<
minações racial e social, no caso das patentes 3} Deteiminava-se que a regência fosse una e o mandato H
do legente de 4 anos.

mais baixas. Tudo isto tomava o exército suspeito w
cu
para garantir a ordem no país. Extinguia-se o Conselho de Estado s
Poitanto, a paitil de 1834, cada piovíncia passada
A Guarda Nacional provocou muita insatisfa­
a tci a sua piópira Assembleia Legislativa, isto quer
ção e conseqüentes agitações nos meios militares, C/)
dizer que cada província passava a tei a libeidade <
pois se seguiu ao desmantelamento do exército. de criai algumas de suas piópiias leis. No entanto tá
CQ
o presidente da piovíncia, c3igo equivalente ao de
Em maio de 1831 o número de efetivos das
governado! de estado em nossos dias, continuava
tropas já havia baixado de 30 mil para 14.342
sendo nomeado pela coite do Kio de Janeito. CO
homens e, em 30 de agosto, reduziu-se ainda mais M
caindo para 10 mil homens. As demissões e licen­
ças de militares foram facilitadas, enquanto ces­
sou, por tempo indeterminado, o recrutamento A Regência Una de Feijó (1835-1837) P
militar. 4-»
'iH
CL,
Junto com a Guarda Nacional, aprovou-se tam­ Em 1835 houve eleição para Regente Uno, de O
bém o Código de Processo Criminal. Entre outras acordo com o Ato Adicional de 1834. Os princi-
w w w .u n i p r e . c o m .b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 61
pais concorrentes nesta eleição foram o pernam­ política ficou insustentável principalmente após
bucano Holanda Cavalcanti e o paulista Diogo assumir publicamente ser favorável ao fim da
Antônio Feijó, ambos do Partido Liberal Modera­ escravidão, ferindo os interesses da elite proprie­
do. tária brasileira. Sua saída fez os conservadores
chegarem ao poder. Acompanhe no quadro abaixo
Eleito por uma diferença bem pequena de vo­
a evolução dos grupamentos políticos no período.
tos, Feijó teve de enfrentar uma forte oposição
política e algumas revoltas que agitaram o país, Logo, durante a regência de ARAÚJO LtMA,
como a Cabanagem no Grão-Pará, a Guerra dos verificou-se um aumento da centralização admi­
Farrapos no Rio Grande do Sul e a Revolta dos nistrativa no Sudeste, o que resultou em novas
Malês, na Bahia. revoltas pelo país, a Sabinada na Bahia e a Balai-

Primeiro Reinado icgursdo Reinado


(1 8 2 2 a 1831) (1 831 a 1SS9)
Per « d o Regencial G o vw n o Pessoal d e D P edro H
1631 - 1534 1636 mo 1&6S 1870

"Paitido" P ofiugu& s- Restauindores


(ou 'carainurus") ’
Sociedade M iita r

—►Partido - -►Partido -
Regressisla C onservador

Liberais M o d o ra d o s,
(ou 'c h rm a n g o s l ' i
REGENCIAL

* G abinete da C onciliação
(1 6 5 3 /1 6 5 8 )
- Liga Progressista
Sociedade D e le nsorada
(1662 - 1868)
Liberdade e indepervdéncia

"Pnrlido’ Brasreiro_
Nacional
t
PERÍODO

r P artid o ---- —- -► Partido


Progressista Libetai

Lâ>eiais Exaltados
E

►(ou "farroupilhas") _ P n rltío Libctoi P arid o


Sociedade Federai Radica) ■Republicano"
REINADO

A regência de Diogo Feijó vai de 12 de outu­ ada no Maranhão.


bro de 1835 a 19 de setembro de 1837. A grande
Algumas medidas foram tomadas no sentido
oposição a Feijó era formada por políticos influ­
- PRIMEIRO

de aumentar a repressão e o controle sobre as


entes como o ministro Bernardo Pereira de Vas­
revoltas; o alvo era o Ato Adicional, considerado
concelos, Honório Hermeto Carneiro Leão (de­
o responsável pelas revoltas internas que aconte­
pois marquês de Paraná) e Maciel Monteiro.
ciam no país. Os conservadores tentaram a todo
Visando a obter maior apoio político, Feijó e custo suspender as determinações do Ato, no
seus correligionários criaram um novo partido entanto aprovado em 1840, permitindo que os
IMPERIAL

denominado Progressista. Participavam deste liberais se articulassem para retomar ao poder.


partido todos aqueles que apoiavam o Ato Adici­ Para isso, articularam a antecipação da maioridade
onal de 1834. de D. Pedro II que tinha então 14 anos de idade,
episódio que ficou conhecido como Golpe da
O líder da oposição a Feijó, Bernardo Pereira
BR AS IL

Maioridade.
de Vasconcelos, criou o Partido Regressista.
Eram regressistas todos que se colocavam contrá­ O raciocínio era simples. Devido à “anarquia”
rios ao Ato Adicional. Foram os regressistas (an­ que se encontrava o Brasil, com a série de revoltas
06

tigos restauradores e liberais descontentes) que espalhadas pelo território nacional, era preciso
originaram posteriormente o partido Conservador, restaurar a ORDEM. Mas com as disputas políti­
HIS

Já o Partido Liberal, surgiu do partido progressis­ cas, era impossível haver uma conciliação entre os
ta. partidos. Era preciso um símbolo que estivesse
Capitulo:

acima dos interesses de conservadores e liberais.


Quando ainda dispunha de dois anos de go­
Mas quem seria este símbolo? E claro: D. Pedro
verno, em setembro de 1837, incapaz de vencer
II, o único capaz de, naquele momento, parar o
tanto a oposição como as revoltas, Feiió renunci­
“vulcão da anarquia”.
ou ao cargo de regente em 1837. Sua situação

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62 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiíiar de Oficiais
Unlpré»
O golpe da maioridade era portanto, uma for­ movimento, o govemo organizou uma violenta
ma dos liberais voltarem ao poder. A poiara maio­ repressão que, aliada à desorganização do caba­
ridade do Imperador e esperar que ele, agradecido, nos, fez com que eles fossem vencidos na capital,
convocasse um ministério liberal. em 1836, pelas forças do govemo. A luta durou
até 1840, quando a província por fim foi pacifica­
O golpe da maioridade era portanto, uma for­
da. A Cabanagem deixou um saldo de 40.000
ma dos liberais voltarem ao poder. Apoiar a maio­
mortes.
ridade do Imperador e esperar que ele, agradecido,
convocasse um ministério liberal.

A Sabinada (Bahia, 1837-1838)


O golpe da maioridade
Foi importante para a aristocracia, que não admi­ A Sabinada foi um movimento rebelde ocorri­
tia nenhum movimento popular. Com isso ela do na Bahia, em 1837. liderado pelo médico Sabi-
justificativa a violência com que reprimia os re­ no Vieira da Rocha. Contraditório o movimento
beldes. Para os aristocratas, era preciso manter a queria que o atual estado da Bahia ficasse inde­
ordem no país, pois as revoluções sociais ameaça­ pendente até a maioridade de D. Pedro de Alcân­
vam a unidade territorial e a Monarquia. Eles tara, quando assim a Bahia voltaria a pertencer ao
começaram a acreditar que só um Imperador com Império. Para tanto, proclamou a República Bahi-
poder absoluto poderia manter a ordem e a unida­ ense, em 1837, República Provisória. Reprimida
de nacional. Só que havia um problema: o Impe­ em 1838, a Rebelião chegou ao fim e Sabino foi
rador era menor de idade e, de acordo com a preso e desterrado para o Mato Grosso, onde fale­
Constituição Imperial, ele não podia governar o ceu.
país.

REGENCIAL
Em julho de 1840, Araújo Lima, cedendo a pres­ Revolta dos Malês (Bahia 1835)
sões, pergunta ao Imperador se ele queria ser
Imperador em dezembro, quando faria quinze
anos, ou se queria já. O menino respondeu: “eu O malês eram escravos negros de religião mu­
quero já!” çulmana que sabiam ler, escrever em árabe além

PERÍODO
de fazer contas. Por este motivo, estes escravos
Os principais responsáveis por este golpe foram eram utilizados por senhores como escravos de
os Liberais progressistas, que pretendiam derrubar ganho, isto é, escravos utilizados para a venda de

E
os regressistas do poder e assumir o controle polí­ produtos e que tinham livre circulação pelas cida­
tico do país. des onde faziam comércio. Esta relativa liberdade

REINADO
no entanto não diminuía os castigos e a violência
Portanto, o golpe da maioridade deve ser entendi­ provocada por sua condição de escravo.
do também
como um golpe político na disputa pelo poder Os fatores que levaram à revolta dos Malês fo­

- PRIMEIRO
entre os partidos Progressista e Regressista. ram: os maus tratos e castigos e a imposição da
religião católica.
Com este golpe, terminou o Período Regencial e Em janeiro de 1835 um grupo de cerca de
começou, então, o Segundo Reinado e os progres­ 1500 negros, liderados por muçulmanos, entre
sistas chegaram ao poder, outros: Manuel Calafate, Aprígio e Pai Inácio,
armaram uma conspiração com o objetivo de
IMPERIAL

libertar seus companheiros islâmicos e matar


REVOLTAS REGENCIAIS
brancos e mulatos considerados traidores, marca­
da para estourar no dia 25 daquele mesmo mês.
A Cabanagem (Pará, 1835-1840) Arrecadaram dinheiro para comprar armas e
B RA SI L

redigiram planos em árabe, mas foram denuncia­


dos ao juiz de paz. Conseguem, ainda, atacar o
A Cabanagem foi com certeza o mais impor­ quartel que controlava a cidade mas, devido à
06

tante movimento popular do Brasil Regencial. Foi inferioridade numérica e de armamentos, acaba­
feito por índios, negros e caboclos do Pará e que ram massacrados pelas tropas da Guarda Nacional
HIS

viviam em habitações feitas de palhas (cabanas). e por civis armados, que estavam apavorados ante
Daí o seu nome: cabanos. a possibilidade do sucesso da rebelião negra.
Capitulo:

Os cabanos, levados pela decadência do co­


mércio das drogas do sertão, tomam conta da
cidace de Belém e derrubam o poder estabelecido.
Nào podendo deixar passar sem punição esse

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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 63
Onipré 1

A Balaiada (Maranhão, 1838-1841) liderada pela classe dominante gaúcha, formada


de fazendeiros de gado que usou as camadas po­
bres da população no processo de luta. Opuseram
Semelhante à Cabanagem, foi também um de um lado estancieiros liberais separatistas, co­
movimento popular. Os fatores que levaram ao nhecidos como chimangos, desejosos de criar um
início do movimento foram: a decadência da pro­ estado republicano, com o apoio das camadas
dução de algodão, que prejudicou a elite proprie­ populares; e de outro os adeptos da monarquia,
tária local e levou à miséria a grande população chamados de caramurus. Representou, na época
humilde do Maranhão; e as disputas políticas do império, séria ameaça à integridade territorial
entre o partido liberal local apelidado de bem-te- do país.
vi e os conservadores que eram chamados pejora­
Apesar da participação do povo, esse movi­
tivamente de cabanos na província.
mento difere da Cabanagem e da Balaiada porque
Os cabanos no Maranhão representavam a eli­ os fazendeiros, unidos, jamais permitiram que o
te local, ao contrário do Pará que era formado pela povo tomasse a liderança do movimento. Naquela
população de baixa renda. época a base da economia gaúcha era a criação de
gado e, principalmente, a fabricação do charque.
Entretanto, o charque saúcho. para ser vendido
O movimento era de caráter popular liderado nas outras províncias do Brasil, era tributado com
por homens de baixa condição social, como o impostos alfandegários equivalentes aos impostos
vapuciro Raimundo Gomes, apelidado Cara Preta, pagos pelo charque da Argentina e do Uruguai.
o fabricante de balaios Manuel Francisco dos
Anjos, apelidado o Balaio, e o Preto Cosme, que Os gaúchos lutavam contra essa situação, que
organizou um grupo de quase 3.000 negros alfor­ eles consideravam absurda, e lutavam também
pela liberdade de escolher os seus próprios gover­
REGENCIAL

riados e escravos.
nantes. pois era somente o govemo do Rio de
O fato que costuma marcar o início da revolta Janeiro quem nomeava os governadores para as
ocorreu em dezembro de 1838. O vaqueiro Rai­ províncias do Brasil.
mundo Gomes, conhecido como Cara Preta,
passava pela Vila da Manga, levando uma boiada
PERÍODO

de seu patrão para vender em outro local, Na


ocasião, muitos dos homens que o acompanhavam
foram recrutados e seu irmão aprisionado sob a
acusação de assassinato. O recrutamento obrigató­
E

rio foi muito impopular, visto que recaía basica­


mente sobre os menos favorecidos, obrigado a
REINADO

qualquer momento a servir nas forças militares.


Os bem-te-vis aproveitaram o momento para
tentar tirar os conservadores do poder e se aliaram
aos balaios. Os revoltos tomaram a cidade de
- PRIMEIRO

Caxias, a segunda em importância na província, e


organizaram um govemo provisório. A revolução autonomista, chefiada por Bento
A radicalização do movimento levou os bem- Gonçalves da Silva e que tinha como principal
te-vis a se separarem dos balaios. Para sufocar a mentor intelectual o jornalista Tito Lívio Zambec-
revolta, o govemo central enviou o Coronel Luís cari, carbonário italiano exilado, foi desencadeada
IMPERIAL

Alves de Lima e Silva ao Maranhão, onde derro­ em reação à pesada taxação imposta ao charque e
tou os revoltosos na cidade de Caxias, no interior aos couros e à suspensão do pagamento das dívi­
do Maranhão, recebendo o título de Barão de das do govemo imperial, A revolta explodiu em
Caxias e a nomeação para Governador da provín­ setembro de 1835.
cia. Terminava a revolta no Maranhão, já no go­
BR A SIL

Em 1835, os gaúchos, comandados por Bento


vemo de D. Pedro II, com um saldo de cerca de Gonçalves, tomaram a cidade de Porto Alegre.
20 mil mortos. Em setembro de 1836 proclamaram um estado
republicano - a chamada República de Piratini ou
06

Farroupilha - que pretendia constituir uma fede­


A Guerra dos Farrapos (Rio Grande do ração com as províncias brasileiras que a ela ade­
HIS

Sul, 1835-1845) rissem. Na batalha do Fanfa, em outubro de 1836,


os imperiais derrotaram os sediciosos e prenderam
Capitulo:

Bento Gonçalves e Zambeccari.


A Guerra dos Farrapos, também chamada Re­ A luta prosseguiu e os farroupilhas voltaram à
volução Farroupilha, foi a mais longa guerra civil ofensiva com triunfos em Rio Pardo e Caçapava,
brasileira, durando 10 anos, de 1835 a 1845. Foi em março e abril de 1837. Bento Gonçalves con-
w w w . u n i p r e . c o m .b r
64 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
seguiu fugir do forte do Mar, na Bahia, onde esta­
va preso e reassumiu o comando da luta, que se „
estendeu à Santa Catarina. Lá, os revoltosos pro- A N O T A Ç O E S
clamaram, em 22 de julho de 1839, em Laguna, a —
República Juliana, de curta duração. Nessa época
incorporara-se à revolução outro italiano, Giusep-
pe Garibaldi, futuro paladino da unificação de seu
país e que ligou seu destino ao de uma brasileira,
Anita Garibaldi, heroína da causa rebelde. ------------------------------------------------
Para combater os rebeldes e tentar a paz, o go- ------------------------------------------------
vemo central nomeou Luís Alves de Lima e Silva,
então Barão de Caxias, para presidente da provín­
cia e comandante das tropas imperiais. Caxias ------------------------------------------------
isolou os rebeldes, cortou as principais linhas de
comunicação e abastecimento dos farrapos e pro­
pôs uma nova anistia ampla e irrestrita. Em 1845 ------------------------------------------------
os rebeldes aceitaram a paz oferecida por Caxias.
O acordo estabelecia: liberdade aos escravos
que lutaram no exército farroupilha; incorporação
do exército farroupilha ao exército brasileiro in- ------------------------------------------------
clusive com as mesmas patentes; taxação ao char-
que platino; pagamento pelo Império das dívidas
da guerra e indicação pelos farrapos do presidente ------------------------------------------------
de sua Província. Na Farroupilha, o governo mais

REGENCIAL
negociou do que reprimiu, isto se deve ao fato de
que a revolta foi o tempo inteiro liderada pelos ------------------------------------------------
estancieiros gaúchos.

PERÍODO
E
REINADO
PRIMEIRO
-
IMPERIAL
BRASIL
06
HIS
Capítulo:

w w w . u n i p r e . c o m .b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 65
Unipré»
- e) Brasileiro ;

EXERCÍCIOS
[ 4, O resultado da discussão política e a aprovação
I da antecipação da maioridade de D. Pedro II re-
1 presentaram:
I. A abdicação de D. Pedro I pôs fim ao Primeiro ■ S a) o pleno congraçamento de todas as forças polí-
í Reinado e proporcionou as condições para a con- I ticas da época.
! solidação da independência nacional, uma vez
i que: ! b) a vitória parlamentar do bloco partidário libe-
] ral.
\ a) as lutas das várias facções políticas se resolve­
! ram com a vitória dos Exaltados sobre os Mode- ; c) a trama bem-sucedida do grupo conservador
i rados; 1 que fundara a Sociedade Promotora da Maiorida-
! de.
b) as rebeliões anteriores à abdicação possuíam
! nítido caráter reívindicatório de classe; ! d) a anulação da ordem escravista que prevalecia
! sobre os interesses particulares.
i c) o govemo do Príncipe não passou de um perío-
I do de transição em que a reação portuguesa, apoi- ! e) a debandada do grupo político liderado por um
1 ava-se no Absolutismo do soberano que se con- I proprietário rural republicano.
i servou no poder;
! d) as propostas do Partido Brasileiro contavam I 5. O partido político que apoiava o Regente Feijó
! com o apoio unânime dos Deputados à Assem­ ! foi o:
! bleia Constituinte de 1823;
REGENCIAL

! a) Restaurador
; e) as disputas entre conservadores e liberais repre-
I sentaram diferentes concepções sobre a forma de 1 b) Brasileiro
' organizar a vida econômica do país. i c) Conservador
i d) Progressista
PERÍODO

! 2. Sobre a Guarda Nacional, é correto afirmar que ■ e) Liberal


i ela foi criada:
' a) pelo imperador, D. Pedro II, e era por ele dire-
! tamente comandada, razão pela qual se tomou a 1 6. A reforma constitucional elaborada pelos libe-
E

i principal força durante a Guerra do Paraguai. ' rais moderados criando as Assembleias Legislati-
REINADO

' vas Provinciais, constava no:


> b) para atuar unicamente no Sul, a fim de assegu-
’ rar a dominação do Império na Província Cisplati- ' a) Ato Constitucional de 1834.
' na. 1 b) Ministério da conciliação.
- PRIMEIRO

' c) segundo o modelo da Guarda Nacional France- 1 c) Constituição outorgada.


' sa, o que fez dela o braço armado de diversas
i rebeliões no período regencial e início do Segun- 1 d) Reforma institucional.
' do Reinado.
; e) NRA.
1 d) para substituir o exército extinto durante a
IMPERIAL

1 menoridade, o qual era composto, em sua maioria,


1 por portugueses e ameaçava restaurar os laços | 7. Iniciado por holandeses e ingleses, o povoa-
1 coloniais. 1 mento consolida-se com os portugueses. Em
1 e) no período regencial como instrumento dos | 1835, é palco do movimento popular da Cabana-
| gem. A economia fica estagnada até o fim do
BRASIL

' setores conservadores destinado a manter e resta­


> belecer a ordem e a tranqüilidade públicas. ; século XIX. O crescimento é retomado com o
] ciclo da borracha e continua com a produção de
| madeira e castanha.
06

1 3. O partido responsável pela a articulação do


| a) Paraíba
; golpe da maioridade.
HIS

I b) Paraná
] a) Regres sista
Capitulo:

| c) Mato Grosso do Sul


| b) Conservador
| d) Pará
[ c) Moderador
• e) Minas Gerais
■d) Progressista___ ___ ________________
w w w . u n i p r e . .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
(Fuvest-SP) Sobre a Guarda Nacional, é correto -
afirmar que ela foi criada:
8. O período regencial,
a) pelo imperador, Dom Pedro I, e era por ele
a) teve seu inicio em 1840, quando D. Pedro II
diretamente comandada;
assume o poder, declarando-se imperador.
b) para atuar unicamente no Sul, a fim de assegu­
b) o 1“ regente uno eleito foi o padre Feijó.
rar a dominação do Império na província da Cis­
c) teve como Io regente uno o militar Lima e Silva platina;
e marcou o aparecimento da Guarda Nacional.
c) no Período Regencial como instrumento dos
d) foi um período de muita tranqüilidade, sem setores conservadores destinados a manter e res­
revoltas nem conflitos entre partidos políticos. tabelecer a ordem e a tranqüilidade públicas;
e) o regente Araújo ganhou as eleições para re­ d) para substituir o exército extinto durante a
gente uno, representando o partido progressista. menoridade, o qual era composto, em sua maioria,
por portugueses e ameaçava restaurar os laços
coloniais;
9. As revoltas do período regencial de caráter
e) segundo modelo da Guarda Nacional Francesa,
popular, ocorridas respectivamente no Maranhão
o que fez dela o braço armado de diversas rebe­
e no Pará, foram:
liões no Período Regencial e início do Segundo
a) Farrapos e Praieira; Reinado.
b) Canudos e Contestado;
c) Balaiada e Cabanagem; GABARITO

REGENCIAL
d) Sabinada e Alfaiates;
e) Confederação do Equador e Praieira. 1. c 2. E 3. D 4. B 5. D

6. A 7. D 8. B 9. C 10. B
10. Uma das alterações na Constituição de 1824

PERÍODO
foi a criação da:
11.B 12. C
a) Lei Interpretai iva
b) Ato Adicional

E
c) Lei de Representação

REINADO
d) Poder Moderador
e) Conselho de Estado

11. (EsSA 2008) Uma das principais causas da - PRIMEIRO


Revolução Farroupilha foram as (os):
a) precárias condições de vida dos ribeirinhos
amazônicos.
IMPERIAL

b) problemas econômicos dos produtores rnrais


gaúchos,
c) divergências entre senhores de engenho e es­
cravos na Bahia.
BRASIL

d) péssimas condições de saneamento básico no


Rio de Janeiro.
06

e) problemas de relacionamento entre membros


do partido liberal paulista e a regência.
HIS
Capítulo:

www . u n i p r e . c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 67
Unlpré
HIS 0 7 B R A SI L I MP ERI AL - SE GU N DO R E I N A D O
no entanto na prática política esses partidos muito
se aproximavam.
O primeiro ministério criado após o golpe da
maioridade foi formado por elementos do Partido Daí a célebre frase citada por Oliveira Vianna
Liberal, principais responsáveis pela articulação (1883-1954): “Nada mais conservador do que um
do golpe e que assumiram o controle político do liberal no poder. Nada mais liberal do que um
país. conservador na oposição.”
O poder dos irmãos Andradas, os irmãos Cou- Praticamente não havia diferença entre os dois
tinho e os irmãos Cavalcante predominavam nesse e ambos defendiam, quase que exclusivamente, os
ministério e por isso ficou conhecido como o interesses da aristocracia. Lutavam entre si apenas
Ministério dos Irmãos. pelo poder político e mantinha excluído do poder
a maior parte da população brasileira, pois o voto
Com a convocação, pelo Imperador, de novas era censitário, isto é, dependia da renda da pessoa.
eleições para compor a nova Câmara de Deputa­
dos, em 1840, o Ministério dos "irmãos” estava De 1853 a 1858 houve um período de paz e
disposto a usar de meios violentos para garantir a harmonia entre os partidos. Nesta época, José
vitória dos candidatos do Partido Liberal. Por isso Honório Carneiro Leão (Marquês de Paraná) criou
as eleições de 1840 ficaram conhecidas como um ministério formado por homens do Partido
eleições do cacete, pois além do uso de bandos de Liberal e do Partido Conservador e que se chamou
capangas que invadiram os locais de votação, Ministério da Conciliação. Com a extinção desse
muitas umas foram adulteradas. ministério, em 1858, as lutas recomeçaram.

O Partido Conservador não aceitou a vitória Em 1869, um grupo de liberais fundou um no­
dos liberais nestas eleições e pressionaram D. vo partido, chamado Partido Radical, que deu
Pedro II para a convocação de novas eleições. origem, em 1870, ao Partido Republicano.
Com esses fatos D. Pedro II destituiu a nova Câ­
mara dos Deputados, recém eleita, e convocou Épocas do predomínio dos Partidos: •‘A
novas eleições. Kegência de Feisó (1835-37) — Liberal 1
Os liberais de S. Paulo e Minas, não satisfeitos Regência de Araújo Uma ( 1837-40) — Conseivadoi
com a subida dos conservadores ao poder, toma­
IB40-41 - Libeial
ram a dissolução da Câmara como pretexto para
fazer estourar a revolução de 1842. Seus mentores 1841-43 - Conseivadoi
eram Teófilo Ottoni, em Minas, e o Padre Diogo 1843-48 - Libeial
REINADO

Feijó, em S. Paulo. O govemo imperial enviou


tropas lideradas por Luis Alves de Lima e Silva, 1848-53 - Conservador

então Barão de Caxias (futuro Duque de Caxias), I853-5B — Conciliação


que conseguiu deter esse movimento e prenderam I85B-6I - Libeial
os principais líderes, que só foram anistiados dois
- SE G U N D O

anos depois, em 1844. 1861-62 — Conservado!

1862-68 -L ib e ia l

1868-78 ~ Conservador
Liberais e Conservadores, tudo igual!?
1878-85 — Liberal
IMPERIAL

1865-89 — Conservado!
De 1840 a 1889, isto é, durante todo o Segun­
do Reinado, apenas dois partidos políticos, o Li­
beral e o Conservador, revezaram-se no poder.
O Parlamentarismo
BRASIL

Estes dois partidos se originaram no Período


Regional com os nomes de Progressista (Liberal)
e Regressista (Conservador). Entende-se por Parlamentarismo o regime po­
07

As diferenças entre esses dois partidos, fica­ lítico em que o chefe do Poder Executivo é o
vam principalmente no campo do discurso políti­ primeiro-ministro. O Parlamentarismo no Brasil
HIS

co: os liberais geralmente defendiam um poder surgiu em 1847, quando foi criado o cargo de
político mais descentralizado, com um poder Presidente do Conselho de Ministros. A partir
Capitulo:

decisivo maior para as províncias, eram favorá­ desse momento, o Imperador, em vez de escolher
veis ao fim do tráfico negreiro, enquanto que todos os seus ministros, escolhia apenas o Presi­
conservadores defendiam um Estado central forte; dente do Conselho de Ministros. O primeiro-
ministro, então, escolhia os demais ministros e
formava o seu ministério o qual deveria ser apro-
w w w . u n i p r e .com. b r
68 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
vado pela Câmara dos Deputados em busca do A revolta iniciada em Olinda, não durou um
voto de confiança. ano. Foi sufocada pelas forças do govemo. Entre­
tanto, alguns rebeldes, liderados por Pedro Ivo,
No Parlamentarismo brasileiro o imperador
continuaram resistindo no interior por mais três
exercia um forte poder, pois ele podia dissolver a
anos, quando Pedro Ivo foi traído e preso. Em
Câmara ou o Gabinete caso ele não fosse aprova­
1852, o govemo concedeu anistia aos revoltosos.
do e convocar novas eleições. Já que D. Pedro II
Completava-se a pacificação interna do país.
era o chefe do Poder Moderador, o Parlamenta­
rismo que caracterizou grande parle do Segundo A Praieira foi uma das mais significativas re­
Reinado ficou conhecido como "parlamentaris­ voltas sociais do Brasil. Teve a participação das
mo às avessas", pois no Brasil não era o parla­ camadas pobres da população pernambucana e
mento a principal força política e sim o impera­ encerrou o periodo de intensa agitação social
dor, que através do poder moderador podia subor­ iniciado no Periodo Regencial.
dinar os demais poderes.
Desta maneira, D. Pedro II conseguiu a ordem
política interna, intercalando gabinetes dos dois CEARÁ
partidos que se revezaram no poder até 1889. Ora
o ministério era formado pelo Partido Liberal, ora
pelo Partido Conservador, e era mantida a autori­
dade centralizadora do Império. Í \
PERNAMBUCO
'Ytpcbcã
A Revolução Praieira (1848) Agvaf'rwtms f/Stivinhuúm

t ■

Pernambuco já passara por muitas revoltas, •<UOO*S /


• À rfci A t ir ç U *
mas a que explodiu em 1848 tem um caráter mui­ Zona d*Cu»rrilNa*
to particular, pois não estava apenas ligada a con­ %
flitos entre os partidos do Império, embora os
liberais não aceitassem a nomeação de um gover­
nador do Partido Conservador para Pernambuco.
A tarifa Alves Branco
Com a decadência do açúcar, o Nordeste brasi­
leiro passou a ser uma das regiões mais pobres do
Brasil. A oligarquia que controlava a produção de As relações entre o Brasil e a Inglaterra, após a
açúcar e dona das terras era a família Cavalcante e independência em 1822, foram marcadas pela O
Q
a situação do povo era de extrema miséria. Além crescente dependência econômica brasileira e por <
s
disso, todo o comércio pernambucano era mono­ abusos da diplomacia inglesa. Para reconhecer a H
W
polizado pelos portugueses. independência brasileira, os ingleses exigiram a Pí

renovação dos tratados de 1810, que garantiam O


Em 1848, os rebeldes publicaram um Mani­ Q
taxas alfandegárias preferenciais para os produtos 2
festo ao Mundo, de autoria de Borges da Fonse­ D
ingleses, dando-lhes posição privilegiada no mer­ e>
ca, e iniciaram a primeira revolta que no Brasil cado nacional. w
to
toma caráter universal, pois eram os revoltosos
influenciados pelos movimentos sociais europeus, A produção de bens manufaturados era muito
chamado de “A primavera dos Povos” . Por meio pequena, não era suficiente para suprir as necessi­
deste manifesto, os pernambucanos defendiam o dades internas. Produtos de consumo diário como C6
voto livre, a liberdade de imprensa e de comércio, velas, sabão, tecidos, eram importados. Apesar da w
ft.
a extinção do Poder Moderador e o direito de economia nacional nesse período entrar num pro­ s:
trabalho aos brasileiros. cesso de aumento das exportações com o café, a
balança de comércio não permitia o acúmulo de H
10
As ideias eram divulgadas pelo Diário Novo, capital intemo devido essa dependência econômi­
localizado na Rua da Praia, cujo principal redator, S
m
ca quanto aos bens industrializados.
o General Abreu e Lima, havia sido companheiro r­
de Bolívar nas lutas de independência do Equa­ Para atenuar esse problema Manuel Alves o
dor, Colômbia e Venezuela. Tratou-se ao mesmo Branco (1797-1855), Visconde de Caravelas e co
M
tempo de movimento hostil contra o que eles também ministro da Fazenda em 1840, conhece­ sc
chamavam de "elemento português", formado pela dor de teorias econômicas clássicas, acreditava
classe de burgueses ricos que dominavam o co­ que a forma de equilibrar receitas seria o aumento
mércio de Recife, bem como contra os latifundiá­ das taxas de importação. Para isso em [844 foi -U
srH
rios, que constituíam poderosas oligarquias de baixado uma série de tarifas na importação cha­ cx
n3
famílias rurais, ligadas ao Partido Conservador. madas tarifa Alves Branco, o ministro era defen­ O
sor do protecionismo alfandegário, as tarifas seri-
www . u n i p r e . c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxitiar de Oficiais 69
Unipré»
am aumentadas em 30% para produtos importados trutura, mão-de-obra escrava disponível, abun­
c 60% para produtos importados com similares já dância de animais para o transporte e facilidade
produzidos no Brasil. para o escoamento, dando um grande impulso
inicial.
A tarifa Alves Branco pretendia:
A primeira região onde o café adquiriu impor­
s Aumentar a receita do Império; tância foi o Vale do Paraíba, localizado nos Esta­
dos do Rio de Janeiro e São Paulos onde fazendas
n Incentivar a indústria nacional; de café continuavam a praticar a monocultura do
a Equilibrar a balança comercial. produto, com mão-de-obra escrava e com a pro­
dução voltada para o mercado externo. Porém a
devastação das matas auxiliares, com uma cultura
A Inglaterra foi contra a tarifa e articulou algumas extensiva e predatória, provocou o rápido esgota­
questões contra o império. mento do solo e a erosão, levando ao declínio da
economia cafeeira na região.
A Abolição do Tráfico Negreiro
O declínio do café no vale do Paraíba e a cres­
cente demanda, provocaram sua expansão, partin­
A Inglaterra aboliu a escravidão em suas colô­ do de Campinas, pelo oeste paulista. Encontrando
nias em 1807 e iniciou um processo para pressio­ clima propício e um tipo de solo extremamente
nar os países escravistas a fazer mesmo. Inclusive fértil, conhecido como terra roxa, a produção
para reconhecer o Brasil como independente em cafeeira expandiu-se na direção de Ribeirão Preto,
1822 cobrou como uma das exigências o fim do e depois alcançou Minas Gerais e o norte do Para­
tráfico negreiro. Em 1831 o Brasil transformou ná.
em lei a proibição do tráfico negreiro nas terras do A regularidade do relevo na região, ao contrá­
nosso país, no entanto essa lei nunca foi cumprida rio do vale do Paraíba onde o café era produzido
plenamente, foi apelidada de “ lei para inglês ver". nas encostas das montanhas, favorecia uma me­
lhor conservação do solo, garantindo por mais
Diante do descaso do govemo brasileiro, a In»
tempo a qualidade do café, que era escoado pelo
glaterra, em 1845, aprovou uma lei chamada Bil!
porto de Santos.
Aberdeen, definindo que a Marinha britânica
tinha o direito de aprisionar qualquer navio ne­ A produção cafeeira do Oeste Paulista produ­
greiro. ziu uma nova aristocracia, os chamados Barões do
Café, mais moderna e mais urbana, comparada a
Diante da pressão inglesa o govemo brasileiro
tradicional aristocracia açucareira. Investia capita!
promulgou uma nova lei em 1850, chamada de
no desenvolvimento dos meios de transporte e
Eusébio de Queiroz, que decretava o fim do tráfi­
comunicação (telégrafos, telefone, estradas de
REINADO

co de escravos, tomando ainda, uma série de


ferro e portos), visando facilitar o escoamento do
medidas punitivas e forte fiscalização nos portos, produto e o acesso às suas propriedades.
que finalmente extinguiram esse comércio.
Passaram a participar mais intensamente da
vida política, atividades financeiras e industriais,
- S EG U N D O

A economia cafeeira aumentando os lucros do café. A presença desta


aristocracia nas cidades contribuiu para a implan­
tação de uma infraestmtura que garantisse uma
O Brasil mesmo após a independência se man­ melhor qualidade de vida (casas, iluminação,
teve como um país agro exportador, onde as elites sistema de abastecimento de água e transporte).
IMPERIAL

rurais continuaram a predominar. No entanto a A produção cafeeira equilibrou a balança co­


produção de café possibilitou mudanças estrutu­ mercial brasileira, conservando-se como principal
rais importantes no nosso país, como uma maior produto de exportação durante todo o Segundo
estabilidade econômica no império e a consolida­ Reinado, tendo os Estados Unidos como principal
BRA S IL

ção econômica do centro-sul como centro político comprador do café brasileiro.


e econômico do Brasil em detrimento do nordeste.
Foi reforçada a estrutura socioeconômica tra­
O café é uma planta originária da Etiópia e foi dicional do país, com uma altíssima concentração
07

muito cultivado entre os árabes, tomando-se mais de riquezas, grande propriedade e monocultura
conhecido na Europa a partir do século XVI. O
HIS

exportadora.
café foi trazido para o Brasil contrabandeado pelo
aventureiro Palheta e foi no século XIX que se
Capitulo:

difundiu no país, com o declínio da economia


mineradora.
Introduzido primeiramente no Pará, logo foi
levado para o Rio de Janeiro onde existia infraes-
w w w . u n i p r e .c o m . b r
70 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Grande do Sul e sua carga foi roubada por desco­
nhecidos, com suspeita ainda do assassinato de
A Era Mauá alguns dos seus tripulantes.
O segundo incidente se deu em 1862, quando
No Segundo Reinado, especialmente na déca­ três oficiais da Marinha inglesa, componentes da
da de 1850, a estrutura socioeconômica brasileira fragata Fort, foram presos no Rio de Janeiro por­
manteve-se elitista e dependente do mercado que, bêbados, provocaram desordens e desacata­
externo. ram a polícia. Reconhecidas as suas identidades,
pouco depois, os oficiais foram colocados em
Entretanto o desenvolvimento da economia ca- liberdade.
feeira e o processo de urbanização e industrializa­
ção dinamizaram e ampliaram o quadro econômi­ Christie exigiu do govemo brasileiro uma in­
co e social no país. No Segundo Reinado, alguns denização de 3.200 libras pela carga do navio e
fatores contribuíram para um surto industrial no propôs a interferência da Marinha inglesa no in­
pais. quérito e exigiu também que o Imperador pedisse
desculpas à Inglaterra pelos oficiais. O Império
s A Tarifa Alves Branco em 1844, que
não concordou com tal interferência.
estabeleceu uma política de protecio­
nismo alfandegário. O Imperador brasileiro resolveu pagar a inde­
nização; porém não admitiu as outras exigências
■ A extinção do tráfico negreíro em
de Christie. O Imperador resolveu então ignorar
1850, através da Lei Eusébio de Christie e procurou tratar diretamente com o Go­
Queiroz liberando capitais antes apli­ vemo de Londres. O Ministro inglês pôs então em
cados no comércio de escravos, para prática suas ameaças, mandando navios ingleses
serem investidos no mercado interno.
bloquear o porto do Rio de Janeiro e capturar 5
e Desenvolvimento da economia cafe- navios mercantes brasileiros.
eira, que equilibrou a balança comer­ Pedro II colocou a questão sob a arbitragem de
cial brasileira.
Leopoldo I, Rei da Bélgica. Leopoldo I reconhe­
Estes fatores favoráveis à indústria provocou ceu as nossas razões e deu ganho de causa ao
um surto de empreendimentos, nos quais se desta­ Brasil. Os navios foram devolvidos. D. Pedro II
cou Irineu Evangelista de Souza, o Barão de resolveu cortar as relações diplomáticas com a
Mauá, que investiu em variados setores da eco­ Inglaterra, em 1863, retomando relações apenas
nomia urbana: produção de navios a vapor, estra­ em 1865.
das de ferro, comunicações telegráficas, bancos,
obras de infraestrutura pública como iluminação e

REINADO
encanamento de água, etc. Por sua ousadia, pas­ As Guerras Platinas
sou a ser o símbolo da época, chamada de Era
Mauá. No entanto, a força da elite brasileira vin­
culada à agricultura e a concorrência inglesa, Entre 1851 e 1870, o Brasil participou de três
acabaram por sabotar o desenvolvimento industri­ guerras na região platina:
- SEGUNDO
al. Mauá foi à falência e junto com ele, acabava o
m contra Oribe, do Uruguai, e Rosas, da
surto industrial que levou seu nome.
Argentina;
■ contra Aguirre, do Uruguai;
A Questão Christie
IMPERIAL

■ contra Sol ano Lopez, do Paraguai.

O Brasil era um país dependente economica­


A região platina é formada pela Argentina,
mente da Inglaterra e, por isso, sujeito aos abusos
Uruguai e Paraguai e é banhada por três grandes
dos diplomatas ingleses, que tratavam com pouco
BR AS IL

rios: o rio Paraná, o rio Uruguai e o rio Paraguai.


caso as populações dos países subordinados. O
objetivo de William Dougall Christie, embaixador Era uma região de intensa atividade comercial
inglês no Brasil, era manter essa relação de supe­ e alguns brasileiros tinham interesses econômicos
07

rioridade empreendida pelo seu govemo. No en­ nela. Para eles, era importante que fosse mantida a
tanto algumas das suas atitudes nada diplomáticas liberdade de navegação na bacia platina, porque o
HIS

em alguns episódios, criaram uma atmosfera des­ Brasil comerciava na área e usava os rios para
favorável às relações anglo-brasileiras, marcadas chegar mais facilmente ao Mato Grosso.
Capítulo:

por incidentes que se teriam resolvido prontamen­


te, não fossem os abusos do diplomata inglês.
O primeiro incidente se deu em 1861, quando
o navio inglês Príncipe de Gales naufragou no Rio
w w w . u n i p r e . c o m .b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 71
ilpré
Guerra contra Oribe e Rosas Guerra contra Aguirre (1864)
(1851-1852)
Com a chegada ao poder de Atanásio Cruz
Depois da independência, surgiram dois parti­ Aguirre, líder Blanco, se iniciou um novo conflito
dos políticos no Uruguai: o Partido Blanco e o na região do prata, marcada por represálias aos
Partido Colorado. Eram constantes os conflitos brasileiros que viviam no Uruguai e violações às
entre os Colorados e os Blancos na disputa pelo fronteiras brasileiras através de vários ataques às
poder no Uruguai. estâncias gaúchas, com o roubo de gado e ocupa­
ções irregulares. Os cidadãos brasileiros estabele­
Em 1829, subia ao poder na Argentina Juan cidos naquele país, estimados em 40 mil pessoas,
Manuel Rosas que, tomando-se caudilho ditador, também passaram a ser alvo de perseguições e
procurava restaurar a ordem no país, Aproveitan­ violência contra essas pessoas e suas proprieda­
do a situação de tensão (a luta entre Blancos e des.
colorados no Uruguai e a revolução Farroupilha
no Rio Grande do Sul (1835)) Rosas idealizou O govemo brasileiro, pressionado pelos gaú­
restabelecer o Vice-Rei nado do Prata. chos, exigiu de Aguirre uma indenização pelo
gado roubado e, dando a ele um Ultimatum. Co­
Inicialmente realizou bloqueios comerciais no mo Aguirre não atendeu às exigências brasileiras,
rio do Prata. A França foi a primeira a protestar iniciou-se a guerra. As forças brasileiras, coman­
em 1839; logo depois por pressão da Inglaterra dadas pelo vice-almirante Tamandaré, pelo Mare­
frustraram-se seu bloqueio econômico no Rio do chal Mena Barreto e auxiliadas pelas tropas uru­
Prata. guaias de Venâncio Flores, inimigo de Aguirre e
Em 1851, Oribe, chefe do Partido Blanco, to­ líder do Partido Colorado, derrubaram Aguirre do
mou o poder e, com o apoio de Rosas, ditador poder, em 1865.
argentino, fez um bloqueio no porto de Montevi­ As tropas brasileiras com apoio do uruguaio
déu, prejudicando o comércio na bacia platina. Coronel Venâncio Flores, conquistaram a região
Isto provocou os protestos de ingleses, franceses e de Paysandu, Vila do Salto, e no início de feverei­
brasileiros; enfim, daqueles que tinham interesses ro de 1865 sitiaram a capital Montevidéu, que
comerciais na região. capitulou com a deposição de Aguirre em 15 de
No entanto procurando tirar partido da rivali­ fevereiro deste ano.
dade franco-britânica, Rosas levou avante o seu Com a queda de Aguirre o Uruguai passou a
plano, aliando-se a Oribe no Uruguai e bloquean­ ser governado pelo colorado Venâncio Flores, que
do os portos deste país no comércio estrangeiro. foi aliado do Brasil na derrubada do presidente
Esta aliança praticamente fechava a Bacia do uruguaio.
REINADO

Prata.
Só então a Inglaterra, que observava os acon­
tecimentos, resolveu aproximar-se da França para, A Guerra do Paraguai (1864-1870)
numa ação conjunta, porem termo à política de
- SE G U N D O

Rosas, que arruinava o comércio estrangeiro no


Prata. A Guerra do Paraguai também chamada de
Guerra da Tríplice Aliança foi o mais longo confli­
Em defesa dos seus interesses econômicos, o to da América do Sul. Envolveu o Brasil, a Argen­
Brasil resolveu lutar contra Oribe e Rosas. As tina e o Uruguai contra o Paraguai.
tropas brasileiras comandadas por Caxias, alia­
IMPERIAL

ram-se às tropas do uruguaio Rivera, que lutava O Paraguai, desde a sua independência em
contra Oribe, e às tropas de Urquizas, um argenti­ 1811, procurou se isolar dos conflitos platinos até
no inimigo de Rosas. a subida do ditador Francisco Solano Lopez, que
preocupado com a situação vulnerável do Para­
Uma aliança entre Rivera do Uruguai, o Impé­ guai quanto as suas relações com o exterior, pro­
BR A SIL

rio brasileiro e o general Urquiza, das províncias vocada pelo fato do país não ter uma saída direta
argentinas revoltosas de Comentes e Entre Rios, para o mar, iniciou uma postura mais agressiva
culminaram na derrota tanto de Oribe (Uruguai), buscando a conquista da liberdade de navegação
07

como de Rosas (Argentina). O governo argentino no estuário do Prata e um caminho rumo ao Ocea­
passou para as mãos de Urquiza. no Atlântico. Mas para isso ele entraria em confli­
HIS

Depois da vitória sobre Oribe, o Brasil partiu to com os interesses da Argentina, Brasil e Uru­
para a luta direta contra Rosas. Em 1852, as tropas guai na região.
Capitulo:

brasileiras venceram as tropas argentinas na Bata­ O Paraguai, antes da Guerra, podia servir de
lha de Monte Caseros e Rosas fugiu para a Ingla­ exemplo para os outros países sul-americanos. Era
terra. um país que não dependia economicamente de
ninguém. Não admitia o capital estrangeiro e
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72 Curso de Habiliíação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
pre»
possuía uma moeda extremamente forte. Sem o armada chegava a 60 mil homens, enquanto que o
capita] estrangeiro o Paraguai havia criado side­ da Tríplice Aliança representava um terço deste
rurgia, estradas de ferro, telégrafos, fábricas de número. O Brasil foi o que mais enviou soldados
armas e de pólvora, fábrica de tecidos, de material (8 mil homens) e em sua maioria não eram treina­
para construção, de papel, de tinta etc. Na época dos, pois a maioria do contingente brasileiro foi
de Francisco Solano Lopez, foi criado o serviço formada pelos Voluntários da Pátria, cidadãos que
militar obrigatório, se concedeu terra aos campo­ se apresentavam para lutar.
neses, o govemo controlava várias fazendas e não
A vantagem dos brasileiros estava em sua ma­
havia analfabetos no país.
rinha de guerra: 42 navios com 239 bocas de fogo
O presidente Francisco Solano Lopez tinha e cerca de quatro mil homens bem treinados na
uma pretensão imperialista, que era a de formar o tripulação. E a maior parte da esquadra já se en­
Grande Paraguai, formado pelo Paraguai, pelo contrava na região do Prata, onde havia atuado na
Uruguai, por regiões argentinas, pelo Rio Grande intervenção contra Aguirre. A vitória do Almiran­
do Sul e pelo Mato Grosso, assim tendo uma saída te Barroso, na Batalha do Riachuelo (1865), foi
para o Oceano Atlântico. decisiva para a libertação do Rio Grande do Sul e
O nacionalismo econômico paraguaio pertur­ para a condução do conflito pois deteve a ofensiva
de López, que passou a se defender. Os para­
bava os interesses da Inglaterra, interessada em
explorar os sul-americanos. A Inglaterra temia guaios, chefiados pelo General Estigarribia, ren­
mie o nacionalismo paraguaio fosse exemplo para deram-se em Uruguaiana.
outros países como Brasil e Argentina. Fortalecidos os aliados, sob o comando de
Por tudo isso, a Inglaterra estimulou o conflito Bartolomeu Mitre, presidente da Argentina e
contra o Paraguai. Para ela era fundamental que comandante da Tríplice Aliança, agora com um
exército de 50 mil homens bem treinados, inicia­
Solano Lopez e o nacionalismo econômico para­
guaio desaparecessem. Para a Inglaterra não foi ram a invasão do território Paraguaio no final de
difícil apoiar o Brasil e a Argentina a fazerem a 1865.
guerra contra o Paraguai, porque Solano Lopez Em 1866 travou-se a Batalha de Tuiuti, consi­
pretendia conquistar terras destes dois países para derada a maior batalha campal da América do Sul.
formar o Grande Paraguai. Depois de vitorioso nesta batalha, o General Osó­
rio, comandante das forças brasileiras, foi substi­
tuído por Caxias, dando início à segunda fase da
A Guerra guerra do Paraguai. Caxias foi responsável por
uma série de vitórias nesta guerra, como, por
exemplo, as sucessivas vitórias no mês de dezem­
A Guerra do Paraguai começou com a ofensi­ bro de 1868, (dezembrada), em Itororó, Avaí, §
va paraguaia quando Solano Lopez mandou apri­ Angostura e Lomas Valentinas. ^
sionar o navio brasileiro Marquês de Olinda e
todos os seus tripulantes, que se dirigia para o B O LÍV IA BRAStL
Mato Grosso e se encontrava perto de Assunção,
capital do Paraguai, com a justificativa de que o
Brasil violou o govemo uruguaio, em novembro o Cerro Corá:
de 1864. "S 1/3 /1 B 70

Na primeira fase da guerra os avanços foram


das tropas paraguaias do forte Coimbra no Mato PARAGUAII
' P e r ib e b u i
Grosso, Corumbá, quase conquistando a capital içjkm Á íü im ç â o - 12W 1B69
Cuiabá, que só não foi tomada pois os paraguaios '1 / 1 / 1 8 6 9 ” * * .
Ás perdas paraguaias *Rorof«6/t2/iess
centralizaram seus esforços em direção sul. Em $ VRonas dos aliados \ ;H u fh a iiá A v a l i 1/ 1 2 /1 6 6 8
1865. Solano Lopez atravessou um pedaço do CD TemtôrJoâ perdidos para a Aigenlma 2 & 7 / 18 6 8 # L o m a s V a Je n S in a s
H E TerrlJOrio paraguaio peidW-:- para o Brasil V * 2 7 /12 /1 B 6 8
território argentino com a finalidade de conquistar
o Rio Grande do Sul. A Argentina reagiu a esta «I
invasão do seu território e entrou na guerra ao Em janeiro de 1869, Caxias entrou vitorioso ^
lado do Brasil. em Assunção e pouco depois deixou o comando
da guerra para o Conde D'Eu (Príncipe Gastão de 0
Orleans), genro de Pedro II.
Tríplice Aliança

Biasil Uruguai Àigenrina O Conde D ’Eu empreendeu violenta persegui­


ção a Solano Lopez. Foi a Campanha das Cordi­
lheiras, que teve a Batalha de Campo Grande e a
O tratado da Tríplice Aliança foi assinado em Batalha de Cerro Corá, onde morreu o ditador
maio de 1865. A vantagem do exército paraguaio paraguaio, com um tiro do Cabo Chico diabo.
era muito grande, seu exército bem preparado e a Estava terminada a guerra (Io de março de 1870).

w.ww . u . n i p r e . c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 73
Tases da fjiiena Comandantes
alcançou o posto de al feres e aos 20 concluiu o
curso da Real Academia Militar com distinção.
1- Fase Marectial Osório (Marques de Hetval]
Veterano da independência, destacou-se na Bahia,
2- Fase Uifc de Lima e SRva (Duque de Caxias) combatendo as tropas de Portugal, que resistiam à
3- Fase Gastão de Oileans (Conde D TiU) emancipação. Lutou na guerra da Cisplatina. Ten­
do sido promovido ao posto de major e designado
para o comando do batalhão do imperador, tropa
de elite subordinada a D. Pedro I. Após a abdica­
ção, de Pedro I, chefiou a polícia militar da corte e
Conseqüências da Guerra atuou nas lutas do período regencial. Pacificou a
balaiada no Maranhão (1841), e as revoltas libe­
rais de São Paulo e Minas Gerais, em 1842, foi
A Guerra deixou profundas marcas tanto no um dos responsáveis pelo fim da revolução Far­
Brasil como no Paraguai. roupilha, tendo negociado de forma favorável a
paz. Foi Presidente da províncias do Maranhão
O Paraguai ficou arrasado. Aproximadamente (1839-41) e do Rio Grande (1842-46), lutou con­
80% dos homens paraguaios morreram na guerra
tra Oribe (Uruguai) e Rosas (Argentina), entre
e os que sobraram eram na maioria velhos, crian­
1851 e 1855. Participou da guerra do Paraguai,
ças e aleijados. O povo paraguaio passou a viver assumindo a liderança do Exército Imperial em
basicamente da agricultura, por que a sua indús­ 1866, onde reorganizou o Exército Imperial, dan­
tria foi paralisada. O Paraguai ficou endividado do uma estrutura profissional ao mesmo, e prepa­
com o Brasil e a dívida foi perdoada, em 1943, rando para a vitória na guerra. O certo é que seu
por Getúlio Vargas. Ainda teve perdas territoriais. desempenho à frente das forças aliadas concorreu
Quanto ao Brasil, as conseqüências também de modo inquestionável para o triunfo final sobre
foram amplas. Morreram milhares de brasileiros. o inimigo. Dentre outros episódios, celebrizou-se
Os gastos com a guerra afetaram bastante a nossa nos combates de Estabelecimento, Avai, Lomas
economia e o govemo foi obrigado a pedir novos Valentinas, (a famosa Dezembrada) e a entrada
empréstimos externos. Com isso aumentou ainda vitoriosa em Assunção. Ocupada a capital para­
mais a nossa dívida extema. guaia, o marechal deu por encerrada a sua missão,
retomando ao Rio de Janeiro em fevereiro de
Ao terminar a guerra passamos a ter um Exér­ 1869. Senador pelo Rio Grande do Sul desde
cito vitorioso e modernizado, onde muitos ofici­ 1846, integrava o Partido Conservador. Ocupou a
ais, geralmente vindos da classe média, não admi­ pasta da Guerra por três vezes, sendo que, em
tiam mais o Império escravista e passaram a aderir 1855, no govemo do marquês de Paraná, contribu­
às campanhas abolicionistas e republicanas, como iu para a política de conciliação, assumiu a presi­
veremos depois. dência do Conselho, função que voltaria a ocupar
REINADO

O Exército passava a ser, também, a possibili­ no 16.o e 26.o gabinetes do Segundo Reinado,
dade de ascensão para os ex-escravos e outras sendo que em 1875 coube-lhe encerrar a Questão
pessoas de baixa condição social. O crescimento Religiosa, concedendo anistia aos bispos de Olin­
do exerci como força política e o contato de seus da e do Pará. Homem de confiança de D. Pedro II,
- SEGUNDO

oficiais com Repúblicas como Argentina e Uru­ recebeu o título de barão de Caxias (1841), sendo
guai, onde os militares tinham uma posição de elevado sucessivamente a conde (1845), marquês
liderança política, alimentou nos oficiais brasilei­ (1852) e Duque (1869), o único da nobiliarquia
ros o desejo de maior participação nos destinos do brasileira fora da família imperial. Faleceu a 8 de
império, fato que proporcionou o enfraquecimento maio de 1880, na fazenda Santa Mônica, na pro­
IMPERIAL

de D. Pedro II. víncia do Rio de Janeiro.

Um Herói de Ver­
dade Luís Alves de . ,
Crise da Monarquia e
Lima e Silva (Duque
proclamação da Republica
BR A SIL

de Caxias)- Patrono
do Exército Brasileiro kSé&Lj.
Nasceu na região da A crise do Império brasileiro está relacionada
07

Serra da Estrela, atual MB; x X ® com as transformações que ocorreram na socieda­


município de Duque tÍ R . de brasileira na segunda metade do século XIX,
HIS

principalmente com as transformações ocorridas a


Janeiro, a 25 de agosto partir de 1870, isto é, após a Guerra do Paraguai.
Capitulo:

Com o fim da guerra várias questões explodiram


Francisco de Lima e no Brasil como, por exemplo, a Questão Militar,
Silva, futuro regente do Império. Assentou praça
a Questão Religiosa e a Questão Abolicionista.
como cadete aos cinco anos de idade, com conse-
ção especial do Imperador D. Pedro I. Aos 15
w w w . u n i p r é . c ó m „b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Essas questões, em conjunto, formam as cau­ tar do Rio de Janeiro e um dos principais respon­
sas da queda do Império e da Proclamação da sáveis pela Proclamação da República.
República, porque o poder do governo imperial se
Defendendo as ideias republicanas, o ideal mi­
sustentava principalmente na escravidão, no Exér­
litar de Salvação Nacional e as ideias de "Ordem
cito e na lereia Católica.
e Progresso", os militares do Exército se uniram
A questão abolicionista se estabeleceu quando, aos cafeicultores e derrubaram o Império no dia
em 13 de maio de 1888, o governo perdeu o apoio 15 de novembro de 1889.
de muitos senhores de escravos, pois o império
colocava fim em séculos de escravidão e não
previa a indenização das elites escravocratas. A filosofia Positivista
Desta forma esse grupo social, que foi um dos
pilares do império, se sentindo traído pelo gover­
no acabou também abandonando a defesa da mo­ Considerando a ciência como a mais alta reali­
narquia e muitos passaram, inclusive, a defender a zação da mente, os positivistas buscaram aplicar
instalação da República. ao estudo da sociedade uma abordagem empírica
A Igreja Católica também apresentou alguns rigorosa. Acreditavam que o filósofo tinha de
problemas com o governo imperial. Nesse período proceder como um cientista, juntando e classifi­
havia o sistema do Padroado, onde a igreja católi­ cando cuidadosamente os dados e formulando
ca fazia parte do governo e as ordens do Papa regras gerais que demonstrassem uma regularida­
passavam pela autorização do Imperador. O Papa de na experiência social. Tal conhecimento, fun­
Pio IX decretou uma Bula que defendia o combate damentado em fatos concretos, forneceria critérios
às ideias da maçonaria. Mesmo com o Imperador úteis ao planejador social.
não aprovando essa Bula, alguns bispos, em 1872, Augusto Comte (1798-1857), fundador do Po­
perseguiram membros da maçonaria em Belém e sitivismo, pregava que a história e a sociedade
Olinda e o governo mandou prendê-los gerando a deveriam ser tratadas sob uma abordagem pura­
chamada Questão Religiosa. Muitos membros do mente científica: somente mediante uma compre­
clero católico acharam exageradas as decisões do ensão adequada das leis que regem os negócios
imperador, gerando uma insatisfação crescente humanos, afirmava ele, a sociedade, que se encon­
nesta instituição que sempre apoiou o govemo trava num estado de anarquia intelectual, podia
imperial. ser reorganizada racionalmente. Comte deu o
O Exército começou a lutar contra o govemo nome de positivismo ao seu sistema, pois acredi­
porque, apesar de ter saído da Guerra do Paraguai tava que este se fundamentava no conhecimento
vitorioso, fortalecido e modernizado, continuava proveniente de fatos observados, podendo portan­
marginalizado pela aristocracia, dona do poder. to ser constatado empiricamente.
Como eram marginalizados, os militares do Exér­ Entre os militares brasileiros essas ideias fo­
cito começaram a lutar pela participação no poder ram muito divulgadas, e foi um dos motivos para
político e adotaram as ideias republicanas. Além crescer as ideias republicanas nesta instituição,
disso, os militares passaram a acreditar que só o pois para Comte os governos monárquicos repre­
Exército poderia salvar o país da crise econômica, sentavam o atraso e, ainda, entre os nossos milita­
dos problemas sociais, das fraudes nas eleições, res positivistas predominava a ideia do soldado-
da corrupção política, cidadão, como o elemento capaz de desenvolver o
A partir da Guerra do Paraguai muitas ideias país para o progresso com a criação de um gover­
políticas começaram a se desenvolver entre os no ordeiro que busca o progresso com a moderni­
militares do Exército. Muitos passaram a admitir zação da sociedade, especialmente através da
o ideal militar de salvação nacional, ou seja, a expansão dos conhecimentos científicos e da
ideia de que só o Exército poderia salvar o país. indústria.
Acreditavam que a função do Exército não era
apenas defender a nação, mas também salvar o
Brasil dos seus problemas políticos, sociais e A Questão Militar
econômicos, e que isto só seria possível com a
participação dos militares no poder.
A questão militar foi uma série de episódios
Entretanto, para os militares chegarem ao po­ ocorridos entre oficiais do Exército que critica­
der, era preciso derrubar o govemo que estava nas vam a corrupção no império. Desde o final da
mãos da aristocracia, classe social responsável guerra do Paraguai começa a surgir um ambiente
pela marginalização política do Exército. de tensão entre os oficiais do Exército, insatisfei­
O principal responsável pela divulgação das tos com as limitações de seus direitos de cidada­
ideias republicanas dentro do Exército foi Benja­ nia. A partir de 1875, professores e jovens oficiais
mim Constant, militar, professor na Escola Mili­ oriundos da Escola Militar da Praia Vermelha,
desejosos de ter maior peso nos debates nacionais
w w w .u n i p r e ,c o m .br
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
U nlpré
e pôr em prática as doutrinas positivistas aprendi­ A Questão Religiosa
das na Escola Militar, começam a contestar mais
violentamente as falhas do Império. Além disso, a
vitória sobre o Paraguai fez crescer o orgulho dos É importante observar que, ao mesmo tempo
Militares. Suas principais reivindicações centra­ em que estava ocorrendo a campanha abolicionis­
vam-se no direito de reunião e de livre manifesta­ ta, ocorria a campanha republicana, a luta do
ção política. Exército contra o Trono e a crise dos bispos do
Brasil com a submissão ao Estado. A submissão
O primeiro episódio da questão militar está re­
da Igreja ao Estado se definia pelo Padroado e
lacionado a apresentação na Câmara dos Deputa­
dos, em 1883, de uma proposta de reforma do pelo Beneplácito.
montepio militar. Para contestá-la, organizou-se O Padroado era o direito que o Imperador ti­
um "Diretório" na Escola Militar, presidido pelo nha de intervir na nomeação de sacerdotes e na
tenente-coronel Antônio de Sena Madureira. Ex- construção de igrejas. O Beneplácito era o direito
combatente da Guerra do Paraguai, prestigiado do Imperador de examinar todas as ordens vindas
pelos colegas de farda, Sena Madureira escreveu do Vaticano. Estas ordens só entrariam em vigor
em jornais para combater a reforma. Este fato no Brasil após o placet, isto é, após o consenti­
levou a sua transferência para o Rio Grande do mento imperial. Desta maneira, a autoridade dos
Sul. Ele ficou conhecido como “revolucionário e bispos era limitada.
republicano”.
Em 1864, o Papa Pio IX, através da Bula Syl-
Em 1885, temos o caso de Cunha Matos, o labus, proibiu os padres de participarem da maço-
mais grave de todos os incidentes entre a Coroa e naria e esta proibição não foi aceita pelo govemo
os militares. O coronel Emesto Augusto da Cunha imperial. Em 1874, o Bispo de Olinda, D. Vital de
Matos, outro veterano da Guerra do Paraguai, Oliveira, e o Bispo de Belém do Pará, D. Antônio
após inspecionar as guarnições do Piauí, denunci­ Macedo Costa, em obediência à Bula Syllabus,
ou as irregularidades cometidas pelo capitão Pe­ mandaram fechar todas as irmandades religiosas
dro José de Lima, ligado ao Partido Conservador. em Pernambucano e Pará cujos membros não
O deputado Simplício Rezende, do mesmo parti­ tivessem se afastado da maçonaria.
do, tomou a defesa do capitão na tribuna da Câ­
mara. Desautorizou Cunha Matos, chamando-o de O govemo agiu energicamente contra os dois
"traidor e covarde", na presença do ministro da bispos. O primeiro-ministro, Visconde do Rio
Guerra, deputado Alfredo Chaves. O oficial criti­ Branco, mandou prender os bispos e os condenou
cou publicamente o ministro por sua indiferença a quatro anos de reclusão com trabalhos forçados.
em face dos ataques dirigidos pelo deputado a um E certo que, no ano seguinte, Caxias, nomeado
militar, levando o ministro a repreender e prender primeiro-ministro, concedeu liberdade aos bispos.
REINADO

Cunha Matos. Foi o estopim da crise. A oficiali­ Porém, o Império, com a prisão dos bispos, per­
dade, por sua vez, considerou as punições aos deu a simpatia do clero e da população. Mais uma
colegas uma ofensa coletiva e questionou o go­ importante coluna de apoio ao Império caía.
vemo sobre o direito de livre manifestação da
classe militar. Para dirimir a questão, o gabinete
- SE G U N D O

consultou o Supremo Tribunal Militar, que emitiu


O Movimento Republicano
parecer favorável à liberdade de expressão dos
militares pela imprensa. Em vista disso, 200 ofici­
ais do Exército, liderados por Deodoro, propuse­ Durante o Segundo Reinado, dois partidos po­
ram ao govemo tomar sem efeito a repreensão a líticos se revezaram no poder: o Liberal e o Con­
IMPERIAL

Cunha Matos e Sena Madureira. O barão de Cote- servador.


gipe aceitou revogá-la, desde que os interessados
o solicitassem. Entretanto, em 1868, uma briga entre os libe­
rais provocou uma divisão do Partido e um grupo
Em 2 de fevereiro de 1887, oficiais e cadetes deles fundou um novo partido, chamado Partido
BRASIL

se reuniram no teatro Recreio Dramático, no Rio Radical, em 1869.


de Janeiro, sob a presidência de Deodoro. Aprova­
ram um documento com as principais reivindica­ Em 1870, os membros do Partido Radical pu­
ções dos militares e conferiram ao velho marechal blicaram um manifesto que dizia: "Somos da
07

plenos poderes para apresentá-lo ao imperador. América e queremos ser americanos”. Este mani­
HIS

Em audiência com D. Pedro II, Deodoro conse­ festo, assinado por homens como Quintino Bocai­
guiu não só a revogação do ato que proibia a ma­ úva, Rangel Pestana, Saldanha Marinho e outros,
deu origem ao Partido Republicano.
Capitulo:

nifestação de militares pela imprensa, como ainda


o afastamento do ministro da Guerra. O Partido Republicano nasceu de uma propos­
ta de descentralização política, de Federação, isto
é, de autonomia das províncias e dos municípios.

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76 C u ís o d e Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
U if : :p í ' #

Em 1873, na cidade paulista de Itu, foi criado descentralizar o poder nos Estados, ainda possibi­
o Partido Republicano Paulista (PRP), um dos litaria o domínio do govemo como um instrumen­
principais partidos republicanos responsáveis pela to dos seus interesses de classe dominante econo­
Proclamação da República. micamente.
Causas da Proclamação da República:

A questão abolicionista a O predomínio das novas regiões cafe-


eiras na economia do país;
H O ideal de federação, que levaram
Os senhores de escravos não se conformaram
muitos a apoiarem os republicanos,
com a abolição da escravidão e com o fato de não
contra o unitarismo imperial;
terem sidos indenizados. Sentindo-se abandona­
dos pela Monarquia passaram a apoiar a causa ■ Influência do positivismo de Augusto
republicana, surgindo os chamados Republicanos Conte, largamente difundido por Ben­
de 13 de Maio (chamada assim por causa da data jamim Constant entre os militares;
em que a Lei Áurea foi assinada). As principais
■ A abolição da escravidão sem indeni­
leis que contribuíram para o fim da escravidão no
zação, que privou o Imperador do
Brasil foram: 1850, Lei Eusébio de Queiroz (ex-
apoio dos grandes senhores de escra­
tinguia o tráfico negreiro); 1871, Lei do Ventre
vos;
Livre (os filhos de escravos seriam considerados
livres, devendo aos proprietários criá-los até os E3 A questão religiosa.
oito anos); 1885, Lei dos Sexagenários (quando o
escravo completasse 65 anos eles estariam liber­
tos); e 13 de Maio d e i888, Lei Áurea (abolição
total da escravidão, assinada pela princesa Isabel,
O golpe de 15 de novembro
que substituía provisoriamente o Imperador).

Na noite de 15 de novembro, o Marechal De-


odoro da Fonseca, de grande prestígio no Exérci­
Causas e conseqüências to, coloca-se à frente das tropas reunidas no Cam­
po de Santana, pois alguns militares republicanos
espalharam o boato de que Benjamim Constant,
O Império brasileiro e suas instituições se en­ tenente-coronel divulgador de ideias republicanas
contravam em franco processo de deterioração, e positivistas, tinha sido preso. Deodoro depôs o
ministério do Barão de Ouro Preto e o Imnerador o
não acompanhando as transformações que se Q
processavam na economia e na sociedade. não consegue contornar a crise, mesmo nomeando <
z
um novo ministério. Deodoro proclama a Repú­ I—I
As transformações econômicas e sociais que w
blica no mesmo dia. Nascia a República, ficando os
se operaram no Brasil a partir de 1850, estavam o governo provisório nas mãos do Marechal o
diretamente ligadas ao café, em expansão no Oes­ Q
Deodoro da Fonseca. 23
te Paulista. A expansão das lavouras exigia cada D
U
vez mais mão-de-obra e a Inglaterra já havia pres­ A Primeira República ou República Velha vai CO
sionado o Império brasileiro no sentido de sus­ de 1889 a 1930. Os primeiros cinco anos da Re­
pender o tráfico de escravos. Daí a substituição pública, entretanto, foram marcados pela presença
pelo trabalho livre do imigrante. O senador Ver­ de militares nos cargos presidenciais, daí a deno­ <
M
gueiro foi o primeiro a trazer imigrantes para o minação de "REPÚBLICA DE ESPADA" (1889/94). cC

Brasil criando as colônias de Parcerias. P -i
£
Ao lado dessas transformações, o surgimento
de uni forte e organizado setor da economia cola­ A Bandeira republicana H
co
borava para o desenvolvimento das comunicações
e transportes: a cafeicultura.
iCQ
Pelo decreto 4, de 19/11/1889 (razão de nessa r—
Esse novo setor desenvolvido no Oeste Paulis­ data ser comemorado o Dia da Bandeira) foi defi­ o
ta significava uma nova força econômica que não nido o pavilhão definitivo, mantido até hoje com co
H
possuía, entretanto, o poder político. Seus repre­ modificações mínimas. Foi o ministro da Guerra,
sentantes almejavam um regime de autonomia, Benjamin Constant, quem lembrou o nome do
pois só assim poderiam se expandir. O Império, professor Raimundo Teixeira Mendes, presidente
entretanto, era unitarista, tirando dos grupos regi­ do Apostolado Positivista do Brasil, para idealizá-
onais o poder das decisões. Para o cafeiculíor o la. Ele teve a colaboração do Dr. Miguel Lemos e Ou
regime que melhor se afinava com seus interesses do professor Manuel Pereira Reis, catedrátíco de ro
u
era o de uma República Federativa, pois, além de
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 77
Unlpré
astronomia da Escola Politécnica. O desenho foi
executado pelo pintor Décio Vilares. ANOTAÇÕES
A faixa branca em sentido oblíquo e descen­
dente da esquerda para a direita, com a legenda "
"Ordem e Progresso" - cuja posição exata na ban­
deira não constou no decreto que a criou, foi mo- _________________________________
tivo de dúvidas e especulações. Alguns diziam ser
ela a Eclítica (círculo máximo da esfera celeste,
correspondente à trajetória do Sol em seu movi- ________________________________
mento anual aparente, em tomo da Terra, cujo
plano forma com o do Equador um ângulo de
23°27"), _________________________________
Outros acreditavam tratar-se do Equador Ce- ________________________________
leste, e outros ainda afirmavam que se tratava da
Zona Zodiacal ou Zodíaco.
Mas essa faixa branca é apenas um espaço
destinado a receber a expressão positivista "Or- ________________________________
dem e Progresso", parte de um dos lemas mais
conhecidos do filósofo francês Auguste Comte
(1798-1857), o fundador do Positivismo. Esse ________________________________
movimento contava com muitos seguidores no
Brasil, entre eles o professor Raimundo Teixeira
Mendes. ________________________________
REINADO
- SEGUNDO
IMPERIAL
B R ASI L
07
HIS
Capítulo:

w w w .u n i p r e .c o m . b r
78 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
pr#»
EXERCÍCIOS d) Quando D. Pedro II instituiu, em 1847, o cargo
de 1° Ministro procedeu a uma consulta ao povo,
isto é, fez um plebiscito;
1. Sobre a estrutura política do Brasil durante o
e) A Pasta ministerial intitulada no Império, ad­
Segundo Reinado, podemos afirmar: ministrava tudo que dizia respeito à política inter­
a) o Parlamentarismo brasileiro foi uma cópia do na, inclusive as finanças e a justiça.
britânico, refletindo politicamente o controle
econômico que os ingleses exerciam na época
sobre o país; 4. Assinale a informação correta sobre o 11 Impé­
rio:
b) a partir de 1870, quando surgiu, o Partido Re­
publicano teve possibilidades de concorrer vanta­ a) No século XIX já éramos exportadores de pro­
josamente com os Partidos Liberal e Conservador, dutos manufaturados para a Inglaterra;
que até então dominavam o cenário político;
b) A utilização da mão-de-obra assalariada come­
c) embora parlamentarista, a Monarquia brasileira, çou em São Paulo, antes de Lei Áurea;
na verdade, continuava concentrando poderes nas
c) São Paulo é, ainda hoje, o maior produtor de
mãos do Imperador, árbitro das questões que
café entre os estados brasileiros;
pudessem opor o Conselho de Ministros à Câmara
dos Deputados; d) O plantio do café iniciou-se no Vale do Paraíba
e caminhou em seguida para o oeste Paulista;
d) as grandes reformas sociais e políticas, tais
como a extinção do tráfico de escravos e a aboli­ e) Em meados do século XIX, o café perdia a
ção, foram obras do Partido Liberal, em função do liderança na luta das exportações brasileiras.
seu programa e de sua ideologia;
e) embora a Carta Outorgada de 1824 fosse man­
5. O Positivismo é uma filosofia francesa que
tida, as reformas eleitorais empreendidas durante
influiu decisivamente no Brasil
o reinado de D. Pedro II possibilitaram a partici­
pação ampla das diversas camadas sociais no a) para os eventos da Questão Religiosa em 1873;
processo de escolha de Deputados e Senadores.
b) na criação da Maçonaria;
c) na abdicação de D. Pedro I;
2. A aplicação da Bula Syllabus, de Pio IX, sem
d) na entrada do Brasil na Primeira Guerra Mun­
autorização de D. Pedro II, gerou um desentendi­
dial;
mento entre a Igreja e o Trono. Esse desentendi­
mento tomou o nome de Questão e) na origem e formação da República.
a) Padroado;
b) Confrarias; 6. Gabinete Reformista instituído por D. Pedro II
antes da Proclamação da República era chefiado
c) Beneplácito;
por:
d) Religiosa;
a) Eusébio de Queiroz
e) Autos de Fé.
b) Irineu Evangelista de Souza
c) Nicolau de Campos Vergueiro
3. Examinando-se o processo da evolução política
brasileira no século XIX considera-se CORRETA d) Visconde de Ouro Preto
a afirmativa: e) Zacarias de Góes Monteiro
a) A instituição do voto secreto só se implantou M
entre nós com a Constituição promulgada de CO
1891; 7. Comandante da segunda fase da guerra do Pa­
raguai, liderou a dezembrada:
b) Pelo Ato Adicional à Constituição do Império
determinava-se o aparecimento do Município a) Marques de Erval.
CO
Neutro bem como passavam a existir as Assem- b) Conde D’Eu. I—
I
K
bleias Provinciais;
c) Duque de Caxias.
c) Quando se cxtinguia um mandato de Senador
no Império, o Poder Moderador, exercido pelo d) Visconde de Porto Alegre.
Imperador mandava que se fizessem eleições e) Conde de Baral.
indiretas para depois nomear um dos três mais
votados;
www.. u n i p r e . c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 79
8. Um dos objetivos do Império na sua política d) se somente as afirmativas 1, 2 e 3 estão corre­
platina era: tas.
a) garantir o governo Oribe; e) se somente a afirmativa 4 está correta.
b) impedir a reconstituição do Vice-Reino de
Buenos Aires;
11. A afirmação de que “o partido que sobe entre­
c) preservar nossa hegemonia no Prata; ga o programa de oposição ao partido que desce e
recebe deste o programa de govemo”, relacionada
d) resguardar as fronteiras de Mato Grosso;
aos partidos políticos do Segundo Reinado, suben­
e) defender a posição de López no Paraguai. tende que:
a) os políticos do império sempre tiveram plata­
formas de atuação definidas;
9. A revolta conhecida pela denominação de Prai-
eira ocorreu em 1848 na Província de: b) os conservadores conduziram a vida partidária
do Império, mas os liberais governavam;
a) Pará.
c) a ameaça de radicalizações obrigava os partidos
b) Maranhão.
políticos à coesão;
c) Pernambuco. d) sendo a conciliação ideal constante na vida
d) Bahia. política do país, os partidos pouco se diferencia­
vam na prática;
e) Minas Gerais.
e) as divergências entre as várias classes da socie­
dade brasileira estavam representadas nos pro­
10. “ Se o despotismo atrever-se gramas partidários.

A sair do seu covil


Ferro e fogo encontrará 12. No último período da Guerra do Paraguai as
forças brasileiras estiveram sob o comando em
Nos valentes cinco mil.” chefe do:
Os versos acima foram extraídos de um Hino dos a) Duque de Caxias.
Praieiros, isto é, dos revoltosos pernambucanos,
que questionaram o conservadorismo vigente sob b) Marquês de Herval.
o império. A respeito deste movimento podemos c) Visconde de Pelotas.
o afirmar que:
Q d) Conde d’Eu.
< 1. expressa o descontentamento popular em rela­
12
M ção à forma como se organizava a economia da e) Visconde de Taunay.
w
CC Província: latifúndios concentrados nas mãos de
o poucos e comércio monopolizado por estrangei­
Q
S ros; 13. Há mais de um século, teve início no Brasil
D
U um processo de industrialização e crescimento
2. pode ser relacionado à mudança de orientação urbano acelerado. Podemos identificar, como
</)
na política do Império que, em 1848, instituiu um condições que favoreceram essas formações a (o)
govemo conservador, visto, no ver dos liberais
(s):
< radicais, como “despótico”;
M a) Crise provocada pelo fim do tráfico de escravos
w 3. sofreu influências das Revoluções Liberais que deu início à política de imigração e liberou
cu europeías de 1848 e do pensamento socialista
s capitais internacionais para a instalação de indús­
utópico, tendo, no entanto, resguardado as suas
1-3 trias.
M críticas à sociedade a permanência do trabalho
LQ escravo; b) Lucros auferidos com a produção e a comercia­
<
PC lização do café, que deram origem ao capita! para
PQ 4. situa-se enquanto marco divisor entre um perí­ a instalação de indústrias e importação de mão-de-
r­ odo “despótico” e um período em que os liberais
o obra estrangeira.
radicais assumiram o controle político do Império.
c) Crise da economia açucareira do Nordeste que
Assinale: propiciou um intenso êxodo rural e a conseqüente
a) se somente a afirmativa 1 está correta. aplicação de capitais no setor fabril em outras
regiões brasileiras.
■P b) se somente a afirmativa 2 está correta.
•H d) Capitais oriundos da exportação da borracha
a,
c) se somente as afirmativas 3 e 4 estão corretas. amazônica e da introdução de mão-de-obra assala­
o
riada nas áreas agrícolas cafeeiras.
w w w . ü n i p r ê . c o m .b r
80 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Unlpr#»
e) Crise da economia agrícola cafeeira, com a e) A escravidão só poderia ser mantida no Brasil
abolição da escravatura, ocasionando a aplicação pós-independente se a Coroa construísse um Im­
de capitais estrangeiros na produção fabril, pério de dimensões continentais, o que explica as
revoltas do período regencial.

16. Para muitos autores, a transição do trabalho


escravo para o trabalho livre, no Brasil, está dire­
tamente atrelada à chegada das levas de imigran­
tes italianos ao país.
Assinale a opção que esclarece, de forma coeren­
te, a questão que incentivou as levas de imigran­
tes:
a) Ao contrário do enunciado acima, a transição
14. Observando a figura de escravos acorrentados para o trabalho livre teve início com a chegada de
no Brasil Império, a mão de obra escrava ainda imigrantes alemães a todo o país.
era utilizada em grande escala, na década de 80 do b) A transição do trabalho escravo para o trabalho
século XIX, principalmente na região do (da): livre, feita conforme o enunciado indica, foi uma
a) Vale do Paraíba. realidade em todo o país.

b) Campos Gerais. c) A ausência de imigrantes italianos em determi­


nadas regiões explicaria o seu atraso econômico.
c) Oeste paulista.
d) A chegada de italianos ao Brasil marcou o fim
d) Vale do Rio Solimões. de formas de exploração do trabalhador, tais co­
e) Norte do Paraná. mo: o barracão e o cambão.
e) A expansão das lavouras exigia cada vez mais
mão-de-obra, e a Inglaterra já havia pressionado o
15. Por se entender o Império como 'um e Império brasileiro, no sentido de suspender o
único’, se o entende também como um continente tráfico de escravos. Daí a substituição pelo traba­
que, sob a direção de uma elite ilustrada, deve lho livre do imigrante.
conter a Nação brasileira - ‘a associação de todos
os brasileiros’ - até mesmo porque tem-se clareza
da sua frágil coesão, como resultante da institui­ 17. (UFGO) Em 1850, através da Lei Eusébio de

REINADO
ção que a fundamenta e qtie, não obstante, deve Queiroz, o governo imperial extinguiu o tráfico
ser preservada: a escravidão” negreiro para o Brasil. A razão dessa medida foi:
(MATTOS, limar R. O Tempo Saquarema. RJ, a) a chegada de grande número de imigrantes
Hucitec, 1987, p. 85). A citação anterior se refere italianos cujo trabalho, além de barato, apresenta­

- S E GU N D O
a um aspecto do processo de construção do Estado va um nível técnico mais alto;
Imperial pouco destacado pelas análises usuais,
sugerindo que: b) o temor da violenta repressão inglesa, sobretu­
do após S845, quando foi aprovado o “Bill Aber-
a) O projeto de unificação e de centralização polí­ decn”;
tica do Império brasileiro foi executado pela elite
IMPERIAL

ilustrada de todo o país que, para ser bem sucedi­ c) o endividamento com os traficantes de escra­
da, impôs a escravidão como instituição nacional, vos, dos proprietários rurais, interessados por isso
através do uso da violência; no tráfico interno;

b) Os projetos de implantação de repúblicas na d) a crise da lavoura tradicional, tomando desne­


cessária a mão-de-obra escrava;
BRASIL

América Latina pós-independente não tiveram eco


no Brasil, devido ao forte sentimento de união de e) a falência dos traficantes de escravos devido às
todos os brasileiros; medidas restritivas inglesas.
07

c) A escravidão, devido à sua fragilidade, deter­


minou que o processo de construção do Estado
HIS

nacional fosse pacífico e ameno; 18. (UFRO) Brasil Império, a Questão Abolicio­
nista foi colocada em vigor:
Capítulo:

d) O projeto de unificação e de centralização


política do Império brasileiro correspondeu aos a) por José do Patrocínio, Joaquim Nabuco e Rui
interesses do grupo dominante da Corte no Rio de Barbosa;
Janeiro, subordinando, pela violência, outros b) após a aprovação da Lei Rio Branco ou do
projetos políticos de origem regional diversa; Ventre Livre (1871);
www. u n i p r e . c om. b r
Curso de Habililação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 81
Uimlpré
c) pelos imigrantes que trabalhavam nas fazendas • II - Fortalecimento e modernização do Exército
paulistas; Brasileiro.
III - Transformação da instituição militar brasilei­
d) em 1850, através da Lei Eusébio de Queiroz; ra num instrumento de contestação ao império
e) por intermédio do Papa Leão XIII. escravista.
IV - Adoção, pelos integrantes da instituição
militar brasileira, de postura favorável à manuten­
19. Em 1849, o grupo que iniciou uma revolta em ção da monarquia.
Pernambuco, conhecida como Revolução Praieira, V - Diminuição da dívida externa brasileira.
lançou um manifesto que exigia: Assinale a única alternativa em que todos os itens
listam conseqüências da Guerra da Tríplice Alian­
a) O fim da monarquia e a proclamação da repú­ ça contra o Paraguai.
blica. a) I, IV
b) O fim do voto censitário. b) I, II
c) II e 111
c) A manutenção do poder moderador. d) IV e V
d) Liberdade de imprensa e de trabalho. e) II e V

e) O fim dos privilégios para comerciantes brasi­


leiros. 23. (ESPCEX-2011) Sobre a Proclamação da
República, a tradição historiográfica relaciona três
questões responsáveis pela queda da monarquia: a
questão servil (escravidão), a religiosa e a militar.
20. A Questão Christie promoveu a (o)
Leia atentamente os itens abaixo.
a) fim do tráfico negreiro. ■ I - Segundo o regime de padroado cabia ao impe­
rador a escolha dos clérigos para os cargos
b) abertura dos pontos brasileiros à Inglaterra. >
importantes da igreja.
c) intervenção brasileira nas questões políticas > II - A igreja afastou-se do govemo imperial, após
D. Pedro II ter ordenado aos padres afastarem-se
de seus vizinhos na região platina.
da maçonaria.
d) colaboração inglesa na guerra contra o Para- 1 III - A Lei Saraiva-Cotegipe estabelecia liberdade
guai. ; aos escravos com mais de 60 anos de idade, tendo
um alcance extremamente positivo na luta contra
e) rompimento de relações diplomáticas entre o \
a escravidão no Brasil, pois na prática colocava
Brasil e a Inglaterra. em liberdade imediata um grande contingente de
escravos que já tinham atingido a idade.
REINADO

IV - Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel


21. (ESPCEX-2011) Durante o Governo Provi­ promulgou a Lei do Ventre Livre, declarando
sório de Deodoro da Fonseca, o então ministro da extinta a escravidão no Brasil.
Fazenda, Rui Barbosa, colocou em prática uma V - O Exército Brasileiro tomou consciência de
reforma financeira. Esta reforma sua importância após a guerra do Paraguai.
- SEGUNDO

a) tinha por objetivo controlar a onda inflacionária


e reduzir o processo especulativo na Bolsa de Assinale a única alternativa em que todos os itens
Valores. listam características corretas.
b) resultou na amortização da dívida externa, bem a) I, II e V.
como na suspensão do pagamento de seus juros b) II e IV.
IMPERIAL

por três anos.


c) consistiu na elevação dos juros e da taxa cam­ c) III, IV e V.
bial, levando ao crescimento da receita pública e d) II, III e IV.
diminuição do custo de vida.
d) tinha por finalidade favorecer a expansão in­ e)I e V.
B RA SI L

dustrial. por meio da ampliação de créditos ao


setor.
e) visava fiscalizar a venda de ações, com a fina­ 24. (EsSA 2010) Em 1845, a Inglaterra aprovou o
07

lidade de impedir a propagação de empresas fan­ Bill Aberdeen. Com relação a esse ato é correto
tasmas. afirmar:
HIS

a) concedia à Inglaterra o direito de monopolizar


o tráfico negreiro par o Brasil.
Capitulo:

22. (ESPCEX-2009) Leia atentamente os itens b) determinava a substituição da mão-de-obra


abaixo. escrava pela mão-de-obra livre.
I —Transformação do Paraguai na nação mais rica
e industrializada da América do Sul.
www.unipre.com.br
82 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Utnipré»
c) era declarado legal o aprisionam ento <le
qualquer navio negreiro, bem j j ul«;t-
mento dos traficantes pela i v .r r .n a in»lesa.
d) elevava violentsuneuie as taxas alfandegárias
sobre os prodii;>'S brasileiros.
el YÍ'TiVa à eliminação da concorrência que a
igricultura escravista brasileira representava.

25. A decretação da cobrança da Tarifa Alves


Branco (1844) levou o govemo Imperial a:
a) falência do Banco do Brasil.
b) uni aum ento da tributação sobre as im por­
tações
c) proibir o tráfico de escravos
d) decretar o fim do Tratado de Methuen.
e) incentivar as importações de produtos.

26. (CESGRANRIO) As leis abolicionistas, a


partir de 1850, podem ser consideradas como o
nível político da crise geral da escravidão no Bra­
sil, por que:
a. A Lei Eusébio de Queirós (1850) proibiu o
tráfico quando a necessidade de escravos já era
declinante, face a crise da lavoura;
b. O sucesso das experiências de parceria acelerou
a emancipação dos escravos, crescendo um mer­
cado de mão-de-obra livre no país;
c. A Lei do Ventre Livre (1871) representou uma

REINADO
vitória expressiva do movimento abolicionista,
tornando irreversível o fim da escravidão;
d. As sucessivas leis. emancipacionistas foram
paralelas á progressiva substituição do trabalho

- SEG U N D O
escravo por homens livres;
e. A Lei Áurea, iniciativa da própria Coroa, visava
garantir a estabilidade e o apoio dos setores rurais
ao Império.
IMPERIAL

GABARITO

1. c 2. D 3. B 4. D 5. E
BRASIL

6. D 7. C 8. C 9. C 10. D
07

1 1 .D 12. D 13. A 14. A 15. D


HIS

16. E 17. B 18. A 19. A 20. E


Capitulo:

21. D 22. C 23. E 24. C 25. B

26. D

w w w . u n i p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 83
Unipr#»
HIS 0 8 B R A S I L R E P Ú B L I C A
autonomia das Províncias; mandato temporário
dos senadores.
Fim do Império
As reformas do Gabinete Ouro Preto chegaram
tarde demais. No dia 14 de Novembro de 1889, os
Na Década de 1870 diversos republicanos ad­ conspiradores lançaram o boato de que o govemo
quiriram visibilidade, a partir da publicação do havia mandado prender o Marechal Deodoro da
Manifesto Republicano (1870), da Convenção de Fonseca e Benjamin Constant. Os republicanos
Itú (1873), e da militância dos Clubes Republica­ vão à casa de Deodoro, que estava doente, e con­
nos, que se multiplicam a partir de então. Forte­ vencem-no a realizar uma quartelada.
mente influenciados pelo Positivismo (Benjamin Com esse pretexto, no amanhecer do dia 15 de
Constant), as suas ideias eram veiculadas pelo Novembro, o Marechal Deodoro sai de casa, atra­
periódico A República. As propostas giravam em vessa o Campo de Santana e, do outro lado da
tomo de duas teses: a evotucionista (que admitia praça, conclama os soldados do batalhão em fren­
que a proclamação era inevitável, não justificando te a se rebelarem contra o govemo. Oferecem um
unia luta armada) e a revolucionista, que defendia cavalo ao Marechal, que monta e, segundo teste­
a possibilidade de que se pegasse em armas para munhos, tira o chapéu e proclama “Viva o Impe­
conquistar a República. rador!”. Depois apeia, atravessa novamente a
Outros republicanos de destaque são Aristides praça e volta para casa. A quartelada prossegue
Lobo, Saldanha Marinho, Quintino Bocaiúva. O com um desfile de tropas pela Rua Direita (atual
movimento pró-República no Brasil tomava pro­ Io de Março) até o Paço Imperial.
porções irreversíveis, mas para que a alteração na No Paço, o presidente do gabinete (primeiro-
forma de govemo se desse de forma democrática, ministro), Visconde de Ouro Preto, pede ao co­
seria necessária uma Assembleia Geral majoritari- mandante do destacamento local, General Floria-
amente republicana, o que parecia distante de no Peixoto, que prenda os amotinados. Floriano se
ocorrer, pois a população não se mostrava simpá­ recusa e dá voz de prisão ao chefe-de-govemo.
tica à derrocada da monarquia.
O Imperador, que estava em Petrópolis, é in­
formado e decide descer para a Corte. Ao saber do
golpe, reconhece a queda do govemo e procura
As reformas do Gabinete Ouro Preto
anunciar um novo nome para substituir Ouro
Preto. No entanto, como nada fora dito sobre
O govemo imperial, através do Gabinete do república até então, os republicanos mais exalta­
dos, Benjamin Constant à frente, espalham o boa­
Visconde de Ouro Preto, percebendo a difícil
to de que o Imperador escolherá Gaspar Silveira
situação política em que se encontrava, apresen­
Martins, inimigo político de Deodoro desde os
tou, numa ultima tentativa de salvar o Império à
tempos do Rio Grande do Sul, para ser novo chefe
Câmara dos Deputados um programa de reformas
de govemo. Com este engodo, Deodoro é conven­
políticas, do qual constavam:
cido a aderir à causa republicana. O Imperador é
■ A autonomia para as províncias; informado disso e, desiludido, decide não oferecer
resistência.
s A liberdade de voto;
A noite, na Câmara Municipal do Município
REPÚBLICA

■ O mandato temporário para os Sena­


Neutro, José do Patrocínio redige a proclamação
dores;
oficial da República dos Estados Unidos do Bra­
■ A liberdade de ensino e seu aperfei­ sil, aprovada sem votação. O texto vai para as
çoamento; gráficas de jornais que apoiavam a causa e só no
dia seguinte (16 de novembro) anunciasse ao povo
■ A liberdade religiosa.
BR AS IL

a mudança de regime. O Imperador e a Família


Imperial recebem ordem de banimento e são em­
barcados a força do Paço para o exílio.
Proclamação da República
08

Vale ressaltar que a Proclamação da República


Brasileira, foi essencialmente um movimento de
HIS

O Govemo Imperial, percebendo, embora tar­ elite, sem nenhuma participação popular, sendo
diamente, a difícil situação em que se encontrava estes considerados “bestializados” do fato que o
Capítulo:

com o isolamento da Monarquia, apresentou à país enfrentava, nas palavras de Aristides Lobo
Câmara dos Deputados um programa de reformas em artigo de primeira página publicado no Diário
políticas, do qual constavam: liberdade de fé reli­ Popular de São Paulo no dia 17 de novembro de
giosa; liberdade de ensino e seu aperfeiçoamento; 1889.

w w w , u n i p r e . c o m .b r
84 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
maioria da população brasileira da participação
política.
A REPUBLICA VELHA

GOVERNO PROVISORIO DO MARECHAL


Com a proclamação da República, o Brasil não
muda socialmente. A base econômica do país DEODORO DA FONSECA (1889/1891)
ainda era a agricultura e o principal produto das
exportações era o café.
É a primeira fase da
A estrutura de produção ainda era o latifúndio República da Espada,
de grande produção voltado a atender os mercados compreendendo os
internacionais. Como país produtor de matéria- anos de governo sem
prima, o Brasil estava sempre dependente das Constituição. Come­
flutuações do mercado internacional. O inundo çou no dia 15 de No­
dividia-se entre os que produziam matéria-prima e vembro de 1889 e o
os industrializados. poder estava nas mãos
O café era nosso principal produto econômico, de Deodoro, militar
representava mais de 50% das nossas exportações que havia sido convo­
e da produção mundial. Sofria constante alta e cado para liderar a
baixa de preços, pois estava diretamente relacio­ proclamação da República, logo coube a ele a
nado à produção industrial. Como o café era a chefia do govemo provisório e que, imediatamen­
base da economia, o Govemo Federal intervinha, te, compôs o seguinte ministério: RUI BARBOSA
buscando sempre a valorização do café. (Pasta da Fazenda) e BENJAMIM CONSTANT
(Ministério da Guerra e Instrução).
Outros produtos também faziam parte da nossa
carteira de importação, como a borracha, a erva O novo govemo tomou uma série de medidas
mate, para reorganizar o Estado, de acordo com o novo
regime, até que fosse elaborada uma nova Consti­
o açúcar, o cacau e o tabaco. Durante a I Guer­ tuição. Entre elas destacamos:
ra Mundial aumentou em muito a exportação de
gêneros agrícolas para as nações envolvidas no ■ decretou o regime republicano fede­
conflito. Durante a Primeira República, a indústria ral ista para o Brasil;
brasileira teve um crescimento graças à substitui­ b transformou as antigas Províncias em
ção de importações. estados membros da federação;
■ decretou a Grande Naturalização, ofe­
recendo cidadania a todos os estran­
Panorama Político da Republica Velha
geiros residentes no país;
1889-1930
■ pôs fim ao padroado, separando a
Igreja do Estado;
Existência de Paitidos Republicanos Regio­ s instituiu o casamento, o registro civil
nais; e a secularização dos cemitérios;
- Os Coronéis utilizavam o VOTO DE CA­ ■ extinguiu as instituições imperiais
BRESTO para preservar o poder das oligarquias; <
como a Constituição de 1824, o Con­ u
M
- Havia a POLÍTICA DOS GOVERNADORES - selho de Estado e dissolveu o Senado,
os grupos dominantes dos Estados levavam o a Câmara dos Deputados, as Assem- 'D
a.
apoio ao Govemo Federal, recebendo em troca o bleias Provinciais e Câmaras Munici­ w
pais, nomeando governadores para os cr:
controle da política Estadual; ij
Estados e intendentes para òs municí­ H
- Política do CAFÉ-COM-LEITE - consistia na pios; tn
constante troca, por mineiros e paulistas, no poder 1
presidencial, pois esses Estados, sendo mais popu­ ■ criou a bandeira republicana, com o
OD
losos, tinham maior representatividade, podendo lema Ordem e Progresso, influência O
assim, eleger seus candidatos; do movimento positivista; CO
t—
í
■ convocação de um Congresso para a n:
- A Constituição da República previa que o
elaboração de uma nova Constituição.
número de deputados era proporcional ao número
de habitantes dos Estados; 3
4-1

- Direito de voto para homens acima de 21 H


Durante o governo provisório, o ministro Rui CLi

anos alfabetizados. Este sistema de voto excluía a (XJ


Barbosa empreendeu uma política econômico O
financeira reformista, com o objetivo de industria-
w w w .u n i p r e . c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 85
Unipré»
lizar o país e libertá-lo do imperialismo econômi­ Deodoro foi eleito por pequena margem de vo­
co. tos, que aliado ao seu autoritarismo e a crise eco­
nômica motivada pelo enciihamento, ajudou a
Para isso, Rui Barbosa adotou uma política
desgastar sua imagem. Para completar, as eleições
emissionista, em que os bancos oficiais, e mais
naquela época eram descasadas, ou seja, votava-se
tarde alguns particulares, também passaram a
em um presidente e um vice-presidente, o que
emitir moedas. Esta política emissionista necessi­
invariavelmente ocorria de um ser de um segmen­
tava de um lastro (reservas de ouro, guardadas no
to político diferente do outro,
tesouro do govemo) para que as moedas fossem
fabricadas, o que o governo brasileiro não possu­ No caso de Deodoro seu vice foi Floriano Pei­
ía. Os resultados desta política econômica foram: xoto que apesar de ser militar, não pertencia ao
uma desenfreada inflação; uma febre especulativa grupo político de Deodoro.
nas bolsas de valores, em que muitos empresários
A oposição, formada em sua maioria por civis
investiam o dinheiro conseguido nos empréstimos
dos bancos; desvalorização da moeda brasileira; cafeicultores e também por militares, era muito
forte e começou a combatê-lo. O presidente con­
surgimento de empresas fantasmas e queda dos
preços do café. A política emissionista de Rui tava com o apoio de parte dos militares princi­
palmente, do exército. Valendo-se disso, mandou
Barbosa ficou conhecida como ENCILHAMENTO,
cercar e dissolver o Congresso. A oposição levan­
nome dado ao lugar de onde os cavalos eram
tou-se contra esse gesto autoritário de Deodoro e a
encilhados para corridas, numa alusão à corrida
ameaça de uma guerra civil, lançada por setores
nas bolsas de valores.
da marinha, o fez renunciar em favor de Floriano
Em 1891, o Congresso aprovou a nova consti­ Peixoto, seu vice.
tuição da República brasileira, veja abaixo suas
principais características.
GOVERNO DO MARECHAL FLORIANO
PEIXOTO -1891-1894
Constituição de 1891

Essa Constituição, segunda do Brasil e primei­


ra da República, ficou pronta em fevereiro de Ao assumir o govemo, anulou imediatamente
1891. Era inspirada no modelo americano e tinha o decreto que fechou o Congresso Nacional e
as seguintes características básicas: retirou do poder os governantes dos Estados que
haviam apoiado a tentativa de golpe de Deodoro,
■ Criação de uma República Federativa colocando no lugar deles homens da sua confian­
e presidencialista; ça.
n Três Poderes: Executivo, Legislativo Tomou também várias medidas para tentar de­
e Judiciário; belar a crise econômica na qual o país estava
mergulhado, controlando a especulação financeira
■ Legislativo representado pelo Con­
e a especulação sobre os gêneros alimentícios,
gresso Nacional, composto de Câma­
ra dos Deputados e Senado Federal; tabelando seus preços e dos aluguéis.
Seu govemo foi taxado de inconstitucional,
■ Voto universal masculino e aberto,
pois o artigo 42 da Constituição obrigava-o a
somente para alfabetizados;
convocação de novas eleições. Floriano Peixoto
■ Mandato presidencial de quatro anos; não convocou novas eleições e manteve-se firme
REPÚBLICA

no cargo de presidente, alegando que este artigo


■ Número de deputados por Estado
não se aplicava ao seu caso, já que fora eleito por
proporcional à população;
voto indireto, de acordo com as disposições tran­
H Possibilidade de decretar Estado de sitórias da Constituição, o que suscitou mais pro­
Sítio. testos contra seu govemo.
B RAS I L

■ Garantias individuais a todos os cida­ No início de 1892, militares da Fortaleza de


dãos; Santa Cruz se revoltaram contra o govemo de
Floriano e pela legalidade. Pouco tempo depois,
08

em abril de 1892, aconteceu o chamado Manifes­


GOVERNO CONSTITUCIONAL DE to dos Treze Generais, exigindo a imediata reali­
HIS

DEODORO - 1891 zação de eleições presidenciais, de acordo com a


Constituição. Os militares revoltosos foram suma­
Capítulo:

riamente reformados e retirados da ativa.


Após a aprovação da Constituição de 1891, Deo­ Em fevereiro de 1893, ocorreu no Rio Grande
doro foi eleito de maneira indireta, o que provo­ do Sul a Revolução Federalista, uma verdadeira
cou os civis, que preferiam um candidato civil. guerra civil envolvendo o Partido Republicano
w w w .u n i p r e ,c o m . b r
86 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Unlpré
Gaúcho (os Pica-Paus) e o Partido Federalista (os mica e a adversidade da natureza, bem como da
Maragatos). violência empreendida pelos coronéis latifundiá­
rios de todo o Nordeste do Brasil. Estas condições
Na mesma época, a 6 de setembro de 1893,
somadas ainda a intensa religiosidade do povo
explodia no Rio de Janeiro a Segunda Revolta da nordestino, propagada por homens que se intitula­
Armada, que, sob a liderança do almirante Custó­ vam beatos e que espalhavam o MESSIANISMO na
dio José de Meio, buscou unir suas forças a dos região, geraram a base para a ocorrência do fenô­
revoltosos ledcralistas do Rio Grande do Sul. A meno de canudos.
revolta avançou até o Paraná, através de Santa
Catarina, colocando em perigo o próprio regime A religiosidade popular dominava uma popu­
republicano. lação de caboclos, sertanejos, na sua maioria ín­
dios mestiçados com brancos ou negros, mamelu-
Floriano reagiu energicamente. Com o apoio cos e cafúzos, e que vivia a margem das terras dos
do exército e de cafeicultores que queriam evitar o grandes proprietários, niuitos trabalhavam como
retomo da monarquia, combateu as revoltas arma­ jagunços, capangas dos senhores de terra, os co­
das no Rio de Janeiro, obrigando Custódio de ronéis, assim denominados porque recebiam do
Melo a buscar união com os revoltosos gaúchos. govemo imperial a patente da Guarda Nacional.
No entanto seu plano terminou na Ilha do Dester­ Nestas condições de atraso social e político, a
ro em Santa Catarina; os governistas atacaram e massa de pobres e miseráveis encontrava esperan­
venceram os revoltosos. Para marcar o fato, a Ilha ça na religião.
do Desterro passou a chamar-se Florianópolis em
homenagem a Floriano Peixoto.
Por suas vitórias sobre as revoltas e por afastar Antônio Conselheiro
de vez o perigo de retomo da monarquia, Floriano
é considerado o Consolidador da República, ga­
nhando o apelido de Marechal de Ferro. Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio
Conselheiro, já era uma figura bastante conhecida
Floriano governou até o final do mandato nos sertões nordestinos desde a década de 1870.
quando se realizaram novas eleições. Desta vez, o Era comerciante e devido ao fato de ter sido aban­
vencedor foi um civil, oriundo da classe dos ca­ donado pela mulher, abraçou a vida de beato.
feicultores. Terminava a República da Espada e Cruzando o sertão deixou, em quase todos os
começava a hegemonia dos cafeicultores no po­ lugares, traços de sua passagem, como a recons­
der. trução dos muros de cemitérios em ruínas ou a
reforma de igrejas e capelas.
Sua popularidade aumentava graças a estas ati­
GOVERNO DE PRUDENTE DE MORAIS -
tudes. A fama das suas pregações começou a se
1894-1898 espalhar e gente miserável e pequenos sitiantes,
prejudicados pela política do coronelismo e pelas
secas que assolavam a região, passaram a seguir
Chega ao poder o PRP (Partido Republicano Conselheiro. Sua aparência assemelhava-se aos
Paulista). Prudente de Morais ficou conhecido profetas bíblicos e a abolição da escravatura, em
como o "Pacificador da República". Iniciando o 1888, concorreu para aumentar-lhe os seus segui­
período da República de Oligarquias. foi o primei­ dores, com negros libertos, que não conseguiam
ro presidente civil, eleito por voto direto; conse­ se enquadrar em empregos assalariados. <
guiu a paz no Sul do país: sofreu um atentado no o
Hostilizado e perseguido pelos padres e coro­ M
qual morreu o Ministro da Guerra. Mal. Bitten­
néis que tinham medo de seu carisma e da sua CQ
court: resolveu a Questão da Ilha da Trindade e a 'D
popularidade junto aos sertanejos, Antônio Conse­ Pj
Questão do Território das Missões; reatou as rela­ W
ções diplomáticas com Portugal. lheiro resolveu, em 1893, construir o povoado de tá
Canudos, nas margens do rio Vasa-barris, no
Além disso, Prudente enfrentou a primeira sertão baiano, Batizando-o de Monte Santo.
grande rebelião camponesa da república, a Guerra
de Canudos no Sertão da Bahia, entre 1893 e O novo povoado atraiu um número considerá­ CQ
1897. vel de romeiros e seguidores, que abandonavam 00
O
as fazendas para irem morar sobre a benção do
conselheiro. O Conselheiro era contra a república C/3
l—I
por ter separado a Igreja do Estado e ter instituído 33
A questão de Canudos
o casamento civil, portanto em Canudos (Monte
Santo), planejava constituir um outra sociedade, ZJ
onde os princípios dogmáticos da religião católica 4->
A Guerra de Canudos é fruto da tensão social 'H
seriam obedecidos. CL
<TJ
do início da república, somada a condição de
O
miséria do sertão nordestino, estagnação econô­

w w w .u n i p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 87
pré»
As leis em Canudos eram rígidas, estavam desafiar o poder da recém instalada República
proibidos: bebidas alcoólicas e prostituição; a brasileira, porém jamais pretendeu chefiar uma
produção de alimentos era solidária e dividida rebelião camponesa para derrubar a república. Seu
entre quem a produzia. No entanto, havia comér­ movimento messiânico foi deturpado do seu pro­
cio em Canudos, por isto não podemos afirmar de pósito e serviu como pretexto para a repressão.
que se tratou de uma revolta socialista. Acusado de monarquista acabou morrendo junto
aos seus seguidores impiedosamente mortos em
Com sua atitude e atraindo cada vez mais se­ combate ou mesmo executados. A república dos
guidores, Antônio Conselheiro acabou se tomado coronéis não queria ver o perigo de gente humilde
muito perigoso para os fazendeiros, para a Igreja e se levantando contra o regime. Daí a destruição.
para o govemo local, pois Antônio Conselheiro
não pagava imposto. A guerra de Canudos se
inicia quando Antônio Conselheiro manda seus
GOVERNO DE CAMPOS SALES - 1898­
jagunços irem pegar em um povoado vizinho uma
encomenda de madeira para a construção da nova 1902
igreja, que ele tinha pagado e não tinha recebido.
Foi a justificativa para o início das hostilidades
contra o povoado. O paulista Manuel Ferreira de Campos Sales
govemou de 15 de novembro de 1898 a 15 de
novembro de 1902. Ele efetivou a hegemonia
As quatro campanhas conua Canudos
cafeeira na política nacional ao articular a Política
Campanhas Fatos dos Governadores, numa relação de barganha
Govetnadoi da Bahia otdena uma política com as oligarquias estaduais, garantindo
expedição em defesa de Juazeiro que assim a eleição de um Legislativo pronto a aten­
1* Campanha: tinha sido ameaçada poi jagunços
4 a 21 de de Antônio Conselhetio Expediçào der os projetos do Executivo. A política dos go­
novembio de com 100 piaças comandada pelo ten. vernadores se tomou a base de sustentabilidade da
1896 Manuel Feneiia Segue até Uauá onde política do café-com-leite, ou seja, da hegemonia
é de?TOtada pelos jagunços no dia 21 de da oligarquia paulista e mineira, que em acordo
outubio.
definiam quem seria o próximo presidente do
Comandada peto Majoi Fiebònio de Brasil.
21 Campanha:
Biito, com 543 piaças e 14 oficiais e 3
25 de outubio
médicos. Tjavessia do Cambaio, piimeno A política dos governadores se somava ao co-
de 1896 a 20
e segundo combate. Mais de 400 ronelismo, ou seja, o domínio político exercido
de janeiio de
jagunços mortos. Retiiada em fiente a
Í897
Canudos.
pelos latifundiários sobre uma população local
através da violência e do assistencialismo (favores
Expedição Moreira César, com 1.300
3* Campanha: prestados a uma população carente de apoio do
homens. Chega a Monte Santo e dali
8 de fevereiro govemo). Os coronéis exerciam influência sobre
paia Canudos, Assalto ao arraial em
a 3 de março
2 de março. Morte de Moreira César. os resultados das eleições já que o voto não era
de 1897
Expedição bate em letnada. secreto, o que facilitava o domínio sobre quem
Expedição comandada pelo Gen. AtI ut votava.
Oscai, dividida em duas colunas, uma
com 1.933 homens e a outra com Desta forma o sistema de controle estabelecido
2.350. Combate de Cocorobó. Duas por Campos Sales passava pelas três esferas de
41Campanha: colunas chegam a Canudos. Assalto ao poder: federal (controle sobre o congresso), esta­
16 de junho a anaia!: 947 baixas. Chegam icforços de
dual (acordo com os governadores) e municipal
5 de outubio 2 brigadas da Bahia. Bombardeio sobre
de 1897 Canudos. Combate de Coxomongo. (apoio ao coronelismo). Ele entendia que a políti­
REPÚBLICA

Mone Antônio Conselheiro no dia ca era um privilégio das elites e, assim, seu go­
22. No dia 24 de setembio Canudos vemo foi uma democracia sem participação do
encontra-se sitiada. Assalto final em 1*
de outubio.
povo.
A política econômica de Campos Sales e de
seu ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho, tam­
BR AS IL

bém caracterizou-se por ser excludente, tomando


O sentido político de Canudos mais difícil a vida das camadas populares.
Em 1898, após ter vencido as eleições, antes
08

de assumir o govemo, Campos Sales foi à Europa,


A pregação de Antônio Conselheiro, cujo iní­ a fim de conversar com os bancos credores e ten­
HIS

cio datava dos anos 70, não visava a impor uma tar negociar uma saída para a questão da dívida
reforma agrária nem encapava intuito político. extema.
Capitulo:

Seu pensamento, bastante simplório, era coerente


com a religiosidade do movimento por ele lidera­ Essa negociação, denominada Funding Loan,
do. De qualquer forma, pregando contra a repúbli­ era um acordo financeiro pelo qual credores do
ca, na qual não reconhecia legitimidade, e assu­ Brasil suspendiam temporariamente a cobrança da
mindo, desde 1893, uma feição combatente, ousou dívida extema do país e ainda faziam novos em-
w w w ,u n i p r e 3m.br
88 Curso de Habiiitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
pre
préstimos, para que o devedor pudesse equilibrar Revolta da Vacina
suas finanças e criar as condições necessárias para
saidar futuramente sua divida. É claro que o acor­
do foi assinado as custas de pesadas exigências, às O grande projeto de govemo de Rodrigues Al­
quais o Brasil teve que submeter-se. ves era o remodelamento da capital do Brasil, a
cidade do Rio de Janeiro vista como atrasada,
Campos Sales e Murtinho acreditavam que a
Realmente a cidade ainda guardava no início do
origem dos problemas econômicos do Brasil esta­
século XX um aspecto de cidade colonial. O cen­
va na moeda desvalorizada. Por isso, desenvolve­
tro da cidade era repleto de grandes casarões de
ram uma política econômica voltada para o sane­
famílias abastadas que foram transformados em
amento das finanças e a estabilização do câmbio,
casas de cômodo que abrigavam inúmeras famí­
com base em alguns princípios:
lias que usufruíam dos mesmos espaços para la­
■ Diminuição da emissão; vagem de roupas e banheiros. Outra característica
das moradias do Centro eram os cortiços, locais
■ Redução dos gastos públicos;
que chegavam a abrigar 30 famílias e que as con­
■ Aumento dos impostos; dições de higiene não eram melhores que as casas
de cômodo. Tudo isto era visto pelo govemo co­
■ Controle dos aumentos salariais;
mo sintonia de atraso que deveria ser varrido para
N Abandono das obras públicas e das dar lugar a um centro financeiro novo, com o ar
atividades republicano.
es industriais; Para a tarefa, Rodrigues Alves nomeou como
prefeito o engenheiro Pereira Passos que deveria
■ Incentivo à agricultura. conduzir as obras. O projeto baseava-se na cidade
símbolo do progresso, Paris, e entre os planos
estavam: destruição do antigo casario e cortiços;
Veja que por ser um representante das elites abertura de novas avenidas; construção de parques
agrárias do país, a política econômica de Campos e jardins; canalização do mangue; ampliação do
Sales não privilegia a industrialização. porto do Rio de Janeiro; construção de edifícios
modernos.

GOVERNO DE RODRIGUES ALVES Junto com a construção da nova cidade, veio


uma campanha sanitária que pretendia combater
1902-1906 as doenças que assolavam os moradores da cida­
de, principalmente a varíola, a febre amarela e a
peste bubônica. Para conduzir a tarefa foi chama­
Rodrigues Alves aproveitou o empréstimo do
do o médico Oswaldo Cruz.
funding loan e realizou algumas atitudes no go­
verno. entre elas: resolução da Questão de limites
do Acre; Reforma e Saneamento da cidade do Rio
de Janeiro, a cargo do prefeito Pereira Passos e do Oswaldo Cruz (1872-1917)
médico Osvaldo Cruz: Realização do CONVÊNIO
DE TAUBATÉ, em 1906 pelos cafeicultores, cujas
Cientista, médico e sanitarista, o pioneiro da
decisões foram recusadas pelo Presidente. Seu
medicina experimental no Brasil. Em 1896 faz
govemo ficou marcado pelas obras de moderniza­
estágio no Instituto Pasteur, em Paris. Volta ao
ção da capital do Brasil, cidade do Rio de Janeiro o
Brasil três anos depois e organiza o combate ao H
e pelas suas conseqüências, como a Revolta da
surto de peste bubônica registrado em Santos, São
Vacina ocorrida na cidade em 1904. O
CQ
Paulo, e em outras cidades portuárias. Participa da a*
fundação do Instituto Soroterápico, no bairro de w
Manguinhos, no Rio de Janeiro, mais tarde Insti­
Convênio de Taubaté tuto Osvaldo Cruz e, atualmente, um órgão da
Fundação Osvaldo Cruz. Escolhido pelo govemo
para o cargo de diretor-geral da Saúde Pública, em CQ
Foi a Política de Valorização do Café, onde os 26 de março de 1903, planeja e coordena a cam­ co
Estados de Minas, Rio e São Paulo comprariam a panha pela erradicação da febre amarela e da O
produção excedente de café evitando o prejuízo varíola do Rio de Janeiro. Organiza as brigadas CO
M
dos cafeicultores. Tal Convênio se insere em uma “mata-mosquitos” e é o principal pivô da chama­
política de valorização artificial do café. da Revolta da Vacina e da rebelião da Escola O
Militar contra a lei da vacinação obrigatória. Os­ ■
—I
D
waldo Cruz reforma o código sanitário do país e
remodela os órgãos de saúde. a
íTJ
u

w w w . u n i p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 89
Unlpré
O problema é que a reforma sanitária previa, GOVERNO DE HERMES DA FONSECA
como você acabou de ler, o combate aos vetores 1910-1914
das doenças {mosquitos e ratos) e a vacinação
obrigatória sem uma devida campanha de escla­
recimento público, pelo contrário, com todo Influenciado por Pinheiro Machado, senador
autoritarismo do governo. A reforma Pereira gaúcho, seu govemo foi marcado pela “ POLÍTICA
Passos pôs abaixo cerca de 600 prédios do Centro DAS SALVAÇÕES", iniciada por militares que
para a abertura da Avenida Central (atual Rio tinham o interesse de “salvar" a política brasileira
Branco). O "bota abaixo” como ficou conhecido, da corrupção, quando os grupos de oposição nos
juntamente com a campanha de vacinação obriga­ Estados e os militares “hermistas" buscaram as­
tória levou a população a se revoltar contra o sumir o poder, derrubando as oligarquias tradicio­
govemo. nalmente dominantes. No Ceará, por exemplo, os
Entre 10 e 16 de novembro de 1904, o Centro tradicionais Aciolis perderam o poder, moralizan­
foi palco de enfrentamentos entre a população que do-a.
sofria os efeitos das reformas e o govemo. Setores Sob seu govemo eclodiu no Rio de Janeiro a
da classe média, que também se colocaram contra “Revolta da Chibata" - em 1910, liderada pelo
a vacinação com um discurso moralista (se dizia marinheiro João Cândido, que dominou vários
que a vacina seria aplica nas partes íntimas) e navios da Marinha Brasileira, inclusive o São
militar, aproveitaram para tentar derrubar o go­ Paulo e o Minas Gerais para exigir: o fim dos
vemo que reprimiu as revoltas com energia. castigos corporais que ainda existiam na marinha,
a melhoria das condições dos marinheiros e au­
mento dos soidos.
GOVERNO DE AFONSO PENA 1906-1909
A revolta se desenvolveu com os marinheiros
E tomando navios e assassinando oficiais que não
GOVERNO DE NILO PEÇANHA 1909-1910 aceitavam a revolta. Em seguida os marinheiros
ameaçaram bombardear a cidade, caso o govemo
não cumprisse suas exigências. Hermes da Fonse­
Afonso Pena fez um bom govemo, falecendo ca negociou com os revoltosos, e mediante o
antes de terminar o mandato. No seu govemo comprometimento do govemo os revoltosos en­
houve a abertura de estradas de ferro; deu prosse­ tregaram os navios sendo posteriormente presos e
guimento ao aperfeiçoamento do porto do Rio alguns sumariamente executados.
visando um escoamento mais rápido da produção;
promoveu reequipamento da Marinha, com a Seu líder, João Cândido, ficou preso durante
comprados Couraçados Minas Gerais e São Paulo; anos. Outros marinheiros foram enviados para o
houve a participação de Rui Barbosa na II Confe­ Norte do Brasil. Apesar da repressão, os castigos
rência da Paz, em Haia em 1907. corporais foram banidos do código disciplinar da
marinha.
Devido ao falecimento de Afonso Pena, assu­
miu o poder o vice-presidente, Nilo Peçanha, Ainda durante seu gover­
govemo no qual se criou o Ministério da Agricul­ no ocorreu a Revolta de Jua­
tura; fundou-se o SPI (Serviço de Proteção ao zeiro (1914), liderada pelo
índio); realizaram-se eleições apresentando dois padre Cícero Romão Batista,
candidatos: Rui Barbosa e o Marechal Hermes da ídolo da religiosidade nordes­
REPÚBLICA

Fonseca. tina, tido como o padre prote­


tor dos povos do sertão. Tal
Rui Barbosa iniciou uma campanha conhecida revolta culminou com a vitó­
como "CIVIUSTA", pois queria que ele, um civil, ria de padre Cícero sobre
assumisse o poder. Nas eleições Hermes da Fon­ Franco Rabelo, seu desafeto
seca venceu, sendo esta a primeira eleição real­ político e com o retomo do padre ao poder no
BRASIL

mente competitiva da História da República. estado do Ceará. Tal situação elevou ainda mais o
A campanha civilista de Rui Barbosa, contrá­ carisma de padre Cícero que hoje é venerado
ria à ascensão de um novo militar ao poder, foi como santo e herói no sertão.
08

apoiada pelos setores urbanos da classe média e


do meio estudantil, ansiosos por reformas econô­
C a p i t u l o : HIS

micas e políticas. Mas Hermes da Fonseca saiu GOVERNO DE WENCESLAU BRÁS


vencedor, com o apoio maior das oligarquias 1914-1918
cafeeiras.

Seu período foi caracterizado pela Primeira


guerra mundial. O Brasil entrou em guerra contra

w w w .u n i p r e .c o m . b r
90 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
a Alemanha e enviou uma missão médica para a termo, mas um reino encantado pleno de paz,
Europa. justiça e prosperidade.
Durante seu govemo o Brasil ingressa no pro­ As condições sociais da região eram tensas e
cesso de substituição de importações. Devido à difíceis, não só devido à rivalidade entre as fac­
guerra na Europa o Brasil foi impedido de conti­ ções políticas comandadas pelos “coronéis” lo­
nuar importando produtos europeus, já que as cais, como também às atividades de duas compa­
indústrias de lá estavam em esforço de guerra. nhias inglesas: a Brazil Railway e a Southern
Diante desta situação, o Brasil passa a produzir Brasil Lumhers Colonisation que, tendo obtido
internamente o que antes importava (substituir amplas concessões territoriais em Santa Catarina,
importações). passaram a expulsar moradores e posseiros das
terras arrendadas.
Internamente seu govemo enfrentou a Guerra
do Contestado, liderada pelo líder religioso José Orientados pela palavra de um desses "mon­
Maria e posteriormente pelo seu sucessor João ges”, José Maria, os sertanejos começaram a
Maria na fronteira do Paraná com Santa Catarina, pegar em armas. Reunidos em Taquaruçu, sob o
região contestada entre os dois estados, daí o clima dos festejos em homenagem ao Bom Jesus e
nome da revolta. sensíveis às leituras do “monge” de trechos do
Ao final do seu govemo, realizaram-se novas livro História do Imperador Carlos Magno e os
eleições e venceu novamente Rodrigues Alves, doze pares de França, os revoltosos resistiram as
que veio a falecer. O vice-presidente, Delfim investidas do exército que tentou desde o início
Moreira, convocou novas eleições que foram abafar a revolta. Ao final, os monges foram mor­
disputadas por Rui Barbosa e Epitácío Pessoa. tos e os sertanejos massacrados pela força da
Venceu Epitácio. Ainda em seu govemo ocorreu a república que contou ainda com apoio de aviões
promulgação do Código Civil em 1917. no combate à revolta.

Guerra do Contestado GOVERNO DE EPITÁCIO PESSOA


1919-1922

Nome dado a vasta região brasileira abrangen­


do partes dos Estados do Paraná e de Santa Cata­ Seu governo foi marcado pelo final da I Guer­
rina e assim chamada pela disputa entre esses ra Mundial (1918) e pelas transformações decor­
Estados, cada um contestando a jurisdição do rentes deste fato. No Brasil, estas transformações
outro sobre a área. Por força dessa controvérsia, a foram mais evidentes nos campos econômico-
área transformou-se em palco de conflitos arma­ político e cultural. No primeiro, evidenciava-se o
dos, de maior ou menor intensidade. Nenhum enfraquecimento da política que mantinham os
deles, porém, foi mais extenso e importante do cafeicultores no poder, era o início da crise que
que a chamada guerra do Contestado. levaria ao fim da República Oligárquica.

O movimento do Contestado deve ser inserido Esta crise está diretamente relacionada com as
no quadro das transformações sociais e econômi­ transformações já citadas que podemos enumerar:
cas ocorridas antes da República. Nas raízes do ■ Processo de industrialização e as manifesta­
conflito são detectadas motivos de ordem material ções operárias que exigiam leis de amparo ao
e espiritual, já que nesta revolta encontramos o trabalhador e aumento de salários, que resul­
Messianismo, exercido por pessoas que se intitu­ taram em grandes manifestações e greves,
lavam monges e pregavam para uma população principalmente nas grandes cidades.
sem apoio do Estado.
■ Crescimento de uma classe média nas gran­
Portanto, os motivos da revolta são: a violên­ des cidades que se transformou na principal
cia dos coronéis da região sobre a população mais fonte de criticas aos procedimentos oligárqui-
humilde; a exploração da mão-de-obra camponesa cos.
por empresas estrangeiras (Brazil Railway e a
Southern Brasil Lumhers Colonisation), desapro­ n Movimento tenentista no Exército que reuniu
priação de terras dos camponeses para abertura de setores militares descontentes com a corrup­
estradas e linhas férreas e ainda a pregação religi­ ção na república oligárquica.
osa dos monges messiânicos que unia os revolto­ ■ Surgimento do movimento modernista em
sos. São Paulo que propunha uma nova visão de
Particularmente, aqueles que apregoavam ser cultura e interpretação do Brasil.
portadores de dotes incomuns, intitulando-se No Govemo de Epitácio Pessoa, realizou-se
“monges”, surgiam pregando a redenção, atacan­ no Rio de Janeiro a Exposição Internacional co-
do a República e anunciando a chegada da mo­
narquia, não uma monarquia no sentido usual do
w w w . u n i p r e .com.br
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar cie Oficiais
Unlpré
tnemoratíva do Centenário da Independência tava movimentos no Amazonas, Pará e Rio Gran­
(1922). de do Sul. Neste último estado, as tropas sob o
comando do capitão Luís Carlos Prestes seguiram
ao encontro da tropa paulista, reunindo-se em Foz
GOVERNO DE ARTUR BERNARDES do Iguaçu em 1925.
1922-1926 Da união da coluna paulista com a coluna gaú­
cha formou-se a Coluna Miguel Costa-Prestes,
movimento militar que percorreu mais de 25 mil
Na sucessão presidencial de Epitácio Pessoa km (entre 1925 e 1927) pelo território brasileiro
começavam a se manifestar os primeiros sintomas em busca de apoio para derrubar o presidente
da luta pelo poder. As oligarquias dominantes Artur Bemardes.
lançaram o nome do político mineiro, Artur Ber-
nardes, que, obviamente, estava antecipadamente Este movimento foi duramente combatido e
eleito. A oposição juntou os estados “médios” e perseguido pelas forças de govemo, polícias esta­
lançou a candidatura de Nilo Peçanha. Esse mo­ duais e jagunços de coronéis. Até Lampião o “rei
vimento ficou conhecido como “ Reação Republi­ do cangaço”, chegou a perseguir a coluna, que
cana”,
após dois anos se retirou para a Bolívia. Por este
movimento, Luís Carlos Prestes ficou conhecido
Durante a campanha eleitoral, ocorreu o publi­ como “cavaleiro da esperança" e obteve prestígio
cação pela imprensa oposicionista de algumas político.
cartas, cuja autoria era atribuída a Bemardes. Nas
cartas, o candidato situacionista atacava o mare­ Após se exilar na Bolívia, Prestes seguiu para
chal Hermes, então presidente do Clube Militar, e a URSS onde estudou as teorias comunistas, vin­
o exército. do a se tomar líder do movimento comunista no
Brasil na década de 1930.
Mais tarde se apurou que Artur Bemardes ja­
mais escrevera as cartas. Os oposicionistas pre­
tendiam incompatibilizá-lo com as Forças Arma­ Movimento Modernista
das, única forma de impedir que fosse vencedor
ou tomasse posse.
Hermes da Fonseca fez um pronunciamento Movimento de caráter amplo que abrange to­
atacando o governo. Foi punido, e o Clube Militar das as manifestações da cultura e da produção
fechado. Era a volta da Questão Militar. Para intelectual brasileira. Evidencia-se no Brasil, após
impedir a posse de Bemardes, várias unidades do a I Guerra Mundial tendo como marco a Semana
Exército se revoltaram, mas foram dominadas. A de Arte Moderna de São Paulo, realizada no
exceção foi o Forte de Copacabana. Isolados e teatro municipal paulista em fevereiro de 1922.
em desespero, os oficiais rebeldes se agruparam e O movimento pretendia romper com a produ­
17 deles saíram as ruas para enfrentar os soldados
ção cultural brasileira que se acreditava copiar de
legalistas. A adesão de um civil os transformou
culturas importadas. Para os “modernos”, era
nos 18 do Forte. Dezesseis foram mortos a bala. preciso achar a verdadeira cultura brasileira em
Só escaparam dois feridos, Eduardo Gomes e suas raízes populares. As principais características
Siqueira Campos. Tomaram-se os heróis do te- deste movimento são:
nentismo.
■ Busca do modemo, original e polêmico;
REPÚBLICA

Artur Bemardes governou no período de 1922


a 1926, praticamente sob ESTADO DE SÍTIO, ■ Nacionalismo em suas múltiplas facetas;
n Volta às origens e valorização do índio ver­
dadeiramente brasileiro;
Outras revoltas tenentistas
h “Língua brasileira” - falada pelo povo nas
BRA S IL

ruas;
Dois anos após o levante do Forte de Copaca­ m Paródias - tentativa de repensar a história e a
bana, ocorreram novos conflitos tenentistas que literatura brasileiras.
08

pretendiam derrubar Artur Bemardes.


A postura nacionalista apresenta-se em duas ver­
HIS

Em São Paulo, tropas lideradas pelo General tentes:


Isidoro Dias Lopes e pelo Major Miguel Costa
Capitulo:

chegaram a tomar o govemo da capital paulista, ■ Nacionalismo critico, consciente, de denúncia


mas foram combatidos pelo govemo, sendo obri­ da realidade, identificado politicamente com
gados a retirar-se da capital e buscar refúgio no as esquerdas.
interior do estado. A revolta em São Paulo teve
repercussão pelo território brasileiro onde se con­

w w w . u n i p r e .c o m . b r
92 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
B Nacionalismo ufanista, utópico, exagerado, descontentes com a desmoralização do país) fa­
identificado com as correntes de extrema di­ zem parte.
reita.
Nas eleições para a sucessão do Presidente
Os principais nomes do modernismo em sua Washington Luís, em 1929, a economia cafeeira
primeira etapa são: Mário de Andrade, Oswald de passava por uma grave crise, pois o preço do café
Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara estava muito baixo, graças à quebra da bolsa de
Machado, Menotti dei Picchia, Cassiano Ricardo, Nova York. Ocorre que os EUA eram responsá­
Guilherme de Almeida, Plínio Salgado, Tarsilla veis pela compra de mais de 60% da produção de
do Amaral, Villa-Lobos, Di Cavalcanti. café brasileiro. Com as dificuldades econômicas
os EUA diminuíram drasticamente suas importa­
ções, fazendo encalhar o café no Brasil e baixar o
GOVERNO DE WASHINGTON LUÍS preço no mercado internacional.
1926-1930 Washington Luís, implementou uma política
de apoio aos cafeicultores de São Paulo que inclu­
ía a indicação de Júlio Prestes à presidência da
Último presidente da República Velha , tinha o República, fato que os mineiros, parceiros na
apelido de Estradeiro. Seu lema político era “go­ política do café-com-leite, não concordaram.
vernar é construir Estradas”. Foi responsável Assim, foi quebrado o acordo entre São Paulo e
pelas rodovias que ligam o Rio de Janeiro a Belo Minas Gerais, que visava o controle da presidên­
Horizonte e o Rio de Janeiro a São Paulo. cia.
Seu Governo enfrentou os efeitos do colapso Minas Gerais aliou-se com o Rio Grande do
financeiro mundial iniciado com a quebra da Bol­ Sul e Paraíba, lançando a candidatura do gaúcho
sa de Nova York (outubro de 1929). Getúlio Vargas tendo o paraibano João Pessoa
como vice. A união dos três Estados chamou-se
Aliança Liberal.
A crise de 1929 A vitória eleitoral foi do candidato de São
Paulo, pois, apesar da perda do poder econômico,
os cafeicultores ainda representavam uma força
O final da Primeira Guerra Mundial marcou o política. Esse fato descontentou os grupos estadu­
declínio da Europa e a ascensão dos Estados Uni» ais inimigos de São Paulo. A ideia da Revolução
dos como a mais importante potência econômica para derrubar os paulistas, surgiu primeiramente
do mundo. A indústria norte-americana era res­ com jovens políticos e tenentes descontentes com
ponsável por volta de 1920, por quase 50% da a supremacia do setor cafeeiro. O estopim foi o
produção mundial, vivendo o país um clima de assassinato de João Pessoa, na Paraíba.
euforia capitalista que ficou conhecido como o
American Way of Life (o estilo de vida america­ Acusando o governo de responsável pela mor­
no), caracterizado por uma ânsia consumista. te de João Pessoa, os revolucionários iniciaram a
marcha em direção ao Rio de Janeiro, para derru­
A Crise de 1929 foi provocada pela super pro­ bar o presidente e impedir a posse de Júlio Pres­
dução de bens industriais e agrícolas naquele país. tes.
A fase de grande euforia e prosperidade econômi­
ca norte-americana, foi substituída por uma terrí­ No dia 24 de outubro de 1930, antes da chega­
vel crise econômica, de repercussão mundial. da dos revoltosos ao Rio, vários oficiais legalistas
REPÚBLICA

Vários foram os fatores que levaram a essa crise, do Exército e Marinha depuseram o presidente,
entre eles a superprodução da economia norte- entregando o governo ao chefe revolucionário:
americana, a recuperação econômica dos países Getúlio Vargas. Assim, encerrou-se a República
europeus, que diminuíram suas importações dos Velha, ou Primeira República.
EUA por volta de 1925, a grande concentração de
riqueza nas mãos dos capitalistas e a especulação
BR AS IL

acionária na Bolsa de Valores de Nova York. Questões de limites na República


08

A Revolução de 1930 QUESTÃO DA ILHA DA TRINDADE


HIS

Os ingleses tinham a necessidade de bases na­


vais em todos os lugares no mundo, pois sua Ma­
A Primeira República começou a se deteriorar
Capítulo:

rinha era a arma que lhe fazia ficar presente em


a partir de 1920. A urbanização crescente do país
toda terra. Assim, resolveram invadir a Ilha da
trouxe elementos novos para a cultura nacional,
Trindade, nas costas do Espírito Santo.
como uma classe média urbana, da qual os tenen­
tes (movimento de oficiais jovens cada vez mais

w w w .u n í p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 93
Unlpré»
O Brasil exigiu a devolução do território e re­ A ERA VARGAS (1930-1945)
cebeu ganho de causa.

Chamamos de Era Vargas o período da histó­


QUESTÃO DE PALMAS ria brasileira governado por Getúiio Domelles
Vargas entre 1930 e 1945. Durante seu período de
A Argentina reivindicava a posse da região de governo, o Brasil passou por transformações im­
Palmas, mas o Brasil não concordava com a pre­ portantes como o fim do predomínio político da
tensão argentina. oligarquia paulista, o desenvolvimento da indus­
Os dois países concordaram em submeter a trialização do Brasil e o implemento de leis traba­
questão ao Presidente Cleveland, dos Estados lhistas. Podemos dividir a era Vargas em três
Unidos, onde o Barão do Rio Branco defendeu os fases:
interesses brasileiros e conseguiu ganhar a causa. is Governo Provisório (30 / 34)
■ Governo Constitucional (34 / 37)
QUESTÃO DO AMAPÁ a Estado Novo (37 / 45)
Tendo o território do Amapá fronteiras com a
Guiana Francesa, a fronteira não estava definiti­
vamente demarcada e ocorreram algumas inva­ O governo PROVISÓRIO (1930-1937)
sões em regiões em que o Brasil julgava ser seu
território.
Como vimos o movimento chamado de Revo­
Os franceses, na realidade, não aceitavam as lução de 30 colocou no poder Getúiio Vargas,
decisões do Tratado de Utrecht, de 1713, que dava político gaúcho e candidato derrotado nas eleições
como limite entre o Amapá e a Guiana Francesa, presidenciais por Júlio Prestes.
o rio Oiapoque.
Vargas assumiu o poder como chefe do gover­
A França escolheu a Suíça para mediar a ques­ no provisório instituído após a derrubada de Wa­
tão e o Brasil concordou. O Barão do Rio Branco shington Luís. Logo de início, Vargas procurou se
foi para a Europa e conseguiu brilhante vitória cercar das forças políticas reunidas na Aliança
diplomática ao reincorporar quase trezentos mil Liberal que incluíam os militares, políticos gaú­
quilômetros ao Brasil. chos, mineiros e nordestinos. Seu principal objeti­
vo no govemo provisório era desmontar a política
do café-com-leite, que possibilitou o predomínio
QUESTÃO DO ACRE de São Paulo ao longo da República Velha. Para
O surto da borracha levou milhares de nordes­ isso Vargas tomou as seguintes medidas:
tinos da região Amazônica a invadirem um país ■ O Congresso Nacional e Câmaras es­
vizinho, a Bolívia. Muito naturalmente, a Bolívia taduais e municipais foram fechados;
reclamou a posse do território, mas os brasileiros
revoltaram-se sob o comando do espanhol Plácido ■ Para os Estados, foram enviados os
de Castro e declaram a independência do Acre. interventores, que na maioria eram
tenentes.
Em 1903, o Barão do Rio Branco foi confe­
renciar com os dirigentes da Bolívia, assinando o K O principal interventor foi Juarez Tá-
vora, chamado de o vice-rei do Norte,
REPÚBLICA

Tratado de Petrópolis, onde o Brasil pagaria uma


indenização pelo território e construiria a estrada devido ao fato de ele ter sob controle
de ferro Madeira-Mamoré, garantindo a ligação da quase todo o Norte e Nordeste;
Bolívia ao rio Amazonas e daí ao oceano. ■ Suspensão da Constituição de 1891;
h Criação dos Ministérios da Educação
B RA SI L

QUESTÃO DA GUIANA INGLESA OU PIRARA e Saúde e o da Indústria, Comércio e


Trabalho;
Em 1904, o Brasil e a Inglaterra contestaram a
posse da região fronteiriça com a Guiana Inglesa, ■ Estabelecimento dos princípios da le­
08

na região do Pirara. gislação trabalhista;


HIS

O Rei da Itália, Victor Emanuel, que era o e Solução do problema de superprodu­


mediador resolveu dividir a região em partes ção do café, mediante a compra e a
Capítulo:

iguais, o que foi aceito por ambos os países. queima;


b Estímulo às atividades industriais e à
policultura (açúcar, algodão, cacau,
etc.)

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94 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Unlpré
Govemo Constitucional (1934-1937)
Todas estas medidas tinham como alvo acabar
com a estrutura política dos governadores e do
A Nova Constituição Brasileira ficou pronta
coronelismo que, como já adiantamos, eram os
em 1934 e tinha um caráter liberal. Seus princi­
pilares de sustentação da política do café-com-
pais pontos eram:
leite.
H Regime presidencialista com mandato de 4
Contudo, note que Minas Gerais que fazia par­
anos;
te desta política, se mantém com representantes
no govemo provisório, o que atesta a permanência a Leis Trabalhistas (salário mínimo, oito horas
de algumas práticas políticas antigas, principal­ de trabalho por dia, repouso semanal remune­
mente no que se refere a manutenção das relações rado, férias anuais);
no campo.
■ Voto secreto, introdução do voto feminino;
O problema é que os paulistas retirados do po­
m Estado de sítio concedido pelo Congresso;
der, não aceitariam a perda do controle tão facil­
mente. o que ficou comprovado no movimento de ■ Nacionalismo econômico (defesa das rique­
1932. zas e potencialidades nacionais).
Com a nova Constituirão promulgada, Vargas
foi eleito por voto indireto, para um mandato de 4
A Revolução constitucionatista - 1932 anos, ou seja até 1938. No entanto acabou gover­
nando o país até 1945.
Em 1932, eclodiu em São Paulo um movimen­
to contra o govemo de Vargas. São Paulo havia
As transformações ideológicas
perdido sua autonomia, pois Vargas nomeou um
interventor militar de outro Estado, o Tenente O contexto mundial na década de 1930 foi
pernambucano João Alberto, que representava a
marcado pela grande depressão. Conseqüência
política centralizadora do govemo. Além disso, o
imediata da Crise de 1929 iniciada nos Estado
setor cafeeiro havia perdido sua hegemonia políti­
Unidos, a grande depressão conciliava altos índi­
ca, com o fim da República Velha.
ces de desemprego com baixa produtividade in­
Os paulistas iniciam uma campanha exigindo dustrial. A miséria e a fome eram comuns entre a
um interventor “civil e paulista” e a volta à “cons- população europeia.
titucionalidade”, ou seja, a realização de eleições
para a formação de uma Assembleia constituinte. Neste contexto, se desenvolviam novas saídas
para a crise. A ideologia comunista teve grande
Na verdade, o que os paulistas pretendiam era a
influência sobre os trabalhadores, pois a URSS,
reabertura do Congresso, para desta forma, conse­
exatamente por não seguir o capitalismo e não
guir retomar ao poder. Por trás do movimento,
depender dos EUA foi a única na Europa há não
estavam a velha oligarquia paulistana e setores da
sentir os efeitos da crise. Logo seu regime se
burguesia paulista, reunidos no Partido Democrá­
apresentava, principalmente para a classe traba­
tico, formado em 1926.
lhadora, como uma alternativa a ser seguida.
Para conseguir seus objetivos, esta elite paulis­
No entanto, um outro caminho se apresentava.
tana conclama a população de São Paulo a se unir
O Fascismo surgido na Itália com Benito Musso-
REPÚBLICA

contra o govemo Provisório, considerado uma


lini em 1922, em meio à crise político-econômica
ditadura. Houve grande adesão da classe média
do pós-guerra era completamente contrário ao
paulista e após vários choques com as forças da
comunismo. Por esta razão, setores sociais como a
legalidade, os paulistas rompem com Vargas: é a
burguesia e a igreja, apoiavam a ascensão destes
revolução constitucionalista de 1932 eclodida
regimes autoritários, como forma de impedir o
em 9 de julho.
B RASIL

crescimento do comunismo.
O Comando militar da Revolução estava a
Neste sentido, a teoria fascista fez surgir novos
cargo de dois generais: Isidoro Dias Lopes e Ber­
grupos pela Europa, principalmente nos países
toldo Klinger. Apesar dos amplos recursos
08

mais afetados pela grande depressão, como foi o


econômicos, São Paulo foi derrotado pelas tropas caso alemão. Lá Adolf Hitler fundou o partido
HIS

legalistas comandadas por Góes Monteiro. Mas Nazista e conseguiu chegar ao poder em 1933.
em 1934, o Brasil ganhava uma nova Constituição
Com medidas autoritárias, ideias racistas, cas­
apítulo:

e os paulistas, apesar de derrotados se sentiam


vitoriosos, por ter forçado Vargas a realizar elei­ sando inimigos políticos e ao mesmo tempo inves­
ções. tindo em indústria bélica, militarismo e expansio-
nismo, os fascistas conseguiram recuperar as

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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 95
Unipré»
economias de seus países atraindo simpatizantes ilegalidade, o PCB (Partido Comunista Brasileiro)
por todo mundo. tendo Prestes como líder, organiza um movimento
para derrubar o govemo e realizar uma revolução
No Brasil, as influências ideológicas chegaram
comunista no Brasil, chamada de Intentona Co­
com força total, com simpatizantes do fascismo e
munista de 1935.
do comunismo formando partidos e movimentos
que influenciavam a vida nacional. Duas correntes Com conflitos armados no Rio de Janeiro, Na­
políticas formaram-se: tal e Recife, a Intentona fracassou, em parte pela
falta de apoio e pelas ações descoordenadas. Var­
❖ AIB - Ação Integralista Brasileira -
gas imprimiu violento combate e os militantes
Liderada por Plínio Salgado, um dos foram presos, e cassados posteriormente, como foi
representantes da primeira fase do o caso de Prestes e sua companheira Olga Bená-
modernismo era de tendência Fascis­ rio.
ta. Possuía um grande número de
adeptos, principalmente no Sul do Depois da repressão à Intentona Comunista,
Brasil, onde a colonização é de ori­ Vargas solicita Estado de Sítio e é atendido pelo
gem europeia. Os integralistas defen­ congresso. O Govemo tinha prometido eleições
diam: Estado autoritário, o culto a um para a presidência em 1937. Apresentaram-se os
chefe único da nação, combate ao seguintes candidatos: Armando de Salles Oliveira,
comunismo e o moralismo. Adotaram paulista e José Américo de Almeida.
como símbolo a letra grega sigma Entretanto, em 10 de novembro de 1937, Var­
(£). Vestiam uniformes e saudavam- gas dá um auto golpe, fechando o Congresso,
se com a palavra tupi, ANAUÊ! (que suspendendo a Constituição e cancelando as elei­
significa você é meu parente) e ti­ ções. O pretexto para o golpe foi uma suposta
nham como lema Deus, pátria e fa­ carta escrita pelos comunistas onde estavam lista­
mília. dos os planos de uma nova tentativa de revolução.
❖ ANL - Aliança Nacional Libertadora No entanto, a carta e o plano chamado de PLANO
- Representava uma grande frente de COHEN eram falsos. Na verdade haviam sidos
oposição ao integralismo de Plínio criados pelo Capitão Olímpio Mourão, partidário
Salgado. Era presidido por Luís Car­ do integralismo. Mesmo assim, Vargas decretou o
los Prestes, aquele mesmo que junto
fechamento do Congresso apoiado por militares e
setores da burguesia. A descoberta do plano co­
com Miguel Costa, liderou a Coluna
Miguel Costa Prestes contra o gover­ munista, PLANO COHEN, na verdade forjado
pelo govemo foi a desculpa que faltava para im­
no de Artur Bemardes. A ANL, reu­
plementação da ditadura do Estado Novo, que se
nia diversos segmentos sociais. Sin­
estenderia até 1945.
dicalistas, trabalhadores, classe média
urbana, militares e partidários do
PCB. Portanto, tinha uma tendência
ao comunismo. Seus principais pon­ O Estado Novo (1937-1945)
tos eram: suspensão do pagamento da
dívida externa, nacionalização de
empresas estrangeiras, reforma agrá­ O período conhecido como Estado Novo é ca­
ria e combate ao fascismo. Em pouco racterizado por um regime ditatorial implementa­
tempo a ANL reunia um grande nú­ do por Vargas aliado a setores militares e burgue­
sia. O processo de fechamento do regime come­
REPÚBLICA

mero de adeptos, atraindo milhares de


pessoas. Em seus comícios, Prestes çou a ser pensado em 1935 com a Intentona Co­
atacava diretamente o presidente munista e teve seu desfecho em 1937, com o
Vargas conclamando a população a anúncio de uma nova Constituição idealizada pelo
derrubar o presidente. jurista Francisco Campos, partidário do integra­
lismo. Veja abaixo as novidades autoritárias desta
BR AS IL

O crescimento da ANL e os ataques ao seu nova constituição, que ficou conhecida como
govemo levou Vargas a decretar o fechamento de polaca por se inspirar no modelo de constituição
seus núcleos acusando o movimento de ter liga­ da Polônia.
ções com o comunismo internacional. Uma vez na
08
HIS
Capitulo:

w w w .u n i p r e .c o m .b r
96 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Li:r ipré»
Constituição de 1937

■ O predomínio do poder Executivo sobre os demais, Regime Nazi-Fascista


podendo o presidente fechar o Congresso e nomear
Características:
interventores paTa os Estados;

■ A instituição do estado de emergência, quando o • Partido único conduzido por um dita­


presidente achasse necessário, da censura á imprensa e da dor
pena de mone;
• Um sistema de controle policial
H A suspensão dos direitos e garantias individuais;
• Concessão dos meios de propaganda
■ A extinção dos partidos politicos;

■ A intervenção do Estado na economia, através do


• Culto ao líder
Conselho da Economia Macional;
• Culto ao estado
■ A ampliação do m andato presidencial para seis anos;
• Ultra-nacionalismo
O texto constitucional previa também um plebiscito, para
que o povo pudesse manifestar-se a seu respeito, o que • Racismo
nunca chegou a ser realizado.

A posição do Brasil
Como acabamos de ler, o Estado Novo foi
Antes do início da Segunda Guerra Mundial, a
marcado por forte centralização político-
ideologia do Estado Novo implantado por Getúlio
administrativa. Vargas governou sozinho, sem
Vargas, apontava para um provável alinhamento
partidos, mas plenamente apoiado pelos setores
do Brasil com os países do Pacto de Aço —Ale­
militares e pela burguesia nacional.
manha e Itália e durante os primeiros anos da
Segunda Guerra Mundial, o govemo do Estado
Novo não tomou posição, mantendo neutralidade
Economia na Era Vargas
com respeito às nações envolvidas no conflito.
A economia neste período é caracterizada pela Em 28 de janeiro de 1942, na Terceira Confe­
forte intervenção do Estado, principalmente na rência de Chanceleres Americanos do Rio de
implantação das indústrias de base. Foram cria­ Janeiro, o Brasil defendeu a política continental
das: de apoio aos Estados Unidos e anunciou o rom­
•Ia Companhia Siderúrgica Nacional de Vol­ pimento de relações diplomáticas do Brasil com
ta Redonda os países do Eixo, e os americanos, graças a esse
apoio, vão financiar a construção da Companhia
*> Companhia Vale do Rio Doce (minérios) Siderúrgica de Volta Redonda (CSN). Em março,
Hidrelétrica de Paulo Afonso pelos acordos de Washington, foram cedidos
vários pontos do Nordeste do país para servirem
•t* Companhia Álcalis (química) de bases navais e aéreas aos norte-americanos.
•> Fábrica Nacional de Motores (FNM tam­ Esta atitude provocou a fúria de Hitler que or­
bém chamada de Fenemê) denou que seus submarinos atuassem contra os
❖ Criação dos Instimtos do café, do álcool, navios brasileiros. Nos sete meses seguintes cerca
açúcar e pinho. de 19 navios mercantes brasileiros foram torpede- ^
ados.
CQ
o
O Brasil na segunda guerra mundial CLi
A participação brasileira g
Como vimos a crise econômica dos Anos 30
gerou descrença nas ideias liberais e democráticas O govemo brasileiro finalmente declarou
em ambas as parcelas da população de países guerra à Alemanha e à Itália em agosto de 1942,
desenvolvidos, principalmente na Europa. Nesses mas só após ajustes difíceis com os Estados Uni­
países, surgiram e tomou o poder partido cuja dos e a Grã-Bretanha foi criada a Força Expedici­
ideologia propunha um Estado autoritário, milita- onária Brasileira (FEB), que levou o Brasil ao <=>
rizado, nacionalista, expansionista e anticomunis­ teatro de operações na Itália. Para seu comando ui
ta, resultado do medo generalizado da burguesia foi convidado o general Mascarenhas de Morais. tc
capitalista de ver repetir em seus países o êxito da A campanha da FEB na Itália durou sete me­
Revolução Russa. Para salvar os seus interesses as ses e 19 dias. De 16 de setembro de 1944, quando
elites europeias acabaram apoiando a ascensão um batalhão do 6° Regimento de Infantaria inici­
das doutrinas totalitárias, que prometiam restabe­ ou a marcha que levaria as conquistas de Camaio- £
lecer a ordem e a disciplina social. re e Monte Prano, até 2 de maio de 1945, dia em u

w w w ..unipre .co m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 97
que a ordem de cessar fogo foi expedida pelo Fim do conflito
comando do V Exército americano, ao qual a FEB
De 8 de maio - data da rendição da Alemanha
era subordinada. A FEB lutou na Itália tanto na
e portanto do fim da guerra na Europa - até 3 de
região do rio Serchio durante outono de 1944,
junho a FEB foi empregada na ocupação militar
quanto no vale do rio Reno, em plena Cordilheira
do território conquistado e começou a preparar
Apenina. Nesta região os soldados brasileiros
seu retomo ao Brasil. Quando o Io Escalão re­
enfrentaram um rigoroso inverno e o fogo cons­
gressou ao Brasil, em 18 de julho de 1945 o Brasil
tante do Exército Alemão. Nossas maiores vitórias
contava 454 mortos, ficaram enterrados no cemi­
foram: as conquistas de Monte Castelo, em 22 de
tério brasileiro localizado na cidade de Pistóia,
fevereiro de 1945, e de Montese, em 14 de abril, e
perto de Florença.
o aprisionamento da 148a Divisão Alemã em 28
de abril de 1945. A participação militar direta do Brasil na guer­
ra, num primeiro momento, fortaleceu o regime e
ampliou o poder e o prestígio de setores civis e
A Batalha de Monte Castelo militares da classe governante. No entanto, logo
se evidenciou uma contradição, na medida em que
A missão mais importante que coube à FEB o Brasil apoiava as forças aliadas na sua luta con­
foi a tomada de Monte Castelo. A elevação, do­ tra os regimes autoritários nazi-fascistas e, ao
minada pelos alemães, era uma posição estratégi­ mesmo tempo, mantinha internamente um regime
ca que impedia o 4o Corpo de Exército de prosse­ ditatorial que restringia a participação popular.
guir a marcha até Bolonha, objetivo maior do Esta contradição entre lutar a favor da liberal-
comando das Forças Aliadas na Itália. No dia 24 democracia ao lado dos Aliados na Europa e man­
de novembro de 1944 foi feita a primeira ofensi­ ter uma ditadura 110 pais em muito contribuiria
va. Depois de se apoderarem do monte Belvedere, para a queda de Vargas e o fim do Estado Novo
ao lado de Castelo, os brasileiros sofreram uma em 29 de outubro de 1945.
violenta contraofensiva alemã que os obrigou a
abandonar as posições já conquistadas.
No dia 29 os Aliados iniciaram a segunda Queremismo
ofensiva a Monte Castelo, igualmente barrada
Movimento político surgido em maio de 1945
pelos regimentos de infantaria alemães. No dia 12
com o objetivo de defender a permanência de
de dezembro iniciou-se o também frustrado tercei­
Getúlio Vargas na presidência da República. O
ro assalto dos expedicionários brasileiros a Monte
nome “queremismo” se originou do slogan utili­
Castelo, que não durou mais de cinco horas.
zado pelo movimento: “Queremos Getúlio” .
Mesmo assim, as vanguardas da FEB consegui­
ram chegar além da metade do caminho progra­ Diante das evidências de que a ditadura do Es­
mado. tado Novo caminhava para 0 seu final, as forças
políticas que havia se oposto ao regime organiza­
O dia 19 de fevereiro de 1945 foi a data esta­
ram partidos politicos nacionais, que lançaram
belecida pelo comando do V Exército para o iní­
candidatos, enquanto 0 próprio Vargas mantinha-
cio de nova ofensiva, que ficaria conhecida como
se numa posição dúbia em relação à possibilidade
Operação Encore. Nela seriam empregadas todas
de candidatar-se.
as forças do 4° Corpo de Exército, visando a ex­
pulsar o inimigo do vale do rio Reno e persegui-lo Nesse contexto, surgiu em São Paulo, entre os
até o vale do rio Panaro. A missão dos brasileiros meses de março e maio, o movimento da panela
seria desalojar os alemães de Castelnuovo de vazia, manifestação pioneira em defesa de sua
REPÚBLICA

Vergato, do Monte Soprassasso e, mais uma vez, permanência na presidência. Logo em seguida,
de Monte Castelo. A grande vitória finalmente ainda no mês de maio, foi lançado o movimento
ocorreu em 21 de fevereiro. queremista, no Rio de Janeiro. Os queremistas
reivindicavam 0 adiamento das eleições presiden­
Outras Batalhas e vitórias da FEB
ciais e a convocação de uma Assembleia Nacional
B RA SI L

o Montese; Constituinte. Caso as eleições fossem mesmo


confirmadas, queriam o lançamento da candidatu­
o Zocca;
ra de Vargas.
o Colecchio;
08

Temendo um novo golpe de Getúlio, as Forças


o Fomovo di Taro; Armadas depõem-no em outubro de 1945. O po­
HIS

der fica em mãos de José Linhares, presidente do


o Alessandria, em 30 de abril. Supremo Tribunal Federal. Realizaram-se as elei­
C a p itu lo :

ções presidenciais, saindo vitorioso Eurico Gaspar


Dutra.

w w w . u h i p r e .c o m . br
98 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
15;
Vv'•í • V-,

prá»
ANOTACOES

REPÚBLICA
BR AS IL
08
HIS
Capitulo:

w w w .u n i p r e .c o m .b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
qq
Spr£
EXERCÍCIOS d) Washington Luís
e) General Rondon
1. No govemo de Floriano Peixoto ocorreu:
a) A Guerra dos Canudos; 6. A Coluna Prestes foi um movimento reivindica-
tório dos tenentes que teve sua origem nos esta­
b) A Revolta da Armada;
dos:
c) A Questão Religiosa;
a) Minas Gerais e São Paulo
d) A Campanha Civílista;
b) Rio de Janeiro e São Paulo
e) A Guerra dos Farrapos. c) Rio Grande do Sul e São Paulo
d) Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul
2. No século passado, ocorreu a Crise de 1929.
e) Minas Gerais e Rio de Janeiro
Assinale a alternativa que apresenta algumas das
suas causas.
7. Com relação a crise econômica de 1929, pode­
a) Superprodução de mercadorias e a saturação
mos afirmar que:
dos mercados consumidores.
a) Resultou da queda das exportações, do pleno
b) Surgimento de ideologias, como fascismo,
emprego e do aumento do consumo interno nos
nazismo e o comunismo.
EUA.
c) Diminuição do crédito bancário e o aumento de
b) Ficou restrita a economia norte-americana,
impostos para as importações.
atingindo apenas o sistema bancário.
d) Equilíbrio entre a produção agrícola e o comér­
c) Resultou principalmente da superprodução
cio. industrial que o mercado não conseguiu absorver.
e) Quebra da colheita e a demanda ilimitada da
d) Provocou a grande depressão econômica que se
indústria automotiva.
espalhou pelo mundo na década de 1930.
e) Foi conseqüência do mau planejamento dos
3. O líder do movimento que levou o Brasil a economistas adeptos do planejamento estatizante.
anexar o Acre foi:
a) Plácido de Castro
8. Com meu chapéu de lado, tamanco arrastando /
b) Amarilio de Yop Lenço no pescoço, navalha no bolso / Eu passo
gingando, provoco e desafio / Eu tenho orgulho de
c) Armando de Castro ser vadio. (Wilson Batista, 1933) Quem trabalha é
d) Floriano Ritter quem tem razão Eu digo e não tenho medo de
errar o bonde de São Januário leva mais um ope­
e) Jeferson Viacava rário sou eu que vou trabalhar. (Wilson Batis-
ta/Ataulfo Alves, 1940)

4. A Guerra de Canudos ocorreu no (na): Da comparação entre as letras desses sambas,


REPÚBLICA

depreende-se que:
a) Paraná
a) As mudanças visíveis nos conteúdos dos sam­
b) Bahia bas sugerem adesão à ideologia do Estado Novo.
c) Amazonas b) As mudanças significativas de conteúdo decor­
B RAS I L

d) Maranhão rem da valorização do trabalho industrial no Rio


de Janeiro.
e) Espírito Santo
c) As datas das composições correspondem ao
08

mesmo periodo do govemo de Vargas, indicando


5. A Revolução de trinta depôs do poder o presi­ que as mudanças são mera coincidência.
HIS

dente d) As mudanças das letras não são significativas,


já que ambas as composições tratam de problemas
Capítulo:

a) Plínio Salgado
de gente pobre e humilde.
b) Luís Carlos Prestes
e) As letras das músicas estão distantes dos inte­
c) Getúlio Vargas resses políticos do Estado Novo, que não se preo­
cupava em fazer propaganda.
www. u n íp r e com.br
10 0 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
■ 9. Inicialmente o movimento tenentista era de ■ ■ 14. Sobre as reformas urbanas do começo do
\ caráter: ] século, no Brasil, podemos afirmar que:
] a) Nacionalista | a) Foi inspirada pelas reformas de Londres e Nova
York, na segunda metade do século XIX;
! b) Ateu |
b) Tiveram uma preocupação com a preservação
! c) Elitismo [
das construções coloniais, simbolos de nossa
! d) Fascistas J história;
1 e) Comunista 1 c) Deslocaram as populações pobres e de baixa
renda para as áreas reformadas;
d) Causou pequeno impacto sobre os centros ur­
i 10. Foi o presidente eleito em 1930:
banos das principais cidades brasileiras;
i a) Getúlio Vargas I
e) Tiveram por objetivo modernizar as cidades,
í b) Luís Carlos Prestes 1 abrindo avenidas e melhorando os serviços urba­
nos.
i c) Carlos Ritter ■
■ d) Júlio Prestes i
15. Em 10 de novembro de 1937, para justificar o
i e) Artur Bemardes i
golpe que instaurava o Estado Novo, Getúlio
Vargas discursava:
' 11. Os soldados brasileiros que lutaram na Itália, <
“Colocada entre as ameaças caudilhescas e o
' durante a segunda guerra, eram conhecidos como: ■
perigo das formações partidárias sistematicamente
■ a) Mercenários. i agressivas, a Nação, embora tenha por si o patrio­
tismo da maioria absoluta dos brasileiros e o am­
■ b) Infantes. >
paro decisivo e vigilante das forças armadas, não
‘ c) Pracinhas. ' dispõe de meios defensivos eficazes dentro dos
quadros legais, vendo-se obrigada a lançar mão
1 d) Guerreiros. '
das medidas excepcionais que caracterizam o
j e) Heróis. 1 estado de risco iminente da soberania nacional e
da agressão externa.”
Baseando-se no texto acima, pode-se entender que
| 12. A Revolução de 1930: ;
a) Vargas fala em nome da Nação, considerando-
| a) Teve apoio dos agricultores; ; se o intérprete de seus anseios e necessidades;
| b) Seu líder era Getúlio Vargas; J b) A defesa da Nação está exclusivamente nas
[ c) Teve a participação de Luís Carlos Prestes; J mãos do Exército e do patriotismo dos brasileiros;

| d) Foi derrotada por Getúlio Vargas; [ c) Vargas delega às forças armadas o poder de
lançar mão de medidas excepcionais;
[ e) Foi feita pelos paulistas. ]
d) As medidas excepcionais tomadas estão na
relação direta da falta de formações políticas atu­
REPÚBLICA

! 13. A política internacional do regime Vargas, ! antes;


| entre 1930-1945, pode ser definida como de: ! e) Vargas estabelece uma oposição entre o patrio­
! a) Tentativa de formação de um pacto de aliança ! tismo dos brasileiros e a ação das forças armadas.
I com os demais países da América Latina, visando
\ a garantir a neutralidade da região. \
BR AS IL

16. (EsSA 2008) Ocorreu um movimento armado,


b) Apoio à Alemanha, pelas afinidades do regime ] liderado por Luís Carlos Prestes, com o intuito de
i com o nazi-fascismo. \ implantar no pais uma ditadura do proletariado,
08

! c) Aproximação com os Estados Unidos, porque ! durante a Era Vargas (1930-1945).


I este país era a potência hegemônica nas Américas. ! Esse episódio da história é conhecido como a:
HIS

I d) Desinteresse pelas relações internacionais, pois I a) Revolução Constitucionalista.


Capitulo:

! o Brasil buscava firmar o processo de industriali- !


! zação, voltado para o mercado interno. J b) Intentona Integralista.

i e) Oscilação entre a Alemanha e as nações demo- ! c) Revolta da Armada.


■ cráticas até optar pelas últimas. d) Revolução Democrática de 64.

www.unipre.com.br
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 101
Unlprá*
!— ----- - '“ ; ' _ •
■ e) Intentona Comunista. ■ d) a especulação fmanceira e a criação de empre- ■
| sas fantasmas. !
| e) um programa de privatizações e a criação de \
! 17. (ESPCEX-20! I) A Segunda Guerra Mundial \ um imposto único. !
! (1939-1945) vitimou milhões de pessoas e alas-
| trou-se por terras, mares, oceanos e ares de quase
[ todo o planeta.
\ A postura brasileira durante o conflito, foi a de
GABARITO
I a) neutralidade durante todo o tempo, em virtude
I da posição pró-Eixo do govemo brasileiro.
1. B 2. A 3. A 4. B
! b) aliar-se ao Eixo, sem, no entanto, participar
diretamente do conflito com o envio de tropas.
S. D 6. C 7. D 8. A
! c) após declarar guerra ao Eixo, enviar a Força
; Expedicionária Brasileira (FEB), que combateu
I em terras italianas. 9. A 10. D 11. C 12. B
1 d) manter neutralidade durante todo o conflito,
! pois o continente americano e os mares que o 13. E 14. E 15. A 16. E

! cercam não foram ameaçados nesta Guerra.


17. C 18. B 19. B
e) declarar guerra ao Eixo, sem, no entanto, enviar
! tropas para os campos de batalhas europeus, em
I respeito à tradicional postura não-belicista do
I País.

18. (EsSA 2011) A Segunda Guerra Mundial j


(1939-1945) teve efeitos favoráveis à política de i
industrialização no Brasil. Nesse período, o fato ■
responsável pelo impulso da indústria brasileira i
foi o(a) |
A) desenvolvimento da indústria automobilística e i
de bens de consumo. 1
B) empenho efetivo do Estado na implantação da <
indústria pesada no Brasil. :
C) Política dos Governadores, que estimulou a j
industrialização de São Paulo e Rio de Janeiro.
D) política de emissão de dinheiro - o Encilha- ■
mento —para incentivar o consumo interno. *
E) Convênio de Taubaté, que favoreceu o comér- ;
REPÚBLICA

cio de manufaturados de origem brasileira. ■

19. (EsSA 2010) Durante o govemo de Marechal ;


Deodoro da Fonseca, seu ministro da fazenda, Rui |
BR A SIL

Barbosa, adotou uma série de medidas econômi- j


cas que ficou conhecida como “encilhamento”. 1
Essa política econômica estatal estava baseada em ;
duas ações: ;
08

a) a abolição da escravatura e a abertura dos por- j


HIS

tos. |
b) a emissão de papel moeda e a expansão do [
Capítulo:

crédito. |
c) o incentivo à imigração e o financiamento de ;
■ casas próprias. ____ ___;

w w w .un.ipre .c o m .br
102 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
p r é

HI S 0 9 A R E P U B L I C A P O P U L I S T A

O Brasil em 1945 ansiava por democracia. Os Constituição de 1946


aliados foram os vitoriosos da segunda Guerra
Mundial ganharam os regimes facistas. Interna­ ❖ Manteve o regime presidencialista;
mente a Ditadura de Vargas acabava a 29 de ou­ •> Estado Federativo, pluralidade partidária;
tubro. Tornando mais urgente, o restabelecimento
da ordem democrática, através de eleições e apro­ •I* eleições diretas, assegurando os direitos
vação de uma nova Constituição. cívicos;
❖ restauração dos três poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário);
Eurico Gaspar Dutra -1946-1951
*!*■ presidente com mandato de 5 anos;

Foi eleito com o apoio do PTB (Partido Traba­


lhista Brasileiro) e do PSD (Partido Social Demo­ Getúlio Vargas - 1951-1954
crático). O govemo do presidente Dutra apoiou-se
na maioria pedessista e trabalhista do Congresso
Nacional. Esse núcleo político de “centro” era
justificado como defesa do govemo contra os
“ excessos” dos liberais da UDN e a “ameaça
vermelha” do PCB. Defesa de uma política eco­
nômica que se dizia não-intervencionista e se
afastava dos compromissos nacionalistas”, e defe­
sa de uma política extema de completo alinha­
mento com os Estados Unidos no contexto da
guerra fria.
De seu govemo, podem ser ressaltados: a Pa­
vimentação da Rodovia Rio-S.Paulo; elaboração
do PLANO SALTE (Saúde, Alimentação, Trans­
porte e Energia), visando a coordenação dos gas­
tos públicos; gastos supérfluos, utilizando-se as
divisas acumuladas durante a II Guerra. O PCB
(Partido Comunistas Brasileiro) foi declarado fora
da lei decorrente do Rompimento das relações
Candidatando-se para a sucessão de Dutra,
diplomáticas com a União Soviética; promulgação
Vargas venceu facilmente seu principal oponente,
da quarta Constituição da República.
Brigadeiro Eduardo Gomes. A vitória de Getúlio
O govemo Dutra, portanto, passou de uma po­ Vargas nas eleições presidenciais de 1950 não
sição inicial liberal-democrática, reflexo da rede- chegou a ser uma surpresa. Mesmo recolhido no
<
mocratização do pós-guerra, para uma posição interior do Rio Grande do Sul nesses anos todos, Eh
CO
liberal-conservadora no contexto da guerra fria, Vargas continuava a ser a grande figura da políti­ M
marcada por um alinhamento automático com os ca nacional, o grande líder de massas, o "Pai dos D
Cu
Estados Unidos. Tal posicionamento, contudo, Pobres”, lançado pelo PTB e apoiado pelo PSP O
d*
seria novamente alterado com o retomo de Getú- (Partido Social Progressista), e por parte do PSD e
lio Vargas à cena política. <
do PCB.. Porem Seu governo foi agitado politi­ D
M
camente, em virtude da violeta oposição liderada
A Constituinte iniciou seus trabalhos a 2 de PQ
por Carlos Lacerda, diretor do jornal TRIBUNA 0
fevereiro de 1946. o PSD era amplamente majori­ 01
DA IMPRENSA. W
tário, com 177 representantes , seguido pela UDN ÇC
com 87 representantes, o PTB com 24 e o PCB
com 1 5 . 0 que mais diferenciava a constituinte <T\
Características básicas do segundo governo de O
de 1046 das anteriores era o fato de que seus
membros não representavam mais, como antes, as Vargas : CO
H
elites regionais, mas partidos políticos organiza­
dos em âmbito nacional. Aprovada a 18 de setem­ a) política de defesa dos interesses nacionais;
bro de 1946, a nova Constituição é a quarta da b) criação da Petrobras (1953); Lei n° 2.004, de
República e a quinta da. história brasileira. A outubro.
Constituição de 1946 reflete a conjuntura do fim a
do Estado Novo e a volta aos princípios liberais: c) expansão da Siderúrgica de Volta Redonda; o
maior equilíbrio entre os poderes do Estado
w w w . uni. p r e . c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 103
Unlpré
d) corrupção de pessoas ligadas ao governo; en­
volvendo financiamentos escandalosos do Banco
do Brasil. Carta-testamento de Getúiio Vargas
e) Criação do Ministério da Saúde, 1953; (2 4 /08/1954)

f) Criação da Campanha Nacional de Aperfeiço­


amento de Pessoal do Ensino Superior (Capes), Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo co­
dirigida por Anísio Teixeira, 1951. ordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim.
Não me acusam, insultam; nâo me combatem, caluniam e |
A medida em que Vargas se aproximava das não me dão o direito de defesaPrecisam sufocar a minha voz i
massas operárias, através do Ministro do Traba­ e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, {
lho, João Goulart, espalhavam-se os boatos de um como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes, 1
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domi- i
novo golpe. Os meios militares agitaram-se no
nio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros interna- j
sentido da renúncia de Getúiio, que então suicida- cionais, f\i-m e chefe de uma revolução e venci. Iniciei o ■
se em agosto de 1954. Afirmando numa carta que trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade ,
não pode resistir às pressões de poderosos grupos social. Tive de renunciar. Voltei ao Governo nos braços do 1
nacionais e estrangeiros, contrários à sua política povo. i

de orientação nacionalista: PLANO LAFER. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou- J
Plano Nacional de Reaparelhamento Econômico, se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de '
garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários fo i detida ,
também conhecido como Plano Lafer, nome do no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo 1
ministro Horácio Lafer; programa de investimen­ se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional ■
tos em setores da indústria de base, transportes e na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás, [
serviços públicos a ser supervisionado pelo Banco mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. ■
A Eletrobrás fo i obstaculizada até o desespero. Não querem ,
Nacional de Desenvolvimento Econômico que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja 1
(BNDE), criado em 1951. independente. ■

O govemo nacionalista de Getúiio Vargas co­ Assumi o Govemo dentro da espiral inflacionária que [
meçou a entrar em crise a partir de 1953. graças a destruía os valores de trabalho. Os lucros das empresas ■
estrangeiras alcançaram até 500% ao ano. Na declaração de ,
disputa pelo monopólio estatal do petróleo inten­ valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de 1
sificada pela campanha do “O petróleo é nosso!” e mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, t
a tentativa do governo federal de controlar a re­ valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu j
messa de lucros provocaram o rompimento com preço e a resposta fo i uma violenta pressão sobre a nosso »
economia a ponto de sermos obrigados a ceder. ,
os liberais, A diretoria das empresas estrangeiras e
com o govemo Americano . Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo 1
a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em t
Para defender-se das pressões internas e exter­ silêncio, tudo esquecendo a mim mesmo, para defender o povo J
nas, Vargas recorre ao apoio das massas. Mas os que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a '
não ser meu sangue, Se as aves de rapina querem o sangue de ,
sindicatos também pressionam o governo e o alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu 1
empresariado por melhores salários e melhores ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de t
condições de trabalho. O movimento sindical vai, estar sempre convosco.
adquirindo força e autonomia diante do populismo Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo 1
do govemo. Já em 1954, a campanha antigetulista ao vosso lado, Quando a fom e bater à vossa porta, sentireis ,
vira conspiração, Políticos da UDN, jornalistas, em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. J
POPULISTA

empresários, conservadores, anticomunistas e Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a i


força para a reação. ,
defensores da aliança com os Estados Unidos,
acusam Vargas de preparar uma “República Sin­ Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a 1
vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma ,
dicalista” para manter-se no poder.
chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração [
Em 5 de agosto, o atentado contra o jornalista sagrada para a resistência. •
A REPÚBLICA

e politico da UDN Carlos Lacerda, Da a justifica­ Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que J
tiva para a radicalização. Getúiio Vargas é res­ me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do 1
povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de ,
ponsabilizado pelo atentado, onde acabou mor­ quem fu i escravo não mais será escravo de ninguém, Meu J
rendo o major Rubens Vaz, da Aeronáutica, que sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será ■
fazia segurança para Carlos Lacerda, Getúiio é o preço do seu resgate.
pressionado a renunciar pela oposição politica e
09

Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoli- 1


militar. As Forças Armadas, articuladas em tomo ação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâ- ,
HIS

da “República do Galeão”, pois a aeronáutica mias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha [
promoveu um IPM , para apurar a causa da morte vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente <
dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida ,
do major Rubens Vaz , e o Galeão é um aeroporto
Capitulo:

para entrar na história.


no Rio onde existem bases da aeronáutica.
G etúiio Vargas .
impotente diante da situação, só restando a
Getúiio, como seu último grande ato político, o
suicidio na manhã de 24 de agosto.
w w w . u n i p r e .c o m . b r
104 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
fundação do GEIA (Grupo Executivo
da Indústria Automobilística);
João Café Fiiho 1954-1955
*!* Grande inflação;
•1* Manifestação da oposição através de
Vice-Presidente de Vargas, assumiu para ter­
levantes de oficiais da FAB em Jaca-
minar o mandato. Seu governo foi bastante agita­
reacanga e Aragarças;
do pela oposição: Ocorreram realização de elei­
ções presidenciais, com a vitória de Juscelino *;• Construção de Brasília: “síntese de
Kubitschek de Oliveira e o Vice-Presidente João todas as metas”; a nova capital fede­
Goulart; afastamento de Cale Filho, por motivo de ral, inaugurada em 1960, seria fator
doença, assumindo o governo, o presidente da de ocupação, desenvolvimento e inte­
Câmara dos Deputados. gração do interior do país;
Carlos Luz; tentativa de impedimento dos •í* Criação do Estado da Guanabara
candidatos eleitos, tentativa esta organizada pela
*;• Plano de Metas: conjunto de progra­
UDN; intervenção do Ministro da Guerra, Henri­
mas de desenvolvimento econômico
que Teixeira Lott, depondo Carlos Luz; Nereu
setorial, especialmente energia, trans­
Ramos, vice-presidente do Senado terminou o
portes, indústria de base, produção de
mandato.
alimentos
•í* A criação da Superintendência do
Juscelino Kubitschek 1956-1961 Desenvolvimento do Nordeste (Sude­
ne) em 1959, para o desenvolvimento
e integração da mais pobre das regi­
Juscelino Kubitschek de Oliveira, ex- ões brasileiras;
govemador mineiro, ganhou as eleições presiden­
ciais apoiado na aliança PSD-PTB. Seu governo
tomou-se famoso pelas grandiosas realizações. Os anos JK foram, um período de euforia so­
“Cinqüenta anos de progresso em cinco”, foi à cial e crescimento econômico. Os famosos anos
promessa do Presidente. Nasce o desenvolvimen- dourados. A implantação da indústria automobi­
tismo. centrado na modernização e crescimento lística, a construção de Brasília, o respeito às
econômico-industrial. Acelerar o processo de liberdades democráticas, houve transformações
modernização da economia brasileira, integrando importantes: a expansão industrial, a urbanização,
a economia brasileira as grandes correntes do a consolidação democrática. O modelo desenvol-
capitalismo mundial, era o objetivo da politíca vimentista de JK, porém, pagou alto preço: aber­
econômica de JK. tura total da economia ao capital estrangeiro, às
grandes multinacionais, e submissão político-
Durante o seu mandato verificou-se uma ex­ econômica à hegemonia norte-americana. O custo
pansão da produção industrial, seguindo a orienta­ social interno foi igualmente elevado: descontrole
ção de uma política desenvoivimentista. inflacionário, pesando especialmente sobre os
A base de seu governo foi o trinômio: Estra­ assalariados.
das, Energia e Transporte - pontos principais de
seu Programa de Metas. Construiu Brasília em
menos de cinco anos, transferindo para lá a capital Jânio Quadros - 1961
federal em 21 de abril 1960.
Com Juscelino Kubitschek,, foi dado o impul­
Processo de sucessão presidencial polarizou o
so necessário à implantação definitiva da indústria debate político. Setores oposicionistas lançaram o
automotiva. Ele criou o GEIA - Grupo Executivo Movimento Popular Jânio Quadros (MPJQ), Jânio
da Indústria Automobilística, sob a direção do
era um político de grande popularidade, sobretudo
ministro de Viação e Obras Públicas Lucio Mar­ em São Paulo, onde era governador. Embora não
tins Meira. Os resultados do estímulo governa­ fosse udenista, foi lançado pela UDN como can­
mental para o novo setor de produção não se fize­
didato à sucessão de JK. Acusando o governo de
ram esperar.
uso indevido do dinheiro público, Jânio prometia
acabar com a corrupção e com a inflação. Seus
comícios sacudiam o país. Para enfrentar a oposi­
Fatos do Governo JK: ção, o PSD, apesar das dificuldades, retomou a
aliança com o PTB e lançou as candidaturas do
•> Industrialização com participação do marechal Henrique Teixeira Lott a presidente e de
capital estrangeiro, incrementando-se João Goulart, mais uma vez, a vice. Mas, como
a indústria automobilística com a Jango era um candidato forte, e como os votos
para presidente e vice-presidente eram desvincu-
www . u n i re . cora.br:
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
p r á

lados, o próprio Jânio passou a estimular em todo


o país a criação de comitês Jan-Jan: Jânio para
presidente e Jango para vice. ANOTAÇÕES
O movimento Jan-Jan ganhou as ruas, e Jânio .............................. .....
e Jango ganharam as eleições. Eleito por forças
oposicionistas - UDN (União Democrática Nacio­
nal), enfrentou uma violenta crise econômica- ---------------------------------------------------
financeira, herdada do govemo anterior. Seu curto _________________________________
govemo deveu-se à oposição do Congresso, onde
estava em minoria. ---------------------------------------------------
A tentativa de moralização nas finanças, atra­
vés de uma política de restrições, e a busca de
uma política externa independente, revoltou mais
ainda as forças da oposição. Sua tendência à apro­
ximação com o bloco socialista e a condecoração
oferecida a Ernesto Guevara são pontos críticos de
uma crise que culminaria com a sua renúncia em
61.

João Goulart - 1961-1964

A posse de João Goulart, então em visita ofi­


cial à China, seria o desdobramento legal da re­
núncia de Jânio Quadros. No próprio dia 25 de
agosto ocorreram as primeiras manifestações
populares Impedido de tomar posse de imediato,
em virtude das acusações de chefes militares, de
que estava comprometido com comunistas. Esse
fato quase levou o país a uma guerra civil, pois
Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul,
organizou a Campanha da Legalidade.
A solução para sua posse foi a instauração do
Ato Adicionai de setembro de 1961, estabelecen­
do o Parlamentarismo. Nesse sistema é o Presi­
dente do Conselho de Ministros que ocupa-se da
política governamental.
As crises que se sucedem a partir do estabele­
cimento do novo regime, pois a Câmara dos De­
POPULISTA

putados não aceitava as indicações para Primeiro


Ministro, levou à realização de um plebiscito em
janeiro de 1963, restabelecendo o Presidencialis­
mo.
Jango lutou pelas reformas de base e foi dura­
A REPÚBLICA

mente acusado de continuar o programa de Var­


gas. Seu Plano Trienal era mais voltado para as
questões da reforma agrária, educação e saúde.
Incapaz de superar a inflação galopante e,
principalmente, as agitações, acusadas de serem
09

fomentadas pelo próprio govemo, foi deposto


pelas Forças Armadas em 31.03.64.
HIS
Capítulo:

www. u n i p r e . c om . b r
106 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
EXERCÍCIOS política do país. O Segundo Reinado, no entanto,
vai assistir, em 1848, à última rebelião provincial.
Todas as alternativas apresentam medidas políti­
í. (U.E. Londrina — PR) A Confederação do •
cas adotadas a partir de 1840, com vistas à centra­
Equador, em 1824, se caracterizou como um mo- I
lização política e ao restabelecimento da autorida­
vimento de |
de do imperador, exceto:
a) emancipação política de Portugal. !
a) A antecipação da Maioridade de D. Pedro II e o
b) oposição à abertura dos portos. \ restabelecimento do Conselho de Estado.
c) garantia à política inglesa. \ b) A extinção da Guarda Nacional, que eliminou a
competição com o exército e o encarregou da
d) apoio aos atos do imperador. I
ordem local e nacional.
e) reação à política imperial. I
c) A modificação do Código do Processo Crimi­
nal, que retomou o poder judiciário para o gover­
no central.
2. (UFMG) A opção pelo regime monárquico no i
Brasil, após a independência, pode ser explicada i d) A retirada de atribuições políticas dos poderes
provinciais pelo Ato Adicional.
a) pela atração que os títulos nobiliárquicos i
exerciam sobre os grandes proprietários rurais.
5. (U.E. Londrina - PR) explodiu na província
b) pela crescente popularidade do regime rnonár- < do Grão-Pará o movimento armado mais popular
quico entre a elite colonial brasileira. > do Brasil (...). Foi uma das rebeliões brasileiras
c) pela pressão das oligarquias aliadas aos interes- 1 em que camadas inferiores ocuparam o poder...”
ses da Inglaterra e pela defesa a entrada de produ- < Ao texto pede-se associar
tos manufaturados. ■
a) a Regência e a Cabanagem.
d) pelo temor aos ideais abolicionistas defendidos ■
pelos republicanos nas Américas. < b) o Primeiro Reinado e a Praieira.
e) pelas transformações ocorridas com a instaura- 1 c) o Segundo Reinado e a Farroupilha.
ção da corte portuguesa no Brasil e pela elevação '
d) o Período Jaonino e a Sabinada,
do país a Reino Unido. ■
e) a abdicação e a Noite das Garrafadas.

3. (Fuvest-SP) A organização do Estado brasileiro 1


que se seguiu à independência resultou do projeto ■ 6. (Fuvest-SP) Sobre a Guarda Nacional, é correto
do grupo ; afirmar que ela foi criada
a) iiberal-conservador, que defendia a monarquia j a) pelo imperador, D. Pedro II, e era por ele dire­
constitucional, a integridade territorial e o regime ‘ tamente comandada, razão pela qual tomou-se a
centralizado. 1 principal força durante a Guerra do Paraguai. POPULISTA
b) maçônico, que pregava a autonomia provincial, 1 b) para atuar unicamente no Sul, a fim de assegu­
o fortalecimento do executivo e a extinção da | rar a dominação do Império na província da Cis-
escravidão. ; platina.
c) liberal-radícal, que defendia a convocação de | c) segundo o modelo da Guarda Nacional France­
uma Assembleia Constituinte, a igualdade de ; sa, o que fez dela o braço armado de diversas
A REPÚBLICA

direitos políticos e a manutenção da estrutura ; rebeliões no período regencial e inicio do Segun­


social. ' do Reinado.
d) cortesão, que defendia os interesses recoloniza- ! d) para substituir o exército extinto durante a
dores, as tradições monárquicas e o liberalismo [ menoridade, o qual era composto, em sua maioria,
econômico. j por portugueses e ameaçava restaurar os laços
09

coloniais.
e) liberal-democrático, que defendia a soberania |
HIS

popular, o federalismo e a legitimidade monárqui- [ e) no período regencial como instrumento dos


ca. | setores conservadores destinado a manter e resta­
belecer a ordem e a tranqüilidade públicas.
Capitulo:

4. (UFMG) Durante o período regencial, várias J


revoltas, ocorridas nas províncias, agitaram a vida ■ 7. (Fuvest-SP) Sabinada na Bahia, Balaiada no
Maranhão e Farroupilha no Rio Grande do Sul

w w w . u n i p r e .c o m . b r
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais 107
1 foram algumas das lutas que ocorreram no Brasil b) O poder moderador conferia ao imperador a ;
; em um período caracterizado proeminência sobre os demais poderes. J
[ a) por um regime centralizado na figura do impe- c) A abolição do Padroado, por influência liberal, [
| rador, impedindo a constituição de partidos políti- assegurou ampla liberdade religiosa. |
1 cos e transformações sociais na estrutura agrária.
I . d) A abolição progressiva da escravidão, proposta \
; b) pelo estabelecimento de um sistema monárqui- de José Bonifácio, foi uma das principais razões [
| co descentralizado, o qual delegou ás províncias o da oposição ao imperador D. Pedro I. !
1 encaminhamento da “questão servil”.
I e) A introdução do sufrágio universal permitiu a \
| c) por mudanças na organização partidária, o que participação política das camadas populares, pro- !
\ facilitava o federalismo, e por transformações na vocando rebeliões em várias partes do país. !
] estrutura fundiária de base escravista.
1
| d) por uma fase de transição política, decorrente
10. (Fuvest-SP) Pela “Lei de Terras” aprovada em I
| da abdicação de D. Pedro I, fortemente marcada
1 por um surto de industrialização, estimado pelo 18 de setembro de 1850: '•
j Estado. a) as terras foram cadastradas e o acesso a elas só ,
I era permitido sob forma de doação. >
J e) pela redefinição do poder monárquico e pela
] formação dos políticos, sem que se alterassem as b) o acesso à terra só era possível através da com- !
| estruturas sociais e econômicas estabelecidas. pra, proibindo-se a posse por ocupação. !
I
I c) regularizou-se a doação de lotes a imigrantes i
i
l com mais de cinco anos de trabalho na lavoura. I
| 8. (Fuvest-SP) “Mais importante, o pais é abalado
J por um choque de extrema gravidade; não mais os d) encerrou-se o regime de parceria e introduziu- .
I motins... mas verdadeiros movimentos revolucio- se o regime do colonato. >
| nários, com intensa participação popular, põem
| em jogo a ordem interna e ameaçam a unidade e) introduziu-se o sistema de posse por ocupação, i
[ nacional. Em nenhum outro momento há tantos substituindo-se as diversas propostas de reforma i
I episódios, em vários pontos do pais, contando agrária em andamento no Parlamento brasileiro. i
| com a presença a massa no que ela tem de mais
| humilde, desfavorecido,
t 11. (Fuvest-SP) Nas atas dos debates parlamenta- i
\ Daí as notáveis conflagrações verificadas no Pará, res e nos jomais brasileiros da década de 1850, i
| no Maranhão, em Pernambuco, na Bahia, no Rio encontram-se muitas referências, positivas ou •
J Grande do Sul.” negativas, à Inglaterra. Estas últimas, em geral, ■
1
j (IGLÉSIAS, Francisco. Brasil, sociedade demo- devem-se à irritação provocada em setores da i
J crática) sociedade brasileira por pressões exercidas pelo ■
I govemo inglês para a) diminuir gradativãmente a i
\ Este texto refere-se ao período utilização de escravos na agricultura de exporta- ■
I
! a) da Guerra da Independência. ção. '
I
b) dar ao protestantismo o mesmo status de reli- i
[ b) da Revolução de 1930.
POPULISTA

f gião oficial que tinha o catolicismo. i


I c) agitado da Regência.
I c) impedir o julgamento por tribunais brasileiros '
! d) das Revoltas Tenentista. de um oficial ingiês que assassinou um cidadão >
1
brasileiro. 1
\ e) da proclamação da República.
I
I d) a extinção do tráfico de escravos, tendo seus ■
A REPÚBLICA

I
I objetivos sido alcançados em 1850. <
! 9. (Cesgranrio) A concretização da emancipação
e) subordinar a política externa brasileira a inte- >
política do Brasil, em 1822, foi seguida de diver-
resses ingleses na África e na Ásia. 1
! gências entre os diversos setores da sociedade, em
tomo do projeto constitucional, culminado com o
\ fechamento da Assembleia Constituinte.
09

I 12. (Fuvest-SP) Fazendo um balanço econômico 1


! Assinale a opção que relaciona corretamente os do Segundo Reinado, podemos afirmar que ele foi 1
HIS

I preceitos da Constituição Imperial com as caracte- um período no qual [


! rístícas da sociedade brasileira.
Capitulo:

I a) algumas atividades ganharam importância, 1


! a) A autonomia das antigas capitanias atendia aos como a criação do gado no Rio Grande do Sul e as |
■ interesses das oligarquias agrárias. lavouras de açúcar no Nordeste.

w w w .u n i p r e .c o m . b r
108 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
■ b) o Brasil deixou de ser um país essencialmente • ; 3. Ato Adicional III. Maranhão
agrário, ingressando na era da industrialização. |
4. Sabinada IV. Pernambuco
c) a Amazônia passou a ter um grande destaque J
5. Confederação V. Rio de Janeiro
com o boom, desde 1830, da produção da borra- |
cha. I do Equador
Escolha a alternativa que tem a associação corre­
d) ocorreram grandes transformações econômicas ta:
com as quais o Centro-Sul ganhou projeção em [
a) 1 -III; 2-1; 3 - V; 4-11; 5- IV;
detrimento do Nordeste. [
b) 1- II; 2- V; 3- III; 4-1; 5- IV;
e) As diversas regiões brasileiras tiveram um [
crescimento econômico, constante uniforme e J c) 1- III; 2- II; 3- V; 4- IV; 5-1;
progressivamente integrado. ]
d) 1 -IV; 2-1; 3 - V; 4 - III; 5 - II;
e) I - V; 2- III; 3- IV; 4- II; 5-1.
13. (Fuvest-SP) No século XIX, a imigração eu­
ropeia para o Brasil foi um processo ligado
a) a uma política oficial e deliberada de povoa­ 16. (UFSC) Uma das principais reivindicações da
mento, desejosa de fixar contingente branco em Confederação do Equador (1824) era:
áreas estratégicas e atender grupos de proprietá­ a) congregar as províncias brasileiras entre si e
rios na obtenção de mão-de-obra. fazê-las dependentes do Poder Executivo;
b) a uma política organizada pelos abolicionistas b) exigir maior poder ao Executivo através do
para substituir paulatinamente a mão-de-obra Poder Moderador, que era a chave mestra da au­
escrav a das regiões cafeeiras e evitar a escraviza- tonomia provincial;
ção em novas áreas de povoamento no Sul do
país. c) diminuir o despotismo do poder central, através
do desligamento e independência das províncias
c) às políticas militares, estabelecidas desde D. entre si;
João VI, para a ocupação das fronteiras do Sul e
para a constituição de propriedades de criação de d) reunir as províncias do Norte sob a forma fede­
gado destinadas à exportação de charque. ra lista, com um govemo representativo e republi­
cano;
d) à política do Partido Liberal para atrair novos
grupos europeus para as áreas agrícolas e implan­ e) extinguir os conflitos entre os grandes proprie­
tar um meio alternativo de produção, baseado em tários e o Império pela abolição do tráfico negrei­
minifúndios. ro.

e) à política oficial de povoamento baseada nos


contratos de parceria como forma de estabelecer 17. A Confederação do Equador, movimento
mão-de-obra assalariada nas áreas de agricultura ocorrido em 1824, foi fruto da situação de crise
de subsistência e de exportação. das províncias nordestinas e teve entre suas cau­
sas:

14. (Vunesp) Em troca do reconhecimento de sua a) a questão da sucessão do trono português, a


independência por parte da Inglaterra, o Brasil qual provocou violenta reação na população, que
assinou um tratado, em 1826, incluindo cláusulas temia nossa recolonízação.
para pôr termo b) a frustração dos liberais diante da dissolução da
a) ao tráfico negreiro. Constituinte, a imposição da Constituição de
1824, agravada pela nomeação de Paes Barreto à
b) ao tratado comercial de 1810. presidência de Pernambuco.
c) à escravidão africana. c) a proclamação da independência da Cisplatina,
d) à autonomia municipal. descontentando a opinião pública pela perda terri­
torial.
e) ao pacto colonial.
d) a formação do Ministério dos Marqueses, com­
posto por amigos pessoais do Imperador.
15. (GV-SP) Associe os fatos político-militares do
Primeiro Reinado e da Regência brasileira abaixo,
com suas localizações:
1. Balaiada I. Pará
2. Cabanagem U, Bahia
w w w . u n i p r e . c o m .b r
Curso de Habiiitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Ipré
18. (U.E. Londrina-PR) “Rebelião que expressou
as condições do Antigo Sistema Colonial. Teve
influência maçônica iluminista, revelou objetivos
emancipacionistas e republicano. O movimento se
diferenciou dos demais pelo caráter social, a
igualdade racial declarada nos boletins, e pela
participação de elementos provenientes das cama­ GABARITO
das populares da população (soldados, artesãos,
ourives, alfaiates, domésticas, negros e escravos e
l.E 2. E 3. A 4. B 5. A
forros).”
O texto refere-se à
6 .C 7. E 8. C 9. B 10. B
a) Balaiada
b) Conjuração Baiana. 11. D 12. D 13. E 14. A 15. A
c) Revolta Farroupilha.
16. D 17. B 18. B
d) Confederação do Equador.
e) Guerra dos Mascates.
POPULISTA
A REPÚBLICA
09
HIS
Capitulo:

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110 Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais

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