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Redação Exemplar

Invisibilidade e registro civil: garantia do acesso à cidadania no Brasil

A palavra “cidadania” desenvolve-se na sociedade desde os períodos clássicos. Hoje, ela está
relacionada à qualidade de ser um cidadão e, consequentemente, sujeito de direitos e deveres, os quais
também são garantidos pela Constituição Federal de 1988, denominada “cidadã”. Esta defende a participação
ativa de um ser humano na sociedade. No entanto, essa garantia não é plenamente efetivada na sociedade
brasileira, uma vez que a falta de registro civil perpetua uma invisibilidade social que necessita ser mitigada.
Diante desse cenário, cabe destacar a importância do registro civil do nascimento para o início da
cidadania no país. No livro “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, os filhos de Fabiano são identificados como
“mais velho” e “mais novo”, evidenciando a ausência de um nome pelo qual eles pudessem ser identificados
e, principalmente, particularizados. Essa questão não é vista somente na ficção, uma vez que o Modernismo
tinha o propósito de promover as denúncias sociais por meio da literatura. Assim, nota-se que por mais que
seja um benefício gratuito garantido pela Constituição Federal, muitas crianças ainda não são registradas e,
consequentemente, não são cidadãs brasileiras efetivas.
Além disso, outro aspecto importante a ser destacado é como a ausência de documentos pode afetar
a vida de um cidadão em relação ao recebimento de ações afirmativas. De acordo com o Mapa da
Invisibilidade, divulgado pelo IBGE, quase 4 milhões de brasileiros não possuem documentos básicos. Essa
questão impactou negativamente a população brasileira durante o período de pandemia, uma vez que para
terem acesso ao “Auxílio Emergencial”, benefício fornecido pelo governo para um enfrentamento mais digno
da crise. Logo, torna-se necessária a execução de medidas para diminuir a quantidade de cidadãos que ainda
não podem usufruir dos seus direitos.
Fica claro, portanto, que medidas são necessárias para eliminar a invisibilidade social provocada pela
ausência de registros civis. Nesse sentido, é importante que os Tribunais de Justiça de todo o território
nacional ampliem o programa chamado “Justiça Itinerante”, o qual percorre as cidades brasileiras para
garantir a documentação de nascimento da população. Isso pode ser feito por meio da aquisição de mais
ônibus e a circulação em cidades que porventura ainda não tinham sido contempladas. Assim, será possível
garantir com que mais cidadãos tenham acesso pleno aos seus direitos e possam participar ativamente da
sociedade.
Redação Exemplar

Invisibilidade e registro civil: garantia do acesso à cidadania no Brasil

A letra maiúscula

Dar nome é registrar a existência no mundo. A partir de um viés linguístico, a classe dos substantivos
é responsável por isso. Temos substantivos próprios e comuns, os primeiros, iniciados com letra maiúscula,
nomeiam, principalmente, pessoas. Os demais concretizam, entre tantas outras coisas, a denominação de
lugares, objetos ou até sentimentos. Promover o acesso ao registro civil de nascimentos é garantir a
visibilidade de todos os brasileiros.
Em primeira análise, cabe perceber a falta de acesso ao direito de personalidade previsto no Código
Civil de 2002. A obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, da Segunda Geração Modernista, traz um retrato
mimético dos sertanejos, esses homens, que com esforços incansáveis, passam por uma vida insignificante
e sem perspectivas. Fabiano e Sinhá Vitória têm dois filhos, “o menino mais velho e o menino mais novo”.
Percebe-se aqui uma cultura decorrente da marginalização e da absoluta falta de acesso. Crianças nascem e
nunca chegam a ser registradas em cartórios de registro civil das pessoas naturais. Não tendo o documento
que garante seus direitos e deveres: a certidão de nascimento.
Assim, é essencial atacar um problema crônico do país: o sub-registro civil. A partir de dados do Mapa
da Invisibilidade, do IBGE, o número de indivíduos sem documento pode chegar a quase 4 milhões de
pessoas. Em uma situação de pandemia, como a vivida no globo em 2020 e 2021 por conta do coronavírus,
o dilema pode se tornar ainda mais grave, uma vez que não existem registros seguros para acesso às políticas
afirmativas ou serviços básicos.
Em suma, é essencial construir condutas de conscientização e acesso para o registro civil. O Governo
Federal em parceria com o Ministério da Cidadania e da Cultura devem criar campanhas midiáticas para
divulgar a gratuidade dos serviços de documentação primordial. Além disso, é absolutamente relevante a
ampliação de projetos como o Programa de Justiça Itinerante do Estado do Rio. O projeto adapta modais de
transporte variados e chega em pontos esquecidos do Brasil. Levar tais serviços é garantir o direito à letra
maiúscula, assim, assegurando dignidade à existência humana em território nacional.

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