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EXEMPLOS DE REDAÇÃO NOTA 1000 NO ENEM

Enem 2022 – Luís Felipe de Brito.

Tema: Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil.

O poeta modernista Oswald de Andrade relata, em “Erro de Português”, que, sob um dia de chuva, o
índio foi vestido pelo português – uma denúncia à aculturação sofrida pelos povos indígenas com a
chegada dos europeus ao território brasileiro. Paralelamente, no Brasil atual, há a manutenção de
práticas prejudiciais não só aos silvícolas, mas também aos demais povos e comunidades tradicionais,
como os pescadores. Com efeito, atuam como desafios para a valorização desses grupos a educação
deficiente acerca do tema e a ausência do desenvolvimento sustentável.

Diante desse cenário, existe a falta da promoção de um ensino eficiente sobre as populações
tradicionais. Sob esse viés, as escolas, ao abordarem tais povos por meio de um ponto de vista histórico
eurocêntrico, enraízam no imaginário estudantil a imagem de aborígenes cujas vivências são marcadas
pela defasagem tecnológica.

A exemplo disso, há o senso comum de que os indígenas são selvagens, alheios aos benefícios do
mundo moderno, o que, consequentemente, gera um preconceito, manifestado em indagações como “o
índio tem ‘smartphone’ e está lutando pela demarcação de terras?” – ideia essa que deslegitima a luta
dos silvícolas.

Entretanto, de acordo com a Teoria do Indigenato, defendida pelo ministro Edson Fachin, do Supremo
Tribunal Federal, o direito dos povos tradicionais à terra é inato, sendo anterior, até, à criação do Estado
brasileiro. Dessa forma, por não ensinarem tal visão, os colégios fomentam a desvalorização das
comunidades tradicionais, mediante o desenvolvimento de um pensamento discriminatório nos alunos.

Além disso, outro desafio para o reconhecimento desses indivíduos é a carência do progresso
sustentável. Nesse contexto, as entidades mercadológicas que atuam nas áreas ocupadas pelas
populações tradicionais não necessariamente se preocupam com a sua preservação, comportamento no
qual se valoriza o lucro em detrimento da harmonia entre a natureza e as comunidades em questão. À
luz disso, há o exemplo do que ocorre aos pescadores, cujos rios são contaminados devido ao garimpo
ilegal, extremamente comum na Região Amazônica.

Por conseguinte, o povo que sobrevive a partir dessa atividade é prejudicado pelo que a Biologia chama
de magnificação trófica, quando metais pesados acumulam-se nos animais de uma cadeia alimentar –
provocando a morte de peixes e a infecção de humanos por mercúrio. Assim, as indústrias que usam os
recursos naturais de forma irresponsável não promovem o desenvolvimento sustentável e agem de
maneira nociva às sociedades tradicionais.

Portanto, é essencial que o governo mitigue os desafios supracitados. Para isso, o Ministério da
Educação – órgão responsável pelo estabelecimento da grade curricular das escolas – deve educar os
alunos a respeito dos empecilhos à preservação dos indígenas, por meio da inserção da matéria
“Estudos Indigenistas” no ensino básico, a fim de explicar o contexto dos silvícolas e desconstruir o
preconceito. Ademais, o Ministério do Desenvolvimento – pasta instituidora da Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais – precisa fiscalizar as atividades
econômicas danosas às sociedades vulneráveis, visando à valorização de tais pessoas, mediante canais
de denúncias.
Enem 2021 – Maitê Maria (PB)

Tema: Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil

No célebre texto “As Cidadanias Mutiladas”, o geógrafo brasileiro Milton Santos afirma que a
democracia só é efetiva à medida que atinge a totalidade do corpo social, isto é, quando os direitos são
desfrutados por todos os cidadãos. Todavia, no contexto hodierno, a invisibilidade intrínseca à falta de
documentação pessoal distancia os brasileiros dos direitos constitucionalmente garantidos. Nesse
cenário, a garantia de acesso à cidadania no Brasil tem como estorvos a burocratização do processo de
retirada do registro civil, bem como a indiferença da sociedade diante dessa problemática.

Nessa perspectiva, é importante analisar que as dificuldades relativas à retirada de documentos


pessoais comprometem o acesso à cidadania no Brasil. Nesse sentido, ainda que a gratuidade do
registro de nascimento seja assegurada pela lei de número 9.534 da Carta Magna, os problemas
associados à documentação civil ultrapassam a esfera financeira, haja vista que a demanda por
registros civis é incompatível com a disponibilidade de vagas ofertadas pelos órgãos responsáveis, o que
torna o processo lento e burocrático. Sob tal óptica, a realidade brasileira pode ser sintetizada pelo
pensamento do sociólogo francês Pierre Bourdieu, o qual afirma que a “violência simbólica” se expressa
quando uma determinada parcela da população não usufrui dos mesmos direitos, fato semelhante à
falta de acesso à cidadania relacionada aos imbróglios da retirada de documentos de identificação no
País.

Outrossim, é válido destacar a ausência de engajamento social como fator que corrobora a
invisibilidade intrínseca à falta de documentação. Fica claro, pois, que a indiferença da sociedade diante
da importância de assegurar o acesso aos registros civis para todos os indivíduos silencia a temática na
conjuntura social, o que compromete a cidadania de muitos brasileiros, haja vista que a posse de
documentos pessoais se faz obrigatória para acessar os benefícios sociais oferecidos pelo Estado. Sob
esse viés, é lícito referenciar o pensamento do professor israelense Yuval Harari, o qual, na obra “21
Lições para o Século XXI”, afirma que grande parte dos indivíduos não é capaz de perceber os reais
problemas do mundo, o que favorece a adoção de uma postura passiva e apática.

Torna-se imperativo, portanto, que cabe ao Ministério da Cidadania, como importante autoridade na
garantia dos direitos dos cidadãos brasileiros, facilitar o processo de retirada de documentos pessoais
no Brasil. Tal medida deve ser realizada a partir do aumento de vagas ofertadas diariamente nos
principais centros responsáveis pelos registros civis, além do estabelecimento de um maior número de
funcionários, a fim de tornar o procedimento mais dinâmico e acessível, bem como garantir o acesso à
cidadania aos brasileiros. Ademais, fica a cargo do Ministério das Comunicações estimular o
engajamento social por meio de propagandas televisivas e nas redes sociais, com o fito de dar
visibilidade à temática e assim assegurar os direitos cidadãos.

Enem 2021 – Redação nota 1000

Fernanda Quaresma (PE)

Em “Vidas secas”, obra literária do modernista Graciliano Ramos, Fabiano e sua família vivem uma
situação degradante marcada pela miséria. Na trama, os filhos do protagonista não recebem nomes,
sendo chamados apenas como o “mais velho” e o “mais novo”, recurso usado pelo autor para evidenciar
a desumanização do indivíduo. Ao sair da ficção, sem desconsiderar o contexto histórico da obra, nota-
se que a problemática apresentada ainda percorre a atualidade: a não garantia de cidadania pela
invisibilidade da falta de registro civil. A partir desse contexto, não se pode hesitar – é imprescindível
compreender os impactos gerados pela falta de identificação oficial da população.

Com efeito, é nítido que o deficitário registro civil repercute, sem dúvida, na persistente falta de
pertencimento como cidadão brasileiro. Isso acontece, porque, como já estudado pelo historiador José
Murilo de Carvalho, para que haja uma cidadania completa no Brasil é necessária a coexistência dos
direitos sociais, políticos e civis. Sob essa ótica, percebe-se que, quando o pilar civil não é garantido –
em outras palavras, a não efetivação do direito devido à falta do registro em cartório –, não é possível
fazer com que a cidadania seja alcançada na sociedade. Dessa forma, da mesma maneira que o “mais
novo” e o “mais velho” de Graciliano Ramos, quase 3 milhões de brasileiros continuam por ser
invisibilizados: sem nome oficial, sem reconhecimento pelo Estado e, por fim, sem a dignidade de um
cidadão.

Além disso, a falta do sentimento de cidadania na população não registrada reflete, também, na
manutenção de uma sociedade historicamente excludente. Tal questão ocorre, pois, de acordo com a
análise da antropóloga brasileira Lilia Schwarcz, desde a Independência do Brasil, não há a formação
de um ideal de coletividade – ou seja, de uma “Nação” ao invés de, meramente, um “Estado”. Com isso,
o caráter de desigualdade social e exclusão do diferente se mantém, sobretudo, no que diz respeito às
pessoas que não tiveram acesso ao registro oficial, as quais, frequentemente, são obrigadas a lidar com
situações humilhantes por parte do restante da sociedade: das mais diversas discriminações até o fato
de não poderem ter qualquer outro documento se, antes, não tiverem sua identificação oficial.

Portanto, ao entender que a falta de cidadania gerada pela invisibilidade do não registro está
diretamente ligada à exclusão social, é tempo de combater esse grave problema. Assim, cabe ao Poder
Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos,
ampliar o acesso aos cartórios de registro civil. Tal ação deverá ocorrer por meio da implantação de um
Projeto Nacional de Incentivo à Identidade Civil, o qual irá articular, junto aos gestores dos municípios
brasileiros, campanhas, divulgadas pela mídia socialmente engajada, que expliquem sobre a
importância do registro oficial para garantia da cidadania, além de instruções para realizar o processo,
a fim de mitigar as desigualdades geradas pela falta dessa documentação. Afinal, assim como os
meninos em “Vidas secas”, toda a população merece ter a garantia e o reconhecimento do seu nome e
identidade.  Fonte: http://glo.bo/3E1raPO

Redação nota 1000 – Enem 2021

Giovana Dias (PE)

Em sua obra “Os Retirantes”, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma denúncia à condição de
desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais, vulneráveis socioeconomicamente, são
invisibilizados enquanto cidadãos. A crítica de Portinari continua válida nos dias atuais, mesmo
décadas após a pintura ter sido feita, como se pode notar a partir do alto índice de brasileiros que não
possuem registro civil de nascimento, fator que os invisibiliza. Com base nesse viés, é fundamental
discutir a principal razão para a posse do documento promover a cidadania, bem como o principal
entrave que impede que tantas pessoas não se registrem.

Com efeito, nota-se que a importância da certidão de nascimento para a garantia da cidadania se
relaciona à sua capacidade de proporcionar um sentimento de pertencimento. Tal situação ocorre,
porque, desde a formação do país, esse sentimento é escasso entre a população, visto que, desde 1500,
os países desenvolvidos se articularam para usufruir ao máximo do que a colônia tinha a oferecer, visão
ao lucro a todo custo, sem se preocupar com a população que nela vivia ou com o desenvolvimento
interno do país. Logo, assim como estudado pelo historiador Caio Prado Júnior, formou-se um Estado
de bases frágeis, resultando em uma falta de um sentimento de identificação como brasileiro. Desse
modo, a posse de documentos, como a certidão de nascimento, funcione como uma espécie de âncora
para uma população com escasso sentimento de pertencimento, sendo identificada como uma prova
legal da sua condição enquanto cidadãos brasileiros.

Ademais, percebe-se que o principal entrave que impede que tantas pessoas no Brasil não se registrem
é o perfil da educação brasileira, a qual tem como objetivo formar a população apenas como mão de
obra. Isso acontece, porque, assim como teorizado pelo economista José Murilo de Carvalho, observa-se
a formação de uma “cidadania operária”, na qual a população mais vulnerável socioeconomicamente
não é estimulada a desenvolver um pensamento crítico e é idealizada para ser explorada.

  Nota-se, então, que, devido a essa disfunção no sistema educacional, essas pessoas não conhecem seus
direitos como cidadãos, como o direito de possuir um documento de registro civil. Assim, a partir dessa
educação falha, forme-se um ciclo de desigualdade, observada no fato de o país ocupar o 9º lugar entre
os países mais desiguais do mundo, segundo o IBGE, já que, assim como afirmado pelo sociólogo
Florestan Fernandes, uma nação com acesso a uma educação de qualidade não sujeitaria seu povo a
condições de precária cidadania, como a observada a partir do alto número de pessoas sem registro no
país.

Portanto, observa-se que a questão do alto índice de pessoas no Brasil sem certidão de nascimento deve
ser resolvida. Para isso, é necessário que o Ministério da Educação reforce políticas de instrução da
população acerca dos seus direitos. Tal ação deve ocorrer por meio da criação de um Projeto Nacional
de Acesso à Certidão, a qual irá promover, nas escolas públicas de todos os 5570 municípios brasileiros,
debates acerca da importância do documento de registro civil para a preservação da cidadania, os
quais irão acontecer tanto extracurricularmente quanto nas aulas de sociologia. Isso deve ocorrer, a fim
de formar brasileiros que, cientes dos seus direitos, podem mudar o atual cenário de precária cidadania
e desigualdade.

Redação Enem 2021 – Nota 1000

Sarah Fernandes Rosa (SP)

O ser é percebido  – O clássico da literatura infantil inglesa “Oliver Twist” aborda as vivências daqueles
marginalizados durante a Era Vitoriana e a forma como eram considerados invisíveis por não
pertencerem à lógica social. Essa percepção sobre uma parcela considerável da população dialoga,
analogamente, com a realidade atual de inúmeros brasileiros que não possuem acesso aos seus direitos
civis por não apresentarem os registros primários necessários à inserção como cidadãos no próprio país.
Dessa forma, torna-se notório que a garantia aos principais instrumentos de validação pessoal
enfraquece problemáticas estruturais da totalidade tupiniquim, pois a invisibilidade não só fortalece a
marginalização, como também mantém um ciclo de violações.

É nesse contexto que a máxima do Empirismo Radical “Ser é ser percebido” reforça a urgência em ser
considerado um cidadão, uma vez que a existência de um indivíduo diante do Estado ocorre
substancialmente a partir do registro da certidão de nascimento, ou seja, esse é o meio de ser percebido
como um agente social pela estrutura do país. Essa estrutura, segundo o antropólogo belga Claudé
Levi-Strauss, representa o conjunto de padrões sociais nos quais a relações interpessoais estão
ancoradas e, desse modo, determina o papel do sujeito na comunidade. Como o registro civil, para
obter direitos no Brasil, é estrutural à lógica contemporânea, a individualidade só se faz presente por
meio dos documentos oficiais, o que promove, portanto, a invisibilidade daqueles que não os possuem.

Além disso, tal apagamento identitário mantém o agravamento da problemática presente entre as
gerações de forma cíclica, pois pais invisíveis geram filhos invisíveis ao país. Como é preciso ser
registrado para ter acesso aos princípios básicos para a manutenção da vida, os quais, de acordo com a
consolidação dos direitos civis durante o iluminismo francês, são a propriedade, a liberdade e todos os
aspectos que envolvem a vida, como educação e saúde, a garantia de acesso à cidadania representa um
caminho para a valorização individual. Nesse cenário, a supressão da invisibilidade e,
consequentemente, a percepção pessoal pela totalidade brasileira marcam o início do avanço social no
país e afasta, por fim, da realidade analisada em “Oliver Twist”, na qual as pessoas não eram
reconhecidas como seres humanos por não serem percebidas.

Há, portanto, a urgência de findar essa problemática notória na estrutura do Brasil. Cabe, então, ao
ministério da Família e dos Direitos Humanos, responsável pelo encabeçamento da manutenção da
seguridade social, promover, em parceria com prefeituras e subprefeituras, um aumento da eficácia de
registro civil nos municípios. Essa ação irá ocorrer por meio de campanhas, as quais promoverão a
conscientização sobre o acesso aos direitos civis, e documento da contratação de funcionários dos
fóruns para agilizar o registro, principalmente, das certidões de nascimento. Dessa maneira, haverá a
diminuição da marginalização de uma parcela populacional, seja ativamente pela garantia de acesso à
cidadania, seja pelo rompimento do ciclo de invisibilidade.  Fonte: http://glo.bo/3E1raPO

Enem 2020 – Redação da candidata Raíssa Picolli Fontoura

A redação abaixo foi escrita pela Raíssa Picolli Fontoura, do Mato Grosso do Sul. O seu texto também
recebeu a nota máxima dos avaliadores do Enem 2020.

De acordo com o filósofo Platão, a associação entre saúde física e mental seria imprescindível para a
manutenção da integridade humana. Nesse contexto, elucida-se a necessidade de maior atenção ao
aspecto psicológico, o qual, além de estar suscetível a doenças, também é alvo de estigmatização na
sociedade brasileira. Tal discriminação é configurada a partir da carência informacional concatenada à
idealização da vida nas redes sociais, o que gera a falta de suporte aos necessitados. Isso mostra que
esse revés deve ser solucionado urgentemente.

Sob essa análise, é necessário salientar que fatores relevantes são combinados na estruturação dessa
problemática. Dentre eles, destaca-se a ausência de informações precisas e contundentes a respeito das
doenças mentais, as quais, muitas vezes, são tratadas com descaso e desrespeito. Essa falta de subsídio
informacional é grave, visto que impede que uma grande parcela da população brasileira conheça a
seriedade das patologias psicológicas, sendo capaz de comprometer a realização de tratamentos
adequados, a redução do sofrimento do paciente e a sua capacidade de recuperação. Somada a isso, a
veiculação virtual de uma vida idealizada também contribui para a construção dessa caótica
conjuntura, pois é responsável pela crença equivocada de que a existência humana pode ser feita, isto é,
livre de obstáculos e transtornos. Esse entendimento falho da realidade fez com que os indivíduos que
não se encaixem nos padrões difundidos, em especial no que concerne à saúde mental, sejam vítimas
de preconceito e exclusão. Evidencia-se, então, que a carência de conhecimento associado à irrealidade
digitalmente disseminada arquitetam esse lastimável panorama.

Consequentemente, tais motivadores geram incontestáveis e sérios efeitos na vida dos indivíduos que
sofrem de algum gênero de doença mental. Tendo isso em vista, o acolhimento insuficiente e a falta de
tratamento são preocupantes, uma vez que os acometidos precisam de compreensão, respeito e apoio
para disporem de mais energia e motivação no enfrentamento dessa situação, além de
acompanhamento médico e psicológico também ser essencial para que a pessoa entenda seus
sentimentos e organize suas estruturas psicológicas de uma forma mais salutar e emancipadora. O
filme “Toc toc” retrata precisamente o processo de cura de um grupo de amigos que são diagnosticados
com transtornos de ordem psicológica, revelando que o carinho fraternal e o entendimento mútuo são
ferramentas fundamentais no desenvolvimento integral da saúde. Mostra-se, assim, que a
estigmatização de doentes mentais produz a escassez de elementos primordiais para que eles possam
ser tratados e curados.

Urge, portanto, que o Ministério da Saúde crie uma plataforma, por meio de recursos digitais, que
contenha informações a respeito das doenças mentais e que proponha comportamentos e atitudes
adequadas a serem adotados durante uma interação com uma pessoa que esteja com alguma
patologia do gênero, além de divulgar os sinais mais frequentes relacionados à ausência de saúde
psicológica. Essa medida promoverá uma maior rede informacional e propiciará um maior apoio aos
necessitados. Ademais, também cabe à sociedade e a mídia elaborar campanhas que preguem a
contrariedade ao preconceito no que tange os doentes dessa natureza, o que pode ser efetivado através
de mobilizações em redes sociais e por intermédio de programas televisivos com viés informativo. Tal
iniciativa é capaz de engajar a população brasileira no combate a esse tipo de discriminação. Com isso,
a ideia platônica será convertida em realidade no Brasil.

Redação nota mil 2018: Thais Saeger

É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas esferas, a exemplo da
saúde, dos transportes e das relações sociais. No que concerne ao uso da internet, a rede potencializou
o fenômeno da massificação do consumo, pois permitiu, por meio da construção de um banco de
dados, oferecer produtos de acordo com os interesses dos usuários.  Tal personalização se observa,
também, na divulgação de informações que, dessa forma, se tornam, muitas vezes, tendenciosas. Nesse
sentido, é necessário analisar tal quadro, intrinsecamente ligado a aspectos educacionais e econômicos.

É importante ressaltar, em primeiro plano, de que forma o controle de dados na internet permite a
manipulação do comportamento dos usuários. Isso ocorre, em grande parte, devido ao baixo senso
crítico da população, fruto de uma educação tecnicista, na qual não há estímulo ao questionamento.

Sob esse âmbito, a internet usufrui dessa vulnerabilidade e, por intermédio de uma análise dos sites
mais visitados por determinado indivíduo, consegue rastrear seus gostos e propor notícias ligadas aos
seus interesses, limitando, assim, o modo de pensar dos cidadãos. Em meio a isso, uma analogia com a
educação libertadora proposta por Paulo Freire mostra-se possível, uma vez que o pedagogo defendia
um ensino capaz de estimular a reflexão e, dessa forma, libertar o indivíduo da situação a qual
encontra-se sujeitado – neste caso, a manipulação.

Cabe mencionar, em segundo plano, quais os interesses atendidos por tal controle de dados. Essa
questão ocorre devido ao capitalismo, modelo econômico vigente desde o fim da Guerra Fria, em 1991,
o qual estimula o consumo em massa. Nesse âmbito, a tecnologia, aliada aos interesses do capital,
também propõe aos usuários da rede produtos que eles acreditam ser personalizados.
Partindo desse pressuposto, esse cenário corrobora o termo “ilusão da contemporaneidade” defendido
pelo filósofo Sartre, já que os cidadãos acreditam estar escolhendo uma mercadoria diferenciada mas,
na verdade, trata-se de uma manipulação que visa ampliar o consumo.

Infere-se, portanto, que o controle do comportamento dos usuários possui íntima relação com aspectos
educacionais e econômicos.

Desse modo, é imperiosa uma ação do MEC, que deve, por meio da oferta de debates e seminários nas
escolas, orientar os alunos a buscarem informações de fontes confiáveis como artigos científicos ou por
intermédio da checagem de dados, com o fito de estimular o senso crítico dos estudantes e, dessa
forma, evitar que sejam manipulados.

Visando ao mesmo objetivo, o MEC pode, ainda, oferecer uma disciplina de educação tecnológica nas
escolas, através de sua inclusão na Base Comum Curricular, causando um importante impacto na
construção da consciência coletiva. Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida.

Redação nota mil 2017: Marcus Vinícius,ex-aluno da Rede Plataforma SAS

No Brasil, o início do processo de educação de surdos remonta ao Segundo Reinado. No entanto, esse
ato não se configurou como inclusivo, já que se caracterizou pelo estabelecimento de um “apartheid”
educacional, ou seja, uma escola exclusiva para tal público, segregando-o dos que seriam considerados
“normais” pela população.  Assim, notam-se desafios ligados à formação educacional das pessoas com
dificuldade auditiva, seja por estereotipação da sociedade civil, seja por passividade governamental.
Portanto, haja vista que a educação é fundamental para o desenvolvimento econômico do referido
público e, logo, da nação, ela deve ser efetivada aos surdos pelos agentes adequados, a partir da
resolução dos entraves vinculados a ela.

Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse direito, reconhecido por
mecanismos legais, a discriminação enraizada em parte da sociedade, inclusive dos próprios
responsáveis por essas pessoas com limitação. Isso por ser explicado segundo o sociólogo Talcott
Parsons, o qual diz que a família é uma máquina que produz personalidades humanas, o que legitima
a ideia de que o preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos.

Tal estereótipo está associado a uma possível invalidez da pessoa com deficiência e é procrastinado,
infelizmente, desde o Período Clássico grego, em que deficientes eram deixados para morrer por serem
tratados como insignificantes, o que dificulta, ainda hoje, seu pleno desenvolvimento e sua autonomia.

Além do mais, ressalte-se que o Poder Público incrementou o acesso do público abordado ao sistema
educacional brasileiro ao tornar a Libras uma língua secundária oficial e ao incluí-la, no mínimo, à
grade curricular pública. Contudo, devido à falta de fiscalização e de políticas públicas ostensivas por
parte de algumas gestões, isso não é bem efetivado.

Afinal, dados estatísticos mostram que o número de brasileiros com deficiência auditiva vem
diminuindo tanto em escolas inclusivas – ou bilíngues -, como em exclusivas, a exemplo daquela criada
no Segundo Reinado. Essa situação abjeta está relacionada à inexistência ou à incipiência de
professores que dominem a Libras e à carência de aulas proficientes, inclusivas e proativas, o que
deveria ser atenuado por meio de uma maior gerência do Estado nesse âmbito escolar.
Diante do exposto, cabe às instituições de ensino com proatividade o papel de deliberar acerca dessa
limitação em palestras elucidativas por meio de exemplos em obras literárias, dados estatísticos e
depoimentos de pessoas envolvidas com o tema, para que a sociedade civil, em especial os pais de
surdos, não seja complacente com a cultura de estereótipos e preconceitos difundidos socialmente.

Outrossim, o próprio público deficiente deve alertar a outra parte da população sobre seus direitos e
suas possibilidades no Estado civil a partir da realização de dias de conscientização na urbe e da
divulgação de textos proativos em páginas virtuais, como “Quebrando o Tabu”.

Por fim, ativistas políticos devem realizar mutirões no Ministério ou na Secretaria de Educação,
pressionando os demiurgos indiferentes à problemática abordada, com o fito de incentivá-los a
profissionalizarem adequadamente os professores – para que todos saibam, no mínimo, o básico de
Libras – e a efetivarem o estudo da Língua Brasileira de Sinais, por meio da disponibilização de verbas e
da criação de políticas públicas convenientes, contrariando a teórica inclusão da primeira escola de
surdos brasileira.

Redação nota mil 2017: Isabella Barros Castelo Branco

Na obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o realista Machado de Assis expõe, por meio da repulsa
do personagem principal em relação à deficiência física (ela era “coxa), a maneira como a sociedade
brasileira trata os deficientes. Atualmente, mesmo após avanços nos direitos desses cidadãos, a situação
de exclusão e preconceito permanece e se reflete na precária condição da educação ofertada aos surdos
no País, a qual é responsável pela dificuldade de inserção social desse grupo, especialmente no ramo
laboral.

Convém ressaltar, a princípio, que a má formação socioeducacional do brasileiro é um fator


determinante para a permanência da precariedade da educação para deficientes auditivos no País, uma
vez que os governantes respondem aos anseios sociais e grande parte da população não exige uma
educação inclusiva por não necessitar dela.

Isso, consoante ao pensamento de A. Schopenhauer de que os limites do campo da visão de uma pessoa
determinam seu entendimento a respeito do mundo que a cerca, ocorre porque a educação básica é
deficitária e pouco prepara cidadãos no que tange aos respeito às diferenças.

Tal fato se reflete nos ínfimos investimentos governamentais em capacitação profissional e em melhor
estrutura física, medidas que tornariam o ambiente escolar mais inclusivo para os surdos.

  Em consequência disso, os deficientes auditivos encontram inúmeras dificuldades em variados âmbitos


de suas vidas. Um exemplo disso é a difícil inserção dos surdos no mercado de trabalho, devido à
precária educação recebida por eles e ao preconceito intrínseco à sociedade brasileira.

Essa conjuntura, de acordo com as ideias do contratrualista Johm Locke, configura-se uma violação do
“contrato social”, já que o Estado não cumpre sua função de garantir que tais cidadãos gozem de
direitos imprescindíveis (como direito à educação de qualidade) para a manutenção da igualdade entre
os membros da sociedade, o que expõe os surdos a uma condição de ainda maior exclusão e
desrespeito.

Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação de cidadãos que
respeitem às diferenças e valorizem a inclusão, por intermédio de palestras, debates e trabalhos em
grupo, que envolvam a família, a respeito desse tema, visando a ampliar o contato entre a comunidade
escolar e as várias formas de deficiência.

Além disso, é imprescindível que o Poder Público destine maiores investimentos à capacitação de
profissionais da educação especializados no ensino inclusivo e às melhorias estruturais nas escolas, com
o objetivo de oferecer aos surdos uma formação mais eficaz.

Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por empresas privadas, por
meio de subsídios e Parcerias Público-Privadas, objetivando a ampliar a participação desse grupo social
no mercado de trabalho. Dessa forma, será possível reverter um passado de preconceito e exclusão,
narrado por Machado de Assis e ofertar condições de educação mais justas a esses cidadãos.

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