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HISTÓRIA DAS POLITICAS

HABITACIONAIS NO
BRASIL
Aluno: Maycon Douglas S. Ribeiro
As políticas habitacionais no Brasil têm
uma longa história, em parte imbricada
com as demais políticas urbanas. Foram
sempre insuficientes para fazer frente à
volumosa demanda e à elevada
precariedade habitacional provocadas pela
intensa migração e pobreza que
caracterizaram o processo de urbanização
brasileiro.
O problema da habitação no Brasil tem suas origens associadas
ao período de transição de um modelo socioeconômico agrário-
exportador para um modelo urbanoindustrial. Em fins do século
XIX, já se reconhecia em São Paulo o problema da habitação
precária. A massiva imigração de trabalhadores para o Brasil, no
período de consolidação da economia cafeeira, colocava como
condição a produção massiva de moradias para atender as novas
demandas. Essas novas necessidades habitacionais eram
atendidas, sobretudo por um setor chamado de rentista, iniciativa
privada que produzia unidades habitacionais altamente densas em
ocupação e caracterizadas por condições insalubres de moradia,
sendo os cortiços soluções recorrentes.
Em relação ao setor rentista responsável pela produção
de habitações privadas, ou seja, as quais se deviam pagar
aluguel para morar, a relação se parece um pouco, de
forma ilustrada, com a mesma relação do “senhor
barriga” com o “senhor madruga” do seriado “Chaves”.
Isso porque, os rentistas eram os donos do
“pedaço/habitações” e brasileiros/imigrantes os
desabitados, os quais quisessem alugavam o imóvel
ainda que em condições precárias para a habitação.
Com o ganho dos novos séculos nós podemos
vislumbrar um Brasil atual ainda com alguns


reflexos do passado impactando em nossa
organização social e econômica. Estamos agora
diante de problemas sociais estruturais que
determinam onde você irá morar, que emprego
ocupara e qual será a nossa posição social. Estamos
falando das desigualdades sociais.


Atualmente, em virtude de a habitação ser um dos
direitos básicos reconhecidos pela Declaração Universal
dos Direitos Humanos e ser uma necessidade básica, o
Brasil incluiu tal direito na sua carta maior, a
Constituição Federal de 1988, e o assumiu como dever
do Estado. Sendo assim, para garantir o direito
constitucional da população brasileira, há a construção
de conjuntos habitacionais em todo o território
nacional.
Entretanto, a estrutura social e econômica do Brasil, ao longo da
história, seguiu produzindo desigualdades sociais que se expressam
atualmente. A questão da habitação, por exemplo, ainda possui dados
alarmantes. Segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia Estatística (IBGE) em 2010, aproximadamente 11 milhões de
brasileiros vivem em condições inadequadas de moradia. O estudo
aponta, ainda, que, em todo o território brasileiro, pouco mais da metade
(52%) das moradias apresentam condições totalmente adequadas. Ou
seja, metade dos brasileiros não tem acesso a água encanada, tratamento
de esgoto, coleta de lixo, além de terem um dormitório dividido por mais
de duas pessoas.
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A partir da Lei nº 11.124, foi possível traçar o Plano Local de


Habitação de Interesse Social (PLHIS), que dispõe de diretrizes,
objetivos, metas, ações e indicadores que caracterizam os instrumentos de
planejamento e gestão habitacional. Com ele, os municípios e estados
consolidam, em âmbito local, a Política Nacional de Habitação, de forma
participativa e compatível com outros instrumentos de planejamento
local, como os Planos Diretores, quando existentes, e os Planos Plurianuais
Locais. Em suma, o SNHIS permite que os estados e municípios se
comprometam em elaborar seus próprios PLHIS, requisito para que possam
acessar o FNHIS. Portanto, trata-se de uma importante normativa, pois
contribui para estruturar e legitimar a política de habitação no Brasil,
priorizando o acesso das famílias de baixa renda à moradia digna.
Contudo, pode-se afirmar que a materialização da
política pública habitacional, embora esteja
legitimada e estruturada por sistemas
operacionais que possibilitam a configuração de
programas de enfrentamento da questão, ainda se
faz bastante frágil, por não combater a estrutura
social de desigualdade.
REFERENCIAS

SILVA, T.M.S. Historia da politica habitacional brasileira. In: Seminário de politicas urbanas, rurais de habitação e
movimentos sociais. Disponível em: <https://ulbra.grupoa.education/sagah/object/default/64968675>.
SOUZA, A.L. Politica de habitação brasileira atual e serviço social. In: Seminário de politicas urbanas, rurais de
habitação e movimentos sociais. Disponível em: <https://ulbra.grupoa.education/sagah/object/default/65214263>.

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