Você está na página 1de 1

Tema: Dificuldade de acesso à moradia no Brasil.

No romance “O cortiço”, o naturalista Aluísio de Azevedo retrata a sociedade


brasileira do século XIX, em que a camada mais pobre da população vivia em
ambientes com infraestrutura precária, ao passo que os ricos possuíam acesso a
moradias dignas e boa qualidade de vida. Em comparação com a realidade dos dias
atuais, é possível observar que o país continua enfrentando dificuldades em
proporcionar habitações adequadas a todos. A má gestão do espaço urbano associada
a intensa especulação imobiliária intensifica a favelização e o surgimento de
moradores de rua. Nesse sentido, pode-se claramente observar a violação da
Constituição Federal, que assegura o acesso de todos os brasileiros à moradia.
Nesse contexto, deve-se considerar o intenso êxodo rural que ocorreu no país
a partir da década de 50. Com o crescimento das cidades e a falta de planejamento
urbano, inúmeras consequências foram sofridas, entre elas, a dificuldade de
habitação. De acordo com o artigo 6° da Constituição de 1988, o acesso a moradia é
um direito social de todo brasileiro, e apesar de projetos políticos como o “Minha
Casa Minha Vida” contribuírem minimamente na execução desta lei, dados de 2018
publicados pela ONU apontam que cerca de 33 milhões de brasileiros não têm onde
morar.
Ademais, o desenvolvimento contínuo da prática de especulação imobiliária e
a consequente segregação socioespacial tende a acarretar problemas, visto que desta
forma, ocorre uma grande valorização dos espaços centrais de uma área urbana,
tornando os valores das propriedades, aluguéis e impostos inacessíveis. Tal
circunstância resulta no crescimento horizontal das cidades, onde os pobres acabam
ocupando as zonas periféricas, em que o saneamento básico, a segurança e a
infraestrutura são precárias. Segundo dados do Censo Demográfico de 2010,
aproximadamente 11,4 milhões de brasileiros vivem em favelas.
Dessa forma, é notório que o déficit habitacional brasileiro é ocasionado
principalmente pela excessiva especulação imobiliária e a ineficiência da
concretização dos direitos constados na Constituição Federal. Portanto, é necessário
que o governo e as ONGs se aprofundem na elaboração de projetos sociais que
atuem na construção de moradias ou ajuda financeira para a população
marginalizada, a fim de minimizar a quantidade de moradores de rua e possibilitar o
acesso à moradia àqueles que vivem em lugares precários. Assim, a realidade
retratada por Aluísio de Azevedo pode finalmente progredir.

Você também pode gostar