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Disciplina: Políticas Públicas e Gestão do Espaço Escolar

Professora: Lorene Figueiredo de Oliveira


Acadêmicas: Daniela Cristina de O. Carpanez e Isabela T. de Freitas
Nº de Matrícula: 202273502BL, e 201965670E (respectivamente)
Turma: C

Trabalho com a LDB (Lei de diretrizes e bases da educação nacional)

1. Introdução:
Este trabalho aborda duas notícias atuais sobre a realidade da educação básica no Brasil, em
que irá ter o foco sobre a invisibilidade e alfabetização das crianças no país, em consequência do
declínio ao acesso de políticas públicas.
2. Invisibilidade:
Com base nas nossas pesquisas nos deparamos com uma notícia que ganhou muita
repercussão no ano de 2021 no segundo bimestre do ano como tema da redação do Enem -  Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) “ Invisibilidade e Registro Civil: garantia de
acesso à cidadania no Brasil”.
Nos aprofundamentos da pesquisa verificamos que no ano de 2015, existem cerca de 3
milhões de pessoas invisíveis no país, dentre inúmeras razões e aspectos sociais. O que mais nos
preocupou foi o quantitativo de crianças, adolescentes  e adultos sem Registro de Nascimento, pois
sem este não conseguem tirar os demais documentos e muito menos se ingressar nos anos iniciais
da alfabetização e em sua maioria quando ocorre é de forma tardia. 

​ Camila - Depoimento (02:46 - 03:26) ADULTA / Hyorrana – Depoimento (05:48 - 06:18)


ADULTA 
​ Maria Eduarda – 8 anos  - Depoimento (06:50 – 07:29)/ Jean – 11 anos – Depoimento (11:30
– 12:02)

Um dos motivos das pessoas não serem registradas é pela “Síndrome do Balcão”, o que quer
dizer isto: o cidadão vai em busca do Registro de Nascimento e a má informação faz com que essas
pessoas vão de lugar em lugar, exemplo disso: comitê, Juizado e outras instituições… Também
podemos dizer que a falta de acesso a cartórios nos interiores dificultam o deslocamento das
pessoas se registrarem e por último, só que emocional são as mães que dão à luz a seus filhos e
ficam aguardando que o pai faça  o registro da paternidade,e isto, passam diversos dias e não são
registrados, onde se dá nome ao Abandono Paterno.
Percebemos que, o que  motivava essas pessoas mesmo que tardiamente se registrarem,
primeiramente é que passam a querer ser  sujeitos de direito; ter acesso às políticas públicas como o
atual Auxilio Brasil; o  acesso à educação possibilitando a aprendizagem da leitura, escrita e cálculo
além de outros conhecimentos; ao trabalho formal e a conversão de religiosidade que dá a essas
pessoas invisíveis a possibilidade de mudar de vida.
Com a falta do registro de nascimento o acesso dessas pessoas se tornam limitado e aos
demais documentos que são todos encadeados, sabemos também que o registro de nascimento é
pela Constituição Federal do Artigo 5º - LXXVI:  são gratuitos para os reconhecidamente
pobres, na forma da Lei: A)  o Registro civil de nascimento;  e é obrigatório e mesmo com uma
lei que nos beneficia ainda em pleno século XIX deparamos com a invisibilidade de pessoas em
uma sociedade documentada.
Apesar da lei da gratuidade, dados oficiais do IBGE situavam em 20,3%, 2002, o percentual
de sub-registro (IBGE, 2014 - Tese Da Escóssia, p, 10), de cada cinco crianças registradas uma
criança não era registrada, a região do Norte/Nordeste são os maiores índices de registro de
nascimento tardio e a gente sabe que o documento é uma porta de direitos para outras
possibilidades. Pensando nisso, em 2003, com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), junto
com o deputado Nilmário Miranda, que assumiu em 2003 Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência, reconstituiu o início do combate ao sub-registro (Da Escóssia, p 11)  foi  incrementado
o programa de apoio para erradicar o sub-registro, feito isso, instaurou a gratuidade da primeira via
dos registros de nascimento, a realização de mutirões, campanhas nacionais, cartórios em Hospitais
de Maternidade, e cartórios Itinerantes e fluviais em pontos estratégicos facilitando o registro dessas
pessoas invisíveis.
 Possibilitando esse registro mesmo que tardiamente, ao longo dos anos esse índice foi
diminuindo e a taxa da alfabetização foi crescendo dando outra visão aos gráficos. Entretanto,
mesmo nos anos atuais o Nordeste ainda se encontra com números altos de crianças não
alfabetizadas. Declaração Universal dos Direitos Humanos - 1948 (DUDH),  Artigo 26 - 1. Toda
pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao
ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e
profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos
em plena igualdade em função do seu mérito .

3. Alfabetização no Brasil:
As notícias sobre a alfabetização das crianças que circulam nos jornais atualmente são
alarmantes, como esta: no podcast da jornalista Renata Lo Prete: “O assunto #640: Alfabetização –
o pior dos retrocessos”, em que traz dados de evasão escolar elevada, décifit de vagas na rede
pública e quase 41% dos alunos de 6 e 7 anos não sabem ler nem escrever, um salto de 66% na
comparação com 2019.  Dados do podcast: (02:19 – 02:52), (02:58 – 03:14), (05:27 – 05:53)
Mas antes de fazer uma discussão sobre a notícia, vamos rever um pouco da história da
alfabetização e educação básica no Brasil, divididas em momentos:
1º Momento (do descobrimento do Brasil até 1890): Os primeiros registros sobre a educação
brasileira datam de 1554, a época dos jesuítas e do período colonial em que basicamente a educação
consistia em ensinar a ler, contar e a respeitar os princípios católicos, mas só no período da Primeira
República, que a organização do sistema e espaço escolar é concretizada.
2º Momento (de 1890 até 1920): Começou com a Reforma da Instrução Pública, em que há a
organização dos currículos escolares, em que essa organização fazia sentido para a adoção de um
método. “A educação nos moldes republicanos era vista como instrumento fundamental para a
intervenção do Estado na vida da população, pois disseminaria o sentimento pátrio, legitimaria o
novo regime e expandiria a ideia de que a partir da instrução a população teria a oportunidade de
melhores condições de vida e trabalho.” (Pinto, 2015, p.11)
3º Momento (de 1920 até 1985): Começa a ter turmas de alfabetização homogêneas, devido à
influência de Lourenço Filho, com ideias baseadas na “Escola Nova” depositava na educação o
caminho para a resolução dos problemas sociais. O crescimento urbano e industrial nos primeiros
anos interferiram na criação de um modelo educacional que atendesse as necessidades do mercado
socioeconômico. Para os adeptos da Escola Nova, as reformas educacionais deveriam ser orientadas
com base em uma educação capaz de formar profissionais habilitados a trabalhar nos diversos
setores da sociedade.
Durante o governo militar (1964-1985), a primeira LDB foi criada em 1961, a segunda em
1971 e a inserção de disciplinas como Organização Social e Política Brasileira e Educação Moral e
Cívica comprova que o governo utilizava o sistema educacional como instrumento para alcançar os
seus objetivos.
4º Momento (de 1985 até os dias de hoje): Com o processo de abertura e redemocratização, o
sistema escolar se reorganizou e em 1996 foi publicada uma nova LDB, a qual rege o sistema
escolar brasileiro atualmente. Essa nova LDB traz a obrigatoriedade da gratuidade do ensino
fundamental e médio a ser oferecido pelos estados e municípios. A oferta e compromisso com a
escolarização por ser direito da criança e do jovem, passa a ser uma obrigação e dever do Estado.
Essa obrigatoriedade do Estado se manifesta como oferta de condições de escolarização, de acesso à
escola e de permanência nela. Entretanto, desde antes da pandemia, isso não é uma realidade para
todos, mas durante a pandemia se agravou e ampliou as desigualdades de acesso à educação e hoje,
período pós-pandêmico vemos tristes os resultados, em que houve um retrocesso devastador nas
políticas públicas e na garantia de direitos e dentre eles, o direito à educação pública de qualidade.
Em que se retornarmos a notícia e o estudo vemos que aumentou o número de crianças sem
alfabetização, no qual é o maior índice de analfabetismo registrado no país desde 2012. Há também
um recorte de classe e raça nesse índice, em que as crianças pretas e pobres são as mais afetadas
pelo abandono escolar e dificuldade na alfabetização. Também, tivemos a divulgação do Censo
Escolar, que mostrou um aumento da evasão escolar, em que 650 mil crianças deixaram a escola
nos últimos três anos. Para o combate desse problema, só há protelação como traz Saviani:

“No final de 2006, ao se esgotarem os dez anos do prazo do Fundef, foi instituído o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), com prazo de
14 anos, ou seja, até 2020. Agora, quando mais da metade do tempo do PNE já passou, vem um novo Plano –
o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) – estabelecer um novo prazo, desta vez de 15 anos,
projetando a solução do problema para 2022. Nesse diapasão, já podemos conjecturar sobre um novo Plano
que será lançado em 2022, prevendo, quem sabe, mais vinte anos para resolver o mesmo problema. Vê-se,
pois, que o direito à educação segue sendo proclamado, mas o dever de garantir esse direito continua sendo
protelado.” (SAVIANI, 2013, p. 753-754)

4. Conclusão
Com todos os dados expostos, percebemos que no Brasil o acesso às políticas públicas nos
últimos anos é um processo extenso e conturbado, como mostrado nas notícias, na qual parte da
população não têm seus direitos inerentes ao ser humano pois não tem um certificado que comprove
sua existência, são invisíveis ao Estado porque são consideradas indigentes no sentido mais amplo
da palavra, contrapondo assim a  Declaração Universal dos Direitos Humanos, como também a
LDB.  
Também podemos concluir com a história da alfabetização e da educação básica no Brasil,
que sempre houve um grande interesse do conhecimento passado nas escolas por parte do governo,
desde a Primeira República, mas é um interesse de controle e desmonte da educação pública,
sempre visando a educação da população de massa para o mercado de trabalho e inviabilizando o
acesso igualitário à educação básica e superior e assim, se não colocarmos como foco um sistema
educacional público de qualidade e igualitário para toda a população, como diz Saviani:

“mais uma vez estaremos adiando a solução do problema educativo. E as perspectivas não serão nada
animadoras, pois um país que não cuida seriamente da educação de suas crianças e jovens, propiciando às
novas gerações uma formação adequada, está cassando o próprio futuro.” (SAVIANI, 2013, p.759).
5. Refêrencias:

● Fundação Getulio Vargas, Centro de Pesquisa e Documentação em História Contemporânea


do Brasil, Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais -
INVISÍVEIS. Uma etnografia sobre identidade, direitos e cidadania nas trajetórias de
brasileiros sem documento, Fernanda Melo da Escóssia, Rio de Janeiro, 2019 -
"INVISÍVEIS Uma etnografia sobre identidade, direitos e cidadania nas trajetórias de
brasileiros sem documento"

● O que é registro civil, tema da redação do Enem 2021 | Enem 2021 | G1 (globo.com)

● O Assunto #640: Alfabetização - o pior dos retrocessos | O Assunto | G1 (globo.com)

● Saviani, Dermeval Vicissitudes e perspectivas do direito à educação no Brasil: abordagem


histórica e situação atual. Educação & Sociedade [online]. 2013, v. 34, n. 124 [Acessado 26
Junho 2022], pp. 743-760. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0101-73302013000300006>. Epub 01 Out 2013. ISSN
1678-4626. https://doi.org/10.1590/S0101-73302013000300006.

● Desafio da educação em 2022 é combater a evasão escolar (dol.com.br) [Acessado 26 Junho


2022]

● Evolução histórica da alfabetização e do letramento no Brasil - Escribo [Acessado 26 Junho


2022]

● A História da Educação no Brasil - Resumo - Escola Educação (escolaeducacao.com.br)


[Acessado 26 Junho 2022]

● Alfabetização: uma história - Bing video [Acessado 26 Junho 2022]

● Pinto, S. T. Reordenamento da Instrução Pública na Primeira República: o caso da


Reforma Benjamin Constant (1890), Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015,
[Acessado 26 Junho 2022]. Disponível em: STeixeira.pdf (ufrj.br)

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