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INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número
de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
• tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada texto “insuficiente”.
• fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
• apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.
TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I Texto II
Brasil tem mais de 5 milhões de moradias Urbanista e também professora da FAU-USP, Raquel
irregulares, diz IBGE Rolnik diz que políticas habitacionais inadequadas
Dados apontam que um de cada cinco domicílios da criam “fábrica de ocupações”. De acordo com ela, uma
região Norte é listado como aglomerado subnormal. parcela considerável das pessoas que estão nessas
De acordo com o IBGE, os chamados correspondem a ocupações foi retirada dos locais sem que houvesse um
domicílios caracterizados por um padrão urbanístico planejamento da parte do poder público: “Uma das
irregular, com carência de serviços públicos essenciais moradoras do prédio que desabou era uma mulher que
e localização em áreas que apresentam restrições à tinha acabado de ser removida da quadra 36 da região
ocupação. Entram na classificação favelas, invasões, dos Campos Elíseos. Saiu de lá em uma condição
grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, precária, com um aluguel social de R$ 400 e foi parar
loteamentos irregulares, mocambos e palafitas. na ocupação do Paissandu”. Para ela, a remoção sem
Disponível em: alternativa de reassentamento resultará em “novas
https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/geral/brasil-tem-mais-de-
5-milh%C3%B5es-de-moradias-irregulares-diz-ibge-1.424317. Acesso em 28. ocupações, às vezes até mais precárias, além do
fev 2023 aumento de população de rua, outro fenômeno visível”.
Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/moradias-
irregulares-sao-fruto-de-falta-de-opcao-politicas-inadequadas-e-especulacao-
imobiliaria-dizem-especialistas.ghtml . Acesso em: 17/mai/2022.

Texto III
Estimativa de domicílios ocupados em aglomerados subnormais – Estados e Distrito Federal

Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101717_apresentacao.pdf. Acesso em: 12/fev/2023

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema “A questão
das moradias irregulares no Brasil do século XXI”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto
de vista.
Prof° Alan Patrik | Redação @comtevestibulares Página | 1
Sugestões de teses argumentativas
A tese da dissertação-argumentativa para o tema deve tratar das questões envolvendo as moradias brasileiras,
como a ausência de direitos e os diversos problemas que circundam essa temática.

- Dentre as argumentações que podem ser trabalhadas, você pode usar:


- Descaso ou ausência estatal, na criação ou efetivação de políticas públicas voltadas para a questão da moradia.
- A falta de planejamento de políticas habitacionais, puxando um gancho para o desenvolvimento desordenado
das grandes cidades;
- O elevado índice de moradores de rua que não estão alojados em aglomerados subnormais;
- A falta de serviços públicos básicos em aglomerados, que excluem os moradores dos direitos de todo cidadão;
- A urbanização e industrialização brasileira desacompanhada do planejamento estatal para com a vivência de seus
cidadãos;
- A marginalização como parte da lógica do subdesenvolvimento perverso;
- A segregação socioespacial.

Pense em como cada um desses tópicos pode afetar a vida dos cidadãos que vivem em condições insalubres.

Sugestões de Repertórios
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição.
Comentário: Como de costume, perceba que não vale à pena você fazer uso de todo o artigo da Constituição, mas
sim, mostrar que o artigo sexto garante direitos básicos para uma vida boa em sociedade, dentre eles a moradia. A
construção, então, se dá pela negação a esse direito básico quando o cidadão ou sofre ou tem seu bem-estar
prejudicado, seja pela carência, seja pela insalubridade, seja pela ausência de oportunidade e até mesmo pela
precariedade no acesso a serviços básicos ne a infraestrutura social.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS


A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e
todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta
Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e,
pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a
sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos
dos territórios sob sua jurisdição.
Artigo 17
§1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
§2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo 25
§1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive
alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em
caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em
circunstâncias fora de seu controle.
§2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou
fora de matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
Comentário: Você pode usar a DUDH para discutir a respeito dos direitos que deveriam ser assegurados para toda
a sociedade. Discorra sobre a situação precária de algumas moradias (quando há), da falta de planejamento de
políticas habitacionais, da prevenção e cuidado com a saúde.

Prof° Alan Patrik | Redação @comtevestibulares Página | 2


O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DO BRASIL
O processo de urbanização no Brasil teve início no século XX, a partir do processo de industrialização, que funcionou
como um dos principais fatores para o deslocamento da população da área rural em direção à área urbana. Esse
deslocamento, também chamado de êxodo rural, provou a mudança de um modelo urbano-industrial. Atualmente,
mais de 80% da população vive em áreas urbanas, o que equivale aos níveis de urbanização dos países
desenvolvidos, segundo o IBGE. A partir de 1930, começou a se criar no país condições específicas para o aumento
do êxodo rural.
Comentário: você pode falar como o processo de urbanização e industrialização ocorreu de forma tardia no Brasil
e desordenada, o que provocou um inchaço populacional exponencial e em pouco tempo. A falta de planejamento
leva o Brasil a viver diversos problemas urbanos, como a ausência de moraria e a precariedades nas moradias
irregulares.

GETÚLIO VARGAS E JUSCELINO KUBITSCHEK


Em 1940, apenas 31% da população brasileira vivia em cidades, de acordo com o IBGE. Foi a partir de 1950 que o
processo de urbanização se intensificou, pois com a industrialização promovida por Getúlio Vargas e Juscelino
Kubitschek, houve a formação de um mercado interno integrado que atraiu milhares de pessoas para o Sudeste do
país, região que possuía a maior infraestrutura e, consequentemente, a que concentrava o maior número de
indústrias.
Comentário: novamente, o que se vê no Brasil é um crescimento acelerado e concentrado nas regiões Sul e Sudeste
do país, devido ao grande processo de industrialização. Ocorre que esse crescimento não acompanha a intensa
chegada de pessoas nas regiões, provocando diversos problemas urbanos, como a violência, a favelização, o
aparecimento de gangues, o emprego irregular e a precária mobilidade urbana. O cenário inóspito das favelas pode
ser levantado como discussão para a temática, como a violência, o conflito entre gangues e órgãos de defesa, a
falta de saneamento básico, a precariedade das moradias e todos os problemas que envolvem as questões urbanas.

MORRO DA PROVIDÊNCIA E A GUERRA DE CANUDOS


Os soldados que lutaram em Canudos receberam a promessa do exército de que, ao fim do massacre, receberiam
a casa própria. Os saldados, ao voltarem da Bahia, não receberam o “pagamento” pelos seus feitos e, ali, no Morro
da Providência, no Rio de Janeiro, construíram a primeira favela de que se tem conhecimento no Brasil. O
povoamento do morro iniciou-se efetivamente na década de 1890 por moradores despejados de um cortiço e por
soldados que participaram da Guerra de Canudos, anos depois.
Comentário: oficialmente, o Morro da Providência é a primeira favela no Brasil, mas o processo de favelização, de
periferização, já vem ocorrendo desde o início do século. Em todas essas regiões, especialmente no Sul e Sudeste,
a favelização é mais intensa, numerosa e desordenada.

Obs: a periferização no Brasil já vinha ocorrendo antes do Morro da Providência, mas diversos eventos tornam esse
processo mais intenso, dentro eles a Guerra de Canudos e a Abolição da Escravatura, que teoricamente libera os
escravos em 1888. Esses eventos ocorrem sem um acompanhamento por parte dos governos, fazendo que com
milhares de negros continuem a viver em estado de extrema pobreza e subsistência e invisibilidade social.

FAVELIZAÇÃO
A Favelização é o processo de surgimento e crescimento do número de favelas em uma dada cidade ou local.
Trata-se de um problema social, pois tais moradias constituem-se a partir das contradições econômicas, históricas
e sociais, o que resulta na formação de casas sem planejamento mínimo, oriundas de invasões e ocupações
irregulares.
Comentário: você pode discutir que o processo de favelização compromete direitos básicos do indivíduo e ela é
fruto de um problema social, um processo de marginalização de uma parte da população que não pode ser
marginalizada. Nesse ponto, é interessante apontar os direitos que são perdidos nesse tipo de contexto ou ainda
pensar em como é o cenário nessas regiões.

Prof° Alan Patrik | Redação @comtevestibulares Página | 3


MACROCEFALIA URBANA
A macrocefalia urbana se refere a um crescimento desigual de alguns polos urbanos em relação aos seus entornos.
O caso de São Paulo é um exemplo: a ocupação do solo na maior cidade da América Latina é bastante atípica em
relação à região próxima a ela e a outras capitais. O fenômeno também pode acontecer dentro da própria cidade.
Morumbi e Capão Redondo ficam na Zona Sul de São Paulo, com uma distância de apenas 11 km entre eles. Já a
densidade demográfica é distante: o bairro mais pobre tem quase cinco vezes mais pessoas por quilômetro
quadrado.
Comentário: discorra sobre como essa macrocefalia urbana destaca os povos marginalizados e evidencia as
condições precárias de sobrevivência. A falta de qualidade nas moradias e em suas construções, organizações
dificulta, por exemplo, o atendimento médico, o combate a enfermidades e a qualidade de vida.

ESTATÍSTICA IBGE
Segundo o IBGE, no estudo de 2018, 13,5 milhões de pessoas estão vivendo abaixo de extrema pobreza. Ou seja,
vivem com menos de 145 reais por mês. Metade dessas pessoas estão na região nordeste do país.
Comentário: a falta de recursos financeiros reflete, com certeza, na moradia desses cidadãos e na qualidade de vida
e bem-estar. Em comparação, Bélgica tem 11,46 mil habilidades. Portugal e Grécia têm, respectivamente, 10,28 mil
e 10,72 mil habitantes.

ESTATÍSTICA AGÊNCIA BRASIL


O Brasil tem 13,6 milhões de pessoas morando em favelas e seus moradores movimentam R$ 119,8 bilhões por
ano. As favelas movimentam um volume de renda maior que 20 das 27 unidades da federação.
Comentário: fala-se, aqui, de uma minoria que lidera e organiza o tráfego. Essa movimentação bilionária é fruto do
tráfego dentro das favelas brasileiras. Veja que viver nessas regiões não é uma escolha do indivíduo, mas uma
imposição de sua própria existência. Sem recursos, o indivíduo marginalizado não vê com outra opção a não ser a
de sobrevivência em cenário inóspito e desumano.

INVISIBILIDADE SOCIAL, SIMONE DE BEAUVOIR


O conceito de Invisibilidade Social tem sido aplicado, em geral, quando se refere a seres socialmente invisíveis, seja
pela indiferença, seja pelo preconceito, o que nos leva a compreender que tal fenômeno atinge tão somente aqueles
que estão à margem da sociedade. Segundo a filósofa existencialista Simone de Beauvoir a sociedade apresenta
um fenômeno chamado de “Invisibilidade Social”, o qual consiste na negligente ação de valorizar determinados
grupos mais que outros.
Comentário: nesse contexto, constata-se que a parte mais pobre da população se torna “invisível” a essa medida,
sendo assim, não possuem fácil acesso aos serviços de saneamento e moradia. Explore mais o argumento, para
torná-lo efetivo e produtivo.

CIDADÃO DE PAPEL, DO JORNALISTA GILBERTO DIMENSTEIN


A obra representa o fato de os direitos dos cidadãos brasileiros estarem apenas no papel, não garantidos na prática.
Comentário: Interesse você fazer uso da obra de Gilberto Dimenstein aliado com alguma legislação brasileira, para
evidenciar esses direitos legais não garantidos na prática.

LIVRO: O CORTIÇO, DE ALUÍSIO AZEVEDO


Pobreza, corrupção, injustiça, traição são elementos integram O cortiço, principal obra do Naturalismo brasileiro.
Nela, Aluísio Azevedo denuncia as mazelas sociais enfrentadas pelos moradores de um cortiço no Rio de Janeiro
no século XIX. É um romance que convida a analisar por meio da observação crítica do cotidiano das personagens
a animalização do ser humano, questão que se mostra, mais do que nunca, atual.
Comentário: Dentre as diversas condições de insalubridade que Aluísio trabalha em O Cortiço, é possível ainda
mencionar as condições precárias das moradias do cortiço, sem saneamento e sem higiene. Você pode usar a obra
para comparar com a realidade brasileira do século atual.

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LIVRO: QUARTO DE DESPEJO, DE CAROLINA MARIA DE JESUS
O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem a este livro, que relata o cotidiano triste e cruel
da vida na favela. O livro retrata uma realidade dura, pesada, de fome, de pobreza, de insegurança, de desigualdade
social, de racismo, de abandono do Estado (viver não deveria ser tão difícil assim...)
Comentário: com base na obra, você pode expor o cotidiano das favelas nos anos 60, na visão de uma catadora de
papel e então comparar a situação precária da época com a – ainda presente – situação atual do Brasil. Carolina
Maria de Jesus define, por meio das descrições de sua moradia desumanizadora, a favela dos anos 60 como um
símbolo da negação de direitos básicos.

“A favela é o quarto de despejo da cidade, porque lá jogam homens e lixo, que lá se confundem, coisas imprestáveis
que a cidade deixa de lado.”

“O Brasil precisa ser dirigido por um homem que já passou fome”

Ideias que podem ser construídas na conclusão


Agente: cidadãos
Detalhamento do agente: no exercício de seu senso crítico
Ação: solicitar condições dignas de moradia e denunciar a omissão do Estado, tantas vezes presente na história do
país.
Meio/Modo: veiculação de conteúdos nas mídias sociais, como fotos e vídeos
Finalidade: deixar claros os efeitos da desigualdade social e, assim, contribuir para que a moradia deixe de ser um
direito negligenciado

Agente: Estado
Detalhamento do agente: na condição de garantidor dos direitos individuais
Ação: garantir os direitos humanos em aglomerados urbanos e ocupações e disponibilizar profissionais que
averiguem e façam melhorias estruturais nesses locais, além do aumento do investimento em políticas habitacionais
e serviços sociais.
Meio/Modo: por meio da ampliação dos serviços públicos em todas as regiões, incluindo-se os aglomerados
Finalidade: para que não haja risco à segurança de seus moradores.

Pensar ainda nos movimentos de ocupações e na ociosidade dos prédios nas grandes cidades pode ser uma ideia
interessante também. Há muitos prédios acumulando ratos e baratas que poderiam ser usados para locação, mas
não são, porque os proprietários aguardam uma valorização do local para que lucrem com isso.

Prof° Alan Patrik | Redação @comtevestibulares Página | 5

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