Na música infantil “A Casa”, Vinicius de Moraes detalha, de forma hiperbólica,
uma residência sem as mínimas condições de moradia. A partir desse cenário, observa-se que grande parte da sociedade brasileira encontra-se vivendo em domicílios insalubres, apresentando-se inaptos à residência. Desse modo, é perceptível que os obstáculos do direito à moradia se devem às políticas habitacionais ineficazes e à má distribuição de renda existentes na República Federativa do Brasil. A princípio, sobre esse assunto, vale ressaltar a importância de políticas habitacionais eficazes na resolução de questões sociais, uma vez que este está diretamente ligado no bem-estar social da população. Nesse contexto, consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos que é dever do Estado conceber uma moradia salubre e bem localizada ao cidadão. Logo, a moradia do residente deve, antes de tudo, não só estar bem saneada, como também, estar de acordo com a realidade trabalhista e social do brasileiro, estando adequada para a locomoção de seus afazeres diários. Sob esse viés, o governo brasileiro falha no que diz respeito à política habitacional, visto que os programas governamentais acabam disponibilizando residências má localizadas, o que afeta essencialmente a conveniência social do indivíduo. Dessa forma, tal postura inábil da parte governamental acaba fomentado com a precarização da moradia. Além disso, merece destaque o quesito da má distribuição de renda, já que a Constituição Federal do Brasil, tem como objetivo fundamental reduzir as desigualdades sociais e regionais, ou seja, equalizar a distribuição de oportunidades dada à população. Todavia, a situação atual da sociedade brasileira destoa-se com os ideais da Constituição, visto que o contraste social em nosso país é evidente nos dias atuais, no qual percebe-se moradias em terrenos arriscados, como despenhadeiros e ribanceiras, que expõe ao perigo a vida dos residentes alí presentes. Em contrapartida, vê-se terrenos bem localizados à disposição de instituições privadas. Dessa forma, se as ideias não saírem do papel e forem executadas pelas autoridades competentes, a má distribuição de renda persistirá sendo um problema para a democratização de moradias. Portanto, cabe ao Estado – em sua função de promotor de bem-estar social – criar políticas habitacionais competentes, condizentes à realidade do povo brasileiro, visando melhorar a localização das residências de programas sociais. Outrossim, é dever do Governo Federal fazer uma melhor distribuição de renda, a qual, independente da localização, o cidadão tenha condições de transitar para realizar seus trabalhos diários, que colabora para a diminuição da desigualdade social. Dessa forma, espera-se que o país não fique em analogia com a música “A Casa”, que retrata a precarização da moradia.
Políticas públicas de regularização fundiária como instrumentos de concretização do direito fundamental à moradia: a implementação de políticas habitacionais no município de Camaçari-BA a partir de 2010