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AULA 3

LEITURA PRÉVIA

PSICOLOGIA
JURÍDICA
LEITURA PRÉVIA
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) trouxe como
prioridade a formação de conselhos dos direitos e tutelares,
com o objetivo de estabelecer um sistema de Garantia dos
Direitos.

Os conselhos possuem uma grande importância, mas são


diferentes.

Conselho de Direito: possui a composição paritária e tem


caráter deliberativo.

Já o Conselho Tutelar funciona como uma ouvidoria, e é


composto por representantes das comunidades.

O fato de ser composto por membros das comunidades se


tornou um dos maiores desafios, pois falta qualificação e
formação dos membros. Não podemos esquecer que o Brasil é
composto por 5.564 municípios.

Além disso, o nosso território possui várias desigualdades


sociais e econômicas que acarretam vários problemas sociais
e o descumprimento dos direitos da criança e do adolescente.

Mas o que é criança?

A concepção de criança mudou muito no transcorrer dos


séculos. Na Grécia e na Roma antiga, a criança era uma
propriedade do pai (poder paterno). A família era responsável
pela educação, as crianças eram consideradas incapazes de
possuir qualquer tipo de autonomia.

Na Idade Média, a criança continuava sendo desconsiderada


como detentora de direitos. Na fase das expansões marítimas,
a criança era vista como um mini adulto, e muitas trabalhavam
nas embarcações.
O Renascimento trouxe uma nova concepção de sociedade,
e, consequentemente, uma nova concepção da infância. A
criança passou a frequentar escolas (as crianças das elites). O
modelo de educação da época era disciplinar.

No artigo “A construção social do conceito de infância: uma


tentativa de reconstrução historiográfica”, os autores Cláudia
Terra do Nascimento, Vantoir Roberto Brancher e Valeska
Fortes de Oliveira afirmam:

Pode-se perceber, portanto, que até o século 17, a


ciência desconhecia a infância. Isto porque não havia
lugar para as crianças nesta sociedade. Fato
caracterizado pela inexistência de uma expressão
particular para elas. Foi então, a partir de ideias de
proteção, amparo e dependência que surge a infância.

A pintura "Jogos Infantis", do flamengo Pieter Brueghel, de 1560, que mostra 84


atividades lúdicas. Fonte:
https://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/brinca8.htm
Em muitos períodos da história, as crianças já iniciavam
como trabalhadoras a partir dos 05 (cinco) anos de vida. Grande
parte das legislações que foram criadas, no intuito de proteger
as crianças, surgiram a partir de ações de entidades
filantrópicas.

Entre os séculos XIX e XX foram criados os primeiros


Estatutos da Criança, e, em 1950, a ONU instituiu a Declaração
Universal dos Direitos da Criança, onde estão assegurados o
direito à igualdade, escolaridade e alimentação.

A visão da criança, na atualidade, reflete a desigualdade


social. Se por um lado foram criadas várias leis e instituições
para assegurar os direitos, do outro lado a miséria e o abandono
empurram as crianças para o trabalho.

De acordo com os dados do IBGE:

 1,8 milhão de crianças e jovens realizavam trabalho


infantil em 2019, sendo 1,3 milhão em atividades
econômicas e 463 mil em atividades de
autoconsumo;

 quanto à faixa de idade, 21,3% tinham de 5 a 13


anos; 25,0%, 14 e 15 anos, e a maioria, 53,7%, tinha
16 e 17 anos de idade;

 o trabalho infantil concentrava mais pessoas do sexo


masculino (66,4%) do que feminino (33,6%);

 o percentual de pessoas de cor branca em situação


de trabalho infantil era bastante inferior (32,8%)
àquelas de cor preta ou parda (66,1%);

 cerca de 25% dos jovens de 16 a 17 anos que


trabalhavam cumpriam jornada de mais de 40 horas;
 mulheres recebiam 87,9% do rendimento dos
homens em trabalho infantil, já o valor médio
recebido por crianças e jovens de cor branca era de
R$ 559, reduzindo para R$ 467 para as de cor preta
ou parda.

 92,7 mil crianças e jovens trabalhavam como


empregados domésticos; e 722 mil, de 16 e 17 anos,
estavam em trabalhos informais

 a pesquisa verificou também que, em 2019, havia


706 mil pessoas de 5 a 17 anos de idade em
ocupações consideradas perigosas.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394,
em seu artigo 2º, assegura que:
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana,
tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

Nesse sentido, a criação dos Conselhos da Criança e do


Adolescente surgiu da necessidade de explicitar melhor cada
um dos direitos da criança e do adolescente, bem como os
princípios que devem nortear as políticas de atendimento.
Determinou ainda a criação dos Conselhos da Criança e do
adolescente e dos Conselhos Tutelares. Os primeiros devem
traçar as diretrizes políticas e os segundos devem zelar pelo
respeito aos direitos das crianças e dos adolescentes, entre os
quais o direito à educação, que para as crianças pequenas
incluirá o direito a creches e pré-escolas ( CRAIDY, 2001, p.24).

Para que a criança tenha um desenvolvimento saudável, é


necessário:

Modificar essa concepção de educação


assistencialista significa atentar para várias questões
que vão muito além dos aspectos legais. Envolve,
principalmente, assumir as especificidades da
educação infantil e rever concepções sobre a infância,
as relações entre classes sociais, as
responsabilidades da sociedade e o papel do estado
diante das crianças pequenas (Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil, 1998, p.17).

Até a aula!

Profa. Ma. Leila Dutra Rodrigues


REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n.9394, Diretrizes e Bases da Educação


Nacional. Editora do Brasil.

BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial


curricular nacional para educação infantil. Brasília, DF:
MEC, 1998.

CRAIDY, Carmem Maria. Educação Infantil e as Novas


Definições da Legislação. In: CRAIDY, Carmem; KAERCHER,
Gládis E. (orgs.). Educação Infantil pra que te quero? Porto
Alegre: Artmed, 2001.

SARAIVA, Adriana. Trabalho infantil cai em 2019, mas 1,8


milhão de crianças estavam nessa situação.Agência IBGE
notícias. Disponível em:
agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-
de-noticias/noticias/29738-trabalho-infantil-cai-em-2019-mas-
1-8-milhao-de-criancas-estavam-nessa-
situacao#:~:text=1%2C8%20milhão%20de%20crianças%20e
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