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Conectivos

Contextualização

Tese

Recorte Temático

Repertório

Retomada do tema

Argumento

Como ocorre? (argumento)

Consequência (argumento)

Agente (Conclusão)

Ação (conclusão)

Modo (conclusão)

Finalidade (conclusão)

Detalhamento (conclusão)
De modo ficcional, o filme “Cine Holiúdi” retrata o impacto positivo do cinema no cotidiano das
cidades, dada a sua capacidade de promover o lazer, socialização e cultura. Entretanto, na realidade,
tais benefícios não atingem toda a população brasileira, haja vista a elitização dos meios
cinematográficos e a falta de infraestrutura adequada nos cinemas existentes. Sendo assim, urge a
análise e a resolução desses entraves para democratizar o acesso ao cinema no Brasil.

A princípio, é lícito destacar que a elitização dos meios cinematográficos contribui para que muitos
brasileiros sejam impedidos de frequentar as salas de cinema. Isso posto, segundo o filósofo inglês
Nick Couldry em sua obra “Por que a voz importa?”, a sociedade neoliberal hodierna tende a
silenciar os grupos menos favorecidos, privando-os dos meios de comunicação. A par disso, é
indubitável que a localização dos cinemas em áreas mais nobres e o alto valor dos ingressos
configuram uma tentativa de excluir e silenciar os grupos periféricos, tal como discute Nick Couldry.
Nesse viés, poucos são os indivíduos que desfrutam do direito ao lazer e à cultura promovido pela
cinematografia, o qual está previsto na Constituição e deve ser garantido a todos pelo Estado.

Ademais, vale postular que a falta de infraestrutura adequada para todos os cidadãos também
dificulta o acesso amplo aos cinemas do país. Conquanto a acessibilidade seja um direito assegurado
pela Carta Magna e os cinemas disponham de lugares reservados para cadeirantes, não há
intérpretes de LIBRAS nas telas e a configuração das salas – pautada em escadas – não auxilia o
deslocamento de idosos e portadores de necessidades especiais. À luz dessa perspectiva, é
fundamental que haja maior investimento em infraestrutura para que todos os brasileiros sejam
incluídos nos ambientes cinematográficos.

Por fim, diante dos desafios supramencionados, é necessária a ação conjunta do Estado e da
sociedade para mitigá-los. Nesse âmbito, cabe ao poder público, na figura do Ministério Público, em
parceria com a mídia nacional, desenvolver campanhas educativas – por meio de cartilhas virtuais e
curta-metragens a serem veiculadas nas mídias sociais – a fim de orientar a população e as empresas
de cinema a valorizar o meio cinematográfico e ampliar a acessibilidade das salas. Por sua vez, as
empresas devem colaborar com a democratização do acesso ao cinema pela cobrança de valores
mais acessíveis e pela construção de salas adaptadas. Feito isso, o Brasil poderá garantir os
benefícios do cinema a todos, como relata o filme “Cine Holiúdi”.
Para o filósofo escocês David Hume, a principal característica que difere o ser humano dos outros
animais é o poder de seu pensamento, habilidade que o permite ver aquilo que nunca foi visto e
ouvir aquilo que nunca foi ouvido. Sob essa ótica, vê-se que o cinema representa a capacidade de
transpor para a tela as ideias e os pensamentos presentes no intelecto das pessoas, de modo a
possibilitar a criação de novos universos e, justamente por esse potencial cognitivo, ele é muito
relevante. É prudente apontar, diante disso, que a arte cinematográfica deve ser democratizada, em
especial no Brasil – país rico em expressões culturais que podem dialogar com esse modelo artístico
–, por razões que dizem respeito tanto à sociedade quanto às leis.

Em primeiro lugar, é válido frisar que o cinema dialoga com uma elementar necessidade social e,
consequentemente, não pode ser deixada em segundo plano. Para entender essa lógica, pode-se
mencionar o renomado historiador holandês Johan Huizinga, o qual, no livro “Homo Ludens”, ratifica
a constante busca humana pelo prazer lúdico, pois ele promove um proveitoso bem-estar. É
exatamente nessa conjuntura que se insere o fenômeno cinematográfico, uma vez que ele, ao
possibilitar a interação de vários indivíduos na contemplação do espetáculo, faz com que a plateia
participe das histórias, de forma a compartilhar experiências e vivências – o que representa o fator
lúdico mencionado pelo pensador. É perceptível, portanto, o louvável elemento benfeitor dessa
criação artística, capaz de garantir a coesão da comunidade.

Em segundo lugar, é oportuno comentar que o cenário do cinema supracitado remete ao que
defende o arcabouço jurídico do país. Isso porque o artigo 215 da Constituição Federal é claro em
caracterizar os bens culturais como um direito de todos, concebidos com absoluta prioridade por
parte do Estado. Contudo, é desanimador notar que tal diretriz não dá sinais de plena execução e,
para provar isso, basta analisar as várias pesquisas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN ) que demonstram a lamentável distribuição irregular das práticas artísticas –
dentre elas, o cinema –, uma vez que estão restritas a poucos municípios brasileiros. Vê-se, então, o
perigo da norma apresentada findar em desuso, sob pena de confirmar o que propunha Dante
Alighiere, em “A Divina Comédia”: “As leis existem, mas quem as aplica?”. Esse cenário, certamente,
configura-se como desagregador e não pode ser negligenciado.

Por fim, caminhos devem ser elucidados para democratizar o acesso ao cinema no Brasil, levando-se
em consideração as questões sociais e legislativas abordadas. Sendo assim, cabe ao Governo Federal
– órgão responsável pelo bem-estar e lazer da população – elaborar um plano nacional de incentivo
à prática cinematográfica, de modo a instituir ações como a criação de semanas culturais nacionais,
bem como o desenvolvimento de atividades artísticas públicas. Isso pode ser feito por meio de uma
associação entre prefeituras, governadores e setores federais – já que o fenômeno envolve todos
esses âmbitos administrativos –, os quais devem executar periódicos eventos, ancorados por atores
e diretores, que visem exibir filmes gratuitos para a comunidade civil. Esse projeto deve se adaptar à
realidade de cada cidade para ser efetivo. Dessa forma, o cinema poderá ser, enfim, democratizado,
o que confirmará o que determina o artigo 215 da Constituição. Assim, felizmente, os cidadãos
poderão desfrutar das benesses advindas dessa engrandecedora ação artística.
No célebre texto “As Cidadanias Mutiladas”, o geógrafo brasileiro Milton Santos afirma que a
democracia só é efetiva à medida que atinge a totalidade do corpo social, isto é, quando os direitos
são desfrutados por todos os cidadãos. Todavia, no contexto hodierno, a invisibilidade intrínseca à
falta de documentação pessoal distancia os brasileiros dos direitos constitucionalmente garantidos.
Nesse cenário, a garantia de acesso à cidadania no Brasil tem como estorvos a burocratização do
processo de retirada do registro civil, bem como a indiferença da sociedade diante dessa
problemática.

Nessa perspectiva, é importante analisar que as dificuldades relativas à retirada de documentos


pessoais comprometem o acesso à cidadania no Brasil. Nesse sentido, ainda que a gratuidade do
registro de nascimento seja assegurada pela lei de número 9.534 da Carta Magna, os problemas
associados à documentação civil ultrapassam a esfera financeira, haja vista que a demanda por
registros civis é incompatível com a disponibilidade de vagas ofertadas pelos órgãos responsáveis, o
que torna o processo lento e burocrático. Sob tal óptica, a realidade brasileira pode ser sintetizada
pelo pensamento do sociólogo francês Pierre Bourdieu, o qual afirma que a “violência simbólica” se
expressa quando uma determinada parcela da população não usufrui dos mesmos direitos, fato
semelhante à falta de acesso à cidadania relacionada aos imbróglios da retirada de documentos de
identificação no País.

Outrossim, é válido destacar a ausência de engajamento social como fator que corrobora a
invisibilidade intrínseca à falta de documentação. Fica claro, pois, que a indiferença da sociedade
diante da importância de assegurar o acesso aos registros civis para todos os indivíduos silencia a
temática na conjuntura social, o que compromete a cidadania de muitos brasileiros, haja vista que a
posse de documentos pessoais se faz obrigatória para acessar os benefícios sociais oferecidos pelo
Estado. Sob esse viés, é lícito referenciar o pensamento do professor israelense Yuval Harari, o qual,
na obra “21 Lições para o Século XXI”, afirma que grande parte dos indivíduos não é capaz de
perceber os reais problemas do mundo, o que favorece a adoção de uma postura passiva e apática.

Torna-se imperativo, portanto, que cabe ao Ministério da Cidadania, como importante autoridade
na garantia dos direitos dos cidadãos brasileiros, facilitar o processo de retirada de documentos
pessoais no Brasil. Tal medida deve ser realizada a partir do aumento de vagas ofertadas
diariamente nos principais centros responsáveis pelos registros civis, além do estabelecimento de
um maior número de funcionários, a fim de tornar o procedimento mais dinâmico e acessível, bem
como garantir o acesso à cidadania aos brasileiros. Ademais, fica a cargo do Ministério das
Comunicações estimular o engajamento social por meio de propagandas televisivas e nas redes
sociais, com o fito de dar visibilidade à temática e assim assegurar os direitos cidadãos.
Em “Vidas secas”, obra literária do modernista Graciliano Ramos, Fabiano e sua família vivem uma
situação degradante marcada pela miséria. Na trama, os filhos do protagonista não recebem nomes,
sendo chamados apenas como o “mais velho” e o “mais novo”, recurso usado pelo autor para
evidenciar a desumanização do indivíduo. Ao sair da ficção, sem desconsiderar o contexto histórico
da obra, nota-se que a problemática apresentada ainda percorre a atualidade: a não garantia de
cidadania pela invisibilidade da falta de registro civil. A partir desse contexto, não se pode hesitar – é
imprescindível compreender os impactos gerados pela falta de identificação oficial da população.

Com efeito, é nítido que o deficitário registro civil repercute, sem dúvida, na persistente falta de
pertencimento como cidadão brasileiro. Isso acontece, porque, como já estudado pelo historiador
José Murilo de Carvalho, para que haja uma cidadania completa no Brasil é necessária a coexistência
dos direitos sociais, políticos e civis. Sob essa ótica, percebe-se que, quando o pilar civil não é
garantido – em outras palavras, a não efetivação do direito devido à falta do registro em cartório –,
não é possível fazer com que a cidadania seja alcançada na sociedade. Dessa forma, da mesma
maneira que o “mais novo” e o “mais velho” de Graciliano Ramos, quase 3 milhões de brasileiros
continuam por ser invisibilizados: sem nome oficial, sem reconhecimento pelo Estado e, por fim,
sem a dignidade de um cidadão.

Além disso, a falta do sentimento de cidadania na população não registrada reflete, também, na
manutenção de uma sociedade historicamente excludente. Tal questão ocorre, pois, de acordo com
a análise da antropóloga brasileira Lilia Schwarcz, desde a Independência do Brasil, não há a
formação de um ideal de coletividade – ou seja, de uma “Nação” ao invés de, meramente, um
“Estado”. Com isso, o caráter de desigualdade social e exclusão do diferente se mantém, sobretudo,
no que diz respeito às pessoas que não tiveram acesso ao registro oficial, as quais, frequentemente,
são obrigadas a lidar com situações humilhantes por parte do restante da sociedade: das mais
diversas discriminações até o fato de não poderem ter qualquer outro documento se, antes, não
tiverem sua identificação oficial.

Portanto, ao entender que a falta de cidadania gerada pela invisibilidade do não registro está
diretamente ligada à exclusão social, é tempo de combater esse grave problema. Assim, cabe ao
Poder Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos, ampliar o acesso aos cartórios de registro civil. Tal ação deverá ocorrer por meio da
implantação de um Projeto Nacional de Incentivo à Identidade Civil, o qual irá articular, junto aos
gestores dos municípios brasileiros, campanhas, divulgadas pela mídia socialmente engajada, que
expliquem sobre a importância do registro oficial para garantia da cidadania, além de instruções
para realizar o processo, a fim de mitigar as desigualdades geradas pela falta dessa documentação.
Afinal, assim como os meninos em “Vidas secas”, toda a população merece ter a garantia e o
reconhecimento do seu nome e identidade.
O ser é percebido – O clássico da literatura infantil inglesa “Oliver Twist” aborda as vivências
daqueles marginalizados durante a Era Vitoriana e a forma como eram considerados invisíveis por
não pertencerem à lógica social. Essa percepção sobre uma parcela considerável da população
dialoga, analogamente, com a realidade atual de inúmeros brasileiros que não possuem acesso aos
seus direitos civis por não apresentarem os registros primários necessários à inserção como cidadãos
no próprio país. Dessa forma, torna-se notório que a garantia aos principais instrumentos de
validação pessoal enfraquece problemáticas estruturais da totalidade tupiniquim, pois a
invisibilidade não só fortalece a marginalização, como também mantém um ciclo de violações.

É nesse contexto que a máxima do Empirismo Radical “Ser é ser percebido” reforça a urgência em
ser considerado um cidadão, uma vez que a existência de um indivíduo diante do Estado ocorre
substancialmente a partir do registro da certidão de nascimento, ou seja, esse é o meio de ser
percebido como um agente social pela estrutura do país. Essa estrutura, segundo o antropólogo
belga Claudé Levi-Strauss, representa o conjunto de padrões sociais nos quais a relações
interpessoais estão ancoradas e, desse modo, determina o papel do sujeito na comunidade. Como o
registro civil, para obter direitos no Brasil, é estrutural à lógica contemporânea, a individualidade só
se faz presente por meio dos documentos oficiais, o que promove, portanto, a invisibilidade
daqueles que não os possuem.

Além disso, tal apagamento identitário mantém o agravamento da problemática presente entre as
gerações de forma cíclica, pois pais invisíveis geram filhos invisíveis ao país. Como é preciso ser
registrado para ter acesso aos princípios básicos para a manutenção da vida, os quais, de acordo
com a consolidação dos direitos civis durante o iluminismo francês, são a propriedade, a liberdade e
todos os aspectos que envolvem a vida, como educação e saúde, a garantia de acesso à cidadania
representa um caminho para a valorização individual. Nesse cenário, a supressão da invisibilidade e,
consequentemente, a percepção pessoal pela totalidade brasileira marcam o início do avanço social
no país e afasta, por fim, da realidade analisada em “Oliver Twist”, na qual as pessoas não eram
reconhecidas como seres humanos por não serem percebidas.

Há, portanto, a urgência de findar essa problemática notória na estrutura do Brasil. Cabe, então, ao
ministério da Família e dos Direitos Humanos, responsável pelo encabeçamento da manutenção da
seguridade social, promover, em parceria com prefeituras e subprefeituras, um aumento da eficácia
de registro civil nos municípios. Essa ação irá ocorrer por meio de campanhas, as quais promoverão
a conscientização sobre o acesso aos direitos civis, e documento da contratação de funcionários dos
fóruns para agilizar o registro, principalmente, das certidões de nascimento. Dessa maneira, haverá a
diminuição da marginalização de uma parcela populacional, seja ativamente pela garantia de acesso
à cidadania, seja pelo rompimento do ciclo de invisibilidade.
De acordo com o filósofo Platão, a associação entre saúde física e mental seria imprescindível para a
manutenção da integridade humana. Nesse contexto, elucida-se a necessidade de maior atenção ao
aspecto psicológico, o qual, além de estar suscetível a doenças, também é alvo de estigmatização na
sociedade brasileira. Tal discriminação é configurada a partir da carência informacional concatenada
à idealização da vida nas redes sociais, o que gera a falta de suporte aos necessitados. Isso mostra
que esse revés deve ser solucionado urgentemente.

Sob essa análise, é necessário salientar que fatores relevantes são combinados na estruturação
dessa problemática. Dentre eles, destaca-se a ausência de informações precisas e contundentes a
respeito das doenças mentais, as quais, muitas vezes, são tratadas com descaso e desrespeito. Essa
falta de subsídio informacional é grave, visto que impede que uma grande parcela da população
brasileira conheça a seriedade das patologias psicológicas, sendo capaz de comprometer a realização
de tratamentos adequados, a redução do sofrimento do paciente e a sua capacidade de
recuperação. Somada a isso, a veiculação virtual de uma vida idealizada também contribui para a
construção dessa caótica conjuntura, pois é responsável pela crença equivocada de que a existência
humana pode ser feita, isto é, livre de obstáculos e transtornos. Esse entendimento falho da
realidade fez com que os indivíduos que não se encaixem nos padrões difundidos, em especial no
que concerne à saúde mental, sejam vítimas de preconceito e exclusão. Evidencia-se, então, que a
carência de conhecimento associado à irrealidade digitalmente disseminada arquiteta esse
lastimável panorama.

Consequentemente, tais motivadores geram incontestáveis e sérios efeitos na vida dos indivíduos
que sofrem de algum gênero de doença mental. Tendo isso em vista, o acolhimento insuficiente e a
falta de tratamento são preocupantes, uma vez que os acometidos precisam de compreensão,
respeito e apoio para disporem de mais energia e motivação no enfrentamento dessa situação, além
de acompanhamento médico e psicológico também ser essencial para que a pessoa entenda seus
sentimentos e organize suas estruturas psicológicas de uma forma mais salutar e emancipadora. O
filme “Toc toc” retrata precisamente o processo de cura de um grupo de amigos que são
diagnosticados com transtornos de ordem psicológica, revelando que o carinho fraternal e o
entendimento mútuo são ferramentas fundamentais no desenvolvimento integral da saúde. Mostra-
se, assim, que a estigmatização de doentes mentais produz a escassez de elementos primordiais
para que eles possam ser tratados e curados.

Urge, portanto, que o Ministério da Saúde crie uma plataforma, por meio de recursos digitais, que
contenha informações a respeito das doenças mentais e que proponha comportamentos e atitudes
adequadas a serem adotados durante uma interação com uma pessoa que esteja com alguma
patologia do gênero, além de divulgar os sinais mais frequentes relacionados à ausência de saúde
psicológica. Essa medida promoverá uma maior rede informacional e propiciará um maior apoio aos
necessitados. Ademais, também cabe à sociedade e a mídia elaborar campanhas que preguem a
contrariedade ao preconceito no que tange os doentes dessa natureza, o que pode ser efetivado
através de mobilizações em redes sociais e por intermédio de programas televisivos com viés
informativo. Tal iniciativa é capaz de engajar a população brasileira no combate a esse tipo de
discriminação. Com isso, a ideia platônica será convertida em realidade no Brasil.
A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira é um problema muito presente.
Isso deve ser enfrentado, uma vez que, diariamente, mulheres são vítimas desta questão. Neste
sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: o legado histórico-cultural e o desrespeito às leis.
Segundo a História, a mulher sempre foi vista como inferior e submissa ao homem.

Comprova-se isso pelo fato de elas poderem exercer direitos, ingressarem no mercado de trabalho e
escolherem suas próprias roupas muito tempo depois do gênero oposto. Esse cenário, juntamente
aos inúmeros casos de violência contra as mulheres corroboram a ideia de que elas são vítimas de
um histórico-cultural. Nesse ínterim, a cultura machista prevaleceu ao longo dos anos a ponto de
enraizar-se na sociedade contemporânea, mesmo que de forma implícita, à primeira vista.

Conforme previsto pela Constituição Brasileira, todos são iguais perante à lei, independente de cor,
raça ou gênero, sendo a isonomia salarial, aquela que prevê mesmo salário para mesma função,
também garantidas por lei. No entanto, o que se observa em diversas partes do país, é a gritante
diferença entre os salários de homens e mulheres, principalmente se estas forem negras. Esse fato
causa extrema decepção e constrangimento a elas, as quais sentem-se inseguras e sem ter a quem
recorrer. Desse modo, medidas fazem-se necessárias para corrigir a problemática.

Diante dos argumentos supracitados, é dever do Estado proteger as mulheres da violência, tanto
física quanto moral, criando campanhas de combate à violência, além de impor leis mais rígidas e
punições mais severas para aqueles que não as cumprem. Some-se a isso investimentos em
educação, valorizando e capacitando os professores, no intuito de formar cidadãos comprometidos
em garantir o bem-estar da sociedade como um todo.
A mulher vem, ao longo dos séculos XX e XXI, adquirindo valiosas conquistas, como o direito de votar
e ser votada. Entretanto, a violência contra este gênero parece não findar, mesmo com a existência
de dispositivos legais que protegem a mulher. A diminuição dos índices deste tipo de violência
ocorrerá no momento em que os dispositivos legais citados passarem a ser realmente eficazes e o
machismo for efetivamente combatido, desafios esses que precisam ser encarados tanto pelo
Estado quanto pela sociedade civil. A Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, por exemplo, são
dispositivos legais que protegem a mulher.

Entretanto, estes costumam ser ineficazes, visto que a população não possui esclarecimentos sobre
eles. Dessa forma, muitas mulheres são violentadas diariamente e não denunciam por não terem
conhecimento sobre as ditas leis e os agressores, por sua vez, persistem provocando violências
físicas, psicológicas, morais, etc., por, às vezes, não saberem que podem ser seriamente punidos por
suas ações.

Somado a isso, o machismo existente na sociedade brasileira contribui decisivamente para essa
persistência. Na sociedade de caráter patriarcal em que vivemos é passado, ao longo das gerações,
valores que propagam a ideia de que a mulher deve ser submissa ao homem. Essa ideia é reforçada
pela mídia ao apresentar, por exemplo, a mulher com enorme necessidade de casar, e, quando
consegue, ela deve ser grata ao homem, submetendo-se, dessa forma, às suas vontades. Com isso,
muitos homens crescem com essa mentalidade, submetendo assim, suas esposas aos mais diversos
tipos de violência.

Visto isso, faz-se necessária a reversão de tal contexto. Para isso, é preciso que o Poder Público
promova palestras em locais públicos nas cidades brasileiras a fim de esclarecer a população sobre
os dispositivos legais existentes que protegem a mulher, aumentando, desse modo, o número de
denúncias.

Aliado a isso, é preciso que as escolas, junto com a equipe de psicólogos, promovam campanhas,
palestras, peças teatrais, etc. , que desestimulem o machismo entre crianças e adolescentes para
que, a longo prazo, o machismo na sociedade brasileira seja findado. Somado a isso, a população
pode pressionar a mídia através das redes sociais, por exemplo, para que ela passe a propagar a
equidade entre gêneros e pare de disseminar o machismo na sociedade.
Historicamente, o papel feminino nas sociedades ocidentais foi subjugado aos interesses masculinos
e tal paradigma só começou a ser contestado em meados do século XX, tendo a francesa Simone de
Beauvoir como expoente. Conquanto tenham sido obtidos avanços no que se refere aos direitos
civis, a violência contra a mulher é uma problemática persistente no Brasil, uma vez que ela se dá-
na maioria das vezes- no ambiente doméstico. Essa situação dificulta as denúncias contra os
agressores, pois muitas mulheres temem expor questões que acreditam ser de ordem particular.

Com efeito, ao longo das últimas décadas, a participação feminina ganhou destaque nas
representações políticas e no mercado de trabalho. As relações na vida privada, contudo, ainda
obedecem a uma lógica sexista em algumas famílias. Nesse contexto, a agressão parte de um pai,
irmão, marido ou filho; condição de parentesco essa que desencoraja a vítima a prestar queixas,
visto que há um vínculo institucional e afetivo que ela teme romper.

Outrossim, é válido salientar que a violência de gênero está presente em todas as camadas sociais,
camuflada em pequenos hábitos cotidianos. Ela se revela não apenas na brutalidade dos
assassinatos, mas também nos atos de misoginia e ridicularização da figura feminina em ditos
populares, piadas ou músicas. Essa é a opressão simbólica da qual trata o sociólogo Pierre Bordieu: a
violação aos Direitos Humanos não consiste somente no embate físico, o desrespeito está –
sobretudo- na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da pessoa humana ou
de um grupo social.

Destarte, é fato que o Brasil encontra-se alguns passos à frente de outros países o combate à
violência contra a mulher, por ter promulgado a Lei Maria da Penha. Entretanto, é necessário que o
Governo reforce o atendimento às vítimas, criando mais delegacias especializadas, em turnos de 24
horas, para o registro de queixas. Por outro lado, uma iniciativa plausível a ser tomada pelo
Congresso Nacional é a tipificação do feminicídio como crime de ódio e hediondo, no intuito de
endurecer as penas para os condenados e assim coibir mais violações. É fundamental que o Poder
Público e a sociedade – por meio de denúncias – combatam praticas machistas e a execrável prática
do feminicídio.

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