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O poema “A pátria”, escrito pelo parnasiano Olavo Bilac, no século XIX, descreve o Brasil

como um país rico e acolhedor. No entanto, transpondo os versos de Bilac para a realidade, é
perceptível que tal esplendor é restrito ao idealismo poético, considerando que o espaço
urbano brasileiro não se mostra, de fato, afável. Mesmo séculos após séculos do texto de Bilac,
é possível observar que o segregacionismo habitacional em relação a pessoas marginalizadas.
Desta maneira, é necessário ressaltar que a habitação adequada e o livre espaço público são
essenciais para o desenvolvimento da nação. De modo contrário, a qualidade geral do
ambiente civil é afetada, fazendo com que os cidadãos se sintam desconfortáveis e
indesejados, o que acarreta a perpetuação do ciclo da pobreza, inibindo os afetados de modo
que esses recuam mediante o centro social. Tendo em vista a retroatividade da violência, essa
daria continuidade ao problema, tornando-o perdurável.
Ademais, ressalta-se que a inércia governamental também se configura como um obstáculo
no que tange à erradicação da apartação de grupos desprezados e do desabono arquitetônico.
Nesse aspecto, a teoria do jornalista Gilberto Dimenstein, apresentada na obra “Cidadão de
Papel”, afirma que as leis promulgadas na Constituição não são colocadas em prática pelos
governantes. Dessa forma, grupos marginalizados e atingidos por esse tipo de segregação
socioespacial são como “de papel”: descartáveis e frágeis, sem acalento até mesmo da
estrutura de sua cidade.
Fica claro, portanto, que medidas devem ser tomadas para solucionar essa problemática.
Logo, o Estado, através de vias governamentais como o Ministério dos Direitos Humanos e
Cidadania, órgão responsável por implementar e formular políticas públicas, deve intensificar
políticas de acesso à moradia e bem-estar social. Além disso, a mídia institucional deve criar
projetos de conscientização sobre a questão abordada, apresentando a luta contra essa prática
higienista. Desse modo, o país poderá viver as palavras de Bilac e contemplar “a grandiosidade
da terra em que nasceste”.

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